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Processo nos Tribunais

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REGRAS GERAIS SOBRE A ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS 
 
De forma geral, o procedimento no tribunal tem duas fases distintas: uma perante 
o relator, a quem se atribui a função de praticar todos os atos até a sessão de julgamento 
e a outra, perante o colegiado, que tem por finalidade o debate e o julgamento do caso. 
Nesse sentido, a essas regras do Código de Processo Civil acrescenta-se aquelas 
decorrentes dos regimentos internos dos tribunais. 
Assim sendo, a Constituição Federal, no seu art. 96, I, a, atribui aos tribunais o 
poder de elaborar seus regimentos internos, com observância das normas processuais 
constitucionais e legais, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos 
órgãos jurisdicionais e administrativos. Isso significa que os tribunais, através dos seus 
regimentos internos, disciplinam o funcionamento de seus órgãos, com a distribuição de 
competência a cada um deles. 
Vale destacar que o regimento interno dos tribunais é norma geral, que dispõe 
sobre o funcionamento e a competência de seus órgãos internos, tratando de regras 
relativas a registro, distribuição, prevenção, conexão e outras relacionadas ao 
funcionamento e à competência do tribunal. 
 
Protocolo, registro e distribuição 
 
Mormente, o protocolo é livro oficial, e todo tribunal tem um livro oficial de 
protocolo, podendo ser eletrônico ou não. Sua função principal é a de autenticar a data de 
apresentação dos autos ou petições, sendo permitida, a partir de então, a obtenção de 
certidões ou, se for o caso, de recibo da entrega dos autos ou da petição. Esses serviços 
de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a 
ofícios de justiça de primeiro grau (art. 929, par. ún., CPC). 
Já o registro, ele deve ser feito no mesmo dia da apresentação da petição ou da 
chegada dos autos ao tribunal. Além da finalidade estatística, fiscal, histórica, 
administrativa e processual, o registro tem por objetivo garantir a publicidade dos atos 
processuais. Registrados os autos, cabe à secretaria ordená-los para distribuição imediata. 
Nesse diapasão, a distribuição de processos no tribunal será imediata, como impõe 
o inciso XV do art. 93 da Constituição Federal, ratificado pelo art. 939 do caput. Como o 
registro deve ser feito no mesmo dia da apresentação da petição ou da chegada dos autos 
no tribunal, e considerando que a distribuição há de ser imediata, tais atos coincidem no 
momento de sua realização. Ou seja, protocolo, registro e distribuição devem ser feitos 
imediatamente, no mesmo momento. 
 
Conexão e prevenção 
 
Sobre isso, frisa-se que as causas que tramitam em tribunal podem ser conexas. 
Nesse aspecto, pode haver conexão entre ações de competência originária do tribunal, 
recursos e incidentes. Destaca-se que a conexão é fenômeno processual que pode 
acontecer em qualquer instância. 
Nesse ínterim, o parágrafo único do art. 930 do CPC está assim regido: “O 
primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator para eventual recurso 
subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo”. A prevenção, nesse 
caso, atribui ao relator a competência funcional para julgar esses futuros recursos. 
 
A produção de prova em tribunal 
 
Inicialmente, é importante destacar que é possível a produção de provas em 
tribunal, tanto em causas de competência originária como em recursos. Assim, mesmo 
em julgamento de recurso, o tribunal tem poder instrutório. Veja-se, por exemplo, o caso 
da apelação, na qual não lhe cabe apenas reexaminar as provas que já foram colhidas em 
primeira instância, sendo possível que o tribunal determine a produção de novas provas. 
Isso é possível porque, em primeiro lugar, aplica-se ao tribunal o art. 370 do CPC, 
que confere poder instrutório ao juiz, e nada justifica restringir a incidência do artigo à 
atuação do juízo de primeira instância. Se a causa há de ser julgada novamente no 
procedimento recursal, não se pode retirar do órgão a possibilidade de produzir novas 
provas que fundamentem o seu convencimento. 
Além disso, há diversos dispositivos do CPC que autorizam a alegação de fatos 
novos em grau recursal - é o caso dos arts. 342, 493 e 1.014. Assim, se é possível alegar 
fato novo, é possível produzir prova dessa alegação fática, visto que se trata de corolário 
da garantia do contraditório. 
Por fim, no art. 435 do CPC há previsão da possibilidade de produção de prova 
documental a qualquer tempo, desde que atendidas as exigências ali previstas. Nesse 
sentido, o órgão julgador pode, em qualquer fase do processo, inclusive na instância 
recursal, inspecionar pessoalmente pessoas ou coisas, a fim de esclarecer-se sobre fato 
que interesse à decisão da causa (art. 481, CPC). 
 
