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1. Traumatologia 
O trauma caracteriza-se pela ação de uma energia exógena (externa) que age 
sobre o indivíduo, com grande força, causando danos ao mesmo, ou que venham 
modicar o desempenho dos órgãos de forma geral. A lesão representa um dano 
patológico ou traumático, visível ou não, que ocorre no tecido corporal do 
indivíduo. A lesão é violenta quando causada por traumatismos, e os agentes de 
lesão são todos os instrumentos ou meios que atuam no organismo produzindo 
lesão. 
As energias vulnerantes (que afetam o organismo) podem ser de três ordens: 
•Física: mecânica, barométrica, térmica, elétrica e radiante. 
•Química: cáusticos e venenos. 
•Físico-química: asfixias. 
 
A seguir, as lesões serão estudadas pelo modo de ação dos instrumentos. 
 1.1 Ação contundente 
Os instrumentos que são inferidos ou que se chocam contra um corpo são 
chamados de agentes mecânicos e transferem energia cinética (de movimento) 
para o mesmo. A energia formada pelo movimento de um instrumento lançado 
contra uma pessoa é conduzida até o ponto do impacto, causando lesão. A 
constitui-se numa modalidade de energia presente em todos os e a potência da 
agressão dependerá da massa do objeto e da velocidade com que atingirá o 
corpo (FRANÇA, 2004). 
A identificação do é possível em alguns casos, pois a lesão toma a forma do 
instrumento, como por exemplo dos dentes numa mordida ou em investidas com 
cassetes. Quando não existe um , a ação é denominada contundente. As ações, 
isto é, as transferências de energia podem ocorrer por compressão (mais 
comum), descompressão, tração, deslizamento (ação tangencial), percussão, 
explosão e torsão. A imagem apresenta um desenho de quatro tipos diferentes 
de lesões na pele. 
 
