Buscar

Introdução a Agricultura 02

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/36
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO À AGRICULTURA
AULA 2
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Maria de Fatima Marques Medeiros Corradini
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/36
CONVERSA INICIAL
Os vários assuntos que vamos trabalhar estão ligados às pesquisas e ao desenvolvimento do setor
agropecuário.
Inicialmente, vamos estudar que a agricultura hoje segue uma linha de conhecimento científico e
tecnológico para o seu desenvolvimento. Na sequência, veremos como a pesquisa e o desenvolvimento
da área rural têm evoluído para atender a demanda do setor, com destaque para o melhoramento
genético, que é uma realidade importante na área da agricultura e da pecuária.
Vamos estudar, ainda, a propagação vegetativa e os métodos de ganhos genéticos para uma
melhor produção e produtividade. Por fim, vamos debater a agricultura 4.0, buscando entender a sua
importância no meio rural.
Bons estudos!
TEMA 1 – CONHECIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DA
AGRICULTURA
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/36
Créditos: elenabsl/Shutterstock.
Para iniciar esta etapa, é necessário revisar as revoluções agrícolas. Já aprendemos, em conteúdo
anterior, que historicamente podemos definir cinco revoluções. A primeira revolução agrícola ocorreu
no período neolítico, quando o homem desenvolveu a agricultura e a domesticação dos animais. Entre
a primeira e segunda revolução, várias técnicas e tecnologias foram criadas para o desenvolvimento da
agricultura e da pecuária, a exemplo da revolução do regadio (uso de canais de irrigação) e do arado,
além do uso de tração animal, rotação de culturas, entre outros avanços.
A segunda revolução ocorreu nos séculos XVIII e XIX, com o emprego dos mesmos métodos, mas
com importante evoluções na área de sementes, novos cultivares e investimentos em pesquisas para a
área de solo e fertilizantes, descobertas que ajudaram a alavancar a produção de alimentos.
Com a terceira revolução, a chamada Revolução Verde, de acordo com Ehlers (1994), as inovações
tecnológicas aplicadas nos setores da genética, da mecanização e do uso de fertilizantes químicos e
agroquímicos são direcionadas à agricultura.
Esse movimento teve o seu auge nas décadas de 1960 a 1970, quando muitos governos e
instituições de pesquisas se lançaram nessa empreitada com o objetivo de erradicar a fome no mundo.
Para isso, era preciso que a agricultura tradicional desse lugar à agricultura moderna.
Porém, esse movimento, com o passar do tempo, mostrou que o uso de áreas agrícolas com
práticas monocultoras, com excesso de fertilizantes e agroquímicos, deu mostras de que o meio
ambiente estava sofrendo importantes consequências, por exemplo (Ehlers, 1994, p. 24): “a erosão e a
perda da fertilidade dos solos; destruição florestal; a dilapidação do patrimônio genético e da
biodiversidade; a contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem, do campo e dos
alimentos”.
A partir daí, a agricultura passa por mudanças. Nessa linha, surge a quarta revolução, também
conhecida como Agricultura 4.0, que busca garantir segurança alimentar através de tecnologias
conectadas com a conservação ambiental, segundo Lamas (2017). Essas transformações culminaram no
desenvolvimento de tecnologias que foram incorporadas ao modo de produção, buscando aumentar a
produtividade, porém com redução de custos, alimento de qualidade e preocupação com a
sustentabilidade.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/36
Por fim, a quinta revolução estava preocupada com as questões ambientais, e para isso buscava
trabalhar com políticas públicas e tecnologias capazes de gerar produtividade, sempre com consciência
social e ambiental.
Apesar de o setor agropecuário buscar a produtividade com a utilização de técnicas e tecnologias
de ponta, é importante entender uma coisa: as tomadas de decisões passam a estar alinhadas com uma
produção mais limpa, preocupada com o meio ambiente, buscando obter alimentos mais saudáveis.
1.1  INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AGRICULTURA
Créditos: sutadimages/Shutterstock.
A inovação tecnológica na agricultura está voltada para um ambiente que proporcione múltiplas
informações, sempre incluindo os conhecimentos práticos dos agricultores, para garantir uma
adaptação adequada para cada realidade, de acordo com Hall (2007).
A inovação do setor agrícola no desenvolvimento de um cultivo vai além dos tratos culturais
normais, como plantio, manejo da cultura e colheita, pois conta ainda com a tecnologia em produção
de sementes, buscando maior produtividade na lavoura. No setor pecuário, também existem inovações,
como manejo de criação, manejo genético e tratos veterinários, com a finalidade de obter maior ganho
de produção.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/36
Para que todo o processo da cadeia produtiva seja eficiente, é preciso contar com uma gestão
voltada para um planejamento adequado, em todas as etapas, seja na área agrícola ou na pecuária,
buscando melhorias na logística para o escoamento da produção, sempre para atender o mercado
interno e o externo.
As novas tendências e inovações tecnológicas garantem que o desenvolvimento do setor
agropecuário seja dinâmico e eficiente. Por isso, ao investir em tecnologia, é preciso entender que todo
o setor se completa quando há um elo entre todas as partes da cadeia produtiva.
1.2 TECNOLOGIAS NO SETOR
Créditos: MONOPOLY919/Shutterstock.
No campo, a chegada das tecnologias auxilia o agricultor e/ou o pecuarista, em benefício da sua
produção, para atingir a produtividade e a rentabilidade. Dessa maneira, as dificuldades na área rural
podem ser minimizadas a partir de uma análise correta dos levantamentos obtidos com a tecnologia.
A tecnologia acaba auxiliando o produtor rural a ter mais segurança na produção, gerando
resultados satisfatórios e com retorno financeiro ao final dos processos produtivos, seja da agricultura
ou na pecuária.
O Brasil é um país que desponta no setor agropecuário, seja em grandes propriedades de
produção de commodities, seja na agricultura familiar, que é responsável por boa parte da produção de
alimentos que atende o mercado interno. Além disso, o país tem valorizado a agricultura orgânica e os
sistemas agrossilvipastoris.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/36
Para isso, as instituições públicas e privadas brasileiras, como é o caso da Embrapa, desenvolve
pesquisas para atender a realidade do país e ajudar o produtor rural – seja o grande produtor ou o
médio e pequeno produtor (agricultura familiar, quilombola) –, por meio do uso de tecnologias.
