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ICTERÍCIA FEBRIL LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE INTRODUÇÃO À Metabolismo da bilirrubina 1. A bilirrubina é derivada do grupo HEME, contido nas hemácias, através de um processo de degradação que ocorre no baço 2. GRUPO HEME -> BILIVERDINA -> BILIRRUBINA INDIRETA 3. A bilirrubina indireta é transportada até o fígado, e é conjugada pelo ácido glicurônico dentro dos hepatócitos 4. A bilirrubina conjugada vai até a vesícula biliar, e a bile é liberada no intestino 5. BILIRRUBINA CONJUGADA -> A bilirrubina conjugada transforma-se em UROBILINOGÊNIO, no intestino, através de bactérias da nossa flora 6. Parte do urobilinogênio será oxidado no próprio intestino, e parte pode ser degradado e reabsorvido pela corrente sanguínea, sendo eliminado via renal PRÉ-HEPÁTICO Ocorre o catabolismo do grupo HEME das hemácias Bilirrubina não conjugada (lipossolúvel) é captada pelos hepatócitos HEPÁTICO Bilirrubina é conjugada com glicose (hidrossolúvel) PÓS-HEPÁTICO A bilirrubina é excretada no polo biliar do hepatócito e segue um trajeto biliar Parte é transformada em urobilinogênio, que será reabsorvido e excretado na urina Fisiopatologia da icterícia 1 - PRODUÇÃO EXCESSIVA = HEMÓLISE Ocorre maior quebra das hemácias e, consequentemente, maior produção de BILIRRUBINA INDIRETA Exemplos: Anemias hemolítica Malária Hemoglobinúria paroxística noturna Hemoglobinopatias Reação transfusional PTT (púrpura trombocitopênica trombótica) e SHU (síndrome hemolítico-urêmica) Vasculite Hiperesplenismo Prótese vascular ► ACHADOS EM EXAMES: - DHL elevada - Haptoglobina baixa - Bilirrubina indireta elevada * Podem confirmar presença de hemólise 2 – DEFEITO NA CONJUGAÇÃO Quando há um defeito no fígado, por exemplo, mal funcionamento dos hepatócitos Exemplos: Pós-hepatite Gilbert Cligger-Najar Icterícia febril 1- Produção excessiva 2- Defeito na conjugação 3- Obstrução ICTERÍCIA FEBRIL LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE 3 – OBSTRUÇÃO DA VIA Quando ocorre COLESTASE, ou seja, quando há alguma alteração no fluxo da eliminação de bilirrubina direta Exemplos de colestase COM necrose e COM obstrução: Colelitíase Granulomas Carcinoma de via biliar/vesícula Colangite Compressão extrínseca Granulomas Ascaridíase Exemplos de colestase COM necrose e SEM obstrução: Hepatites virais Hepatites tóxicas Febre Amarela Isquemia hepática Budd-Chiari Esteato-hepatite gestacional Doença de Wilson Se houver colestase SEM necrose e SEM obstrução: Leptospirose Linfoma CMV Micobacteriose Dengue Febre Tifóide Abcesso amebiano Brucelose Leishmaniose Visceral Medicamentosa Febre maculosa ► ACHADOS EM EXAMES: - Plaquetopenia pode indicar dengue - Realizar sorologias para hepatite e dengue - USG de abdome pesquisa obstrução - CPK para verificar presença de lesão muscular Importante na anamnese Se é agudo ou crônico Investigar roteiro dos últimos dias/meses Investigar uso de drogas, álcool e medicamentos Definir se há possibilidade de obstrução hepática Definir se a causa pode ter necessidade de intervenção cirúrgica Buscar sinais e sintomas que necessitam de avaliação em serviços de urgência Excluir necessidade de internação hospitalar Exames que auxiliam HEMOGRAMA COMPLETO Se o paciente apresenta anemia (se é normo/normo) Presença de reticulócitos Leucocitose com desvio à esquerda (infecção bacteriana) Plaquetopenia pela presença de algum distúrbio de coagulação Eosinofilia, que pode indicar infecção por parasita AST/ALT – TGO/TGP Enzimas que, se elevadas, indicam necrose hepática FOSFATASE ALCALINA/GGT Enzimas