Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: FATORES QUE INTERFEREM NO RENDIMENTO ESCOLAR E A VISˆO DOS ALUNOS SOBRE SUAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM HIGHER EDUCATION IN BRAZIL: FACTORES THAT INTERFERE IN SCHOOL PROGRESS AND STUDENTS VIEW OF THEIR LEARNING DIFFICULTIES Edna Barberato GENGHINI 1 Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apresentar fundamentos e estratØgias de intervençªo psicopedagógica diante das dificuldades de aprendizagem presentes em alunos do Ensino Superior e verificar a de- manda por setor de prestaçªo de serviços de atendimento a alunos uni- versitÆrios no estabelecimento de ensino, utilizando-se dos recursos da psicopedagogia institucional, como apoio na formaçªo educacional e pro- fissional visando satisfazer às necessidades educacionais do 3” milŒnio. Conforme tendŒncias verificadas a partir da revisªo bibliogrÆfica, o ho- mem contemporâneo vem cada vez mais sendo induzido a obter qualifi- caçıes e competŒncias para manter-se ativo no mercado de trabalho. Com o propósito de satisfazer às necessidades educacionais, propôs-se a realizaçªo de pesquisa para levantamento de dados sobre a existŒncia, a validade e a utilizaçªo de Projetos de Psicopedagogia Institucional no Ensino Superior, em faculdades e universidades brasileiras. Palavras-chave: Aluno UniversitÆrio; Aprendizagem no Ensino Superior; Conhecimento e Compreensªo de Conceitos; Qualificaçªo, CompetŒncia e Mercado de Trabalho; Dificuldades de Aprendizagem; Teorias Cognitivistas; Atendimento Psicopedagógico Institucional; Educaçªo para a Diversidade. Abstract: This work has got the aim to show the basis and the strategies of intervention of the psycho-pedagogy facing the learning difficulties that surround students during the Higher Education and checking out the demand for services provided to graduated students in the school establishment, using the resources of the institutional psycho-pedagogy as support to their learning and professional development focusing the educational needs of the 3rd millennium. According to the trends checked based on the bibliographic review, contemporaneous man have been more and more conducted to get qualification and skills to keep themselves updated in the market. Over this subject, was proposed the research to raise some data about the existence, the currency and the using of the Institutional Project of Psychopedagogy in Higher Education in the Brazilian universities. Keywords: Graduated Student; Higher Education Learning; Knowledge and Understanding Concepts; Qualification, Aptitude, Market; Learning Difficulties; Cognitive Theory; Pedagogical Institutional Service; Education to the Diversity. I (1): 18-30, 2006Revista da Educaçªo 1- Especialista em Educaçªo pela Universidade Guarulhos, Professora de Gestªo de Negócio pela UNIP e Professora de Psicopedagogia na Pós-Graduaçªo da Universidade Bras Cubas. Universidade Guarulhos 19Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos INTRODU˙ˆO As tendŒncias de mudanças na econo- mia mundial colocam a educaçªo em posi- çªo de extrema importância. Os países do primeiro mundo reconhecem este fato e agem no sentido de implementar medidas que garantam uma adequaçªo maior do ensino às exigŒncias da realidade atual. Pode-se considerar como definitivo que o ensino em geral ocupa posiçªo privilegiada entre as formas de viabilizar o desenvolvi- mento do País e, especialmente o Ensino Su- perior, que Ø capaz de gerar, ao mesmo tem- po, o aprimoramento na qualificaçªo profis- sional e tecnológica, bem como promover mudanças significativas nos outros níveis de ensino, jÆ que Ø atravØs do Ensino Superior que se forma a geraçªo dos educadores do Ensino Fundamental e MØdio. O Ensino Superior, em especial, deve responder pela formaçªo de profissionais cada vez mais especializados e mais flexíveis. As açıes direcionadas a esta modernizaçªo na Europa, nos Estados Unidos, no Japªo e em outros países do primeiro mundo ocorrem por iniciativa tanto das universidades quanto dos governos. No Brasil, quase que exclusi- vamente, as universidades referenciando: a menor parte delas - , desenvolvem formas de açªo que apontam para uma maior ade- quaçªo a esta nova realidade. Diante das evidŒncias, propôs-se es- tudar o tema O ENSINO SUPERIOR NO BRA- SIL, focando OS FATORES QUE INTERFEREM NO RENDIMENTO ESCOLAR E A VISˆO DOS ALUNOS SOBRE SUAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM porque: 1) No âmbito pessoal, os fatores que alte- ram o processo de produçªo acadŒmica e/ ou a inexistŒncia de um serviço de apoio ao estudante universitÆrio, deixam o aluno vul- nerÆvel às pressıes decorrentes do Ensino Superior: ele se sente inoperante e sem con- diçıes para vencer as dificuldades que julga ser exclusivamente de aprendizagem ou de sua responsabilidade, prejudicando sua for- maçªo e crescimento pessoal e profissional; 2) No âmbito institucional, os sintomas ma- nifestos de dificuldades de aprendizagem - baixo rendimento nas avaliaçıes disciplina- res, falta de motivaçªo para acompanhar o ritmo das aulas e executar as atividades, pes- quisas, laboratórios entre outras atividades próprias ao trabalho universitÆrio -, compro- metem o processo de produçªo acadŒmica, a articulaçªo entre alunos, professores, co- ordenadores, estendendo-se à organizaçªo teórica e prÆtica da administraçªo das aulas e dos cursos, influindo na avaliaçªo do corpo docente, podendo prejudicar a Instituiçªo de Ensino Superior no momento da avaliaçªo no Provªo; 3) No âmbito legal, o baixo rendimento es- colar em alunos universitÆrios dificulta e, em alguns casos atØ pode inviabilizar o cumpri- mento, por parte das Instituiçıes de Ensino Superior, das exigŒncias: a) Constitucional: a Constituiçªo de 1988, artigo 206, inciso II, que proclama o princípio bÆsico da açªo educativa a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen- samento, a arte e o saber., bem como atra- vØs do artigo 207, que atende ao disposto no art. 52 da LDB. n” 9.394/96, regulamen- tado pelo Decreto n” 2.207 de 15/04/97, art. 5”), de que as universidades obedece- rªo ao princípio da indissociabilidade entre en- sino, pesquisa e extensªo e; b) LDB n” 9.394/96, Capítulo IV Da Edu- caçªo Superior, art. 43., incisos I a VII, que tratam da finalidade da educaçªo superior. 