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Indaial – 2021 FotograFia e audiovisual em mídias digitais Profª. Isabella Andrade Santana Profª. Lais Estefani Hornburg 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profᵃ. Isabella Andrade Santana Profᵃ. Lais Estefani Hornburg Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S232f Santana, Isabella Andrade Fotografia e audiovisual em mídias digitais. / Isabella Andrade Santana; Lais Estefani Hornburg. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 200 p.; il. ISBN 978-65-5663-849-2 ISBN Digital 978-65-5663-850-8 1. Fotografia. - Brasil. I. Hornburg, Lais Estefani. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 770 apresentação Olá, caro acadêmico! Seja bem-vindo ao livro didático da disciplina Fotografia e Audiovisual em Mídias Digitais. Ao final dos estudos das unidades, esperamos que você domine os conceitos e técnicas da fotografia e do audiovisual dentro das mídias, aliando conceito criativo com identidade da marca. Na Unidade 1, abordaremos uma breve história da fotografia, sua origem, técnicas da fotografia analógica e sua evolução, do estático ao movimento. Abordaremos como a fotografia foi essencial para a criação do cinema, posteriormente, evoluindo para o audiovisual. Em seguida, na Unidade 2, falaremos sobre o audiovisual e suas multifacetas, bem como a criação do vídeo ampliou todo o universo do audiovisual, possibilitando “transmídia”, trabalhar com mais de um formato e plataforma por vez, evoluindo para o digital. Por fim, na Unidade 3, abordaremos os novos formatos de fotografia e audiovisual dentro das mídias digitais, enfatizando o discurso narrativo hipermidiático. Bons estudos! Profᵃ. Isabella Andrade Santana Profᵃ. Lais Estefani Hornburg Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL .................................... 1 TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA .................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O ADVENTO DA FOTOGRAFIA .................................................................................................... 3 2.1 PRIMEIROS EXPERIMENTOS ..................................................................................................... 4 2.1.1 As primeiras teorias ............................................................................................................... 4 2.2 CÂMARA ESCURA........................................................................................................................ 7 2.2.1 Linha do tempo da fotografia .............................................................................................. 8 2.2.2 As primeiras câmeras ............................................................................................................ 9 3 FUNDAMENTOS DA FOTOGRAFIA .......................................................................................... 11 3.1 TÉCNICAS DA FOTOGRAFIA .................................................................................................. 11 3.1.1 Diferenças entre câmeras .................................................................................................... 12 3.2 LINGUAGEM FOTOGRÁFICA ................................................................................................. 13 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 18 TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO......................................................................... 21 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21 2 IMAGENS EM MOVIMENTO ....................................................................................................... 21 2.1 LINHA DO TEMPO DOS EXPERIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS ................................ 22 2.1.1 Irmãos Lumière .................................................................................................................... 26 2.1.2 O Cinematógrafo ................................................................................................................. 28 2.2 GEORGES MÉLIÈS ....................................................................................................................... 31 2.2.1 Le Voyage dans la Lune .......................................................................................................... 32 2.3 CHARLES CHAPLIN E BUSTER KEATON ............................................................................. 33 3 O CINEMA AMERICANO .............................................................................................................. 36 3.1 HOLLYWOOD .............................................................................................................................. 37 3.1.1 Indústria cultural do cinema de Hollywood ................................................................... 38 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 40 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 41 TÓPICO 3 — DO ANALÓGICO AO DIGITAL .............................................................................43 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 43 2 A FOTOGRAFIA COMO MEMÓRIA ........................................................................................... 43 2.1 DEMOCRATIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA ............................................................................... 44 2.1.1 Fotografia Digital ................................................................................................................. 45 3 O VÍDEO E A REVOLUÇÃO NO AUDIOVISUAL .................................................................... 47 3.1 CÂMERAS E VIDEOTAPE .......................................................................................................... 48 3.1.1 Vídeo na era digital ............................................................................................................. 49 3.2 HIPERMÍDIA................................................................................................................................. 50 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 53 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 59 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 60 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 62 UNIDADE 2 — A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E DO CINEMA AMERICANO ............... 65 TÓPICO 1 — DA APRENDIZAGEM MOTORA AOS MICRO E MACRO MOVIMENTOS ....................................................................................... 67 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67 2 IMAGENS EM MOVIMENTO ...................................................................................................... 67 2.1 LINHA DO TEMPO DOS EXPERIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS ................................ 68 2.1.1. Os Irmãos Lumière ............................................................................................................. 72 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 78 TÓPICO 2 — O CINEMATÓGRAFO E A HISTÓRIA DO CINEMA ........................................ 81 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81 2 O CINEMATÓGRAFO ..................................................................................................................... 81 2.1 GEORGES MÉLIÈS ....................................................................................................................... 84 2.1.1 Le Voyage dans la Lune .......................................................................................................... 86 2.2 CHARLES CHAPLIN E BUSTER KEATON ............................................................................. 87 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 3 — O CINEMA AMERICANO ........................................................................................ 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 CINEMA AMERICANO .................................................................................................................. 95 2.1 HOLLYWOOD ............................................................................................................................. 97 2.1.1. A indústria cultural do cinema de Hollywood ............................................................ 101 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 120 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 124 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 127 UNIDADE 3 — COMO AS MÍDIAS DIGITAIS REVOLUCIONARAM A FOTOGRAFIA E O AUDIOVISUAL ............................................................. 129 TÓPICO 1 — NOVOS FORMATOS PARA A FOTOGRAFIA E VÍDEO ................................ 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131 2 A FOTOGRAFIA NO INSTAGRAM ........................................................................................... 