Buscar

LEGISLAÇÃO-CIVIL-E-PENAL-E-IMPLICAÇÕES-FORENSES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LEGISLAÇÃO CIVIL E PENAL E IMPLICAÇÕES 
FORENSES 
 
2 
 
Faculdade de Minas 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 LEGISLAÇÃO CIVIL E PENAL E IMPLICAÇÕES FORENSES ASPECTOS 
INTRODUTÓRIOS ..................................................................................................... 4 
1.1 GENERALIDADES HISTÓRIA DO CONCEITO ..................................... 9 
1.2 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................... 13 
2 ASPECTOS JURÍDICOS ELEMENTOS DO CRIME .................................. 19 
2.1. CONCEITO DE RESPONSABILIDADE PENAL ................................. 20 
2.2. CONCEITO DE IMPUTABILIDADE PENAL ........................................ 21 
2.3 ASPECTOS DA PSICOPATOLOGIA FORENSE CONDUTA 
CRIMINOSA DOS PSICOPATAS ......................................................................... 23 
3. PERTUBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL: CAPACIDADE DE IMPUTAÇÃO DO 
PSICOPATA ............................................................................................................. 26 
3.1. PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA PENA ........................................ 28 
3.2 PRESSUPOSTOS PARA A APLICAÇÃO, IMPOSIÇÃO E ESPÉCIES DA 
MEDIDA DE SEGURANÇA. ................................................................................. 29 
3.3 PSICOPATAS: QUAL A SANÇÃO IDEAL? .......................................... 30 
4 CRIMINOSOS EM SÉRIE .......................................................................... 31 
4.1 – DECISÕES JUDICIAIS VERSUS LAUDOS MÉDICOS .................... 32 
REFERENCIas .............................................................................................. 34 
 
 
 
 
 
3 
 
Faculdade de Minas 
3 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Faculdade de Minas 
4 
 
1 LEGISLAÇÃO CIVIL E PENAL E IMPLICAÇÕES FORENSES 
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
A ideia de que as pessoas que perdessem a razão deveriam ter um tratamento 
legal diferente das demais é bem antiga na história de humanidade. Antes dos gregos, 
há inúmeras referências às doenças mentais e aos enfermos da mente, mas tais 
fontes não se referem à sua responsabilidade penal ou à capacidade civil. O Código 
de Hamurabi e as Leis de Manu falam de doentes e de médicos, mas não versam 
sobre temas de psiquiatria forense. 
 
 FONTE: Google imagens – acesso em 04/11/2020 
De maneira geral, esse tipo de paciente não era visto como doente, mas como 
possuído por entidades malignas. Assim, não poderia ser objeto de cuidados legais. 
Os gregos – de Hipócrates em diante – dissertaram sobre doenças mentais, mas se 
omitiram em relação aos assuntos legais que pudessem vir a suscitar. Os fatos 
ocorreram de maneira diferente em Roma. Diferentemente dos gregos, os romanos 
 
5 
 
Faculdade de Minas 
5 
foram um povo legalista que deixou um monumento legal, o direito romano. Os 
doentes mentais, divididos em furiosos, alienados e mentecaptos, passaram a ter 
tratamento jurídico, tanto penal quanto civil. 
Os médicos romanos – como Celso, Areteu e Galeno, os quais deixaram obras 
que traduziam o pensamento científico da época – dissertaram sobre doenças 
mentais, mas não trataram dos aspectos jurídicos envolvidos no comportamento dos 
enfermos. Ainda que as leis de Justiniano tratassem desse tema no Corpus juris 
civilis, na Pandectas e nas Instituta, e que tenham sido elaboradas algumas normas 
legais (principalmente civis), a influência crescente do Cristianismo acabou 
eclipsando a ideia de que os que perderam a razão eram doentes. 
A demonologia cristã predominou, e os doentes mentais passaram a ser 
considerados energúmenos (endemoniados) e, por isso, sem qualquer direito ou 
reconhecimento legal. A história mostrou o que sucedeu a bruxas, feiticeiras e 
possuídas pelo demônio. Podemos considerar que houve um interregno, durante a 
Idade Média, nas ideias místicas que dominaram a medicina, sobretudo pela atividade 
de médicos árabes e judeus durante o domínio islâmico na Espanha, no norte da 
África e no Oriente Médio. Entretanto, Avicena, Averróis e Maimônides, apesar das 
excelentes descrições de doenças, não cuidaram dos aspectos jurídicos por elas 
suscitados.8 Assim, até o fim do século XVIII, não se pode falar em medicina forense 
e, muito menos, em psiquiatria forense. 
 O advento do Iluminismo, tanto o francês quanto o alemão, do Racionalismo 
e dos ideais que foram consubstanciados na Revolução Francesa e na Revolução 
Industrial não poderia deixar de atingir a medicina e particularmente a psiquiatria. Ao 
longo do século XVIII se dá o reconhecimento de que os doentes mentais não eram 
endemoniados – as últimas feiticeiras foram queimadas em 1715 –, sem, contudo, 
passarem a ter o status de doentes, ainda que da razão. 
 
6 
 
Faculdade de Minas 
6 
Passaram a ser considerados marginais (à margem da sociedade), já que não 
produziam nem criavam riquezas. Eram assemelhados aos bandidos e às prostitutas. 
O máximo que por eles se fazia era recolhê-los em grandes instituições com os 
demais. 
As questões legais que suscitavam eram resolvidas pelos procuradores de 
justiça e pelos juízes, sem qualquer interferência médica. Quando foram libertados 
das prisões (na verdade, grandes casas de recolhimento dos marginais sociais) e 
enviados para hospitais, ainda não havia o reconhecimento de questões como 
capacidade civil e responsabilidade penal. 
A partir daí, aos poucos, foi se erguendo o edifício da psiquiatria forense, em 
particular na França e na Itália, mas também na Inglaterra e na Alemanha. Na 
atualidade, por meio do exame pericial psiquiátrico, a psiquiatria forense, a partir de 
psiquiatras forenses, é convocada a intervir em um sem-número de casos na interface 
entre psiquiatria e direito, desde temas penais (como responsabilidade penal, 
superveniência de doença mental e periculosidade), passando por questões cíveis 
(capacidade civil em geral e disputas em direito de família), chegando a discussões 
nos âmbitos administrativo, trabalhista e previdenciário, sempre que a saúde mental 
de uma das partes envolvidas for de interesse para a solução da causa. 
Alguns pressupostos básicos da psiquiatria forense Pelo menos três conceitos 
filosóficos e legais são indispensáveis para o exercício da psiquiatria forense: 
entendimento, determinação e discernimento. 
As capacidades de entendimento e de determinação decompõem-se em um 
número considerável de faculdades, tanto intelectivas quanto volitivas. Tais 
faculdades encontram-se de tal maneira entrelaçadas no espírito humano que seria 
bastante artificial apontar com rigidez quais são pertencentes à intelecção e quais são 
à conação. Assim, é preferível estudar de maneira exaustiva e abrangente um elenco 
 
