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Collab: Milena Brandão Rios & Khilver Doanne Sousa Soares Habilidades de Comunicação e Método Clínico Centrado na Pessoa HAM V Habilidades de Comunicação e Método Clínico Centrado na Pessoa O Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP) surgiu da demanda das pessoas de um atendimento que contemplasse de maneira mais integral suas necessidades, preocupações e vivências relacionadas à saúde ou às doenças. Este método apresenta mais resultados positivos que o tradicional, são eles: Maior satisfação das pessoas e médicos; Melhora da aderência aos tratamentos; Redução de preocupações e ansiedade; Redução de sintomas; Diminuição das queixas por má-prática; Melhora da saúde mental; Melhora na situação fisiológica e na recuperação de problemas recorrentes. O método está estruturado em seis componentes, que são complementares entre si. São eles: • Avaliando a história, exame físico, exames complementares; • Avaliando a dimensão da doença: sentimentos, ideias, efeitos sobre a funcionalidade e expectativas da pessoa. • A pessoa: Sua história de vida, aspectos pessoais e de desenvolvimento; • Contexto próximo: Sua família, comunidade, emprego, suporte social; • Contexto distante: Sua comunidade, cultura, ecossistema. • Avaliando quais os problemas e prioridades; • Estabelecendo os objetivos do tratamento e do manejo; • Avaliando e estabelecendo os papéis da pessoa e do profissional de saúde. • Melhorias de saúde; • Evitando ou reduzindo riscos; • Identificando precocemente os riscos ou doenças; • Reduzindo complicações. • Exercendo a compaixão; • A relação de poder; • A cura (efeito terapêutico da relação); • O autoconhecimento; • A transferência e contra-transferência. • Tempo e timing; • Construindo e trabalhando em equipe; • Usando adequadamente os recursos disponíveis. Para entender melhor a experiência da pessoa em relação à doença, o profissional de saúde deve estar atento a sinais e indicações dadas pelas pessoas durante o atendimento. Deve-se indagar que fatores levaram uma determinada pessoa a buscar atendimento naquele momento específico. As pistas e sinais emitidos pelas pessoas que buscam atendimento, na forma de enunciados ou Collab: Milena Brandão Rios & Khilver Doanne Sousa Soares Collab: Milena Brandão Rios & Khilver Doanne Sousa Soares comportamentos, são importantes porque refletem suas ideias subjacentes, preocupações e experiências. Além de estar atento a essas pistas, propõe-se que os profissionais avaliem quatro dimensões da experiência da doença (lembradas pelo acróstico ): Os sentimentos das pessoas a respeito de seus problemas. Por exemplo, ela teme que os sintomas manifestados possam indicar uma doença mais séria, como um câncer? As suas ideias sobre o que está errado. Embora às vezes a ideia que uma pessoa faz de um sintoma seja bastante objetivo – “será que essa cólica é uma pedra no rim? ”, às vezes outros encaram problemas de saúde como punições, ou até como uma oportunidade, de forma muitas vezes inconsciente, de se tornar dependente e ser cuidado. Os efeitos da doença no funcionamento da pessoa: Haverá limitações nas atividades diárias? Será necessário ficar afastado do trabalho? Prejudica a qualidade de vida? Quais são as expectativas da pessoa. O que espera do médico? A dor de garganta deve ser tratada com antibióticos? Outro método utilizado visando o atendimento centrado na pessoa e humanização é a Tríade de Carls Rogers, ou Tríade Rogeriana. Empatia: colocar-se no lugar do outro, pela perspectiva do outro; Congruência: harmonia na relação médico-paciente. Aceitação incondicional: aceitar o paciente como ele é. Comunicando más notícias A comunicação entre o médico e o paciente pode influenciar a adesão ao tratamento e a satisfação com o atendimento realizado. Além disso, o médico não tem sempre notícias boas. Quando há o avanço da doença ou se desde o início ela se apresenta como ameaçadora da continuidade da vida, algo que afeta negativamente o futuro, o médico não só deve comunicar isso ao paciente e sua família, mas comunicar uma má notícia. A vivência dessa comunicação é vista como uma situação limite para o médico que, muitas vezes, sem saber lidar com o sofrimento emocional do paciente, pode fazer promessas falsas de cura, a mentira piedosa, ou uma transmissão abrupta e sem muitas explicações ou perspectivas de futuro, prejudicando toda a relação terapêutica. A comunicação deve não apenas abarcar o que o paciente precisa saber, mas ser realizada de forma apropriada, assegurando que ele compreendeu a informação, preocupando-se com sua reação afetiva e com a