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• A sarcopenia é a doença muscular, enquanto a fragilidade é uma síndrome geriátrica que pode ter um fenótipo físico ou multidimensional (incluindo as partes cognitiva e social). Sabe-se que a maioria dos pacientes com fragilidade também tem sarcopenia • A fragilidade é uma situação que se caracteriza pela perda da reserva funcional maior que o normal para a idade - isso deixa o idoso mais vulnerável a eventos estressores (ex: infecção, queda, cirurgia, medicamentos e perda do cônjuge), os quais podem resultar em declínio funcional e incapacidade. Nesse sentido, sabe-se que a perda de reserva pode ser acelerada por doenças crônicas (ex: diabetes, DPOC, câncer e ICC), por fatores genéticos e pelo estilo de vida (ex: tabagismo, etilismo, pouca ativida- de física, pouca atividade mental, baixa atividade social e fatores nutricionais) - essas três situações provocam um estresse oxidativo e encurtamento de telômeros, o que leva à morte celular precoce • Em relação à funcionalidade, o indivíduo idoso pode ser dependente ou independente, sendo que o independente pode ser saudável ou frágil - o idoso saudável possui uma maior reserva funcional e, portanto, está mais distante da curva de dependência. Ao entrar em contato com um evento estressor (ex: covid-19), os idosos saudáveis têm um declínio da reserva e rápida recuperação com o tratamento, voltando ao seu estado normal; por outro lado, os idosos frágeis e independentes apresentam um declínio mais severo e se recuperam mais lentamente, sem conseguir retornar ao seu estado anterior - com isso, deixa de ser independente e passa a ser dependente. Ou seja, o idoso independente saudável sempre se mantém acima do nível de independência • Começando pela desnutrição crônica, esta faz com que exista um balanço energético negativo, o que leva à perda de peso, e um balanço nitrogenado negativo, o que leva à sarcopenia; além disso, o próprio envelhecimento e outras doenças associadas também contribuem para a sarcopenia. Com isso, ocorre perda de força e potência e diminuição da taxa metabólica em repouso. Como Fragilidade DEFINIÇÃO DE FRAGILIDADE VULNERABILIDADE CICLO DE FRAGILIDADE consequências, ocorre diminuição da velocidade de marcha e diminuição da taxa de atividade física, o que leva à dependência • O fenótipo clínico da fragilidade leva em consideração 5 parâmetros clínicos, que são: perda involuntária de peso, exaustão/ fadiga (avaliada através de um questionário), fraqueza muscular (avaliada através do dinamômetro), redução da velocidade da marcha (através do cálculo de quantos metros o paciente caminha em determinado tempo) e redução da atividade física (avaliada através de um questionário) • O diagnóstico da fragilidade é dado pela presença de 3 ou mais critérios, enquanto a pré- fragilidade é considerada na presença de 1 ou 2 critérios. Além disso, como os parâmetros clínicos são complicados de serem medidos em grande parte dos ambientes da saúde, foram criados dois instrumentos para que se faça esse rastreamento, que são o FRAIL e PRISMA-7 • O tratamento da fragilidade compreende a redução da polifarmácia, programa de exercício físico diversificado, adequação nutricional calórica e proteica e suplementação de vitamina D e cálcio. Sobre o programa de exercício físico diversificado, este compreende a associação de duas das seguintes atividades: exercício resistido (ex: musculação), exercício aeróbico, exercício de equilíbrio e exercicío de flexibilidade; esses exercícios devem ser praticados durante 30 a 60 minutos e 2-3x por semana DIAGNÓSTICO ABORDAGEM TERAPÊUTICA • A sarcopenia está relacionada principalmente com a perda da fibra muscular IIB, que tem contração rápida, capacidade oxidativa baixa e propriedade de potência muscular (força e velocidade). Sabe- se que essa doença tem relação com outras fases da vida - por exemplo, indivíduos com baixo peso ao nascer têm maior diminuição da força muscular ao envelhecer; além disso, de acordo com os hábitos de vida (ex: alimentação e exercícios físicos), o indivíduo pode ter uma maior ou menor reserva funcional, o que está diretamente relacionado com a massa e força muscular • Diminuição de GH, IGF-1, DHEA, testosterona, estrógeno e vitamina D e aumento de PTH (relacionado à perda involuntária de peso) devido à desregulação hormonal; • Aumento de TNF-α e IL-6, que são fatores inflamatórios • Perda de neurônios motores α, os quais coordenam o pulso nervoso da contração muscular (menor efetividade de contração), diminuição das fibras musculares tipo II e diminuição das células satélites (célula muscular com capacidade de se transformar em qualquer célula sob estímulo) • Fatores genéticos como disfunção mitocondrial, genes da via miostatina (catabolismo celular aumentado) e apoptose • Imobilidade e menor atividade física associado à anorexia do envelhecimento e redução da ingesta proteica 