As ações são classificadas como direta e indireta. É direta quando resulta em 
danos na área de contato do agente com o corpo e indireta quando o dano 
ocorre no lado oposto, por exemplo em impactos na cabeça, quando em 
decorrência da pancada sofrida, a calota craniana se desloca para o lado oposto, 
rompendo os vasos. 
As lesões contusas podem ser fechadas ou abertas. A seguir, detalharemos os 
diferentes tipos de lesões contusas. 
As lesões contusas fechadas são lesões em que as características da pele na 
área acometida são mantidas, onde o golpe não consegue destruir a elasticidade 
superficial da pele, embora os tecidos internos, por serem pouco elásticos, 
geralmente são os mais prejudicados. Caracterizam-se como lesões contusas 
fechadas: rubefação, tumefação, equimose, hematoma, bossa, entorse, luxação, 
fratura e rupturas viscerais. A seguir, detalharemos cada uma delas. 
A Rubefação se trata de vermelhidão (hiperemia) que aparece na área onde 
ocorreu um trauma, em decorrência da dilatação dos vasos, sumindo em poucos 
minutos. Neste caso não há ruptura dos vasos e não representa uma lesão 
corporal, como acontece numa bofetada. 
A Tumefação consiste no branqueamento e edema (inchaço) da pele na área 
do impacto, apresentando ao redor uma hiperemia (concentração de sangue), 
geralmente em situações em que o impacto foi mais forte, com aspecto similar a 
uma irritação cutânea. Não constitui uma lesão corporal. 
A Equimose corresponde a lesões identificadas por meio da absorção da 
hemorragia que ocorre nos tecidos, provocada pelo sangue que transborda dos 
pequenos vasos dos tecidos, abaixo da pele, e que arrebentaram pelo impacto 
do trauma. De acordo com a forma, recebe as seguintes denominações: 
patéquias, sugilação e sufusão (SILVEIRA, 2012). 
As equimoses e sugilações são geralmente formadas por sugações nas ações 
sexuais. Os golpes súbitos e não muito fortes, formam as petéquias e sugilações, 
que geralmente acontecem em decorrência de situações determinadas, por 
exemplo, em golpes aplicados sem a intenção de provocar grande lesão. Nas 
petéquias o sangramento subcutâneo é pequeno e somem rapidamente e nas 
sugilações aparecem inúmeras inflamações em forma de pontos avermelhados, 
geralmente ao redor da área que foi lesionada. 
As equimoses podem ocorrer na parte lesionada ou próxima a ela, como na 
pressão cervical (pescoço), nas ocorrências de estrangulamento, apresentando 
petéquias na conjuntiva (membrana mucosa e transparente que reveste a parte 
interna das pálpebras e a parte exposta da córnea). Situação decorrente da 
compressão no pescoço, o que provoca a obstrução da circulação do sangue 
que volta da área da cabeça, dilatando os vasos na região da conjuntiva. 
As equimoses, no decorrer dos dias, vão mudando de cor até sumirem, o sangue 
que é transbordado dos vasos para os tecidos é absorvido. Durante esse 
processo, acontece o rompimento dos glóbulos vermelhos e sua hemoglobina 
passa por uma série de mudanças que provoca a alteração da cor. 
No campo da Medicina Legal, a lesão equimótica representa muito para o perito 
legista. Pois a tonalidade da lesão possibilita a elucidação da idade e 
características do ferimento, sua forma pode revelar o tipo de instrumento que a 
produziu e sua localização norteia a avaliação sobre a natureza da causalidade 
jurídica (SILVEIRA, 2012, p. 23). 
As diferentes tonalidades apresentadas no decorrer dos dias nas áreas 
lesionadas (equimoses) são decorrentes do processo gradual da degradação 
das hemácias e recebem o nome de espectro esquimótico de Legrand du Saulle, 
sendo explicado por Bernardes Filho da seguinte forma: 
[...] de início a cor vermelha transforma-se em um tom vermelho violáceo, 
do terceiro ao sexto dia acentua-se a cor azulada que vai passando a 
esverdeada do sétimo ao décimo segundo dia e ao amarelado do décimo 
terceiro ao vigésimo dia, para em seguida voltar à cor da pele vizinha (2013, 
p. 153). 
Contudo, destaca-se que existem circunstâncias em que este processo não se 
apresenta da mesma forma, quer pelo tipo da lesão, quer pela sua localização. 
Dessa forma, observa-se, de acordo Croce e Croce Jr: 
O espectro equimótico nem sempre obedece a esta cronologia. As 
petéquias tendem a desaparecer em 4 ou 5 dias. Nas pálpebras e na bolsa 
escrotal a porosidade do tecido conjuntivo favorece a oxigenação, 
impedindo a transformação da oxiemoglobina e sua decomposição. A 
efusão de sangue tende a desaparecer em período de tempo menor na 
criança e no jovem. A absorção dos pigmentos costuma ser mais lenta nas 
grandes sufusões sanguíneas, profundas. No cadáver não ocorre essa 
evolução cromática da equimose até o surgimento dos fenômenos 
putrefativos, após a autólise (CROCE; CROCE JR., 2012, p. 309-310). 
Portanto, as características da lesão, sua localização e causa são extremamente 
relevantes para a obtenção de resultados fidedignos e que possam fundamentar 
verdadeiramente possíveis decisões judiciais. 
O valor médico legal das equimoses são: 
•. Demonstrar que havia vida no momento do traumatismo, pois o 
extravasamento de sangue depende de haver circulação; 
•. Identificar o agente causador, quando tomam o seu formato; 
•. Sugerir o tipo de agressão pela localização e distribuição no corpo, como por 
exemplo, as equimoses no pescoço, face interna das coxas, lábios e nádegas 
nos crimes sexuais; 
•. Identificar o tempo decorrido da agressão pelo exame da coloração. 
O Hematoma acontece quando o sangue transborda pelos vasos rompidos no 
trauma. Nos casos de grande traumatismo, o volume do sangue atinge uma área 
maior, infiltrando-se pelos tecidos (equimose periférica). Como o hematoma se 
move, pressionando os tecidos, geralmente é fatal quando acontece dentro da 
cabeça. 
Bossa corresponde ao acúmulo de uma substância amarelada, podendo 
apresentar-se em algumas situações misturada com sangue, em consequência 
de forte pressão. Pode ser formada, por exemplo, na cabeça de um recém-
nascido, após a pressão no nascimento. Tendo como consequência uma 
obstrução na circulação sanguínea, impedindo o sangue de sair e causando o 
escoamento de líquido dos vasos. A presença da bossa identifica que houvecirculação do sangue e comprova que o feto estava vivo na hora do parto. 
Portanto, a forte pressão em locais como a cabeça, comprime o sangue nos 
vasos, causando a vasão dos líquidos e formando a bossa. 
O Entorse constitui-se numa lesão provocada pelo estiramento da cápsula de 
uma articulação, com ou sem ruptura dos ligamentos. 
A Luxação se trata da deslocação das superfícies articulares dos ossos de uma 
articulação, de forma total ou parcial. Por sua vez, a Fratura corresponde a perda 
da continuidade do osso (ruptura), provocada por ato direto ou indireto. Podendo 
ser causada, por exemplo, numa flexão exagerada, numa torção ou num 
esmagamento. 
As Rupturas viscerais, geralmente ocorrem em função de pancada no tórax ou 
abdome, por compressão forte ou progressiva, sendo mais frequente no 
abdome, pois este não tem proteção óssea. O estado em que se encontram os 
órgãos pode contribuir para o seu rompimento no momento do impacto. No caso 
de queda existe a possibilidade da formação de descompressão ou de 
desaceleração brusca, no momento que o corpo para, podendo lesionar os 
órgãos (vísceras) ou até mesmo rompê-los. 
Por sua vez, as lesões contusas abertas geralmente são ocasionadas no 
momento em que o agente contundente rasga os tecidos, de forma contínua. 
Dentre as lesões contusas abertas temos: escoriação, ferida contusa, síndrome 
explosiva (Blast Injury) e encravamento. A seguir, detalharemos cada uma delas. 
A Escoriação se trata da remoção traumática da camada mais superficial da 
pele por um agente que se arrasta sobre a mesma, de raspão. No local é formado 
um cascão na cor parda avermelhada, decorrente da exsudação (líquido rico em 
proteína) no local, e que contribui para o processo de cicatrização. Após oito dias 
o cascão começa a se descolar, saindo totalmente a partir da segunda semana. 
Ficando na área lesionada uma cicatriz de cor rósea esbranquiçada, marca da 
escoriação, desaparecendo com o passar do tempo. A aparência do cascão 
formado na lesão permite a análise do tempo de sua formação e 
desenvolvimento, fornecendo sinais sobre tipos de agressão. Como por 
exemplo, escoriação formada nos punhos por algemas. Estas lesões em 
cadáveres, pelo fato de não haver formação de crosta, pois não existe circulação, 
a área lesionada fica com aparência apergaminhada pela desidratação da pele, 
provocada pela rápida evaporação da água. 
As lesões realizadas por unhas, estigmas ungueais, geralmente são encontradas 
na região do pescoço, quando há enforcamento e em áreas próximas ao nariz e 
boca, evidenciando a agressão por imobilização da vítima. 
A ferida contusa é provocada por lesão onde há o esgarçamento da pele e que 
atinge o tecido celular subcutâneo, que está abaixo da pele. 
Por sua vez, o Esmagamento é resultante de lesão provocada por um acidente 
em que o corpo fica de forma total ou parcial, sujeito a forte pressão (energia 
cinética) podendo quebrar os ossos, como também, esmagar os órgãos. A 
grande destruição de tecidos causa a síndrome do esmagamento, provocando o 
desprendimento de substâncias nocivas para os rins, acarretando na morte pela 
síndrome de Crush, isto é, por insuficiência renal. 
Já a síndrome explosiva (Blast Injury) é causada pela propagação de gases 
numa explosão, gerando um movimento rápido e brusco, que é conduzido tanto 
no ar como na água, impactando a vítima e causando lesões em diversos órgãos, 
verifica-se que as situações mais graves são acometidas em ambientes 
fechados. 
Finalmente, o Encravamento consiste na lesão produzida pela penetração (com 
permanência) de objeto afixado em qualquer parte do corpo; configura-se, 
geralmente, pela penetração do objeto no ânus ou no períneo. 
 
