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10 PSICOLOGIA SOCIAL E ORGANIZACIONAL

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Gestão em Segurança Pública e 
Privada 
Psicologia Social e Organizacional 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E 
PRIVADA 
PSICOLOGIA SOCIAL E ORGANIZACIONAL 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução Conceito de Psicologia Social .............................................................. 3 
1.1. Influências Sociais Moldam Nosso Comportamento ....................................... 8 
1.2. Atitudes e Disposições Pessoais Também Moldam Nosso Comportamento ... 9 
1.3. Princípios da Psicologia Social São Aplicáveis à Vida Cotidiana .................. 11 
1.4. Valores Sociais ............................................................................................. 14 
2. Determinantes da Representação Social ............................................................. 19 
2.1. Representação Social E Ideologia ................................................................ 22 
3. A Psicologia e o Comportamento Social .............................................................. 24 
3.1. Concepções de Humanismo e as Contingências Sociais.............................. 27 
3.2. As Contribuições da Psicologia Social Para Uma Concepção de Humanismo
 ........................................................................................................................29 
3.3. Implicações Para uma Ciência Histórica do Comportamento Social ............. 31 
3.4. Desenvolvendo Indicadores de Disposições Psicossociais ........................... 33 
4. Psicologia Social: Educação, Trabalho ................................................................ 36 
4.1. Psicologia Social, do Trabalho e Organizacional .......................................... 39 
4.2. Possibilidades de atuação da Psicologia Social do Trabalho ........................ 43 
4.3. O que pode fazer a Psicologia Social do Trabalho em empresas? ............... 44 
4.4. Psicologia Social: Motivação Humana Produtividade e Realização .............. 47 
4.5. Motivação pessoal (interna) x Motivação externa ......................................... 49 
4.6. A ciência por trás da motivação pessoal ....................................................... 53 
4.7. Definição de metas como fator motivacional ................................................. 53 
4.8. Por que é tão importante manter a motivação pessoal? ............................... 54 
4.9. Psicologia Organizacional ............................................................................. 57 
5. Referências ......................................................................................................... 64 
 
 
 
3 
 
1. Introdução Conceito de Psicologia Social 
 
O que é psicologia social? 
Psicologia social é uma ciência que estuda as influências de nossas 
situações, com especial atenção a como vemos e afetamos uns aos outros. 
Mais precisamente, ela é o estudo científico de como as pessoas pensam, 
influenciam e se relacionam umas com as outras. 
 
 A psicologia social se situa na fronteira da psicologia com a sociologia. 
Comparada com a sociologia (o estudo das pessoas em grupos e sociedades), 
a psicologia social focaliza mais nos indivíduos e usa mais experimentação. 
Comparada à psicologia da personalidade, a psicologia social focaliza menos 
nas diferenças dos indivíduos e mais em como eles, em geral, veem e 
influenciam uns aos outros. 
A psicologia social ainda é uma ciência jovem. Os primeiros 
experimentos nessa área foram relatados há pouco mais de um século (1898), 
e os primeiros textos de psicologia social surgiram em torno de 1900 (Smith, 
2005). Somente a partir da década de 1930 ela assumiu sua forma atual, e 
apenas a partir da Segunda Guerra Mundial começou a emergir como o campo 
de vulto que é hoje. 
______________________ 
http://www.diariors.com.br/site/colunistas/consuelo-pasqualotto/8426-luz-da-psicologia-social-por-
consuelo-pasqualotto-poloni.html 
 
 
4 
 
A psicologia social estuda nosso pensamento, nossa influência e nossos 
relacionamentos fazendo perguntas que intrigam a todos. Eis alguns exemplos: 
Quanto de nosso mundo social está somente em nossas cabeças? Como 
veremos em capítulos posteriores, nosso comportamento social varia não 
apenas conforme a situação objetiva, mas também conforme nosso modo de 
interpretá-la. 
Crenças sociais podem ser autorrealizáveis. Por exemplo, pessoas 
felizes no casamento atribuem um comentário azedo do cônjuge “Por que você 
nunca põe as coisas no seu devido lugar?” a algo externo: “Ele deve ter tido um 
dia frustrante”. Pessoas infelizes no casamento atribuirão o mesmo comentário 
a uma disposição mesquinha: “Quanta hostilidade!”, e podem responder com 
um contra-ataque. Além disso, esperando hostilidade de seu cônjuge, elas 
podem se comportar com ressentimento, provocando justamente a hostilidade 
que esperam. 
As pessoas seriam cruéis se assim ordenássemos? Como os alemães 
nazistas puderam conceber e executar o massacre de seis milhões de judeus? 
Em parte, aqueles atos maléficos ocorreram porque milhares de pessoas 
cumpriram ordens. Elas colocaram os prisioneiros em trens, arrebanháramo-
nos até “chuveiros” lotados e os envenenaram com gás. Como puderam 
praticar atos tão horrendos? Aquelas pessoas eram seres humanos normais? 
Stanley Milgram (1974) queria saber. Assim, ele montou uma situação na qual 
se pediu às pessoas que aplicassem choques cada vez mais fortes a alguém 
que estivesse tendo dificuldades para aprender uma sequência de palavras, 
quase dois terços dos participantes obedeceram à risca. Ajudar? Ou se servir? 
Quando sacolas com cédulas de dinheiro caíram de um caminhão blindado em 
um dia de outono, dois milhões de dólares se espalharam em uma rua de 
Columbus, Ohio. 
Alguns motoristas pararam para ajudar, devolvendo cem mil dólares. 
Julgando-se pelo um milhão e novecentos mil que desapareceram, um número 
muito maior parou para se servir. O que você teria feito? Quando acidentes 
semelhantes aconteceram alguns meses depois em São Francisco e Toronto, 
os resultados foram os mesmos: os transeuntes pegaram a maior parte do 
dinheiro (Bowen, 1988). 
 
 
5 
 
Que situações fazem as pessoas serem prestativas ou gananciosas? 
Alguns contextos culturais talvez vilarejos e cidades pequenas gerem maior 
prestatividade? Essas perguntas têm um aspecto em comum: tratam de como 
as pessoas veem e afetam umas às outras. E é disso que trata a psicologia 
social. Os psicólogos sociais estudam atitudes e crenças, conformidade e 
independência, amor e ódio. Grandes ideias da psicologia social Quais são as 
grandes lições da psicologia social, seus temas dominantes? Em muitas áreas 
acadêmicas, os resultados de dezenas de milhares de estudos, as conclusões 
de milhares de investigadores e os insights de centenas de teóricos podem ser 
reduzidos a algumas ideias centrais. 
A biologia nos oferece princípios como a seleção natural e a adaptação. 
A sociologia se baseia em conceitos como estrutura e organização social. A 
música aproveita nossas ideias de ritmo, melodia e harmonia. 
Construímos nossa realidade social Nós humanos temos um irresistível 
desejo de explicar o comportamento, atribuí-lo a alguma causa e, assim, fazê-
lo parecer organizado, previsível e controlável. Podemos reagir de maneira 
diferente a situações semelhantes porque pensamos de maneira diferente. 
Nosso modo de reagir ao insulto de um amigo depende de se o atribuirmos à 
hostilidade ou a um mau dia. Uma partida dos times de futebol americano das 
universidades Princeton e Dartmouth, em 1951, ofereceu uma demonstração 
clássica de como interpretamos a realidade (Hastorf Cantril, 1954; ver também 
Loy Andrews, 1981). 
A partida correspondeu ao que foi anunciado como um confronto 
rancoroso; revelou-se uma das mais duras e sujas na história das duas 
universidades. Um dos melhores atletas de Princeton foi derrubado e agredido 
em bando, sendo,por fim, obrigado a sair do jogo com o nariz quebrado. 
Surgiram brigas de socos, gerando mais feridos de ambos os lados. Não muito 
tempo depois, dois psicólogos, um de cada universidade, exibiram filmagens da 
partida aos alunos nos dois campi. Os estudantes desempenharam o papel de 
cientista-observador, apontando todas as infrações enquanto assistiam e 
indicando quem era responsável por elas. Mas eles não conseguiram deixar de 
lado suas lealdades. 
Por exemplo, os alunos de Princeton viram duas vezes mais violações 
de Dartmouth do que viram os próprios alunos de Dartmouth. Conclusão: 
 
 
6 
 
Existe uma realidade objetiva lá fora, mas sempre a enxergamos pelas lentes 
de nossas crenças e nossos valores. Todos somos cientistas intuitivos. 
Explicamos o comportamento das pessoas, geralmente com rapidez e precisão 
suficientes para atender nossas necessidades diárias. Quando o 
comportamento de alguém é coerente e distintivo, atribuímos aquele 
comportamento a sua personalidade. Por exemplo, se você observa que 
alguém costuma fazer comentários depreciativos, você pode inferir que esse 
indivíduo tem uma inclinação sórdida, e então você pode evitá-lo. 
Nossas crenças a nosso próprio respeito também importam. Temos uma 
perspectiva otimista? Vemo-nos como no controle das coisas? Vemo-nos como 
relativamente superiores ou inferiores? Nossas respostas influenciam nossas 
emoções e ações. Nosso modo de interpretar o mundo, e a nós mesmos, 
importa. 
 
Nossas Intuições Sociais Com Frequência São Poderosas, Mas às Vezes 
Perigosas 
Nossas intuições instantâneas moldam nossos medos (Viajar de avião é 
perigoso?), impressões (Posso confiar nele?) e relacionamentos (Ela gosta de 
mim?). Intuições influenciam presidentes em épocas de crise, apostadores à 
mesa de apostas, jurados que avaliam culpa e gerentes de pessoal 
selecionando candidatos. Essas intuições são corriqueiras. Sem dúvida, a 
ciência psicológica revela uma mente inconsciente fascinante uma mente 
intuitiva nos bastidores sobre a qual Freud nunca nos falou. 
 