A agricultura e a pecuária usam diferentes tendências de tecnologias a seu favor, como a
integração do uso de sensores às máquinas, além de implementos (equipamentos autônomos), internet
das coisas (IoT), softwares para melhoria da produção, inteligência artificial, robótica e uso de drones,
que acabam revolucionando o andamento da produção, ajudando a evitar desperdícios de insumos e a
controlar o consumo da água e do meio ambiente, sempre de maneira sustentável.
O uso das tecnologias demanda mão de obra capacitada para entender e operar todos os
processos.
Enfim, o setor agropecuário brasileiro é um player de sucesso, pois usa as inovações e as
tecnologias a seu favor, buscando garantir o desenvolvimento dos mercados interno e externo.
TEMA 2 – AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL
Créditos: Andrii Yalanskyi/Shutterstock.
Para iniciar este tópico, vamos analisar a origem da palavra agricultura. O termo é derivado do
latim: ager (campo) e cultura (cultivo de plantas). Segundo o dicionário Michaelis (Agricultura, 2022),
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/36
significa a “arte de cultivar a terra e de plantas”; e “conjunto de práticas que visam prepararo solo para
a produção de vegetais e a criação de animais úteis e necessários ao homem”.
Você deve estar se perguntando por que é importante conhecer a origem e o significado das
palavras. Acontece que reconhecer a origem e a etimologia de uma palavra nos ajuda a ter uma
interpretação correta e um emprego adequado do termo, quando lemos um texto ou aplicamos o
termo em nosso dia a dia.
Na agricultura, desde o seu surgimento, há cerca de 10 mil anos, sempre houve um importante
desenvolvimento no meio rural, através da aplicação de técnicas e de estilos de cultivos, com o uso de
tecnologias e diferentes inovações.
O desenvolvimento rural é marcado por práticas agrícolas que foram sendo modificadas ao longo
da história. No início, as mudanças eram mais lentas; porém, com a evolução das pesquisas e das
tecnologias, o desenvolvimento rural foi se aprimorando e diversificando.
De acordo com Van Der Ploeg (2011, p. 130):
Os processos de desenvolvimento rural tanto remodelam as práticas de agricultura como são
resultado de práticas mutantes nesta área. Uma vez que essas mudanças serão parciais (só ocorrerão
em uma parte do setor agrícola), desiguais (algumas práticas de desenvolvimento rural serão mais
desenvolvidas do que outras) e diferenciadas (práticas de desenvolvimento rural estão longe de ser
uniformes; são, ao contrário, multidirecionais), o desenvolvimento rural certamente contribuirá para
ampliar a heterogeneidade do setor agrícola, assim como é, em si, um processo heterogêneo. Ou seja,
os estilos de agricultura vigentes serão afetados, tão logo surjam novos estilos de agricultura
(enquanto outros poderão desaparecer).
Van Der Ploeg (2011, p. 130) descreve o estilo de agricultura como “um modo específico e
internamente coerente de agricultura. É uma forma distinta e válida de produção agrícola
compartilhada por um grande grupo de agricultores”.
Ainda de acordo com Van Der Ploeg (2011, p. 131), o estilo de agricultura:
consiste em um certo padrão de vinculação entre terra, trabalho, gado, máquinas, redes,
conhecimento, expectativas e atividades, feito de forma informada e coerente, orientada a objetivos. É
um modo particular de combinar, utilizar e desenvolver os recursos agrícolas, tanto sociais como
materiais. Em outras palavras, um estilo de agricultura é um modo particular de padronizar (no nível
micro) os mundos social e material, de forma coerente e autossustentável.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/36
Todos os processos de desenvolvimento rural podem alterar a realidade das propriedades
agrícolas, independentemente de sua localização.
Enfim, o que marca as mudanças na agricultura desse século, e que automaticamente implica um
grande desafio no desenvolvimento rural, é que a exploração das terras agrícolas deve ser compatível
com a conservação da natureza. Para isso, são necessárias inovações e tecnologias que levem em
consideração atitudes e regras ambientais – isto é, um novo paradigma para o desenvolvimento rural,
buscando mais produtividade, com qualidade atestada dos produtos agrícolas e um melhor
rendimento para o produtor rural, sem prejudicar o meio ambiente.
 2.1 DESENVOLVIMENTO RURAL BRASILEIRO
Antes de falar sobre o desenvolvimento rural brasileiro, é preciso entender que, a partir do pós-
guerra, o mundo se tornou bipolar. De um lado, o bloco capitalista, e do outro o bloco socialista,
dinâmica que deu início ao período conhecido como Guerra Fria.
Navarro (2001, p. 83) descreve que o mundo, nessa época, era:
instigado pela polarização da Guerra Fria e seus opostos modelos de sociedade e, particularmente,
sob o impacto do notável crescimento econômico da época, que materializou um padrão civilizatório
dominante, revolucionando o modo de vida e os comportamentos sociais, a possibilidade do
desenvolvimento alimentou esperanças e estimulou iniciativas diversas em todas as sociedades. Seria
assim apenas inevitável que o desenvolvimento rural, como subtema imediatamente derivado, fosse
igualmente um dos grandes motores das políticas governamentais e dos interesses sociais [...]. Na
época, muitas das sociedades atualmente avançadas ainda mantinham parcelas significativas de sua
população envolvidas em atividades agrícolas e/ou habitando áreas rurais (embora gradativamente
menores); nos demais países, tais parcelas alcançavam muitas vezes proporções elevadas. Da mesma
forma, era ainda significativo o peso econômico da agricultura nas contas nacionais.
As tecnologias utilizadas no período da guerra foram direcionadas para o uso na agricultura, como
já estudamos, que acarretou uma nova compreensão de agricultura, no período conhecido como
Revolução Verde.