132 2.1 O CONCEITO DA FOTOGRAFIA PENSADA NA REDE ................................................... 134 2.2 FILTROS COMO FERRAMENTA DA PLATAFORMA ........................................................ 138 2.3 FOTOGRAFIA COMO FERRAMENTA DE VENDA ............................................................ 140 3 MÍDIAS SOCIAIS E AS MARCAS ............................................................................................. 141 3.1 COMO AS REDES SOCIAIS APROXIMAM AS PESSOAS E AS MARCAS ................... 142 3.2 EXEMPLO DE EMPRESAS QUE UTILIZAM AS MÍDIAS E SUAS NARRATIVAS PARA CONSTRUIR A PERSONA DA MARCA .......................... 144 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 154 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 155 TÓPICO 2 — PLATAFORMA DE STREAMING PARA O AUDIOVISUAL ......................... 157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157 2 STREAMING E OS NOVOS FORMATOS DIGITAIS ............................................................ 157 2.1 SURGIMENTO DA PLATAFORMA DE STREAMING ........................................................ 161 2.2 AS MUDANÇAS NA FORMA DE FAZER AUDIOVISUAL ............................................. 163 2.3 MÍDIAS SOCIAIS NA DIVULGAÇÃO DOS PRODUTOS AUDIOVISUAIS .................... 164 3 NOVOS FORMATOS ..................................................................................................................... 167 3.1 COMO OS STREAMINGS MODIFICARAM OS FORMATOS DE SÉRIES E FILMES ................................................................................................................. 169 3.2 A INTERATIVIDADE DO AUDIOVISUAL ............................................................................ 172 3.3 METALINGUAGEM .................................................................................................................. 174 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 176 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 177 TÓPICO 3 — O FUTURO DA FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL NAS MÍDIAS DIGITAIS......................................................................................... 179 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 179 2 O IMPACTO DA PANDEMIA NA FOTOGRAFIA AUDIOVISUAL ..................................... 179 2.1 ENSAIOS FOTOGRÁFICOS A DISTÂNCIA .......................................................................... 180 2.2 PRODUCÃO AUDIOVISUAL EM TEMPOS DE PANDEMIA ............................................ 181 2.3 A POPULARIZAÇÃO DAS TRANSMISSÕES DE VÍDEOS................................................. 183 2.4 IMPACTOS DA PANDEMIA E LANÇAMENTOS DE FILMES E FESTIVAIS ................. 185 3 AUDIOVISUAL PÓS-PANDEMIA .............................................................................................. 186 3.1 EXPECTATIVA DO CENÁRIO FOTOGRÁFICO PÓS-PANDEMIA .................................. 186 3.2 AS TRANSFORMAÇÕES DO AUDIOVISUAL NA PANDEMIA....................................... 187 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 189 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 194 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 195 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 197 1 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: ● conhecer a origem e história da fotografia ● aprender os princípios básicos da captação de imagem desde a câmera escura até as primeiras câmeras populares analógicas; ● entender os fundamentos da fotografia, como profundidade, enquadramento e ângulos; ● compreender como a fotografia foi essencial para o início do cinema e, posteriormente, o audiovisual como um todo; ● aprender quando a imagem deixou de ser estática e ganhou movimento; ● conhecer os primeiros conceitos da fotografia digital e o impacto gerado. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA TÓPICO 2 – DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO TÓPICO 3 – DO ANALÓGICO AO DIGITAL 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos a história da fotografia, desde seus primeiros experimentos com a luz, ainda na Grécia Antiga, passando por descobrimentos essenciais para que a imagem pudesse ser capturada. Vamos traçar uma breve linha do tempo para a fotografia, dos primeiros testes às primeiras câmeras, passando pelas primeiras imagens capturadas que se tem registros, tanto em preto e branco, quanto em cores. Abordamos também como as primeiras câmeras funcionavam como um minilaboratório (captação e revelação da imagem) e como a KODAK foi importante para revolucionar o mercado, com câmeras portáteis e mais acessíveis. Falaremos, sem aprofundar, sobre técnicas de captação da imagem, relacionando o olho humano a elementos da câmera. Outro assunto que será abordado é a linguagem fotográfica na construção da mensagem e o que é cada um dos elementos que a compõe. 2 O ADVENTO DA FOTOGRAFIA A fotografia é uma parte importantíssima da história, pois através dela, a humanidade começou a ter registros mais fiéis da própria história. O que antes contava apenas com registros escritos e representações através de pinturas, agora contava com um registro do real das cidades, pessoas e acontecimentos históricos. A humanidade sempre buscou registrar a história, seja com os desenhos nas cavernas, nos hieróglifos egípcios, nos registros em papiros e ao longo dos anos, se aperfeiçoou a escrita e a forma que se registrava os acontecimentos. Além da escrita, sempre existiu uma necessidade de registrar em imagens. Pintores renomados fizeram isso ao longo da história, se aperfeiçoando no Renascentismo, mas os experimentos para captar a imagem com maior realismo data de muitos séculos atrás. Iremos abordar toda a evolução desses experimentos até chegar à fotografia como a conhecemos. Acadêmico, você estudará, no primeiro tópico, o início com as câmeras analógicas e sua evolução até as máquinas digitais, alguns fundamentos básicos da fotografia, além da influência dela no cinema e, posteriormente, no audiovisual. UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 4 2.1 PRIMEIROS EXPERIMENTOS Platão talvez tenha sido o primeiro a definir o que era imagem. A definição mais antiga registrada em A república: “Denomino imagens em primeiro lugar às sombras; seguidamente aos reflexos nas águas e àquelas que se formam em todos os corpos opacos, lisos e brilhantes, a tudo mais o que for do mesmo gênero” (PLATÃO, s.d., p. 292). Embora se refira a imagens naturais, e não às imagens reproduzidas por um dispositivo, conseguimos entender a imagem como algo duplicado. Baseado nesse conceito, podemos entender que uma fotografia é uma imagem duplicada. Desde a Antiguidade, sempre houve uma necessidade de registrar os acontecimentos. Exemplo disso são as pinturas rupestres encontradas nas cavernas ou, avançando séculos na história, os hieróglifos do Egito Antigo. Cada civilização desenvolveu sua própria forma de registrar fatos cotidianos, e uma vez que a técnica do registro através do desenho foi dominada e aperfeiçoada, houve uma maior preocupação de que a representação fosse fiel e coerente. FIGURA 1 – HIEROGLIFOS EGÍPCIOS FONTE: <https://bit.ly/3olLmWJ>. Acesso em: 18 set. 2021 2.1.1 As primeiras teorias Segundo Filipe Salles (2009, p. 2), “A Fotografia é a arte de fixar, por meio de agentes químicos, com ajuda de uma câmara escura e com uma fonte de luz externa, uma imagem qualquer de objeto posto à frente desta câmera”. O ato de fotografar, então, precisa de fonte de luz, câmera, emulsão e químico. As fontes de luz são tanto a solar quanto artificiais, como o set de luz de um estúdio, por exemplo. TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 5 Câmara escura: aparato óptico que deu origem às câmeras fotográficas. NOTA Os primeiros experimentos com luz e, posteriormente, captação da imagem utilizando fontes de luz, datam de muitos anos. Platão, por exemplo, acreditava que qualquer objeto visível emitia partículas luminosas, enquanto Aristóteles acreditava que ondas vibratórias emitidas através dos olhos, tornavam os objetos visíveis ao atingi-los. Ambas as teorias estavam parcialmente corretas. Muitos outros experimentos ocorreram ao longo dos séculos, como Heron em Alexandria, que descobriu, através de experiência com espelhos, que a luz caminha em linha reta. Não iremos adentrar questões da física ou químicas com aprofundamento neste livro. Já no século XVII, cientistas ainda estavam intrigados para saber se, afinal, a luz era uma partícula ou uma onda, já que não conseguiam explicar como ao mesmo tempo em que caminha em linha reta, a luz também aparenta mudar de direção, dependendo da superfície em que se olhava. Foi o matemático holandês, Willebrord Van Roijen Snell, que analisou o desvio do raio de luz em vários meios, tais quais: água, ar, vidro, constatando que o desvio da luz variava de acordo com o meio. O fenômeno foi chamado de refração, mas publicado doze anos após sua morte, por Descartes. Hoje é conhecida