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A- Educação de Jovens e Adultos Fundamentos e Metodologia

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Maria Ephigênia de Andrade Cáceres Nogueira 
Colaboradores: Profa. Silmara Maria Machado 
Prof. Nonato Assis de Miranda
Profa. Renata Viana de Barros Thomé
Educação de Jovens e 
Adultos: Fundamentos
e Metodologia
Professora conteudista: Maria Ephigênia de Andrade Cáceres Nogueira
Maria Ephigênia de Andrade Cáceres Nogueira, brasileira, natural de Ipaussú, Estado de São Paulo, é pedagoga, 
mestre e doutora em Educação pela Faculdade de Educação da USP, Universidade de São Paulo, e especializada 
em Gestão Educacional, pela Unicamp, Universidade de Campinas. Dedica‑se à Unip, como professora do curso de 
Pedagogia, desde 2007, e é líder da disciplina Educação de Jovens e Adultos desde 2009.
Sua carreira profissional começou como professora efetiva da Educação Infantil da Secretaria Municipal 
de Educação de São Paulo, onde permaneceu de 1979 a 1990, e em escolas particulares dessa mesma cidade. De 
1980 até 1995, foi professora efetiva do Ensino Fundamental (da primeira à quarta série) da Secretaria Estadual de 
Educação de São Paulo. Trabalhou na Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – Cenp, dessa secretaria, no 
Serviço de Educação Pré‑Escola. Em 1983, interessada em conhecer os trabalhos da Escola Experimental da Lapa 
(São Paulo), trabalhou como professora de pré‑escola. Foi nesse período que passou a integrar o grupo da Cenp, sob 
a coordenação da professora Telma Weiss, que iniciou as discussões, em São Paulo, sobre alfabetização, tendo os 
trabalhos das professoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky como nova visão sobre a aprendizagem da linguagem escrita. 
Durante esse período, no mestrado, participou do curso ministrado pela professora Marta Kohl de Oliveira, em que a 
problemática da Educação de Jovens e Adultos foi amplamente discutida, iniciando assim sua trajetória na discussão 
da aprendizagem do adulto e os aspectos da alfabetização e letramento. Como diretora de escola da rede estadual 
de ensino, a partir de 1995, implantou nessa instituição a Educação de Jovens e Adultos, presencial e com presença 
flexível, cujo atendimento, planejamento, desenvolvimento, coordenação e avaliação colocaram‑na em contato maior 
com o cotidiano da educação de jovens e adultos.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N778e Nogueira, Maria Ephigênia de Andrade Cárceres
Educação de jovens e adultos: fundamentos e metodologia / Maria 
Ephigênia de Andrade Cárceres Nogueira. – São Paulo: Editora Sol, 2014.
 120p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2‑010/14, ISSN 1517‑9230.
1. Educação de jovens. 2. Educação de adultos. 
3. Metodologia. I. ítulo.
CDU 374.7
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Luanne Aline Batista da Silva
 Virgínia Billato
Sumário
Educação de Jovens e Adultos: 
Fundamentos e Metodologias
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 PANORAMA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ........................................................................ 11
1.1 Como as pessoas jovens e adultas analfabetas resolvem as suas situações 
cotidianas? ...................................................................................................................................................... 13
1.2 Quem são os alunos da Educação de Jovens e Adultos? ..................................................... 15
2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONSTITUI‑SE COMO UM CAMPO 
DE CONHECIMENTO? ......................................................................................................................................... 20
2.1 O que recomenda a LDBEN nº 9.394, de 1996? ....................................................................... 20
2.2 A Educação de Jovens e Adultos na legislação educacional .............................................. 21
2.2.1 Constituição Federal de 1988 ............................................................................................................ 21
2.2.2 LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 ............................. 25
2.2.3 Ensino obrigatório dos 4 aos 17 anos – Emenda Constitucional nº 59, de 2009 ........ 25
3 COMO OS JOVENS E ADULTOS ESTUDAM HOJE? ............................................................................... 30
3.1 A organização dos cursos da EJA ................................................................................................... 34
3.2 Como são organizadas as classes de alfabetização? .............................................................. 34
3.2.1 Funcionamento por meio de cursos e exames ........................................................................... 35
3.2.2 Cursos presenciais................................................................................................................................... 37
3.2.3 Outras formas de organização do ensino destinado a jovens e adultos ......................... 37
3.2.4 Exames ........................................................................................................................................................ 38
3.2.5 Organização curricular ......................................................................................................................... 38
4 O RECONHECIMENTO SOCIAL DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – A EJA 
NA PAUTA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO ................................................................ 39
4.1 Movimentos de alfabetização de adultos e Paulo Freire ...................................................... 44
Unidade II
5 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................ 56
5.1 Desenvolvimento e aprendizagem de jovens e adultos ....................................................... 57
5.2 Educar na diversidade ........................................................................................................................ 59
5.3 Os efeitos da escolarização/alfabetização no processo de desenvolvimento 
cognitivo .......................................................................................................................................................... 59
5.4 Metodologia de ensino na Educação de Jovens e Adultos ................................................. 62
5.4.1 Organização de atividades em projetos: o que são projetos? .............................................. 62
5.4.2 O papel do professor na organização e direção das situações de aprendizagem 
e na progressão das aprendizagens ............................................................................................................64
5.4.3 Avaliação .................................................................................................................................................... 67
6 LÍNGUA PORTUGUESA – METODOLOGIA DA ALFABETIZAÇÃO E PÓS‑ALFABETIZAÇÃO ..... 68
7 MATEMÁTICA .................................................................................................................................................... 86
8 ESTUDOS DA SOCIEDADE E DA NATUREZA ........................................................................................101
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Os objetivos específicos da nossa disciplina Educação de Jovens e Adultos: fundamentos e 
metodologias estão voltados à análise do percurso histórico dessa modalidade de ensino e seus 
desdobramentos como conquista de um direito do cidadão brasileiro, tema que se tornou importante 
para a nação brasileira quando o analfabetismo foi considerado uma doença nacional, aparecendo na 
pauta das políticas públicas a partir de então. Estudaremos os movimentos sociais que se voltaram ao 
atendimento dos analfabetos, as campanhas de alfabetização, o trabalho desenvolvido em parceria pela 
sociedade civil e poderes públicos, que resultou na movimentação com ramificações em todo o território 
nacional por essa Educação.
Outro objetivo específico é apresentar a Educação de Jovens e Adultos nas legislações brasileiras – 
na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 9.394, de 1996, destacando, no Plano Nacional de Educação, 
as diretrizes e propostas para esse ensino em todo o território nacional. As diretrizes curriculares e 
parâmetros nacionais são os documentos elaborados pelo Conselho Nacional de Educação que tratam 
deste e de outros temas, dando orientações a especialistas, professores na condução das ações e 
atividades na Educação em todo o país.
Discutiremos ainda o papel dos sistemas de ensino, nos dias atuais, na organização e implantação dos 
cursos oferecidos à população. Além disso, debateremos sobre a metodologia de trabalho pedagógico a 
ser desenvolvida com os alunos do ciclo I do Ensino Fundamental, a alfabetização, a pós‑alfabetização, 
o ensino da Matemática e das áreas das ciências, da História e da Geografia.
Caracteriza‑se como outra atuação do pedagogo ser o educador do ciclo I do Ensino 
Fundamental da Educação de Jovens e Adultos. Assim, abordaremos as disposições da 
proposta curricular para as séries iniciais do Ensino Fundamental para a Educação de Jovens 
e Adultos que foi elaborada pelo Ministério da Educação em parceria com a associação Ação 
Educativa, tendo esse documento como norteador das discussões da prática educativa. 
Aprofundaremos na metodologia de alfabetização e pós‑alfabetização em Língua Portuguesa, 
em Matemática, Ciências, História e Geografia. Já os estudos ministrados a partir do ciclo II do 
Ensino Fundamental e do Ensino Médio, devem ser oferecidos por escolas reconhecidas pelas 
secretarias de educação estaduais e por professores com licenciatura plena nas diferentes 
disciplinas do currículo, tendo como suporte as diretrizes curriculares para a Educação de 
Jovens e Adultos e também para esses ensinos.
INTRODUÇÃO
O processo do atendimento aos alunos da Educação de Jovens e Adultos foi se construindo no 
Brasil a partir das suas necessidades sociais, quando do início da industrialização na década de 
1930, até se concretizar como direito do cidadão brasileiro na Constituição Federal de 1988 e na 
Lei nº 9.394, de 1996.