retenção da informação. – Setting up: Preparando-se para o encontro. Treinar antes é uma boa estratégia. Apesar de a notícia ser triste, é importante manter a calma, pois as informações dadas podem ajudar o paciente a planejar seu futuro. Procure por um lugar calmo e que permita que a conversa seja particular. Mantenha um acompanhante com seu paciente, isso costuma deixá-lo mais seguro. Sente-se e procure não ter objetos entre você e seu paciente. Escute atentamente o que o paciente diz e mostre atenção e carinho. – Perception: Percebendo o paciente. Collab: Milena Brandão Rios & Khilver Doanne Sousa Soares Investigue o que o paciente já sabe do que está acontecendo. Procure usar perguntas abertas. – Invitation: Convidando para o diálogo. Identifique até onde o paciente quer saber do que está acontecendo, se quer ser totalmente informado ou se prefere que um familiar tome as decisões por ele. Se o paciente deixar claro que não quer saber detalhes, mantenha-se disponível para conversar no momento que ele quiser. – Knowledge: Transmitindo as informações. Introduções como “infelizmente não trago boas notícias” podem ser um bom começo. Use sempre palavras adequadas ao vocabulário do paciente. Use frases curtas e pergunte, com certa frequência, como o paciente está e o que está entendendo. Se o prognóstico for muito ruim, evite termos como “não há mais nada que possamos fazer”. Sempre deve existir um plano! – Emotions: Expressando emoções. Aguarde a resposta emocional que pode vir, dê tempo ao paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, em choque. Aguarde e mostre compreensão. Mantenha sempre uma postura empática. – Strategy and Summary: Resumindo e organizando estratégias. É importante deixar claro para o paciente que ele não será abandonado, que existe um plano ou tratamento, curativo ou não. O luto é o processo que se inicia com uma perda e vai até sua elaboração, quando o indivíduo enlutado volta, novamente, ao mundo externo. É um período de recolhimento em si, uma experiência emocional profunda e individual, definida pela capacidade de lidar com perdas. Desde que superado, e é fundamental que o seja, para que a dor da perda não seja reprimida e se manifeste depois como algum outro sintoma, o luto não é considerado uma condição patológica, mesmo que haja mudanças temporárias no estilo de vida, como a perda de interesse pelo convívio social e pelas atividades do cotidiano. Algumas manifestações são comuns, como entorpecimento (estado de choque), perturbação, crises de choro e dor profunda, sentimentos de culpa (lembranças de momentos em que poderia ter agido de maneira diferente), desespero, hostilidade, raiva, falta de prazer e de interesse no mundo. Cada indivíduo reage de uma forma, de acordo com sua estrutura emocional, vivências e capacidade para lidar com perdas. A duração varia para cada pessoa. O luto pode ser dividido em cinco estágios, são eles: 1. Negação e isolamento. É o primeiro sentimento diante da notícia de doença terminal para um paciente ou de morte para um enlutado. Funciona como um para-choque para que o sujeito possa se acostumarcom a situação e é preciso aguardar o momento oportuno para se aproximar dele, observando os sinais demonstrados. 2. Raiva. Surge quando não é mais possível negar o fato e há o sentimento de revolta, de inveja e de ressentimento. O paciente ou o enlutado se pergunta “por que eu e não outra pessoa?”. 3. Barganha. O paciente começa a ter esperança de uma cura divina ou de um prolongamento da vida, em troca de méritos que acredita ter ou ações que promete empreender. 4. Depressão. É o estágio de sentimentos de debilitação e tristeza acompanhados de solidão e Collab: Milena Brandão Rios & Khilver Doanne Sousa Soares saudade. Funciona para o paciente, bem como os envolvidos com ele, como uma preparação para suas perdas. 5. Aceitação. Após externar sentimentos e angústias, inveja pelos vivos e sadios, raiva pelos que não são obrigados a enfrentar a morte, lamento pela perda iminente de pessoas e de lugares queridos, a tendência é que o paciente terminal aceite sua condição e contemple seu fim próximo com mais tranquilidade e menos expectativa. O enlutado que já conseguiu vencer os estágios anteriores chega, agora, ao momento em que a saudade se torna mais sossegada, se sente mais em paz e começa a ter condições de se organizar na vida. Referências FUZIKAWA, Alberto Kazuo. O método clínico centrado na pessoa: um resumo. [S. l.: s. n.]. CRUZI, Carolina de Oliveira; RIERAII, Rachel. Comunicando más notícias: Comunicando más notícias: o protocolo SPIKES. Revisão narrativa da literatura, [S. l.], 26 fev. 2016