7 
 
Faculdade de Minas 
7 
dessas faculdades, sem discriminar as pertencentes a uma ou a outradas categorias 
citadas. A posse, plena ou limitada, da capacidade de entendimento ou de 
determinação por parte de alguém só pode ser corretamente avaliada após detido 
exame de uma série de atributos cognitivos, volitivos e valorativos que, em seu 
conjunto, formam aquelas capacidades. 
Considerando-se a vastidão e a incomensurabilidade da mente humana, não 
é necessário que todas as qualificações sejam pesquisadas. A complexidade de uma 
ação cometida – seja uma infração penal, seja o exercício pessoal de atos da vida 
civil –, suas circunstâncias, seus antecedentes, seus concomitantes e consequentes 
é que ditarão o número razoável de faculdades a serem investigadas. Essa análise 
consistirá em determinar se cada uma dessas propriedades está indene (normal), 
prejudicada (diminuída ou reduzida) ou, até mesmo, suprimida. Percebe -se, assim, 
a existência de uma gradação, e a apreciação quantitativa só se torna possível diante 
de um caso particular. 
Portanto, entre outras, devem ser perquiridas noções de: bem ou interesse 
juridicamente tutelado; antijuridicidade, dano efetivo ou lesão a bem ou interesse 
juridicamente tutelado; dano potencial ou perigo de lesão a um bem ou interesse 
juridicamente tutelado; violação do dever jurídico; violação de norma jurídica; 
condições de superveniência de um efeito lesivo; tipicidade penal; culpabilidade; 
imputabilidade; responsabilidade; exigibilidade de conduta; natureza delituosa de 
uma ação; imoralidade da conduta; perturbação da vida social; ataque às condições 
fundamentais da vida social; nocividade da ação ou omissão; associabilidade; quais 
ações ou omissões produzem resultados; disciplina social; causalidade; ato voluntário 
como causa; relação; nexo causal entre conduta e evento; eficácia ou eficiência da 
ação. 
 
8 
 
Faculdade de Minas 
8 
Devem-se investigar também: capacidade de juízo valorativo em geral; 
capacidade de juízo valorativo de culpabilidade; consciência de ilicitude da conduta; 
consciência de proibição da conduta; consciência de ilegitimidade da ação; presença 
de sentimentos de piedade; presença de sentimentos de probidade; consciência do 
desvalor social da ação; presença de vivência de censura; presença de sentimento 
de rebeldia; capacidade de distinção entre utilidade e prejuízo; presença de escala de 
valores; percepção da influência dos valores na experiência pessoal; capacidade de 
incorporação e desfazimento de valores; presença de valores espirituais; presença 
de sentimentos de comunidade, cooperação e coexistência; presença de sentimentos 
de independência social; presença de sentimento de solidariedade; percepção de 
reprovação social; vivência de relação de causalidade entre ação ou omissão e 
resultado; capacidade de previsibilidade do resultado da ação; capacidade de 
avaliação do ato a ser praticado; nível de inteligência; previsão da consequência dos 
atos; percepção da correspondência entre previsão e resultado; percepção da 
coerência entre os elementos componentes do ato; concordância entre antecedentes 
e consequentes do ato; presença de proporcionalidade; estado da volição; presença 
de intenção e animus; presença de deliberação; disposição de praticar todos os 
elementos componentes do ato; capacidade, imediata ou remota, de evitação de dor, 
desgosto ou sofrimento; capacidade de adequação e conveniência na busca do 
prazer; presença de sentimentos de liberdade e de autonomia; capacidade de opção 
e escolha; capacidade de adaptação; capacidade de advertência e prevenção. 
 A integridade, ou não, do momento intelectivo (entendimento) e do momento 
volitivo (determinação) de uma ação humana é o objetivo da maioria dos exames 
periciais psiquiátricos. O discernimento vem a ser a conjugação das duas faculdades 
para o exercício de ato específico. 
 
9 
 
Faculdade de Minas 
9 
1.1 GENERALIDADES HISTÓRIA DO CONCEITO 
 
A evolução dos conceitos sobre a personalidade psicopática transcorreu, 
durante mais de um século, oscilando entre a bipolaridade orgânicapsicológica, 
passando à transitar também sobre as tendências sociais e parece ter aportado 
finalmente, numa idéia bio-psico-social que, senão a mais verdadeira, ao menos a 
mais sensata. Conceituar a personalidade psicopática, ou tão somente psicopata, é 
algo que vem preocupando tanto a Psiquiatria como o Direito, evidentemente essa 
preocupação contínua e perene existe porque sempre houve personalidades 
anormais como parte da população geral. O que houve primeiro foi a definição para 
a relação entre o crime e o criminoso e aquelas pessoas que se entendiam pré 
dispostas para o crime, os delinqüentes. 
 O estudo da evolução da Criminalidade realizado por Lombroso, permite fixar 
o fio condutor desta ciência e as suas diretrizes atuais, além de estabelecer as bases 
para novos progressos. Lombroso ao efetuar estudos sobre o homem delinqüente, 
estabeleceu um tipo particular de indivíduo, definido pelos seus caracteres físicos e 
psíquicos e pela prática no crime, denominado: “Criminoso Nato”. 
A obra de Lombroso foi continuada pela chamada “Escola de Antropologia 
Criminal de Roma”, a qual remodelou o conceito do “Criminoso Personalidade 
Psicopática definindo assim, a “Constituição Delinqüencial”, grupo biológico, com a 
característica fundamental da predisposição ao delito, essência esta, de uma 
personalidade, alcançando assim, o conceito comparável aos das personalidades 
psicopáticas. 
A “Escola de Graz” salienta a importância de dois fatores, determinantes da 
vida psíquica de cada indivíduo: o terreno (constituição biológica individual) e o 
ambiente. Admite uma tendência criminógena, transmissível por hereditariedade, com 
 
10 
 
Faculdade de Minas 
10 
disposições instintivas que levam determinado indivíduo, mais facilmente do que 
outros, a entrar em conflitos com as leis penais. A concepção do “Criminoso Nato” de 
Lombroso e da “Constituição Delinqüencial” da Escola de Antropologia Criminal de 
Roma refere-se a um tipo peculiar de indivíduos, com características próprias, 
predispostas especificamente para o crime. 
 Entre essa peculiaridade de indivíduos criminosos está a personalidade 
psicopática. São “indivíduos fronteiriços” que se separam do grosso da população em 
termos de comportamento, conduta moral e ética. Girolano Cardamo, professor de 
Medicina da Universidade de Pavia, retratou uma das primeiras descrições 
registradas pela Medicina sobre algum comportamento que pudesse se identificar à 
idéia de personalidade psicopática. Neste relato, Cardamo falou em “Improbidade”, 
quadro que não alcançava a insanidade total, porque as pessoas que padeciam dessa 
“Improbidade” mantinham a aptidão para dirigir sua vontade. 
Pablo Zacchias, considerado por alguns como fundador da Psiquiatria Médico 
Legal, descreve, em Questões Médico Legais, as mais notáveis concepções, as quais 
logo resultariam significado às “Psicopatias” e aos “Transtornos de Personalidade”. 
Em 1801, Philippe Pinel publica seu Tratado Médico Filosófico sobre a Alienação 
Mental e descreve que os loucos em nenhum momento, sofrem de um prejuízo de 
seu entendimento, e que estavam sempre dominados por uma espécie de furor 
instintivo, como se o único dano fosse em suas faculdades instintivas. Prichard, em 
1835, designou a expressão “Insanidade Moral”, para caracterizar a conduta anti-
social e a falta do senso ético de certos criminosos e afirmava que existiam 
insanidades sem o comprometimento intelectual, mas possivelmente com prejuízo 
afetivo e volitivo (da vontade); esta denominação igualou-se ao atual conceito de 
psicopatia. 
 