______________________ 
http://blogdapsicologia.com.br/unimar/2017/08/convite-grupo-de-estudo-em-psicologia-social-unimar/ 
 
 
7 
 
Mais do que os psicólogos compreendiam até pouco tempo atrás, o 
pensamento ocorre fora do palco, longe dos olhos. Nossas capacidades 
intuitivas são reveladas por estudos sobre o que os capítulos posteriores 
explicarão: processamento automático, memória implícita, heurísticas, 
inferência espontânea de traços, emoções instantâneas e comunicação não 
verbal. 
Pensamento, memória e atitudes operam em dois níveis um consciente 
e deliberado, o outro inconsciente e automático, ou seja, o processamento dual 
como o chama os pesquisadores da atualidade. Sabemos mais do que 
sabemos que sabemos. A intuição é imensa, mas também perigosa. Um 
exemplo: enquanto atravessamos a vida, em geral no piloto automático, 
intuitivamente julgamos a probabilidade das coisas pela facilidade com que 
vários exemplos nos vêm à cabeça. Sobretudo desde 11 de setembro de 2001, 
nós facilmente produzimos imagens mentais de quedas de aviões. Assim, a 
maioria das pessoas tem mais medo de voar do que de dirigir, e muitas dirigem 
grandes distâncias para evitar o risco dos céus. 
Atualmente, estamos muito mais seguros (por milhas de viagem) em um 
voo comercial do que em um veículo motor (nos Estados Unidos, viajar de 
avião foi 230 vezes mais seguro entre 2002 e 2005, conforme relato do 
Conselho Nacional de Segurança [2008]). Mesmo nossas intuições sobre nós 
mesmos com frequência são falhas. Intuitivamente confiamos em nossas 
memórias mais do que deveríamos. 
Interpretamos erroneamente nossas próprias mentes; em experimentos, 
negamos a influência de coisas que de fato nos influenciam. Prevemos 
erroneamente nossos próprios sentimentos os quantos nos sentirão mal daqui 
a um ano se perdermos nosso emprego ou se nosso romance terminar, e o 
quanto nos sentirão bem daqui a um ano, ou mesmo daqui a uma semana, se 
ganharmos na loteria. E muitas vezes erramos na previsão de nosso próprio 
futuro. 
Por exemplo, ao escolher roupas, pessoas perto da meia-idade 
comprarão peças justas (“Prevejo que perderei uns quilos”); raramente alguém 
diz, mais realista, “É melhor eu comprar uma peça relativamente folgada; na 
minha idade, as pessoas tendem a ganhar peso”. 
 
 
8 
 
Nossas intuições sociais, então, são dignas de nota tanto por seus 
poderes como por seus perigos. Lembrando-nos das dádivas de nossa intuição 
e alertando-nos para suas armadilhas, os psicólogos sociais procuram 
fortalecer nosso pensamento. Na maioria das situações, juízos fáceis, “rápidos 
e simples” são suficientes. 
Mas em outras, quando a precisão importa como quando é necessário 
temer as coisas certas e despender nossos recursos de acordo, é melhor 
restringirmos nossas intuições impulsivas com pensamento crítico. Nossas 
intuições e processamento inconsciente de informações são rotineiramente 
poderosos e, às vezes, perigosos. 
 
1.1. Influências Sociais Moldam Nosso Comportamento 
 
Somos como Aristóteles observou há muito tempo, animais sociais. 
Falamos e pensamos com palavras que aprendemos com os outros. Ansiamos 
nos conectar, pertencer e ser estimados. Matthias Mehl e James Pennebaker 
(2003) quantificaram o comportamento social de seus alunos no Texas 
University convidando-os para levarem consigo minigravadores e microfones. 
Uma vez a cada 12 minutos durante suas horas acordados, o gravador 
operado por computador gravaria imperceptivelmente por 30 segundos. 
Embora o período de observação cobrisse apenas os dias da semana 
(inclusive as horas de aula), quase 30% do tempo dos alunos era passado em 
conversação. Os relacionamentos representam uma parte considerável do ser 
humano. Como seres sociais, respondemos a nossos contextos imediatos. Às 
vezes, a força de uma situação social nos leva a agir de modo contrário a 
nossas posições expressas em palavras. 
Sem dúvida, situações poderosamente maléficas às vezes sobrepujam 
as boas intenções, induzindo as pessoas a concordar com falsidades ou 
consentir na crueldade. Sob a influência nazista, muitas pessoas a princípio 
decentes se tornaram instrumentos do Holocausto. Outras situações podem 
provocar grande generosidade e compaixão. Depois da tragédia de 11 de 
setembro, a cidade de Nova York recebeu uma imensa quantidade de doações 
de alimentos, roupas e ajuda de ávidos voluntários. 
 
 
9 
 
O poder da situação também foi claramente evidenciado pela variação 
nas atitudes com relação à invasão do Iraque, em 2003. Pesquisas de opinião 
revelaram que a maioria dos estadunidenses e israelenses era a favor da 
guerra. Seus primos distantes em outras partes do mundo majoritariamente 
opunham-se a ela. Diga-me onde você vive e darei um palpite razoável sobre 
suas opiniões quando a guerra começou. Diga-me qual é seu nível de instrução 
e o que você lê e assiste, e eu darei um palpite ainda mais confiante. Nossas 
situações importam. Nossas culturas ajudam a definir nossas situações. Por 
exemplo, nossos padrões sobre prontidão, franqueza e vestuário variam 
conforme nossa cultura Preferir um corpo esbelto ou voluptuoso depende de 
quando e onde você vive no mundo. 
 Definir justiça social como igualdade (todos recebem o mesmo) ou 
como equidade (os que merecem mais recebem mais) depende de 
sua ideologia ter sido mais moldada pelo socialismo ou pelo 
capitalismo. 
 Tender a ser expressivo ou reservado, causal ou formal, depende 
em parte de sua cultura e de sua etnia. 
 Focar principalmente em si mesmo em suas necessidades 
pessoais, desejos e moralidade ou na família, no clã e em grupos 
comunitários depende do quanto você é um produto do 
individualismo ocidental moderno. 
 
1.2. Atitudes e Disposições Pessoais Também Moldam Nosso 
Comportamento 
 
 Forças internas também importam. Não somos folhassoltas, 
simplesmente levadas por este ou aquele caminho pelos ventos sociais. 
Nossas atitudes internas afetam nosso comportamento. Nossas opiniões 
políticas influenciam nosso comportamento nas urnas. Nossas opiniões sobre o 
tabagismo influenciam nossa suscetibilidade às pressões sociais para fumar. 
Nossas posturas com relação aos pobres influenciam nossa disposição em 
ajudá-los. 
Como veremos nossas atitudes também decorrem de nosso 
comportamento, o que nos leva a acreditar fortemente nas coisas com as quais 
 
 
10 
 
nos comprometemos ou pelas quais sofremos. Disposições da personalidade 
também afetam o comportamento. Diante da mesma situação, pessoas 
diferentes podem reagir de uma maneira diferente. Depois de anos de 
encarceramento político, uma pessoa transpira amargura e busca vingança. 
Outra, como o sul-africano Nelson Mandela, busca reconciliação e 
integração com seus inimigos anteriores. Atitudes e personalidade influenciam 
o comportamento. 
A psicologia social do século XXI está nos trazendo um entendimento 
cada vez maior das bases biológicas de nosso comportamento. Muitos de 
nossos comportamentos sociais refletem uma sabedoria biológica profunda. 
Quem já fez estudos iniciais de psicologia aprendeu que a natureza (inata) e a 
experiência (adquirida) formam, juntas, quem somos. 
Assim como a área de um retângulo é determinada tanto por seu 
comprimento quanto por sua largura, também a biologia e a experiência, juntas, 
nos criam. Como nos lembram dos psicólogos evolucionistas (ver Capítulo 5), 
nossa natureza humana nos predispõe a nos comportarmos de modos que 
ajudaram nossos ancestrais a sobreviverem e a se reproduzirem. Levamos os 
genes daqueles cujos traços permitiram que eles e seus filhos sobrevivessem e 
se reproduzissem. 
Assim, os psicólogos evolucionistas indagam como a seleção natural 
poderia predispor nossas ações e reações ao namorar e acasalar, odiar e 
machucar, cuidar e compartilhar. A natureza também nos dota de uma enorme 
capacidade de aprender e se adaptar a ambientes variados. Somos sensíveis e 
responsivos a nosso contexto social. Se todo evento psicológico (todo 
pensamento, toda emoção, todo comportamento) é simultaneamente um 
evento biológico, então podemos examinar a neurobiologia subjacente ao 
comportamento social. 
Que áreas cerebrais permitem nossas experiências de amor e desprezo 
ajuda e agressão, percepção e crença? Como o cérebro, a mente e o 
comportamento funcionam juntos como um sistema coordenado? O que os 
tempos de ocorrência de eventos cerebrais revelam sobre nosso modo de 
processar informações? Perguntas desse tipo são feitas por aqueles que se 
dedicam à neurociência social (Cacioppo et al., 2007). Os neurocientistas 
sociais não reduzem comportamentos sociais complexos, tais como ajudar e 
 
 
11 
 
ferir, a mecanismos neurais ou moleculares simples. Seu ponto é este: para 
compreender o comportamento social, devemos considerar tanto as influências 
sob a pele (biológicas) como aquelas entre as peles (sociais). A mente e o 
corpo são um grande sistema. 
Os hormônios do estresse afetam como nos sentimos e agimos. O 
ostracismo social eleva a pressão arterial. O apoio social fortalece o sistema 
imune, que combate doenças. Somos organismos biopsicossociais. Refletimos 
a interação de nossas influências biológicas, psicológicas e sociais, e é por isso 
que os psicólogos da atualidade estudam o comportamento a partir desses 
diferentes níveis de análise. 
 