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Nesse contexto, o pedagogo, além se dedicar às atividades de coordenação, orientação, direção 
e supervisão das atividades formativas e educativas em ambientes escolares e não escolares, cumpre 
também o papel de educador do ciclo I do Ensino Fundamental oferecido a alunos jovens e adultos, 
incluindo aí a supervisão e direção em unidades escolares que oferecem toda a escolaridade básica dessa 
modalidade de Educação.
Podemos dizer que a área da Educação de Jovens e Adultos caracteriza‑se por natureza heterogênea, 
com significativo acúmulo de experiências e reflexões sobre a prática educativa, estando, porém, como 
área acadêmica, em fase inicial de organização e de construção teórica. Caracteriza‑se como campo de 
estudos constituído por microestudos, carecendo de pesquisas mais abrangentes.
Entre as instituições e pesquisadores que produzem artigos, cadernos de formação, estão o 
Mova – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos do Município de São Paulo, Vereda – 
Centro de Estudos em Educação, Seja, Palavra de trabalhador – da Secretaria Municipal de Porto 
Alegre, Para ler e Escrever – da Secretaria da Educação da Bahia, MEB – Movimento de Educação 
de Base, Cedi – Centro de Documentação e Informação, entre outros. Todo Estado brasileiro tem 
o atendimento às pessoas jovens e adultas, que envolve tanto a sociedade civil como os poderes 
executivos públicos.
Entre os autores que discutem sobre a EJA, estão Paulo Freire, Vera Barreto, Sérgio Haddad, Celso 
Beiseguel, Marta Kohl de Oliveira, Pedro Pontual, Vera M. M. Ribeiro, Maria Clara Di Pierro, Cláudia Vóvio, 
Angela Kleiman, Magda Soares, Madalena Freire, entre outros.
 Saiba mais
Aqui está uma boa pesquisa a ser realizada por você, aluno do curso de 
Pedagogia, para saber quais são e como se organizam os cursos de EJA em 
sua região:
Qual é o tipo de atendimento à Educação de Jovens e Adultos em seu 
Estado?
Há instituições da sociedade civil envolvidas no atendimento às pessoas 
jovens e adultas?
Para realizar essa pesquisa, consulte sua secretaria estadual de educação 
e também as secretarias municipais.
O site do Ministério da Educação também trata de projetos realizados 
pelas políticas públicas e outros em parceria com a sociedade civil. 
Consulte‑o: <www.mec.gov.br>.
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Caro aluno, agora que apresentamos a disciplina, retomando os assuntos que abordaremos no curso, 
reflita como eles se constituem na problemática da Educação de Jovens e Adultos.
Pense e analise sobre os seguintes pontos:
• Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
• A Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 9394, de 1996, e a modalidade de ensino EJA. O 
atendimento hoje é realizado pelos sistemas de ensino, que são os responsáveis pela criação das 
escolas, abertura das classes, atribuição de aulas aos professores. O Encceja – Exame Nacional para 
Certificação de Competências de Jovens e Adultos é de responsabilidade do Inep/MEC – Instituto 
Nacional de Ensino e Pesquisa do Ministério da Educação.
• Fundamentos e metodologia da EJA.
• Alfabetização e pós‑alfabetização.
• Matemática
• Ciências, História e Geografia.
• A problemática da Educação de Jovens e Adultos está imersa nos processos e desenvolvimentos 
realizados em toda a educação escolar nacional. Constitui ponto de honra para a nação brasileira 
dar direito aos estudos da Educação Básica a todos os brasileiros, independente de sua idade e do 
seu tipo de vida.
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
Unidade I
1 PANORAMA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A presente disciplina aborda a Educação de Jovens e Adultos, que é definida e caracterizada como 
uma modalidade de ensino de acordo com a Lei nº 9394, de 1996, que versa sobre as diretrizes e bases 
da educação nacional. Essa modalidade de ensino é também conhecida como ensino supletivo, nome 
atribuído pela antiga LDB (Lei de Diretrizes e Bases) nº 5.692/71.
Alfabetizar jovens e adultos tem sido um desafio para o sistema educacional brasileiro, pois ainda 
constatamos a existência de pessoas adultas pouco ou não alfabetizadas. Essa constatação fere um dos 
principais princípios do direito à cidadania, que é o direito à Educação Básica, em qualquer idade e para 
toda a vida.
Atualmente, quando tratamos da Educação de Jovens e Adultos, referimo‑nos à oferta da Educação 
Básica, que inclui o Ensino Fundamental e o Ensino Médio para os que não estudaram ou completaramseus estudos na idade própria. Por muito tempo, a preocupação fora a erradicação do analfabetismo 
e a manutenção de classes de alfabetização. Assim, quando nos referirmos à EJA, nesta disciplina, 
reportamo‑nos à oferta da Educação Básica. No entanto, a história da EJA será analisada conforme seu 
percurso histórico e social, revelando, no caminho, as conquistas da sociedade brasileira para a educação 
escolar como um todo e dentro dessa modalidade de educação.
Figura 1
O direito à educação escolar pela EJA foi estabelecido pela Constituição Federal de 1988. O ensino 
obrigatório e gratuito na escola pública, dos 4 aos 17 anos, é prioridade nacional, inclusive aos que não 
estudaram na idade própria. Todos os projetos, ações e programas das políticas públicas estão voltados 
ao que está previsto no Plano Nacional de Educação: o atendimento a 100% das crianças e adolescentes, 
dos 6 aos 14 anos, faixa etária definida anteriormente à Emenda Constitucional de 2009, que tornou 
obrigatório o ensino dos 4 aos 17 anos. Contudo, ainda não houve regulamentações e alterações em 
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alguns trechos da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº 9.394, de 1996. Será, então, que, depois de 
tanto tempo, todos já concluíram pelo menos o Ensino Fundamental, cuja oferta é obrigatória por lei, e 
não há mais necessidade do atendimento aos jovens e adultos nas escolas?
Segundo Carneiro (2004), a oferta do Ensino Fundamental brasileiro às crianças e adolescentes 
atingiu, em 2000, 97% da população da faixa etária, o que significa que a meta de atendimento de 
100% dessa escolarização está quase sendo atingida. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística, em 2000, 13,6% dos brasileiros com 15 anos ou mais são analfabetos e 17,9% estiveram 
por menos de quatro anos na escola. Voltemos a nos perguntar: isso significa que a necessidade de 
oferta educacional para jovens e adultos está para ser extinta? Podemos constatar que não é verdadeiro 
afirmar isso, pois temos um percentual remanescente dessa população a ser atendida. Significa que 
existe um acúmulo populacional que necessita desse ensino, como constatamos nos citados dados do 
IBGE. Podemos asseverar, com relação à população brasileira em 2000, que:
• 16 milhões de pessoas não sabem ler e escrever;
• 39 milhões de jovens e adultos frequentaram menos de quatro anos de escola;
• e que, somados, dão quase 1/3 da população brasileira.
Você agora entende por que a EJA é ainda um atendimento importante para toda a sociedade 
brasileira? Esses dados são de pesquisa realizada pelo IBGE em 2000, e será que os dados atuais foram 
muito alterados?
Observe a figura em seguida e visualize a matrícula na Educação de Jovens e Adultos, após os 18 
anos, no Ensino Fundamental em 2009, de acordo com a Revista Escola, de março de 2010:
 
85% 15%
80%
90%90% 81% 82%
20%
10%10% 19% 18%
3,6 milhões
Brasil
EJA
Ensino regular
Centro‑Oeste Sudeste Nordeste NorteSul
637 mil
Figura 2 – Matrículas de alunos com 18 anos ou mais no Ensino Fundamental
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
Isso significa que grande parte da população brasileira não teve acesso à escola, na idade própria, 
para a aprendizagem de conteúdos, atitudes e procedimentos do Ensino Fundamental e do Ensino 
Médio, necessários para o desenvolvimento de habilidades e competências que são importantes para 
a formação da cidadania, para o convívio na vida social e para o mundo no trabalho. A importância 
do acesso a conhecimentos sistematizados, necessários para a vida em sociedade e para o trabalho, 
justifica‑se pelo fato de esse conhecimento não se construir só por meio das relações estabelecidas no 
desenvolvimento das atividades diárias.
Outro fator de grande peso são as grandes transformações nas tecnologias de informação e 
comunicação e no modo capitalista de produção, que exigem cidadãos que saibam interagir nesse 
mundo altamente complexo, e a Educação Básica é um dos instrumentos que os habilita para essa 
participação. Hoje, lemos nas revistas e jornais matérias sobre a importância da alfabetização digital 
e ainda sequer podemos afirmar que todos brasileiros usam a linguagem escrita para lidar com as 
situações do cotidiano.