11 
 
Faculdade de Minas 
11 
Em 1888, é definida pela primeira vez uma insanidade como inferioridade 
psicopática, mas foi em 1896 que surgiu o termo “Personalidade Psicopática”, esta 
designada por Kraepelin, o qual, trouxe átona o debate científico, relacionando assim, 
anomalias ou transtornos psíquicoscom o cometimento do crime. No ano de 1923, 
Kurt Schneider, em sua obra Personalidades Psicopáticas define:1 “Personalidades 
psicopáticas são as anormais, que sofrem por sua anormalidade ou fazem sofrer a 
sociedade”. 1 Kurt Schneider, Personalidades Psicopáticas, 1923 
Frase esta criticada por José Alves Garcia, em sua obra Psicopatologia 
Forense, onde qualificou a definição de Kurt Schneider como irrelevante. Pode-se 
destacar nelas certas características e propriedades que as definem de maneira nada 
comparável aos sintomas de outras doenças. A concepção de Schneider traz um 
certo determinismo, porque define o psicopata, portador de uma personalidade 
estranha, separada de seu meio. 
A psicopatia, portanto não é exógena, sua essência é constitucional e inata. 
Schneider englobou no conceito de personalidade psicopática todos os desvios da 
normalidade, não suficientes para serem considerados doenças mentais francas, 
incluindo nesses tipos, também aquele que hoje se entende por sociopata 
(psicopatia). Muito mais tarde Mira y López conceitua a Personalidade psicopática: 
 
“Personalidade mal estruturada, predisposta à desarmonia 
intrapsíquica, que tem menos capacidade que a maioria dos 
membros de sua idade, sexo e cultura para adaptar-se às 
exigências da vida social”. 
 
Em 1941, Cleckley escreveu um livro chamado “A Máscara da Saúde”, o qual 
se referia a este tipo de criminosos. Em 1964 descreveu as características mais 
 
12 
 
Faculdade de Minas 
12 
freqüentes do que hoje é chamado de psicopata. Na década de 60, Karpmam 
afirmou:3 2 Mira y López 3 Karpmam, 1961 
“Dentro dos psicopatas há dois grandes grupos; os depredadores e os 
parasitas”. Os depredadores são aqueles que tomam as coisas pela força e os 
parasitas tomam-nas através da astúcia . Outros autores, mais precisamente nas 
décadas de 60 e 70, foram também definindo os traços característicos da psicopatia 
com termos tais como; perturbações afetivas, perturbações do instinto, deficiência 
superegóica, tendência a viver somente o presente, baixa tolerância e frustrações. 
Alguns classificam esse transtorno como anomalias do caráter e da personalidade, 
ressaltando sempre a impulsividade e a propensão para condutas anti-sociais. 
Conceito atual 
As divergências, ainda hoje, existem, entre os que defendem a origem desses 
desvios em certa predisposição constitucional, os que sustentam encontrar a causa 
nas deficiências funcionais do cérebro e aqueles que admitem que os desvios se 
originam em possíveis rejeições sofridas pela criança nos primeiros anos de vida. A 
personalidade está sujeita, entretanto, a transtornos em seu desenvolvimento e em 
sua continuidade, quando se evidenciam as hipóteses dos seus desdobramentos , 
como na identidade; quando ocorrem transtornos da relação da pessoa com o mundo 
exterior; transtornos da percepção, como os estados depressivos e obsessivos, enfim 
uma infinidade existente de desvios de personalidade, com profundos reflexos em 
todo o comportamento do indivíduo e, evidentemente, com suas conseqüências na 
esfera do mundo jurídico. O renomado Nélson Hungria define os psicopatas como: 
“Portadores de psicopatias a escala de transição entre 
psiquismo normal e as psicoses funcionais. 
 
 
13 
 
Faculdade de Minas 
13 
Seus portadores são uma mistura de caracteres normais e caracteres 
patológicos. São os inferiorizados ou degenerados psíquicos. Não se trata 
propriamente de doentes, mas de indivíduos cuja constituição é “ab initio”, formada 
de modo diverso da que corresponde ao “homo medius”. No entanto, em meio a tantas 
definições, a discussão atualmente não reflete só a preocupação de conceituar, mas 
sim a tentativa de buscar correlação entre a criminalidade e esse tipo de transtorno 
de personalidade. 4 Nélson Hungria, Conferência realizada na Sociedade Brasileira 
de Criminologia, em 29/09/1942 (apud Heitor Piedade Júnior. 
A Psicopatologia pesquisa sobre as doenças mentais, sua etiologia e sua 
classificação. Segundo Gerardo Vasconcelos5 , as causas mais freqüentes dos 
distúrbios mentais são: doenças em geral, endo-intoxicações, exo-intoxicações, 
infecções, herança psíquica, crenças e superstições, causas psíquicas, causas 
mecânicas, disposições individuais e fisiológicas. Os psicopatas estariam dentro das 
causas psíquicas, que são traumas, principalmente de causas emotivas, que em 
determinado momento desencadeiam um quadro patológico grave; e também das 
disposições individuais, que é a constituição, temperamento e caráter do indivíduo. 
Ou seja, como já foi falado, os psicopatas teriam defeitos de base constitucional e 
que ao longo de sua vida, fatores, como a impotência sexual, potencializariam esses 
defeitos. Lembrando que são incapazes de aprender por qualquer experiência vivida. 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO 
Adotaremos a classificação dada por Flamínio Favero que seguindo os 
dispositivos legais, classificou os distúrbios psíquicos em: psicoses, insuficiências 
mentais ou oligofrenias, personalidades psicopáticas e neuroses. 5 Ob. cit. 6 Apud 
Gerardo Vasconcelos, ob. cit. Personalidade Psicopática – implicações forenses e 
médico-legais. 
 
14 
 
Faculdade de Minas 
14 
As psicoses envolvem os distúrbios qualitativos, orgânicos (psicoses 
endógenas e exógenas) e alguns psíquicos (desenvolvimentos delirantes); enquanto 
as demais referem-se aos distúrbios quantitativos. Os distúrbios qualitativos 
caracterizam-se pela alteração da qualidade, com surgimento de “algo novo” na vida 
psíquica do paciente, como por exemplo, vozes, pensamentos delirantes, visões. Os 
distúrbios quantitativos caracterizam-se pelo aumento ou diminuição de coisas 
consideradas normais até então; o que muda é a quantidade, como por exemplo as 
reações de um psicopata de personalidade explosiva, que bate na mulher porque esta 
não colocou o lixo para fora (há uma extrema desproporcionalidade entre o estímulo 
e a reação), ou o oligofrênico que não consegue ler, por pouca inteligência. 
 