 
1.3. Princípios da Psicologia Social São Aplicáveis à Vida Cotidiana 
 
A psicologia social tem o potencial de iluminar sua vida, tornar visíveis 
as influências sutis que guiam seu pensamento e suas ações. Além disso, 
como veremos, ela oferece muitas ideias sobre como nos conhecer melhor, 
como ganhar amigos e influenciar as pessoas, como transformar punhos 
cerrados em braços abertos. Outros pesquisadores também estão aplicando 
ideias da psicologia social. 
_________________ 
http://psicoativo.com/categoria/abordagens/psicologia-social 
 
 
12 
 
Os princípios do pensamento social, da influência social e das relações 
sociais têm implicações para a saúde e o bem-estar humanos, para 
procedimentos judiciais e decisões de jurados em salas de audiência e para 
influenciar comportamentos que permitirão um futuro ambientalmente 
sustentável. Sendo apenas uma perspectiva sobre a existência humana, a 
ciência psicológica não pretende tratar das questões fundamentais da vida: 
qual é o significado da vida humana? Qual deveria ser nosso propósito? Qual é 
nosso derradeiro destino? Entretanto, a psicologia social nos oferece um 
método para formular e responder algumas questões muito interessantes e 
importantes. A psicologia social trata da vida a sua vida: suas crenças, suas 
atitudes, seus relacionamentos. 
 
Resumindo... 
A psicologia social é o estudo científico de como as pessoas pensam se 
influenciam e se relacionam. Seus temas centrais incluem: 
 Como interpretamos nossos mundos sociais; 
 Como nossas intuições sociais nos guiam e, às vezes, nos enganam; 
 Como nosso comportamento social é moldado por outras pessoas e por 
nossas atitudes, personalidade e biologia; 
Psicologia Social e Valores Sociais 
Os valores dos psicólogos sociais permeiam seu trabalho de maneiras 
tanto óbvias como sutis. Que maneiras são essas? A psicologia social é menos 
uma coleção de descobertas do que um conjunto de estratégias para 
responder perguntas. Na ciência, como nos tribunais de justiça, opiniões 
pessoais são inadmissíveis. Quando as ideias são colocadas em julgamento, 
as evidências determinam o veredito. 
Mas, os psicólogos sociais são realmente objetivos assim? Por serem 
seres humanos, será que seus valores suas convicções pessoais sobre o que é 
desejável e como as pessoas deveriam se comportar não se infiltram em seu 
trabalho? Neste caso, a psicologia social pode realmente ser científica? 
Quando os valores influenciam a psicologia Os valores ganham 
importância quando os psicólogos selecionam temas para pesquisa. 
Não foi por acaso que o estudo do preconceito floresceu durante a 
década de 1940, quando o fascismo dominava a Europa; que na década de 
 
 
13 
 
1950, época de modas de uniformidade na aparência e de intolerância por 
opiniões diferentes, nos deu estudos da conformidade; que os anos de 1960 
viram aumentar o interesse pela agressão com tumultos e crescentes índices 
de criminalidade; que o movimento feminista dos anos de 1970 ajudou a 
estimular uma onda de pesquisa sobre gênero e sexismo; que os anos de 1980 
ofereceram um ressurgimento da atenção aos aspectos da corrida 
armamentista; e que os anos de 1990 e início do século XXI foram marcados 
pelo aumento do interesse em como as pessoas respondem à diversidade na 
cultura, na etnia e na orientação sexual. 
A psicologia social reflete a história social (Kagan, 2009). Os valores 
diferem não apenas ao longo do tempo, mas também entre as culturas. Na 
Europa, as pessoas sentem orgulho de suas nacionalidades. Os escoceses 
são mais autoconscientes de sua distinção dos ingleses, e os austríacos dos 
alemães, do que o são os residentes de Michigan em relação aos residentes de 
Ohio, semelhantemente adjacentes. 
Consequentemente, a Europa nos deu uma teoria importante da 
“identidade social”, ao passo que os psicólogos sociais norte-americanos 
focaram mais nos indivíduos como uma pessoa pensa sobre as outras, é 
influenciada por elas e se relaciona com elas (Fiske, 2004; Tajfel, 1981; Turner, 
1984). Os psicólogos sociais australianos extraíram teorias e métodos tanto da 
Europa quanto da América do Norte (Feather, 2005). Os valores também 
influenciam os tipos de pessoas que são atraídas às diversas disciplinas 
(Campbell, 1975a; Moynihan, 1979). 
Em sua universidade, os alunos que se especializam em humanidades, 
artes, ciências naturais e ciências sociais diferemperceptivelmente entre si? A 
psicologia social e a sociologia atraem pessoas que são, por exemplo, 
relativamente ávidas por questionar a tradição, pessoas mais inclinadas a 
moldar o futuro do que preservar o passado? 
Finalmente, os valores obviamente têm importância como o objeto da 
análise sociopsicológica. Os psicólogos sociais investigam como se formam os 
valores, por que eles mudam e como eles influenciam atitudes e ações. 
Contudo, nada disso nos diz quais valores são “certos”. Quando os valores 
influenciam a psicologia sem que percebamos Com menos frequência, 
reconhecemos as maneiras mais sutis em que comprometimentos com valores 
 
 
14 
 
se disfarçam de verdade objetiva. Consideremos três maneiras menos óbvias 
em que valores influenciam a psicologia. 
 
 
1.4. Valores Sociais 
 
A literatura sobre sistemas de valores revela a existência de diferentes 
abordagens teóricas e metodológicas que têm contribuído para uma melhor e 
maior compreensão dos valores humanos e da sua importância na vida das 
pessoas. Allport, Vernon e Lindzey (1951, citados por Gregory, 2004) foram os 
primeiros a dar aos valores um sentido mais concreto, associando-os a 
actividades do dia-a-dia e descrevendo-o como preferências estáveis de 
comportamentos. 
A partir da classificação apresentada por Eduard Spranger no seu livro 
Types of Men de 1928, em que o autor apresenta seis valores principais que as 
pessoas possuem e que definem a sua personalidade, Allport, Vernon e 
Lindzey criaram um instrumento que procurava medir a força relativa destes 
valores, a Escala do Estudo dos Valores (Gregory, 2004). 
 Esta escala continha 30 questões que colocavam um valor oposto a 
outro, e 15 questões em que se tinha de hierarquizar os valores apresentados. 
Os resultados obtidos seriam os scores dos valores propostos: teórico (T), 
económico (E), estético (A), social (S), político (P) e religioso (R). As críticas 
apresentadas a este instrumento prendiam-se essencialmente com o facto de 
os valores serem demasiado vagos e gerais (Gregory, 2004). 
Com base neste trabalho, Milton Rokeach (1973) procurou perceber a 
forma como as pessoas organizam o seu sistema de valores, partindo de cinco 
pressupostos. Primeiro, considera que o número total de valores que uma 
pessoa tem é relativamente pequeno; segundo, todas as pessoas têm os 
mesmos valores, mas em graus diferentes; terceiro, os valores podem ser 
organizados num sistema; quarto, os valores humanos podem ser atribuídos à 
cultura, sociedade e instituições, bem com a personalidade; quinto, a forma 
como os valores se manifestam trata-se de um fenómeno que importa analisar 
(Rokeach, 1973). 
 
 
15 
 
Assim, um valor é uma crença duradoura relativamente a uma forma de 
conduta ou estado final desejado que é preferível pessoal e/ou socialmente a 
outra forma de conduta ou estado final. Rokeach (1973) propõe dois tipos de 
valores: instrumentais e terminais. Os primeiros dizem respeito à forma como 
as pessoas actuam para conseguir alcançar um fim desejado, e estão 
relacionados com aspectos morais e de competências como, por exemplo, a 
honestidade e a responsabilidade; os segundos representam as necessidades 
da natureza humana e estão associados a questões sociais e pessoais, como 
ter uma vida confortável (Rokeach, 1973). 
Os valores instrumentais foram definidos com base na condensação de 
traços de personalidade; já os valores terminais foram criados a partir de 
abordagens impressionistas (Gregory, 2004). No seu sistema de valores, 
Rokeach (1973) sugere 36 valores, 18 em cada dimensão. Para aceder a estes 
valores o autor construiu o Questionário de Valores, em que é pedido às 
pessoas para ordenarem estes valores apresentados de acordo “com a sua 
importância, enquanto princípios que guiam a sua vida”. 
Os resultados representam a hierarquia de valores de cada pessoa, em 
que scores mais baixos indicam menos importância do valor. Os valores 
deixam assim de ser consideradas tipologias estáveis e fixas e passam a ter 
uma maior flexibilidade na medida em que cada pessoa cria a sua hierarquia 
de valores. Inglehart (1997) propõe uma associação entre as necessidades 
básicas e o sistema de valores, utilizando para isso a pirâmide de 
necessidades de Maslow (1970). 
Distingue valores materialistas e valores pós-materialistas, partindo da 
ideia de que os valores surgem das mudanças ocorridas na história das 
sociedades. Desta forma, sugere que na base dos valores da sociedade estão 
as questões materialistas associadas à necessidade de estabilidade económica 
e à coesão social, sendo que no topo estão os valores pós-materialistas que, à 
semelhança da pirâmide de Maslow (1970), só surgem quando os anteriores 
atingiram certo nível de satisfação (Inglehart, 1997). Os valores pós-
materialistas dizem respeito à qualidade de vida, participação na tomada de 
decisão e realização profissional. 
As teorias de valores parecem revelar algum consenso ao 
contextualizarem os valores enquanto orientações ou motivos que guiam, 
 