Dessa maneira, para definir a educação para jovens e adultos, podemos dizer que o significado 
dela é incluir socialmente quem está excluído devido ao analfabetismo ou alfabetização funcional. 
Se quisermos ter uma sociedade mais justa e democrática, a educação para pessoas jovens e adultas 
significa resgatar aquilo que lhes foi negado na idade própria, seja por exclusão da escola, ou pela 
dificuldade de acesso devido à inexistência de vaga.
1.1 Como as pessoas jovens e adultas analfabetas resolvem as suas 
situações cotidianas?
Veremos a seguir um exercício acerca do relato de aluna da EJA sobre como resolvia seus problemas 
no trabalho.
Exemplo de aplicação
Leia o texto em seguida:
O lugar dos livros
Luzia Alves
Sou Luzia, uma paraibana que enfrenta a vida. Por isso estou com os meus colegas 
aprendendo a ler com facilidade.
Quando dizem que a vida de analfabeto é difícil estão dizendo a verdade. Olha o que 
aconteceu comigo.
Um dia consegui uma faxina na casa de um médico. Era uma faxina boa. Só um ônibus 
para pegar, a patroa era gente fina e o trabalho era deixar a biblioteca do doutor sem pó.
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No primeiro dia, Dona Teresa me ensinou tudo direitinho. A gente precisava tirar os 
livros e pôr eles na mesa, limpar um por um e depois deixar na estante de novo. No primeiro 
dia, fiz tudo e fui embora.
Na outra semana, Dona Teresa ficou me esperando. Foi dizendo que muitos livros ficaram 
virados de cabeça para baixo, que isso não podia mais acontecer. Ela achava que eu era 
distraída. Mas o problema era outro.
Eu não sabia se o livro estava ou não de ponta‑cabeça, porque não sabia mexer com as letras.
Não queria perder o trabalho. Comecei a abrir os livros. Quando tinha alguma figura 
estava salva. Mas tinha que achar um jeito para os outros.
Depois de olhar daqui e dali, matei a charada. Descobri que quase todas as páginas 
tinham números na parte de baixo ou no alto e números eram meus conhecidos.
Se errei alguma vez, a Dona Teresa não reclamou.
Hoje, que alívio, não preciso mais de truques!
Fonte: Brasil, (2001b, p. 18).
Você já presenciou essa situação alguma vez? Ela é comum no cotidiano de pessoas que não se 
alfabetizaram. Aponte casos similares que observa na sua cidade, escola ou região e descreva‑os.
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Com certeza, em sua região, há turmas de Educação de Jovens e Adultos. Após sua pesquisa, 
encontrará, em cada uma delas, pessoas e histórias de vida, o motivo de estarem procurando completar 
sua escolaridade básica.
A Dona Luiza demonstra ter muitas informações sobre a escrita: para que serve, como e para que 
se escreve. Consegue perceber diferenças nas escritas e encontrar indicativos que lhe permitamtomar 
decisões e resolver as situações do dia a dia. Entretanto, essa senhora ainda não conseguiu compreender 
o sistema de representação da linguagem escrita, não está alfabetizada.
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
O atendimento aos jovens e adultos, anteriormente à atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, Lei nº 9.394/96, era conhecido como Ensino Supletivo. Ainda tratamos essa modalidade de 
ensino como um atendimento supletivo, porém, considerado um direito de todo cidadão brasileiro, é 
o ensino oferecido aos jovens e adultos que não concluíram seus estudos ou não estudaram na idade 
própria.
Retomemos a questão que nos fizemos há pouco: o atendimento ao Ensino Fundamental, 
obrigatório por lei e gratuito na escola pública, ainda é necessário, na escola, para pessoas jovens 
e adultas?
1.2 Quem são os alunos da Educação de Jovens e Adultos?
A aluna Nilda, de 28 anos, ao ingressar numa escola de EJA, ficou surpresa 
ao saber que teria de assistir aulas de artes. Com o tempo, pela experiência 
obtida no curso, seu olhar sobre a escola se transformou:
“Quando estudei na escola, a educação artística era uma coisa mecânica, não 
dava prazer em estudar. Mas fui obrigada a mudar de opinião ao ingressar 
nesse colégio [...]. De tudo que aprendi, sei que educação artística não se 
limita somente à régua e compasso. Existe muito além dos limites de simples 
traçados.
Digamos que a arte é infinita e maravilhosa. Simples, completa e fascinante” 
(BRASIL, 2006, p. 9).
Ao nos aprofundarmos no estudo dessa população, podemos distinguir três grandes grupos de 
pessoas que não completaram a Educação Básica: o primeiro grupo representa os indivíduos que são 
analfabetos e que nunca frequentaram a escola; o segundo grupo é formado por aqueles chamados de 
analfabetos funcionais, ou seja, que já passaram pela escola e desistiram de estudar, por razões das mais 
variadas, e que nem se alfabetizaram. O terceiro grupo é constituído por aqueles que frequentaram a 
escola em diferentes períodos escolares, sem concluir sua escolaridade.
Essa população é diferenciada, heterogênea e, do ponto de vista educacional, precisa de uma 
política de atendimento que esteja de acordo com suas características, necessidades, condições e 
modos de vida.
O reconhecimento da diversidade na Educação de Jovens e Adultos levou a legislação educacional 
a tomar a decisão de garantir o acesso à escola com a oferta de vagas no Ensino Fundamental e Ensino 
Médio. Sabemos que somente isso não é suficiente para que o aluno conclua a escolaridade básica. 
Assim, a permanência dos alunos na escola foi pensada para que eles tenham sucesso na aprendizagem, 
com um ensino de qualidade, possibilitando‑lhes um atendimento de acordo com as suas condições 
e modos de vida. Encontramos, na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 9.934/96, artigos que 
determinam, esclarecem e orientam ações, programas e projetos que dão suporte ao desenvolvimento 
dessa modalidade de ensino.
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Figura 3
 Saiba mais
Existem grupos que trabalham com a EJA e realizam estudos regionais 
que pesquisam quem são seus alunos. Nos cadernos de formação do Mova, 
por exemplo, encontramos o seguinte trabalho:
SÃO PAULO (Município). Secretaria de Educação. Diretoria de Orientação 
Técnica. Orientações didáticas: alfabetização e letramento – EJA e Mova. 
São Paulo, 2008, p.10‑17. Disponível em: <http://arqs.portaleducacao.
prefeitura.sp.gov.br/exp/ejaemova.pdf>. Acesso em: 22 out. 2012.
Quem são os alunos da Educação de Jovens e Adultos? Pessoas que não tiveram a oportunidade e/ou a 
possibilidade de concluir sua escolaridade; isso é fato. De qualquer forma, o que mais compõe o universo de 
nossos alunos jovens, adultos, idosos, donas de casa, trabalhadores de serviços pouco qualificados, homens 
e mulheres, portadores de necessidades especiais, brancos, negros, pardos? Quais trajetórias, experiências, 
expectativas, saberes, intenções, dúvidas, conquistas trazem nossos alunos? Cada um deles sentados em 
sua carteira em salas de aula pensa e sente o que, ao nos observar conduzindo a aula? – Que relações estão 
estabelecendo, que lembranças estão invocando, quais conhecimentos estão acessando? Enfim, quais 
transformações estamos possibilitando a essas pessoas, excluídas de tanta coisa e tão repletas de outras? 
Ao pensarmos nessas questões, a primeira pergunta que devemos fazer é: quem são nossos alunos?
Nossos alunos fazem parte de uma estatística preocupante sobre a população do nosso país. A questão 
do direito à educação e do acesso à escolaridade são imperativos que devemos assumir. O problema 
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da não escolarização da população é bastante sério e não estamos falando apenas de analfabetismo. 
Segundo o Inep – Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa (2001), 41,35% da população do Estado de 
São Paulo, entre 25 e 34 anos, não tem o Ensino Fundamental completo. Na capital desse mesmo Estado, 
em 2003, a população com mais de 25 anos de idade que não tinha oito anos de escolaridade perfazia 
o total de 50,3% (SÃO PAULO, 2007).
É verdade que as taxas de analfabetismo vêm apresentando constante diminuição em termos 
nacionais, conforme apontam dados do Inep, mas há outra preocupação além da não conclusão do 
Ensino Fundamental: a questão do analfabetismo funcional. Por causa dessa problemática, foi criado o 
Inaf – Índice Nacional de Alfabetismo Funcional, que tem por objetivo avaliar a capacidade de domínio de 
leitura, escrita e cálculo pela população. Os resultados apurados por ele em 2003 indicaram o seguinte:
[...] o teste identificou que 8% dos brasileiros entre 15 e 64 anos encontram‑se 
na condição de analfabetismo absoluto e 30% têm um nível de habilidade 
muito baixo: só são capazes de localizar informações simples em enunciados 
com uma só frase, num anúncio ou chamadas de capa de revista, por 
exemplo (nível 1).
