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TRABALHO - O INDIVÍDUO SITIADO E O CONSUMISMO

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TIAGO SCHUH BECK 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O INDIVÍDUO SITIADO E O CONSUMISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria 
2015 
 2 
INTRODUÇÃO 
 
O consumismo é uma compulsão que leva o indivíduo a comprar de forma ilimitada 
e sem necessidade bens, mercadorias e/ou serviços. Ele se deixa influenciar 
excessivamente pela mídia, o que é comum em um sistema dominado pelas 
preocupações de ordem material, na qual os apelos do capitalismo calam fundo na 
mente humana. Não é à toa que o universo contemporâneo no qual habitamos é 
conhecido como “sociedade de consumo”.1 
 
Tendo como escopo de estudo o indivíduo sitiado e o consumismo, o objetivo geral 
desta pesquisa é analisar os problemas do consumo exacerbado em nossa sociedade, bem 
como os motivos que levam as pessoas muitas vezes a gastarem mais do que possuem. 
O principal autor a ser utilizado será o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. 
Professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia, Bauman desenvolveu 
importante carreira acadêmica, sendo agraciado com diversas honrarias. Conhecido 
principalmente pela análise do consumismo pós-moderno, sua obra “Modernidade Líquida” é 
objeto de estudo em todas as partes do mundo. No Brasil, possui mais de trinta obras 
publicadas. 
Desta forma, de modo a contextualizar o tema, em um primeiro momento será 
analisada a relação entre o consumismo e o capitalismo Logo após, demonstrar-se-á a perda 
de identidade dos indivíduos por imposições externas. Será avaliado, também, o caráter 
mutável da sociedade, a qual não se contenta, em sua maioria, com objetos considerados 
ultrapassados, podendo ser televisões, celulares, computadores, entre outros. É a partir destas 
constatações que se chegará ao conceito mais importante do presente trabalho, denominado 
por Bauman de “sociedade-líquido moderna”. 
Depois, far-se-á exames práticos de alguns casos, citando exemplos de como a 
sociedade é induzida ao consumo, destacando-se os financiamentos em virtude da facilitação 
do crédito, a mídia e a publicidade, caracterizada por induzir a compra de produtos 
desnecessários e a obsolescência nas mais diversas formas, analisando-se a estratégia das 
empresas quanto à duração de seus produtos e traçando um paralelo de como eram os 
produtos antigamente e de como são nos dias atuais. 
Como técnica de pesquisa será utilizada a bibliográfica, mediante a leitura de artigos, 
livros, periódicos e demais materiais já publicados. 
 
 
1 SANTANA, Ana Lucia. Consumismo. Brasil Escola. Disponível em: 
<http://www.infoescola.com/psicologia/consumismo/>. Acesso em: 11 ago. 2015. 
 3 
1 O INDIVÍDUO SITIADO E A SOCIEDADE DE CONSUMIDORES 
 
Com o advento da Revolução Industrial e decorrente consolidação do capitalismo, 
houve um aumento significativo do poder aquisitivo e consequentemente do consumismo. 
Deste modo, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro “Vida Líquida”, traz à tona 
reflexões a respeito da perda de identidade do ser-humano. O autor afirma que a 
individualidade virou uma atribuição da sociedade a qual se participa. Isto significa que para 
sermos aceitos em determinado grupo devemos seguir certas regras e imposições. Deste 
modo, é possível traçar um paralelo com o consumismo, já que muitas vezes a inclusão em 
determinado grupo se dá por aquilo que temos, seja o melhor tênis ou o melhor celular. 
Portanto, o problema apontado por Bauman é de que a individualidade deixou de ter o 
significado de a pessoa ser um ser ímpar, ciente das próprias ações, alheio a imposições 
externas e com uma percepção singular de enxergar as relações sociais nas mais diferentes 
formas. 
A mudança repentina de situações, como o surgimento e as inovações no ramo da 
tecnologia faz com que a vida tenha um caráter inconstante, fluído, no sentido de que não 
possui uma forma fixa. No mercado, “o mais novo espaço modelador da vida”2, haja vista que 
é ele quem determina as relações de inclusão/exclusão, é possível encontrar os mais variados 
produtos os quais atendem os mais diferentes tipos de perfis. Além do mais, são nas 
propagandas e nos comerciais que encontramos a “zona de conforto”, já que “fazem com que 
o consumidor se sinta diferente do outro”3, em virtude de “que o objeto X foi feito 
especialmente para nós, assim como o objeto Y já não é mais digno de nosso perfil”4. Desta 
maneira, a sociedade de consumo torna permanente o desejo de insatisfação, uma vez que as 
novidades não se esgotam e as formas de satisfação são sempre momentâneas. Ademais, o 
tempo e a duração das mercadorias são cruciais para a manutenção da economia das 
empresas. “Assim surge a moda, descartável e passageira, mas sempre a serviço do ciclo do 
 