1.2 Instrumentos cortantes 
Os instrumentos cortantes causam ferida incisa quando a energia cinética é 
provocada pelo deslizamento e pressão da parte cortante de uma lâmina fixa. 
São exemplos de instrumentos cortantes a navalha e o caco de vidro. As bordas 
das lesões incisas são regulares, geralmente mais extensas do que profundas. 
Na parte inicial apresentam um pouco de profundidade, reduzindo na sequência 
e findando com a cauda de escoriação, isto é, um arranhão linear sobre a pele. 
Nesses casos, a cauda de escoriação indica a finalização do movimento 
realizado com o instrumento pelo agressor, revelando se ele é destro ou canhoto, 
possibilitando demonstrar, num caso de reconstituição da ação, posicionamento 
do agressor e vítima no instante do golpe. Quando o instrumento é utilizado de 
forma oblíqua acontece a remoção da pele, ocasionando mutilações, 
principalmente em áreas que não tem ossos, como orelhas, mamilos, pênis etc., 
geralmente são agressões causadas de forma intencional, com intenção de 
marcar. 
Algumas feridas incisas recebem nomes especiais dependendo da localização: 
Esgorjamento: corresponde a lesão provocada por objeto cortocontudente, na 
região do pescoço, podendo ocorrer por homicídio ou mesmo acidentalmente. 
Degolamento: consiste na agressão que provoca lesão incisa na parte posterior 
do pescoço, podendo ser profunda ou superficial; acontece geralmente em caso 
de homicídio e suicídio. 
Decapitação: quando a agressão ocasiona a remoção da cabeça de uma 
pessoa, acidental ou intencionalmente. 
Esquartejamento: representa o desmembramento ou corte do corpo em 
pedaços. 
Espojamento: são ferimentos encontrados nas mãos ou antebraços da vítima. 
São denominadas lesões de defesa. Quando localizadas na palma da mão, 
geralmente refere-se ao esforço da vítima em retirar a arma do agressor, 
podendo acontecer também, nas pernas e pés, quando para defender-se do 
agressor, a vítima dá chutes. Ambas revelam a determinação da vítima em 
afastar o atacante. 
Em cadáveres, as feridas apresentam-se mais fechadas, pela falta de 
elasticidade dos tecidos, e quando profundas, observa-se a retração das áreas 
musculares ocasionada pela rigidez cadavérica. A retração dos ferimentos é 
enorme nas regiões do pescoço e pequena nas mãos e pés, o que dificulta a 
análise do acontecimento, se anterior ou posterior à morte. 
Estando a pessoa viva, os tecidos atingidos absorvem o sangue, e se estiver 
morta, isto não acontece porque não existe mais circulação do sangue. Numa 
lesão provocada após a morte, qualquer vestígio de sangue pode ser eliminado 
com uma lavagem. A magnitude do dano e suas consequências dependem da 
região afetada. Em ferimentos localizados no punho, e se existirem outras 
cicatrizes no local, podem sugerir outras tentativas de suicídio. 
A variedade de golpes, geralmente, é comum em homicídios. No caso de suicídio 
por esgorjamento (corte no pescoço na região anterior ou lateral), a variedade 
de incisões nas bordas da lesão, quando são superficiais e paralelos à incisão 
principal, chama-se de lesões de hesitação, indicando que se a pessoa hesitou 
na hora de realizar o corte; sendo possível constatar se aconteceu tortura ou 
sadismo. 
 