Outros 37% conseguem localizar uma informação em textos curtos (uma 
carta ou notícia, por exemplo), o que se poderia considerar como sendo um 
nível básico de alfabetização (nível 2).
Os 25% que demonstram domínio pleno das habilidades testadas (nível 3) 
são capazes de ler textos mais longos, localizar mais de uma informação, 
comparar a informação contida em diferentes textos e estabelecer relações 
diversas entre elas (INAF, 2003, p. 6).
Para alguns países europeus, o alfabetismo funcional ocorre por volta dos oito anos de escolaridade. 
No Brasil, é considerada alfabetizada funcional a pessoa que tiver mais de quatro anos de escolaridade. 
A associação Ação Educativa, integrada a essa discussão, apresenta‑nos o entendimento de que: “É 
considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às 
demandas de seu contexto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo 
ao longo da vida” (INAF, 2003, p. 4).
E completa:
Primeiramente, devemos considerar a necessidade de consolidar a 
alfabetização funcional dos indivíduos, pois estudos atuais indicam que 
é preciso uma escolaridade mais prolongada para se formar usuários da 
linguagem escrita capazes de fazer dela múltiplos usos, com o objetivo de 
expressar a própria subjetividade, buscar informação, planejar e controlar 
processos e aprender novos corpos de conhecimento (RIBEIRO, 1999). 
É forçoso considerar os requisitos formativos cada vez mais complexos 
para o exercício de uma cidadania plena, as exigências crescentes 
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por qualificações de um mercado de trabalhoexcludente e seletivo 
e as demandas culturais peculiares a cada subgrupo etário, de gênero, 
étnico‑racial, socioeconômico, religioso ou ocupacional (AÇÃO EDUCATIVA 
apud SÃO PAULO, 2007, p. 12).
Isso significa que utilizar a capacidade de leitura e escrita para atender às suas necessidades 
e para continuar aprendendo é um processo que não se encerra no domínio do código escrito. A 
capacidade leitora e escritora é mais complexa e, por isso, exige uma apropriação que depende 
de um processo que se inicia antes do domínio do código escrito em si e não se encerra nele. A 
apropriação do código faz parte desse processo como instrumento que permite maior autonomia 
no universo letrado. Conforme o entendimento dos países europeus, a pessoa alfabetizada 
funcional só se constitui com oito anos de escolaridade. Essa questão é importante, pois não se 
trata apenas de diminuir os índices absolutos de analfabetismo, e sim compreender a alfabetização 
como um processo mais amplo, que pressupõe que, de fato, o aluno faça uso das práticas de leitura 
e escrita. Compreender que escrever uma carta a diferentes destinatários é diferente de escrever 
um bilhete ou que a leitura de notícias, contos, textos informativos carregam implícitos propósitos 
e intencionalidades diferentes.
Por que essa discussão é importante? Porque nos remete à ação concreta e cotidiana em nossas 
salas de aula. Trabalhar com Educação de Jovens e Adultos pressupõe, se quisermos um trabalho que 
contribua para essa população, saber que o acesso ao conhecimento escolar é uma questão de direito 
e requer uma ação pedagógica adequada, que não seja apenas a reprodução do que é oferecido no 
ensino regular, como se buscasse apenas condensar, em menos tempo, o conhecimento trabalhado 
do Ensino Fundamental.
Essa ação adequada passa, então, por conhecermos nossos alunos. Se acreditamos na construção 
do conhecimento, cremos que eles trazem para a vida escolar suas experiências escolares, profissionais, 
de relações sociais construídas em suas vidas. Devemos admirar, de antemão, a capacidade que têm 
de lidar com a vida, pois, no universo letrado, tecnológico e competitivo em que vivemos, conseguir 
se manter, apesar de todo o processo de exclusão vivido, sem ter domínio de leitura e escrita, significa 
que muitos outros conhecimentos e capacidades foram colocados em jogo para dar respostas à vida. 
Como educadores, temos de ter ciência de que esses conhecimentos, experiências e fazeres devem 
compor nossa ação pedagógica, são ou devem ser o corpo do nosso fazer. A partir deles e com eles, 
devemos estabelecer nossa prática, não os substituindo, mas os ampliando, na perspectiva de que o 
acesso aos diferentes conhecimentos possa expandir as possibilidades de atuação no mundo, seja em 
termos profissionais, pessoais ou no conjunto das relações humanas.
No nosso cotidiano, muitas vezes não temos paciência com aquela pessoa que demora no caixa 
eletrônico, criticamos um bilhete mal escrito, nos incomodamos com uma pessoa que se vê perdida 
numa fila por não ter entendido as placas de orientação, sem nos darmos conta de que essas são 
situações enfrentadas por boa parte da população, que, geralmente, vem ou retorna à escola, em busca, 
invariavelmente, de melhoria de sua vida profissional ou pessoal. Às vezes, mais do que os conhecimentos 
que podem adquirir, é importante a essas pessoas o que as valida como aptas a concorrer no mercado 
de trabalho: o certificado escolar.
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É importante termos esse olhar, pois, quando estamos na sala de aula, não lidamos com uma minoria 
da população que foi excluída do processo escolar regular, mas com uma boa parte de pessoas brasileiras 
que compõe as estatísticas de não conclusão do Ensino Fundamental.
Essa pesquisa revela que um dos papéis principais de quem se volta à Educação de Jovens e Adultos 
é saber observar e compreender as peculiaridades locais, as condições e modos de vida e as necessidades 
individuais e do grupo, para que a educação escolar seja significativa e responda às necessidades 
propostas pela vida social e pelo mundo do trabalho.
O conhecimento dos dados e o levantamento de informações levam à compreensão do que 
significam os conceitos de alfabetização, alfabetizado, e alfabetizado funcional. Essa preocupação 
é tão grande, que foi criado o Índice Nacional de Analfabetismo Funcional, Inaf, que demonstra a 
fragilidade que o cidadão que não completou a escolaridade básica tem ao passar pela escola e não 
ser capaz de dominar informações suficientes para desenvolver as habilidades e as competências para 
a leitura e a escrita.
 Observação
De acordo com o dicionário Aurélio, 1999, p. 93:
• alfabetização: é o ato de alfabetizar;
• alfabetizado: é aquele que sabe ler;
• alfabetismo: é o sistema de escrita pelo alfabeto; é o estado ou qualidade de alfabetizado;
• alfabetizar: é ensinar a ler; dar instrução primária; aprender a ler por si mesmo.
Exemplo de aplicação
Leia e reflita sobre este pensamento de Paulo Freire:
“Quando a gente compreende a Educação como possibilidade, a gente descobre que a 
educação tem limites. É exatamente porque é limitável, ou limitada ideológica, econômica, 
social, política e culturalmente, que ela tem eficácia. Então, diria aos educadores que estão 
hoje com dezoito anos e que, portanto, vão entrar no outro século, no começo de sua 
vida criadora, que, mesmo reconhecendo que a Educação do outro século não vai ser a 
chave da transformação do concreto para a recriação, a retomada da liberdade, mesmo que 
saibam que não é isso, estejam convencidos da eficácia da prática educativa como elemento 
fundamental no processo de resgate da liberdade.”
Fonte: Freire, (2006, p. 91).
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 Saiba mais
Você quer saber mais sobre esse assunto? Apresentamos alguns sites nos 
quais encontrará informações a respeito, enriquecendo seus conhecimentos:
<www.educabrasil.com.br/eb>;
<www.scielo.br>;
www.acaoeducativa.org.br>;
<www.educamidia.unb.br>.
2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONSTITUI‑SE COMO UM CAMPO DE 
CONHECIMENTO?
Figura 4
Apesar de constatarmos a existência de pessoas adultas não alfabetizadas em todos os países e em 
todo o mundo, a Educação de Jovens e Adultos não se constitui ainda como um campo de conhecimento 
já estabelecido. Ainda há estudos realizados de forma individual, experiências localizadas e dispersas. 
Essa situação nos remete a dificuldades em estabelecermos estudos com abrangência, que possuam 
caráter científico na área e que se apoiem em diretrizes já analisadas e aceitas.
2.1 O que recomenda a LDBEN nº 9.394, de 1996?
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 
estabelece que o trabalho pedagógico deverá ser diferenciado, com conteúdo, metodologias, tipologias 
de organização e processos de avaliação diferenciados daqueles utilizados para os alunos que estão em 
período de escolarização na faixa etária própria.