2 BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro. Resenha 
de: CAMINHA, M. A vida para o consumo: sujeitos como mercadoria. Revista CONTRACAMPO, n.20, p. 
205, 2009. 
3 Eh Tudo História, blogspot. Capítulo I do livro Vida Líquida, de Zygmunt Bauman. Disponível em: 
<http://ehtudohistoria.blogspot.com.br/2010/08/capitulo-1-do-livro-vida-liquida-de.html>. Acesso em: 2 ago. 
2015. 
4 FERNANDES, Parcilene. Vida Líquida: Consumo, velocidade e lixo na era da incerteza. Disponíel em: 
<http://ulbra-to.br/encena/2013/09/12/Vida-Liquida-consumo-velocidade-e-lixo-na-era-da-incerteza>. Acesso 
em: 2 ago. 2015. 
 4 
capital. Por isso a satisfação do consumidor nunca será completa, pois o consumo depende 
desta negação e do não atendimento de suas necessidades”5. 
Para Bauman, a sociedade de consumidores “representa o tipo de sociedade que 
promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia existencial 
consumistas, e rejeita todas as opções culturais alternativas”6. Os próprios indivíduos se 
transformaram em mercadorias, no intuito de serem aceitos socialmente em seu espaço, 
garantindo sua visibilidade. Em consequência disso, “as relações humanas tornam-se porosas 
e distantes, pois cada vez mais se privilegia o supérfluo e as relações “corpo a corpo” tornam-
se cada vez mais escassas, favorecendo o isolamento e a falta de poder da coletividade”7. 
Por isso, conclui-se que não há espaço para quem “não cumpre seu papel primordial: 
ser um consumidor exemplar”8. Isto ocorre pelo motivo de que a sociedade avalia o poder 
aquisitivo do indivíduo. Assim, a felicidade na “modernidade líquida” virou sinônimo de 
consumo, este formador da identidade de seus membros. Entretanto, para Bauman, a ideia de 
felicidade é ilusória, tendo em vista que “o vasto empreendimento de novas promessas 
esmaece o excesso de decepções, fazendo com que a crença nessa busca não seja perdida e 
permaneça reatualizando a cultura consumista”9. 
Já, o ponto social colocado por Bauman “refere-se a como as pessoas são forçadas a 
uma situação na qual têm de gastar o pouco de dinheiro ou os poucos recursos que dos quais 
dispõe com objetos de consumo sem sentido, e não com suas necessidades básicas, para evitar tal 
humilhação social e evitar a perspectiva de ser provocado e ridicularizado”10. Diante disso, 
constata-se que o mercado produz mercadorias em excesso, visando atender aos anseios do 
público e gerando mais incertezas no consumidor na hora de escolher determinado produto. 
Depreende-se que “tal economia configura-se como economia do engano, que aposta na 
irracionalidade dos consumidores e não em suas estimativas sóbrias e bem informadas”11. 
 