 
16 
 
explicam e justificam atitudes, normas, opiniões, bem como a ação humana 
(Ramos, 2006). Tendo por base o questionário e teoria de Rockeah (1973), 
Schwartz (1992) propõe um modelo de valores inovador. À semelhança de 
outros autores, Schwartz e Bilsky (1994) definiram valores como conceitos ou 
crenças que dizem respeito a estados desejáveis ou comportamentos que 
transcendem situações específicas, e que nos guiam na seleção ou avaliação 
de comportamentos e acontecimentos, sendo que podem ser ordenados 
segundo a sua importância. 
Os valores representam, de acordo com os autores, um conjunto de 
motivações que são universais e que as pessoas, independentemente do seu 
contexto cultural, partilham três necessidades básicas: necessidades inerentes 
a cada organismo, os motivos sociais relacionados com a interação social, a 
sobrevivência e bem-estar dos grupos. Estes pressupostos conduziram à 
identificação de 10 valores motivacionais: universalismo, benevolência, 
segurança, tradição, conformismo, poder, realização, estimulação, hedonismo 
e autodetecção. 
 O universalismo diz respeito à compreensão, reconhecimento, 
tolerância e proteção do bem-estar dos outros e da natureza; 
 A benevolência está relacionada com a preservação e valorização do 
bem-estar dos outros; 
 A segurança com a harmonia e estabilidade na sociedade, das relações 
e da pessoa consigo própria; 
 Tradição, isto é, respeito, envolvimento e aceitação dos costumes e 
ideias religião e cultura; 
 Conformismo, ou seja, restrições de ideias e impulsos que possam 
violar as normas e expectativas sociais; 
 O poder relaciona-se com o estatuto e prestígio social, bem como 
controlo e domínio sobre os outros e os recursos; 
 A realização descreve a procura pelo sucesso pessoal através da 
demonstração de competência valorizada nos padrões sociais; 
 A estimulação refere-se ao desejo pela excitação e novidade, bem 
como pelo desafio; 
 
 
17 
 
 A autodetecção, caracterizada pela liberdade, criatividade, 
independência, curiosidade, escolha dos seus objetivos e auto respeito; 
por fim, 
 O hedonismo representa o prazer e a gratificação sensorial para cada 
pessoa (Ramos, 2006). 
 
O que permite distinguir um valor de outro são as motivações presentes 
em cada um, sendo que os valores são representações cognitivas da 
importância dos objetivos e das motivações pessoais (Bilsky & Schwartz, 
1994). A procura por um tipo de valores tem consequências psicológicas, 
práticas e sociais que podem, por vezes, entrar em conflito e/ou conduzirem à 
procura de outro tipo de valores (Schwartz & Sagi, 2000). 
Estes 10 valores podem ser organizados segundo o grau de 
compatibilidade ou incompatibilidade existente entre si, dando origem a quatro 
valores de ordem superior que, por sua vez, são agrupados em duas 
dimensões que seopõem. 
_________________ 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722007000100008 
 
 
18 
 
A primeira diz respeito à autotranscedência versus autodesenvolvimento 
que reflete a oposição existente entre a preocupação com o bem-estar dos 
outros e o querer aceitá-los como iguais (autotranscedência), bem como a 
necessidade de alcançarmos os nossos objetivos e dominar os outros 
(autodesenvolvimento). 
A segunda dimensão corresponde à oposição entre a abertura à 
mudança e a conservação que reflete os conflitos entre a autonomia, a 
liberdade de ação e orientação e a obediência, preservação e necessidade de 
proteção e estabilidade (Schwartz, 1992). Os valores enquanto objetivos, 
quando alcançados, servem interesses pessoais e coletivos, sendo que os 
primeiros se opõem aos segundos (Schwartz, 1992). 
 Este modelo tem sido amplamente testado, sendo aplicado através do 
European Social Survey (ESS) a amostras representativas de 19 países 
europeus. Para isso foi criado o Questionário de Valores Sociais que procura 
medir os valores de cada pessoa através da sua identificação com a descrição 
que é feita de uma pessoa com determinadas características. Os resultados do 
estudo do ESS revelam que os valores propostos são equivalentes nos 
diferentes países, apresentando bons valores de consistência interna e que os 
10 valores se distribuem como esperado pelas dimensões e valores de ordem 
superior. 
A autotranscedência está negativamente relacionada com o 
autodesenvolvimento, assim como a conservação face à abertura à mudança 
(Ramos, 2006). Assim, e uma vez que os valores são equivalentes entre 
países, é possível analisar diferenças entre os mesmos no que diz respeito à 
importância dada a cada um. Pode concluir-se, assim, que os valores 
representam motivações que guiam, explicam e justificam a ação humana, e 
que podem ser hierarquizados segundo o seu grau de importância na vida. 
A ideia de que as pessoas possuem um sistema de valores fixo com 
elementos estáveis e separados dá lugar à noção de que as pessoas criam os 
seus próprios sistemas de valores. Esta mudança ocorre principalmente como 
o trabalho de Rockeah (1973), seguido por Schwartz (1992) que adiciona o 
facto de existirem valores universais que permitem a comparação da forma 
como diferentes pessoas, em diferentes lugares, hierarquizam os seus valores. 
 
 
19 
 
O modelo de 10 valores universais de Schwartz (1992) tem sido 
amplamente estudado, contribuindo para a investigação dos aspectos 
específicos de cada cultura, para questões relacionadas com o comportamento 
e as atitudes das pessoas. 
 
2. Determinantes da Representação Social 
 
A representação social é uma modalidade de conhecimento e uma 
interpretação do real, determinada pela estrutura da sociedade onde ela se 
desenvolve. No entanto, essa influência não é linear, isto é, não se pode 
compreender a representação social como sendo resultado único de processos 
socioeconômicos. Se, por um lado, as normas e valores sociais são 
fundamentais na gênese dos sistemas de orientação do sujeito, por outro lado 
eles se combinam com as atitudes e motivações construídas ao longo das 
experiências pessoais através de uma história. 
Essa combinação implica um duplo movimento de objetivação e 
subjetivação do objeto. Três processos intervêm nessa relação realidade 
social-representação social-atividade do sujeito: 
a) A Pressão à Inferência - Considerando que o sujeito busca 
constantemente o consenso com o seu grupo e que a ação o obriga a 
estimar, comunicar e responder às exigências da situação a cada 
momento, essas múltiplas pressões tendem a influenciar a natureza dos 
julgamentos, preparando respostas pré-fabricadas e forçando um 
consenso de opinião para garantir a comunicação e assegurar a 
validade da representação. 
b) A Focalização - "Refere-se à densidade de interesses dos sujeitos em 
relação ao objeto" (Silva, 1978, p. 27). O sujeito tende a dar uma 
atenção variável aos aspectos do ambiente social. A intensidade de 
suas atitudes e o modo pelo qual ele relaciona os dados da realidade 
depende de seus hábitos lógicos e linguísticos, de tradições históricas e 
da estratificação de valores. 
c) Defasagem e Dispersão de Informação - "esse fator refere-se às 
condições de acesso e exposição às informações sobre o objeto 
(inclusive do próprio objeto)" (Silva, 1978, p. 27). Essa diversidade de 
 
 
20 
 
informação refere-se não só às informações disponíveis, mas também 
às condições objetivas de acesso a elas como, por exemplo, obstáculos 
de transmissão, falta de tempo, barreiras educativas e até mesmo os 
efeitos de especialização. 
Além disso, para se constituir como organização cognitiva a 
representação social se apoia em dois princípios: 
1. Analogia - é um princípio de mediação entre dois ou mais universos 
tornados permeáveis por uma transferência, ou generalização de uma 
resposta ou de um conceito já conhecido para uma resposta ou conceito 
novo. 
2. A analogia permite a construção do objeto representado a partir de uma 
informação sumária sobre o objeto, relacionando seus atributos com 
atributos semelhantes pertencentes a outros objetos significativos. A 
analogia permite uma economia de informação justificada pelas 
exigências da comunicação. 
3. Compensação - é um princípio que regula a frequência de raciocínio, 
sua coerência interna. São, segundo Moscovici (1976), operações que 
fazemos maximizando as semelhanças ou diferenças a fim de introduzir 
o objeto em uma classe. É uma tendência à estabilidade, à coerência, à 
não-contradição das proposições destinadas a exprimir o conteúdo das 
representações. 
Silva (1978) destaca que, a partir das características descritas, a 
representação social seria: 
a) Uma recriação do objeto determinada simultaneamente pela estrutura 
psicológica e pela estrutura social 
b) Um processo de mediação entre o conceito e o objeto, em que o 
processo individual e as características do objeto se relacionam e se 
engendram mutuamente 
c) Um princípio de ordenamento dos objetos em um sistema coerente, o 
que lhe confere uma significação individual e social. Jodelet propõe a 
seguinte definição da representação social: 
O conceito de representação social designa 
uma forma de conhecimento específico, o 
saber do senso comum, cujos conteúdos 
 
 
21 
 
manifestam a operação de processos 
generativos e funcionais socialmente 
marcados. Mais abrangentemente, ela designa 
uma forma de pensamento social. As 
representações sociais são modalidades de 
pensamento prético orientado para a 
comunicação, a compreensão e o domínio do 
ambiente social, material e ideal. Enquanto tal, 
elas apresentam características específicas no 
plano da organização dos conteúdos, das 
operações mentais e da lógica. A marca social 
dos conteúdos ou dos processos da 
representação remete às condições e ao 
contexto das quais emergem as 
representações, às comunicações pelas quais 
elas circulam, às funções que elas têm na 
interação com o mundo e com os outros 
(Jodelet, 1984, pp. 361-362). 
Esta definição possui, no entanto, uma tal abrangência que dificulta a 
operacionalização do conceito nos trabalhos de pesquisa. O próprio Moscovici 
(1976) reconhece que o conceito não é facilmente apreendido embora o "seja a 
realidade das representações sociais". A sua situação de conceito carrefour faz 
com que ela designe um grande número de fenômenos e processos, como o 
salientam Doise e Palmonari (1986). 
 E, continuam os autores, "a pluralidade de abordagens e de 
significações que ela veicula fazem dela um instrumento de trabalho difícil de 
manipular" (Doise e Palmonari, 1986, p. 83). Paradoxalmente, é nisso que 
consiste a sua riqueza. Ela busca articular diferentes sistemas explicativos, 
referindo-se aos processos individuais, inter-individuais, intergrupais e 
ideológicos. Qualseria, pois, a diferença entre representação social e 
ideologia? 
 