2.1 OS PSICOPATAS: CARACTERÍSTICAS 
 
FONTE: Google imagens – acesso em 05/11/2020 
A personalidade traduz-se, na visão psicopatológica, na somatória das 
tendências somatopsíquicas da constituição do indivíduo e do meio ambiente com o 
qual interage. Daí cada um ter uma personalidade diferente. Quanto às 
personalidades psicopáticas, estas são marcadas por desajustamento social, 
 
15 
 
Faculdade de Minas 
15 
tendências de reação às normas, sem acomodação ao grupo, dificuldades de 
adaptação ao meio e de relações com os demais. 
São, desta forma, parte integrante do indivíduo, precocemente reveladas, e 
constantes em toda a sua existência. Caracterizada por perturbações constitucionais, 
transtornos da afetividade, dos instintos, do temperamento e do caráter, vão se 
intensificando com o desenvolvimento do indivíduo, tornando-se cada vez mais 
marcadas. 
Revela-se, assim, num distúrbio da conduta. Mas para um melhor 
entendimento desses indivíduos estão elencados abaixo os traços e características 
mais significantes: Encanto Superficial e Manipulação: nem todos os psicopatas são 
encantadores, mas é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal e, 
consequentemente capacidade de manipulação das pessoas, como meio de 
sobrevivência social. O encanto, a sedução e a manipulação são fenômenos que se 
sucedem no psicopata, partindo do princípio que somente será possível manipular 
alguém se esse alguém foi antes seduzido; Mentiras Sistemáticas e Comportamento 
Fantasioso: o psicopata utiliza a mentira como uma “ferramenta de trabalho”. 
O psicopata não mente circunstancialmente ou esporadicamente para 
conseguir safar-se de alguma situação. É comum que o psicopata priorize algumas 
fantasias sobre circunstâncias reais. Esse indivíduo pode converter-se no 
personagem que sua imaginação cria como adequada para atuar no meio com 
sucesso, propondo a todos a sensaçãode que estão, de fato, em frente a um 
personagem verdadeiro; Ausência de Sentimentos Afetuosos: o criminoso psicopático 
não manifesta nenhuma inclinação ou sensibilidade por laços sentimentais habituais 
entre familiares. Além disso, eles têm grande dificuldade para entender os 
sentimentos das outras pessoas. Na realidade são pessoas extremamente frias, do 
ponto de vista emocional; Amoralidade: os psicopatas são portadores de grande 
 
16 
 
Faculdade de Minas 
16 
insensibilidade moral, faltando-lhes totalmente juízo e consciência morais, bem como 
noção de 
Impulsividade: a ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à falta de 
sentimentos morais, impulsiona o psicopata a cometer brutalidades, crueldades e 
crimes. Essa impulsividade reflete também um baixo limiar de tolerância às 
frustrações, refletindo-se na desproporção entre estímulos e as respostas, ou seja, 
respondendo de forma exagerada diante de estímulos mínimos e triviais, contudo, 
demonstra uma absoluta falta de reação frente a estímulos importantes; 
Incorregibilidade: dificilmente ou nunca aceita os benefícios da reeducação, da 
advertência e da correção; Falta de Adaptação Social: desde os primeiros contatos, 
como por exemplo, na escola, na família, no trabalho, é manifestada uma tendência 
egocêntrica, logo, essa tendência se torna responsável pelas dificuldades de 
sociabilidade; 
A média da população de psicopata é de 1 a 4% em maior ou menor escala. A 
maioria das pessoas com distúrbios da personalidade antisocial não é criminosa e é 
capaz de se controlar dentro dos limites da tolerabilidade social. 
Eles são considerados somente como "socialmente perniciosos", ou têm 
personalidade odiosas. Observação muito bem feita pelo neurologista Henrique Del 
Nero: 
“Sofrer desse distúrbio não significa necessariamente que a 
pessoa seja ou se torne assassino.” 
 
Dentre as várias classificações de psicopatias, a de Kurt Schneider inaugurou 
uma posição original, clássica e revolucionária na caracterização do problema, estas 
classificações serão apresentadas a seguir: 
 
17 
 
Faculdade de Minas 
17 
1. Psicopatas Hipertímicos: indivíduos alegres, loquazes, despreocupados, 
otimistas, superficiais em seu trabalho e inclinados a escândalos e às desavenças 
conjugais. Propensos a cometerem crimes como brigas, disputas, estelionatos, entre 
outros. Possuem sexualidade exaltada. 
2. Psicopatas Depressivos: indivíduos tranqüilos, melancólicos, 
permanentemente deprimidos e eternamente descontentes e ressentidos, ligados a 
uma consideração pessimista da vida, iniciada, às vezes, na juventude. 
3. Psicopatas Anancásticos: inseguros, com ideação especial dominada por 
uma ação coativa ou fóbica que surge de improviso por estímulos desencadeantes 
insignificantes, às vezes, acompanhada por manifestações subjetivas de exaltação, 
produtora de intenso sofrimento ao indivíduo, como por exemplo, a possibilidade de 
matar o próprio filho. Alguns são sensitivos ou escrupulosos morais. 
4. Psicopatas Fanáticos: indivíduos dominados pelo elemento expansivo e 
criativo que se aproximam da personalidade do paranóico. Possuem um elevado 
sentimento de si mesmo, luta sempre por uma finalidade qualquer e suas idéias são 
sempre prevalecentes ou supervaloradas. Querem impor sua verdade ao mundo. Não 
procuram ajuda médica de forma alguma 
5. Psicopatas Lábeis de Estado de ânimo: irritáveis com extrema facilidade, 
seu estado de ânimo sofre oscilações imotivadas e desproporcionais. São sempre 
impulsivos e cometem crimes tais como roubo e abandono de trabalho. 
6. Psicopatas Necessitados de Valorização: personalidade em que a 
ideação se ressente da exaltação da fantasia que, junto com o relaxamento de crítica, 
conduz à pseudologia fanática. Cometem agressões e estelionatos. 
 
18 
 
Faculdade de Minas 
18 
7. Psicopatas Explosivos: irritáveis e coléricos, podem cometer homicídios e 
lesões corporais pelo menor estímulo externo. São acometidos por amnésia no 
momento da contenda. Cometem atos de violência e crimes passionais. 
8. Psicopatas Abúlicos: caracterizam-se pelo enfraquecimento da volição, da 
vontade. Por não possuírem vontade própria, são facilmente influenciáveis, 
absorvendo os bons e os maus exemplos de seu meio. Normalmente, envolvem-se 
com o crime através de jogos, roubos. 
9. Psicopatas Astênicos: sensitivos, assustadiços, dominados pelo 
sentimento de incapacidade e de inferioridade que, junto a qualquer deficiência 
orgânica são acometidos de difuso sentimento de estranheza comparável a alguns 
estados dissociativos. São os únicos que possuem aspectos físico-corporais. 
Procuram com freqüência, ajuda médica. São cometedores de suicídios 
reiteradamente. 
10. Psicopatas Desalmados: sem sensibilidade ética, e em geral, com 
embotamento afetivo, sem compaixão ou culpa, defeituosos morais, inimigos da 
sociedade, com tendência à delinqüência. 
Segundo o jurista e criminólogo, Jason Albergaria, os psicopatas que 
interessam à Criminologia são os tipos fundamentais, como por exemplo, os 
Hipertímicos, que tendem à difamação, à indolência e à fraude; os Fanáticos praticam 
o delito político; os Explosivos, os delitos contra a pessoa e os Abúlicos cometem 
furtos, fraudes e apropriações indébitas. 
 
