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Cardiopatia� Congênita� Cianótica� 🫀 - dois grupos: COM HIPERFLUXO PULMONAR ou com HIPOFLUXO PULMONAR CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS COM HIPOFLUXO PULMONAR Tetralogia de Fallot: grande exemplo de cardiopatia congênita com hipofluxo pulmonar - 4 alterações anatômicas que resultam em oxigenação insuficiente do sangue bombeado para o corpo 1) ESTREITAMENTO DA VALVA PULMONAR, geralmente infundibular 2) ESPESSAMENTO DA PAREDE DO VENTRÍCULO DIREITO 3) DESLOCAMENTO DEFEITUOSO DA AORTA SOBRE O SEPTO-VENTRICULAR→ dextro posição da aorta acavalgada sobre o defeito CIV, de modo que o VD consiga enviar sangue pouco oxigenado diretamente para a Ao 4) ABERTURA ANORMAL ENTRE OS VENTRÍCULOS DIREITO E ESQUERDO (CIV)→ passagem de sangue pouco oxigenado do lado D para o E do coração, e ganha a circulação sistêmica ⇒ cianose - quadro clínico: destaque para as crises hipercianóticas (hipóxicas) → comuns nos primeiros dois anos de vida; lactentes pouco cianóticos são mais propensos a episódios graves - pacientes com Tetralogia de Fallot são “normalmente” mais hipóxicos e, com isso, há um mecanismo de compensação para uma maior produção de EPO, estimulando a produção eritrocitária (policitemia para compensar a hipóxia) - pink Fallot: existem todas as alterações da tetralogia mas a estenose pulmonar não é tão intensa; com isso, o paciente é muito menos cianotico, ou seja, muito menos sintomático⇒ porém, quando há uma crise hipóxica neste paciente, ele não tem o mecanismo de compensação do paciente clássico de Fallot (aumento na produção de EPO e policitemia), o que dá ao pink Fallot a incapacidade fisiológica de lidar com uma crise hipóxica, tornando-a mais grave nesses casos, mesmo a doença de base sendo menos grave. - tratamento das crises hipercianóticas: 1) suporte de oxigênio → afinal, o paciente está em hipóxia 2) posição genupeitoral (posição de cócoras) → pct com T. de Fallot que ainda não sofreu intervenção cirúrgica, normalmente assume a posição genupeitoral quando se encontra cansado e dispneico (princípio: a posição aumenta a resistência vascular sistêmica e, com isso, o sangue tem maior dificuldade de subir pela Ao sendo desviado para a via pulmonar, melhorando a circulação e, consequentemente, a oxigenação sanguínea 3) morfina → leva a uma vasodilatação que melhora a oxigenação, além de acalmar o paciente - evitar procedimentos invasivos como a gasometria → provoca choros e irritabilidade, piorando a crise hipercianótica 4) Quando as medidas acima não são suficientes, instalam-se as próximas medidas: - BIC IV → processo de hipóxia leva a uma acidose que pode impedir o sucesso das primeiras medidas; portanto, pode ser necessário o ajuste de pH sanguíneo - Fenilefrina → aumenta a resistência vascular sistêmica (mesmo principio da posição genupeitoral) - Propranolol IV (última medida) → efeito cronotrópico negativo: com a bradicardia, aumenta-se o tempo de enchimento dos ventrículos durante a diástole e, com isso, durante a próxima sístole, mais sangue será ejetado e passará para artéria pulmonar, melhorando a oxigenação - complicações da T. de Fallot: policitemia (hipóxia → ↑EPO → policitemia); com desidratação, aumenta-se muito a viscosidade sanguínea, propiciando a formação de trombos e levando à trombose cerebral, principalmente em pacientes menores de 2 anos // acima de 2 anos, podendo haver relação com as áreas cerebrais previamente isquêmicos, pode haver formação de abscesso cerebral; endocardite - diagnóstico: RX TÓRAX → área pulmonar escura (compatível com o hipofluxo pulmonar), índice cardiotorácico não está alterado (coração não ultrapassa um hemitórax); hipertrofia de VD (levanta o ápice do coração na imagem); arco médio (a. pulmonar) praticamente desaparecido⇒ CORAÇÃO EM TAMANCO HOLANDÊS - tratamento: em casos de urgência, para um pcte muito cianótico→ shunt sistêmico pulmonar (Blalock-Taussig - criação de uma comunicação com a circulação sistêmica, via subclávia, com a artéria pulmonar ipsilateral, através de um shunt (anastomose), melhorando, assim o fluxo pulmonar) + cirurgia definitiva para aliviar obstrução causada pela estenose ao VD e fechar o CIV CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS COM HIPERFLUXO PULMONAR Transposição das Grandes Artérias ou dos Grandes Vasos (TGA): - pode ter CIV associada - maior probabilidade