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Aleitamento materno 2 Pâmela Martins Bueno – aleitamento materno INTRODUÇÃO · O amamentar vai além do nutrir: promove a maior interação do binômio, prevenção de infecções do trato respiratório e gastrointestinal e desenvolvimento neuropsicomotor e desenvolvimento emocional do binômio. · A equipe precisa saber orientar, dar apoio e suporte levando em consideração os aspectos emocionais e sociais visando fortalecer a rede de apoio do binômio. · A OMS e o MS recomendam o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida e deve ser complementado até os 2 anos ou mais. INTRODUÇÃO PRECOCE DA ALIMENTAÇÃO · Leva a maior numero de episódios de diarreia. · Maior numero de hospitalizações por doenças respiratórias. · Maior risco de desnutrição. · Menor absorção de micronutrientes. IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO · Quanto menor a criança, maior é a proteção garantida pelo leite materno. · Proteção contra infecções respiratórias e diarreia. · Diminuição do risco a APLV, dermatite atópica e outras alergias. · O leite materno sozinho supre as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses. · É uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida. · O “sugar para o bebê” é importante para o desenvolvimento da cavidade oral, conformação do palato duro, alinhamento e oclusão dentária e desenvolvimento motor-oral. · O “sugar para a nutriz” previne o câncer de mama, interfere na qualidade de vida da família, cria o vinculo entre a mãe e o bebe e a mulher pode usar o aleitamento exclusivo como método anticoncepcional por 6 meses após o parto. TIPOS DE ALEITAMENTO · Exclusivo: somente leite materno. · Predominante: leite materno, água ou bebidas a base de água, sucos de frutas, dentre outros. · Complementado: leite materno e qualquer outro alimento solido ou semissólido. · Misto ou parcial: leite materno e outros tipos de leite. FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO Lactogênese fase I – a lactogênese se inicia durante a gravidez, onde atuam o estrogênio e o progestogênio. O estrogênio é importante para ramificar os ductos lactíferos, enquanto o progestogênio está relacionado a formação dos lóbulos. A secreção láctea surge por volta da 16ª semana de gestação. Lactogênese fase II – após o nascimento da criança ocorre a liberação da prolactina que vai ser liberada após o nascimento da criança e vai liberar o leite a partir da queda do progestôgenio. Lactogênese fase III – ocorre a partir do 3º e 4º dia de pós-parto. Tem atuação da prolactina e ocitocina que são produzidas durante a sucção e esvaziamento, então a galactopoiese se mantem por toda a lactação. CARACTERÍSTICAS DO LEITE MATERNO · Composição semelhante para todas as mulheres que amamentam. · Colostro: mais proteínas e menos gorduras. · Leite maduro: mais gorduras. · Leite anterior x posterior – o leite anterior é mais claro e fluido, tem maior teor liquido, mais anticorpos e mais proteínas. O leite posterior é mais consistente, mais amarelado e tem maior teor de lipídios, o que garante maior saciedade, por isso precisa garantir que a criança chegue até o final antes de trocar para a mama contralateral. 1. O leite materno se modifica para atender as necessidades do crescimento da criança. 2. Sofre influência de fatores dietéticos, ambientais, emocionais e fisiológicos. ESTÁGIOS DO LEITE MATERNO · Colostro: até o 7º dia. É rico em lactoalbumina e tem menos lipídios que o leite maduro, porém tem maior quantidade de proteínas e imunoglobulinas (IgA secretória) · Leite de transição: até o 15º dia · Leite definitivo ou maduro: segue até o final da lactação. Maior teor de lipídios, fonte energética importante. Está relacionado com a maturação e desenvolvimento do SNC e processo visual. FATORES DE PROTEÇÃO DO LEITE MATERNO · IgA secretória: garante a proteção da mucosa intestinal. · IgM e IgG · Fator bífido: acidifica as fezes e dificulta a reprodução dos enteropatógenos. · Lactoferrina: ação bacteriostática · Lisozima: ação bactericida e anti-inflamatória. LEITE HUMANO X LEITE DE VACA · Leite humano: alfalactoalbumina · Leite de vaca: betalactoglobulina (tem maior poder alergênico) O leite de vaca não deve ser oferecido ao bebê antes dos 12 meses de vida (SBP). TÉCNICA CORRETA DA AMAMENTAÇÃO POSICIONAMENTO CORRETO: · Mãe em