comolei Snell-Descartes. FIGURA 2 – LEI SNELL-DESCARTES (REFRAÇÃO) FONTE: <https://blog.biologiatotal.com.br/refracao/>. Acesso em: 18 set. 2021. UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 6 Duas outras teorias que divergiam sobre a luz ser partícula ou onda foram de Isaac Newton e Francesco Grimaldi. Enquanto Newton fez um feixe de luz passar por um prisma, percebendo, então, que essa luz se decompunha em um espectro de cores (amarelo, laranja azul e violeta), descobriu-se que a luz branca é a junção de todas as cores no espectro. O experimentou de Newton o fez acreditar que a luz se tratava de partículas, mas ele próprio não afirmava, sendo apenas uma teoria. FIGURA 3 – LUZ ATRAVESSANDO UM PRISMA E SE DECOMPONDO EM CORES FONTE: <https://bit.ly/2ZQFbzJ>. Acesso em: 18 set. 2021. Francesco Grimaldi, por sua vez, estudou formação de sombras e concluíra que elas nunca apresentavam um contorno nítido, denominando o estudo de difração. Foram feitos muitos outros experimentos, estudos e teses de física e química nas quais, como dito anteriormente, não iremos aprofundar. É necessário que você, aluno, entenda os princípios da fotografia. Sendo assim, resumiremos: • Luz é um fenômeno elétrico, está ligada diretamente com a troca de energia entre elétrons. • Se os elétrons recebem estímulos quaisquer que sejam, sofrem alterações físicas e dependendo da quantidade de energia nessa interação, ele pode se desprender da camada original e passar para outra, mais externa ou interna. Nesse caso, o elétron libera uma energia excedente que chamamos de fóton. • Fóton a menor unidade da luz. TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 7 FIGURA 4 – CÂMARA ESCURA 2.2 CÂMARA ESCURA FONTE: <https://bit.ly/3B22t3n>. Acesso em: 18 set. 2021. Se os experimentos com a luz datam da Grécia Antiga, os primeiros registros da câmara escura surgem no Renascimento, utilizados por pintores como auxílio nos desenhos, por preservar corretamente a perspectiva. A câmara escura foi desenvolvida por Giovanni della Porta no século XVI, consiste em uma caixa (mas também pode ser uma sala) com uma única abertura em um dos lados, permitindo a passagem da luz externa, projetando uma imagem invertida da cena no lado oposto. No século XVIII, foi incrementada com uso de lentes e um espelho no ângulo de 45 graus, permitindo a fabricação de câmaras escuras portáteis. Pertenceu a William Henry Tabot (1800-1877) FIGURA 5 – CÂMARA ESCURA (1823) FONTE: <https://bit.ly/3B22t3n>. Acesso em: 18 set. 2021. UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 8 Durante séculos, físicos e outros cientistas fizeram experimentos para captação de imagem utilizando materiais fotossensíveis. Em 1826, a primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida por Joseph Nicéphore Niépce, capturada em uma placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judeia. Produzida por uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar, ao que chamou o processo de heliografia (FALCÃO, 2019). Niépce nomeou de heliografia (do grego “gravar em Sol”) porque acreditava que o processo de captura de imagens só era possível com a luz do sol, não com luzes artificiais. FIGURA 6 – IMAGEM DA PRIMEIRA FOTOGRAFIA PERMANENTE (NICÉPHORE NIÉPCE) FONTE: Falcão (2019, p. 7) 2.2.1 Linha do tempo da fotografia Niépce falece em 1833 sem ver seu processo concluído. Ao mesmo tempo, outros estudos e técnicas estavam surgindo. No mesmo ano, no Brasil, um francês radicado no país residente da atual cidade de Campinas, Hercules Florence, apenas desenvolveu e testou com razoável sucesso um processo fotográfico rudimentar, como também cunhou a própria palavra que o denomina photographie. No entanto, não levou à investigação à frente até sua patente, seis anos depois na Europa (FALCÃO, 2019). Ainda segundo Falcão (2019), em seu artigo Timeline da História da Fotografia: • 1841 – O britânico William Henry Fox Talbot lançou o calótipo, processo mais eficiente de fixar imagens, no qual o papel impregnado de iodeto de prata era exposto à luz numa câmara escura, a imagem era revelada com ácido gálico e fixada com tiossulfato de sódio. TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 9 • 1861 – Captura da primeira imagem em cores da história por James Clerk Maxwell. • 1864 – O processo foi aperfeiçoado e passou-se a produzir uma emulsão seca de brometo de prata em colódio. • 1888 – Primeira máquina fotográfica popular, a Kodak, montada por George Eastman e comercializada com película de celuloide adaptada à máquina. • 1893-1895 – Entre esse período, surge o primeiro processo de fotografia a cores elaborado por Frederic Eugene Ives. FIGURA 7 – IMAGEM DA PRIMEIRA FOTOGRAFIA COLORIDA DA HISTÓRIA (JAMES CLERK MAXWELL) FONTE: Falcão (2019, p.8) 2.2.2 As primeiras câmeras Máquina-caixote ou máquina-caixão eram os nomes pelas quais as primeiras câmeras ficaram conhecidas. Eram câmeras de grande porte, com dois compartimentos no interior que funcionavam como tanques: um para revelação e um para fixação da fotografia. Funcionavam como um minilaboratório, revelando os negativos e as fotografias positivas. O responsável pelas câmeras portáteis foi o inglês George Eastman, criador da KODAK, que ao adquirir em 1888 sua primeira câmera fotográfica, considerava o processo lento e trabalhoso de usar as chapas úmidas. A tecnologia mais propícia para fazer negativos e cópias, emulsão com brometo de prata, somada à rapidez de sensibilidade da suspensão com gelatina, Eastman substitui o vidro por uma base transparente e flexível de nitrocelulose e emulsionou o primeiro filme em rolo da história. Podendo, então, enrolar o filme, poderia obter várias chapas em um único rolo, e construiu uma pequena câmara UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 10 para utilizar o filme em rolo, que ele chamou de "Câmara KODAK”. O nome veio de uma onomatopeia, o barulho que a câmara fazia ao disparar o obturador, e o sucesso do invento tornou todos os processos anteriores completamente obsoletos (SALLES, 2009). FIGURA 8 – ANÚNCIO KODAK, 1889 FONTE: Farias (2014, p. 3) É com o pioneirismo da Kodak na redução dos tamanhos que iniciava o processo de popularização da fotografia analógica. Essas câmeras menores, mais leves e fáceis de manusear possibilitaram a democratização da produção fotográfica por seu barateamento e facilidade no manuseio, já que dispensavam a necessidade de conhecimentos técnicos específicos. Isso permitiu a criação de um mercado completamente novo, transformando a relação das pessoas com a fotografia: ainda que não se dominasse o processo de revelação da imagem, as pessoas podiam fazer livremente seus próprios registros (FARIAS, 2014). FIGURA 9 – BROWNIE, CÂMERA DE BOLSO DA KODAK LANÇADA EM 1900 FONTE: <https://bit.ly/2Yg9ZJL>. Acesso em: 18 set. 2021. TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 11 Assista ao vídeo “História da Fotografia” do canal do YouTube Disk Digitais no link: https://www.youtube.com/watch?v=_0pns63NaM4 para conhecer melhor a história e evolução das câmeras fotográficas. DICAS 3 FUNDAMENTOS DA FOTOGRAFIA Parece simples para quem vive na era digital que, para se ter uma fotografia, basta apenas apertar um botão de uma câmera digital automática ou celular. Mas a fotografia analógica e profissional está longe de ser tão simples. Aluno, agora que você aprendeu um pouco da história e como surgiram as primeiras câmeras fotográficas, irá conhecer um pouco da técnica de fotografar e dos fundamentos que compõem uma boa imagem: ângulo, profundidade e enquadramento. 3.1 TÉCNICAS DA FOTOGRAFIA A câmera é composta por três elementos: corpo, objetiva e obturador/ diafragma. Sendo a objetiva umconjunto de lentes que tem a capacidade de formar, através de leis físicas específicas, uma imagem nítida de um determinado assunto na base da emulsão disposta no corpo. O obturador é o responsável pelo tempo de exposição, e é geralmente controlado no corpo da câmera, enquanto o diafragma é o responsável pela quantidade de luz, e é geralmente controlado na objetiva. Por fim, a emulsão é o filme fotográfico propriamente dito, ou o papel fotográfico onde se processa a ampliação do filme. O filme é uma emulsão química composta de sais de prata sensíveis à luz posta sobre uma base de acetato, poliéster ou celuloide (SALLES, 2009). FIGURA 10 – CAPTAÇÃO DA IMAGEM ATRAVÉS DA ÍRIS FONTE: Adaptada de Salles (2009) UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 12 A fotografia sendo uma imagem duplicada do mundo real e dependendo da apreciação visual da visão humana, podemos definir que câmeras fotográficas são extensões mecânicas do olho humano, mas podendo registrar cenas e acontecimentos para a posterioridade. Nosso olho é adaptado para captar a luz, recepcionando os comprimentos de onda de cada cor e decodificá-los, diferenciando, assim, verde do vermelho, amarelo do azul. Isso é chamado de visão cromática, ou visão das cores. A íris do olho humano funciona como o dispositivo de diafragma