 
 
 
 
 
22 
 
2.1. Representação Social E Ideologia 
A representação social é, segundo Jodelet (1991, p. 15) "uma forma de 
conhecimento que embora distinta do saber sapiente ou sério' (Foucault, 1969), 
deve ser estudada como tal em seus estudos e processos (Jodelet, 1988) e 
enquanto um saber prático do senso comum, socialmente compartilhado e tido 
por evidência consensual no quotidiano (Berger e Luckmann, 1966)". Ainda 
segundo a autora, dessa definição decorre que o estudo da representação 
social deve levar em conta: 
- “o sujeito do conhecimento - indivíduo ou grupo 
- e sua experiência”. 
- “as condições sócias de sua produção e de sua 
circulação em referência a uma prática já que 
este conhecimento se oferece como versão do 
mundo que gere a vida cotidiana material, social 
etc”. (Jodelet, 1991, p. 15) 
Jodelet (1991) afirma que na medida em que o conceito de ideologia não 
conseguiu explicar o papel do conceituai nas relações sociais e nas relações 
de poder, a noção de representação social constitui um novo olhar sobre o 
social e o pensamento, tendo como perspectiva a questão da mudança. 
Na medida em que fatos sociais é objeto do conhecimento, as 
representações são a parte conceituai do real. Paradoxalmente, as 
representações são constitutivas do social na medida em que os sujeitos só se 
situam com relação aos outros no momento em que os fatos sociais são 
apropriados pela consciência, isto é, representados pelos sujeitos. Lipiansky 
(1991), no entanto, ao discutir as diferenças entre os conceitos de 
representação social e ideologia salienta a dificuldade de precisar esses 
limites, uma vez que, quanto à sua utilização, eles aparecem de forma desigual 
em Psicologia Social. 
Além disso, há desigualdade da elaboração dessas noções nos 
trabalhos de pesquisa na área de Psicologia Social. Enquanto a representação 
social vem se constituindo como um conceito fértil e articulado em Psicologia 
Social, o conceito de ideologia é utilizado raramente, de forma limitada e 
imprecisa. Vale salientar que a articulação entre os dois conceitos é, segundo 
 
 
23 
 
Lipiansky (1991), insuficiente, pois raramente os pesquisadores fazem uma 
confrontação explícita e/ou uma articulação entre eles. 
Para este autor, é necessário fazer algumas distinções entre 
representação social e ideologia, partindo do pressuposto de que eles não são 
sinônimos. 
A primeira distinção proposta por Lipiansky (1991) é uma distinção de 
nível. Ele ressalta que o conceito de ideologia aparece nas pesquisas como um 
sistema de representações. Nesse sentido, ela seria o contexto no qual se 
inscreveriam as representações isoladas. Tudo se passa como se a ideologia 
fosse de um nível que englobaria as representações. A segunda distinção 
proposta diz respeito à extensão e domínio dos dois conceitos. "O termo 
ideologia refere-se geralmente a sistemas de representações compartilhadas 
por todo um grupo social, tendo um caráter dominante sobre o campo das 
representações desse grupo" (Lipiansky, 1991, p.50). 
A terceira distinção remete às funções específicas da ideologia. Esta 
aparece nas pesquisas em Psicologia Social com as funções de racionalização 
das condutas, função de defesa, função de articulação do individual e do 
grupai, do psicológico e do social. Para Lipiansky (1991) é necessário 
confrontar os dois conceitos para que se possam construir as articulações e 
suas possíveis operacionalizações no campo da Psicologia Social. Partindo da 
definição de ideologia como um sistema de representações, pode-se apenas 
deduzir que a ideologia seria o fio de articulação das diferentes 
representações. Isso nos daria a ideia da estrutura da ideologia, mas não de 
sua função e processo. 
No que se refere à função da ideologia, o pensamento marxista remete 
às relações de classe. "Ela traduz as posições e interesses de um grupo 
particular, naturalizando essas posições e interesse, apresentando-os como 
universais e comuns no conjunto da humanidade e tendendo a legitimar a 
ordem estabelecida" (Lipiansky, 1991, p. 56). Aqui, ideologia aparece como a 
expressão do pensamento de um grupo sem que haja reciprocidade. "A 
representação das relações deste grupo às suas práticas e relações sociais, 
torna-se, para ele, a descrição e explicação da realidade" (Lipiansky, 1991, p. 
57). 
 
 
 
24 
 
3. A Psicologia e o Comportamento Social 
A Psicologia Social tem como foco o estudo do comportamento do 
indivíduo em sociedade. Segundo Lane (1995) o ambiente social incide no 
comportamento do indivíduo antes do seu nascimento, pois o contexto familiar 
e as condições em que a gestação acontece determinam a forma como este 
momento será significado e vivenciado. 
A psicologia estuda o convívio social, como ele se processa, quais as 
leis que regem e quais as consequências do processo de interação social. O 
objeto principal da psicologia social é o indivíduo em sociedade, pois não 
vivermos isolados, mas estamos em constante interação com outras pessoas. 
As principais teorias da Psicologia Social são as que se debruçam sobre a 
aprendizagem social, com base no behaviorismo, na perspectiva cognitivista, 
na perspectiva sociocultural e na perspectiva evolutiva baseada na influência 
biopsicossocial. 
As principais áreas da psicologia social são a percepção no que se 
refere à compreensão do outro, as atitudes na tomada de decisão em relação 
às mudanças das mesmas, agressão e conflito como fenômenos sociais na 
interação com o outro e as dinâmicas de grupos que visam compreender e 
conhecer a própria identidade. Segundo pesquisa realizada pelo Conselho 
Federal de Psicologia em 1988, publicada no livro Quem é o psicólogo 
brasileiro, os motivos apontados quando da escolha da profissão podem ser de 
três ordens: 
Dos motivos voltados para si emerge a busca 
de mudanças; daqueles motivos voltados para 
o outro se evidencia a orientação de ajuda e, 
finalmente, dos motivos voltados para a 
profissão fica patente a atração e fascínio que 
o psíquico exerce sobre as pessoas (Carvalho 
et al., 1988, p.56). 
Isso significa que boa parte dos estudantes e profissionais da psicologia 
no Brasil tem a sua atuação voltada para a chamada psicologia tradicional na 
área clínica, que tem, historicamente, caráter privativo e individualizado. A 
psicologia social se diferencia em muitos aspectos da proposta de consultório 
 
 
25 
 
focando no indivíduo que está inserido na sociedade, que faz parte de um 
grupo social. Segundo Lane (2006), nosso modo de agir é determinado pelo 
grupo social ao qual pertencemos. Como, nesta convivência, definimos nossa 
identidade. 
A Psicologia Social estuda o comportamento dos indivíduos enquanto 
seres influenciados, por intermédio da linguagem e dos valores que 
assimilamos. Tratando do desenvolvimento da consciência social, na escola e 
no trabalho, a autora nos faz compreender a transformação do indivíduo em 
agente da história de sua sociedade. Estudando o processo de interação entre 
as pessoas, a psicologia social permite que se tenha uma melhor compreensão 
do comportamento social. Segundo Neves (2013), está concepção de ser 
humano recoloca a relação indivíduo e sociedade, rompendo com a 
perspectiva dualista e dicotômica, na qual indivíduo e contexto social 
influenciando-se mutuamente. 
Propõem em seu lugar a construção de um espaço de intersecção com 
novos temas, entre os quais, as representações sociais são os exemplos mais 
representativos. Nestes temas está incluído o estudo das causas e efeitos do 
comportamento individual e da interação dos mesmos com o grupo ou 
sociedade. Além disto, uma compreensão dos pensamentos, atitudes e 
comportamentos individuais que repercutem no campo social e no campo 
individual. 
Isso significa que boa parte dos estudantes e profissionais da psicologiano Brasil tem a sua atuação voltada para a chamada psicologia tradicional na 
área clínica, que tem, historicamente, caráter privativo e individualizado. A 
psicologia social se diferencia em muitos aspectos da proposta de consultório 
focando no indivíduo que está inserido na sociedade, que faz parte de um 
grupo social. Segundo Lane (2006), nosso modo de agir é determinado pelo 
grupo social ao qual pertencemos. Como, nesta convivência, definimos nossa 
identidade. 
A Psicologia Social estuda o comportamento dos indivíduos enquanto 
seres influenciados, por intermédio da linguagem e dos valores que 
assimilamos. Tratando do desenvolvimento da consciência social, na escola e 
no trabalho, a autora nos faz compreender a transformação do indivíduo em 
agente da história de sua sociedade. Estudando o processo de interação entre 
 