1.3 Instrumentos perfurantes 
Constitui-se como perfurante a ferramenta de ponta afiada, e que, numa 
agressão esta ponta ao ser introduzida num corpo, afasta as fibras dos tecidos 
pela pressão que é produzida. Quando a ponta não é afiada, esta ferramenta é 
chamada de perfuro-contundente. A ferramenta perfurocortante corresponde a 
que possui um lado que corte as fibras dos tecidos ao atingi-lo. 
O Instrumento perfurante de pequeno calibre causam lesões punctórias, isto é, 
apresenta-se como um ponto, cuja profundeza está relacionada com a 
intensidade da penetração do objeto (agulhas e alfinetes), comuns em acidentes 
de trabalho. O orifício formado é imediatamente fechado pela elasticidade da 
pele, pois as fibras só foram afastadas. 
Já o Instrumento perfurante de médio calibre ocasionam lesões com 
características de fenda ou botoeira (casa de botão), apresentando as bordas 
das lesões regulares e simétricas, e seguem a direção das linhas de força da 
pele. Quandoo objeto está introduzido no corpo da vítima o orifício apresenta-
se circular, quando é tirado, sofre a ação de contração da pele e o orifício adquire 
a forma alongada, similar a provocada por instrumento de dois gumes, ou toma 
a forma de botoeira, idêntica à que é causada por uma faca. 
Com relação à profundidade, as lesões podem ser superficiais, penetrantes ou 
transfixantes. Quando após a introdução do instrumento houver mais uma 
pressão sobre o mesmo, a lesão se tornará mais profunda que o comprimento 
do mesmo, e recebe a denominação de lesão em acordeão. As lesões causadas 
por instrumentos perfurantes de calibre médio deverão ser diferenciadas dos 
produzidos por instrumentos perfurocortantes. 
 
1.4 Instrumentos perfurocortantes 
Por meio de pressão, esses instrumentos perfurocortantes, material pontiagudo 
ou que tem fios de corte capazes de causar perfurações ou cortes, transferem 
sua energia cinética e por deslizamento vão cortando os tecidos e formando uma 
lesão perfuroincisa. Esses instrumentos podem ter um ou mais gumes. 
Quando o instrumento apresenta um gume, ocasiona lesão em forma de botoeira 
(fenda), com as extremidades diferentes, uma com ângulo agudo e a outra com 
forma arredondada. Quando apresenta dois gumes a lesão é em fenda, porém 
as extremidades apresentam ângulos agudos. 
Na existência da torção do instrumento dentro do corpo da vítima fica denotado 
o animus necandi (intenção de matar). Nas lesões provocadas por esse 
instrumento existe a relação entre a profundidade e a extensão, por isso 
reconhece-se a gravidade dos ferimentos, decorrentes do nível de penetração 
no corpo. 
Diversas vísceras poderão ser atingidas quando o instrumento é introduzido nas 
cavidades torácica ou abdominal, dependendo também da direção em que a 
vítima é golpeada; as lesões podem ser acidentais, porém a grande maioria é de 
origem homicida. 
 