 
 
 
19 
 
Faculdade de Minas 
19 
2 ASPECTOS JURÍDICOS ELEMENTOS DO CRIME 
 
Para uma ação humana ser considerada criminosa precisa corresponder 
objetivamente à conduta descrita pela lei, contrariando a ordem jurídica e incorrendo 
seu autor no juízo de censura ou reprovação social. Nesse sentido que Noronha diz: 
“Considera-se delito como um ação típica, antijurídica e 
culpável.” 
 
Isto quer dizer que para a norma penal os elementos do crime são a Tipicidade, 
a Ilicitude e a Culpabilidade. Tipicidade – O tipo é a descrição abstrata da ação 
proibida ou da ação permitida. A ação, também chamada conduta, compreende o 
comportamento humano, que pode ser comissivo ou omissivo. Exprime elementos 
essenciais da ação descrita, como por exemplo, se a ação é dolosa ou culposa. 
Abrange a ação com seus elementos objetivos e subjetivos, o resultado e até o objeto, 
quando for o caso. Ilicitude – Para que haja crime, exige-se que o fato material 
causado seja lesivo de interesses protegidos. É protegido todo fato que a lei penal 
manda fazer ou deixar de fazer sob pena de uma sanção. Uma ação pode ser típica, 
mas não ser ilícita, logo, não é criminosa por falta de um de seus elementos. 
“A reprovação pela prática de um fato lesivo a um interesse penalmente 
tutelado, que o agente quis ou a que deu causa por negligência, imprudência ou 
imperícia...” Já para Fragoso culpabilidade consiste reprovabilidade da conduta ilícita 
(típica e antijurídica) de quem tem capacidade genérica de entender e querer 
(imputabilidade) e podia, nas circunstâncias em que o fato ocorre, conhecer a sua 
ilicitude, sendo-lhe exigível comportamento que se ajuste ao direito...” Ou seja, é o 
nexo subjetivo que liga o crime ao seu autor, revestindo, no Direito Penal, as formas 
de dolo e culpa. 
 
20 
 
Faculdade de Minas 
20 
Dentro da culpabilidade existem os seguintes elementos: Imputabilidade, 
Possibilidade de Consciência do Injusto e Exigibilidade de Conduta conforme o 
Direito. Para o estudo em questão merece especial atenção a Imputabilidade, 
estudada no item a seguir. A culpabilidade possui a finalidade de aferir a capacidade 
de delinqüir do agente, então se faz necessário o exame da intensidade do dolo e o 
grau de culpa. A razão pela qual a vontade se determina é um outro requisito 
importante para determinar a periculosidade individual. Lembrando que tudo isso 
deverá ser muito bem analisado no momento da aplicação da sanção. 
Responsabilidade e imputabilidade são dois termos que não se desagregam, 
e a proximidade de sentido é tamanha que pode ser observada até mesmo no Código 
Penal, nadenominação do seu Título III, da Parte Geral. O Código atual, após a 
reforma de 1984, trata da imputabilidade nos artigos 26 a 28, enquanto no Código 
anterior à reforma tratava da responsabilidade nos artigos 22 a 24. Nas opiniões de 
dois juristas conhecidos há divergências, para Magalhães Noronha, responsabilidade 
e a imputabilidade são sinônimos, no entanto para Damásio11 : “...imputabilidade e 
responsabilidade não se confundem...” Mas, como dito acima, esses dois termos 
caminham juntos, sendo a imputabilidade um pressuposto, e a responsabilidade uma 
conseqüência, enfim, podemos dizer que a imputabilidade é a capacidade de poder 
ser responsabilizado pelo ato. 
 
 2.1. CONCEITO DE RESPONSABILIDADE PENAL 
A responsabilidade diz respeito à possibilidade jurídica, portanto será 
decretada ou não pela justiça e deverá ser analisada cada caso. Segundo Magalhães 
Noronha, em seu livro Direito Penal, parte geral, a responsabilidade seria um dever 
de prestar contas, responsabilidade penal é a obrigação que alguém tem de arcar 
com as conseqüências jurídicas do crime. É o dever que tem a pessoa de prestar 
 
21 
 
Faculdade de Minas 
21 
contas de seu ato. Ela depende da imputabilidade do indivíduo, pois não pode sofrer 
as conseqüências do fato criminoso (ser responsabilizado) senão o que tem a 
consciência de sua antijuridicidade e quer executá-lo... 
A responsabilidade penal implica, então em atribuir certo ato considerado como 
crime a um indivíduo, que somente sofrerá a punição adequada a sua ação se tiver 
capacidade ( condições psíquicas, intelectovolitivas) de entender o caráter ilícito do 
ato praticado. 
 
2.2. CONCEITO DE IMPUTABILIDADE PENAL 
O termo imputar vem do latim “imputare”, que significa atribuir a alguém 
responsabilidade de algo. No Código Penal não há um definição do que é 
imputabilidade, mas, prevê no artigo 26 as condições em que são possíveis o seu 
reconhecimento. 
Para Magalhães Noronha a imputabilidade é como 
 “...o conjunto de requisitos pessoais que conferem ao indivíduo 
capacidade, para que, juridicamente, lhe possa ser atribuído um 
fato delituoso...” 
Desta forma, a imputabilidade diz respeito à capacidade do indivíduo ter um 
juízo de reprovação em relação a conduta criminosa, que possa entender a ilicitude 
do ato e de determinar-se de acordo com esse entendimento, em linhas gerais é a 
capacidade de ter consciência se seu ato foi bom ou mau. 
 
 
 
 
 
22 
 
Faculdade de Minas 
22 
Critérios de avaliação 
Existem três critérios de avaliação da capacidade penal do indivíduo, o método 
biológico, o método psicológico, e o método biopsicológico. O critério adotado pela 
Legislação Brasileira é o critério que une os dois primeiros: o biopsicológico. – 
Método biológico: sem levar em consideração investigações minuciosas, o 
agente que possui uma enfermidade mental ou desenvolvimento mental deficiente, e 
ainda, perturbação transitória da mente, ser sempre considerado inimputável. 
 Método psicológico: neste leva-se em consideração apenas as condições 
psíquicas do agente no momento do fato, sem se preocupar com existência de 
doença mental ou qualquer distúrbio psíquico. 
Método biopsicológico: é a união dos métodos acima mencionados, 
primeiramente verifica-se se o agente é doente mental ou tem desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, e se no momento da ação era incapaz de 
entendimento ou autodeterminação, ou seja, é necessário uma relação de causa 
consequência. 
De qualquer forma, deve o agente ser submetido ao exame de sanidade 
mental. No que se refere aos portadores de personalidade psicopática, que são os 
fronteiriços. 
 