O padrão da agricultura desse período transformou as atividades agrícola e pecuárias, que eram
dependentes de tecnologias e inovações dos grandes centros de pesquisas, em países que dominavam
as áreas de insumos e maquinários.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/36
É como Navarro (2001, p. 84) descreve: “A noção de desenvolvimento rural, naqueles anos,
certamente foi moldada pelo ‘espírito da época’, com o ímpeto modernizante (e seus significados e
trajetórias) orientando também as ações realizadas em nome do desenvolvimento rural”.
E no Brasil desse período, qual era a direção da economia? Na Era Vargas (1930-1945), o país
atravessou uma forte recessão, por conta de acontecimentos nos Estados Unidos, em especial a Quebra
da Bolsa de Valores de New York (1929). O café, o nosso principal produto de exportação, perdeu
mercado, o que provocou a falência de vários produtores rurais. Era preciso uma mudança de
paradigma na área agrícola, buscando diversificar a produção, para que o país deixasse de ser
dependente de um único produto – isto é, era importante deixar de ser somente um país
agroexportador, era preciso modernizar, com a implantação de indústrias pesadas (transformação da
matéria-prima e fabricação de bens). Por exemplo: Companhia Siderúrgica Nacional (1941), Fábrica
Nacional de Motores (1942) e Companhia do Vale do Rio Doce (1942).
No governo de Dutra (1946-1950), o Brasil se alinhou ao bloco capitalista, inclusive tomando uma
série de atitudes, como rompimento com a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas),
fechamento do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e intervenção nos sindicatos de trabalhadores. No
campo econômico, foi criado o Plano Salte, que determinava que o governo deveria investir em áreas
essenciais (saúde, alimentação, transporte e energia).
Getúlio Vargas (1951-1954) ainda voltou ao governo e expandiu o desenvolvimento econômico na
exploração de recursos (petróleo e energia). Em 1953, surge a Petrobras, com o slogan “O petróleo é
nosso”. A industrialização continuou a ser implantada e diversificada com os novos governos, desde
Juscelino Kubitschek até os dias de hoje.
E a agricultura, como aconteceu o andamento do seu processo evolutivo desde o pós-guerra? Com
o fim da guerra, o Brasil continuava a ser um país com uma tendência agrícola muito forte. O
movimento Revolução Verde chegou aqui, e muitas de suas técnicas e tecnologias foram introduzidas
no país, como o uso de variedades de sementes, o uso de fertilizantes químicos e agroquímicos,
maquinários e implementos. Muitas terras foram desbravadas nas regiões do Centro-Oeste e Norte,
para o cultivo de grãos e a criação de bovinos de corte.
Para você ter uma ideia, veja o que Navarro (2001, p. 84) comenta sobre o Brasil no período dos
governos militares:
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/36
No Brasil, por exemplo, já nos anos 70, sob a condução dos governos militares, um conjunto de
programas foi implementado nas regiões mais pobres, o Nordeste em particular, sob a égide do
desenvolvimento rural (pois em outras regiões o modelo era o da “modernização agrícola”). Em tal
contexto, a transformação social e econômica – e a melhoria do bem-estar daspopulações rurais mais
pobres – foi entendida como o resultado “natural” do processo de mudança produtiva na agricultura.
Este último foi meramente identificado como a absorção das novas tecnologias do padrão
tecnológico então difundido, acarretando aumentos da produção e da produtividade e, assim, uma
suposta e virtuosa associação com aumentos de renda familiar, portanto, “desenvolvimento rural”.
O desenvolvimento rural no Brasil, desde a segunda metade do século XX, está ligado a programas
governamentais, como a criação de instituições de pesquisas, a exemplo da Embrapa, e a entrada de
empresas transnacionais nas áreas de insumos e de maquinários e implementos.
Atualmente, notamos iniciativas para uma valorização mais abrangente do meio rural, com
esforços sociopolíticos, culturais e ambientais. O setor agrícola está mais pujante, não apenas nas
grandes propriedades produtoras de commodities, mas também com incentivos econômicos e
extensionistas para a agricultura familiar e quilombolas, com assentamentos de reforma agrária, áreas
indígenas, agricultura orgânica e sistemas agrossilvipastoris – enfim, um setor que se preocupa com a
qualidade de vida, com alimentos de qualidade e com a sustentabilidade.
O novo desafio para o setor agrícola, de acordo com o MMA – Ministério do Meio Ambiente
(2022), quando falamos em desenvolvimento rural, é chegar a um consenso entre a produção e a
proteção ao meio ambiente. Para isso, são necessárias políticas agrícolas e ambientais que caminhem
para um desenvolvimento rural sustentável. Não é uma tarefa fácil, sendo preciso estruturar projetos
que tenham objetivos claros, capazes de assegurar crescimento econômico, sempre reduzindo as
desigualdades sociais (fome e pobreza), e ao mesmo tempo lutando pela conservação do meio
ambiente.
Dessa maneira, o papel do desenvolvimento rural sustentável é incentivar às comunidades
agrícolas a utilizar, de maneira adequada, os recursos naturais (solo, água), sempre com base na
sustentabilidade (Brasil, 2022).
TEMA 3 – MELHORAMENTO GENÉTICO
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/36
Créditos: Kanowa/Shutterstock.
Neste tópico, vamos estudar o melhoramento genético, um assunto interessante e controverso,
especialmente quando falamos de transgenia (organismo geneticamente modificado). Vamos entender
o processo de selecionar ou modificar o material genético de plantas ou animais, com o objetivo de
conseguir as características genéticas ideais desses seres vivos.
Atualmente, a engenharia genética e a biotecnologia têm ampliado os estudos na área de
melhoramento genético, utilizando tecnologias avançadas, como o desenvolvimento de cultivares
geneticamente mais eficientes. Mas nem sempre foi assim, pois o melhoramento genético era feito a
partir do cruzamento de espécies iguais e/ou parecidas, de modo a garantir um aumento de produção,
seja de uma semente modificada ou de um rebanho. Para chegar nessa melhoria, era preciso muito
tempo e diferentes pesquisa.
Você sabe o que é DNA? É uma molécula responsável pela hereditariedade do ser vivo. Significa
ácido desoxirribonucleico. Veja na figura a seguir uma representação do DNA.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/36
Créditos: amiak/Shutterstock.