5 BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 
2008. Resenha de: GHIZZO, M.R.__________. Revista Percurso - NEMO. Maringá, v. 2, n. 2 , p. 209-212, 
2010. 
6 BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2008. 
7 BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 
Resenha de: GHIZZO, M.R.__________.Revista Percurso - NEMO. Maringá, v. 2, n. 2 , p. 209-212, 2010. 
8 CUNHA, Eliani Martins. Bauman e a sociedade de consumidores: a transformação das pessoas em 
mercadoria. Disponível em: < http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/13883/bauman-e-a-
sociedade-de-consumidores-a-transformacao-das-pessoas-em-mercadoria#!2>. Acesso em: 2 ago. 2015. 
9 BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 
Resenha de: CAMINHA, M. A vida para o consumo: sujeitos como mercadoria. Revista CONTRACAMPO, 
n.20, p. 210, 2009. 
10 BAUMAN, Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 
Resenha de: SILVA, A. A Sociedade Contemporânea: A Visão de Zygmunt Bauman. p.3. 
11 BAUMAN, Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 
Resenha de: SILVA, A. A Sociedade Contemporânea: A Visão de Zygmunt Bauman. p.3. 
 5 
 Portanto, é a partir dessas constatações que se pode destacar a “sociedade líquido-
moderna”. Esta se caracteriza por ser uma “sociedade em que as condições sob as quais agem 
seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, 
em hábitos e rotinas, das formas de agir”.12 
 
1.1 O consumismo e o capitalismo 
 
O consumismo, como já explanado, é definido como uma fragilidade humana onde a 
pessoa deseja uma realização pessoal imediata adquirindo bens afim de suprir alguma 
carência em busca de felicidade momentânea e inserção em um determinado grupo. O mesmo 
está ligado ao capitalismo, que se define por ser um sistema econômico em que os meios de 
produção e distribuição são de propriedade privada com fins lucrativos. Nesse sistema há um 
reconhecimento dos direitos individuais onde o governo existe com o objetivo de inibir a 
violência humana e garantir a propriedade privada. No atual modelo de Estado, a sociedade se 
insere em um capitalismo socioeconômico, onde são adotados dois princípios: o da 
neutralidade - onde o Estado é neutro e não interfere na oferta e na demanda - e o do maior 
benefício social - onde há intervenção na economia fazendo com que a renda nacional esteja 
distribuída de forma que todos os cidadãos sejam beneficiados pelo crescimento da riqueza. 
A lógica do capitalismo é a produção e o acumulo de capital. Para acumular é 
necessário fabricar um produto, vendê-lo por um valor maior do que o custo da produção e 
garantir que o produto seja amplamente consumido. Para garantir o consumo e, assim, manter 
o crescimento desse sistema econômico são utilizadas algumas ferramentas que estão ligadas 
ao consumismo, dentre elas estão: a facilitação do crédito, a publicidade, a obsolescência 
programada e a perceptiva. 
 
1.2 A facilitação do crédito 
 
Uma das formas de estimular as pessoas a comprar é facilitar o crédito seja por 
medidas econômicas adotadas pelo Estado, ou por medidas adotadas pelas empresas que 
dispõem de formas de pagamentos “tentadoras” como financiamento sem juros e longo prazo 
para pagamento. 
 
 
 
12 BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. 
 6 
1.3 A mídia e a publicidade 
 
Ao contrário do panorama caótico do mundo apresentado nos noticiários dos jornais, 
a mensagem publicitária cria e exibe um mundo perfeito e ideal [...] – sem guerras, 
fome, deterioração ou subdesenvolvimento. Tudo são luzes, calor e encanto, numa 
beleza perfeita e não perecível. 13 
 