2. Asfixias mecânicas 
O termo "asfixia" é designado para caracterizar a falta de oxigênio, embora a 
origem signifique ausência de pulso (GISBERT, 2005). Sendo o último mais 
adequado para as situações de compressão do pescoço. A asfixia é um 
fenômeno com múltiplas falhas no ciclo respiratório, a resposta do individuo está 
ligada na causa e duração das falhas. Dentre os tipos de asfixia, estão as 
seguintes características: 
Durante muito tempo, o diagnóstico de asfixia foi baseado em uma série de 
descobertas conhecidas como "os sinais clássicos de asfixia". No entanto, a 
maioria desses sinais não é específico para asfixia e pode até ser encontrada 
em outras patologias não relacionadas a esse tópico (DI MAIO, 2003; GISBERT, 
2005). A seguir, detalharemos estes sinais. 
As hemorragias petequiais são coleções pontuais de sangue. Elas podem ser 
vistas na pele, esclera ocular ou conjuntiva e sob as membranas serosas 
torácicas (pleura ou pericárdio). Este último conhecido como "Tardieu Points". 
Elas são causadas pelo aumento acentuado da pressão venosa que se estende 
demais e rompe a fina parede das vênulas. Sua presença é mais frequente em 
vítimas de compressão cervical ou fixação torácica. Podem estar ausentes em 
outros tipos, como asfixia ou submersão (VARGAS, 1996). 
A congestão e edema é resultado da obstrução do retorno venoso e lesão 
capilar, resultando em vasodilatação (embora a hipóxia em outras causas de 
asfixia que não o estrangulamento não produza o mesmo edema). A compressão 
do pescoço torna o rosto, os lábios e a língua edematosos e escurecidos. Os 
órgãos internos também estão congestionados (VARGAS, 1996; DI MAIO, 
2003). 
A cianose ocorre, pois, a cor do sangue depende da quantidade absoluta de 
oxihemoglobina e hemoglobina nos eritrócitos. Pode mudar para roxo ou azul 
quando há uma diminuição no oxigênio. No entanto, a cianose cutânea depende 
da quantidade especificamente reduzida de hemoglobina (requer 5 g por 100 ml 
de sangue para ser evidente). Essa característica quase sempre segue 
congestão do acúmulo de sangue venoso (VARGAS, 1996). 
O alargamento das câmaras direitas do coração tem muito pouca observação 
específica, já que qualquer tipo de morte por congestão, incluindo insuficiência 
cardíaca congestiva primária devido a muitas doenças, pode levar a esse achado 
(VARGAS, 1996). 
Já o aumento da fluidez sanguínea é o achado mais inespecífico, pois a ação 
fibrinolítica pós-morte é sempre observável (VARGAS 1996). 
 
2.1 Mecanismos fisiopatológicos 
A asfixia funciona por quatro mecanismos principais: anoxia, isquemia cerebral, 
inibição cardíaca reflexa e lesão na coluna. A seguir, detalharemos cada um 
destes mecanismos. 
• Anoxia (oclusão das vias aéreas): ocorre pela compressão direta da laringe ou 
traquéia ou pela retropulsão da língua contra a parede posterior do palato mole 
e da faringe. 
• Isquemia cerebral: acontece por compressão do sistema venoso e/ou arterial. 
O fechamento das veias jugulares requer 2 kg e é responsável pela maioria dos 
sinais clássicos como congestão, cianose, edema e petéquias acima da linha de 
constrição. As artérias carótidas requerem 5 kg para fechar. Portanto, apenas 
parte do peso de uma pessoa é necessária para ocluí-la. Sua oclusão leva a um 
inconsciente quase imediato (10 a 15 segundos 2) e se durar mais de 4 minutos 
1,3, o dano cerebral é irreversível. (A compressão das artérias vertebrais requer 
30 kg de peso, no entanto, mesmo quando permanecem patente, seu suprimento 
sanguíneo não é suficiente para manter a função cortical). 
• Inibição cardíaca reflexa: ocorre pela estimulação de barorreceptores nos 
seios carotídeos e artérias carótidas, que podem produzir bradicardia ou inibição 
completa. Quando ocorre, pode não haver sinais de asfixia, pois causa a morte 
em segundos. 
• Lesão na coluna: rara, ocorre em enforcamentos com queda livre do corpo 
(pena de morte, suicídio e acidentes). Lesões vertebrais graves estão 
associadas à lesão na coluna vertebral (a mais frequente é no nível de C2-C3). 
Geralmente eles causam uma morte muito rápida. 
Os mecanismos de compressão do pescoço (anóxia e isquemia) também podem 
ser combinados com a inibição do reflexo cardíaco; portanto, pode haver alguns 
sinais de asfixia (que levam de 15 a 30 segundos para começar a aparecer) e 
esse processo pode ser interrompido a qualquer momento por inibição vagal. 
 