A partir do avanço do estudo do genoma (sequência completa de DNA), por parte da engenharia
genética, os pesquisadores conseguiram interferir nos genes de sementes e espécies de animais. A
meta desses estudos é a preservação das características consideradas importantes para os objetivos
especificados (por exemplo: aumentar a produtividade, alto teor nutricional, cultivares adaptadas e
resistentes a doenças e pragas). Com isso, é possível produzir e selecionar Organismos Geneticamente
Modificados – OGM (Jauhar, 2006).
Você já ouviu falar da ovelha Dolly? Em 1996, na Escócia, pesquisadores conseguiram fazer a
primeira clonagem de um mamífero (ovelha), a partir de uma célula somática adulta.
Pesquise mais sobre o assunto, veja como a ciência caminhou para o desenvolvimento de
tecnologia de clones, com os estudos das células-troncos e da medicina regenerativa.
3.1 LEGADO DE MENDEL PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO
Gregor Mendel nasceu em Heinzendorf, na Áustria, em 22 de julho de 1822. Faleceu em Brünn, na
República Tcheca, em 6 de janeiro de 1884. Mendel foi biólogo, botânico e monge agostiniano. Desde
jovem, observava e estudava as plantas, o que determinou a sua vocação científica.
A descoberta das leis da genética, por Mendel, no século XIX, mudou o rumo da biologia. Mendel
desenvolveu as suas experiências de hibridação (cruzar espécies diferentes) ao plantar ervilhas-de-
cheiro. Nesse processo, cruzou 22 variedades, observando algumas características, como o formato da
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/36
semente e da vagem, a cor da semente etc. Com essas informações, ele formulou as leis de
hereditariedade:
Lei de segregação ou monoibridismo: cruzando ervilhas para observar a cor predominante
(verde ou amarela), Mendel formulou que existe uma característica dominante e recessiva nos
híbridos. De acordo com Malajovich (2012, p. 15), essa lei se refere “à segregação dos fatores
(alelos) de um par (um gene) na formação de gametas”.
Lei de segregação independente ou diibridismo: a herança da cor é independente da herança
da superfície da semente. Ou seja, quando duas ou mais características em um cruzamento estão
envolvidos, elas podem ser separadas de forma independente. Como Malajovich (2012, p. 15)
descreve: “segregação dos fatores (alelos) de dois ou mais pares (dois ou mais genes)
independentes na formação de gametas”. Ou seja, a recombinação ocorre ao acaso, formando
todas as possíveis recombinações.
A partir dessas leis, o melhoramento genético passou a ter como objetivo o desenvolvimento de
qualidades, até adicionar características que possam trazer benefícios para a produção na agricultura.
3.2 TRANSGÊNICOS
A engenharia genética e a biotecnologia avançaram nos estudos e nas pesquisas sobre o DNA
(ácido desoxirribonucleico) de plantas e animais. O intuito dessas pesquisas é melhorar ou criar
características que dificilmente seriam produzidas naturalmente. Dentre as possibilidades da
manipulação genética aos alimentos agrícolas, temos a resistência a pragas e doenças e a produção de
cultivares mais ricos em vitaminas, sempre com o intuito de obter um alimento de melhor qualidade.
Com essa tecnologia, o termo transgênico acaba sendo associado aos alimentos, a partir da
agricultura, como a produção de grãos (soja, milho).
Essa modificação genética feita pelos pesquisadores pode se dar através de manipulação do DNA
(conjunto de tecnologias aplicadas no DNA recombinante para mudar a composição genética), fusão
celular (fundir células para criar um híbrido), entre outras tecnologias.
Com toda essa pesquisa, surgem os transgênicos (organismos geneticamente modificados) e as
variedades híbridas (cruzamento entre dois genitores com diferença genética).
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/36
Um ponto importante quanto à produção de transgênicos é o consumo humano. Fica a pergunta:
em que medida a manipulação genética é nociva à saúde humana? É uma discussão sem fim; por um
lado, a existência de defensores do uso da transgenia, e por outro lado aqueles que se preocupam com
a questão da saúde da população, que consome, direta e indiretamente, produtos produzidos com
matérias-primas transgênicas.
De acordo com De Mello et al. (2012, p. 2), os transgênicos podem ser:
responsáveis por muitos pontos positivos. Além de os transgênicos aumentarem a produção,
desempenham um papel no controle de pragas e doenças, e ainda melhoram a qualidade dos
produtos. Porém, como tudo existe um lado negativo, os transgênicos também podem ser prejudiciais
à saúde pelo fato de que o lugar em que o gene é inserido não pode ser controladocompletamente,
o que pode causar resultados inesperados uma vez que os genes de outras partes do organismo
podem ser afetados. Portanto, para que ocorra a utilização segura dos produtos transgênicos, seria
necessário assegurar o esclarecimento acerca dos benefícios e dos riscos, para além de proteger o
meio ambiente das consequências negativas que possam ocorrer no futuro, garantir ao consumidor o
direito das informações totais antes do consumo desse produto.
Na legislação brasileira, temos o Decreto n. 4.680/2003, que define aspectos relacionados à
rotulagem dos produtos transgênicos, determinando que o rótulo do alimento ou do ingrediente
utilizado deve informar a natureza transgênica, seja por conter ou por ser produzido com OGM.
Você tem o hábito de olhar os rótulos dos produtos que consome? É importante verificar a
procedência, a validade e os ingredientes presentes nos produtos. Pelo rótulo, obtemos todas essas
informações.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da Ciência e
Tecnologia, é o órgão que analisa as plantas transgênicas quanto à biossegurança, com base na Lei n.
11.105/05.
Ao avaliar o OGM, a CTNBio considera o que pode acontecer com a saúde humana e dos animais
que consomem um alimento a base de produto geneticamente modificado, averiguando os impactos
ambientais.
Além disso, a legislação prevê que, para trabalhar com biotecnologia no Brasil, é necessário obter
um Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB), emitido pela CTNBio.
A Embrapa (2022) desenvolve, desde 1980, pesquisas na área de manipulação genética em plantas,
buscando contribuir com uma agricultura mais produtiva, com espécies tolerantes ou resistentes a
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/36
doenças, de modo a reduzir o uso de agroquímicos.