Diariamente há um “bombardeio” de anúncios publicitários - aparelhos celulares, 
televisores, computadores, cosméticos, roupas, bebidas alcoólicas, alimentos, carros, entre 
outros -, que captam os olhares e ouvidos, independente da idade ou da classe social. Esses 
fazem apelos emocionais e geram necessidades de consumo. 
O apelo distribuído pela mídia, que chega de todas as partes - televisão, rádio, 
internet, jornais revistas, outdoors, folhetos, entre outros,- faz-se valer de sensações e ilusões 
de que o consumo daquele bem ou serviço modificará positivamente a vida do consumidor. 
Em muitas publicidades é perceptível que quando voltadas ao público masculino estão 
atreladas à sexualidade como, por exemplo, as propagandas de cervejas. Já, para as mulheres, 
associa-se a ideia de poder, tendo como exemplo as propagandas de cosméticos. 
 Segundo o palestrante português Daniel Spencer, a publicidade é “a arte de fazer as 
pessoas comprarem o que não precisam, com o dinheiro que não têm, num momento que não 
percebem, para parecerem o que não são”. 
 A partir disso é possível levantar a seguinte questão: por que não há propagandas de 
alguns produtos básicos, como arroz ou feijão? A resposta é simples: por serem produtos 
realmente essenciais não é necessário publicidade, ou seja, boa parte das publicidades tentam 
induzir as pessoas a comprarem o que não precisam. 
 
1.4 As obsolescências 
 
 Outra forma de indução ao consumismo inconsciente é através da 
obsolescência. O desgaste natural dos produtos é normal com o passar do tempo e do uso. 
Porém, algumas indústrias desenvolvem seus produtos com o intuito de terem uma baixa 
durabilidade, ou seja, planejam o envelhecimento determinando quanto tempo irá durar, para 
assim aumentar o consumo. 
 Mesmo com o avanço tecnológico, que resultou na criação de uma diversidade 
de materiais disponíveis para produção e consumo, hoje os eletrodomésticos são inferiores em 
questão de durabilidade do que há 50 anos. Como exemplo, é possível comparar produtos 
 
13 CARVALHO, Nely de. Publicidade: a linguagem da sedução. 3º ed. São Paulo: Ática, 2007. 
 7 
atuais com os antigos que duram até hoje, como geladeiras e até mesmo móveis que são 
facilmente encontrados nas casas de avós ou lojas de móveis e eletrodomésticos usados. 
Os produtos são acessíveis para comprar, todavia são desenhados para não durar. Por 
esta razão, o consumidor sofre para dar a esses uma destinação final adequada e ainda se vê 
obrigado a comprar outro produto. 
 No que diz respeito à obsolescência programada, um dos principais exemplos é a 
lâmpada. Esta, quando criada, apresentava uma durabilidade elevada - inclusive nos Estados 
Unidos há registro de uma lâmpada que está acesa há mais de 110 anos -, mas as fabricantes 
concluíram que venderiam apenas um número limitado de unidades. Por isso, criou-se uma 
fórmula para limitar o funcionamento das lâmpadas, de duas mil e quinhentas horas para durar 
apenas mil horas. 
 Na área tecnológica, a obsolescência programada pode ser vista com maior 
frequência. Geralmente, durante o período de garantia, os desktops e notebooks de 
alguns fabricantes funcionam normalmente. No entanto, após o fim desse prazo, 
passam a apresentar defeitos como superaquecimento ou esgotamento da bateria. Na 
quase totalidade dos casos o preço do conserto é tão alto que se torna inviável, sendo 
os consumidores impelidos a adquirir um novo produto.14 
 
Já, a obsolescência perceptiva se caracteriza pelo lançamento gradual de uma nova 
versão de um produto. Uma atualização, por exemplo, pode interferir no uso do aparelho 
antigo, sendo necessário trocá-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 ___________Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Consumo Sustentável: entenda o que é 
obsolescência programada. Disponível em: < http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/entenda-o-que-e-
obsolescencia-programada>. Acesso em: 15 ago. 2015. 
 8 
CONCLUSÃO 
 