2.2 Classificação das asfixias 
Os dois principais problemas da medicina legal são: 
1) A hipóxia não pode ser equacionada com sufocamento com segurança 
2) Alguns estados hipóxicos aparentes levam a morte súbita ou muito rápida 
antes que a privação de oxigênio realmente entre em vigor (VARGAS, 
1996; GISBERT, 2005). 
2.3 Sufocamento 
O sufocamento pode ocorrer de diferentes formas: 
1. Por obstrução dos orifícios respiratórios: que impede a passagem do ar 
produzindo anóxia. O agente causador pode ser um pano, um material à prova 
d'água ou a mão, mesmo os casos de acidentes de trabalho podem ser um 
agente sólido, como areia, grãos ou lama. A sufocação pode ocorrer quando o 
agente obstrui os orifícios respiratórios ou porque aplica o peso passivo da 
cabeça para baixo, comprimindo-os. Os sinais clássicos de asfixia estão muito 
raramente presentes, exceto quando a pessoa oferece resistência e há 
tentativas de respirar, que podem produzir congestão, cianose e às vezes 
petéquias faciais ou conjuntivais. Além disso, outras contusões simples podem 
ser encontradas. Exemplos: saco plástico sobre a cabeça (também pode causar 
inibição cardíaca), asfixia com travesseiro, propenso a objetos moles, mordaças, 
acidentes de trabalho. 
2. Por oclusão do trato respiratório: geralmente entre a faringe e a bifurcação 
da traqueia. Pode ocorrer hipóxia pura devido à oclusão das vias aéreas ou 
espasmo da laringe ou brônquios. Ambos são acompanhados por congestão, 
cianose e até petéquias, embora a inibição cardíaca também possa ocorrer, pura 
ou acelerada pelo excesso de catecolaminas. As causaspossíveis incluem: 
corpos estranhos, dentes ou próteses reais, sangramento nos dentes, nariz ou 
ouvido, lesões ou infecções agudas (epiglotite ou hipersensibilidade a 
substâncias com edema ou broncoespasmo), material alimentar (a 
broncoaspiração é considerada um fenômeno de agonia com algumas exceções, 
como em pessoas em estado de embriaguez). 
3. Por compressão torácica abdominal ou "asfixia traumática": produz a 
fixação dos movimentos respiratórios. É muito frequente em acidentes e 
apresenta todos os chamados sinais clássicos de asfixia. Geralmente ocorre em 
duas condições: esmagando por multidões, ou o tórax (pode incluir o abdômen) 
é comprimido por alguma substância ou objeto, impedindo a expansão torácica 
e a descida do diafragma; por exemplo: pessoa sob um veículo ou o material de 
um colapso. 
Os resultados incluem toda a gama de "sinais clássicos de asfixia", onde 
congestão e cianose são muito acentuadas, especialmente na face (máscara 
equimótica). Além disso, existem lesões locais em relação à causa de asfixia. 
Esse grupo também inclui asfixia postural, onde uma pessoa permanece em uma 
determinada posição por um período prolongado de tempo (preso, drogado, 
bêbado), o que o impede de executar adequadamente os movimentos 
respiratórios e o retorno venoso. Exemplos: inversão, aprisionamento de cabeça 
para baixo ou na posição de faca, crucificação. 
4. Devido à falta de ar respirável: Devido à redução da concentração de 
oxigênio para respirar ou devido à substituição de outro gás. A diminuição do 
oxigênio entre 8 e 10% produz perda de consciência e, se a concentração for 
menor que 8%, morte. A seguir relatamos diferentes exemplos: 
Neste último caso, a morte rápida é comum antes que a hipóxia entre em vigor, 
presumindo-se que a inibição cardíaca reflexa presumida ocorra pela 
estimulação do sistema parassimpático. Sinais clássicos de asfixia geralmente 
estão ausentes. Se for verdadeira hipóxia, podem ser encontrados congestão e 
edema. 
2.4 Compressão do pescoço 
No caso da suspensão, é produzida pela constrição do pescoço exercida por 
uma alça, sujeita a um ponto fixo e no qual o próprio peso do corpo exerce tração. 
Eles podem ser classificados de duas formas: 
1) De acordo com a posição do corpo em completo, quando a pessoa está 
totalmente suspensa no ar e incompleta, quando o corpo tem algum ponto de 
apoio. 
2) De acordo com a posição do nó: em simétrico, quando está na linha média na 
posição submental ou na nuca e assimétrico, quando está em qualquer outra 
posição (é mais frequente). 
 
A lesão externa fundamental é o sulco geralmente oblíquo, ascendente em 
direção ao nó, mais marcado na área oposta ao nó, interrompido na altura do nó, 
único, localizado na cartilagem tireoidiana e com fundo semelhante a um 
pergaminho. Também pode representar a trama da alça, ter cristas hemorrágicas 
com vesículas serosas ou serossanguíneas e bordas com faixas eritematosas. 
Outros achados externos são a face congestionada (dependendo do grau de 
comprometimento vascular), onde se o enforcamento for simétrico, a face é 
pálida, mas se for assimétrica, é congestiva e com leveza nas regiões em 
declínio. As lesões internas incluem: congestão do tecido subcutâneo no sulco 
(linha argentina), infiltrações hemorrágicas e rupturas musculares no pescoço, 
infiltrações hemorrágicas na adventícia carotídea (sinal de Martin), lágrimas 
íntimas nas artérias carótidas (amussat) e das veias jugulares internas (sinal 
Otto), ruptura dos cornos maiores dos hodos e cartilagem tireoidiana. Além disso, 
infiltração hemorrágica dos discos intravertebrais, que é um sinal de reação vital. 
O caso de estrangulamento corresponde a compressão do pescoço por uma 
força ativa que pode atuar através de um laço, mãos, antebraço e, 
ocasionalmente, um objeto rígido. Três tipos são geralmente estabelecidos: 
Estrangulamento por laço: que é apertado por uma força diferente do peso 
corporal. A lesão externa fundamental também é o sulco, que é geralmente 
horizontal, uniforme em todo o seu contorno, completo, múltiplo, acima ou abaixo 
da cartilagem tireoidiana e de aparência suave. Além disso, pode haver estigmas 
nas unhas ou pequenos hematomas redondos resultantes de uma tentativa 
anterior de estrangulamento manualmente ou pela mesma pessoa tentando se 
libertar. Também pode haver contusões, congestão e petéquias no rosto. As 
lesões internas são semelhantes às penduradas, mas a linha argentina não é 
encontrada e as lesões osteocartilaginosas são muito mais frequentes, 
geralmente na cartilagem tireóide e trocóide. Além disso, os sinais adequados 
de asfixia. 
Estrangulamento à mão: usando uma ou ambas as mãos. Externamente, pode 
haver um estigma gueales, que variam em número e localização. Também 
devem ser descartadas feridas contundentes e agressão sexual. As lesões 
internas são semelhantes às apresentadas com o uso do laço e as lesões 
osteocartilaginosas são consideradas quase normais (exceto em jovens por falta 
de ossificação). Nesses casos, a inibição cardíaca pode ser muito importante no 
momento da revisão dos achados. 
Estrangulamento pelo antebraço: acontece pelo antebraço sobre a laringe 
(obstrui as vias aéreas) ou pela dobra do cotovelo (cancela a circulação 
carotídea). Ferimentos externos podem estar ausentes. Os sinais são 
semelhantes ao estrangulamento das mãos. O uso de objetos rígidos pode ser 
incluído quando não é incomum observar uma equimose ou escoriação 
produzida por ele. 
 