Apesar de todos os procedimentos para garantir produtos de qualidades, os consumidores
brasileiros ainda se preocupam com a segurança dos produtos geneticamente modificados. Assim, é
necessário unir a biotecnologia e a biossegurança para garantir a segurança alimentar.
TEMA 4 – PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
Créditos: Dejan Dundjerski/Shutterstock.
Vamos abordar neste tópico um assunto que envolve a morfologia, a fisiologia e a botânica: a
propagação vegetativa, técnica muito utilizada no meio agrícola. Trata-se de uma técnica antiga, que
utiliza diversas formas de propagar os meios vegetativos.
Para você entender melhor, vamos entender o que é a propagação vegetativa e para que ela serve.
Podemos definir o conceito como multiplicação assexuada, que usa partes de plantas, como células,
tecidos, órgãos ou propágulos (estruturas formadas por células meristemáticas que soltam de uma
planta adulta, originando uma nova planta).
Dessa forma, é possível originar plantas quase idênticas à planta mãe (origem do material
genético), para garantir ganhos genéticos, visando obter uma planta com características desejáveis,
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/36
como maior aproveitamento em termos de produção e produtividade (Wendling, 2003).
Existem duas formas de reprodução de plantas:
Sexuada: maneira comum de reprodução, em que os gametas masculino e feminino se unem
para a fecundação, originando um zigoto. O zigoto se desenvolve e forma uma nova planta, que
dará continuidade ao ciclo de reprodução.
Assexuada: a propagação é feita com partes da planta mãe, buscando originar uma planta quase
idêntica, com características genéticas importantes para o desenvolvimento vegetativo. Na
propagação vegetativa assexuada, existem duas formas de obter uma planta: de maneira
espontânea (através das estruturas da planta, como sementes, tubérculos ou bulbos e rizomas) e
de forma induzida (técnicas que utilizam meios artificiais para acelerar o crescimento, formar e
padronizar plantas para a comercialização).
4.1 FORMAS DE PROPAGAÇÃO ASSEXUADA
Existem várias técnicas de propagação vegetativa por meio da intervenção humana, buscando
produzir plantas com qualidade e padronização, para atender a comercialização dos produtos.
É preciso levar em consideração que, antes de realizar as técnicas induzidas, é preciso escolher
uma planta mãe capaz de atender às necessidades e às características desejadas para a multiplicação
dos clones – por exemplo, tamanho, produção de frutos e tolerância e/ou resistência a clima, pragas e
doenças.
Vamos ver agora as principais técnicas de propagação assexuada induzida.
4.1.1 DIVISÃO DE TOUCEIRAS
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/36
Créditos: AlvMac/Shutterstock.
Esse processo também é conhecido como divisão de rizomas, técnica muito usada para propagar
plantas, seja com fins ornamentais ou comestíveis. Por exemplos: bromélias, orquídeas, banana e
gengibre. Para usar essa técnica, é preciso cortar, com cuidado, o rizoma subterrâneo da planta mãe, de
modo a não romper as gemas de brotação e nem o sistema radicular. Nesse procedimento, cada
pedaço (conhecido como filho) gera uma nova planta.
4.1.2 ESTAQUIA
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/36
Créditos: Aninka Bongers-Sutherland/Shutterstock.
O procedimento é feito com o fragmento de uma planta, que passa a se regenerar quando
colocado em um substrato (meio físico e nutricional, que pode ser composto de um único material, ou
de materiais orgânicos que ajudam no desenvolvimento da planta).
As partes das plantas que podem ser utilizadas para conseguir uma nova planta são: ramos
(ramificações que se encontram no tronco de árvores e arbustos – exemplos: rosa e gerânio); folhas
(órgão vegetal responsável pela captação de luz e realizar a fotossíntese – exemplos: violetas,
suculentas); ou pedaços de folhas (exemplos: espada-de-são-jorge, begônia).
4.1.3 ENXERTIA
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/36
Créditos: schankz/Shutterstock.
O processo de enxertia ocorre em vegetais superiores: duas partes do tecido vegetal entram em
contato, e posteriormente se unem para originar uma nova planta. Ou seja, cria-se uma
interdependência, pois uma não vive sem a outra. As duas partes do tecido vegetal são conhecidas
como enxerto ou garfo e porta-enxerto ou cavalo. Pode haver a necessidade de uma porção entre o
enxerto e o porta-enxerto, o chamado interenxerto.
Fachinello et al. (2005, p. 60) definem cada uma dessas partes da seguinte forma:
O enxerto é a parte representada por um fragmento da planta, contendo uma ou mais gemas,
responsável pela formação da parte aérea da nova planta. O porta-enxerto é a parte responsável pela
formação do sistema radicular. O interenxerto é usado quando se deseja evitar problemas de
incompatibilidade entre o enxerto e o porta-enxerto, para controlar o crescimento da copa ou para se
obter caule resistente a baixas temperaturas, entre outros objetivos.
Dentro do método de enxertia, existem três formas de se obter o material de propagação
assexuada. Primeiramente, temos a enxertia por borbulhia ou por gema, representada na figura a
seguir.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/36
Créditos: Kazakova Maryia/Shutterstock.
Esse método de enxertia consiste em colocar uma gema sobre o porta-enxerto enraizado – isto é,
juntar a casca da planta, denominada enxerto, que contém a gema em outra planta, que chamamos de
porta-enxerto. É necessário que essa operação seja rápida, de modo a evitar o ressecamento das partes
que serão unidas. Para finalizar, colocamos um fitilho biodegradável para amarrar o enxerto com o
porta-enxerto.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/36
Créditos: Fire-n/Shutterstock.
Depois, temos a enxertia por encostia ou por aproximação, representada na figura a seguir.
Créditos: NEKODA_J/Shutterstock.