Esse trabalhou possibilitou a reflexão sobre o consumismo exacerbado pela 
necessidade de uma realização pessoal imediata adquirindo bens a fim de suprir determinada 
carência em busca de felicidade momentânea, além da inserção em um determinado grupo. 
Além do mais, observou-se que a propaganda e a obsolescência são instrumentos poderosos 
que o mundo capitalista utiliza para criar e manter suas marcas e produtos no mercado. Na 
intenção de seduzir e conquistaros consumidores, a publicidade, através da mídia, é uma a 
espécie de vendedor que passa despercebido em sua função, deixando o receptor desejoso 
pelo produto que é estrategicamente exposto. 
A teoria de Zygmunt Bauman é a liquidez no mundo moderno. Portanto, uma das 
maneiras utilizadas para complementar esse pensamento na pesquisa, diante do que se 
interpretou como cultura do consumo, foi a verificação de casos práticos onde há a aplicação 
de seus conceitos em objetos empíricos que estimulam o leitor a olhar para o lugar do 
consumidor diante da realidade ocultada pelo capitalismo moderno. Dessa forma, evidencia-
se que o caminho de aplicação para esse diálogo pode ser encontrado pela lógica publicitária 
da comercialização de bens, haja vista que é nessa que se materializam as criações astutas dos 
consumidores, sendo capazes de determinarem novas significações desses produtos em prol 
do seu próprio favorecimento. Portanto, as informações veiculadas pela mídia estimulam o 
consumo massificado e não abrem espaço para a reflexão do consumo consciente. 
Conquanto, na sociedade de consumo a importância das pessoas é resumida pelo que 
consomem, ficando o papel de produtores para segundo plano. O consumismo pode gerar o 
fim da solidariedade, solapada pelas mercadorias. Conforme a ideia apresentada por Bauman, 
a individualidade deixou de ter o significado de a pessoa ser um ser ímpar, ciente das próprias 
ações, alheio a imposições externas e com uma percepção singular de enxergar as relações 
sociais nas mais diferentes formas. 
 Nesse sentido, constatou-se que o alto padrão de consumo representa o sucesso, um 
caminho para uma possível felicidade que é maquiada e que nunca será alcançada, mas 
sempre pretendida. Desse modo, o consumismo exacerbado pode trazer resultados perigosos 
para um indivíduo – contrair dívidas, utilizar vários cartões de crédito, sem o mínimo de 
controle, além de comprometer o patrimônio da família-. Aliado a ideia de que somente 
encontrarão prazer nas coisas materiais o consumismo pode até mesmo se transformar em 
uma disfunção patológica, levando a casos extremos como o acúmulo de “bugigangas” e 
“quinquilharias”, até perderem completamente o espaço dentro de sua própria casa. 
 9 
Dados apontam que 
 
Cerca de 5 a 6% da população sofrem do problema e é mais frequente entre as 
mulheres, na faixa dos 30 a 40 anos. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que 90% 
dos portadores do transtorno eram do sexo feminino. Porém, as últimas pesquisas 
americanas demonstram que os compradores compulsivos masculinos vêm 
aumentando assustadoramente, equiparando-se às do sexo feminino. Mesmo assim, 
as mulheres, em sua maioria esmagadora, ainda são as que frequentam os 
consultórios psiquiátricos e psicológicos.
15 
 
Nesse contexto, 
 
é preciso cortar o ciclo vicioso, uma vez que a compra compulsiva é antecedida por 
um desejo incontrolável e, no ato da compra em si, o indivíduo vivencia um grande 
sentimento de alívio (prazer), seguido de culpa e remorso pelo fracasso frente à 
compulsão. Assim, novamente o compulsivo é tomado por uma sensação de 
ansiedade muito grande, que só é aliviada com novas compras. 
16
 