1- Av. Maestro Villa Lobos, 400, apto. 162 - Tucuruvi - CEP 02266-000 - E-mail: mentor8@terra.com.br. 20Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos 4) No âmbito social, deixar o fenômeno crescer e se expandir, negando-lhe a exis- tŒncia em nossas instituiçıes, Ø o mesmo que ir na contramªo da política para o Ensino Superior brasileiro, ante os desafios do novo sØculo, que vinculam diretamente os resulta- dos do desenvolvimento econômico e social de uma naçªo à qualidade e à expansªo da educaçªo e cultura, que implicam no acom- panhamento das evoluçıes da tecnologia, e das mudanças sociais e do mercado do tra- balho, num mundo de economia globalizada. O quadro acima descrito, relativo aos fatores que interferem no rendimento esco- lar e a visªo dos alunos sobre suas dificulda- des de aprendizagem, levou ao seguinte questionamento delimitado como problema de pesquisa: Frente à realidade que exige do ho- mem contemporâneo cada vez mais e maiores qualificaçıes para sobreviver no mercado de trabalho, quais medi- das devem ser adotadas para que as Instituiçıes de Ensino Superior possam responder por uma produçªo acadŒmi- ca mais qualificada, de modo a refletir e operacionalizar a estrutura e organi- zaçªo de seus programas de ensino, ao oferecer assistŒncia psicopedagógica institucional ao aluno universitÆrio? O tema tratou dos fatores que interfe- rem no rendimento escolar e a visªo dos alu- nos sobre suas dificuldades de aprendizagem, buscando avaliar as implicaçıes nos campos pessoal, institucional e social, posto ser ver- dadeira a premissa de que:Ø atravØs dos conhecimentos adquiridos no ensino superi- or, que o estudante estarÆ apto para a in- serçªo em setores profissionais e para a par- ticipaçªo no desenvolvimento da sociedade brasileira, em acordo com o disposto no Art. 43, II, da LDB 9.394/96. Assumiu-se o baixo rendimento esco- lar como importante indicador de dificuldades de aprendizagem no Ensino Superior. Elemen- tos como: DØficit de Leitura e Interpretaçªo de Textos e DeficiŒncias nos CÆlculos AritmØ- ticos Elementares, bem como os alarmantes índices de Analfabetismo Funcional detectados no Brasil, constituem a base da situaçªo inde- sejÆvel que concretiza insucessos nas avalia- çıes bimestrais e semestrais, colocando o alu- no em situaçıes de exame, dependŒncia, repetŒncia ou desistŒncia. A avaliaçªo das dificuldades de apren- dizagem, neste trabalho, centralizou-se nos comprometimentos de processos cognitivos essenciais à compreensªo, assimilaçªo e fi- xaçªo dos conteœdos do Ensino Superior, bem como aos vieses de carÆter pessoal, social e econômicos, entre outros, que afetam o ren- dimento escolar, traduzido em notas. Ao assumir o conceito de aprendiza- gem como sendo modificaçªo ou elabora- çªo da estrutura cognitiva, estabelecendo novas ou revisando categorias cognitivas prØ- vias, promovendo o inter-relacionamento de categorias ou listas de características, repor- ta-se à dimensªo social do processo de aprendizagem2 . O aumento da oferta de vagas em ins- tituiçıes particulares de Ensino Superior, alia- do às deficiŒncias do Ensino Fundamental e MØdio, dentre outros motivos, estªo fazen- do com que haja um nœmero cada vez mais elevado de alunos despreparados para en- frentar os desafios de um ensino mais com- plexo, apresentando rendimento irregular ou insatisfatório no Ensino Superior. É uma situ- açªo que gera conflitos e frustraçıes aos pró- prios alunos, aos docentes e às instituiçıes de ensino, sem atender adequadamente às exigŒncias do mercado de trabalho. 2- APRENDIZAGEM reœne num só processo a educaçªo e o pensamento. A condiçªo cognitiva da aprendizagem pressupıe a presença de estruturas capazes de organizar os estímulos do conhecimento; uma coordenaçªo de esquemas num âmbito particular, prÆtico, representativo, conceitual e concordante com um nível de equilibraçªo particular, obtido atravØs de regulaçıes, descentralizaçıes intuitivas ou operaçıes lógicas, prÆticas e formais. (Pain, 1985, p. 18). 21Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos Sobressaem-se as dificuldades dos profissionais do Ensino Superior em aplicar os conhecimentos adquiridos em suas gra- duaçıes (habilitaçªo para lecionar no 3” grau) e na soluçªo de conflitos diÆrios surgidos em sala de aula. Muitas vezes, o problema Ø vis- to como sendo resultado de uma falha e um mau preparo do professor; e, via de regra, todo fracasso Ø atribuído a alguma incapaci- dade do aluno em aprender. Nªo raro, ocorrem por parte das insti- tuiçıes de ensino, submissªo a rotinas, ce- nas de incompreensªo, falta de interesse e de colaboraçªo entre departamentos, ocasi- onando desencontros no atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Parte-se do pressuposto que o sinto- ma do baixo rendimento escolar no Ensino Superior constitui um campo amplo e com- plexo, envolvendo determinantes