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CONTESTAÇÃO – EP1 – LUAN VIEIRA COELHO MATRÍCULA DE Nº 201902446909 AO JUÍZO DA X VARA CIVEL DA COMARCA DE CABO FRIO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO N° DO PROCESSO: XXXXXXX Marcos, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço, devidamente representado por seu advogado, inscrita na OAB.RJ sob n° XXX.XXX, com endereço comercial situado à Rua XXX, bairro, cidade/estado, à presença de Vossa Excelência apresentar, com fulcro no art. 335 e 343 do Código de Processo Civil: CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO Pelos fatos e fundamentos expostos em sequência: I- DA TEMPESTIVIDADE Cumpre, primeiramente, demonstrar a tempestividade desta contestação. Em regra, o prazo para apresentação da contestação é de 15 dias úteis, nos termos do art. 219 e 335, do Código de Processo Civil. Considerando que o Aviso de Recebimento referente à Carta de Citação foi juntada aos autos no dia 04 de fevereiro de 2019 e que não há feriados no mês de fevereiro, a presente contestação é tempestiva. Portanto, conforme dispõe o art. 231, I do CPC o prazo final será dia 25 de fevereiro de 2019. Resta demonstrada, portanto, a tempestividade da presente contestação. II- DAS PRELIMINARES DO VALOR ATRIBUIDO À CAUSA Ressalta-se que a parte Autora atribuiu como valor da causa a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais), entretanto, conforme pleiteia em exordial, requer o ressarcimento pelos prejuízos financeiros no valor de R$ 40.000,00. Não sendo beneficiária da gratuidade de justiça, é sabido que o valor referente às custas processuais é calculado em cima do valor da causa, nesse caso, a Autora equivocadamente atribuiu a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) como valor da causa, o que não condiz com a indenização solicitada em petição inicial. Dessa forma, ressalta-se o recolhimento das custas a menor pela parte Autora, e pugna-se pela correção do valor da causa para o CONTESTAÇÃO – EP1 – LUAN VIEIRA COELHO MATRÍCULA DE Nº 201902446909 valor indenizatório requerido pela Autora, tal qual R$ 40.000,00 (quarenta mil), bem como, pleiteia pelo recolhimento das custas baseando-se no real valor da causa nos termos do art. 292, inciso V do Código de Processo Civil. III- DO MÉRITO Trata-se de uma Ação Civil ajuizada pela Requerente Júlia, em face do Requerido Marcos, no qual a parte Autora requer a indenização pelo prejuízo financeiro sofrido em decorrência de um acidente de trânsito envolvendo os veículos das partes. Relembrando os fatos, a Requerente conduzia seu veículo na Rua 001, na cidade do Rio de Janeiro quando sofreu uma batida envolvendo o veículo do Requerido. O referido acidente gerou danos materiais estimados em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) equivalentes ao conserto do automóvel da Requerente. A parte autora alegou que o Requerido teria sido responsável por causar o acidente, alegando que conduzia seu veículo acima do limite de velocidade permitido, se isentando da responsabilidade pelo acidente ocorrido e pleiteando a indenização dos valores pagos referente ao conserto do seu automóvel. Entretanto, o que a parte Autora estranhamente não mencionou foi que o acidente supracitado somente ocorreu porque estava dirigindo totalmente embriagada e avançou o sinal vermelho. Vale lembrar que dirigir sob influência de bebidas alcoólicas é crime de trânsito, previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro: “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ” Além da infração acima mencionada, a Requerente cometeu outra infração considerada gravíssima pelo de acordo com o art. 208 do Código de Trânsito Brasileiro, que é avançar o sinal vermelho: “Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória: Infração – gravíssima; Penalidade – multa. ” CONTESTAÇÃO – EP1 – LUAN VIEIRA COELHO MATRÍCULA DE Nº 201902446909 Ressalta-se que tanto a atitude de furar o sinal vermelho, quanto a decisão de dirigir embriagada aumenta consideravelmente o risco de acidentes no trânsito, por isso há a estipulação de multas tão severas, justamente para tentar convencer os condutores a serem mais prudentes no trânsito. O caso em tela é um perfeito exemplo dos danos que a falta de prudência no trânsito pode ocasionar, haja vista que a Autora cometeu duas infrações gravíssimas, inclusive teve a sua habilitação suspensa. Ante o exposto, o argumento trazido ao processo pela Requerente de que o Requerido é