Relator 
 
Em primeiro lugar, cabe ao relator estudar o caso, firmar seu entendimento para 
elaborar o relatório e levar o caso a julgamento, a fim de, na correspondente sessão, expor 
os detalhes aos seus pares, emitindo seu voto. Ao relator, compete também, determinar a 
realização de diligências, a correção de vícios, a instrução do feito e a apreciação do 
requerimento de tutela provisória. 
Frisa-se que as atribuições do relator variam, conforme se trate de recurso ou de 
causa de competência originária do tribunal. Diante disso, nas ações originárias, cabe ao 
relator deferir ou indeferir a petição inicial, ou ainda julgar liminarmente improcedente o 
pedido; deferida a petição, o relator determinará a citação do réu, podendo conceder tutela 
provisória, de urgência ou de evidência, liminarmente ou após manifestação do réu. 
Cabe ao relator, ainda, deferir ou indeferir a produção de provas, expedir carta de 
ordem a juízes de primeira instância para a realização de diligências ou coleta de provas. 
Além disso, cabe a ele ordenar o processo no tribunal (art. 932, I, CPC), bem como 
corrigir defeitos processuais em tribunal (art. 938, §§ 1° e 2°, CPC). Há ainda, o poder 
instrutório do relator, bem como os poderes decisórios, que englobam a homologação de 
autocomposição, as decisões de requerimento de tutela provisória e de requerimento de 
concessão de gratuidade da justiça etc. 
 
Proibição de decisão-surpresa em tribunal 
 
O texto do art. 10 do CPC dispõe o seguinte: “O juiz não pode decidir, em grau 
algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às 
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva 
decidir de ofício”. A regra, como deflui da simples leitura do enunciado normativo, 
aplica-se a qualquer instância. 
 
Julgamento, inclusão e publicação da pauta 
 
No que se refere à ordem de julgamento, inclusão e publicação da pauta, quando 
a causa é distribuída, os respectivos autos são encaminhados ao relator, que deverá estudar 
o caso submetido ao crivo do tribunal. Feito o estudo do caso, o relator apresentará o 
relatório e, lançada aos autos essa exposição, o relator fica vinculado à causa, devendo 
participar do julgamento, ainda que venha a ser removido para outra câmara ou turma. 
Lançado o relatório e tendo o relator aposto seu visto, os autos serão 
encaminhados à secretaria (art. 931, CPC). Em seguida, os autos serão apresentados ao 
presidente do órgão, que designará dia para julgamento, mandando publicar a pauta no 
órgão oficial, sendo igualmente afixada na entrada da sala em que se realizar a sessão de 
julgamento (art. 934 e art. 935, § 2°, CPC). Após publicação da pauta em julgamento, às 
partes será permitida vista dos autos em cartório (art. 935, § 1°, CPC). 
Dito isso, entre a data da publicação no órgão oficial e a da sessão de julgamento 
decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 dias, sob pena de nulidade (art. 935, caput, CPC). 
Operando-se esse defeito, cabe à parte prejudicada opor embargos de declaração para 
obter sua anulação ou, então, o pré-questionamento da matéria, a fim de erigir a questão 
ao crivodo Superior Tribunal de Justiça mediante a interposição de recurso especial. 
 
