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25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 1 Anamnese direciona o diagnóstico (= Nem sempre o paciente fala abertamente sobre o problema, então é preciso pesquisar mais ativamente em alguns casos); ✓ Perguntar sobre hábito intestinal do paciente, ver se tem dor em associação com a evacuação, consistência das fezes, hemorroidas, constipação, evacuação mais demorada (= Aumenta pressão na região pélvica), hábito evacuatório, presença de trauma, IST, sangramento na hora de evacuar, hábito sexual anal, entre outros. O exame físico minucioso geralmente estabelecerá o diagnóstico; Exames de imagem raramente são utilizados (= Utilizados quanto há fístulas perianais; quando há queixa, mas sem exame físico positivo). Introdução: Patologias anais e retais podem ser as causas; A dor anal engloba um amplo espectro de diagnósticos: benignos e autolimitados até os malignos potencialmente fatais. História do paciente: Uma boa história antecipa o diagnóstico antes do exame físico; Características da dor: ✓ Duração; ✓ Localização: intra-anal ou externo; ✓ Caráter: queimação, aguda, maçante; ✓ Agentes causadores: evacuação, diarreia, fezes duras, exercício, incontinência fecal, drenagem (= sai secreção, muco, pus?); ✓ Sintomas associados: febre, calafrios, perda de peso, mudança do hábito intestinal; ✓ Fatores de alívio: banho de água morna, evacuação, cremes tópicos; ✓ HPP: diabetes (abscesso), DII, uso de infliximabe (psoríase), história familiar de neoplasia de reto e cólon, DST. Causas: Fissura anal; Hemorroida externa agudamente trombosada; Abscesso perianal, perirretal ou isquiorretal; Prurido anal; Síndrome do elevador do ânus (= contratura/hipertonia); Câncer anal ou retal; Corpo estranho. Dor aguda tipo “facada” imediatamente após a evacuação (= Paciente fica com medo de evacuar, prendendo por mais tempo as fezes, o que faz com que elas percam mais água, ficam mais secas e doendo para sair); A dor pode durar minutos ou horas após a evacuação; Comum sangramento no papel higiênico depois da limpeza ou gotejamento no vaso. 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 2 Dor aguda e constante depois de esforço; A dor coincide com uma “protuberância” perto da abertura anal; A dor diminui ao longo da semana. História de pressão e dor com piora gradual; Pode apresentar febre e calafrios; Sintomas sistêmicos de infecção. Figura 1: Tenta drenar mais próximo do canal anal, porque tem risco de gerar fístula, então pelo menos causa uma fístula de canal curto. Ardência, prurido; Dermatite perianal, SAT, fissura. Diagnóstico desafiador: falta de adaptação a um padrão típico de dor; A dor pode ser aguda maçante, em queimação ou incômodo; Pode ser intermitente ou constante; Pode melhorar com banhos de água morna ou piorar ou melhorar com movimentos intestinais; Muitas vezes a dor é crônica e piora no final do dia; Pode ter queixa de dificuldade com a evacuação. As doenças benignas são as causas mais comuns de proctalgia; Pode causar: dor, alteração do hábito intestinal, sangramentos; Pode haver ou não massa associada. 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 3 Exame do abdome: ✓ Patologias anais que podem ocasionar dor abdominal; ✓ CA obstrutivo = distensão abdominal; ✓ Metástase = hepatomegalia; ✓ DII: manifestações, anais, caquéticos, manifestações abdominais. Inguinal: ✓ Adenopatias: carcinoma retal ou canal anal. Perianal, glúteo e interglúteo: ✓ Exame visual da pele: cor, descamação, pregas espessadas, massas, orifícios fistulosos, abscesso, marcas na pele, hemorroidas externas; ✓ Retração da pele para visualizar o anoderma: presença de fissuras; ✓ Fenda interglútea: seios, abscessos, cisto pilonidais; ✓ Estenoses anais; ✓ Massas subcutâneas: tamanho, mobilidade, caráter, firmeza e sensibilidade. Tecidos moles; Nádegas e fissuras glúteas; Canal anal; Reto. Inspeção anorretal e anuscopia: Anuscopia: lesões intra-anais; Sigmoidoscópio: identificar lesões retais; Observar: hemorroidas, pólipos, massas, inflamação da mucosa. TC de pelve (massas, dor ou abcesso) = RNM é melhor! Vídeodefecograma, defecorressonância (proctalgia fugas ou outros distúrbios do assoalho pélvico); Manometria anorretal e expulsão do balão (obstrução de saída, constipação); RNM para estadiamento; Radiografia pélvica (corpo estranho). Avaliar o tônus esfincteriano: hipotonia (= causa infiltração de fezes, dor e prurido) / hipertonia (= fissura); Avaliação bilateral da contração dos elevadores; Oco sacral: palpar massas e cistos pré-sacrais; Palpar o cóccix para avaliar coccidínea; Palpar a próstata (prostatite); Exame sob narcose se necessário. 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 4 É uma região normal do canal anal; Anatomicamente, os coxins vasculares da submucosa preenchidos por vasos sanguíneos e fibras musculares. Figura 2: Os mamilos mais comuns: 3h, 7h e 11h. Não pode fazer a retirada de todos os mamilos de uma vez, o paciente vai fazer estenose de canal anal. Existem inúmeros motivos para as hemorroidas se tornarem sintomáticas; Durante o esforço, os coxins vasculares ingurgitam para evitar a fuga de material fecal e gás; Com o passar do tempo, as estruturas anatômicas que sustentam a submucosa muscular enfraquecem – permitindo o prolapso do tecido hemorroidário; Outras causas: gestação, tosse crônica, disfunção do assoalho pélvico, postura ereta, dieta pobre em fibra, fezes endurecidas; Causas de hemorroida podem ser multifatoriais; Os coxins que formam as hemorroidas fazem parte da anatomia normal do canal anal e, portanto, só se pode falar em doença hemorroidária quando essas estruturas causam sintomas = é uma alteração anatômica cuja fisiopatologia se baseia no deslocamento dos coxins anais. A real incidência é incerta porque muitos sintomáticos não procuram assistência; Terceira causa de doença gastrointestinal mais diagnosticada nos EUA; 4 milhões de pessoas procuram consultórios/ano devido hemorroida nos EUA; Estima-se que 75% dos americanos irão apresentar algum sintoma relacionado a hemorroida ao longo da vida. Quanto a localização: Interna: se formam acima da linha pectínea; Externa: se forma abaixo da linha pectínea; Mista: interna e externa. Os coxins que se prolapsam nas regiões: lateral esquerda, anterior direita e posterior direita. 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 5 Quanto a gravidade: Sintomas hemorroida interna: Sangramento vermelho vivo ao evacuar; Prolapso hemorroidário redutível ou não por manobras digitais; Descarga de muco; Prurido anal; Desconforto anal; Dificuldade de manter higiene local. Sintomas hemorroida externa: A dor anal é constante, devido inervação abaixo da linha pectínea; Aparecimento de um tumor doloroso na borda anal; Fatores que podem desencadear a crise: esforço evacuatório, diarreia, esforço físico com aumento da pressão intra-abdominal, rompimento de vasos hemorroidários na borda anal que provocará um hematoma na região; O trombo diminui a dor com o decorrer dos dias, poderá ser reabsorvido ou quando volumosos e muito próximos a pele poderá ocorrer necrose e rompimento da pele com sangramento local, ou intervenção cirúrgica para evacuá-lo. História: ✓ Investigar presença de dor; ✓ Sangramento; ✓ Hábitos intestinais; ✓ Protusão de tecidos. Exame físico: ✓ Exame proctológico completo: inspeção,palpação, toque retal, anuscopia e retossigmoidoscopia. Exames complementares: ✓ A doença hemorroidária é a principal causa de hematoquezia; ✓ Outras causas de hematoquezia: CA colorretal, DII, outras