 
23 
 
Faculdade de Minas 
23 
2.3 ASPECTOS DA PSICOPATOLOGIA FORENSE CONDUTA 
CRIMINOSA DOS PSICOPATAS 
 
A psicopatia é reconhecida precocemente em um indivíduo: ela começa na 
infância ou adolescência e continua na vida adulta (o diagnóstico é possível em torno 
de 15 a 16 anos). Crianças psicopatas manifestam tendências e comportamentos que 
são altamente indicativos de seu distúrbio. Por exemplo, eles são aparentemente 
imunes a punição dos pais, e não são afetados pela dor. Nada funciona para alterar 
seu comportamento indesejável, e consequentemente os pais geralmente desistem, 
o que faz a situação piorar. Os mais violentos mostram uma história de torturar 
pequenos animais quando eles eram crianças e também vandalismo, mentiras 
sistemáticas, roubo, agressão aos colegas da escola e desafio à autoridade dos pais 
e professores. 
No entanto, como já foi dito anteriormente apenas uma pequena fração dos 
psicopatas se desenvolve em criminosos violentos, como estupradores e assassinos 
. 
Os criminosos psicopatas praticam crimes , via de regra, por impulsos 
irresistíveis. São comuns nesses indivíduos, os atos incendiários, a perversão sexual, 
a mitomania, o cinismo, o homicídio, etc. No momento da ação ele se encontra 
desprovido de emoção, e mesmo depois não sente culpa, não há angústia ou conflito 
interno. A história registra casos de psicopatas que se tornaram celebridades. Um 
psicopata clássico foi Donatien-Alphonse-François de Sade (1740-1814), um nobre 
francês cujas preferências sexuais perversas e novelas (tais como Justine) originaram 
o termo sadismo; outro foi o do pintor italiano Michelangelo Merisi, o Caravaggio 
(1571-1610). Ele morreu, aos 39 anos, após uma atribulada vida de desajustes e 
crimes – além, clara, de uma da Personalidade Psicopática – implicações forenses e 
 
24 
 
Faculdade de Minas 
24 
médico-legais – Sabrina Veríssimo Pinheiro Nunes _mais importantes obras legadas 
à história da arte. 
No livro Loucos Egrégios, o médico Juan Antonio Vallejo-Nágera apontou 
vários indícios de que a obra de Caravaggio teria sido influenciada por seu 
comportamento anti-social. Ele chamou a atenção para alguns detalhes macabros da 
obra de Caravaggio. No quadro O Sacrifício de Isaac, observa a expressão fria do 
ancião enquanto este se prepara para sacrificar o próprio filho. Na opinião do 
pesquisador canadense Robert Hare, os criminosos psicopatas:15 “...são predadores 
intra-espécie que usam charme, manipulação, intimidação e violência para controlar 
os outros e para satisfazer suas próprias necessidades. Em sua falta de consciência 
e de sentimento pelos outros, eles tomam friamente aquilo que querem, violando as 
normas sociais sem o menor senso de culpa ou arrependimento. 
Os crimes cometidos por criminosos psicopatas mais violentos apresentam, 
pelo menos: multiplicidade de golpes, ausência de motivos plausíveis, ferocidade na 
execução, ausência de premeditação, instantaneidade na ação, falta de remorso. 
Entretanto, já é consenso entre os autores que o psicopata pode entrar em estado de 
estreitamento de consciência e, nesse estado, praticar os mais cruéis delitos, cujos 
atos, às vezes bem ordenados, podem até ser premeditados, mas é uma 
premeditação mórbida, doentia. 
E esses casos acabam causando polêmicas jurídicas, mormente quando, em 
vez da explosão momentânea, há premeditação e, posteriormente ao crime, condutas 
dissimuladoras, com ocultação do cadáver e fuga do criminoso, o que muitas vezes 
confunde autoridades, podendo parecer uma pessoa mentalmente normal. Exemplo 
disso são os assassinos em série, que premeditam, matam e despistam as 
autoridades. Aliás, o exemplo citado cima, o assassino em série ou serial (Serial Killer) 
 
25 
 
Faculdade de Minas 
25 
é um tipo especial de portador de personalidade psicopática, de extrema 
periculosidade e incorrigível. 
Relação direito e psicopatologia 
Após falarmos sobre as duas áreas de conhecimento podemos agora traçar 
um paralelo entre ambas, considerando diferenças e semelhanças que apresentam 
ao tratarem do doente mental; sobre aquilo que a Psicopatologia entende por doente 
mental e como o Código Penal o utiliza. 
Os distúrbios psíquicos se dividem em orgânicos:- causa conhecida : psicoses 
exógenas ou sintomáticas, por exemplo, infecção que causa alteração cerebral, 
diabetes, medicamentos, etc. - causa desconhecida: psicoses endógenas (são 
geneticamente determinadas e não têm cura); por exemplo, esquizofrenia, PMD, 
psicose epiléptica, etc. 
b) psíquicos – para a Psicopatologia estes são distúrbios psíquicos e como tais 
necessitam de especial atenção e tratamento adequado, pois enquanto distúrbios 
traduzem-se em anormalidade. 
 O Código Penal, por sua vez, embora se apoiando na Psicopatologia, adotou 
critérios rígidos na consideração dos distúrbios psíquicos para a aplicação da pena. 
Procurou dividi-los em 4 (quatro) aspectos distintos: “doença mental”, 
desenvolvimento mental incompleto”, “desenvolvimento mental retardado” e 
“perturbação da saúde mental”. 
 
 
26 
 
Faculdade de Minas 
26 
3. PERTUBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL: CAPACIDADE DE 
IMPUTAÇÃO DO PSICOPATA 
Como já foi dito anteriormente, a lei reputa, para os efeitos da responsabilidade 
penal e da capacidade civil, que o indivíduo possua saúde mental e maturidade 
psíquica; isto para que tenha discernimento do certo e do errado no tocante de suas 
ações e omissões, que vem a ser imputabilidade. A norma que trata da imposição da 
imputabilidade se faz presente no artigo 26 da parte geral do Código Penal, o caput 
torna inimputáveis determinados casos patológicos e o parágrafo único traz outros 
casos que são semi-imputáveis. 
“É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento”. Parágrafo único. 
A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente em 
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento.”. 
De suma importância é a análise do parágrafo único, pois contém uma causa 
especial de diminuição da pena, em face da diminuição da responsabilidade, embora 
persista a culpabilidade. Conforme o artigo terá reduzida a pena dos agentes que no 
momento da ação ou omissão não eram inteiramente capazes de entender a ilicitude 
do ato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, mas somente nos 
casos de desenvolvimento mental incompleto ou retardardo, e de perturbações da 
saúde mental. Desses somente nos interessa as perturbações da saúde mental, que 
é o termo jurídico que abriga os indivíduos que estão entre o campo da doença mental 
e da normalidade, os chamados fronteiriços ou border-line. São eles: a personalidade 
psicopática (objeto de estudo), o débil mental leve, o desenvolvimento simples e 
alguns casos o neurótico e o início e fim de psicoses (mais raro). 
 