históricos, sócio-políticos, culturais e pedagógicos, quan- do estas relaçıes envolvem as figuras alu- no-professor-instituiçªo, assim como os as- pectos de carÆter econômico, psicológico e mØdicos, entre outros, compıem o quadro dos possíveis fatores que intervŒm negativa- mente no rendimento individual do aluno do Ensino Superior, impedindo-o de responder satisfatoriamente aos objetivos e metas pro- postos por Faculdades e Universidades brasi- leiras, tomadas como o universo desta in- vestigaçªo. O conceito de dificuldade de aprendi- zagem vem sendo abordado de formas dife- rentes na literatura sobre o assunto, confor- me enfoque da medicina/neurologia, psicolo- gia, fonoaudiologia, pedagogia e psicopedagogia. Difere tambØm no que diz respeito a diferentes faixas etÆrias: educa- çªo de prØ-escolares, educaçªo de crianças, de jovens ou de adultos. A EDUCA˙ˆO DE JOVENS E ADULTOS NO ENSINO SUPERIOR Ao estudo dos dados acima referenciados, foi dispensado o tratamento de anÆlise qualitativa e descritiva, segundo as abordagens adotadas como parâmetro no referencial teórico-cognitivista, de acordo com os estudos de Ausubel, Köhler e Bachelard. Para tanto, tomou-se inicialmen- te o cuidado de buscar, em nível nacional e internacional, onde e quando se originou a preocupaçªo pela Educaçªo de Jovens e Adultos. Em Mucchielli (1981, p. 13), encon- tram-se as informaçıes bÆsicas, aqui apre- sentadas. Em nível internacional, a preocupaçªo com a Educaçªo de Adultos (assim de- nominada desde 1972), surgiu com a criaçªo na UNESCO - Organizaçªo das Naçıes Unidas para a Educaçªo, CiŒn- cia e Cultura, em 1956, de uma divi- sªo voltada para o acompanhamento da Educaçªo Permanente, como sen- do: • um prolongamento natural do ensino; • um aperfeiçoamento profissional e tØc- nico, em todos os níveis, da gradua- çªo à pós-graduaçªo; • um meio de proteçªo do Homem con- tra os efeitos desumanizantes da tØc- nica e da propaganda; • uma promoçªo do trabalho e uma reclassificaçªo social, em termos de status e condiçıes financeiras, para al- guns adultos. Muitas das dificuldades na aprendizagem, na conduta e no trato dos alunos de gradua- çªo e pós-graduaçªo iriam se diluir caso fos- sem analisadas a especificidade da Pedago- gia3 na educaçªo de adultos, conforme anÆli- se de Mucchielli (1981, p. 9), que lamenta a ausŒncia de Teorias e Políticas Educacionais voltadas para o Atendimento ao Aluno do En- sino Superior. 3- Pedagogia: Teoria e ciŒncia da educaçªo e do ensino. Conjunto de doutrinas, princípios e mØtodos de educaçªo e instruçªo que tendem a um objetivo prÆtico. É o estudo dos ideais de educaçªo, segundo uma determinada concepçªo de vida e os meios (processos e tØcnicas) mais eficientes para efetivar estes ideais. É, tambØm, a profissªo ou a prÆtica de ensinar. In: Novo AurØlio SØculo XXI O DicionÆrio da Língua Portuguesa, p. 1290. 22Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos Compreender o Ensino Superior como oportunidade de desenvolvimento requer a reflexªo sobre a educaçªo e sobre o proces- so de construçªo do conhecimento em alu- nos adolescente e alunos adultos. Para Hoirisch et al. (1993, p. 20), hÆ a necessida- de de se estabelecer um SERVI˙O DE ORI- ENTA˙ˆO EDUCACIONAL NO ENSINO SUPE- RIOR, tendo-se em vista que: Boa parte da populaçªo atendida pelo Ensino Superior situa-se na complexa passagem da adolescŒncia para a ida- de adulta, implicando na questªo da identidade pessoal, profissional e a posterior inserçªo no mundo adulto e no mercado de trabalho. Categoria 1:- ALUNOS ADULTOS4 , no En- sino Superior, sªo aqueles homens e mulhe- res com mais de 21 anos (maioridade abso- luta, em termos legais), e/ou aqueles que, ainda na fase de adolescŒncia, (dos 16 aos 21 anos), ingressaram primeiro na vida pro- fissional antes de poder freqüentar uma fa- culdade, assumindo papØis sociais e respon- sabilidades familiares, contando com uma experiŒncia direta do existir. Para serem con- siderados adultos, esses alunos precisam ter abandonado o tipo de relaçıes de dependŒn- cia e de mentalidade características da in- fância e da adolescŒncia, e que tiveram acesso a outro tipo de relaçıes sociais de interdependŒncia, que arcaram com a res- ponsabilidade da organizaçªo da própria vida e do próprio horizonte temporal - assumin- do projetos pessoais e sociais. Estes alunos adultos, morando com seus familiares, em Repœblicas UniversitÆrias ou sozinhos, devem encarar a vida social e escolar com realismo e pragmatismo eficientes, possuindo uma consciŒnciade seu lugar, seu papel e suas relaçıes na inserçªo social, alØm da noçªo de suas potencialidades, limites e aspiraçıes. Categoria 2:- ALUNOS ADOLESCENTES5 , sªo aqueles que ingressaram no Ensino Supe- rior saindo direto dos quadros do Ensino MØdio (por volta dos 16-18 anos), nªo atingiram a maioridade civil absoluta (21 anos), sªo de- pendentes econômico e financeiramente de seus pais, tŒm a vida protegida intrafamiliar- mente, nªo possuindo, ainda, clara noçªo de seu papel e responsabilidades sociais e civis. Muitos deles, ingressam no Ensino Superior sem a certeza de sua vocaçªo profissional, freqüen- tando cursos por vezes movidos pela imposi- çªo familiar ou outros motivos, comprovado atravØs de vÆrias pesquisas. A aprendizagem de alunos jovens e adultos do Ensino Superior irÆ se construir em bases sólidas desde que, somados aos esforços pessoais dos alunos, seus profes- sores tambØm tragam uma vivŒncia ou prÆ- tica pedagógica embasada em referenciais te- óricos nos quais eles acreditam e que este- jam em sintonia com a filosofia da Instituiçªo de Ensino Superior para a qual estes profes- sores prestam serviços. FUNDAMENTA˙ÕES COGNITIVISTAS QUE INFLUENCIAM O PENSAMENTO PEDA- GÓGICO NO ENSINO SUPERIOR Com o intuito de melhor focalizar os processos de Ensino/Aprendizagem no Ensi- no Superior e, a partir deste ponto, capacitar os Docentes a perceber as Dificuldades de Aprendizagem em seus alunos, possibilitan- do uma soluçªo mais rÆpida e eficiente, op- tou-se por delinear o referencial teórico em torno das Fundamentaçıes Cognitivistas, posto serem estas as teorias mais aceitas pelos Docentes e por abordar uma lingua- gem mais próxima das necessidades de tra- balho psicopedagógico no Ensino Superior. A preocupaçªo bÆsica dos cognitivistas refere-se às condiçıes que possibilitam a des- 4- MUCCHIELLI op. cit., p. 16-17. 