que indicam colestase BILIRRUBINAS TOTAL E FRACIONADA, ALBUMINA, TEMPO DE PROTROMBINA (INR) Enzimas que avaliam função hepática DHL E HAPTOGLOBINA Verificar presença de hemólise EXAMES DE IMAGEM Confirmar ou excluir obstrução SOROLOGIAS ESPECÍFICAS Confirmar diagnóstico das Hepatites ou Dengue PESQUISA ESPECÍFICA Sangue, fezes, coleta de secreções/líquidos intracavitários Sinais de alerta Desidratação/ingesta hídrica, PA Consciência, encefalopatia Alteração clínica, hemorragia Taquipneia, saturação baixa Abdome doloroso, hepatomegalia dolorosa Vulnerabilidade objetiva (gestante idoso, criança, comorbidades) Vulnerabilidade relativa (acesso/ seguimento/infraestrutura) ICTERÍCIA FEBRIL LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE ICTERÍCIA FEBRIL LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE CASO CLÍNICO 1 JMS, 29 anos, masculino, pardo, ajudante de serviços gerais, procedente de Cajamar SP. Há uma semana iniciou picos febris associados a mal estar, vômitos e diarréia. Evoluiu com mialgia intensa, principalmente nos membros inferiores. Há 2 dias, refere tom amarelado da pele e prurido, além de urina escura. No início do quadro realizou automedicação com analgésico (AAS, Dipirona e Paracetamol). Nega viagens recentes. Nega episódios prévios de icterícia. Ao exame físico: Consciente, contactante, flapping negativo. Apresenta fígado a 2 cm do rebordo costal direito, indolor à palpação, borda romba e superfície lisa. Prurido presente ao exame e com escarificações na pele em região pruriginosa, principalmente tronco. EXAMES -> presença de plaquetopenia no hemograma, bilirrubina elevada às custas de direta, fosfatase alcalina e GGT aumentadas HD: DENGUE Síndrome ictérica febril, síndrome diarreica, síndrome álgica + sinais e sintomas dermatológicos + plaquetopenia Além da lista de exames imprescindíveis (hemograma, função hepática, etc.), realizar sorologia para dengue Tratamento: hidratação, repouso, cessar AAS, dipirona para alívio dos sintomas CASO CLÍNICO 2 G.A.M.T, sexo masculino, heterossexual, evangélico, 35 anos, pardo, casado, gari, residente Guarulhos. Queixa- se de dor em todo o corpo, com piora há 2 dias, com maior intensidade nas pernas e dificuldade para caminhar na chegada ao PS, acompanhado de náuseas, vômitos, febre, calafrios, cefaleia, prostração, anorexia. Afirma ter iniciado automedicação com dipirona há 2 dias, mas sem melhora dos sintomas. No momento da consulta, refere permanência dos sintomas, afirmando ter feito uso de dipirona há 3 horas. Ao interrogatório sintomatológico, refere colúria há 1 dia. É hipertenso e diabético controlado, fazendo uso de hidroclorotiazida e losartana regularmente. Não soube relatar antecedentes familiares, nega transfusões sanguíneas, cirurgias prévias e alergias. Alega ser tabagista e fazer uso de bebidas alcoólicas regularmente. Relata morar na periferia de Guarulhos, sem saneamento básico satisfatório Exame físico: - Regular estado geral, ativo e colaborativo, lúcido e orientado no tempo e espaço, acianótico, ictérico ++/4+ (rubínica), desidratado +++/4+. Sinais vitais: hipotenso (100×55 mmHg), taquicárdico (105 bpm), SatO2: 94% em ar ambiente, taquipneico (30 irpm) e temperatura axilar de 38,0 °C. - Aparelho respiratório: tórax atípico, sem utilização de musculatura acessória, sem abaulamentos, retrações e cicatrizes. Expansibilidade torácica preservada, frêmito toracovocal universalmente audível. À percussão, som claro pulmonar. Apresenta murmúrio vesicular fisiológico sem ruídos adventícios. - Aparelho cardiovascular: À ausculta, bulhas normofonéticas, rítmicas em 2 