de ocorrência em filhos de diabéticas e em homens (3:1) - Ao está ligada ao VD, ao invés de estar ligada ao VE, bem como as aa pulmonares estarão conectadas ao VE, ao invés de VD→ desigualdade de oxigenação: o coração direito fica com sangue muito oxigenado (VE→ aa pulmonares→ pulmão→ AE→ VE) enquanto o outro fica muito desprovido de oxigenação (VD→ Ao → circulação sistêmica → VCS + VCI → AD → VD), por isso, diz-se que estão correndo DOIS CIRCUITOS EM PARALELO. Este mecanismo apresenta incompatibilidade com a vida - o que mantém o pcte vivo é alguma comunicação entre as câmaras que normalmente existe, por isso,é comum a associação de TGA com CIV - tratamento de TGA com septo ventricular íntegro: PGE1 (tratamento inicial: mantém o canal aberto!! → efeito paliativo) e atrioseptostomia de Rashkind (procedimento hemodinâmico → cateterismo ‘cria’ um CIA)⇒ essas intervenções só são eficazes se feitas no período neonatal, para que depois seja feita a CX DEFINITIVA DE JATENE, que é a troca definitiva da posição dos vasos. Esse procedimento deve ser feito NAS PRIMEIRAS DUAS SEMANAS DE VIDA para que o ventrículo esquerdo não se adapte à baixa pressão da circulação pulmonar, pois isso diminui sua capacidade de suportar a circulação sistêmica após a realização do procedimento - tratamento de TGA com CIV: neste caso, a cirurgia pode ser feita após 2 semanas de vida → porque a presença do CIV faz com que as pressões fiquem equalizadas entre o VD e o VE, de maneira com que isso possibilita que a cirurgia seja feita mais tardiamente Coarctação de Aorta (CoAo) - CardioPapers: consiste em estreitamento do lúmen da aorta situado na maioria das vezes ( 96% ) na região localizada entre a origem da artéria subclávia esquerda e a região do canal arterial (istmo da aorta). - raramente está localizada na aorta torácica mais abaixo ou na aorta abdominal - área de estreitamento pode ser segmentar ou localizada - hipoplasia do arco aórtico de grau leve a severo pode estar presente. Por que tenho que ficar atento à coarctação de aorta? - 8% a 10% de todas as cardiopatias congênitas - Causa de hipertensão secundária Mais detalhes da epidemiologia que tenho que saber? - Mais frequente no sexo masculino - Encontrada em cerca de 30% dos pacientes portadores de Síndrome de Turner Dei diagnóstico de coarctação: o que tenho que ficar atento? - Valva aórtica bicúspide está presente em cerca de 50% ou mais dos pacientes. A maioria dos pacientes apresentam fusão do folheto coronariano direito e esquerdo. - Outras anomalias associadas: PCA,CIV, CIA, anomalias da valva mitral, anomalia de origem da artéria subclávia direita ( abaixo da zona coarctada ) Qual a história natural da coarctação de aorta? - média de sobrevida é 4ª década de vida com cerca de 75% dos pacientes que não foram submetidos a tratamento cirúrgico não ultrapassando a 5ª década de vida. - Pacientes mais velhos apresentam causa de morte relacionada com hipertensão arterial sistêmica que desencadeiam insuficiência cardíaca e dissecção ou rotura da aorta. - Outras complicações relacionadas são endocardite infecciosa e rotura de aneurisma cerebral. - Apresentação clínica depende da anatomia, que varia de obstruções de grau leve até severa e lesões associadas, observando-se na clínica desde neonatos que se apresentam em quadro de choque nas primeiras semanas de vida até crianças maiores, adolescentes e adultos assintomáticos com hipertensão arterial sistêmica ou sopros. Quais as manifestações clínicas da coarctação de aorta no recém-nascido? - No neonato com coarctação crítica o quadro pode ser de desconforto respiratório rapidamente progressivo culminando com grave ICC ou choque, coincidindo com o fechamento do canalarterial. - No exame físico observa-se desconforto respiratório, tiragem inter e sub costal, palidez, pulsos diminuídos ou ausentes, perfusão periférica diminuída, taquicardia, hipotensão, hepatomegalia - Ritmo de galope, hiperfonese de segunda bulha às custas de P2 são achados que podem estar presentes. Na ausência de anomalias associadas sopro pode estar ausente ou ser inespecífico. - ECG: nesta faixa etária caracteristicamente observa-se hipertrofia do VD com ÂQRS desviado para direita, sendo infrequente a presença de sobrecarga do VE - Radiografia do tórax: cardiomegalia e congestão venosa pulmonar estão presentes - Ecocardiograma: usualmente é capaz de definir com segurança o