A enxertia por encostia ocorre pela união lateral de duas plantas inteiras com os sistemas
radiculares independentes,para que o enxerto e o porta-enxerto permaneçam unidos, até que essa
junção esteja completamente formada. Isso pode ocorrer entre 30 a 60 dias. A partir daí, podemos fazer
a separação do ramo (cavaleiro) de suas raízes.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/36
De acordo com Fachinello et al. (2005, p. 76), o método é simples, porém é pouco utilizado,
principalmente em frutíferas. O autor afirma, ainda: “A enxertia de encostia pode ser feita em qualquer
época do ano, embora seja mais conveniente fazê-la na época de crescimento vegetativo, o que
facilitará a cicatrização e a união entre as partes”.
Por fim, temos a enxertia por garfagem, representada na figura a seguir.
Créditos: NEKODA_J/Shutterstock.
Nesse método, é retirado um pedaço de um ramo da planta mãe, chamado de garfo ou enxerto. Os
garfos são cortados em forma de bisel ou cunha, com duas ou mais gemas, sendo colocados no porta-
enxerto ou cavalo. Para evitar contaminação por patógeno, coloca-se uma fita ou parafina, que ajuda
no processo de cicatrização. Esse tipo de enxertia garante a produção e a compatibilidade genética.
Segundo Fachinello et al. (2005), a enxertia pode ser feita em julho e agosto, quando ocorre o
repouso vegetativo. Pode ainda ser feita na fase de crescimento vegetativo em frutíferas, como videiras
e mangueiras.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/36
Créditos: Syndy1/Shutterstock.
4.1.4 ALPORQUIA
Créditos: Numlang/Shutterstock.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/36
O método de alporquia segue algumas etapas: o ramo escolhido precisa estar ligado à planta mãe,
ou seja, encontra-se na parte aérea, devendo apresentar de 2 a 3 cm de diâmetro. O ramo não pode ter
brotação, para que seja possível fazer o anelamento, em torno de 3 a 5 cm de largura. Na próxima
etapa, no anelamento, retiramos o floema (casca) e o cobrimos com substrato umedecido. É preciso
envolver o local com plástico transparente, para evitar a perda de água. Por fim, retiramos o ramo, pois
já temos uma nova muda com raiz.
Essa muda deve ser colocada em um novo substrato, sendo mantida em local protegido – ou seja,
meia sombra, pelo fato de a muda ainda ser jovem e frágil. A época ideal para fazer a alporquia é na
primavera e no verão, pois nesse período a planta está desenvolvendo a sua parte vegetativa. Exemplos
de plantas que podem utilizar a alporquia: lichia, jabuticaba e hibisco.
Créditos: photowind/Shutterstock.
4.1.5 MERGULHIA
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/36
Créditos: Kazakova Maryia/Shutterstock.
O método de mergulhia deve ser feito na primavera ou no final do verão, quando ocorre o
crescimento das plantas. Consiste em pegar um ramo flexível e de fácil manejo da planta mãe, sem
separá-lo, para mergulhar em solo, em vaso ou em canteiros, até atingir o enraizamento, formando o
seu próprio sistema radicular. Como Fachinello et al. (2005, p. 80) definem: “a planta a ser propagada
por mergulhia permanece ligada à planta mãe, ocorre um fluxo contínuo de água e de nutrientes, e
essa nutrição equilibrada da matriz favorecerá a formação de raízes”.
Por conta da ausência de luz, o enraizamento está ligado ao acúmulo de auxinas (hormônios
endógenos), devendo ser colocado em local isento de patógenos.
Para que a planta cresça ereta, é preciso colocar um tutor no ramo flexível. Esse método é muito
usado em fruticultura, como macieira, pereira, cajueiro etc.
4.2 CULTURA DE MATERIAL IN VITRO
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/36
Crédito: Tomas Vynikal/Shutterstock.
Para dar andamento a técnica de cultura in vitro, é preciso selecionar as características desejáveis
da cultura e evitar as indesejáveis. É preciso obter um material livre de contaminante, que seja
compatível com as condições de trabalho in vitro, para que o melhoramento genético (DNA) consiga
ser multiplicado – ou seja, trabalhamos com a integração entre a cultura de tecidos e a biotecnologia.
Todos os procedimentos realizados na cultura in vitro são feitos em ambientes que controlam a luz,
a temperatura, a umidade e a contaminação.
De acordo com Fachinello et al. (2005, p. 90), para que os cultivos in vitro aconteçam, é preciso
escolher o explante:
O explante é qualquer segmento de tecido oriundo de uma planta, para iniciar um cultivo in vitro,
podendo ser uma gema axilar ou segmento nodal, ápice caulinar ou radicular, sendo que esses
contêm o meristema ou tecidos diferenciados, como as folhas ou pedaços de uma folha, entrenó, etc.
[...] Na seleção dos explantes, devem ser considerados aspectos como o nível de diferenciação do
tecido utilizado e a finalidade da micropropagação.
A micropropagação é uma técnica usada para multiplicar espécies vegetais. É preciso levar em
conta a utilidade e a finalidade, como clonar genótipos de plantas com potencial econômico, proteger
espécies vegetais que estejam no caminho da extinção, ou produzir quantidade de plantas com pouco
material vegetal original e/ou plantas para aumentar o estoque natural de espécies vegetais silvestres
(Casazza et al., 2002).
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/36
Créditos: Vladimir Mulder/Shutterstock.
As plantas cultivadas in vitro ajudam a avaliar e a estudar os efeitos causados por vários agentes
patogênicos, como bactérias, fungos e vírus, que atacam as espécies vegetais.
Conforme Souza et al. (2009), para que o processo dê certo, é necessário fazer o monitoramento
de possíveis contaminações, como bactérias e fungos. É importante ainda verificar o desenvolvimento
dos explantes, o seu crescimento e enraizamento, monitorando o estado do recipiente onde a cultura
in vitro se desenvolve.
TEMA 5 – AGRICULTURA 4.0
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/36
Créditos: attraction art/Shutterstock.
O assunto deste tópico é moderno, inovador e tecnológico. O termo agricultura 4.0 deriva do
conceito indústria 4.0, que surgiu na Conferência de Hannover, na Alemanha, em 2011. Ele  surge da
integração de diversas tecnologias e inovações na área industrial, como Internet das Coisas, sensores
remotos e Big Data, entre outras tecnologias que foram implantadas para garantir a transformação dos
processos industriais.