tempose sem sopros. - Abdome: ruídos hidroaéreos normais, com dor à palpação profunda em região de hipocôndrio direito. Murphy e Blumberg negativos com hepatomegalia. - Oroscopia: gengivorragia. - Exame ocular: hiperemia e icterícia rubínica conjuntival. EXAMES -> aumento de BT às custas de direta, FA e GGT alterados (colestase), CPK aumentado HD: LEPTOSPIROSE Síndrome ictérica febril, síndrome miálgica, instabilidade hemodinâmica, HAS e diabetes, anorexia, tabagismo, exposição devido ocupação PRESENÇA DE SINAL DE ALERTA! -> taquipneia e desidratação ICTERÍCIA FEBRIL LAURA MINGHE – TXXIX - @FUTURA.DRA.MINGHE CASO CLÍNICO 3 Paciente A.R.S sexo masculino, 37 anos ensino fundamental incompleto, casado, ajudante de pedreiro residente em Tucuruvi/São Paulo. Febre há 30 dias, com episódios (não mensurada) há mais ou menos 30 dias, seguida de calafrios, quase diárias com sudorese intensa, dor no corpo e falta de vontade para trabalhar. Fez uso de antitérmicos, via oral (dipirona 1g) com pouca resolução da febre quando a utiliza. Relata ainda sensação de aumento do volume abdominal, seguido de episódios de náuseas e, por vezes, vômitos. Nega doenças crônicas, hemotransfusões, alergias e cirurgias. Nega viagens neste ano de 2022, mas já trabalhou como ajudante de cargas e caminhoneiros tendo viajado por todo o Brasil. Disse ter tido Esquistossomose (banho de rios na infância em região endêmica). Positivo para Chagas (morou em casa de Taipa e avó materna com a Doença de Chagas). Nega contato com pessoas com mesmo quadro clínico. Hábitos de Vida: Tabagista há 5 anos (1 maço/semana). Etilista há 10 anos, 10 cervejas/final de semana. Atividade física apenas no trabalho. Nega hipertensão ou demais doenças. Exame físico: Paciente em regular estado geral, abatido, ictérico ++/IV e acianótico, mucosas descoradas ++/IV PA: 130×85 mmHg; FC: 90 bpm; FR: 18 inc/min; Temp: 39oC; Sat O2: 96% em ar ambiente. AR: MVBD s/RA ACV: BCNF, rítmicas em 2 tempos s/sopro ABD: Globoso, levemente tenso com RHA normais. Doloroso difusamente à palpação superficial e profunda, fígado palpável há 2 cm do RCD e baço palpável a 3 cm do RCE. EXT: Aquecidas, perfundidas e sem edemas. Pulso simétricos e rítmicos. NEURO: Lúcido e orientado no tempo e espaço, atendendo aos comandos, pupilas isocóricas e fotorreagentes, sem déficits perceptíveis. EXAMES -> anemia normo-normo, FA e GGT normais (sem colestase), reticulócitos aumentados (hemólise), leucopenia com desvio à esquerda HD: MALÁRIA OBS.: A malária pode ser reativada, principalmente em quem vive em área endêmica Diagnóstico por pesquisa na gota espessa CASO CLÍNICO 4 Paciente JFS 54 anos, casado, morador de Guararema/SP, trabalhador rural relata dor em todo o corpo, amarelidão, cansaço e aperto intenso abaixo da costela direita, associado à febre, anorexia e perda de peso há 2 meses, com piora na última semana associada a vômitos. Portador de hipertensão arterial sistêmica controlada com captopril, tabagista (25,2 anos/maço) e etilista de longa data. Ao exame físico: febril, (39ºC), pálido, consciente, desidratado, dificuldade para deambular, posição antálgica apontando para o hipocôndrio direito. Flapping negativo, apresentando cefaléia e 1 episódio de vômito durante a consulta no OS. EXAMES -> anemia hipo micro, leucocitose com desvio à esquerda, ureia aumentada, bilirrubina aumentada às custas de direta HD: ABCESSO AMEBIANO Síndrome ictérica febril, síndrome álgica, síndrome consumptiva (perda ponderal), trabalhador rural (maior exposição à parasitas), dificuldade em deambular
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