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Psicologia Educacional Patrícia Rossi Carraro Aula 3 Concepção de desenvolvimento inatista e influência no contexto escolar 2 A contribuição da Psicologia que contempla esclarecimentos pertinentes a Educação é a Psicologia do Desenvolvimento Humano. 3 Desenvolvimento Humano O estudo do desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da Psicologia. Compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade. 4 O Inatismo considera importante somente os fatores genéticos e biológicos, ou seja, aquilo que é hereditário. Por isso o nome inatismo - características e dons que a criança traz quando nasce. A concepção de Desenvolvimento Humano: Inatista 5 ID 35409654 Concepção Inatista O indivíduo nesta perspectiva teórica nasce com potencialidades, dons e aptidões que serão desenvolvidos de acordo com o amadurecimento biológico. ID 6325335 Para Oliveira e Davis (1994), esta concepção parte do pressuposto de que os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais e/ou importantes para o desenvolvimento. As qualidades e capacidades básicas do ser humano (personalidade, valores, comportamentos, formas de pensar etc.) são inatas, isto é, já se encontram prontas no momento do nascimento (OLIVEIRA; DAVIS, 1994). ID 13745055 Sugestão de Música Uma música que retrata a teoria inatista: “Modinha para Gabriela”, de: Dorival Caymmi, Gravadora: Universal, Polygram, ano: 1989. O trecho representativo desta concepção: “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...”. 9 Para os inatistas, desenvolvimento é pré-requisito para a aprendizagem. Com isso, o processo educacional pouco ou quase nada altera as determinações inatas. ID 28962093 Os processos de ensino só podem se realizar à medida que o educando estiver maduro para efetivar determinada aprendizagem. ID 26057414 A aprendizagem depende do desenvolvimento, a prática escolar não desafia, não amplia nem instrumentaliza o desenvolvimento do educando, uma vez que se restringe àquilo que o educando já conquistou. A educação pode apenas aprimorar um pouco aquilo que o educando é em sua essência. As frases “pau que nasce torto morre torto”; “esse menino não aprende como o pai”, “Filho de peixe, peixinho é” - expressam bem a concepção inatista que ainda hoje aparece na escola, camuflada sob o disfarce das aptidões, da prontidão e do coeficiente de inteligência. Tal concepção gera preconceitos prejudiciais ao trabalho em sala de aula. Atuação do professor A atuação do professor se restringe ao respeito às diferenças individuais, aos desejos, aos interesses e capacidades manifestas pelo indivíduo (ou pelo grupo), ao reforço das “características inatas” ou ainda a espera de que processos maturacionais ocorram. O desempenho das crianças na escola deixa de ser responsabilidade do sistema educacional. Terá sucesso a criança que tiver algumas qualidades e aptidões básicas, que implicarão na garantia de aprendizagem, tais como: inteligência, esforço, atenção, interesse ou mesmo maturidade para aprender. A concepção inatista contribuiu mais para rotular as crianças como incapazes do que para entender o que realmente dificultava a aprendizagem. 16 A responsabilidade está na criança (e no máximo em sua família) e não na sua relação com o contexto social mais amplo, nem tampouco na própria dinâmica interna da escola. ID 27874990 Ampliando conhecimento CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. 2. ed. São Paulo: Ática, 2010. Neste livro, leia o capítulo 8 - Teorias do desenvolvimento cognitivo e seus reflexos na prática pedagógica - Parte I, o item - a Tese da hereditariedade na determinação das diferenças individuais e suas influências no processo pedagógico. Referências COLL, Cesar; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento Psicológico e Educação. v. 1, 2 e 3; 2 ed. São Paulo: Artmed, 2004. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos; DAVIS, Claudia. Psicologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. Psicologia Educacional Patrícia Rossi Carraro Atividade Vamos refletir? Uma professora faz o seguinte comentário de uma aluna: “Larissa é carinhosa e sensível. Isso ela herdou da mãe. Mas herdou do pai a teimosia. Ela também não é inteligente. Não é possível mudar seu destino.” 21 Essa fala expressa a excessiva valorização da hereditariedade. Com base nesta ideia, muitos(as) professores(as) acreditavam que não havia muito o que fazer com a criança: se ela era inteligente, era porque nasceu numa boa família. Se não correspondesse às expectativas do(a) professor(a), era justificado pela frase: “também, com a família que tem!” Para os inatistas, a criança aprende de acordo como os seus dons. Se a criança não aprende é porque não herdou o dom dos pais. Isso determina que ela nunca vai aprender, porque já nasceu sem essa pré-disposição. 22 Comentários
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