Sustentação oral 
 
Permite-se que, no julgamento a ser proferido pelo tribunal, possam as partes 
sustentar oralmente as razões de seus recursos, contribuindo para a reflexão dos 
julgadores, ao mesmo tempo em que tentam convencê-los do acerto de suas teses, com o 
que se contribui para uma decisão aprimorada (art. 937, CPC). Nessa vertente, tanto o 
recorrente quanto o recorrido podem apresentar sustentação oral, e o fazem na pessoa de 
seus advogados. 
Assim, a sustentação oral é admitida na apelação, no recurso ordinário, no recurso 
especial, no recurso extraordinário, nos embargos de divergência, na ação rescisória, no 
mandado de segurança, na reclamação, no agravo de instrumento interposto contra 
decisões interlocutórias que versem sobre tutela provisória de urgência ou de evidência, 
bem como em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento interno do tribunal. 
Contudo, não se admite sustentação oral em embargos de declaração, em agravo 
interno (ressalvada a hipótese do § 3° do art. 937) e em agravo de instrumento 
(ressalvados os casos dos incisos I e II do art. 1.015, CPC; art. 937, VIII, e art. 942, § 3°, 
II, CPC). 
Sobre o requerimento da sustentação oral, o § 2° do art. 937 do CPC dispõe que 
“O procurador que desejar proferir sustentação oral poderá requerer, até o início da 
sessão, que o processo seja julgado em primeiro lugar, sem prejuízo das preferências 
legais”. Dessa forma, os advogados que desejarem fazer a sustentação oral podem 
requerer seja-lhes conferida preferência na mesma sessão. Tal preferência respeitará a 
ordem dos requerimentos, ressalvadas as preferências legais e regimentais (art. 936, 
CPC). 
Cita-se que, mesmo o advogado que tenha dificuldade de se deslocar ao tribunal, 
por manter domicílio profissional em cidade diversa ou distante da sede do tribunal, tem 
direito a formular sustentação oral. Para isso, o § 4° do art. 937 permite ao advogado 
realizar sustentação oral por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real. 
 
Pedido de vista 
 
O pedido de vista (art. 940, CPC) possibilita a qualquer um dos integrantes, 
inclusive o relator, do órgão julgador, que se considere inabilitado a proferir seu voto de 
imediato, uma oportunidade de melhor examinar os autos, a fim de esclarecer-se acerca 
de determinada questão. Nesse contexto, a vista pode ser em mesa, realizada 
imediatamente, com breve suspensão do julgamento, ou em gabinete, quando a sessão é 
suspensa, por até dez dias. 
Se os autos não forem devolvidos tempestivamente ou se não for solicitada pelo 
julgador prorrogação de prazo de no máximo 10 dias, o presidente do órgão fracionário 
requisitará para julgamento o recurso na sessão ordinária subsequente, com publicação 
da pauta em que for incluído (art. 940, § 1°, CPC). Nesse caso, quando requisitar os autos, 
se aquele que fez o pedido de vista ainda não se sentir habilitado a votar, o presidente 
convocará substituto para proferir voto, na forma estabelecida no regimento interno do 
tribunal. 
 
Proclamação do resultado 
 
Após a colheita de votos, cabe ao presidente do órgão do tribunal proclamar o 
resultado (art. 941, caput, CPC). Caso haja proclamação incorreta do resultado, a 
retificação pode ser feita na própria sessão de julgamento, por provocação de qualquer 
dos julgadores e dos advogados. A proclamação incorreta do resultado, nesse sentido, é 
hipótese de contradição, passível de correção por embargos de declaração. 
Cita-se que a alteração de voto após a proclamação do resultado não é possível. O 
§ 1° do art. 941 do CPC dispõe o seguinte: “O voto poderá ser alterado até o momento da 
proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já proferido por juiz afastado ou 
substituído”. Se o voto houver sido dado por juiz afastado ou substituído, não pode o 
substituto alterá-lo, mesmo que o resultado ainda não tenha sido proclamado. 
Com a proclamação do resultado, dá-se por encerrada a atividade jurisdicional de 
conhecimento, somente podendo o órgão jurisdicional alterar a decisão por meio de 
embargos de declaração ou para corrigir erro material ou erro de cálculo (art. 494, CPC). 
 