 
26 
 
as pessoas, a psicologia social permite que se tenha uma melhor compreensão 
do comportamento social. Segundo Neves (2013), está concepção de ser 
humano recoloca a relação indivíduo e sociedade, rompendo com a 
perspectiva dualista e dicotômica, na qual indivíduo e contexto social 
influenciando-se mutuamente. 
Propõem em seu lugar a construção de um espaço de intersecção com 
novos temas, entre os quais, as representações sociais são os exemplos mais 
representativos. Nestes temas está incluído o estudo das causas e efeitos do 
comportamento individual e da interação dos mesmos com o grupo ou 
sociedade. Além disto, uma compreensão dos pensamentos, atitudes e 
comportamentos individuais que repercutem no campo social e no campo 
individual. 
Segundo Farr (1994), existem duas formas diferentes de psicologia 
social: formas psicológicas e formas sociológicas. As formas psicológicas de 
psicologia social reduzem as explicações do coletivo e do social a partir de leis 
individuais. O indivíduo é entendido como uma entidade liberal, autônoma, 
independente das relações com o contexto social que o cerca e consciente de 
si. Segundo Figueiredo (1991), a história da psicologia emerge quando 
reconhece a instância individual do homem na sociedade e que, por motivos 
sociais, políticos e econômicos, necessita ser normatizada e padronizada. 
Desta forma, a psicologia só ganha espaço quando se tem o 
reconhecimento da experiência privatizada, bem como o reconhecimento da 
experiência da crise desta subjetividade. Ainda, é quando a doutrina liberal 
afirma a individualidade, liberdade e igualdade dos homens que se dá o 
reconhecimento daquela subjetividade. Entretanto, o próprio indivíduo percebe 
que estes princípios são mera ilusão, ocasionando assim a crise da 
subjetividade, que requer solução. 
Temos afirmado que esse é um bom motivo para estudar a história da 
psicologia (Cambava, Silva & Ferreira, 1997). Estudar a história da psicologia é 
apreendê-la na sua totalidade enquanto criação humana, isto é, compreender 
como, por que e quando foi criada. Isso pode significar a compreensão do 
predomínio de linhas teóricas, a eleição dominante de uma determinada área 
de atuação, o aparecimento de novas áreas de atuação. Mas estudar a história 
da psicologia vai, além disso, e inclui o homem como produtor de 
 
 
27 
 
conhecimento. De dessa forma, o situa frente ao mundo em que vive e no qual 
atua. A forma de compreender a psicologia tem a pretensão de estudar a 
sociedade, no entanto não pode ignorar a existência de fatores psicológicos ou 
individuais que influem no comportamento social. 
Neste caso o estudo da mente humana e da sua interação na sociedade 
ou de grupos específicos dentro da mesma, se apresenta como um misto de 
Psicologia e de Sociologia. Em outras palavras o estudo da psicologia na forma 
sociológica, se apresenta em três vertentes, que inclui conhecer o outro, as 
influências recíprocas entre ambos e as interações sociais. 
A Psicologia Social passa a estudar comportamento social, apoiando-se 
na compreensão das interações sociais, processo cognitivo, variáveis 
ambientais, contexto cultural e fatores biológicos dos indivíduos. Desta forma 
estamos considerando que o homem produz sua história e compreender como 
desenvolve ideias na sua relação com o mundo. 
 
 
3.1. Concepções de Humanismo e as Contingências Sociais 
 
Segundo pensamento de Marx (1984), o primeiro pressuposto de toda 
história humana é a existência de indivíduos humanos vivos, que se distinguem 
dos animais, não pelo fato de pensar, mas de produzir seus meios de vida. A 
organização corporal destes indivíduos e sua relação com a natureza 
constituem a história da humanidade. Esta relação implica em transformação 
dos homens e da natureza, registrando pensamentos, que apoiam o 
conhecimento do mundo. 
____________________ 
http://institutomentefit.org/2017/11/01/esquemas-mentais/ 
 
 
28 
 
Dessa maneira, o conhecimento humano se apresenta de diferentes 
formas: como conhecimento histórico, filosófico, teológico, senso comum, 
científico e tantos outros. Para Chauí (2002), dadas características que trazem 
a humanidade ao homem, como a liberdade, racionalidade, comunicabilidade e 
possibilidade de interação com a natureza e o tempo, a sociedade e a cultura 
definem o homem como sujeito do conhecimento e da ação, não podendo a 
violência reduzi-lo a coisa ou objeto. 
No entanto, tal cultura e sociedade, ao delinearem o que têm por crime, 
vício e o mal em geral, acabam por circunscrever aquilo que entendem por 
violência contra o próximo e, assim, erguer os valores positivos do bem e da 
virtude, como barreiras éticas contra a violência. Mais uma vez, sem que se 
perceba, os homens são educados e cultivados por criação histórico-cultural na 
busca da sociedade por uma manutenção de seus padrões morais que, com o 
tempo e as gerações, são naturalizados. 
 As ideias psicológicas acerca de processos individuais e subjetivos se 
converterem em ciência requerem um pensar sobre a história da humanidade, 
sobre o desenvolvimento do seu pensamento enquanto manifestação da sua 
condição de vida material. Assim, apesar do fundo comum que possa haver 
entre sociedades com relação a certos valores éticos, é ainda primordial que 
seja respeitado aquilo que pode ser considerado como atitude ética pelas mais 
variadas culturas, ainda que tais valores agridam o que se tem por valor ético 
em sua própria sociedade, como, por exemplo, a manutenção da condição 
humana de sujeito sem que este se transforme em coisa a ser manipulada por 
outros. 
O humanismo é uma postura de vida democrática e ética que afirma que 
os seres humanos têm o direito e a responsabilidade de dar sentido e forma às 
suas próprias vidas. Defender a construção de uma sociedade mais humana 
através de uma ética baseada em valores humanos e outros valores naturais, 
dentro do espírito da razão e do livre-pensamento, com base nas capacidades 
humanas Desta forma, o humanismo constitui uma postura de vida que entra 
na esfera da compreensão do Outro. A psicologia humanista é uma reação ao 
determinismo nas práticas psicoterapêuticas, compreendendo o homem como 
autor de sua própria história e mesmo tempo preso a ela. 
 
 
29 
 
Até o problema mais simples deve ser objeto de investigação psicológica 
para entender o indivíduo como ser humano, incluído em um mundo social 
constituído por ações e interações, subordinadas a usos, costumes e regras e 
dizem respeito a meios, fins e resultados. Resumidamente humanismo, nesta 
forma de compreensão, significa, entre outras coisas, reconhecer que estamos 
em relação uns com os outros, que precisamos exercitar a compreensão para 
atingir o mundo do vivido do outro, aceitando sua racionalidade e 
intencionalidade. 
 
3.2. As Contribuições da Psicologia Social Para Uma Concepção de 
Humanismo 
 
Passamos a tratar das relações que podem ser estabelecidas entre a 
psicologia social, ideologia e humanismo. A psicologia social deve estudar as 
formas de alteridadepensando nos modos pelos quais se estabelecem as 
trocas entre os seres humanos. Ao fazer estudo identifica a construção da 
subjetividade de um sujeito, constituída na relação com o outro. 
Implica, também, pensar na diferença, para aceitação mútua, o 
reconhecimento da singularidade e da identidade. Para que as ideias 
psicológicas acerca de processos individuais e subjetivos se converterem em 
ciência se fazem necessário pensar sobre a história da humanidade, sobre o 
desenvolvimento do seu pensamento, enquanto manifestação da sua condição 
de vida material. 
Faz-se necessário perguntar sobre as relações que podem ser 
estabelecidas entre a psicologia social, o entendimento da história e a ideologia 
que fundamenta as concepções de ser humano. Na discussão sobre o homem 
como objeto da ciência se inclui a interdisciplinaridade entre as subdivisões 
para investigar as condições que possibilitam a consolidação do olhar da 
Psicologia. As condições econômicas e sociais advindas do modelo político-
econômico vigente da globalização da economia promovem o aumento da 
recessão, dos privilégios e do desemprego, degradando as relações humanas. 
A competição pelas ofertas cada vez menores de emprego e a 
consequente ameaça de perda daquilo que garante as condições básicas para 
a sobrevivência, o apelo ao consumo que não pode ser concretizado e, o pior, 
 
 
30 
 
os contingentes de excluídos e o decorrente aumento da violência e do ódio 
social, tornam a convivência entre as pessoas cada vez mais problemática. 
Neste contexto, falar em alteridade, construção da subjetividade, identidade 
psíquica e identidade cultural é um exercício árduo. 
Entretanto, quando constatamos o aumento ininterrupto de pessoas que 
o sistema excluiu e transformou em moradores de rua, sem teto, sem 
privacidade, sem sequer um espaço que separe o público do privado, 
totalmente expostos e invadidos pelos olhares curiosos ou indiferentes dos 
passantes, fica difícil pensar em preservação da identidade e na sobrevivência 
do sujeito. O que temos, então, são trocas marcadas pela rejeição, pelo ódio, 
pela indiferença. Os investimentos afetivos são, em grande parte, da mesma 
ordem, ou seja, falta amor, fundamento para a bondade e o caráter. As 
pessoas são coisificadas e as coisas personalizadas. 
Tratar do comportamento social como uma questão psicológica isolada é 
facilmente questionável, pois, sem situar a análise em um campo social, que 
leva em consideração uma gama muito maior de fatores interdependentes, 
interagindo entre si, inviabiliza uma completa análise sócia histórica. (Crespo & 
Freire, 2014). Atualmente se instalou uma nova forma de individualismo como 
uma radical mudança de contrato social, o que produziu uma troca ideológica 
neoliberal e que põe em questão o modelo antes vigente de repartimento de 
riquezas e a legitimidade desse repartimento. 
 As responsabilidades da atual constituição da sociedade e do sujeito se 
constroem mutuamente num processo social, histórico, político e ético. 
Portanto segundo Guareci (2012), a psicologia social faz a junção entre o ser 
humano sua consciência e a realidade exterior: sua consciência é resultante 
das respostas que conseguimos dar às perguntas: Por que sou o que sou? Por 
que o mundo que me rodeia é assim? A verdadeira consciência, isto é, o 
fundamental e profundo e insubstituível, o essencial do ser humano, é o que 
ele consegue construir a partir de seu entorno existencial e do que fizeram 
dele, ou seja, o ser humano começa a se subjetivar, a construir a ter 
consciência no momento em que descobre respostas às perguntas. 
É neste sentido que precisamos ter como ponto de partida o 
entendimento das interações tais como elas se apresentam neste dado 
momento histórico, como as personalidades se expressam historicamente 
 
 
31 
 
através da vida institucional e social mais ampla que norteiam tais relações. 
Esta é uma das tarefas da psicologia social que bem desempenhada, pode nos 
oferecer elementos necessários para a transformação da realidade. 
 