27 
 
Faculdade de Minas 
27 
Assim, os portadores de personalidades psicopáticas são considerados semi-
imputáveis, pois apesar de entenderem o caráter ilícito da ação, não são capazes de 
controlar seus atos. No entanto, não se pode esquecer que o julgamento dos termos 
da responsabilidade compete à ação do juiz, que tendo dúvidas quanto ao 
desenvolvimento mental do acusado deve nomear um perito (o delegado, o Ministério 
Público, os familiares ou representante do acusado também podem requerer a 
instauração do incidente de insanidade mental) que atestará de forma clara esse 
aspecto, pois a existência da incapacidade de imputação é uma circunstância 
preliminar e imprescindível para a melhor e mais correta interpretação causal dos 
fatos, e posteriormente na aplicação das penas. 
Como foi visto, verificou-se que os criminosos psicopatas estão dispostos no 
artigo 26, parágrafo único, do Código Penal, pois estão enquadrados no termo 
“Perturbação Mental”, isto é, possuem capacidade de entendimento em relação ao 
cometimento da ação criminosa, entretanto, têm uma perturbação de conduta que 
lhes tiram o controle, não ocorre a chamada, excludente de culpabilidade, todavia a 
responsabilidade é reconhecida de forma diminuída, no tocante à sua intensidade. 
Sendo assim, o juiz proferirá uma sentença condenatória, prevista nos termos 
do Artigo 387 do Código de Processo Penal. E terá a opção de aplicar 16 Artigo 387. 
O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
 I – mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes 
definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; 
II – mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais 
que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo 
com o disposto nos arts. 42 e 43 do Código Penal; 
Personalidade Psicopática. 
 
Pena reduzida de um a dois terços. Segundo o artigo a atenuação é facultativa, 
mas há decisões também no sentido de ser obrigatória, como para Paulo José da 
 
28 
 
Faculdade de Minas 
28 
Costa Júnior:17 “...preferimos, entretanto, sustentar que o poder, referido na norma, 
significa dever. A faculdade do magistrado está em dosara redução...” Ou 
necessitando o condenado de especial tratamento essa pena poderá ser substituída 
por internação ou tratamento ambulatorial, regra prevista no artigo 98 do Código 
Penal: “ Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o 
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser 
substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) 
a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.” 
Essa alternativa imposta no artigo 98 demonstra a reforma penal de 1994, a 
qual trouxe a substituição da aplicação aos semi-imputáveis e imputáveis do “sistema 
vicariante” e não mais do duplo binário (pena + medida de segurança), em que se 
pode aplicar somente pena ou medida de segurança para os semi-imputáveis e 
unicamente a pena para os imputáveis. III – aplicará as penas, de acordo com essas 
conclusões, fixando a quantidade das principais e, se for o caso, a duração das 
acessórias; IV – declarará, se presente, a periculosidade real e imporá as medidas de 
segurança que no caso couberem; V – atenderá quanto à aplicação provisória de 
interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título XI deste Livro; 
VI – determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e 
designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1º, do Código Penal). 
 
3.1. PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA PENA 
 É a consequência jurídica decorrente de uma violação do tipo penal, 
considerada assim como sanção penal, e a medida de segurança? 
Segundo Damásio: “...enquanto a pena é retributiva-preventiva, tendendo a 
readaptar socialmente o delinqüente, a medida de segurança possui natureza 
essencialmente preventiva, visto que evita que um sujeito que praticou um crime e se 
 
29 
 
Faculdade de Minas 
29 
mostra perigoso venha cometer novas infrações penais.” Além disso, diz que as 
penas são proporcionais à gravidade da infração, enquanto a proporcionalidade das 
medidas de segurança é estabelecida de acordo com a periculosidade do sujeito e 
que a imposição das penas pressupõe prática de um crime, enquanto as medidas de 
segurança podem ser aplicadas aos autores de quase-crimes ( não é o entendimento 
que vigora em nossa legislação). Já para Noronha19 “...na pena prevalece o cunho 
repressivo, ao passo que na medida de segurança predomina o fim preventivo; 
porém, como já fez sentir, a prevenção também não é estranha à pena. 
” Ao contrário do que leciona Damásio, para Noronha, Mirabete, entre outros 
ambas pressupõem a prática de ato ilícito e manifestam o “jus puniendi” colimando 
que o indivíduo que delinqüiu e se revelou perigoso não torne a delinqüir. 
Conforme Grispigni, tanto a medida de segurança quanto a pena são espécies 
de sanções penais que apresentam traços comuns : 20 “ambas importam diminuiçãode bens jurídicos; baseiam-se as duas na existência de um crime; servem para 
intimidação em massa como para readaptação do delinqüente e ambas são aplicadas 
jurisdicionalmente.” 
 
3.2 PRESSUPOSTOS PARA A APLICAÇÃO, IMPOSIÇÃO E 
ESPÉCIES DA MEDIDA DE SEGURANÇA. 
 
 Código Penal adota a medida de segurança pós delitual, ou seja é necessário 
que tenha havido um fato criminoso. Além disto, é também necessário que haja 
periculosidade do autor. Periculosidade é 21 : “...a potência, a capacidade, a aptidão 
ou a idoneidade que um homem tem para converter-se em causa de ações danosas.” 
O prazo para cumprimento da medida de segurança é indeterminado, enquanto a 
 
30 
 
Faculdade de Minas 
30 
perícia médica não constatar a cessação da periculosidade (§ 1º do artigo 97 do 
Código Penal). Para isso, necessário se faz a realização de um exame após o prazo 
mínimo de três anos (artigo 97, §§ 1º e 2º, CP). 
 
Para desinternarão a extinção da medida de segurança só ocorrerá, após um 
ano (prazo indicativo das condições para o livramento condicional; se não praticar 
fato indicativo de persistência de sua periculosidade (C.P., art. 97, § 3º). Se solto, a 
medida de segurança se extingue com a extinção da punibilidade. Quanto as espécies 
de medidas de segurança são a detentiva e a restritiva. A primeira consiste na 
internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, enquanto a segunda 
resulta de tratamento ambulatorial. 
 