da câmera, controlando a quantidade de luz. O cristalino do nosso olho tem seu paralelo na lente da câmera, pois ambos vão tornar as imagens nítidas. A diferença é que o cristalino, para focalizar as imagens, muda de forma, ao passo que numa câmera, a lente é dotada de movimento para frente e para trás para cumprir a mesma função, com exceção das câmeras chamadas de “foco fixo”, projetadas para dar foco a partir de uma distância mínima (SALLES, 2009). FIGURA 11 – MECANISMO INTERNO DE UMA CÂMERA FONTE: Adaptada de Salles (2009) 3.1.1 Diferenças entre câmeras As câmeras podem ser classificadas nas seguintes categorias: • Simples: câmeras que vêm com predefinições de fábrica, com pouca ou nenhuma opção de mudança. Exemplos de câmeras simples são as analógicas populares utilizadas para retratos de família nos anos 1970, 80 e 90, ou as câmeras de fotos instantâneas, como a Polaroid. • Semiprofissionais: permitem alterações nas configurações, acoplar acessórios como outras lentes ou flashes. São mais bem projetadas para captação da imagem do que os modelos simples. • Profissionais: a qualidade se assimila muito com a semiprofissional, mas permite maiores alterações de configurações, tem melhor precisão ótica, permite o uso de diferentes tipos de lentes etc. TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 13 FIGURA 12 – INSTAMATIC: CÂMERA INSTANTÂNEA DA KODAK NOS ANOS 1970 FONTE: <https://bit.ly/2Yg9ZJL>. Acesso em: 18 set. 2021. 3.2 LINGUAGEM FOTOGRÁFICA A fotografia não é apenas uma imagem estática de um momento do mundo real. É preciso entender a construção da mensagem a partir dos aspectos técnicos da linguagem. A composição de uma imagem é a organização dos elementos dentro da fo- tografia. Os elementos podem ser visuais, como pontos, planos, ângulos, cor, pers- pectiva etc., e expressam a mensagem que o fotógrafo quer transmitir visualmente. No Tópico 3 da unidade, iremos abordar a evolução do analógico para o digital. ESTUDOS FU TUROS A linguagem fotográfica, embora tenha se expandido no quesito intertextualidade com outras mídias e possibilidades, continuam as mesmas. Os fundamentos básicos como enquadramento, ângulo, luz, sombra, entre outros, continuam valendo até na fotografia feita com celular. UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 14 FIGURA 13 – COMPOSIÇÃO (BARRY O. CARROLL) FONTE: <https://bit.ly/3uyc2Vh>. Acesso em: 18 set. 2021. Enquadramento: é um recorte feito pelo fotógrafo do mundo que o cerca. O fotógrafo escolhe qual parte deseja recortar e quais elementos devem estar presentes na imagem. O recorte e a organização dos elementos escolhidos devem ser pensados no processo de construção da imagem (ARRUDA; NOVIKOFF; MITHIDIERI, 2016). A regra dos nove terços (Figura 13) é uma técnica de composição utilizada para obter o enquadramento perfeito na fotografia. O fotógrafo traça quatro linhas imaginárias na cena, dividindo em terços e coloca o objeto principal que deseja capturar em um dos pontos formados pelo cruzamento das linhas para ter um melhor enquadramento da foto. FIGURA 14 – ENQUADRAMENTO (ERIC PROUZET) FONTE:< https://unsplash.com/photos/dIqIgw6UFLk>. Acesso em: 18 set. 2021. TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 15 Ângulo: diferentes enquadramentos que podem ser construídos pela mudança de ângulo ou ponto de vista do fotógrafo. Se o fotógrafo subir numa cadeira ou se deitar no chão, por exemplo, verá a mesma cena ou objeto de formas diferentes (ARRUDA; NOVIKOFF; MITHIDIERI, 2016). FIGURA 15 – ÂNGULOS (ILIE MICUT-ISTRATE) FONTE: <https://unsplash.com/photos/wSFVBUmm5Bk>. Acesso em: 18 set. 2021. Pontos, linhas e planos: se observarmos com atenção, podemos perceber que as imagens são compostas por pontos, linhas e planos. Essas dimensões da fotografia são usadas, muitas vezes, para conduzir o olhar do espectador, criando pontos de atenção, movimento, equilíbrio ou desequilíbrio etc. No caso dos planos, o fotógrafo pode estabelecer uma relação entre os elementos que estão em diferentes distâncias da câmera (ARRUDA; NOVIKOFF; MITHIDIERI, 2016). FIGURA 16 – PONTOS, LINHAS E PLANO ABERTO (ED 259) FONTE: <https://unsplash.com/photos/xcrI6CPkkJs>. Acesso em: 18 set. 2021. UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL 16 Luz e sombra: a luz é um elemento fundamental da fotografia, sem ela não se pode produzir imagens fotográficas. Para se construir boas imagens fotográficas é importante perceber como está a luz do espaço ou o objeto a ser fotografado. Essa percepção nos ajuda a ter controle da quantidade de luz que a câmera irá capturar ou se será necessário usar outras fontes de luz como o flash, abajur ou até uma lanterna (ARRUDA; NOVIKOFF; MITHIDIERI, 2016). FIGURA 17 – LUZ E SOMBRA (YANG MIAO) FONTE: <https://unsplash.com/photos/CzzgqkWPQc0>. Acesso em: 18 set. 2021. Assista ao vídeo “Como fotografar melhor - fotografia para iniciantes - fundamentos e triângulo de exposição” do canal do YouTube Bruno Pavão no link: https:// www.youtube.com/watch?v=FKtjsoRMkB0 para compreender melhor os fundamentos e linguagens da fotografia. DICAS 17 Neste tópico, você aprendeu que: • A luz foi estudada através dos séculos por físicos e matemáticos. Que a luz também é o principal elemento para a fotografia, já que para conseguirmos fotografar uma cena, pessoa, paisagem ou objeto, precisamos de quatro elementos: câmera, emulsão, químicos e, principalmente, luz, seja natural ou artificial. • Diversos experimentos e estudos aconteciam em vários lugares do mundo. Que foi Nicéphore Niépce quem conseguiu captar a primeira fotografia conhecida na história, no ano de 1826. Enquanto a primeira fotografia em cores foi capturada por James Clerk Maxwell, em 1861. • O inglês George Eastman, incomodado com o processo lento de revelação das fotos, emulsionou o primeiro filme em rolo da história após diversos experimentos, criando a câmera KODAK. Esse processo possibilitou a diminuição do tamanho das câmeras, tornando-as mais populares, mudando a relação que as pessoas tinham com a fotografia. • A íris do olho humano funciona como o diafragma da câmera, enquanto o cristalino do olho se assemelha com a lente da câmera. O diafragma controla a quantidade de luz, enquanto a lente torna as imagens nítidas. • A câmera é composta por corpo, objetiva (ou lente) e obturador (ou diafragma). As câmeras se classificam em simples, semiprofissionais e profissionais e quais sãoas características de cada uma. • A linguagem fotográfica e seus conceitos se aplicam tanto para as câmeras analógicas quanto profissionais. A composição de uma imagem é importante, assim como enquadramento, angulação, linhas, luz e sombra etc. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Com base nos estudos é possível afirmar que a humanidade sempre teve interesse em registrar a história. Assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) Hieróglifos do Antigo Egito e pinturas rupestres são formas de registros históricos. b) ( ) Físicos e matemáticos de séculos diferentes faziam experimentos com a finalidade de capturar imagens para a posterioridade. c) ( ) Pintores renascentistas utilizavam a câmera escura para poder observar melhor a imagem e, assim, ter um registro mais fiel possível. d) ( ) Artistas renascentistas utilizavam a câmera escura para replicar os hieróglifos egípcios. 2 Aplicando as técnicas de fotografia adquiridas na unidade, podemos dizer que: I- A câmera é composta por três elementos: corpo, objetiva e diafragma. II- A objetiva é um conjunto de lentes que, na captação da imagem, é responsável pelo foco. III- O filme utilizado nas câmeras analógicas é uma emulsão química composta de sais de prata sensíveis à luz. IV- O obturador é responsável por decodificar as cores na fotografia. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente as sentenças I e IV estão corretas. 3 George Eastman, criador da empresa Kodak, tem um grande papel na história da fotografia porque: ( ) Desenvolveu o primeiro filme em rolo da história após diversos experimentos. ( ) Inventou a câmera fotográfica. ( ) É considerado o pai da fotografia porque descobriu o processo de revelar uma foto em papel. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – V. b) ( ) V – F – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. AUTOATIVIDADE 19 4 A história da fotografia é muito complexa porque não houve apenas um inventor. Durante séculos, físicos, matemáticos e cientistas, no geral, tentavam compreender a luz como fenômeno. Defina em poucas palavras, qual a importância da luz na fotografia. 