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA (IAC) 
 
Em primeiro lugar, o art. 926 do CPC estabelece que os tribunais devem 
uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. Dito isso, em 
decorrência de vários dispositivos, a atividade jurisdicional deve orientar-se pela 
necessidade de adoção de mecanismos de uniformização de jurisprudência, visando o 
atendimento das exigências de isonomia e segurança jurídica. 
Assim, a obediência aos precedentes e a uniformização da jurisprudência buscam 
assegurar a segurança jurídica, garantindo previsibilidade e evitando a existência de 
decisões divergentes para situações semelhantes. Isto é, casos iguais devem ter, 
necessariamente, decisões iguais, sob pena de se instaurar um estado de incerteza. 
 
Competência e cabimento 
 
O incidente de assunção de competência pode ser instaurado em qualquer tribunal, 
inclusive nos superiores. Contudo, enquanto não julgada a causa ou o recurso, é possível 
haver a instauração do incidente de assunção de competência, que produz um precedente 
obrigatório a ser seguido pelo tribunal e pelos juízos a ele vinculados. Cita-se que o 
incidente de assunção de competência é admissível em qualquer causa que tramite no 
tribunal. 
O art. 947 do CPC estabelece ser admissível “quando o julgamento de recurso, da 
remessa necessária ou de processo de competência originária” envolver relevante questão 
de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. Além 
disso, também é admissível nos tribunais do trabalho, tanto regionais, como no superior. 
 
Objetivos 
 
O grande objetivo do incidente de assunção de competência é assegurar a 
segurança jurídica e, para isso, existem três fins específicos que reforçam esse objetivo: 
A) Provocar o julgamento de caso relevante por órgão colegiado de maior 
composição; 
B) Finalidade de prevenir ou compor divergência interna no tribunal; 
C) Formação de precedente obrigatório, que vincula o próprio tribunal, seus 
órgãos e os juízos a ele subordinados. 
 
Microssistema de formação concentrada de precedentes obrigatórios 
 
Em relação a isso, cabe destacar que os tribunais têm o dever de uniformizar sua 
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente (art. 926, CPC). Dessa maneira, 
juízes e tribunais devem observar “os acórdãos em incidente de assunção de competência 
ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e 
especial repetitivos (art. 927, III, CPC). 
Resumidamente, há um microssistema de formação concentrada de precedentes 
obrigatórios, formado pelo incidente de assunção de competência e pelo julgamento de 
casos repetitivos. Suas respectivas normas intercomunicam-se e formam um 
microssistema, garantindo unidade e coerência. Nesse caso, para que se formem 
precedentes obrigatórios, devem ser aplicadas as normas que compõem esse 
microssistema. 
 
A teor do art. 927, III, CPC, os juízes e tribunais deverão observar “os acórdãos 
em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em 
julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos”. Nesses casos, há previsão 
de incidente processual para elaboração do precedente obrigatório (arts. 489, § 1°, 984, § 
2° e 1038, § 3°, CPC), com natureza de processo objetivo. 
Nesse contexto, exige-se que o processo de formação do precedente se dê nesses 
termos, pois na sua interpretação e na sua aplicação a casos futuros e similares bastará 
que o órgão julgador verifique se é ou não caso de distinção ou superação (arts. 489, § 1°, 
V e VI, 927, § 1°, CPC). 
Para além disso, o art. 927, V, CPC, prescreveque os juízes e tribunais devem 
seguir a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Há, 
nesse caso, a previsão de duas ordens de vinculação. Em primeiro lugar, há uma 
vinculação interna dos membros e órgãos fracionários de um tribunal aos precedentes 
oriundos do plenário ou órgão especial daquela mesma Corte. Ademais, há vinculação 
externa dos demais órgãos de instância inferior (juízos e tribunais) aos precedentes do 
plenário ou órgão especial do tribunal a que estiverem submetidos. Diante disso, 
precedentes do: 
 
A) Plenário do STF, sobre matéria constitucional, vinculam todos os tribunais e 
juízes brasileiros; 
B) Plenário e órgão especial do STJ, em matéria de direito federal 
infraconstitucional, vinculam o próprio STJ, bem como TRFs, TJs e juízes 
(federais e estaduais) a ele vinculados; 
C) Plenário e órgão especial do TRF vinculam o próprio TRF, bem como juízes 
federais a ele vinculados; 
D) Plenário e órgão especial do TJ vinculam o próprio TJ, bem como juízes 
estaduais a ele vinculados. 
 
INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE (IAI) 
 
O art. 97 da Constituição Federal prescreve que “somente pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os 
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. 
Trata-se de regra que estabelece um quorum qualificado para o reconhecimento da 
inconstitucionalidade no âmbito dos tribunais – regra da reserva de plenário ou regra do 
full bench. 
Estabelece-se uma regra de competência funcional para o reconhecimento da 
inconstitucionalidade de lei. Nesse diapasão, o incidente de arguição de 
inconstitucionalidade em tribunal é o meio processual previsto para regulamentar esse 
dispositivo constitucional. Tal incidente serve de controle difuso de constitucionalidade 
(art. 948, CPC) e aplica-se em todos os tribunais brasileiros. Esse incidente, frisa-se, pode 
ser suscitado em qualquer causa que tramite em tribunal. 
Nesse contexto, o Ministério Público, qualquer das partes e qualquer julgador têm 
legitimidade para suscitar o incidente. Assim sendo, é possível suscitar o incidente até o 
final do julgamento, mesmo em sustentação oral, antes de o Presidente do órgão colegiado 
proclamar o resultado. Destaca-se, contudo, que o incidente só é cabível para que se 
proclame a inconstitucionalidade. Se o tribunal resolver afastar a alegação de 
inconstitucionalidade ou declarar a constitucionalidade da norma, não se faz necessária a 
instauração do incidente. 
Desse modo, o incidente tem por função transferir, a outro órgão do mesmo 
tribunal, a competência funcional para a análise de determinada questão de direito 
incidental, havida como relevante para o julgamento da causa. Em sendo suscitado e 
admitido o incidente, pelo órgão fracionário, ocorre uma divisão da competência e um 
órgão julgador fica com a competência para julgar a questão principal e as demais 
questões a respeito das quais não foi suscitado qualquer incidente, e outro fica com a 
competência para julgar a inconstitucionalidade da norma. 
Após a decisão do incidente, a causa volta ao órgão julgador originário, que deve 
ultimar o julgamento do feito, resolvendo as demais questões incidentes e decidindo a 
questão principal. O órgão originário fica vinculado à solução que foi dada à arguição de 
inconstitucionalidade. 
Embora esse incidente seja um instrumento processual típico do controle difuso, 
a análise da constitucionalidade da lei é feita em abstrato. Trata-se, nesse caso, de 
incidente processual de natureza objetiva. O incidente de arguição de 
inconstitucionalidade é, assim, um procedimento de formação concentrada de precedente 
obrigatório, além de ser instrumento de concretização da regra constitucional do full 
bench. 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
 
O conflito de competência é o fato em que dois ou mais juízes se colocam como 
competentes (conflito positivo, art. 66, I, CPC) ou incompetentes (conflito negativo, art. 
66, II, CPC) para o julgamento da mesma causa ou de mais de uma causa, no caso de 
reunião por conexão. Dessa forma, é necessário que o conflito seja dirimido para que 
apenas um seja declarado competente e possa julgar a(s) causa(as). 
Nessa conjuntura, o enunciado n° 59 da súmula do Superior Tribunal de Justiça 
entende que não há conflito de competência se uma das causas já foi julgada. Para além 
disso, também não há conflito entre os juízos se houver diferença hierárquica, 
prevalecendo o posicionamento do juízo hierarquicamente superior. Contudo, é possível 
que surja conflito entre um tribunal e um juiz a ele não vinculado. 
Reconhecida a incompetência do juízo, a causa deverá ser remetida ao juízo tido 
como competente. Caso esse juízo não aceite a competência que lhe foi declinada, deverá 
suscitar conflito, salvo se a atribuir a outro juízo (art. 66, par. ún., CPC). 
 