3.3 PSICOPATAS: QUAL A SANÇÃO IDEAL? 
 
O criminoso portador de personalidade psicopática, além do alto grau de 
periculosidade, é de difícil corrigibilidade, portanto o tratamento ambulatorial é 
praticamente nulo, primeiramente, porque não possui uma patologia e em segundo 
lugar, esses criminosos não possuem a mínima possibilidade de ressocialização. 
Sendo assim, é recomendável a análise profunda da personalidade do agente, por 
parte do perito, para no momento do julgamento o juiz aproveitá-la, pois a pena está 
totalmente descartada pelo seu caráter inadequado em relação à punição e 
prevenção desses criminosos. A prisão poderá resultar em um fato evasivo, e, 
posteriormente, eclodir em fugas lideradas pelo mesmo. No caso, do portador de 
personalidade psicopática o ideal é o cumprimento de medida de segurança, mesmo 
sendo, computada em um prazo de um a três anos, porque é difícil ou praticamente 
 
31 
 
Faculdade de Minas 
31 
impossível, a cessação de periculosidade ser extinta, ao ser realizada pelo perito. 
Personalidade Psicopática 
Nestes casos substituição da pena pela medida de segurança, esta será 
cumprida no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, como dispõe o artigo 99 
da Lei 7210, de 11 de Julho de 1984: “O Hospital de Custódia e Tratamento 
Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no art. 26 e seu 
parágrafo único do Código Penal. Personalidade Psicopática 
 
 
4 CRIMINOSOS EM SÉRIE 
 
Os criminosos em série, também conhecidos por seu nome em inglês, serial 
killer´s, geralmente são psicopatas muito violentos, há casos também de doentes 
mentais, mas são raros. E como o próprio nome diz, são criminosos que matam em 
seqüência, quase sempre da mesma forma e que escolhem determinadas vítimas de 
acordo com sua fantasia. Algumas características são próprias dos criminosos em 
série, como o grande prazer de demonstrarem que possuem poder sobre os outros. 
Donos de um enorme sadismo, sentem prazer em assistir o sofrimento alheio, e não 
sentem remorso por isso. Grande parte deles não assume seus crimes, confessando, 
somente, através de pequenos deslizes movidos pela vontade de reviver o momento 
do crime, pois são muito dissimulados. Tendem a cometer crimes de natureza sexual. 
Há também uma curiosidade em relação a esses criminosos, existe uma incidência 
muito pequena de assassinas mulheres e negros, mas não existe explicações do 
porquê isto ocorre. São eles, os criminosos em série, que tem grande exposição na 
mídia e acabam ficando na história. 
 
32 
 
Faculdade de Minas 
32 
Aqui no Brasil tivemos, o caso do “Chico Picadinho”, do “Bandido da Luz 
Vermelha”, do “Maníaco do Parque”, entre outros. Estatísticas feitas por 
investigadores norte-americanos:22 82 % dos serial killer´s sofreram abusos na 
infância . 
 
4.1 – DECISÕES JUDICIAIS VERSUS LAUDOS MÉDICOS 
 
Existe no Brasil um descaso dos juízes com relação aos laudos elaborados 
pelos médicos-peritos, no momento de sua decisão. Fala-se que os médicos resolvem 
as questões, os juízes decidem as soluções, entretanto, não é que temos visto, como 
por exemplo, no caso do “Chico Picadinho” e do Maníaco do Parque, em que os 
médicos deram o diagnóstico, mas a Justiça não o aceitou, em sua decisão. Vejamos 
por exemplo a opinião de Fragoso com relação a Psiquiatria23: “É um ramo da 
medicina muito subjetivo, onde tudo são hipóteses, conjecturas, inferências sem base 
na realidade, falsificações para o encalço de fantasias, deixando apenas de manifesto 
a persistente indemonstrabilidade das pretendidas causas genéticas do crime.” No 
entanto verificamos que a Psiquiatria possui critérios de avaliação que o juiz não 
levaria em conta no julgamento do criminoso, verificando a ocorrência de alterações 
de comportamento consideradas anormais, mas que para o juiz seriam normais. 
 O que ocorre na realidade é que ao mesmo tempo em que a lei possibilita que 
a justiça chame um perito para elaborar um laudo sobre as funções psíquicas do 
acusado, com o fim específico de atribuir-lhe ou não capacidade de imputação acerca 
do crime praticado, a mesma lei também permite que o juiz decida a causa sem que 
esteja adstrito ao laudo apresentado pelo perito. 
 
33 
 
Faculdade de Minas 
33 
E esse juiz influenciado pela sociedade, que infelizmente é aguçada pelos 
meios de comunicação, não leva em conta o laudo médico e aplica a pena privativa 
de liberdade; principalmente nos casos de psicopatas violentos, que tem uma grande 
exposição na mídia. Dificilmente a sociedade aceitaria a decisão de um juiz que 
absolveu um psicopata que estuprou e matou brutalmente suas vítimas, pois como 
sabemos, para a aplicação da Medida de Segurança é necessário primeiro a 
absolvição perante o Tribunal do Júri. 
Para a sociedade o psicopata estaria ficando impune. Em suma, é evidente 
que o juiz não deverá sempre aceitar o laudos apresentados pelos peritos, tendo em 
vista que a prática também tem nos mostrado a existência de médicos que atestam 
uma disfunção psíquica que não existe para que o criminoso seja considerado 
inimputável ou semi-imputável pelo Poder Judiciário. Todavia, deve existir um meio 
termo na conduta do juiz que infelizmente, nos dias atuais, tem se mostrado bastante 
radical ao desconsiderar laudos bem elaborados e adstritos a ética profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
Faculdade de Minas 
34 
 
REFERENCIAS 
 
 
Ackerknecht EH. A short history of medicine. Baltimore: Johns Hopkins University; 
1982. 
Bonnet EFP. Psicopatologia y psiquiatria forense. Buenos Aires: Lopez Libreros; 
1983. 
 
Branquinho J, Murcho D, Gomes NG, editores. Enciclopédia de termos lógico-
filosóficos. São Paulo: Martins Fontes; 2006. 
 
Chalub M. Introdução à psicopatologia forense. Rio de Janeiro: Forense; 1981. 
DELMANTO, Celso, DELMANTO, Roberto, DELMANTO JÚNIOR, Roberto, Código 
penal comentado. 4. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. 
 
 FERRIO C. Trattato di psichiatria clinica forense. Torino: UTET; 1970. 
 
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal : parte geral. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Editora Forense. 
 
França GV. Direito médico. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; 2010. 
 
GRISPGNI, Filippo. Le Problème de L’unification de lá Peine et des Mesures de 
Sûreté. 1953. 
 
HUNGRIA N. Comentários ao código penal. Rio de Janeiro: Forense; 1977. 
 
 
35 
 
Faculdade de Minas 
35 
HUNGRIA, Nelson, FRAGOSO,Heleno Cláudio. Comentários ao código penal. 5. 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1978, 1.v., t.II. 
 
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal : parte geral. 12. ed. v. 01. São Paulo: 
Editora Saraiva, 1988. 
 
JÚNIOR, Paulo J.C. Direito Penal – curso completo. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 
1999. 
 
 Magner LN. A history of medicine. 2nd ed. New York: Informa Healthcare; 2007. 
 
 MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de direito penal. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1991, 
v.1. Personalidade Psicopática – implicações forenses e médico-legais 
 
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal : Introdução e parte geral. v. 01. São 
Paulo: Editora Saraiva, 1997. SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. v. 02, 2. ed. 
São Paulo : Editora Forense, 1967. 
 
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, v.1. 
Rieber RW, Green MR, editors. Milestones in the history of forensic psychology and 
psychiatry: a book of readings. New York: Da Capo; 1981. 
 
NOGUEIRA, Ataliba. 1942 v. 01 Conferência na Faculdade de Direito de São 
Paulo.

Continue navegando