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Tema 5 – Hemorragia digestiva alta Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Sangramento GI alto refere-se aos que se originam acima do ângulo de Treitz. 80% das hemorragias GI significativas. Causas Não varicosas (85%): • Doença ulcerosa péptica (55%) • Má formação arteriovenosa (6%) • Mallory-Weiss • Tumores • Erosões Varicosa (15%): Varizes de esôfago, gástricas e duodenais SÍNDROME DE MALLORY-WEISS: laceração longitudinal no esôfago inferior devido a vômito forte (↑ pressão no esôfago distal) • Perfil do paciente: homem, etilista, DRGE prévia, libação alcoólica, primeiro vomita e depois sangra. TUMORES: pode sangra, sendo tipicamente sangramento crônico • Esofágicos: disfagia, síndrome consumptiva • Gástricos: síndrome consumptiva, perda de peso e epigastralgia DOENÇA VARICOSA: hipertensão portal, varizes esofágicas com sangramento. • Perfil do paciente: hepatopata, cirrose, circulação colateral portossistêmica no território ázigos. Quadro clínico • Melena • Hematêmese • Enterorragia ou hematoquezia • Sangramento oculto Diagnóstico Obter história clínica e exame físico com toque retal, mas definir possíveis diagnósticos. • Uso de AINH ou varfarina → úlcera gastroduodenal • Enxerto aortofemoral ou aneurisma → fístula aortoentérica • Hepatopatia crônica → varizes esofagogástricas • Polipectomia prévia → HDB • Púrpuras e petéquias → vasculites, leucemia, plaquetopenias • Ausência de dor abdominal → angiodisplasias • SIDA → kaposi, CMV, herpes, fungos, micoabacterioses • Vômitos ou soluços intensos → síndrome de Mallory Weiss Critérios clínicos de alto risco: • Idade maior que 60 anos • Choque, instabilidade hemodinâmica • Comorbidades associadas • Hematêmese volumosa • Enterorragia volumosa • Melena persistente • Hemorragia em pacientes internados • Ressangramento em pacientes já tratados com EDA • Necessidade de transfusão sanguínea • Aspirado NG com sangue vivo Conduta inicial 1. Foco é estabilizar o paciente, assegurar vias aéreas pérvias e ventilação adequada. 2. Restaurar volemia – avaliar necessidade de cristaloide e hemoderivados de acordo com EF MENSURAÇÃO DA PERDA SANGUÍNEA PRESSÃO ARTERIAL FREQUÊNCIA CARDÍACA PERDA SG ESTIMADA LEVE (até 20%) Deitado: s/alt Em pé: queda de 20 mmHg Deitado: s/alt Em pé: aumento de 20 bpm < 1000 ml MODERADA (entre 20 e 40%) PAS 90-100 mmHg Cerca de 100 bpm Cerca de 1500 ml MACIÇA (> 40%) PAS < 90 mmHg Cerca de 120 bpm > 2000 ml Exames laboratoriais: • Hemograma • Coagulograma • Função renal • Eletrólitos • Tipagem sanguínea • Para hepatopatas – função hepática Critérios para transfusão de hemoderivados: • Hematêmese maciça • Hb < 7,0 g/dl • Hepatopatas com ascite Critérios para transfusão com fatores de coagulação: • HDA ativa + INR > 1,5 e/ou prolongamento do TTPA • Plaquetas abaixo de 50.000 com sangramento ativo • Plaquetas abaixo de 10.000 mesmo sem sangramento Outras condutas: • EDH nas primeiras 12h de internação, após estabilizar • Lavagem gástrica (pode ajudar a fazer o diagnóstico) • Bloqueador de bomba de prótons o ↓ressangramento o ↓necessidade de cirurgia o ↓necessidade de transfusão o ↓tempo de hispitalização o Não afeta mortalidade Classificação da doença ulcerosa péptica Pela EDA, classificamos pelos critérios de Forrest Classificação das varizes Tratamento HDA NÃO VARICOSA Bloqueador da bomba de prótons via endovenosa (omeprazol 80mg) • Na chegada → em bolus e enviar para endoscopia • Manutenção: 3 ampolas em SF e faz 1ml/h por 3 dias (forrest 1, 1b e 2ª) • OU dose plena de 40mg EV 12/12h nas demais situações Hemostasia endoscópica: • Injeção de substâncias esclerosantes • Método térmico (eletrocoagulação ou termocoagulação) • Método mecânico (hemoclip) • Laser – argônio Melhor escolha: terapias combinadas (mecânico + agente esclerosante) Tratamento cirúrgico → casos refratários HDA VARICOSA Drogas que diminuem fluxo esplâncnico: Terlipressina, octreotide, somatostatina. Tratamento endoscópico com ligadura elástica (controle do sangramento em 86-92%) – melhor opção, quando disponível EDA + escleroterapia, se ligadura não disponível ATB profilática: cirróticos por 7 dias (ciprofloxacino ou ceftriaxone) Balão de Sengstaken-Blakemore por 24h: • Child C • MELD >18 • Sangramento ativo na EDA • Gradiente na veia hepática ≥ 20mmHg • Controle do sangramento em 80-90% e tem chance de recidiva em 50% TIPS (derivação intra-hepática portossistêmica transjugular) - ↓hipertensão portal • Casos refratários • Pacientes mais graves: Child B com sangramento ativo e gradiente de pressão na veia hepática aumentado e Child C • OBS.: pode aumentar a encefalopatia hepática, além de inviabilizar a possibilidade de transplante Bloqueador não seletivo: profilaxia secundária nos pacientes cirróticos a partir do 6º dia após sangramento, por tempo indeterminado. • Respondedores (40%): ↓pressão portal abaixo de 12mmHg ou 20% da basal • Não respondedores: associar nitrato Lactulona: profilaxia da encefalopatia hepática Cirurgias: derivações para alívio da hipertensão portal Seguimento HDA NÃO VARICOSA – depende da causa Doença ulcerosa péptica: manter IBP por 4 semanas H. pylori – 14 dias • Amoxicilina 1h 12/12h • Claritromicina 500mg 12/12h • IBP – omeprazol 20mg 12/12 HDA VARICOSA - cirróticos Profilaxia primária (ligar varizes pela endoscopia OU BBNS): • Child A (EDA a cada 2 anos) e Childs B e C (EDA anualmente) • Varizes de fino calibre com doença hepática avançada Child B ou C ou com sinais vermelhos nas varizes • Pacientes com varizes de médio e grosso calibre • Utilizar sempre BBNS – diminuir FC em 25% ou até 55bpm • Realizar LEVE em pacientes Child B ou C com varizes de médio e grosso calibre e para Child A não aderentes ao tratamento ou intolerantes OBS: Na esquistossomose resultados são conflitantes!!!! Profilaxia secundária: Sempre associar Ligadura Elástica com Beta Bloqueadores não seletivos (Dose do BBNS – dose máxima tolerada) • Nitrato para pacientes jovens e cirrose não tão avançada
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