A concepção que está presente na lei é de que o processo educacional da Educação de Jovens e 
Adultos respeite o perfil cultural do aluno, aproveitando as experiências adquiridas no trabalho e na 
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vida social, para a construção de sua trajetória educacional, com ações integradas e complementares, 
visando ao seu acesso à escola, bem como à sua permanência nela.
2.2 A Educação de Jovens e Adultos na legislação educacional
Caro aluno, vamos explorar, com mais profundidade, a legislação educacional referente à Educação 
de Jovens e Adultos?
 Lembrete
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino 
oferecidaaos jovens e adultos que não tiveram acesso na idade própria 
ou interromperam os estudos do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio, 
sem completar toda a escolaridade básica.
 Observação
O que significa modalidade de ensino? É a oferta de educação escolar 
que não se superpõe aos níveis de ensino, que se organiza por faixa etária. 
A modalidade de ensino oferecida a jovens e adultos é supletiva e tem o 
objetivo de possibilitar a frequência e a conclusão da Educação Básica.
2.2.1 Constituição Federal de 1988
A Constituição Federal de 1988 trata da educação e da educação escolar, dos artigos 205 a 214, como 
parte do capítulo III do Título VIII, referente à Ordem Social no Brasil. Explicita ideais que a sociedade 
brasileira propõe a todo cidadão brasileiro, como a formação para a cidadania, para o convívio social 
e para o mundo do trabalho. É em seu art. 208 que trata do dever do Estado para com a educação; no 
inciso I, determina como obrigatória a oferta da Educação Básica gratuita na escola pública àqueles de 
4 a 17 anos, estendo‑se, inclusive, aos que não tiveram acesso a ela na idade própria.
 Lembrete
Devemos lembrar que as constituições estaduais e as leis orgânicas dos 
municípios devem apontar as formas de organização e desenvolvimento 
dos cursos oferecidos aos jovens e adultos. Verifique a do seu Estado e de 
seu município.
Vamos ler os trechos principais da Constituição Federal de 1988. Chamaremos a atenção para 
os aspectos que dizem respeito aos jovens e adultos. Faremos essa leitura por artigo, seus incisos e 
parágrafos, tendo certeza de que será muito proveitosa, inclusive para o entendimento de toda a 
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estrutura e organização da educação escolar brasileira, uma vez que a Educação de Jovens e Adultos é 
uma parte de todo esse funcionamento.
Salientamos que a Constituição Federal de 1988 e a LDBEN nº 9.394/96 são leis que não se aplicam 
diretamente após sua leitura. Compete aos sistemas de ensino regulamentar a implementação de todos 
os preceitos legais de que dispõe essa legislação.
Constituição Federal de 1988, artigo 208:
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I – Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para 
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional 
nº 59, de 2009)
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da Educação Básica, 
por meio de programas suplementares de material didático escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009)
§ 1º – O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º – O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou 
sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente 
(BRASIL, 1988).
Podemos entender que, no documento legal de mais importância do país, a Educação de Jovens e 
Adultos aparece como uma modalidade de ensino que deve ser oferecida à população que não completou 
a escolaridade básica. Nele, também se informam as responsabilidades dos poderes executivos quando 
não cumprirem a oferta do ensino obrigatório.
Primeiro, trata do dever do Estado para com a educação e detalha qual é esse dever:
• Inicialmente, no inciso I do art. 208, trata da Educação Básica obrigatória, da oferta gratuita do 
Ensino Fundamental e do Ensino Médio, inclusive aos que não estudaram na idade própria.
• No inciso VI, destaca como importante a oferta de ensino regular noturno, adequado às 
condições do educando. Aqui, retrata o cuidado quanto ao ensino noturno, que não deve 
ser aligeirado, realizado de qualquer forma, só para constar e para atender às determinações 
constitucionais.
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• Determina que o ensino obrigatório seja oferecido com as condições necessárias ao 
desenvolvimento do processo educativo: material didático escolar, transporte, alimentação e 
assistência à saúde.
• Introduz o conceito de direito público subjetivo referente ao ensino obrigatório e gratuito, um 
direito do cidadão brasileiro, que não pode ser discutido, pois constitui uma parte de sua cidadania.
Vejamos o artigo 211:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em 
regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, 
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em 
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a 
garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo 
de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental 
e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 14, de 1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no Ensino 
Fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo 
a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
§ 5º A Educação Básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (BRASIL, 1988).
O que esse artigo informa, de maneira explícita e importante, para a Educação de Jovens e Adultos? 
As responsabilidades dos diferentes poderes executivos: federal, estaduais e municipais frente à educação 
escolar brasileira. Deixa bem claro quais as atribuições de cada um deles, sugerindo o desenvolvimento 
das atribuições e competências de forma colaborativa, tendo como objetivo principal a oferta da 
educação escolar.
Define as funções como supletivas e redistributivas, o papel da União e a garantia de que, em todo 
o território nacional, existam oportunidades educacionais, com recursos adequados para o padrão de 
qualidade mínimo do ensino.
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 Lembrete
Lembre‑se das funções dos sistemas de ensino:
• federal – atuação de forma supletiva e redistributiva;
• estadual – oferta do Ensino Médio e do Ensino Fundamental em 
colaboração com os municípios;
• municipal – oferta da Educação Infantil e, com prioridade, do Ensino 
Fundamental, em colaboração com os Estados.
Esse artigo apresenta um impasse. Quem deve oferecer a Educação de Jovens e Adultos? Pelo que 
podemos entender, compete aos sistemas de ensino municipais a oferta do Ensino Fundamental e 
aos sistemas de ensino estaduais, oferecer o Ensino Médio. A lei trata da oferta dessa modalidade de 
educação, de forma colaborativa entre os sistemas de ensino estadual e sistemas de ensino municipais. 
Quando os sistemas de ensino municipais não podem ainda atender à Educação de Jovens e Adultos no 
Ensino Fundamental, o sistema de ensino estadual deve oferecer e compreender que é seu papel atuar 
de forma cooperativa.
 Observação
Como ocorre o atendimento à Educação de Jovens e Adultos em seu Estado?
Para saber mais acerca disso, consulte o site de sua secretaria da 
educação estadual e municipal.
No artigo em questão é, portanto, introduzido o conceito de sistemas de ensino, dos responsáveis 
por construir e organizar as escolas, por elaborar o plano de carreira para os profissionais da 
educação, por realizarconcursos para contratá‑los, por atribuir as aulas ao professor e abrir as 
matrículas, formar as classes, horários, montar o calendário escolar e as matrizes curriculares dos 
níveis e modalidades de ensino, entre outras, isto é, possibilitar a atividade‑fim da educação, que 
é o atendimento aos alunos.
Analisemos o artigo 214 agora:
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, 
com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime 
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de 
implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do 
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações 
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integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas 
que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, 
de 2009)
I – erradicação do analfabetismo; (BRASIL, 1988).
Nesse artigo, que define as atribuições e competências do plano nacional de educação, fica 
estabelecido que o enfrentamento do analfabetismo deve ter preferência entre as medidas a serem 
adotadas pelas políticas públicas.
 Lembrete
É importante lembrar que as legislações devem ser consultadas 
diretamente no site do MEC, toda vez que você as for utilizar, seja para 
estudar ou elaborar documentos escolares.
2.2.2 LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, de cuja 
recomendação primordial tratamos anteriormente, no seu Título III, Dos Direitos à Educação e do Dever 
de Educar, artigos 4º e 5º e no capítulo II, seção V, da Educação de Jovens e Adultos, nos artigos 37 e 38 
e seus parágrafos, versa sobre o atendimento aos que não tiveram acesso ou continuidade de estudos e, 
para além do Ensino Fundamental, inclui o Ensino Médio.
2.2.3 Ensino obrigatório dos 4 aos 17 anos – Emenda Constitucional nº 59, de 2009
Podemos entender que os dispositivos legais da Lei nº 9.934/96 estenderam a Educação de Jovens 
e Adultos como um direito a toda a escolaridade da Educação Básica. Apesar de a Constituição Federal 
de 1988 se referir somente ao Ensino Fundamental, a Emenda Constitucional nº 59, de novembro 
de 2009, que ainda não foi regulamentada, dispõe sobre a obrigatoriedade da oferta da Educação 
Básica na faixa etária dos 4 aos 17 anos, o que abrange a pré‑escola, na Educação Infantil, todo o 
Ensino Fundamental até a conclusão do Ensino Médio, incluindo como beneficiários aqueles que não 
estudaram na idade própria.
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado 
mediante a garantia de:
I – Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele 
não tiveram acesso na idade própria; (BRASIL, 1996).