5- MUCCHIELLI, R. ibid., pp. 16-17 23Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos coberta da resposta adequada a um proble- ma proposto, a partir do momento em que sªo fornecidos os subsídios teóricos que au- xiliam no entendimento da aprendizagem como uma dinâmica e nªo como um jogo de contingŒncias que levam ao acerto ou ao erro (situaçıes de estímulo à aprendizagem > res- postas > conseqüŒncias: aprendizagem ou nªo aprendizagem). No conceito das teorias cognitivistas, a questªo da nªo aprendizagem nªo Ø tida como de responsabilidade bÆsica dos alunos que nªo aprendem: hÆ que se verificar o peso e a im- portância que tŒm, no contexto das relaçıes ensino-aprendizagem, os objetivos traçados pelo professor, o planejamento e a metodologia de ensino por ele adotada, a exe- cuçªo e a avaliaçªo das atividades propostas e o desenvolvimento sócio-afetivo-cultural a que esses estudantes estªo sujeitos. Dentre os teóricos que abordam as Fundamentaçıes Cognitivistas, foram con- templadas as obras dos seguintes autores: Ausubel, Köhler e Bachelard. Ausubel: Aprendizagem Significativa Deve-se a Ausubel (apud Moreira; Masini, 1982, p. 4), a criaçªo do termo Apren- dizagem Significativa, traduzida por: (...) uma experiŒncia consciente, cla- ramente articulada e precisamente di- ferenciada, que emerge quando sinais, símbolos, conceitos e proposiçıes po- tencialmente significativos sªo relaci- onados à estrutura cognitiva e nela in- corporados. Segundo Pfromn Netto (1987, pp. 69- 71), na Teoria da Aprendizagem de Ausubel, o conteœdo programÆtico deve ser potenci- almente significativo (compreensível) para o aluno, precisa estar relacionado à estrutura cognitiva do sujeito que aprende, ao que ele denomina de aprendizagem receptiva signi- ficativa e deve partir do que o aluno jÆ co- nhece, isto Ø, de seus subsunçores, ou gan- chos existentes na estrutura cognitiva dos indivíduos, nos quais sªo penduradas no- vas informaçıes, onde as situaçıes de apren- dizagem por recepçªo (receber conteœdos), sªo tªo consideradas quanto as que se de- senvolvem por descoberta (encontrar a so- luçªo, assumir desafios). De acordo com Moreira; Masini (1982., p. 64-65), a Teoria da Aprendizagem de Ausubel recomenda o uso de organizadores prØvios (materiais introdutórios apresentados antes do material a ser aprendido em si.) que sirvam de âncora para a nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitam a aprendizagem subseqüente. Köhler: Objetivos Educacionais e Valores da Gestaltpedagogia Os objetivos do ensino na gestaltpedagogia segundo Burron ; Shepp (1985, p. 119-125, passim), sªo essencial- mente cognitivos: pensar, refletir, analisar, raciocinar, ter insight, entender, compreen- der, realizar - no sentido de executar aquilo que foi aprendido. A dinâmica educacional no ensino gestaltista visa, em œltima anÆlise, a uma mudança de comportamento, por meio de um processo que encara a aprendizagem como sendo uma modificaçªo na estrutura cognitiva dos alunos. Os objetivos do ensino na gestaltpedagogia devem estar relacionados, em dependŒncia recíproca com o conteœdo e as estratØgias de ensino, harmonizando-se entre si. É de certa forma transparente a ne- cessidade de um empenho coletivo (docen- tes, discentes e Instituiçªo), para que os re- ais objetivos educacionais propostos pela gestaltpedagogia sejam plenamente atingidos e que essa responsabilidade nªo se limite à 24Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos atuaçªo do educador como profissional, mas que envolva tambØm uma sensível participa- çªo dos alunos durante as aulas, provendo e alocando recursos suficientemente adequa- dos para o desenvolvimento de debates e questionamentos que servirªo para uma alavancagem de discussıes, reflexıes, bus- ca de soluçıes, perfeito entendimento e cum- primento dos conteœdos programÆticos. Na gestaltpedagogia, os objetivos do ensino privilegiam o relacionamento interpessoal para que haja aprendizagem (no aspecto cognitivo e tradicional) e para que haja uma representaçªo ativa dos interesses comuns (objetivos emocionais e sociais do ensino), formando uma unidade indivíduo- meio; eles devem possibilitar ao aluno o de- senvolvimento da personalidade, da capaci- dade de participar e influenciar o meio políti- co e social modificando sua própria história. O conteœdo programÆtico na gestaltpedagogia deve proporcionar o discernimento sobre o próprio funcionamento e sobre as relaçıes históricas e sociais desse funcionamento nos contextos interpessoal e social. Deve levar em conta o aspecto emoci- onal da aprendizagem (auto-encontro; auto- realizaçªo; auto-satisfaçªo; auto-responsa- bilidade o estímulo da consciŒncia). Bachelard: Pressupostos de um Racionalismo Aplicado O terceiro referencial teórico apresen- tado Ø o do O Racionalismo Aplicado, que traz em Bachelard, o