5 Linguagens fotográficas são importantes para uma boa construção da mensagem de uma imagem. Liste dois dos principais fundamentos, descrevendo a definição de cada um. 20 21 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 1 INTRODUÇÃO Com a Segunda Revolução Industrial, na virada do século XIX, a humanidade começou a se desenvolver de uma forma nunca vista antes, tanto tecnológica quanto demograficamente. A febre de inovações técnicas entusiasmou populações cada vez mais sedentas pelo entretenimento, estímulos e novidades. Entre elas, esse misto de arte, magia, encantamento e tecnologia que o mundo viria conhecer com o nome de cinema (SABADIN, 2018). Acadêmico, o foco da nossa matéria é fotografia e audiovisual nas mídias sociais, mas para entender a evolução, contexto e intertextualidade da era digital, precisamos conhecer as origens, os primórdios. Assim como a fotografia, o cinema teve seu início no século XIX, e abordaremos um pouco de como a captura da imagem saiu da estática para a mágica do movimento, para que assim, possamos compreender como o audiovisual foi moldado da forma como o conhecemos hoje. 2 IMAGENS EM MOVIMENTO Assim como acontece na fotografia, há algumas divergências sobre quem inventou realmente o cinema. Boa parte dos livros e enciclopédias nomeiam os Irmãos Lumière como os pais do cinema e seu nascimento tendo acontecido em 28 de dezembro de 1895. Todavia, assim como aconteceu com a fotografia, durante séculos foram feitos experimentos em busca de um dispositivo capaz de registrar as movimentações da natureza e do cotidiano. Antes mesmo de surgir um aparato capaz de projetar imagens em movimento, ainda no século XVIII, experiências se basearam nas milenares Lanternas Mágicas chinesas, espécie de projetor de slides, uma caixa à prova de luz, com uma vela acesa dentro, que projetava sombras, silhuetas e pequenos desenhos a uma plateia (SABADIN, 2018). Esse espetáculo de sombras se tornou muito popular na segunda metade do século XVIII, sendo apresentado em circos e feiras. Alguns nomes surgiram para denominar esses inventos: 22 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL • Eidophusikon, pelo cenógrafo teatral Phillipe-Jacques de Loutherbourg. • Panorama, de Robert Baker, pintor irlandês. • Fantasmagoria, performance criada pelo belga Étienne Robertson. Apesar de populares e inovadores no quesito artístico, os espetáculos estavam mais para performances circenses e teatrais, não havendo uma tecnologia que projetasse qualquer imagem. Para entendermos melhor a evolução dos projetores até chegarmos aos irmãos Lumière, vamos adentrar em uma breve linha do tempo. FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO EIDOPHUSIKON FONTE: <https://bit.ly/3uyc2Vh>. Acesso em: 18 set. 2021. 2.1 LINHA DO TEMPO DOS EXPERIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS Em 1833 surge o Fenacistoscópio, criação resultada de muitas pesquisas do belga Joseph Plateau e do austríaco Simon Stampfer. Um dispositivo que consistia em um disco rotativo com desenhos e uma pequena fenda entre eles, quando girado em velocidade rápida, o espectador via um “desenho animado”. TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 23 FIGURA 19 – FENACISTOSCÓPIO DE PLATEAU E STAMPFER FONTE: <https://bit.ly/3l1SOnM>. Acesso em: 18 set. 2021. No ano seguinte, em 1834, William George Horner mostrava à comunidade científica inglesa o Zoetrope, que consistia no mesmo princípio do anterior, apenas trocando disco por cilindro. FIGURA 20 – ZOETROPE DE WILLIAM G. HORNER FONTE: <https://bit.ly/3D2kTS6>. Acesso em: 18 set. 2021. 24 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL Em 1872, o fotógrafo inglês Eadweard Muybridge foi contratado por Leland Stanford, governador da Califórnia, para registrar um cavalo galopando e provar que o animal tirava as quatro patas do chão durante a ação. Utilizando 24 câmeras com disparadores automáticos, Muybridge conseguiu a prova que o governador queria e percebeu que as fotos, tiradas em um curto espaço de tempo, davam a ilusão de movimento. Em 1880, realizou uma exibição da experiência em San Francisco Art Association, sendo aclamado pela imprensa. FIGURA 21 – EXPERIMENTO DE MUYBRIDGE FONTE: Sabadin (2018, p. 11) FIGURA 22 – REGISTRO DO CHRONOPHOTOGRAPHE DE MAREY FONTE: <https://bit.ly/3B1EeSZ>. Acesso em: 18 set. 2021. Em 1988 são descobertos dois fragmentos de filmes sobre rolos de papel de 50 milímetros, supostamente realizados pelo francês Louis Aimé Augustin Le Prince. O primeiro filme filmado entre 10 e 12 quadros por segundo, enquanto o segundo tem 20 quadros por segundo. Le Prince, que havia marcado uma reunião para mostrar seus experimentos, embarcou em um trem de Dijon e nunca mais foi visto, nem seu equipamento encontrado. Étienne-Jules Marey construiu, em 1888, uma câmera cinematográfica rudimentar, utilizando o rolo de celuloide criado por George Eastman, fundador da Kodak. Essa câmera foi batizada de Chronophotographe. TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 25 FIGURA 23 – DISPOSITIVO COM 16 LENTES DE LOUIS AIMÉ AUGUSTIN LE PRINCE (1886) FONTE: <https://bit.ly/3irD2kl>. Acesso em: 18 set. 2021. Em 1889, Edison e seu assistente William Kennedy-Laurie Dickson desenvolveram o Cinetofonograph, também chamado Cinetophone. O aparato era formado por uma câmera (chamado de Cinetograph) utilizando películas de celuloide de 35 mm de largura (também desenvolvida por George Eastman) com quatro perfuraçõesde cada lado do fotograma. O resultado foi um filme com cerca de 15 metros, exibido de uma caixa de observação individual. Foi batizado de Kinetoscope ou CInetoscope, mais traduzido por Cinetoscópio. FIGURA 24 – REPRESENTAÇÃO KINETOSCOPE DE EDISON E DICKSON FONTE: <https://www.tech-faq.com/kinetoscope.html>. Acesso em: 18 set. 2021. 26 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL Em 22 de maio de 1891 aconteceu a primeira demonstração do Kine- toscope. A exibição foi realizada nos laboratórios de Thomas Edison em Nova Jersey, com audiência de 147 pessoas. Apesar de simples, todos os movimentos eram perfeitos. FIGURA 25 – PROPAGANDA DO KINETOSCOPE DE EDISON EM JORNAL DA ÉPOCA FONTE: Sabadin (2018, p. 12) Os norte-americanos costumam considerar Thomas Edison o inventor do cinema, mas muitos historiadores rebatem que o Kinetoscope não é o marco inicial do encantamento do cinema, já que o sistema de Edison contempla a observação individual de um filme, não coletiva. Outro ponto que historiadores levantam é que o invento tinha um caráter mais experimental do que comercial, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do cinema. No próximo subtópico, falaremos dos Irmãos Lumière e o marco que eles deixaram na história e origem do cinema. 2.1.1 Irmãos Lumière De qualquer maneira, o ano de 1895 é considerado, pela maioria dos pesquisadores, o ano zero da história do cinema, visto que a data marca não apenas o histórico evento dos Lumière, como também outras projeções pioneiras (SABADIN, 2018). Em maio de 1985, William Kennedy-Laurie Dickson e Woodville Lathan desenvolveram o Panopticon, um sistema de filmagem e projeção, exibindo em Nova York um registro de quatro minutos de uma luta de boxe. O curta foi nomeado de Young Griffo versus Battling Charles Barnett e a primeira exibição com cobrança de ingressos. TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 27 FIGURA 26 – PHANTASCOPE DE ARMAT E JENKINS FONTE: <https://bit.ly/3uyLXpe>. Acesso em: 18 set. 2021. Mais tarde, em junho do mesmo ano, Thomas Armat e Charles Francis Jenkins apresentaram o Phantascope em uma feira agrícola em Atlanta. Thomas Edison se interessou e se associou a Armat, criando mais tarde o Edison Vitascope. Em Berlim, outubro do mesmo ano, Ottomar Anschütz exibiu projeções de imagens em um sistema chamado Tachyscope. No mês seguinte, ainda em Berlin, Max e Emil Skladanowsky mostram ao público o Bioskop. FIGURA 27 – MAX E EMIL SKADANOWSKY EM IMAGENS PROJETADAS PELO BIOSKOP FONTE: <https://bit.ly/3imeTLV>. Acesso em: 18 set. 2021. 28 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL Embora todas as invenções e projeções tenham seus valores e tenham marcado época, não fizeram história como os Irmãos Lumière. Os franceses Auguste e Louis Lumière eram sócios e herdeiros de uma bem-sucedida empresa no ramo de fotografia, a Société Anonyme des Plaques et Papiers Photographiques Antoine Lumière et ser Fils. Os irmãos conheceram o Kinetoscope de Thomas Edison no ano anterior, 1894, e logo começaram a trabalhar para aperfeiçoá-lo. Em 13 de fevereiro de 1895, patentearam um novo aparato que chamaram de Cinématograpge (em português, Cinematógrafo). FIGURA 28 – IRMÃOS LUMIÈRE, OS PAIS DO CINEMA FONTE: <https://bit.ly/3oufPSq>. Acesso em: 18 set. 2021. 