3 Identificação odontolegal de corpos carbonizados 
As queimaduras corporais são classificadas em cinco categorias ou graus: o 
primeiro grau é caracterizado por queimaduras superficiais, o segundo grau 
permite ver áreas destruídas da epiderme, o terceiro grau mostra a destruição 
da epiderme e derme e áreas de necrose nos tecidos subjacentes, o quarto grau 
inclui a destruição total da pele e tecidos profundos e restos cremados estão 
localizados no quinto grau (FRANÇA, 2004). 
Os dentistas geralmente são chamados para ajudar nos processos de 
identificação de vítimas queimadas nos terceiro, quarto e quinto graus, nos quais 
a destruição de tecidos é extensa e a concordância de gênero e número não 
pode ser identificada por métodos convencionais, reconhecimento visual ou 
impressões digitais (ABFO,1994). Os processos de identificação de seres 
humanos têm sido de importância singular em todas as sociedades porque na 
vida todos os indivíduos têm uma identidade que deve ser verificada com 
confiabilidade para fins judiciais e legais. 
A imagem representa uma equipe de profissionais da medicina legal atuando em 
um processo de identificação. 
A identidade de um indivíduo é um direito fundamental de todos os seres 
humanos. Na investigação científico-criminal da morte, o trabalho deve ser 
integrado e incluir, entre outros processos, a coleta, análise, classificação e 
interpretação das informações por investigadores, promotores e peritos forenses 
(incluindo o odontolegista). 
Um exame atento dos tecidos moles e duros que compõem o sistema 
estomatognático fornece evidências físicas que ajudam a estabelecer a 
identidade de uma pessoa (FRANÇA, 2004), que inclui hábitos individuais e 
ocupacionais, que deixam vestígios nos dentes que individualizam um ser 
humano (CROCE, 2019). 
Tecnicamente, a identificação positiva de uma pessoa (cadáver ou restos 
humanos) requer a coincidência confiável das características físicas do falecido 
com os registros dessas mesmas características antes de morte. No caso de 
cadáveres queimados ou cremados, cujo reconhecimento visual é difícil, a 
identificação por membros da família ou conhecidos deve ser dispensada devido 
às alterações faciais e ao estado emocional destes. Nesses casos, mesmo 
quando as impressões digitais estão ausentes e não podem ser recuperadas 
com o tratamento dos dedos, o sistema estomatognático fornece características 
distintivas suficientesque permitem a identificação positiva por meio de métodos 
odontológicos, antropológicos e de análise de DNA (FRANÇA, 2004). 
 
Nos casos de carbonizados, a identificação por procedimentos odontológicos é 
realizada através da comparação dos registros post mortem com o histórico 
médico odontológico antemortem, por meio das informações fornecidas no 
sistema estomatognático, quando preparado de acordo com as especificações 
contidas na lei. Obviamente, a verificação da identidade das vítimas queimadas 
é difícil e depende das condições da evidência post-mortem e da quantidade e 
qualidade das informações antemortem. As comparações mais frequentes são 
feitas a partir de tratamentos dentários, como restaurações e restaurações 
protéticas, individualização de características morfológicas ósseas e dentárias, 
variações patológicas individuais e obtenção de DNA da polpa nos dentes que 
não foram afetados por altas temperaturas (FRANÇA, 2004). Depois de fazer 
o registro dentário post-mortem de um indivíduo, ou dos restos humanos 
disponíveis e suficientes, e ter evidências que sugiram sua possível identidade, 
passamos a obter os registros médicos dentários que são considerados 
essenciais para realizar a comparação. 
 