local e extensão da zona coarctada assim como gravidade da obstrução e presença de lesões associadas. - Tomografia e Ressonância magnética: definem claramente a anatomia da aorta e podem ser utilizadas nos casos que o exame ecocardiográfico for inconclusivo. - Ambos os exames necessitam de anestesia. A tomografia tem a vantagem de ser um exame realizado em curto espaço de tempo mas tem a desvantagem da exposição do paciente a radiação. a Ressonância magnética, por sua vez, tem a desvantagem de ser um exame mais demorado requerendo tempo anestésico mais longo em um paciente que muitas vezes se encontra hemodinamicamente instável. Como tratar a coarctação de aorta no recém-nascido? - No RN grave logo que o diagnóstico seja feito deve ser instituída terapêutica com Prostaglandina para reabertura do canal arterial e restabelecimento do fluxo para aorta descendente. - Medidas anticongestivas devem ser iniciadas de imediato para estabilização hemodinâmica (inotrópicos e diurético)) - Tratamento cirúrgico: deve ser realizado tão logo se consiga uma estabilidade hemodinâmica da criança e se estabeleça o diagnóstico por exames de imagem. - Obstrução residual ou recoarctação é relatada entre 6 a 30% dos pacientes operados nesta faixa etária - Importante fazer seguimento pelo resto da vida. Casos de recoarctação podem ser abordadas através de cateterismo cardíaco + angioplastia com ou sem colocação de stent. Quais as manifestações clínicas da coarctação de aorta em crianças e adolescentes? Maioria das crianças são assintomáticos ou apresentam sintomas de dor e fatigabilidade fácil em membros inferiores após exercício. O que o exame físico pode mostrar nestes casos? - Pulsos em MMII diminuídos ou ausentes. - Hipertensão arterial em MMSS - B2 desdobra fisiológica com A2 hiperfonética - Click de ejeção audível em focos da base e Apex (geralmente associado a valva aórtica bicúspide ou hipertensão arterial sistêmica) - Sopro sistólico ejetivo, de grau variável, audível ao longo do BEE pode estar presente O que costuma mostrar o ECG? - Ritmo sinusal com SÂQRS desviado para esquerda e sinais de SVE - Em 20% dos casos o ECG pode ser normal A radiografia de tórax pode ajudar nestes casos? - Sim! O índice cardio torácico pode ser normal ou levemente aumentado. - Dilatação da aorta ascendente pode ser observada - Presença do sinal do 3 em alguns pacientes - Erosão dos arcos costais (Sinal de Röesler), causada pela rede de circulação colateral que se desenvolve e usualmente se torna aparente entre os 4 e 12 anos de idade. Raramente é observado em pacientes abaixo dos 5 anos de idade. E o ecocardiograma? O que mostra? - permite avaliação precisa nas crianças menores da anatomia da aorta, avaliação de patologias associada, sinais de HVE, função sistólica e diastólica do VE. Visualização da área coarctada e análise do padrão do Doppler podem ser observados para um exame conclusivo. - doppler da aorta abdominal pode mostrar o padrão “em dente de tubarão” ou serrilhado - pacientes mais velhos podem não ter “janela” adequada para uma perfeita avaliação da aorta sendo necessária outros exames complementares de imagem. - Tomografia e Ressonância magnética são exames de grande ajuda quando da impossibilidade de se ter uma definição da cardiopatia através do estudo ecocardiográfico. Quando e como tratar um paciente com coarctação de aorta? - A indicação primária é a presença de hipertensão arterial sistêmica com uma diferença de pressão entre os MMSS e MMII acima de 20mmHg, redução acima de 50% do lúmen da aorta. - Decisão acerca do tipo de procedimento ( Cirúrgico X aortoplastia por via percutânea ) é baseada em variáveis como: idade, cirurgia prévia, anomalias associadas, complexidade do arco aórtico. Quais as complicações pós-operatórias que podem surgir? - Iniciais: Lesão de nervo frênico que costuma regredir na totalidade dos casos; Síndrome de Horner; Isquemia medular aguda levando a paraplegia; Hipertensão paradoxal que deve ser agressivamente controlada para evitar sangramento nas linhas de sutura - Tardias: Hipertensão arterial sistêmica residual, que pode variar de 40% a 60%. Idade do reparo é correlacionada com este achado. Recoarctação que é mais encontrada nos que são operados abaixo de 1 ano de idade, especialmente nos 3 primeiros meses de vida. Aneurisma no local do reparo da aorta.
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