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Tema 7 – Doenças das vias biliares Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Anatomia das vias biliares Conjunto de ductos que conectam o fígado e a vesícula biliar ao intestino. Função: conduzir a bile produzida no fígado, para seu armazenamento na vesícula biliar e posterior liberação no duodeno, para promover digestão. CONCEITOS: • Colelitíase: cálculo na vesícula • Coledocolitíase: cálculo no colédoco • Colecistite: inflamação da vesícula • Colangite: inflamação das vias biliares • Colestase: estase da bile Colelitíase TIPOS DE CÁLCULOS Cálculos de colesterol Cálculos pigmentares Mais comuns Mais raros Amarelados, maiores, mais duros. Mais escuros Predomina colesterol, mas geralmente são mistos. Predomina Cálcio e bilirrubina Supersaturação da bile + estase Hemólise crônica, cirrose, Ascharis. Radiotransparente Radiopaco FATORES DE RISCO 4Fs: fertily (estrógeno e progesterona); female; fat; forty (> 40 anos) QUADRO CLÍNICO Maioria são assintomáticos (ausência de obstrução do ducto) Dor aguda, continua, em HD e/ou epigástrio • Com ou sem irradiação para escápula • Maior intensidade no início • Melhora gradual em 24h (quando desobstrui espontaneamente) EXAME FÍSICO Dor abdominal à palpação DIAGNÓSTICO US abdominal: sombra acústica posterior • Móvel: cálculos normais • Imóvel: cálculo muito grande ou está preso ou não é cálculo (doppler para confirmar) TRATAMENTO Analgesia: AINEs Anticolinérgicos / antiespasmódico Mudanças dietéticas Cirúrgico: colecistectomia videolaparoscópica Critérios para tratamento cirúrgico em paciente assintomático com achado acidental → cirurgia eletiva, se paciente quiser. • Expectativa de vida superior a 20-30 anos; • Cálculos com mais de 2cm de diâmetro; • Cálculos menores que 3mm com um ducto cístico patente; • Cálculo calcificado; • Pólipos na vesícula biliar; • Doenças crônico-degenerativas severas (diabetes); • Vesícula biliar não funcionante; • Habitantes de regiões com alta prevalência de CA da vesícula; • Vesícula calcificada (“vesícula em porcelana”); • Pacientes candidatos a transplante renal ou hepático SÍNDROME DE MIRIZZI - Complicação da colelitíase (0,05-2,7%) Calculose impactada no infundíbulo, levando a compressão do colédoco e a fístulas colecisto-coledociana, icterícia obstrutiva, inflamação e necrose, se não tratada. Clínica: dor abdominal no QSD, icterícia obstrutiva, náuseas e vômitos, colúria e febre. Diagnóstico: colangio ressonância ou US no pré-operatório; OU colangiografia durante intra-operatório Tratamento: cirúrgico – reconstrução dos ductos afetados e retiradas dos cálculos através de cirurgia (derivação biliodigestiva como Y de Roux ou anastomose coleducoduodenal) → risco de colangite. Colecistite Irritação da vesícula induz produção de fosfolipase A2 → converte lecitina em lisolecitina LITIÁSICA (95%) Cálculo → obstrução do ducto cístico → dor → inflamação → obstrução aliviada (90%) ou obstrução contínua (10%) • Aliviada: colecistite crônica (>30 dias) • Contínua: inflamação, edema, compressão vascular, isquêmica, necrose e perfuração Quadro clínico: • Dor abdominal, início em epigástrio, posteriormente em QSD, irradia para dorso (escapula) e persiste por mais de 6h • Anorexia, náuseas, vômitos e febre baixa Exame físico: sinal de Murphy positivo e massa palpável (20%) Laboratório: leve leucocitose, discreto aumento da bilirrubina direta, discreto aumento de fosfatase alcalina e TGO, aumento da amilase Exames complementares: • US abdominal (espessamento da parede da vesícula, liquido perivesicular, cálculos no colo da vesícula) • Cintilografia das vias biliares (padrão-ouro) • Tomografia computadorizada (complicações) Tratamento: 1. Internação hospitalar 2. Hidratação venosa 3. Analgesia 4. Dieta zero (observar se há melhora ou se precisará de cirurgia) 5. ATB (gram negativo e anaeróbicos) Cirurgia: colecistectomia videolaparoscópica (padrão ouro) – se apresentar melhora com tratamento clínico, esperar pelo menos 30 dias para realizar cirurgia. (Colégio de cirurgiões fala 72h) ALITIÁSICAS Homens com comorbidade importante (UTI, politraumatizados, queimados ou pós-operatório) Quadro clínico: igual litiásica, mas pode ser mascarado pelo estado do paciente ÍLEO BILIAR Obstrução intestinal mecânica causada pela impactação de cálculos biliares no trato gastrointestinal – evento secundário à formação de uma colecistite. Presença de fístula biliar no estomago, duodeno e jejuno. Tratamento: resolução da obstrução e resolução da fístula (juntos ou não, depende do quadro do paciente) Coledocolitíase Primária: formação de cálculos no próprio colédoco. Resulta da estase e infecção biliar secundária • Cálculos pigmentados castanhos Secundária: formado na vesícula e impacta no colédoco. • Cálculos de colesterol ou pigmentados pretos QUADRO CLÍNICO Dor no QSD ou epigástrio, continua, <4h, com irradiação para escápula direita ou dorso Icterícia, colúria e acolia fecal Surtos transitórios de síndrome colestática e icterícia flutuante LABORATÓRIO Bilirrubina (predomínio de BD) FA e transaminases COMPLICAÇÕES Colangite bacteriana aguda Abscesso hepático piogênico Pancreatite aguda biliar Cirrose biliar secundária DIAGNÓSTICO US: dilatação do colédoco, cálculos nas vias biliares Colangiorressonância - melhor exame De acordo com a disponibilidade de exames o paciente ser submetido a CPRE (Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica) - Colangiografia transoperatória Tratamento CPRE Papilotomia endoscópica Cirurgia: em caso de falha do tratamento endoscópico. Na laparoscópica há 2 técnicas: • Trans-cística usando um basket ou um cateter balão tipo Fogarty. • Coledocotomia, extrai os cálculos e colocação de dreno de Kehr (↓ propabilidade de estenose da via biliar)
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