 
Não há como escapar das propagandas presentes no dia-a-dia, porém a escolha de 
comprar está no poder de cada indivíduo. Saber diferenciar o necessário do supérfluo pode ser 
difícil. Nessa perspectiva, como bem elucida Bauman, “[...] tornar-se consumidor exige um 
nível que dificilmente deixa tempo para as atividades que tornar-se cidadão demanda.”17-, 
porém, faz-se necessário, tendo em vista que em um mundo de liquidez os objetos são criados 
para a obsolescência. 
O consumidor deve estar atento para que a compra seja feita com planejamento e 
equilíbrio. Para isto, deve-se pesquisar os preços, bem como verificar a qualidade de 
determinado produto. É dever do ser humano pensar antes comprar compulsivamente e opor-
se ao consumo exacerbado, a fim de garantir um consumo saudável e se livrar de 
endividamentos desnecessários. 
 
 
 
 
 
 
 
15 BARBOSA SILVA, A.B. COMPULSÃO POR COMPRAS – Quando o prazer vira um vício. 
Comportamento humano e Psiquiatria. Disponível em: 
<http://draanabeatriz.com.br/pg_artigos_tema_livre_txt06.php>. Acesso em: 16 ago. 2015. 
16 BARBOSA SILVA, A.B. COMPULSÃO POR COMPRAS – Quando o prazer vira um vício. 
Comportamento humano e Psiquiatria. Disponível em: 
<http://draanabeatriz.com.br/pg_artigos_tema_livre_txt06.php>. Acesso em: 16 ago. 2015. 
17 BAUMAN, Zygmunt, Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2008. 
 10 
REFERÊNCIAS 
 
 
BARBOSA SILVA, A.B. COMPULSÃO POR COMPRAS – Quando o prazer vira um vício. 
Comportamento humano e Psiquiatria. Disponível em: 
<http://draanabeatriz.com.br/pg_artigos_tema_livre_txt06.php>. Acesso em: 16 ago. 2015. 
 
BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de 
Janeiro. Resenha de: CAMINHA, M. A vida para o consumo: sujeitos como mercadoria. 
Revista CONTRACAMPO, n.20, p. 205, 2009. 
 
BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2008. Resenha de: CAMINHA, M. A vida para o consumo: sujeitos como 
mercadoria. Revista CONTRACAMPO, n.20, p. 210, 2009. 
 
BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2008. Resenha de: GHIZZO, M.R.__________. Revista Percurso - NEMO. 
Maringá, v. 2, n. 2 , p. 209-212, 2010. 
 
BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. 
 
BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. 
 
BAUMAN, Z. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2008. Resenha de: SILVA, A. A Sociedade Contemporânea: A Visão de 
Zygmunt Bauman. p.3. 
 
CARVALHO, Nely de. Publicidade: a linguagem da sedução. 3º ed. São Paulo: Ática, 2007. 
 
CUNHA, Eliani Martins. Bauman e a sociedade de consumidores: a transformação das 
pessoas em mercadoria. Disponível em: < 
http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/13883/bauman-e-a-sociedade-de-
consumidores-a-transformacao-das-pessoas-em-mercadoria#!2>. Acesso em: 2 ago. 2015. 
 
Eh Tudo História, blogspot. Capítulo I do livro Vida Líquida, de Zygmunt Bauman. 
Disponível em: <http://ehtudohistoria.blogspot.com.br/2010/08/capitulo-1-do-livro-vida-
liquida-de.html>. Acesso em: 2 ago. 2015. 
 
FERNANDES, Parcilene. Vida Líquida: Consumo, velocidade e lixo na era da incerteza. 
Disponíel em: <http://ulbra-to.br/encena/2013/09/12/Vida-Liquida-consumo-velocidade-e- 
lixo-na-era-da-incerteza>. Acesso em: 2 ago. 2015. 
 
SANTANA, Ana Lucia. Consumismo. Brasil Escola. Disponível em: 
<http://www.infoescola.com/psicologia/consumismo/>. Acesso em: 11 ago. 2015. 
 
___________Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Consumo Sustentável: entenda o 
que é obsolescência programada. Disponível em: < http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-
direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia-programada>. Acesso em: 15 ago. 2015.

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