Não foi diferente na agricultura 4.0, que aproveitou essas inovações e tecnologias para que fossem
aplicadas no meio agrícola, aprimorando o monitoramento das práticas agropecuárias e ajudando nas
tomadas de decisão.
O contexto tecnológico da agricultura 4.0 inclui a agricultura de precisão, a automação de
máquinas e implementos agrícolas, a robótica aplicada nas fazendas digitais (com métodos que ajudam
na localização de precisão e informação, para gerir o andamento da fazenda e cultivar os alimentos de
forma sustentável) e nas fazendas inteligentes (o agricultor integra as atividades rurais com
informações digitais, buscando tomar decisões de forma mais assertiva).
Com a aplicação dessas tecnologias, o produtor rural obtém eficiência no andamento das
atividades desenvolvidas na fazenda, voltadas para a agricultura e/ou para a pecuária. Conforme
definem Massruhá e Leite (2017), a tecnologia veio para aumentar a produtividade, mas para isso é
preciso contar com maior eficiência no uso de insumos, buscando a melhoria na qualidade e na
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 29/36
segurança dos trabalhadores, a redução nos custos de mão de obra, além da diminuição dos impactos
ambientais.
A contribuição da agricultura 4.0 para o meio ambiente marca uma certa uniformidade no campo,
pois há diminuição no uso de insumos (fertilizantes e agroquímicos) e de água – ou seja, a adequação
da tecnologia acaba determinando o uso racional dos insumos e da água, sem desperdício em áreas
específicas.
É preciso que você entenda que a verdadeira intenção da agricultura4.0, com essas tecnologias, é
aumentar a produtividade. Para isso, as ferramentas precisam auxiliar a coleta de dados e transformar
os dados em informação, sobre o tipo e a qualidade do solo, a necessidade de adubação, o clima
predominante na área, o nível do uso de água em irrigação, além da presença de vetores (pragas e
doenças).
Esses dados são coletados por sensores implantados em máquinas e implementos agrícolas, e
também por um equipamento que está se tornando comum nas áreas agrícolas: o drone.
Créditos: Scharfsinn/Shutterstock.
5.1 INOVAÇÕES NA AGRICULTURA
O setor agrícola está evoluindo, as inovações estão presentes em diversas áreas para que o cultivo
e a criação de animais estejam adaptados às modernidades da agricultura 4.0.
De acordo com Clercq, Vats e Biel (2018), as inovações para as próximas décadas serão
revolucionárias. Eles apontam que algumas tecnologias estão em estágios iniciais, como a impressão
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 30/36
3D de alimentos, o cultivo de carne, a modificação genética, a agricultura com o uso de água do mar,
além do cultivo de alimentos em regiões áridas, o que só é possível com o uso de recursos limpos (sol,
vento, água do mar).
Créditos: tilialucida/Shutterstock.
Na produção de alimentos, há uma série de tendências para que seja possível atender essa
demanda. Para isso, utilizamos sistemas para o aproveitamento de recursos de energia solar e eólica,
além de técnicas para a dessalinização de água salobra, para que essa água possa ser utilizada na
agricultura hidropônica (cultivo de plantas em água com solução nutritiva).
A implantação de agricultura em áreas desérticas, com adaptação através de melhoramento
genético, para regular o crescimento e os hormônios em sementes e plantas, aumenta a resistência
desse material em locais onde dificilmente a agricultura conseguiria se desenvolver.
Outra área em desenvolvimento é o cultivo em oceanos, nas fazendas marinhas (cultivo e criação
de espécies aquáticas). Esse modelo de produção passa a ser uma alternativa sustentável, em oposição
à pesca predatória, que danifica o meio ambiente aquático. Nessa fazenda marinha (aquicultura),
podem ser cultivados mexilhões, ostras, camarões e peixes, com o cultivo de algas (substituição de
alguns alimentos, baixo custo de produção e absorção de gás carbônico da atmosfera).
Nas cidades, estão sendo implantadas fazendas verticais, com a utilização de técnicas de
hidroponia (cultivo em água com solução nutritiva) e aeroponia (cultivo de plantas suspensas no ar e
raízes, sem contato com o solo ou substrato). A produção é feita na vertical, em ambiente de pouco
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 31/36
solo, com o uso de pouca água e menos insumos (fertilizantes, agroquímicos), mas com alta
produtividade.
Créditos: Yeinism/Shutterstock.
Avançando na questão da sustentabilidade, muitas embalagens estão sendo produzidas com
durabilidade parecida com o plástico. A diferença é que elas são biodegradáveis (fácil decomposição,
sem deixar resíduos tóxicos na natureza), sendo, portanto, as embalagens sustentáveis.
Dentro da agricultura 4.0, temos várias ferramentas incorporadas na agricultura de precisão, o que
permite o monitoramento e o controle do local, para garantir precisão nas operações de cultivo e no
deslocamento do rebanho. O objetivo é fornecer exatamente o que a cultura necessita para produzir e
atingir a produtividade, para que o rebanho ganhe peso, em ambiência adequada para a produção do
seu bem-estar.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 32/36
Créditos: MONOPOLY919/Shutterstock.
O drone (veículo aéreo não tripulado) é uma tecnologia de fácil acesso para os produtores rurais.
Essa ferramenta traz sensores e câmera com boa resolução de imagem, o que ajuda o agricultor a
acompanhar em tempo real o desenvolvimento da lavoura ou do rebanho.
Créditos: Scharfsinn/Shutterstock.
A inovação tecnológica na área alimentícia, principalmente na questão de proteína animal, busca
alternativas, através de estudos para a produção de carne em laboratório, com células de animais ou
com a utilização de algas (proteína) para substituir a carne.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 33/36
Outra tendência nas cadeias produtivas é o uso de insumos sustentáveis (adubação orgânica,
compostagem, adubação verde), os chamados eco-friendly (amigável à natureza), produtos com baixo
teor de aditivos sintéticos. Utilizando esses insumos, o setor agrícola acaba reduzindo o impacto no
meio ambiente, com menor risco à saúde humana.
Na era dos aplicativos (apps) a área de produção de alimentos não poderia ficar de fora. Os
aplicativos surgem para permitir que o alimento produzido não seja desperdiçado, com base em uma
conexão entre as pessoas, para que a produção excedente seja compartilhada (Clercq; Vats; Biel, 2018).