afecções orificiais. Tratamento clínico: Minimizar a constipação; Dieta rica em fibras: mulheres 25g/dia e homens 40g/dia; Aumento da ingesta de líquido: 2-3L/dia; 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 6 Corrigir hábitos intestinais errôneos: evitar esforço evacuatório excessivo, horário para evacuar, não permanecer muito tempo no toalete; Pacientes com diarreia: investigar etiologia, loperamida; Banhos de assento: 10-15 minutos (2 a 3x/dia). Tratamento medicamentoso: Terapia tópicos: ✓ Combinação de protetor de barreira com alguns ingredientes ativos vasoconstritores, anestésicos locais, anti-inflamatórios, esteroides e adstringentes; ✓ Uso prolongado deve ser evitado, porque pode promover reações alérgicas e sensibilização. Terapia oral: ✓ Flebotômicos: melhora do prurido anal e sangramento; ✓ Flavanoides: diosmina. Tratamento ambulatorial: Ligadura elástica (= hemorroida interna): ✓ Grau I a III; ✓ Contraindicada em paciente com hemorroida externa e anticoagulados; ✓ Estrangulamento do mamilo – que cairá de 3 a 5 dias ; ✓ Reavaliar após 4 semanas; ✓ Complicações: sangramentos retal tardio, abscesso, disfunção urinária, sepse pélvica (dor, febre, retenção urinária. Escleroterapia: ✓ Grau I e II; ✓ Paciente em uso de anticoagulante; ✓ Solução esclerosante; ✓ Menos eficaz; ✓ Complicações: infecção, abscesso, doe, retenção urinária e impotência. Fotocoagulação infravermelha: ✓ Aplicação direta de ondas de luz infravermelha na base dos mamilos. Tratamento cirúrgico: Hemorroidectomia; Hemorroidepexia mecânica (PPH); Desarterialização hemorroidária transanal (THD); Indicação: falha no tratamento clínico e minimamente invasivo; Hemorroidas grau III e IV, tromboses; Técnicas excisórias: ✓ Milligan-Morgan: 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 7 ✓ Ferguson. Complicações técnicas excisionais: Sangramento; Retenção urinária; Incontinência fecal; Estenose anal. Técnicas não excisórias: THD. PPH: ✓ Promove uma fixação da mucosa do reto distal; ✓ Grampeamento circular que promove uma anastomose mucosa-mucosa; ✓ Complicações: fístulas retovaginais, sangramento da linha de grampo, estenose na linha de anastomose. Trombose hemorroidária; Estrangulamento e pseudoestrangulamento: 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 8 Gravidez: preferência ao tratamento conservador. 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 9 É uma ruptura do revestimento epitelial do canal anal distal; Condição muito comum de ocorrer. Agudas e crônicas: ✓ Agudas: sintomas < 6 semanas e cura em 87% com mudanças dietéticas e cuidados; ▪ Sangramento vermelho vivo após movimentos intestinais; ▪ Dor anal aguda, em queimação, cortante ou em espasmos; ▪ Dor pode durar horas após a evacuação; ▪ Achados físicos: separação linear do anoderma, visível com a separação das nádegas; ▪ Linha média posterior: 90% das fissuras anais típicas. ✓ Crônicas: sintomas > 6 semanas e uso de BBC e nitroglicerina tópica + aplicação de toxina botulínica no músculo esfíncter interno. + esfincterotomia anal interna lateral (risco de incontinência). ▪ Plicoma sentinela no ápice externo. Esfíncter interno hipertrófico; Papila anal hipertrofiada; Plicoma sentinela externo. Etiologia incerta; Hipertonicidade do esfíncter anal. Tratamento conservador: Aguda: 10g de farelo não processado 2x/dia + banho de assento quente por 15 min 2x/dia e após as evacuações; Crônica: tópico (nitroglicerina e diltiazem) e injetável (toxina botulínica). 25.05.2022 Universidade Federal do Oeste da Bahia Mariana Souza 2018.1 10 Tratamento cirúrgico: Dilatação anal; Esfincterotomia mediana posterior; Esfincterotomia lateral interna; Fissurectomia; Avanço de retalho. Todas as técnicas cirúrgicas levam a um risco potencial de incontinência.