criador e defensor principal desta linha de estudos. Racionalismo Aplica- do sªo estudos que partem do princípio de que todo pensamento científico deve ser in- terpretado ao mesmo tempo na linguagem realista e na linguagem racionalista (Klein, 1992, p.92) posto que, como a filosofia ci- entífica apresenta características dualistas pelo fato de ser uma filosofia que, alØm das bases e fundamentos teóricos, necessita ser apli- cada; logo, o verdadeiro pensamento cientí- fico nªo pode ser de natureza pura por estar vinculado a uma filosofia de carÆter especulativo, a qual visa estabelecer algumas associaçıes no contexto das interaçıes exis- tentes entre: • a realidade do professor e do aluno universitÆrio, como autores e recepto- res recíprocos do conhecimento; • a anÆlise dos resultados dos trabalhos produzidos por estes alunos e profes- sores, para a Sociedade; • os elementos que tŒm influŒncia sobre o desenvolvimento da produçªo do conhecimento, tanto no nível cognitivo, como em sua prÆxis histórico-social; • a possibilidade de determinar as condi- çıes materiaisda produçªo científica. Ao realizar uma leitura crítica da obra Racionalismo Aplicado de Bachelard, CØsar (1996, p. 13-20), encontra mais que um con- ceito ou uma definiçªo para a aprendizagem, que Ø tida como um processo dialØtico aber- to ao conhecimento científico-filosófico. É uma aprendizagem totalmente voltada às ne- cessidades do Ensino Superior e de Pós-Gra- duaçªo, que propicia ao aluno as condiçıes para a retificaçªo e a ordenaçªo do saber. O aprendiz supera o conhecimento ingŒnuo e o idealismo tradicional, colocando o sujeito como eixo de descobertas, atravØs da retifi- caçªo permanente de seus próprios erros. A forma de avaliaçªo destas ativida- des Ø feita de maneira quase individual (res- salvadas as situaçıes que envolvem ques- tıes legais e administrativas da Instituiçªo de Ensino Superior). Portanto, muito parecidas com as formas de avaliaçªo do Ensino Humanista, as avaliaçıes, dentro de uma pro- posta de Racionalismo Aplicado, uma vez as- similadas, sªo tŒnues porque sªo contínuas, feitas de acordo com a evoluçªo do aluno e/ ou do grupo. 25Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos Segundo Torrance (apud Bordenave ; Pereira (1995, p.224), no Racionalismo apli- cado a avaliaçªo nªo estÆ centrada somente em provas, trabalhos ou exames, e sim numa avaliaçªo contínua e permanente do aluno por si mesmo; do aluno pelo grupo de trabalho e do aluno pelo professor da disciplina. Para o aluno, esse sistema de ensino só traz benefícios, porque consegue fundir, numa só proposta de trabalho pedagógico, o que de melhor hÆ nas Teorias Cognitivistas, Humanistas e Sócio-Construtivistas, alØm de lhes proporcionar vivŒncias e contatos prÆti- cos no trabalho acadŒmico, unindo diariamen- te os referenciais teóricos de sua Ærea de es- tudo, à realizaçªo concreta de trabalhos e pesquisas científicas sobre os mesmos. ESTUDOS SOBRE AS RELA˙ÕES: ALU- NO-PROFESSOR-INSTITUI˙ˆO NO EN- SINO SUPERIOR BRASILEIRO, SOB O ENFOQUE PSICOPEDAGÓGICO Embora recente no Brasil e pouco co- nhecido nos meios universitÆrios, entre do- centes e administradores, os estudos da psicopedagogia se referem, basicamente, à dimensªo simbólica do comportamento hu- mano frente às diferentes formas de ensino e aprendizagem, diferenciando o estudo para a vida, para a auto-realizaçªo do estudo para cumprir tarefas e obter um diploma de graduaçªo. A psicopedagogia trabalha com a construçªo social de valores que permeiam as atitudes e os comportamentos que dizem respeito à educaçªo em geral e ao Ensino Superior, em particular. Em virtude disto, acreditamos que a abordagem psicopedagógica Ø o instrumen- to teórico adequado ao tratamento do tema e de sua característica principal, aqui entendi- do como resultado insatisfatório nas avalia- çıes semestrais em 50% ou mais das disci- plinas estudadas. O problema do aproveitamento esco- lar sempre existiu. EstÆ agora sendo visto com maior atençªo por causa das pressıes do Provªo e da mídia, que cobram das univer- sidades e seus discentes, melhor qualidade na relaçªo Ensino/Aprendizagem/Qualificaçªo para o Mercado de Trabalho. MANIFESTA˙ÕES SOBRE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM UM CURSO DE ADMINISTRA˙ˆO DE EMPRESAS EM UMA FACULDADE PARTICULAR DO MUNIC˝- PIO DE SˆO PAULO - ESTUDO DO CASO A investigaçªo sobre Dificuldades de Aprendizagem em uma Faculdade de Admi- nistraçªo do Município de Sªo Paulo, foi reali- zada atravØs de uma pesquisa exploratória, com abordagem de desenvolvimento longi- tudinal, acompanhando a turma do curso noturno, ingressa em 1996 atØ a conclusªo do curso, em 1998, comparando as altera- çıes no perfil da mesma, ao longo dos anos, sob os trŒs aspectos abaixo discriminados, distribuídos ao longo de 31 GrÆficos anexos, resultantes da anÆlise dos questionÆrios, para explicaçªo dos dados obtidos. Dentre os muitos fatores que caracte- rizam as dificuldades de aprendizagem no ensino superior, foram isolados para estudo: a) Os problemas causados por deficiŒncias na formaçªo didÆtica dos professores; b) Os problemas causados pelas possíveis contaminaçıes de posturas e orientaçıes pedagógicas incompatíveis com as neces- sidades da comunidade escolar vinculada à Instituiçªo em estudo; c) Os fatores que caracterizam as dificulda- des de aprendizagem comumente atribuí- dos como inerentes aos próprios alunos. 26Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos AN`LISE DOS RESULTADOS Os resultados indicaram que dificulda- des na aprendizagem e dœvidas sobre como fazer para estudar e compreender os assun- tos programados sªo as razıes mais fortes encontradas pelos alunos para justificar o bai- xo rendimento acadŒmico. As expectativas dos estudantes relaci- onaram-se com mØtodos de estudo eficien- tes e com a ampliaçªo da compreensªo so- bre o próprio funcionamento de suas estrutu- ras cognitivas. Os estudantes sentem falta de intervençıes que contribuam para uma solu- çªo satisfatória da crise psicossocial caracte- rizada pelo ingresso na Faculdade, constituin- do-se em exercício da funçªo do pensar. Considerando-se que os mecanismos mais responsÆveis pelo fracasso no ensino superior sªo desencadeados pelas dificulda- des de leitura/escrita e habilidade de raciocí- nio lógico-matemÆtico (analfabetismo funci- onal), sugerimos uma avaliaçªo mais eficien- te nesta Ærea, a partir do vestibular e a reali- zaçªo de um trabalho profilÆtico jÆ a partir do 1” ano de curso, seguindo os referencias propostos nas Teorias de Ausubel, Köhler e Bachelard, anteriormente explicadas. Neste novo cenÆrio educacional, as palavras mais freqüentes sªo: competŒncia, competitividade, produtividade, avaliaçªo, controles rígidos de qualidade e de pessoal, participaçªo, estratØgias de marketing edu- cacional, foco no aluno-cliente, foco no ensi- no universitÆrio visando o social (comunitÆ- rio) e na agregaçªo de valor social (no senti- do de produtividade científico/econômica). O resultado anual dos exames nacio- nais de curso obriga os instituiçıes a investir pesado na qualificaçªo do corpo docente e administrativo, na utilizaçªo de bibliotecas e de laboratórios e no oferecimento de servi- ços. No entanto, uma pergunta ainda a ser respondida Ø: Como Mudar o Ensino Supe- rior no Brasil? Apoiados no espírito da Lei de Diretri- zes e Bases da Educaçªo Nacional 9.394/96, artigos 43 e 44 que tratam dos objetivos do Ensino Superior e na Constituiçªo de 1988, artigo 206, II, que proclama o princípio bÆsi- co da açªo educativa, a liberdade de apren- der, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa- mento, a arte e o saber., (Souza, 1997, p. 72), diante dos novos paradigmas educacio- nais e frente às novas exigŒncias do merca- do de trabalho, nªo se pode ficar passivo com a negaçªo da existŒncia de problemas de aprendizagem no Ensino Superior. O resultado da coleta de dados sobre os Programas de Atendimento aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem, demonstrou, via indicadores concretos, resultados que levam a reflexıes sobre os problemas enfrentados por alunos, professores e setores administrativos em algumas faculdades e universidades brasi- leiras, bem como à necessidade de expansªo, divulgaçªo e aplicaçªo dos dados colhidos para outras Instituiçıes de Ensino Superior que en- frentam problemas semelhantes. A seguir, estªo relacionadas algumas sugestıes de trabalho de Orientaçªo Psicopedagógica, voltado nªo só para atuar nos moldes de um departamento ou serviço de atendimento ao aluno com dificuldades de aprendizagem, mas tambØm como um ser- viço de atuaçªo relevante na Ærea preventiva e de apoio tØcnico-administrativo à direçªo, coordenaçªo, corpo docente e funcionÆrios da instituiçªo. Concluímos este trabalho de pesquisa constatando, atravØs de diversos procedi- mentos metodológicos, a validade da implan- taçªo, nas próprias instalaçıes da Instituiçªo,de um Serviço de Atendimento ao Aluno Uni- versitÆrio. É com a pretensªo de resgatar a ativi- dade psicopedagógica no âmbito das institui- çıes de ensino superior, sem desprivilegiar o 27Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos enfoque sócio-cultural onde o aluno se inse- re, que foi elaborado o presente trabalho, cuja contribuiçªo nªo tem a pretensªo de soluci- onar os problemas de aprendizagem no en- sino superior os quais, por sua natureza, sªo por demais complexos. Os estudantes sentem falta de interven- çıes que contribuam para uma soluçªo satisfatória da crise psicossocial caracterizada pelo ingresso na Faculdade, constituindo-se em exercício da funçªo do pensar. Esta falta de percepçªo dos problemas que surgem na vida acadŒmica, interfere negativamente nas rela- çıes aluno-professor-instituiçªo. Cada aluno traz consigo suas dœvidas, suas ansiedades, sua dinâmica familiar, seus hÆbitos sociais, seus problemas financeiros, suas conquistas e suas derrotas. Cada aluno Ø um complexo de frustraçıes e motivaçıes. Cada aluno Ø diferente do outro em todos os aspectos, exceto por aquele que Ø o funda- mental; o aluno que vem atØ os professores do ensino superior vem carregado de espe- rança e sonhos; vem potencialmente prØ-dis- posto a adotar mudanças, a acrescentar ele- mentos de conhecimentos, a tornar-se dife- rente, preferivelmente, tornar-se œtil. Dentro desse contexto, atribui-se ao trabalho da Psicopedagogia Institucional gran- de importância, nªo porque o aluno seja um cliente, mas porque ele Ø parte fundamental do processo. É na sala de aula que se realiza o ato pedagógico escolar. É lÆ o lugar e o momento onde ganham vida as relaçıes interpessoais e se desencadeia o processo do conhecimento que, como jÆ foi dito ante- riormente, tem dois agentes:- o professor e o aluno. Deve-se estudar para a vida, e nªo só estudar para tira nota ou passar de ano, o professor universitÆrio precisa concentrar energias e transmitir, a mensagem atØ ter certeza de que ela foi plenamente absorvida pela maioria dos estudantes. É preciso deixar claro aos universitÆri- os o carÆter laboratorial da faculdade, como um grande e oportuno campo laboratorial para a realizaçªo de experiŒncias de aprendi- zagem sócio-profissional-científico. Deve ser