4 Marcas de mordida; 
São marcas causadas por um ou mais dentes sozinhos ou em combinação com 
outras partes da boca. Eles podem ser estudados na pele da vítima ou do 
agressor e nos restos de comida localizados na cena do crime. A análise das 
marcas de mordida é baseada na e os recursos como tamanho do dente, forma, 
desgaste, alinhamento, restaurações, podem ser identificados com segurança. 
A marca da mordida clássica é produzida pela ação dos incisivos superiores e 
inferiores, que deixam uma marca oval ou circular. Elas podem ser registradas 
tanto na pele (vítima e agressor) quanto nos restos de comida e objetos e 
produzem uma impressão óbvia tão válida quanto às deixadas na pele (AVON, 
2004; MARQUES, 2007; ABFO, 2009) 
 
4.1 Distorção 
Circunstâncias como elasticidade do tecido, localização, profundidade ou força, 
duração, pressão da língua, sucção, posição ou movimentos da vítima, ou se a 
mordida ocorreu antes ou depois da morte são aspectos que podem distorcer a 
marca da mordida e devem ser levados em consideração para análises 
subsequentes. 
As marcas de mordida não permanecem sempre estáveis, nem quando 
produzidas, nem ao longo do tempo. Assim, a possibilidade de distorção deve 
ser levada em consideração. 
A distorção primária ocorre no momento em que a marca da mordida ocorre. É 
produzido pela modificação dos tecidos e pelo movimento da vítima durante o 
momento da mordida. A distorção secundária ocorre após a mordida e ocorre 
nos tecidos como resultado da passagem do tempo, modificando as dimensões 
e os detalhes da marca. Como não podemos controlar a distorção primária, 
devemos minimizar a distorção secundária o máximo possível (SHEASBY,2001). 
 
4.2 Técnicas clássicas de análise 
A análise de marcas de mordida é baseada em técnicas de comparação. Os 
métodos clássicos de análise podem ser diretos ou indiretos (MARQUES, 2007). 
Os métodos diretos baseiam-se na comparação do modelo de dentes do 
suspeito com a marca da mordida ou nas suas fotografias. Por sua vez, os 
métodos indiretos baseiam-se na comparação de registros indiretos da mordida 
do suspeito com a marca ou fotos da mordida. Métodos indiretos facilitam a 
comparação, mas podem introduzir erros em nossa análise. A seguir, 
detalharemos diferentes técnicas clássicas de análise: 
4.3 Técnicas modernas de análise 
Atualmente existem diferentes técnicas modernas de análise de marcas de 
mordida. Dentre elas temos: Sobreposições geradas por computador, Scanner 
tridimensional, Registro de pontos, Réplicas acrílicas, DNA e Streptococcus e 
cepas bacterianas. A seguir, detalharemos cada uma delas. 
1. Sobreposições geradas por computador: Mostraram menos erros e maior 
confiabilidade do que outros métodos indiretos, mas ainda contêm um elemento 
de subjetividade ao selecionar os perfis das arestas da mordida à mão livre. 
Ainda assim, sendo comparações tridimensionais, elas estão mais próximas da 
realidade do que fotografias e outras sobreposições (THALI,2003; WOOD,1994). 
2. Scanner tridimensional: Digitalização dos modelos do suspeito com um 
scanner tridimensional e comparação com os pontos de referência das 
fotografias da marca de mordida. Esse sistema permite que os objetos sejam 
girados e adaptados, simulando até a progressão da mordida, mostrando como 
o modelo penetra gradualmente na pele sem distorção (THALI,2003). 
3. Registro de pontos: Registro da mordida em cera dupla com alumínio para 
controlar a penetração. Marcação de pontos de referência e medidas dos dentes 
(arco dental descrito nas coordenadas XY. Comparação com mordida. 
4. Réplicas acrílicas: transparentes dos modelos do suspeito. 
5. DNA: Estudo do DNA salivar extraído da marca da mordida. O DNA é estável 
na pele intacta pelo menos 60 horas após a ocorrência da mordida. 
6. Streptococcus e cepas bacterianas: O Streptococcus é uma bactéria 
encontrada em as superfícies dentárias e todas as mordidas feitas pelo homem. 
Os Streptococcus isolados da mordida podem ser comparados com os do 
agressor. O estudo do estreptococo é viável em situações favoráveis até 24 
horas após a mordida, embora com o tempo a porcentagem de colônias diminua. 
A coincidência das cepas estreptocócicas da mordida com o agressor não é um 
método individualizador, mas constitui dados que suportam evidências forenses. 
7. Outras técnicas: TC, transiluminação da pele, fotografias ultravioletas, 
estudo com microscopia eletrônica, etc. 
Quando a marca da mordida está boa, o diagnóstico obtido pode ser considerado 
uma evidência confiável na identificação, tão válida quanto às impressões 
digitais. Em geral, podemos afirmar que qualquer método de interpretação pode 
ser válido desde que identifique facilmente os recursos que são análogos 
(SILVA, 2003).

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