Legitimidade e participação do Ministério Público 
 
Podem suscitar o conflito o juiz ou tribunal, por ofício, o membro do Ministério 
Público ou qualquer das partes, por petição (art. 953, CPC). O ofício e a petição, nesse 
caso, serão instruídos com os documentos necessários à prova do conflito (art. 953, par. 
ún., CPC). Caso o Ministério Público não tiver suscitado, deverá ser ouvido, 
obrigatoriamente, no conflito de competência instaurado nas causas em que a sua 
intervenção seja obrigatória (art. 951, par. ún., CPC). 
No entanto, a parte que alegou incompetência relativa não pode suscitar o conflito, 
pois já teve a oportunidade de manifestar-se sobre a competência e optou por arguir a 
exceção (art. 952, CPC). Contudo, caso venha a surgir posterior conflito de competência 
com objeto distinto da alegação de incompetência oferecida pela parte, terá ela 
legitimidade para suscitar o conflito. Frisa-se, ainda, que o conflito de competência não 
obsta que a parte que não o suscitou alegue a incompetência relativa (art. 952, par. ún., 
CPC). 
 
Competência 
 
A competência para julgar o conflito de competência será sempre de um tribunal. 
Assim sendo, o STF tem competência sempre que, no conflito, estiver envolvido um 
tribunal superior (art. 102, I, o, CF). Isso se trata de uma competência determinada em 
razão da pessoa, pois a presença de um tribunal superior como um dos juízos conflitantes 
faz com que a causa seja da competência do STF. 
Já os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais devem processar e julgar 
os conflitos de competência entre os juízes a eles vinculados. Caso haja juízes vinculados 
a tribunais diversos no conflito, a competência é do STJ. Em relação a isso, o art. 105, I, 
“d”, da Constituição Federal deixa claro que as demais hipótese de conflito são da 
competência do Superior Tribunal de Justiça. 
Além disso, é importante mencionar que a EC n. 45/2004 estabeleceu que se o 
conflito de competência se der entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvada a 
competência do STF, será dos tribunais trabalhistas a competência para apreciá-lo e julgá-
lo. Nessa toada, o STF decidiu que a competência para julgar o conflito entre juiz federal 
e juiz de juizado federal é do TRF, se ambos pertencerem à mesma Região (STF, Pleno, 
RE n. 590.409, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. em 26.08.2009). 
 
Procedimento 
 
Após a distribuição da petição ou do ofício, o relator, no tribunal, determinará a 
oitiva dos juízes em conflito ou, sendo um deles o suscitante, apenas do suscitado e, no 
prazo designado pelo relator, incumbirá ao juiz ou juízes prestar as informações (art. 954, 
CPC). Nesse ínterim, o relator poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer uma das 
partes, determinar, sendo o conflito positivo, seja sobrestado o processo. Nesse caso, bem 
como no conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, 
as medidas urgentes (art. 955, CPC). 
Além disso, o relator poderájulgar, monocraticamente, o conflito de competência 
quando sua decisão de fundar em súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal e em tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em incidente de assunção de competência (art. 955, par. ún., CPC). 
Decorrido o prazo que o relator designou, será ouvido o Ministério Público, no prazo de 
5 dias, ainda que as informações não tenham sido prestadas e, em seguida, o conflito irá 
a julgamento (art. 956, CPC). 
Por fim, ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente, dando 
pronunciamento também sobre a validade dos atos do juízo incompetente e os autos do 
processo serão remetidos ao juiz declarado competente (art. 957, CPC). 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. Congresso Nacional. Código de Processo Civil, de 15 de março de 2015. 
Diário Oficial da União, Brasília. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 1 
ago. 2022. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
BRASIL. Congresso Nacional. Emenda Constitucional n. 45, de 30 de dezembro de 
2004. Diário Oficial da União, Brasília (DF). 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n. 590.409-1. Relator: 
Ricardo Lewandowski. Julgamento em 26 de agosto de 2009. Corte ou Tribunal. 
DIDIER JÚNIOR, Fredie Souza. Curso de Direito Processual Civil. 10ª ed. Juspodivm, 
Salvador-BA, v. 2, 2015. 
DIDIER JÚNIOR, Fredie Souza. Curso de Direito Processual Civil. 13ª ed. Juspodivm, 
Salvador-BA, v. 3, 2016

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