ressaltar particularmente, a dinâmica comportamental dos discentes quanto à im- portância de terem professores tªo diferen- tes entre si, grupo de trabalho tªo aleatórios e matØrias diversas, porque Ø neste universo caótico que estÆ o mercado de trabalho e que se travam as relaçıes interpessoais que determinam o sucesso ou o fracasso na vida profissional. Às eventuais hostilidades de alunos e atØ as queixas que podem surgir, a resposta ou explicaçªo da administraçªo e do copo docente devem abordar sempre a caracterís- tica experimental do curso, alertando para as vantagens de se conviver com tantas diferen- ças de estilo e situaçıes tªo diversas, tais como medo, pressªo, ansiedade, manifesta- çıes sentimentais, alØm dos contratempos advindos por motivos de força maior. É no ambiente universitÆrio que se forjando a pos- tura dos profissionais, dos empreendedores, dos cidadªos que irªo competir num mercado exigente, moderno Ægil e extremamente com- petitivo. Ao desenvolver no aluno a sensaçªo de estar participando ativamente do proces- so, este passa a tomar consciŒncia de seu papel, sente-se œtil e passa a se comportar com mais receptividade e interesse. É preci- so dedicar particular atençªo ao aluno que apresentar dificuldades de aprendizagem ou de relacionamento. O professor deve dar a todos oportunidades de se apresentar como líder de grupo em trabalhos e seminÆrios, porque assim vªo vencendo a timidez e aprendendo a se colocar em pœblico. Mais do que nunca, o professor uni- versitÆrio deve saber uma poderosa ferra- menta para melhorar a comunicaçªo e o 28Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos entendimento dos conceitos junto aos dis- centes universitÆrios:- a neurolingüística. Se- gundo Bandler (1987, p.2), A maior revoluçªo de nossos tempos Ø a descoberta de que, ao mudar as atitudes internas de suas mentes, os seres humanos podem mudar os as- pectos externos de suas vidas. A faculdade precisa continuar competi- tiva, atualizada e buscar para suas salas de aula os alunos mais sintonizados com nosso tempo, atravØs de esforços de divulgaçªo e ampliaçªo permanente dos recursos huma- nos, materiais e pedagógicos, de maneira a permitir ao aluno-cliente a plena satisfaçªo pelo seu investimento e esforço; e aos pro- fessores, a instituiçªo deve oferecer condiçıes favorÆveis à plena realizaçªo do trabalho. Concluindo, a partir do instante em que os alunos foram selecionados e aceitos pela instituiçªo universitÆria cabe aos administra- dores e professores a missªo de conduzi-los a participar a ativamente do processo ensino - aprendizagem, de forma a atingirem um estÆgio superior de desenvolvimento, tanto profissional quanto social, ao ponto de os- tentarem com orgulho o nome da faculdade em que ser for mencionar. Mas, para que qualquer açªo pedagó- gica dŒ certo, faz-se necessÆrio comprome- ter-se com uma idØia, com um projeto, com um objetivo. O comprometimento pedagó- gico Ø muito mais do que simplesmente externar uma vontade, do que fazer um de- claraçªo de intençªo. Muitas pessoas tŒm grandes intençıes, mas nªo entram em açªo, nªo colocam as coisas em prÆtica, nªo tŒm continuidade, nªo tŒm persistŒncia. Compro- meter-se com um projeto Ø dedicar-se de corpo e alma, Ø ter certeza de que a com- pensaçªo virÆ, mais cedo ou mais tarde. Entªo, fazer bem feito para gostar; conhecer para fazer bemfeito e preparar-se para conhecer, sªo as metas do trabalho psicopedagógico. Colocar o conhecimento em prÆtica, contribuindo para os resultados e com- prometendo-se com os objetivos. Este Ø o segredo do sucesso para que professores alunos instituiçªo possam ser bem sucedi- dos na edificaçªo, transmissªo, valorizaçªo do ensino superior e sua aceitaçªo social, políti- ca, mercadológica e científica dos resultados deste estudo, Gostar do que se Faz. Aceitar a Psicopedagogia Institucional, bem como a implantaçªo do setor de pres- taçªo de serviços ao aluno universitÆrio com dificuldades de aprendizagem, por parte de Reitores, Diretores, Chefes de departamen- to, Coordenadores de Universidades e Facul- dades do país nªo Ø tarefa simples. Como disse alguØm, algum dia: Toda idØia fecunda nasce da mente de um inconformista, para que o co- nhecido ainda era desconhecido, e que se cansou de voltar a pontos por onde outros passaram, certos de que ali nada havia de novo. A verdade de hoje a heresia de ontem. Caminhante:- o ca- minho se faz ao caminhar... (autor desconhecido) A presente pesquisa buscou demons- trar, atravØs de seus resultados que: a) Para que o Brasil se torne uma naçªo com- petitiva, em termos de ciŒncias, tecnologia, cultura e bem-estar social Ø preciso que as faculdades e universidades brasileiras pro- movam o ingresso do país no sØculo da ino- vaçªo. b) É preciso e Ø possível desenvolver a educa- çªo científica nos jovens universitÆrios, se lhes forem mostrados os caminhos, como trabalhados na proposta teórica de Ausubel, 29Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos Köhler e Bachelard. A este respeito, tem-se o apoio da citaçªo de Hiroo Imura membro do Conselho de CiŒncia e Tecnologia do Ga- binete do Primeiro Ministro do Japªo, apud editorial da Revista Science, de 16/06/1999: Temos que estudar tÆticas e estratØgias para fazer de educaçªo científica parte in- tegral de todas as etapas da vida, desde a educaçªo primÆria das crianças atØ o ensi- no vitalício para os adultos. c) É preciso e necessÆrio implantar o serviço de atendimento aos Alunos UniversitÆrios com dificuldades de aprendizagem, paradar suporte nªo só tØcnico/logístico a alunos, professores e instituiçªo frente