Por fim, destacamos a criação de abelhas robôs. É isso mesmo que você está lendo! Essa técnica se
baseia em tecnologia para substituir a biodiversidade. A abelha tem um papel fundamental na
polinização das plantas e, consequentemente, na produção de alimentos. O número de abelhas está
caindo, devido a uma série de problemas provocados pelo homem, como aquecimento global, uso de
agroquímicos e desmatamento. A solução encontrada é a criação de abelhas robô.
Créditos: Josh McCann/Shutterstock.
A agricultura 4.0 faz parte da nova revolução agrícola. A tecnologia e as inovações representam um
modo importante de aumentar a produtividade, diminuir o uso de insumos e obter dados em tempo
real, para que seja possível tomar decisões mais assertivas, racionalizando o uso dos recursos naturais,
em busca da sustentabilidade do setor.
Essas novas tecnologias implantadas no setor agropecuário evidenciam a capacidade de adaptação
do setor para a produção de alimentos.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 34/36
O setor também está envolvido com as questões ambientais ao se posicionar na busca por
soluções para o uso inadequado do solo, o aquecimento global, o uso excessivo de insumos, a poluição
e o desperdício no consumo da água, além do desperdício de alimentos.
Segundo Ribeiro, Marinho e Espinosa (2018, p. 6). o Brasil, “como um dos maiores produtores
agrícolas mundiais, exerce importante papel no sentido de aderir à agricultura 4.0, investindo em
modernização e tecnologia e, dessa forma, inserindo cada vez mais práticas sustentáveis ao setor”. Essa
revolução pode aumentar a produção de alimentos, por conta do uso de novas tecnologias,
considerando o novo perfil da maioria dos atuais consumidores que se preocupam com as questões
ambientais.
FINALIZANDO
Chegamos ao fim desta etapa, com diversos assuntos ligados à tecnologia e inovação na área
agrícola. Estudamos uma série de tecnologias que foram criadas e implementadas para garantir um
salto no desenvolvimento da agropecuária, no Brasil e no mundo.
As pesquisas do setor ajudam no desenvolvimento de uma agricultura moderna, que se preocupa
com a produção de alimento e também com questões ambientais. A agricultura 4.0 é o marco dessa
evolução, com tecnologias que ajudam o produtor rural a obter dados sobre a lavoura e/ou a pecuária,
buscando decisões assertivas quanto ao andamento da produção.
Até a próxima!
REFERÊNCIAS
AGRICULTURA. In: Michaelis. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-
portugues/busca/portugues-brasileiro/agricultura>. Acesso em: 27 jul. 2022.
BRASIL. MMA – Ministério do Meio Ambiente Desenvolvimento Rural. Disponível em:
<https://antigo.mma.gov.br/desenvolvimento-rural.html>. Acesso em: 27 jul. 2022.
CASAZZA, G. et al. Micropropagation of Limonium cordatum (L.) Mill. for conservation purposes.
Journal of Horticultural Science & Biotechnology, v. 77, n. 5, p. 541-545, 2002.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 35/36
CLERCQ,M.; VATS, A.; BIEL, A. Agriculture 4.0: the future of farming technology. World
Government Summit, 2018.
DE MELLO, B. C. et al. Melhoramento genético vegetal: visão geral das técnicas e implicações. In:
MOSTRA ACADÊMICA UNIMEP, 10., 2012, Piracicaba. Anais... Piracicaba, 2012. Disponível em:
<http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/10mostra/4/30.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2022.
EHLERS, E. M. O que se entende por agricultura sustentável? Tese (Mestrado em Ciência
Ambiental) – Programa de Pós-Graduação FEA/USP, São Paulo, 1994.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. GMOs: breaking barriers to benefit
Brazilian agriculture. Disponível em: <https://www.embrapa.br/en/tema-transgenicos/sobre-o-tema>.
Acesso: 27 jul. 2022.
FACHINELLO, J. C. et al.  Propagação de plantas frutíferas. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2005.
HALL, A. Challenges to strengthening agricultural innovation systems: where do we go from here?
Working Paper Series, Maastricht, 2007.
JAHUAR, P. P. Modern biotechnology as an integral supplement to conventional plant breeding:
the prospects and challenges. Crop Science, v. 46, p.1841-1859, 2006.
LAMAS, F. M. Agricultura 4.0: a quarta revolução tecnológica, com forte conteúdo digital e
conectada. Mercado Agrícola, 24 nov. 2017. Disponível em: <https://laborsolo.com.br/mercado-
agricola/agricultura-4-0-a-quarta-revolucao-tecnologica-com-forte-conteudo-digital-e-conectada>.
Acesso em: 27 jul. 2022.
MALAJOVICH, M. A. Biotecnologia. Rio de Janeiro: Edições da Biblioteca Max Feffer, 2012.
MASSRUHÁ, S, S. F. M.; LEITE, A. A. M. M. Agro 4.0: rumo à agricultura digital. JC na Escola Ciência,
Tecnologia e Sociedade: Mobilizar o Conhecimento para Alimentar o Brasil, 2017.
NAVARRO, Z. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos do
futuro. Estudos avançados, v. 15, n. 43, p. 83-100, 2001.
RIBEIRO, J. G.; MARINHO, D. Y.; ESPINOSA, J. W. M. Agricultura 4.0: desafios à produção de
alimentos e inovações tecnológicas. Simpósio de Engenharia de Produção, p. 1-7, 2018.
20/09/2022 19:47 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 36/36
SOUZA, A. da S. et al. Preservação de germoplasma vegetal, com ênfase na conservação in vitro de
variedades de mandioca. Embrapa Mandioca e Fruticultura-Circular Técnica, 2009.
VAN DER PLOEG, J. D. Trajetórias do desenvolvimento rural: pesquisa comparativa
internacional. Sociologias, v. 13, n. 27, p. 114-140, 2011.
WENDLING, I. Propagação vegetativa. In: SEMANA DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRO, 1., 2003,
Colombo. Anais... Colombo: Embrapa Florestas, 2003.

Continue navegando