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Veja que a Constituição Federal de 1988 já aponta que o ensino dos 4 
aos 17 anos é gratuito e obrigatório, inclusive aos que não estudaram na 
idade própria.
[...] VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
educando;
VII – oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com 
características e modalidades adequadas às suas necessidades e 
disponibilidades, garantindo‑se aos que forem trabalhadores as condições 
de acesso e permanência na escola;
VIII – atendimento ao educando, no Ensino Fundamental público, por 
meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde; (BRASIL, 1996).
Nesse artigo, a Lei nº 9.934/96 estabelece o direito à educação que os cidadãos brasileiros 
devem ter acesso, assim como o dever do Estado em relação ao Ensino Fundamental, cuja oferta 
é considerada obrigatória e gratuita na escola pública, inclusive aos que não tiveram acesso a 
ele na idade própria. Inclui o atendimento de acordo com as necessidades do educando e suas 
disponibilidades; uma delas é o ensino noturno, assegurando as matrículas e a qualidade de 
ensino que garanta a sua permanência até a conclusão dos estudos na escola, o que é atendido 
mediante os programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e 
assistência à saúde.
Lei nº 9.934/96 – artigo 5º:
O acesso ao Ensino Fundamental é direito público subjetivo, podendo 
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização 
sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o 
Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi‑lo.
§ 1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração e 
com a assistência da União:
I – recensear a população em idade escolar para o Ensino Fundamental e os 
jovens e adultos que a ele não tiveram acesso;
II – fazer‑lhes a chamada pública;
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§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder 
Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, 
independentemente da escolarização anterior (BRASIL, 1996).
Nesse artigo, introduz‑se o conceito de direito público subjetivo, ideia nova que revela direitos 
individuais, assegurando ao cidadão garantias legais individuais e que não podem ser questionadas.
Lei nº 9.934/96 – artigo 8º:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em 
regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, 
articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, 
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta 
Lei (BRASIL, 1996).
Compreendemos, nesse artigo, as funções dos poderes executivos instituindo os sistemas de ensino 
como os responsáveis pela oferta da Educação de Jovens e Adultos, por organizarem‑na de forma de 
atender e desenvolver a Educação Básica.
Para compreender a distribuição de competências e atribuições quanto ao atendimento à Educação 
de Jovens e Adultos, na Lei nº 9.934, de 1996, encontramos os artigos que se seguem:
Art. 10. Os Estados incumbir‑se‑ão de:
I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus 
sistemas de ensino;
II – definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta 
do Ensino Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição 
proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser 
atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas 
esferas do Poder Público;
V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
Art. 11. Os Municípios incumbir‑se‑ão de:
I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus 
sistemas de ensino, integrando‑os às políticas e planos educacionais da 
União e dos Estados;
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III – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; [...] 
(BRASIL, 1996).
Nesses artigos, são definidas as atribuições e competências dos sistemas de ensino, dentre elas a 
organização do tipo de atendimento escolar de sua região, regulamentando toda a legislação educacional.
Nos artigos que veremos agora, que versam sobre os níveis e as modalidades de educação e ensino, 
há a estruturação de toda a Educação Básica, suas finalidades e forma de organização. São informações 
para as quais nos devemos atentar para compreender como a Educação de Jovens e Adultos deve e pode 
ser organizada, de modo a atender aos educandos garantindo seu acesso e permanência até a conclusão 
daescolaridade básica. A legislação deixa bem explicita a ideia de que a educação escolar deve estar 
vinculada ao meio social e ao mundo do trabalho, ou seja, a escola deve olhar para além dos seus muros.
Art. 22. A Educação Básica tem por finalidades desenvolver o educando, 
assegurar‑lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania 
e fornecer‑lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Art. 23. A Educação Básica poderá organizar‑se em séries anuais, períodos 
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não 
seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios ou 
por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de 
aprendizagem assim o recomendar (BRASIL, 1996).
Lei nº 9.934/96, artigo 37:
A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso 
ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos 
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades 
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus 
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do 
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
§ 3o A Educação de Jovens e Adultos deverá articular‑se, preferencialmente, 
com a educação profissional, na forma do regulamento (Incluído pela Lei nº 
11.741, de 2008) (BRASIL, 1996).
No artigo que acabamos de ver, encontramos todos os esclarecimentos dos direitos assegurados 
às pessoas jovens e adultas. Ele esclarece para quem se destina: aos que não puderam, por diferentes 
razões, ser matriculados na escola, aos que não puderam continuar seus estudos, seja por exclusão, 
abandono ou outros motivos, tanto o Ensino Fundamental como o Médio.
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
Se fôssemos pensar sobre a Educação Básica, teríamos um quadro como o que veremos em seguida, 
quando organizado por faixa etária. Pelo que está destacado em vermelho nele, vemos que trata tanto da 
Educação Básica como da Superior, num continuum de estudos. A Educação de Jovens e Adultos está na 
faixa etária a partir dos 15 anos para o Ensino Fundamental e, 18 para o Ensino Médio, caracterizando‑se 
como outra forma de atendimento. O ideal seria que todos fossem atendidos na faixa etária e dentro dos 
níveis de ensino. Coexistem, dentro da educação escolar, as várias formas de atendimento, de acordo 
com as necessidades sociais.
Quadro 1
Educação Básica – art. 21, I Educação 
Superior art. 43
 
 De 0 a 05 anos De 06 a 14 anos De 15 a 17 anos 
 Educação Infantil Art. 29, 30, 31
Ensino Fundamental 
Art. 32 a 34 Ensino Médio 
Art. 35 e 36
 – Graduação 
‑ Pós‑graduação 
‑ Extensão 
‑ Especialização
 
 Creche Pré‑escola Ciclos/séries 
 
OBS.: 
‑ As Leis n° 11.114 de 16/05/2005 e Lei n° 11.274 de 
06/02/2006 alteraram a Lei n° 9394/96.
Educação de Jovens e Adultos 
Art. 37 
 
Ensino Fundamental 
Art. 38, I 
+ 15 anos
Ensino Médio 
Art. 38, I 
+ 18 anos
 
 Educação Especial Arts. 58 e 59 
 
Fonte: Revista Apase, (ano VI, n. 6, abr. 2007, p.13).
Lei nº 9.934/96, artigo 38:
Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que 
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao 
prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar‑se‑ão:
I – no nível de conclusão do Ensino Fundamental, para os maiores de quinze 
anos;
II – no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos 
por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames 
(BRASIL, 1996).
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Esse artigo normatiza as formas de oferta da EJA, bem como esclarece que esta deve basear‑se na 
base nacional comum, isto é, no currículo considerado mínimo para o cidadão que conclui a Educação 
Básica. Partindo do princípio de que a educação ocorre durante toda a vida e em qualquer espaço, 
prescreve o reconhecimento dos conhecimentos e experiências de vida dos educandos da EJA.
Examinemos, por último, o artigo 87:
É instituída a Década da Educação, a iniciar‑se um ano a partir da publicação 
desta Lei.
§ 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, supletivamente, a União, 
devem: (Redação dada pela Lei nº 11.330, de 2006)
II – prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos 
insuficientemente escolarizados; (BRASIL, 1996).
Mais uma vez, a Lei nº 9.934/96 versa sobre a importância de encontrar formas de prover a EJA.
3 COMO OS JOVENS E ADULTOS ESTUDAM HOJE?
A Educação de Jovens e Adultos atende às exigências sociais do educando, o respeito à diversidade 
e às disparidades regionais e locais e é a que mais cresce no Brasil, segundo dados do MEC/Inep, 2003. 
Dos quatro milhões de alunos matriculados nessa modalidade de ensino, 50% desse total correspondem 
ao Ensino Fundamental.
 Lembrete
Lembremos que os sistemas de ensino oferecem cursos e vagas; as 
secretarias municipais, o Ensino Fundamental; e as secretarias estaduais, o 
Ensino Médio. Deve, contudo, haver a colaboração entre elas para garantir 
o acesso do educando à escola.
O quadro em seguida revela o número de alunos matriculados nessa modalidade de educação, em 
2003, nos cursos presenciais e semipresenciais.
Vamos estudar os dados da Educação de Jovens e Adultos no contexto brasileiro?
Tabela 1 – Matrículas na Educação de Jovens e Adultos
Região 1997 2001 2002 2003
Norte 325.890 521.708 589.992 588.291
Nordeste 732.180 1.119.142 1.375.001 1.633.712
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
Centro‑Oeste 209.631 262.221 236.706 276.584
Sudeste 1.183.377 1.320.721 1.148.227 1.262.803
Sul 430.692 554.197 442.812 443.727
Brasil 2.881.770 3.777.989 3.792.738 4.239.475
Fonte: MEC/Inep (2003).