2.1.2 O Cinematógrafo O Cinematógrafo, embora muito parecido com o Kinetoscope de Edison, era um equipamento mais detalhado. Uma caixa de madeira equipada com uma lente na parte dianteira e uma manivela pequena do lado direito. O que mais diferenciava de outros equipamentos como o próprio Kinetoscope, era que o Cinematógrafo, além de mais leve e compacto, era mais fácil de operar e tinha um importante diferencial: o mesmo dispositivo que filmava também projetava o filme, permitindo uma exibição coletiva de um filme. TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 29 FIGURA 29 – CINEMATÓGRAFO DOS IRMÃOS LUMIÈRE FONTE: <https://bit.ly/2WJwFBu>. Acesso em: 18 set. 2021. Os Irmãos Lumière promoveram, em 22 de março de 1895, uma exibição para os membros da Société d’Encouragement pour l’Industrie Nationale, localizada em Paris. Esse evento foi a primeira exibição pública do Cinematógrafo, mas a grande “première” aconteceu no dia 28 de dezembro de 1895, realizada no Salão Indiano, subsolo do Le Grand Café, localizado no Boulevard dês Capucines, centro de Paris. A entrada cobrada na exibição era de um franco por ingresso e reuniu cerca de cem pessoas em uma sessão que durou em torno de 20 minutos. Foram exibidos curtas produzidos pelos Irmãos Lumière, incluindo A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, a primeira produção dos irmãos. O dia 28 de dezembro de 1895 foi considerado “o nascimento do cinema”. Diferente de outros pesquisadores que divulgavam seus inventos apenas para o público científico, os Irmãos Lumière enxergaram uma atividade ligada como ramo do entretenimento e diversão, focando no público geral. 30 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL FIGURA 30 – PÔSTER CINEMATÓGRAFO LUMIÈRE FONTE: <https://bit.ly/2WJwFBu>. Acesso em: 19 set. 2021. Com a repercussão positiva e o interesse do público pelo aparato “mágico”, os Lumière recrutaram representantes, chamados de “cinegrafistas”, para que vendessem a facilidade da operação do Cinematógrafo a qualquer pessoa, em qualquer parte do planeta. No entanto, não era uma venda propriamente dita, mas preferiram trabalhar com sistema de concessão de seus filmes e equipamentos, dividindo os lucros da bilheteria meio a meio. O negócio deu tão certo que, em 18 meses, a empresa contava com um catálogo de mais ou menos mil filmes. Assista ao vídeo “A Saída dos Operários da Fábrica Lumière”, do canal do YouTube Cine All no link: https://www.youtube.com/watch?v=4jmCFzzCQvw, uma cena tão cotidiana que foi um marco revolucionário para a história do entretenimento. DICAS A arte do cinema se espalhou rapidamente por todos os cantos do planeta, expandindo por toda a Europa, Estados Unidos, África do Sul, Egito, Argentina, Japão, México e até mesmo o Brasil, entre outros países. TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 31 Os primeiros filmes eram, em sua maioria, curtas-metragens que registravam o cotidiano, como a movimentação nas ruas, ou o almoço de uma criança. Registros simples de coisas corriqueiras, mas a novidade e o encantamento do cinema eram o suficiente para atrair atenção do público. Neste ponto, acadêmico, podemos traçar paralelos com os registros cotidianos de refeições, estradas em movimento, paisagens e detalhes simples que correspondem às roti- nas de usuários de redes sociais. Mas o que, naquela época, os registros eram uma descoberta muito recente, atualmente são registros de smartphone, além da necessidade de se fazer pre- sente e ser lembrado. Retomaremos mais esse paralelo na Unidade 3 do livro didático. ESTUDOS FU TUROS 2.2 GEORGES MÉLIÈS Foi o parisiense Georges Méliès quem elevou o cinema à categoria de es- petáculo e arte. Desenhista, escultor, pintor e manipulador de marionetes e bo- necos, estudou na École de Beaux-Arts. Aos 27 anos comprou o lendário Théâtre Robert-Houdin, e em 1896, incorporou projeções de filmes em seus shows de magia e humor, começando a produzir, pouco tempo depois, suas próprias pro- jeções com a marca Star Film. A Star Film tomaria um rumo muito à frente de seu tempo: efeitos especiais. Em 1897, Méliès decide focar totalmente no cinema e começa a construção de um novo estúdio, com iluminação artificial para as filma- gens, considerado um pioneirismo na época. Com inquietação e criatividade acima de seus concorrentes, ele adaptou para as telas a clássica história de Cinderela, Cendrillon (1899), contratou 500 figurantes para rodar Jeanne D’Arc (1900), fez um homem comum se transformar numa mosca em L’Homme-Mouche (1902),além de filmar clássicos da literatura e do teatro, como Barba-Azul (1901), Le Voyage de Gulliver à Lilliput et Chez les Géants (1902), Les Aventures de Robinson Crusoé (1903), Les Mousquetaires de la Reine (1903), Hamlet (1907), 20.000 Léguas Submarinas (1907), e até um profético O Túnel do Canal da Mancha (1907), ficção mostrando o rei da Inglaterra e o presidente da França unindo esforços para construir um túnel submarino ligando as cidades de Dover e Calais, praticamente 90 anos antes do Eurotúnel (SABADIN, 2018). 32 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL FIGURA 31 – A COROAÇÃO DO REI EDUARDO (MÉLIÈS, 1902) FONTE: <https://woomagazine.com.br/4-filmes-de-george-melies/>. Acesso em: 19 set. 2021. Não há como contestar que Méliès era um gênio, revolucionando toda a forma de fazer cinema com suas técnicas inovadoras de ilusão de ótica e efeitos especiais. Com mais de 500 filmes em seu currículo, levou muito da sua experiência no teatro e ilusionismo para suas filmagens, desenvolvendo cenários, figurinos, trabalhando com iluminação artificial e podemos considera-lo o pai dos “efeitos especiais”. Uma curiosidade era a câmera sempre fixa, no ponto de vista de uma plateia teatral. 2.2.1 Le Voyage dans la Lune O mais popular entre os mais de 500 filmes do diretor, Le Voyage dans la Lune (em português, Viagem à Lua) é um épico cósmico, produzido em 1902 e que inspirou diversas outras obras audiovisuais. É o predecessor de Flash Gordon (1936), Destino à Lua (1950), 2001: Uma odisseia no espaço (1968) e Guerra nas Estrelas (1977) (KEMP, 2011). FIGURA 32 – CENA ATERRISSAGEM NA LUA (LE VOYAGE DANS LA LUNE, 1902) FONTE: Kemp (2011, p. 21) TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 33 O enredo do filme é uma mistura de duas histórias de ficção científica clás- sicas, Da terra à lua, de Júlio Verne e Os primeiros homens na lua, de H. G. Wells. Assista ao filme “Le Voyage dans la Lune” disponível no canal do YouTube TheParmaViolet no link: https://www.youtube.com/watch?v=9m830jhUi3E, um dos primeiros filmes com efeitos especiais na história do audiovisual DICAS 2.3 CHARLES CHAPLIN E BUSTER KEATON Falar da história do cinema sem citar Charles Chaplin e Buster Keaton é falar de uma história incompleta. Dois dos grandes nomes da comédia, que deixaram marcas tão grandes na linguagem cinematográfica, que até hoje, diretores de cinema bebem da fonte, utilizando tanto Chaplin quanto Keaton como referência em linguagem corporal, efeitos especiais, comédia visual. Quando falamos de Charles Chaplin, uma das primeiras referências que vem à mente é seu personagem icônico de chapéu coco, bigode e bengala, com uma linguagem corporal cômica. Mas o ator, compositor, roteirista, cineasta, editor e músico britânico era mais do que apenas um comediante. Claro que sua mímica notória foi quem o fez tão popular e famoso até os dias de hoje, mas sua marca no cinema vai além disso. Chaplin foi criador do personagem Carlitos, talvez o grande mito de seu cinema, que muitas vezes se destaca do seu autor em uma existência quase autônoma. Vinculado intimamente ao cinema silencioso, o personagem, em toda a sua existência, não falou; ou melhor, na única vez em que o fez, em Tempos Modernos, foi de uma forma diferente do habitual, sem linguagem comunicativa tradicional. Quando aderiu totalmente ao cinema sonoro, em 1940, com O Grande Ditador, Chaplin abandonou Carlitos, passando a adotar personagens diferentes para cada obra realizada a seguir (FACINI, 2020). 34 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL FIGURA 33 – PERSONAGEM CARLITOS (CHARLES CHAPLIN) FONTE: <https://bit.ly/3AcsjAi>. Acesso em: 19 set. 2021. Chaplin deixou um legado de grandes filmes para a história, além do seu personagem ser um dos mais copiados até hoje na comédia. Seu jeito de atuar, utilizando-se da pantomima (representação exclusivamente através de gestos) é reconhecido e imitado por comediantes atuais. Para conhecer um pouco mais de seu trabalho: • Os clássicos vadios (1921). • Tempos Modernos (1936). • O Grande Ditador (1940). • Luzes da Ribalta (1952). FIGURA 34 – O GRANDE DITADOR (CHARLES CHAPLIN, 1940) FONTE: <https://cinemascope.com.br/especiais/o-grande-ditador/>. Acesso em: 19 set. 2021 TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 35 Outro grande nome do cinema e da comédia é Buster Keaton. O americano foi um ator, comediante, diretor, produtor, roteirista e, ainda, dublê. O humor de Buster Keaton se fazia através das gags (corridas, quedas, fugas). Com uma expressão corporal icônica, uma de suas inovações é o fato de que criar um personagem impassível, mantendo sempre as mesmas feições diante dos fatos ocorridos, sendo até mesmo apelidado pela imprensa na época como “o homem que nunca ri”. FIGURA 35 – BUSTER KEATON ATUANDO COM FEIÇÃO IMPASSÍVEL, SUA MARCA REGISTRADA FONTE: <https://glo.bo/3l7SrYT>. Acesso em: 19 set. 2021. Keaton estrelou seu primeiro filme, Com culpa no cartório (1917), contra- cenando com Fatty Arbuckle. Sua persona cinematográfica já estava estabelecida, incluindo um chapéu de copa baixa característico. Seu primeiro papel principal foi em O pesado (1920). Joseph M. Schenck achou o astro tão promissor que lhe deu uma produtora própria, a Buster Keaton Comedies (KEMP, 2011). FIGURA 36 – CENA DO FILME A GENERAL (1926) FONTE: <https://bit.ly/3a38pNB>. Acesso em: 19 set. 2021. 