posição confortável, apoiada, e garantindo apoio para o bebê. · O rosto do bebê deve ficar de frente para a mama, com o nariz na altura do mamilo. · O bebê precisa estar com a cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido) · O corpo do bebê precisa estar próximo ao corpo da mãe. PEGA CORRETA: · Boca bem aberta com lábio inferior virado para fora. · Mais aréola visível acima da boca do bebê · Queixo tocando a mama ATENÇÃO! Em todas as consultas deve ser checada a técnica de amamentação até que esteja bem sedimentada. O QUE MAIS DEVE SER AVALIADO? · Roupas adequadas? As mamas estão expostas? Os braços do bebê estão livres? · A mãe está confortável, posicionada, relaxada e apoiada? · “barriga com barriga?” · A mãe segura a mama e forma de “C”? SINAIS DE TÉCNICA INADEQUADA · Bochechas do bebê encovadas · Ruídos da língua · Mama aparentando estar esticada ou deformada · Dor excessiva PROBLEMAS COMUNS NA AMAMENTAÇÃO · Mastite puerperal: o quadrante superior esquerdo é o mais afetado. É necessário identificar a causa, que geralmente é o ingurgitamento mamário, sendo necessário esvaziar a mama (pode começar com ordenha manual e depois dar para a criança esvaziar). Mastite não contraindica o aleitamento materno, mas precisa tratar para prevenir o abcesso mamário, que é uma causa de desmame precoce. ORDENHA E ARMAZENAMENTO DO LEITE · Recipiente de vidro esterilizado com tampa plástica. · Fervura durante cerca de 20min. · Local tranquilo e calmo. · Prender os cabelos, retirar adornos e lavar as mãos e antebraços. · Usar touca e máscara, evitar falar, tossir ou espirrar. Como realizar a ordenha? · Dedos em forma de “C”: oposição entre o polegar e indicador, sendo que o polegar deve estar acima do mamilo e o indicador abaixo do mamilo, na transição aréola-mama, em oposição ao polegar. · Deve ser um movimento firme, mas que não cause dor. Após a ordenha... · Geladeira por até 12h, congelador/freezer por até 15 dias. · Descongelamento em ar ambiente. · Aquecer o leite em banho-maria até uma temperatura morna e agradável. · Agitar suavemente para homogeneizar a gordura. CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS AO ALEITAMENTO MATERNO · Mães infectadas pelo HIV. · Mães infectadas pelo HTLV 1 e 2. · Uso de antineoplásicos e radiofármacos. · Criança portadora de galactosemia. SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DA AMAMENTAÇÃO · Infecção herpética em atividade na mama. · Varicela: cinco dias antes do parto ou até 2 dias após o parto. · Doença de Chagas aguda pelo risco de transmissão vertical. FIQUE LIGADO! O ALEITAMENTO NÃO DEVE SER INTERROMPIDO: · Tuberculose: mães que sejam baciliferas em tratamento podem amamentar desde que usem mascara e a criança faça uso de isoniazida por 3 meses. · Hanseníase: após a primeira dose de rifampicina. · Hepatite B: criança recebe vacina e imunoglobulina especifica e a mãe pode amamentar sem problemas. · COVID-19. · Álcool, tabaco e drogas: orientar sobre os riscos. · Medicamentos: checar a segurança especifica do fármaco para a lactação – avaliar os riscos e benefícios do uso das medicações e avaliar substituição da droga. INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO AO ALEITAMENTO · Licença maternidade: 120 dias consecutivos, 180 dias em alguns estados e municípios, sem prejuízo do emprego e da remuneração. · Direito a garantia no emprego: é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da mulher durante o período de gestação e lactação (até 5 meses após o parto). · Alojamento conjunto: mãe e filho juntos no quarto após o nascimento. · Pausas para amamentação · Criança tem direito assegurado de frequentar creches. PUERICULTURA · Consultas mensais até 12 meses; · Avaliação antropométrica; · Checar técnica da amamentação; · Estimulo ao aleitamento exclusivo até os 6 meses. · Garantir rede de apoio · Dar suportee orientações. · Encorajar a mãe e envolver a família. · Equipe multiprofissional. BAC DR JOANA ALEITAMENTO IDEAL · Iniciado na sala de parto. · Até 2 anos de idade ou mais. · Exclusivo até os 6 meses. · Livre demanda. · Complementado a partir dos 6 meses com alimentação saudável e equilibrada. Proposta da OMS: “Até 2025 pelo menos 50% das crianças até 6 meses estejam em aleitamento materno exclusivo”. Como? · Licença maternidade de 6 meses. · Fortalecer sistema de saúde para estimular