as exigŒnci- as constantes e, (a) e (b), mas tambØm para trazer para as faculdades e Universi- dades do Brasil o carÆter humanista que dis- tinguirÆ a Sociedade do 3” MilŒnio, daquele que o precedeu, posto que, segundo o es- critor mexicano OctÆvio Paz, ganhador do PrŒmio Nobel de 1990: O progresso povoou a História com as maravilhas e os monstros da tØcni- ca, mas desabitou a vida dos homens. Deu lhes mais coisas, mas nªo lhes deu mais ser. Tem-se consciŒncia de que ainda nªo se chegou a uma forma definitiva para se cri- ar, montar e manter dentro das instituiçıes de Faculdades e Universidades brasileiras, se- tores de prestaçªo de serviços de atendimen- to Psicopedagógico para o Atendimento a Alu- nos com Dificuldades de Aprendizagem ou de demandas específicas relacionadas à inclusªo sócio educativa, a fim de equipar nossos jovens universitÆrios com instrumentais se- melhantes aos recebidos por seus colegas em instituiçıes de ensino superior que comparti- lhem o reconhecimento internacional pela qua- lidade de seus formandos e pesquisadores. Por essa razªo, faz-se necessÆrio con- tinuar realizando periodicamente à troca de experiŒncias com os diversos profissionais envolvidos em projetos semelhantes, por todo território nacional, para atualizaçªo de dados, intercâmbio de informaçıes e subsí- dios, alØm de se levantar todo um conjunto de indicadores que possam aproximar futu- ros pesquisadores a conceber um projeto de Psicopedagogia Institucional o mais digno possível às condiçıes das instituiçıes de en- sino superior era funcionamento nas diver- sas regiıes do país, nªo perdendo o foco da qualidade do ensino superior voltado para o desenvolvimento de pesquisa científica. É importante destacar que esta anÆli- se nªo Ø, e nem pretendeu ser, conclusiva, uma vez que o universo acadŒmico Ø muito dinâmico e vivo, passível das mas variadas mudanças e envolvendo inœmeros atributos. O que aqui expusemos Ø, simplesmen- te, a radiografia de uma situaçªo específica que nos permitiu identificar um conjunto de circuns- tâncias constatadas durante estudos e anÆlise dos dados extraídos da avaliaçªo do alunos , a partir da coleta de dados na própria instituiçªo onde realizou-se o Estudo do Caso, da anÆlise dos questionÆrios, pesquisa bibliogrÆfica, revi- sªo dos documentos recebidos para anÆlise de outros projetos de Serviço de Atendimento Psicopedagógico ao aluno UniversitÆrio, bem como discussıes e reflexıes sobre o tema, do qual espera tornar-se Subsunçores para no- vos estudos e pesquisas. CONCLUSˆO Finalmente, efetuou-se o relato dos resultados finais e anÆlises da pesquisa sobre O Ensino Superior no Brasil: Fatores que In- terferem no Rendimento Escolar e a Visªo dos Alunos sobre suas Dificuldades de Apren- dizagem, sob a ótica dos trŒs paradigmas que vŒm caracterizando o pensamento edu- cacional contemporâneo, ou seja: 30Revista da Educaçªo Universidade Guarulhos 1”) o conceito de sujeito como construtor do conhecimento; 2”) a noçªo de multidimensionalidade da pes- soa humana e a valorizaçªo do diÆlogo como requisito e; 3”) a finalidade da educaçªo. A título de contribuiçªo final, concluiu-se que hÆ oportunidades para: • A leitura dos novos pressupostos da avalia- çªo do processo ensino-aprendizagem, nªo só por parte dos docentes, mas tambØm por todos aqueles a quem couber alguma parcela de responsabilidade pela estrutura, organizaçªo, administraçªo e manutençªo do Ensino Superior no Brasil; • A criaçªo e manutençªo, nas instituiçıes de ensino superior, de setores de prestaçªo de serviços de atendimento a alunos universi- tÆrios com dificuldades de aprendizagem ou demandas específicas relacionadas à inclu- sªo sócio-educativa, a fim de equipar nos- sos jovens universitÆrios com instrumentais semelhantes aos recebidos por seus cole- gas em instituiçıes de ensino superior que compartilham o reconhecimento internacio- nal pela qualidade de seus formandos e pes- quisadores. REFER˚NCIAS BIBLIOGR`FICAS BANDLER, R. 1987. Usando sua Mente: as coisas que vocŒ nªo sabe que nªo sabe. Sªo Paulo: Summus Editorial. BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. 1995. Es- tratØgias de Ensino-Aprendizagem. 16“ed. Sªo Paulo: Vozes. 316p. BURRON, O. A.; SHEPP, K. 1985. Gestaltpedagogia: um caminho para a Escola e a Educaçªo. Sªo Paulo: Summus Editorial. CESAR, C. M. 1996. A InfluŒncia de Brunschvicg na Concepçªo Evolutiva do Co- nhecimento Científico de Gaston Bachelard. Campinas: PUCCAMP. FERREIRA, A. B. H. 1999. Novo AurØlio SØculo XXI O DicionÆrio da Língua Portuguesa. 3“ ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2.130 p. HOIRISCH, A.; BARROS, D. I. M.; SOUZA, I. S. 1993. Orientaçªo Psicopedagógica no En- sino Superior. Sªo Paulo: Cortez. IMURA, H. 1999. Educaçªo científica para o pœblico. Jornal da CiŒncia, n. 415, p.10, Rio de Janeiro. KLEIN, I. A. A. 1992. História do Professor: Re- presentaçªo e Contexto. Sªo Paulo, SP. (Tese de doutorado, Universidade de Sªo Paulo). MASETTO, M. 1992. Ensino-Aprendizagem no 3” Grau. In: DANTONA, A. A prÆtica docente na universidade. Sªo Paulo: EPU. p. 19-26. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. 1982. Apren- dizagem Significativa: a Teoria de David Ausubel. Sªo Paulo: Moraes. 112p. MUCCHIELLI, R. 1981. A Formaçªo de Adul- tos. Sªo Paulo: Martins Fontes.275p. PAIN, S. 1985. Diagnóstico e tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes MØdicas. 86p. PFROMN NETTO, S. 1987. Psicologia da Aprendizagem e do ensino. Sªo Paulo: E.P.U. SOUZA, P. M. P. 1997. LDB e Ensino Superi- or: Estrutura e Funcionamento. Sªo Paulo: Ed. Pioneira.
Compartilhar