Podemos constatar que o número de matrículas cresceu em todas as regiões, apresentando, nas 
regiões Centro‑Oeste, Sudeste e Sul, um aumento significativo de 1997 para o ano de 2001. Em 2002, 
diminuiu, porém continuou apresentando um crescimento desse ano para o seguinte, 2003. Isso significa 
a busca da escolaridade, com o reconhecimento da importância da certificação do Ensino Fundamental 
e Médio para o prosseguimento de estudos no Ensino Superior e para o trabalho.
A pesquisa do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, realizada em 
2009, permitiu o levantamento de dados de 2004 a 2008, que abrangem o número total de matrículas 
presenciais e semipresenciais na Educação Básica de Jovens e Adultos, conforme tabela em seguida:
Tabela 2
Ano Total de matrículas Brasil
2004 5.718.061
2005 5.615.409
2006 5.616.291
2007 4.940.165
2008 4.127.882
Fonte: MEC/Inep (2009).
A tabela apresenta uma queda acentuada nas matrículas na Educação de Jovens e Adultos. Segundo 
as informações do Inep, embora os números de matrículas nessa modalidade de ensino tenham 
diminuído, ainda são representativas em relação ao total de matrículas na Educação Básica em 2009, 
e a modificação na metodologia do censo escolar é um dos fatores responsáveis por essa diminuição. 
Esta tem reduzido a dupla contagem de alunos na Educação Básica, situação que tem perdurado nas 
estatísticas brasileiras e que geralmente decorre da mobilidade regional dos habitantes brasileiros.
As análises mostram que, desse total, 58,3% estão matriculados nas escolas dos sistemas estaduais 
de ensino e 38,8% na rede municipal. Do total dos alunos matriculados, estão noEnsino Fundamental 
65% e os outros 35%, no Ensino Médio.
A tabela em seguida analisa vários indicadores relacionados ao período de 2001 a 2008: a taxa 
de analfabetismo no Brasil, o número de analfabetos, o número de alunos inscritos nos programas de 
alfabetização e a média de anos de escolarização. Observe como os dados mostram uma diminuição no 
analfabetismo.
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Tabela 3 – Brasil: analfabetismo e escolaridade da população 
com 15 anos ou mais (2001‑2008)
Indicador/ano 2001 2005 2006 2007 2008
Taxa de analfabetismo 12,4% 11,1% 10,4% 10,1% 10,0%
Número de analfabetos 15.072.313 14.979.160 14.391.064 14.135.122 14.247.495
Inscritos em programas de alfabetização 930 mil 1,8 milhão 1,6 milhão 1,3 milhão 1,4 milhão
Média de anos de estudos 6,4 7 7,2 7,3 7,4
Fonte: Di Pierro, (2010).
Ainda que haja projetos e ações que atendem aos jovens e adultos analfabetos, há divergências com 
relação ao número e inscrições de analfabetos nos programas de alfabetização. Se pensarmos que a 
alfabetização corresponde ao ciclo I do Ensino Fundamental, cursado em 4 anos, com a proposta de 5, a 
partir de 2009, há um aumento do número de anos de escolaridade para concluir essa etapa de estudos. 
Será que isso significa que a prática educativa está aquém do necessário? Ou será que os alunos têm 
dificuldade de frequentar a escola continuamente?
Exemplo de aplicação
Conforme jornal da coleção Viver e Aprender, criada para a Educação de Jovens e Adultos, pela 
associação Ação Educativa:
Censo escolar revela nova queda nas matrículas da EJA em 2010. MS e SP 
registram os maiores descensos.
A divulgação do Censo Escolar 2010 pelo INEP‑MEC mostra uma nova queda nas 
matrículas da EJA nos cursos presenciais. Em relação a 2009, a queda no país ficou 
em 10,3%.
Somente em quatro estados da Federação houve crescimento: Paraná, Goiás, Mato Grosso 
e Roraima, sendo que a elevação mais expressiva ocorreu nesse último estado: 13,8%. Na 
outra ponta, Mato Grosso do Sul obteve o pior resultado, com queda de 39,2% em relação 
a 2009. São Paulo obteve o segundo pior resultado, com queda de 23,4%. A terceira pior 
derrocada foi no estado do Rio Grande do Sul, com 10,3%.
Estes números vão na contramão de tudo que tem sido pautado internacionalmente na 
Educação de Jovens e Adultos nos últimos anos. No Marco de Ação de Belém, documento 
síntese da Confintea VI, assinado por 144 representantes de governo, incluindo o Brasil, os 
presentes pactuaram que “A educação de adultos é reconhecida como um componente 
essencial do direito à educação, e precisamos traçar um novo curso de ação urgente para que 
todos os jovens e adultos possam exercer esse direito. A educação de adultos é reconhecida 
como um componente essencial do direito à educação, e precisamos traçar um novo curso 
de ação urgente para que todos os jovens e adultos possam exercer esse direito“.
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
No entanto, apesar dos esforços do governo federal para a inclusão da EJA no Fundeb, 
da criação do programa Brasil‑Alfabetizado, do PNLD‑EJA, das linhas de financiamento para 
formação de professores, enfim, da política pública delineada, temos números que nos colocam 
cada vez mais distantes da possibilidade de garantir a Educação Básica para todos e todas. Vale 
lembrar que são mais de 60 milhões de brasileiros que não concluíram o Ensino Básico.
É necessário voltar a atenção para cada um dos Estados da federação e examinar as razões 
do avanço ou retrocesso. Além disso, é preciso renovar a EJA. É preciso perguntar em que medida 
estão sendo investidos recursos para a ampliação da EJA. Estariam de fato sendo aplicados os 
recursos destinados ao Fundeb para a melhoria e ampliação da EJA? É essencial que se faça 
uma escola para jovens e adultos cada vez mais desvinculada do ensino regular, com horários e 
formatos bastante flexíveis. Também não haverá crescimento da EJA enquanto não se constituir 
uma política intersetorial efetiva, pois grande parte do público da EJA se compõe de pessoas de 
baixa renda que precisam ter outras condições garantidas para poder voltar para a escola: creche 
para os filhos, atendimento de saúde, transporte, enfim, é preciso que as condições sociais desse 
sujeito sejam satisfatórias para que ele possa encontrar espaço para frequentar uma escola. 
Também sabemos que é necessário existirem professores com formação e carreira específica.
No caso de São Paulo, o governador eleito, em entrevista à Rádio CBN, em 6 de janeiro de 2011, 
convidou a população que não concluiu o Ensino Fundamental a procurar um curso de EJA. A 
entrevista pode ser conferida no link: <http://cbn.globoradio.globo.com/cbn‑sp/2011/01/06/
GOVERNADOR‑PROMETE‑AUMENTO‑ACIMA‑DA‑INFLACAO‑PARA‑PROFESSORES.htm>. 
No entanto, é fundamental que o governo estadual abra de fato as portas e crie as condições 
adequadas para a população retornar à escola, pois em 2009, assim como nos anos anteriores, 
houve um grande fechamento de salas de aula na rede estadual, como comprovam os dados 
do censo escolar. Para tanto, o governo estadual pode realizar uma efetiva chamada pública 
divulgando a existência das salas de EJA nos meios de comunicação. Além disso, poderia 
realizar também um censo específico para saber qual é efetivamente a demanda. Com isso, 
saberíamos também quais são os locais que precisam de maior investimento em termos de 
abertura de novas salas de aula.
Só não podemos acreditar que as pessoas não retornem à escola porque não desejam 
estudar. Cabe àqueles que estão à frente do governo criar os meios para que se possa avançar 
nos estudos e ampliar os horizontes pessoais e profissionais de cada um dos cidadãos. Fazer 
isso é cumprir com o que está posto na legislação brasileira.
Fonte: Viver e Aprender, 2012.
Sintetize as informações que essa reportagem apresenta:
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3.1 A organização dos cursos da EJA
A Lei nº 9.934/96 responsabiliza os sistemas de ensino pela oferta gratuita de cursos destinados 
aos jovens e adultos. Os cursos presenciais e de presença flexível podem ser oferecidos por instituições 
escolares que mantêm cursos autorizados de Ensino Fundamental e Médio e que solicitem autorização 
conforme dispositivos legais e normativos dos sistemas de ensino, atendendo a todas as exigências por 
eles solicitadas.