totalmente responsável pelo acidente não merece prosperar, por mais que de fato o Réu estivesse somente 5% (cinco por cento) acima do limite de velocidade permitido, o acidente não teria ocorrido se a Autora respeitasse a sinalização de trânsito e não cometesse o crime de conduzir um veículo sob efeito de bebidas alcoólicas. É de extrema importância salientar que o Requerido não cometeu nenhuma infração de trânsito, há a flexibilidade da tolerância relativa ao limite de velocidade em até 7% (sete por cento), e a parte Ré transitava somente o equivalente a 5% acima do limite de velocidade, ou seja, em conformidade com as leis de trânsito. Nesse diapasão, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o Projeto de Lei 3665/15 que prevê a aplicação das penalidades relativas às infrações de trânsito por excesso de velocidade quando for superada em 10% a regulamentação para a via. O texto altera o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Ante o exposto, totalmente inadmissível atribuir ao Réu a responsabilidade pelo acidente causado, haja vista que conduzia seu veículo em conformidade com as leis de trânsito, diferentemente da Autora que cometeu duas infrações de natureza gravíssima e deve ser responsabilizada integralmente pelo acidente. Não é demasia perquirir que o Réu não cometeu ato ilícito, conforme se verifica no art. 927 e 186 do Código Civil: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. CONTESTAÇÃO – EP1 – LUAN VIEIRA COELHO MATRÍCULA DE Nº 201902446909 “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ” Após o exposto acima, salienta-se a culpa concorrente atribuída à parte Autora, que agiu de forma culposa ocasionando o acidente acima mencionado, nos termos do art. 945 do Código Civil: Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Pode-se mencionar, de forma análoga, o art. 18 do Código Penal, inciso II: Art. 18 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Em suma, requer que seja julgado totalmente improcedente os pedidos elencados na exordial, pelos fatos aqui expostos. IV- DA RECONVENÇÃO Extrai-se do art. 343, do Código de Processo Civil, que “na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa”. Insta informar que o Requerido sofreu um dano material no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), em decorrência do acidente sofrido, conforme se verifica nasnotas fiscais e nos comprovantes de pagamento em anexo. Sendo assim, ressalta-se novamente a responsabilidade da parte Autora, dando causa ao acidente por dirigir embriagada e ultrapassar o sinal vermelho, cometendo simultaneamente duas infrações gravíssimas de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Dessa forma, o Réu sofreu um dano material no valor praticamente similar ao sofrido pela parte Autora, dando azo à culpa concorrente e aos pedidos que se seguem. Assim sendo, tendo em vista que a peça defensiva intenta razões de ataque, é cabível a presente contestação com reconvenção, para que se determine: a) Improcedência dos pedidos autorais CONTESTAÇÃO – EP1 – LUAN VIEIRA COELHO MATRÍCULA DE Nº 201902446909 b) Indenização pelo dano material sofrido. V- DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) Que seja determinada a correção do valor da causa, baseando-se no valor real que a parte Autora pleiteia indenização e o recolhimento das custas na sua totalidade. b) Requer que seja julgado totalmente improcedente os pedidos autorais expostos em exordial, pelos motivos e fundamentos colacionados. c) Seja acolhida a presente reconvenção com total procedência, requerendo a indenização pelo dano material sofrido no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), nos termos do art. 343, do Código de Processo Civil. d) Caso não seja do entendimento desse juízo os pedidos acima elencados, requer que haja o reconhecimento da culpa concorrente, reduzindo o valor da indenização requerido pela parte Autora, nos moldes do art. 945 do Código Civil. e) A condenação da Autora por todas as custas e despesas processuais, inclusive os honorários sucumbenciais de 20% do valor da condenação, conforme determinado no art. 84 e 85 do Código de Processo Civil. Requer desde já a utilização de qualquer meio de prova em direito admitido, tais como documentos, testemunhas, depoimento pessoal, perícia técnica, etc. Dá-se ao valor da causa R$ 30.000,00. Nesses termos, Pede deferimento. Rio das Ostras, 28 de maio de 2022. DR. ADVOGADO OAB/RJ XXX.XXX
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