3.3. Implicações Para uma Ciência Histórica do Comportamento 
Social 
 
Sob a luz dos presentes argumentos, a tentativa contínua de construir 
leis gerais do comportamento social parece mal direcionada, e a crença 
associada a ela de que o conhecimento da interação social pode ser 
acumulado como nas ciências naturais revela-se injustificada. Em essência, o 
estudo em psicologia social é fundamentalmente um empreendimento histórico. 
Estamos essencialmente engajados em incontáveis questões contemporâneas. 
Utilizamos metodologia científica, porém os resultados não são princípios 
científicos no sentido tradicional. No futuro, historiadores poderão voltar-se 
para tais relatos do passado a fim de alcançar uma melhor compreensão 
acerca da vida nos dias atuais. 
Entretanto, é provável que os psicólogos do futuro encontrem pouco 
valor no conhecimento contemporâneo. Esses argumentos não são puramente 
acadêmicos e não se limitam a uma simples redefinição de ciência. Aqui estão 
implicadas significantes alterações na atividade de campo. Cinco dessas 
alterações merecem atenção. 
 
Rumo à Integração do Puro e do Aplicado 
Entre psicólogos acadêmicos encontra-se difundido um preconceito 
contra a pesquisa aplicada, um preconceito que é evidenciado pelo enfoque 
dado à pesquisa pura pelos periódicos de prestígio e pela dependência de 
promoção e manutenção de contribuições à pesquisa pura em oposição à 
pesquisa aplicada. Esse preconceito baseia-se, em parte, na suposição de que 
a pesquisa aplicada é de valor transitório. 
 Enquanto esta se limitaria a resolver problemas imediatos, a pesquisa 
pura contribuiria para um conhecimento básico e duradouro. Do ponto de vista 
atual, o solo no qual se assentam tais preconceitos não é merecedor de 
respeito. O conhecimento que a pesquisa pura se dedica em estabelecer é 
 
 
32 
 
também transitório; generalizações nessa área de pesquisa geralmente não 
perduram. 
A tal ponto que, quando generalizações da pesquisa pura têm grande 
validade transitória, podem estar refletindo processos de interesse periférico ou 
importantes para o funcionamento da sociedade. Psicólogos sociais são 
treinados para usar ferramentas de análise conceitual e metodologia científica 
a fim de explicar a interação humana. 
No entanto, dada a esterilidade em aperfeiçoar os princípios gerais ao 
longo do tempo, essas ferramentas mostram-se mais produtivas quando 
usadas na resolução de problemas de importância imediata para a sociedade. 
Isso não implica que tais pesquisas devam ser de alcance restrito. Um defeito 
fundamental de grande parte das pesquisas aplicadas é que os termos usados 
para descrever e explicar são relativamente concretos e específicos para o 
caso em mãos. Enquanto os comportamentos concretos estudados pelos 
psicólogos acadêmicos são frequentemente mais triviais, a linguagem 
explicativa é altamente geral, e assim mais amplamente heurística. É assim 
que os argumentos presentes sugerem uma intensa focalização em assuntos 
sociais contemporâneos, baseados na aplicação de métodos científicos e 
ferramentas conceituais largamente generalizadas. 
 
Da Predição à Sensibilização 
O objetivo central da psicologia é tradicionalmente encarado como a 
predição e o controle do comportamento. Do nosso ponto de vista, esse 
objetivo é despropositado e oferece pouca justificativa para a pesquisa. 
Princípios do comportamento humano podem ter valor preditivo temporalmente 
limitado, e seu alto conhecimento pode torná-los impotentes como ferramentas 
de controle social. Todavia, previsão e controle não precisam servir de pedras 
angulares do campo. 
A teoria psicológica pode desempenhar um papel excessivamente 
importante enquanto dispositivo de sensibilização. Pode esclarecer-nos acerca 
da gama de fatores que potencialmente influenciam o comportamento sob 
váriascondições. A pesquisa pode também oferecer algumas estimativas da 
importância desses valores num determinado momento. Seja no caso do 
domínio da política pública ou dos relacionamentos pessoais, a psicologia 
 
 
33 
 
social pode aguçar a sensibilidade de um indivíduo para influências sutis e 
apontar suposições sobre o comportamento que não se mostraram úteis no 
passado. 
Quando se pede um conselho ao psicólogo social sobre um provável 
comportamento em uma situação concreta, a reação consiste em desculpar-se. 
É necessário explicar que o campo ainda não se encontra suficientemente 
desenvolvido a ponto de que predições confiáveis possam ser feitas. Do nosso 
ponto de vista, tais desculpas são inapropriadas. O campo pode raramente 
fornecer princípios para que predições confiáveis possam ser feitas. 
Padrões de comportamento estão sob constante mudança. Contudo, o 
que o campo pode e deve oferecer são pesquisas informando o inquiridor do 
número de possíveis ocorrências, ampliando assim sua sensibilidade e 
preparando-o para uma acomodação mais rápida à modificação ambiental. 
Pode prover ferramentas conceituais e metodológicas com as quais um número 
maior de juízos de discernimento pode ser efetuado. 
 
3.4. Desenvolvendo Indicadores de Disposições Psicossociais 
 
Psicólogos sociais evidenciam uma contínua preocupação com 
processos psicológicos básicos, ou seja, processos que influenciam um vasto e 
variado conjunto de comportamentos sociais. Simulando a preocupação de 
psicólogos experimentais com processos básicos, como visão em cores, 
aquisição da linguagem, memória e assim por diante, psicólogos sociais 
detiveram-se em alguns processos, tais como dissonância cognitiva, nível de 
aspiração e atribuição causal. 
Entretanto, há uma profunda diferença entre os processos estudados 
nos domínios da psicologia geral experimental e no domínio da psicologia 
social. No primeiro caso, os processos estão frequentemente guardados 
biologicamente no organismo, não estão sujeitos a efeitos de esclarecimento e 
não dependem de circunstâncias culturais. Ao contrário, a maioria dos 
processos de domínio social é dependente de disposições sujeitas a 
modificação ao longo do tempo. 
Assim sendo, é um erro considerar os processos em psicologia social 
como básicos no sentido das ciências naturais. Antes, podem ser largamente 
 
 
34 
 
considerados a contrapartida psicológica de normas culturais. Da mesma 
maneira que um sociólogo preocupa-se em medir preferências parciais ou 
padrões de mobilidade no decurso do tempo, o psicólogo social poderia atentar 
para os padrões de mudança das disposições psicológicas e a sua relação com 
o comportamento social. 
Se a redução de dissonância é um processo importante, então 
deveríamos estar aptos a medir a prevalência e a força de tal disposição no 
seio da sociedade ao longo de tempo e os modos de redução de dissonância 
prediletos num dado momento. Se a elevação da estima parece influenciar a 
interação social, os amplos estudos culturais deveriam revelar a extensão 
dessa disposição, sua força em várias subculturas, e a forma do 
comportamento social com a qual se encontra mais associada a um dado 
momento. 
Embora experimentos em laboratório sejam adequados ao isolamento 
de disposições particulares, são pobres indicadores da série e da significância 
dos processos da vida social contemporânea. São extremamente necessárias 
metodologias que estabeleçam contato com a prevalência, força e forma das 
disposições sociais no tempo. Com efeito, uma tecnologia dos indicadores 
sociais psicologicamente sensíveis (Bauer, 1969) é desejada. 
 
Pesquisa em Estabilidade Comportamental 
O fenômeno social pode variar consideravelmente na medida em que se 
submete à mudança histórica. Certos fenômenos podem ser mais 
estreitamente vinculados a dados fisiológicos. A pesquisa de Schachter (1970) 
sobre estados emocionais parece ter uma forte base fisiológica, assim como o 
trabalho de Hess (1965) sobre afeto e constrição pupilar. Embora disposições 
adquiridas possam vir a superar algumas tendências fisiológicas, tais 
tendências deveriam se reafirmar gradualmente. 
Outras propensões fisiológicas, ainda, podem ser irreversíveis. Pode 
haver também disposições que são suficientemente poderosas para que nem o 
esclarecimento e nem mesmo as mudanças históricas venham a causar-lhe 
algum impacto. Algumas pessoas geralmente evitarão estímulos físicos 
dolorosos, apesar de suas sofisticações ou das normas correntes. Devemos 
pensar, então, em termos de um contínuo de durabilidade histórica, com 
 
 
35 
 
fenômenos altamente suscetíveis à influência histórica num extremo e 
processos mais estáveis no outro. 
Assim, métodos de pesquisa habilitando-nos a discernir a durabilidade 
relativa do fenômeno social são bastante necessários. Métodos interculturais 
poderiam ser empregados para esse fim. Embora a replicação intercultural seja 
repleta de dificuldades, similaridade numa dada função entre culturas 
amplamente divergentes atestaria fortemente sua durabilidade no tempo. 
Técnicas de análise de conteúdo poderiam também ser empregadas no exame 
de períodos históricos recentes. 
Até agora, tais empreendimentos têm fornecido pouco além de citações 
indicando que algum grande pensador pressentiu uma hipótese familiar. Temos 
ainda que travar contato com a vasta quantidade de informações referentes 
aos padrões de interação nos últimos períodos. Embora a progressiva 
sofisticação dos padrões de comportamento ao longo do espaço e do tempo 
fornecesse valiosas compreensões referentes à durabilidade, alguns difíceis 
problemas apresentar-se-iam. Alguns padrões de comportamento podem 
permanecer estáveis até uma observação minuciosa. Outros podem 
simplesmente tornar-se disfuncionais com o passar do tempo. 
A confiança do homem num conceito de deidade tem uma longa história 
e é encontrada em numerosas culturas. Entretanto, muitos são céticos sobre o 
futuro desta crença. Taxas de durabilidade teriam assim que contribuir para a 
estabilidade potencial tanto quanto atual do fenômeno. Ainda que a pesquisa 
por disposições culturais mais duráveis seja extremamente valiosa, não 
deveríamos daí concluir que seja mais útil ou desejável que estudar os padrões 
passados de comportamento. Grande parte da variabilidade do comportamento 
social deve-se indubitavelmente a disposições historicamente dependentes, e o 
desafio de capturar tais processos "em luta" e durante períodos preciosos da 
história é imenso. 
 