aleitamento (HAC – hospital amigo da criança). · Apoio as mães com campanhas adaptadas as realidades locais. · Limitar marketing de formulas infantis. · Campanhas do ministério da saúde. · Simpósio de amamentação – congresso brasileiro de pediatria. · Agosto dourado – semana mundial de aleitamento materno. O LEITE MATERNO · Não é só um alimento, é um sistema complexo. · Combinação perfeita de macro e micronutrientes, hormônios, fatores de crescimento, anticorpos, etc. · Fornece bactérias benéficas ao intestino infantil, lactobacilos, bifidobactérias, que contribuem para a maturação digestiva e imunológica do lactente. CONTRAINDICAÇÕES · HTLV 1 e 2 e HIV: contraindicação absoluta. · Tuberculose: depende. Se a mãe abacilífera, tratamento iniciado 2 semanas antes do parto e uso de máscara é ok. Se não tratar, pode ordenhar leite e ofertar por outra pessoa. A mastite por tuberculose também contraindica. · Galactosemia. · Hepatite A, B e C? Não é contraindicado. PEDIATRA – AMIGO DA AMAMENTAÇÃO NA PRÁTICA · No nascimento, quais os cuidados imediatos ainda na sala de parto? Contato pele a pele com a mãe na primeira hora de vida. · No alojamento conjunto, quais medidas para estimular a amamentação? A mãe fica com o bebê no quarto para promover interação entre os dois. · Como deve ser a revisão pós-parto? · E no seguimento da puericultura no primeiro semestre? · Como estimular o aleitamento após o segundo semestre, com a introdução alimentar, até o segundo ano de vida? COLOSTRO · Produção de 2 a 20mL por mamada. · Adequado a capacidade gástrica do RN, por isso o volume é reduzido. Depois da apojadura o volume gástrico vai aumentar e o volume de leite também. · Progressão: 24h (2 a 10mL), 24-48h (5 a 15mL), 48-72h (30-60mL). · Muito mais concentrado e mais rico que o leite que vem depois. · Liquido mais viscoso, com mais quantidade de proteínas, minerais, vitaminas lipossolúveis Qual o intervalo ideal de alimentação do RN? A capacidade gástrica do RN é de 2-10mL, se for mais leite que isso ele vai vomitar. A OMS preconiza 8-12 mamadas por dia, ou seja, de 3 em 3 horas. Precisa ficar atento com os prematuros, que as vezes vão precisar de mais mamadas. Não tem um tempo limite da mamada. COMO ENTENDER A PERDA DE PESO DO RN NOS PRIMEIROS DIAS? · Redistribuição do volume corporal/volume baixo de alimentação/diurese fisiológica – o bebê fica os 9 meses dentro de uma piscina de liquido. · Uso de tecido adiposo como fonte de energia · Capacidade gástrica reduzida · Esvaziamento gástrico lento/regurgitações · Uso de ocitocina sintética: inibição de reflexos primitivos dos RNs. O bebê não consegue fazer o reflexo de sucção. · Parto cesárea (retarda lactogênese) – drogas, anestesia. SINAIS QUE INDICAM BAIXA INGESTA · Sinais e sintomas de desidratação · Perda de peso 8-10% (pode ser) – muito alta logo no início. · Atraso na evacuação · Atraso na apojadura Qual o tempo para recuperação do peso de nascimento? Cerca de 15 dias. E SE HOUVER NECESSIDADE DE SUPLMENTO 1. Leite materno ordenhado. 2. Leite humano pasteurizado (BLH) 3. Formula infantil Oferecer: · Translactação (sonda) – usa uma sonda fina (4) no mamilo da mãe e acopla em uma seringa e coloca o bebê pra sugar. · Copinho · Sonda-dedo – coloca uma luva e prende a sonda no dedo. · Seringa · Colher · Evitar chuca, mamadeira CUIDADOS COM O LEITE MATERNO · Geladeira por 12h e freezer por 15 dias. · Descongelar em banho-maria e não usar o microondas. · Pasteurizado dura até 6 meses congelado. ALEITAMENTO MATERNO X DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS FUNCIONAIS A parte físico-estrutural está ok, mas pode acontecer mesmo assim. · Cólica do lactente – acontece por volta dos 15 dias de vida. A cólica verdadeira pode estar relacionada a maturação lenta da flora intestinal e do próprio intestino. Vem como choro inconsolável geralmente no final da tarde. Os suplementos ajudam no amadurecimento da flora intestinal e pode reduzir a intensidade e duração das cólicas. · Regurgitações – todo RN tem refluxo fisiológico, precisa verificar se ele ganha peso de forma adequada e se o bebê está tranquilo. É patológico a criança irritada e que não ganha peso. Nos casos graves o bebê pode até entrar em apneia. De orientações pode orientar deixar de barriga para cima com a cabeça elevada.
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