36 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL Não só na atuação de comédia, mas os efeitos especiais presentes nos filmes de Keaton são notórios para a época e deixaram sua marca na história cinematográfica. Para conhecer melhor a obra do ator e diretor: • O pesado (1920). • As três eras (1923). • The Playhouse (1921). • One Week (1920). Assista ao vídeo “Buster Keaton: O Mestre do Cinema Mudo”, do canal do YouTube Arthur Steagall Condé no link: https://www.youtube.com/watch?v=pQ2-Y2dpaHM, e saiba como funciona o processo de revelação de um filme analógico. DICAS 3 O CINEMA AMERICANO A Primeira Guerra Mundial trouxe consigo desestabilização social e econômica para a Europa e ascendeu os Estados Unidos à liderança do mercado internacional cinematográfico. Foi durante a Primeira Guerra que o formato longa-metragem se estabilizou, e as produções europeias não diminuíram nos anos de guerra, mas o crescimento do cinema americano foi desproporcional. Os Estados Unidos, que finalizaram 12 longas em 1913 — portanto, antes do início da guerra —, produziram um número 70 vezes maior em 1918 (841 longas), o último ano do conflito. A média norte-americana de longas produzidos entre 1914 e 1918 foi de um filme e meio a cada dia, sem contabilizar os curtas (SABADIN, 2018). Outros pontos foram primordiais para essa virada americana no eixo de produção cinematográfica: a decadência de importantes empresas de cinema francesas e o crescimento populacional e industrial americano, além das altas taxas de imigração. Não por acaso, nessa mesma época, solidificaram-se os grandes magnatas do cinema norte-americano, uma casta formada por poucos homens de origem humilde desembarcados na América no início do século XX, que tentaram a sorte construindo pequenas “poeiras” nas inchadas metrópoles de Nova York e Chicago. Homens que, em poucos anos, enriqueceram construindo impérios do entretenimento e forjando um nome que se tornaria mítico em todo o planeta: Hollywood (SABADIN, 2018). https://www.youtube.com/watch?v=pQ2-Y2dpaHM TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 37 3.1 HOLLYWOOD FIGURA 37 – LETREIRO HOLLYWOOD FONTE: <https://bit.ly/3iymRSy>. Acesso em: 19 set. 2021. Inicialmente, os estúdios de cinema americanos ficavam em Nova York e na costa leste, mas na segunda metade nos anos 1910, começou a se expandir para a costa oeste americana. Isso ocorreu principalmente pelo fator climático.Não raro, as filmagens na costa leste precisavam ser interrompidas por nevascas e chuvas, dificultando cumprir os prazos e demandas. Pensando em uma maior produtividade da indústria, a Califórnia se mostrou uma opção muito atrativa pelo clima mais ameno (calor praticamente o ano todo), diversidade de cenários naturais para filmagens como desertos, rios, montanhas, vales, tudo isso em poucos quilômetros de distância um do outro, ampliando e muito as possibilidades criativas para os donos dos estúdios. As empresas mantiveram escritórios em Nova York, mas transferiram seus estúdios para Los Angeles, na época já era um centro urbano bem desenvolvido. O local escolhido foi o sopé das montanhas de Santa Mônica, subúrbio de terrenos baratos chamados Hollywood. Já nos anos 1920, o nome Hollywood se confundia com o próprio conceito de cinema e abrigava a maior concentração de atores, atrizes, produtores e cineastas no mundo. Na tentativa de proporcionar a atividade cinematográfica a ares menos mundanos e mais nobres, em 1927, produtores da área fundaram, em Los Angeles, a Academy of Motion Picture Arts and Sciences (Academia de Artes e Ciências Cinematográficas), nome pomposo que visava conter os ânimos moralistas e elevar o cinema a algum suposto nível acadêmico, artístico e científico. A mesma academia passou a conferir, a partir de 1929, uma premiação anual que entrou para a história com o nome de Oscar. Era necessário conferir alguma dignidade ao tão combatido cinema (SABADIN, 2018). 38 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL Hollywood virou sinônimo de luxo, glamour, mas também de desilusões de muitas pessoas que se arriscavam em busca do sonho do estrelado ou de produzir o próprio filme. Contudo, não podemos negar a importância para a indústria cinematográfica americana e mundial, se tornando a maior referência e produtora de filmes no mundo todo. FIGURA 38 – CLÁSSICA CENA DO FILME “E O VENTO LEVOU...” FONTE: <https://bit.ly/3l86fmb>. Acesso em: 19 set. 2021. 3.1.1 Indústria cultural do cinema de Hollywood O termo indústria cultural foi cunhado por Theodor Adorno e Max Horkheimer (1947), na Dialética do Iluminismo. Ambos, formadores da Escola de Frankfurt, junto a Erich Fromm e Herbert Marcuse (HOLANDA, 2013). A indústria cultural se tornou, ao longo dos anos, o pilar da comunicação, estudos de cultura e mídia. Resumindo, é a cultura feita para a massa, não são sempre iguais, mas não são necessariamente inovadores. Para exemplificar melhor o que é uma indústria cultural, podemos pegar como referência os filmes de comédia romântica produzidos em grande escala no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Atualmente, filmes de comédia romântica já não têm o espaço em salas de cinema como em seus tempos áureos, visto que com o desenvolvimento do cinema 3D e efeitos especiais, filmes de ação e super-heróis ganharam muito mais espaço. O fato é que Hollywood tem uma influência enorme e consolidada sobre a indústria cinematográfica que perdura até os dias de hoje, mais de cem anos após sua fundação e anos de ouro. Embora a tecnologia consiga ampliar as possibilidades de como produzimos audiovisual, ainda terá uma influência, seja no roteiro, no modo de produção, na idealização dos efeitos especiais ou apenas como utilizando de referência as suas grandes obras. TÓPICO 2 — DO ESTÁTICO AO MOVIMENTO 39 FIGURA 39 – CENA DE PSICOSE (HITCHCOCK, 1961) FONTE: <https://glo.bo/3l64WUT>. Acesso em: 19 set. 2021. Acadêmico, na Unidade 3 do livro didático, aprofundaremos as metalinguagens no audiovisual da era digital e voltaremos a falar sobre a referência da forma hollywoodiana de fazer filmes. ESTUDOS FU TUROS 40 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os experimentos para captar movimentos da natureza e cotidiano, assim como aconteceu com a fotografia, perdurou por muitos séculos. Passamos por experimentos de performances teatrais utilizando sombras e velas. • Bem antes de dispositivos para captação e projeção de imagens, alguns cientistas inventaram aparatos que simulavam desenhos em movimentos, utilizando discos ou cilindros e rotação para dar a ilusão de uma animação. • Conheceu um pouco da linha do tempo até a origem do cinema como conhecemos hoje, e da contribuição dos franceses, os Irmãos Lumière que aprimoraram o Kinetoscope, deixando mais leve e mais fácil de manusear, podendo além de captar as imagens em movimento, reproduzir coletivamente. • Georges Méliès, francês que foi pioneiro na forma de fazer cinema, utilizou luz artificial e “efeitos especiais”, produzindo mais de 500 filmes ao longo de sua carreira, com destaque para o épico Le Voyage dans la Lune, de 1902. • Também foi abordada quais as circunstâncias que levaram os Estados Unidos a se consolidar no cinema mundial. Falamos sobre a origem de Hollywood, bairro no subúrbio da Califórnia, onde os donos de estúdios encontraram o clima perfeito e diversidade na paisagem natural, ampliando e muito os cenários para as filmagens. • O que é a indústria cultural e porque Hollywood e sua forma de fazer cinema influencia o audiovisual até os dias de hoje. 41 1 Os Irmãos Lumière são considerados os patronos do cinema, mas como aprendemos na unidade, essa informação não é exatamente correta porque: a) ( ) Eles apenas aprimoraram o Kinetoscope de Thomas Edison, chegando em um aparato mais leve, fácil de manusear e que projetava para o coletivo. b) ( ) Porque antes dos Irmãos Lumière, os alemães Max e Emil Skladanowsky já haviam criado um dispositivo mais completo. c) ( ) Thomas Edison é o pai do cinema porque inventou o Kinetoscope. d) ( ) George Eastman aperfeiçoou a câmera fotográfica até chegar em um aparato que filmasse movimentos. 2 Georges Mèliés é um dos pioneiros no cinema e inovou em seus filmes: I- Trouxe técnicas circenses e do ilusionismo para seus filmes, aprimorando as filmagens e criando os primeiros efeitos especiais no cinema. II- Seu filme mais conhecido é Viagem à Lua e mistura livros do Júlio Verne e H. G. Wells em sua narrativa. III- Tem mais de 500 filmes em seu currículo, tendo inovado apostando em luz artificial para as gravações. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) Todas as sentenças estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Por que Hollywood e o cinema americano se tornou o mais influente do mundo: ( ) Após a Primeira Guerra Mundial, Estados Unidos cresceu econômica e demograficamente, investindo em produções de longas-metragens. ( ) O mercado cinematográfico europeu estava defasado após a guerra e, por consenso, decidiram apostar em cinema como arte, não como indústria. ( ) Os estúdios apostaram na costa oeste americana pelo clima ameno e cenários diversos, possibilitando, assim, mais filmes e menos gastos com produções. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. AUTOATIVIDADE 42 4 O que é Indústria Cultural para você? 5 Por que Hollywood influencia o audiovisual até hoje? 43 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 DO ANALÓGICO AO DIGITAL 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, chegamos ao último tópico desta unidade. Agora que você aprendeu a origem da fotografia, um pouco da história do cinema, chegou a hora de falarmos sobre a transformação do analógico para o digital. Primeiro, precisamos falar sobre a popularização da fotografia, principalmente como registro familiar, como artefato da memória. Câmeras pequenas, com filmes com limitação de poses, onde primeiro tirava-se a foto, depois fazia torcida para que ela saísse bonita na hora da revelação. Ainda noanalógico, mas revolucionário, temos a criação dos vídeos. Filmadoras portáteis que modificaram a forma de se fazer audiovisual, seja no cinema ou na televisão. A partir de então, cria-se a intertextualidade, em que uma mídia sempre está flertando com a outra, ponto que se aprofunda ainda mais na era digital. 2 A FOTOGRAFIA COMO MEMÓRIA É um fato praticamente unânime que a fotografia é uma fonte histórica. Com ela, temos registros através do tempo, desde figuras importantes que marcaram épocas, como acontecimentos que marcaram histórias. Indo mais além, a fotografia é uma fonte histórica afetiva, registrando reuniões familiares, nascimentos de bebês, evoluções das crianças, e servindo como lembrança quando um ente se vai. Não importa a finalidade, a fotografia foi feita para registrar/documentar. Desde então, o mercado fotográfico tem experimentado uma crescente evo- lução tecnológica, como o estabelecimento do filme colorido como padrão e o foco automático. Essas inovações indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução ou a rapidez do processamento, mas muito pouco foi alterado nos princípios básicos da fotografia (FALCÃO, 2019). 44 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL FIGURA 40 – REGISTRO INSTANTÂNEO FAMILIAR (UTILIZADA KODAK INSTAMATIC) FONTE: Mauad (1996, p. 5) 2.1 DEMOCRATIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA A fotografia é um dos meios de comunicação visual que alcança boa parcela da sociedade e que possui uma grande credibilidade junto à mesma, devido ao seu contexto histórico social. Em decorrência do forte desenvolvimento tecnológico alcançado pelas indústrias, a máquina fotográfica tornou-se um bem de consumo de relativa acessibilidade à população. Com custos reduzidos e com uma forma cada vez mais compacta, a câmera fotográfica é um objeto presente no cotidiano da sociedade, tendo deixado, há tempos, de ser item exclusivo de profissionais da área (KAWAKAMI, 2012). FIGURA 41 – OLYMPUS TRIP 31 FONTE: <https://bit.ly/2YeI2lk>. Acesso em: 19 set. 2021. TÓPICO 3 — DO ANALÓGICO AO DIGITAL 45 Fotografia é uma manifestação imagética, possui uma construção da men- sagem do fotógrafo e que pode ser lida por quem vê. Com o aperfeiçoamento de todo o aparato técnico, surgimento de câmeras profissionais, as linguagens fotográficas, abordadas no Tópico 1, foram se apri- morando cada vez mais. Mas a partir do momento em que há uma democratiza- ção e popularização, perde-se um pouco do valor artístico. FIGURA 42 – FOTOGRAFIA COMO ARTE DEMOCRATIZADA (LEON SEIBERT) FONTE: <https://unsplash.com/photos/kgYWXMSkSaw>. Acesso em: 19 set. 2021. É algo comum na produção contemporânea de imagens, a grande geração de figuras que acabam perdendo o valor. Ainda assim, esse tipo de produção se tornou muito necessária na sociedade imagética de hoje, que apesar de não dar o devido valor à imagem, sente a necessidade visual de tê-la em seus textos, em suas vidas, até mesmo para ilustrar seu cotidiano nas redes (BARAÚNA; VIANA; HIRTE, 2013). Assista ao vídeo “FOTOGRAFIA – Laboratório Analógico” do canal do YouTube Débora Rocha no link: https://www.youtube.com/watch?v=pt_oNSrTivw, e saiba como funciona o processo de revelação de um filme analógico. DICAS 2.1.1 Fotografia Digital Hoje, todos têm acesso à câmera, seja modelo digital ou no celular. A maioria dos celulares modernos, inclusive, possuem mais de uma câmera acoplada, elevando assim a qualidade da imagem. Mas devemos lembrar de que a transição do analógico para o digital não foi tão simples e rápido. https://www.youtube.com/watch?v=pt_oNSrTivw 46 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL A primeira câmera digital, ou pelo menos um protótipo, foi criado em 1975 pelo engenheiro da Kodak, chamado Steve Sasson. Foi criada utilizando um sensor Sairchild CCD e uma objetiva de câmeras de filmar da Kodak. FIGURA 43 – PRIMEIRO PROTÓTIPO DE UMA CÂMERA DIGITAL (STEVE SASSON) FONTE: Falcão (2019, p. 10) As câmeras analógicas originaram as digitais, mas ambas cumprem a mesma função, visto que registram cenas utilizando a energia da luz para provocar uma mudança em um material sensível, seja um fotossensor ou um filme, sendo amplificada por meio eletrônico ou químico. A técnica desses meios é a mesma, quando se trata de abertura de diafragma, velocidade e ISO (BARAÚNA; VIANA; HIRTE, 2013). As maiores diferenças entre câmeras analógicas e digitais estão na possibilidade de armazenamento das imagens e revelação. Enquanto câmeras analógicas precisam dos rolos dos filmes, inventados por George Eastman, geralmente com um número limitado de imagens, e passavam por um processo de revelação em papel, com toda uma técnica de câmera escura, negativo e positivo, as digitais ampliam possibilidades. O armazenamento em cartão de memória permite um número relevante maior de imagens, enquanto o processo de revelação é opcional, já que podemos visualizar as imagens direto no visor na câmera, no computador, ou outros dispositivos eletrônicos. TÓPICO 3 — DO ANALÓGICO AO DIGITAL 47 FIGURA 44 – PRIMEIRA CÂMERA A UTILIZAR CARTÃO DE MEMÓRIA FONTE: Falcão (2019, p. 11) Acadêmico, na Unidade 2 do livro didático, vamos estudar as mudanças que a fotografia trouxe em termos de intertextualidade entre as mídias e quais impactos para a profissão fotógrafo. ESTUDOS FU TUROS Acadêmico, como abordado no Tópico 2, aprendemos um pouco sobre a história do cinema e como a câmera de captação de movimento, considerada como magia em um primeiro momento, causou impacto tão grande para o entretenimento, que surgiu uma indústria cinematográfica, com destaque para Hollywood, ditando tendências, influenciando a cultura. O cinema, até então, estava na mão de grandes empresários, donos de estúdios, com dinheiro para contratar diretores, roteiristas, produtores e um elenco, filmando uma obra audiovisual que seria veiculada apenas em salas de cinema. No entanto, o surgimento do vídeo, ou melhor, câmeras de vídeos portáteis, de fácil aquisição, tirava o poder de fazer cinema das mãos dos magnatas. Com esse novo aparato, era possível registrar desde filmes caseiros de festas de aniversário a documentários feitos por entusiastas da arte do cinema, mas que não estava inserido na indústria. Possibilitou, ainda, que a exibição dos filmes e vídeos não ficasse mais limitada à sala de cinema, mas à sala de casa, pois outro eletrônico que adentrou o mercado foi o videocassete. 3 O VÍDEO E A REVOLUÇÃO NO AUDIOVISUAL 48 UNIDADE 1 — A ORIGEM DA FOTOGRAFIA E DO AUDIOVISUAL FIGURA 45 – PROPAGANDA AMERICANA DE BETAMAX, UM DOS PRIMEIROS MODELOS DE VIDEOCASSETE FONTE: <https://bit.ly/3Bc0LMH>. Acesso em: 19 set. 2021. 3.1 CÂMERAS E VIDEOTAPE Acadêmico, é importante dizer que pulamos um dos maiores marcos para o audiovisual: a televisão, mas adentraremos com mais aprofundamento na Unidade 2 sobre “transmídia” e a televisão será indispensável para que consigamos compreender os próximos capítulos. Esclarecido este ponto, falaremos sobre as câmeras portáteis e o videotape, ou videocassete, que democratizaram e viabilizaram uma nova forma de fazer cinema e audiovisual, dando o pontapé inicial para criação de novos formatos, novos movimentos. Na televisão, que era feita toda ao vivo, passou a ter uma maior flexibilidade com as câmeras portáteis para gravação de matérias com antecedência, produção e edição. Enquanto o videotape era o aliado para que essas matérias fossem ao ar. Na vida das pessoas, o papel da câmera e do videocassete era diferente. Era possível agora registrar os primeiros passos do filho, as festas de aniversário e outros acontecimentos familiares. Enquanto o videocassete possibilitava, além da exibição das filmagens caseiras, alugar
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