Para cumprir essa atribuição, os sistemas de ensino devem garantir que todos os estabelecimentos de 
ensino que oferecem os cursos de Educação de Jovens e Adultos ofereçam oportunidades educacionais 
apropriadas, respeitando as características dos educandos. Para tanto, ao desenvolver cursos de Ensino 
Fundamental e Médio para a Educação de Jovens e Adultos, o respeito à diversidade e às disparidades 
regionais e locais é tema apontado pela legislação, como forma de atender aos interesses, às necessidades 
e às condições de vida e de trabalho dos alunos da EJA (artigos 1º e 3º, incisos X e XI da LBD).
 Lembrete
Devem ser garantidas aos educandos jovens e adultos oportunidades 
educacionais apropriadas, o ensino noturno, o respeito às suas características 
com o atendimento aos seus interesses, necessidades, condições de vida e 
de trabalho.
Além disso, a LDB cita os cuidados para com os trabalhadores que não concluíram a Educação Básica. 
Compete ao poder público viabilizar e estimular o acesso e a permanência do trabalhador na escola, 
apontando, como formas de atuação junto à clientela, ações integradas, complementaresentre si.
Para explicitar o uso de formas diferenciadas de atendimento a essa clientela, os sistemas de ensino 
são responsáveis por oferecer cursos e exames que assegurem o direito ao prosseguimento de estudos, 
isto é, no caso do Ensino Fundamental, a garantia de cursar o Ensino Médio, e quanto ao Ensino Médio 
o direito a cursar o Ensino Superior, com o mesmo valor legal dos cursos regulares (art. 26 da LDB e CNE/
CEB nº 1/00, art. 9º, inciso IV e art. 12, inciso I).
 Lembrete
Para garantir o acesso e permanência dos alunos na escola são‑lhes 
oferecidos os cursos presenciais, os de presença flexível ou exames.
3.2 Como são organizadas as classes de alfabetização?
O curso do ciclo I do Ensino Fundamental, do primeiro ao quinto ano, pode ser oferecido por instituições 
e empresas da sociedade civil e organizações sociais que se proponham a oferecê‑lo, ministrando cursos 
de alfabetização e pós‑alfabetização, Matemática e Estudos da Natureza e da Sociedade.
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
 Observação
A Educação de Jovens e Adultos deve atender às exigências culturais e 
sociais dos alunos.
3.2.1 Funcionamento por meio de cursos e exames
Os cursos de Educação de Jovens e Adultos deverão ser organizados de acordo com as Diretrizes 
Curriculares Nacionais estabelecidas pela Resolução CNE/CEB nº 1/00, complementada pelas Resoluções 
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, estabelecidas respectivamente 
pelas Resoluções CNE/CEB nº 2/98 e 3/98.
Há proposta curricular elaborada pelo MEC, Ministério da Educação, e pela Ação Educativa, sob a 
coordenação de Vera Maria Masagão Ribeiro, em 2001, para as séries iniciais do Ensino Fundamental, 
ciclo I, do primeiro ao quinto ano, destinadas aos jovens e adultos.
 Saiba mais
Consulte a referida proposta:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, 
Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Educação para jovens e 
adultos: ensino fundamental: proposta curricular – 1º segmento. 
RIBEIRO, V. M. M. (Org.). São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 
2001a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/
eja/propostacurricular/primeirosegmento/propostacurricular.pdf>. 
Acesso em: 18 out. 2012.
Como estabelece a legislação, os cursos da Educação de Jovens e Adultos serão oferecidos em dois 
níveis de ensino, correspondentes ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio. Para regulamentar a 
frequência, há o limite de 16 anos como idade mínima para se matricular e cursar o Ensino Fundamental 
e 18 anos para cursar o Ensino Médio.
A legislação aponta como possibilidades desse atendimento escolar, a elaboração de propostas 
pedagógicas que estejam de acordo com as características e necessidades dos alunos para a 
conclusão do Ensino Fundamental e Médio por meio da realização de cursos presenciais ou com 
presença flexível e de exames. Ela reconhece que a educação acontece em todos os setores da 
vida social, de diferentes formas. Assim, conhecimentos e habilidades que podem ser adquiridos 
por meios informais poderão ser reconhecidos e avaliados por meio de certificados e exames para 
progressão de estudos.
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Os cursos oferecidos para a Educação de Jovens e Adultos seguem a mesma estrutura dos cursos 
regulares. Os sistemas de ensino devem, contudo, estabelecer normas complementares que regularizem 
a oferta desse ensino, principalmente no que diz respeito à instituição, autorização e funcionamento do 
atendimento individualizado e presença flexível.
O quadro em seguida permite a visualização da Educação de Jovens e Adultos como modalidade 
cujo atendimento acontece ao lado dos níveis de ensino que são ofertados dentro da faixa etária. 
Permite perceber, com clareza, que a EJA inicia no Ensino Fundamental e seu término ao final do Ensino 
Médio, diferentemente de outras modalidades de educação.
Quadro 2
Estrutura do sistema educacional
 
Educação Básica
0 A 3 anos Creches
Educação 
Infantil
Educação Especial
 
4 A 5 anos Pré‑escola
 
6 anos 1º ano
Ensino 
Fundamental
Educação de Jovens e Adultos
Educação Profissional tecnológica
7 anos 2º ano
8 anos 3º ano
9 anos 4º ano
10 anos 5º ano
11 anos 6º ano
12 anos 7º ano
13 anos 8º ano
14 anos 9º ano
15 anos 1º ano
Ensino Médio 
16 anos 2º ano
17 anos 3º ano
18 anos 4º ano etc.
Processos seletivos – vestibulares
Educação superior
(Cursos sequenciais)
Cursos de graduação
Cursos de pós‑graduação: 
aperfeiçoamento/especialização/etc. 
Mestrado e doutorado
(Cursos de extensão)
 
Fonte: Revista Apase, (n. 6, ano VI, abr. 2007, p. 15).
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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
 Lembrete
Limite de idade para entrada/conclusão da EJA: Ensino Fundamental: 16 
anos e Ensino Médio: 18 anos, o que passa pela decisão e regulamentação 
dos sistemas de ensino.
3.2.2 Cursos presenciais
De primeira a quinta (quarta) série do Ensino Fundamental
Os cursos correspondentes às quatro primeiras séries do Ensino Fundamental terão organização, 
duração, estrutura e certificação definidas pelas instituições ou organizações que os ministram. 
Geralmente, são chamados de cursos de alfabetização de adultos, sendo oferecidos por diferentes 
instituições públicas e particulares.
De sexta (quinta) a nona (oitava) série do Ensino Fundamental
Os cursos presenciais correspondentes aos quatro últimos anos do Ensino Fundamental devem ter 
a duração mínima de 1.600 horas de efetivo trabalho escolar, sendo 16 anos completos a idade mínima 
para a matrícula inicial. No caso de alunos que, durante a sua escolaridade, solicitarem a classificação 
ou reclassificação ou aceleração de sua aprendizagem, a idade mínima para o término do curso é de 17 
anos completos.
Nesse sentido, cada série do curso será oferecida em um semestre de cem dias letivos, com 400 horas 
mínimas de efetivo trabalho escolar, sendo chamada de termo. O curso tem a duração de dois anos.
De primeiro ao terceiro ano do Ensino Médio
Os cursos presenciais correspondentes ao Ensino Médio devem ter a duração mínima de 1.200 horas 
de efetivo trabalho escolar, sendo 18 anos a idade mínima para a matrícula inicial. No caso de alunos 
que solicitarem a classificação ou reclassificação ou a aceleração de sua aprendizagem a idade mínima 
para a conclusão é de 19 anos completos.
Da mesma forma, cada série do curso será oferecida em um semestre, com 400 horas mínimas de 
efetivo trabalho escolar, e chamada de termo. O curso tem a duração de um ano e seis meses.
3.2.3 Outras formas de organização do ensino destinado a jovens e adultos
Cursos de presença flexível
A importância da aprendizagem não formal é reconhecida pela LDBEN (art. 3º, inciso X), que, além 
de prevê‑la, apresenta a possibilidade de certificá‑la e valoriza o uso de metodologias diversificadas, 
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como a educação a distância por meio da TV, DVD, vídeo, material impresso, rádio etc. A regulamentação 
dos exames presenciais é feita pelos sistemas de ensino. São oferecidos cursos da sexta (quinta) à nona 
(oitava) série do Ensino Fundamental e do primeiro ao terceiro ano do Ensino Médio.
Telessala – Telecurso 2000
Os cursos de frequência flexível e atendimento individualizado são desenvolvidos por meio do 
Telecurso 2000. A regulamentação para a instalação, matrícula, constituição das turmas, quadro 
curricular, frequência e avaliação dos alunos, aproveitamento e registro de estudos, o papel do 
orientador de aprendizagem e sua formação para o atendimento de alunos por meio da telessala 
são atribuições dos sistemas estaduais de

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