Rumo a uma História Social Integrada 
Sustentou-se que a pesquisa em psicologia social é fundamentalmente o 
estudo sistemático da história contemporânea. Assim sendo, parece miopia 
manter a separação disciplinar (a) do estudo tradicional de história e (b) de 
outras ciências historicamente fronteiriças (incluindo sociologia, ciência política 
 
 
36 
 
e economia). As particulares estratégias de pesquisa e a sensibilidade do 
historiador poderiam elevar a compreensão da psicologia social, passada e 
presente. 
Particularmente útil seria a sensibilidade do historiador às sequências 
causais no curso do tempo. Muitas pesquisas em psicologia social centram-se 
em segmentos momentâneos de processos em andamento. Temos nos 
concentrado muito pouco na função desses segmentos dentro de seu contexto 
histórico. Temos pouca teoria lidando com a inter-relação entre eventos dentro 
de longos períodos de tempo. 
Da mesma feita, historiadores poderiam beneficiar-se das mais rigorosas 
metodologias empregadas pelos psicólogos sociais tanto quanto de sua 
sensibilidade a variáveis psicológicas. Contudo, o estudo da história, passada e 
presente, deveria ser empreendido da maneira mais ampla possível. 
 
4. Psicologia Social: Educação, Trabalho 
 
Quando a Psicologia se constituiu como disciplina científica, seu 
alcance ficou inicialmente limitado à análise damente e de seus mecanismos, 
antes de expandir-se e incluir o estudo do comportamento. Durante a maior 
parte da primeira metade dos séculos XX, a ênfase da disciplina ficou, portanto, 
no estudo da mente e do comportamento individual e suas respostas ao 
ambiente. Não obstante, ficou cada vez mais claro para alguns psicólogos 
que o “ambiente” incluía outras pessoas, configurando um ambiente 
socioeconômico e político através de relações interpessoais. 
A Psicologia Social surgiu na década de 1930, quando os psicólogos 
começaram a investigar as interações de indivíduos dentro de grupos e da 
sociedade como um todo. Eles examinaram o efeito das organizações sociais 
sobre o indivíduo e de que maneira as estruturas sociais são influenciadas pela 
psicologia dos indivíduos. 
Os psicólogos sociais, como eram chamados, estudaram também as 
relações entre indivíduos dentro de um mesmo grupo e de grupos diferentes. 
Surgiram desses estudos novos temas de interesse para a Psicologia, tais 
 
 
37 
 
como: dinâmica, atitudes e preconceitos de grupo, conflito, conformidade, 
obediência e transformação social. 
Um dos primeiros a conduzir um estudo sistemático da Psicologia de 
Grupos Sociais foi o germano-americano Kurt Lewin, considerado “o pai da 
Psicologia Social”. Lewin adotou uma nova perspectiva sobre a abordagem 
behaviorista dominante e propôs-se a investigar como o comportamento resulta 
da interação do indivíduo com o ambiente, bem como com a natureza desse 
ambiente. Seus estudos de pequenos grupos abriram caminho para análises 
subsequentes sobre as dinâmicas de grupos e como os grupos e seus 
membros conseguem implementar mudanças. 
O behaviorismo havia caído em ostracismo após a Segunda Guerra 
Mundial, e as ideias de Lewin sobre os efeitos do meio social ofereciam um 
caminho alternativo que foi muito bem recebido pela geração seguinte. O 
conceito de “atribuição” – o modo como enxergamos e interpretamos o 
comportamento alheio tornou-se uma área de pesquisa independente e 
originou as teorias de conformidade e de obediência a normas culturais. 
A teoria que desempenhamos certos comportamentos para nos adequarmos à 
impressão que queremos passar aos outros também foi resultado desse novo 
enfoque, destacando a importância da interação social. 
Quando pesquisas, realizadas na década de 1960, 
desvendaram aspectos mais obscuros do comportamento, percebeu-se 
que, às vezes, as vítimas são culpadas pelo ocorrido com 
elas. Comportamentos aparentemente anormais poderiam resultar de 
circunstâncias, e não de insanidade. Pesquisou-se também até que ponto a 
necessidade de obedecer e se conformar afeta o nosso comportamento. 
O advento da Psicologia Cognitiva propiciou novos ares à Psicologia 
Social. Os efeitos dos processos cognitivos, como memória e emoções, 
passaram a ter um impacto cada vez maior sobre as estruturas sociais, 
motivando as Teorias de Construtivismo Social. 
Construtivismo social é uma área do interesse de historiadores, 
filósofos, e sociólogos da ciência. Ela é a extensão na qual teorias científicas 
são moldadas por seus contextos políticos e sociais. O construtivismo social é 
em um sentido uma extensão do instrumentalismo que incorpora os aspectos 
sociais da ciência. Em sua forma mais forte, vê a ciência como um mero 
 
 
38 
 
discurso entre cientistas, com o fato objetivo desempenhando pouco papel, se 
de fato desempenhar algum. Uma forma mais fraca da posição construtivista 
pode defender que fatores sociais desempenham um grande papel na 
aceitação de novas teorias científicas. 
Pode ser mais bem explicado como uma teoria sociológica que aplica o 
construcionismo filosófico ao cenário social, onde os grupos de pessoas 
colaboram com a sabedoria um dos outros, criando uma pequena cultura onde 
significada e sabedorias são abertamente compartilhados. Quando alguém está 
imerso em alguma cultura deste tipo, está inevitavelmente aprendendo o tempo 
todo com a experiência e ideias dos outros participantes. 
O aumento de discussões em sala de aula está de acordo com 
as Teorias de Construtivismo Social. Afinal de contas, muitas são as 
vantagens que resultam da implementação desse método didático para as 
pessoas envolvidas. A participação ativa em debates permite aos estudantes 
generalizar e transferir conhecimentos de uns aos outros e os permite trabalhar 
a forma de expressar suas ideias oralmente. É uma oportunidade para que os 
estudantes expressem e testem suas ideias, simplifiquem as ideias dos outros, 
e aprendam mais profundamente o assunto abordado antes de expressá-los. 
Adicionalmente, a discussão aumenta a motivação dos estudantes e a 
habilidade de resolver problemas. Grupos grandes ou pequenos são 
beneficiados pelo aprendizado de autorregularão, autodeterminação e de 
desejo de perseverar com os objetivos construídos pelo debate. Criar a 
oportunidade dos estudantes de conversarem e argumentarem uns com os 
outros e discutir suas ideias aumenta a habilidade de racionalizar o que estão 
pensando, desenvolver um sentido de autocrítica, e argumentar suas opiniões 
uns com os outros. Além disto, o sentimento de participação e colaboração 
aumenta, já que os estudantes passam a discutir em seus círculos, e como 
consequência disto, até mesmo sua confiança tende a aumentar. 
Dadas às vantagens que resultam da discussão, é uma surpresa que 
tais discussões não fazem parte de uma maior parte das atividades de 
aprendizado. Estudos e evidências empíricas comprovam que estudantes não 
são acostumados, de uma forma geral, a participar em discussões acadêmicas. 
Os professores raramente elegem discussões em classe como forma de 
ensino. Em geral, os professores dedicam menos de 5% do seu tempo à 
 
 
39 
 
discussão em classe. Mesmo dentro destes 5%, as discussões não são nada 
produtivas, já que os alunos estão pouco acostumados a falar e acabam não se 
expressando de maneira eficaz, ficando nas mãos do professor a 
responsabilidade de conduzir perguntas, normalmente com respostas pré-
estabelecidas, para que boas ideias sejam geradas. 
Professores que valorizam as ideias de seus alunos criam pessoas que 
aprendem e se desenvolvem. A discussão através de grupos discussão 
estimula as ideias de cada pessoa, não somente por elas estarem expondo o 
que pensam, mas também por serem obrigadas a filtrar, se autocriticar e se 
comunicar de maneira eficaz com os outros. Este tipo de aprendizado 
“promove a retenção e o aprendizado pleno, que está associado à manipulação 
cognitiva das informações”. 
 
4.1. Psicologia Social, do Trabalho e Organizacional 
 
A relação da Psicologia com o trabalho no contexto atual 
Devemos esclarecer que os modelos de organização do trabalho 
predominantes na atualidade são, na verdade, um “aperfeiçoamento” do 
taylorismo-fordismo. Segundo Antunes (1999), o capitalismo sofreu profundas 
mudanças em decorrência de uma grave crise enfrentada a parir da década de 
1970. 
A essa crise se somam a expansão da globalização da economia de 
cunho neoliberal e a introdução de novas tecnologias nos processos 
produtivos, especialmente aquelas relacionadas à microeletrônica, que 
caracterizam as últimas décadas. Na maior parte dos ramos produtivos, há 
pouco espaço para a produção em massa de produtos padronizados, o que 
caracteriza o período em que o modelo taylorista-fordista teve seu auge. 
Desse modo, as empresas passaram a buscar maior “flexibilidade”, para 
atender a uma demanda mais diversificada em menores quantidades. E, para 
conseguir isso, foi necessário adaptar as formas de gestão do trabalho, 
tornando-as, também, mais flexíveis (Bernardo, 2009). Entre os vários modelos 
que surgiram, um se destaca pela influência que teve em todos os meios de 
 
 
40 
 
trabalho. Trata-se do chamado modelo japonês de produção, também 
conhecido como toyoismo. 
Uma das características mais marcantes que diferencia o toyoismo

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