1. Encontrar casos: para isso é utilizada a escala SARC-F* ou a suspeita clínica. Após aplicar questionário SARC-F, se o resultado for negativo ou se não houver suspeita clínica, não é considerada sarcopenia. Por outro lado, se a escala for positiva ou houver suspeita clínica, é necessário proceder para a avaliação da força muscular 2. Avaliação da força muscular: a força muscular é avaliada por meio da Força de Preensão Palmar ou pelo Teste do Sentar e Levantar da Cadeira. Se a força muscular for normal, não é considerada sarcopenia (vale mais). Contudo, se a força for baixa, provavelmente é um caso de sarcopenia; porém, deve-se procurar por outros motivos que possam estar levando à redução da força muscular, como é o caso da depressão, AVC e doença vascular periférica. Na prática clínica, apenas essa etapa é suficiente para avaliar as causas de sarcopenia e iniciar uma intervenção ↳ OBS: o teste de Força de Preensão Palmar determina a força que o paciente faz através do dinamômetro - o cut-off para se considerar baixa força é de menos de 16 kg para mulheres e menos de 27 kg para homens. Já o teste do Sentar e Levantar da Cadeira considera baixa força o tempo maior que 15 segundos para a realização de5 movimentos ETIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO DE SARCOPENIA Sarcopenia 3. Confirmação: baseia-se na avaliação da quantidade ou da qualidade muscular. O diagnóstico é feito por meio de exames como densitometria óssea (DXA), bioimpedância (BIA), tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM). Se os resultados forem normais, provavelmente a baixa de força muscular é decorrente de outras causas, enquanto que, se houver um baixo desempenho físico, entende-se que o quadro é de sarcopenia 4. Severidade: é verificada através de avaliações do desempenho físico, como a velocidade da marcha, SPPB, TUG e caminhada de 400m. Considera-se sarcopenia grave quando o desempenho é baixo, o que necessita de intervenção imediata ↳ OBS: no teste de velocidade da marcha deve-se pedir ao paciente que ande 10 metros, mas são considerados apenas os 6 metros do meio, que é o período em que a marcha está mais constante (sem aceleração ou desaceleração) - considera-se sarcopenia grave se a velocidade for menor ou igual a 0,8m/s. Já o Short Physical Performance Battery (SPPB) avalia o equilíbrio, a velocidade e a força do paciente, podendo atingir no máximo 4 pontos em cada dimensão - considera-se sarcopenia grave a pontua- ção menor ou igual a 8 pontos. O teste do levantar e andar cronometrado (TUG) sugere sarcopenia grave quando o tempo é maior ou igual a 20 segundos. Por fim, a caminhada de 400m indica sarcopenia grave quando o tempo é maior ou igual a 6 minutos Diagnóstico SARC-F: • Considera-se sarcopenia quando o paciente faz 6 ou mais pontos. Porém, a partir de 4 pontos considera-se dinapenia, que significa apenas diminuição da força(quadro de sarcopenia provável) • O tratamento é feito através de um programa de exercício físico resistido, adequação nutricional calórica e proteica e suplementação de cálcio e vitamina D. Sobre eles: o Exercício físico resistido: deve ser realizado numa intensidade menor pelos indivíduos sarcopênicos, uma vez que estes são mais suscetíveis à lesão muscular. O programa de treino recomendado está representado pela foto ao lado; o Recomendações nutricionais: a quantidade de proteínas ingerida deve ser de 1,1 a 1,5 g/kg/dia, sendo que o recomendado é 25 a 30g de proteína por refeição; sabe-se que a perda de massa muscular do grupo que consome proteínas adequadamente é 43% menor - porém, como essa perda ainda existe, a associação com exercícios físicos é fundamental. Além disso, o ideal é que a ingestão proteica seja distribuída igualitariamente em 3 picos durante o dia; o Cálcio e vitamina D: deve-se sempre tentar consumir o cálcio através de fontes naturais (ex: leite e derivados); não é feita a dosagem de cálcio, mas em pacientes com deficiência é necessário dosar o hormônio PTH - isso porque níveis altos de PTH favorecem a perda de massa óssea e muscular, o que predispõe o indivíduo a doenças como osteoporose e osteopenia. Já a vitamina D (25-hidroxi vitamina D = forma hepática) deve ser avaliada laboratorialmente e seus níveis podem indicar: deficiência quando estiver abaixo de 20 ng/mL, insuficiência quando estiver entre 21 e 29 ng/mL, desejável quando estiver maior ou igual a 30 ng/mL, ótimo quando estiver entre 40 e 60 ng/mL, e intoxicação quando estiver acima de 150 ng/mL. ↳ A estratégia para o alcance dos níveis de vitamina D acima de 30 ng/mL compreende uma dose de ataque (50.000 UI 1x por semana) e dose de manutenção (manter com 1.500-2.000 UI/dia). ➞ OBS: atualmente não existe nenhum fármaco aprovado para sarcopenia ou fragilidade, de modo que não existe um tratamento farmacológico para essas condições. ABORDAGEM TERAPÊUTICA
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