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Clínica de Ruminantes FRATURAS DE DENTE: normalmente relacionadas a coices, quedas e até maus-tratos. Compromete a mastigação e a digestão dos alimentos. Seu tratamento consiste na remoção dos dentes fraturados. DOENÇA PERIODONTAL: Envolve os tecidos que oferecem suporte dentário. Normalmente o animal apresenta a face tumefata. Está relacionada com a protrusão dos incisivos ou sua perda, assim como a gengivite por placas bacterianas. Seu tratamento é baseado na antibioticoterapia, remoção dos dentes fraturados e suplementação alimentar. ACTINOBACILOSE: Também conhecida como língua de pau, é uma enfermidade que comete os tecidos moles. Causada pela Actinobacillus lignieresii (bactéria comensal do rúmen) tem como consequência a formação de abcessos granulomatosos. É uma doença esporádica que acomete ruminantes de todas as idades, os surtos podem estar relacionados com a alimentação grosseira. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO O diagnóstico da actinobacilose pode ser obtido através dos sinais clínicos e epidemiológicos, além da realização de cultura ou biópsia. Na necrópsia, pode-se observar abcessos firmes e granulomatosos microscopicamente. Seu tratamento consiste na administração de iodeto de sódio 70 mg/kg, IV em doses repetidas. ACTINOMICOSE: Diferentemente da actinobacilose, a actinomicose acomete tecidos duros (ossos). Causada pela Actinomyces bovis (bactéria presente na cavidade bucal de ruminantes). A doença tem como porta de entrada lesões na cavidade bucal dos animais. O principal sinal clínico são lesões mandibulares com neoformação óssea. O diagnóstico é realizado através de sinais clínicos, citologia aspirativa, histopatologia e cultura. O tratamento pode parar o desenvolvimento da lesão, entretanto ela não regride. Pode ser realizado com iodeto de sódio 70 mg/kg, IV em doses repetidas, associado com penicilina 10000 UI/kg, IM, BID por até 14 dias. ENFERMIDADES Clínica de Ruminantes ECTIMA CONTAGIOSO: Doença causada pelo Parapoxvirus, é altamente contagiosa e de altíssima morbidade. É considerada uma zoonose de transmissão por contato direto. Afeta ovinos e caprinos lactentes e pós-desmame. Seu diagnóstico é realizado através da avaliação clínica, cultivo e microscopia eletrônica. É uma doença autolimitante, portanto o tratamento é baseado nas infecções secundárias. Como profilaxia deve-se vacinar cordeiros de até 8 semanas. TRAUMATISMOS E ABCESSOS DA FARINGE: Causados por má utilização da seringa dosadora, espéculo ou sondas. O animal apresenta anorexia, respiração fétida, cabeça estendida, timpanismo leve e dores na região faríngea. O tratamento é baseado na antibioticoterapia, AINES e alimentos de alta palatabilidade. Como profilaxia deve-se ter cuidado ao utilizar os equipamentos e manejar os animais realizando a contenção. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO DIARREIA VIRAL BOVINA OU DOENÇA DAS MUCOSAS; A diarreia viral bovina está associada a infecção pós-natal aguda, já a doença das mucosas é associada a animais PI e é caracterizada pela exposição fetal ao vírus em períodos inferiores a 125 dias de gestação, causando abortamento e malformações. A doença das mucosas em sua forma aguda, causa lesões em cavidade oral, salivação profusa e morte entre 2 e 10 dias após inicio dos sintomas. Já a forma crônica ocasiona erosões na mucosa oral, no trato gênito-urinário e na pele. O diagnóstico da enfermidade se dá por análise das condições clínicas e epidemiológicas, histopatologia, PCR, cultivo celular e ELISA. Não há tratamento, sua forma de prevenção consiste na detecção de animais PI com mais de seis meses de idade e na eliminação desses animais, além disso é importante realizar a vacinação. ESTOMATITES: Clínica de Ruminantes FEBRE CATARRAL MALIGNA: Causada por um herpesvírus. Seus sinais clínicos são febre, diarreia, cegueira, corrimento nasal, erosões bucais e encefalite. Está relacionada com a presença de ovinos na propriedade. A doença apresenta alta mortalidade e morbidade e atualmente, não há tratamento. ESTOMATITE VESICULAR: A Estomatite Vesicular é uma doença infecciosa que acomete animais domésticos ungulados e biungulados, principalmente eqüinos, bovinos e suínos. É caracterizada por causar lesões vesiculares na língua, gengiva, lábios, tetos e coroa do casco. A EV tem incidência sazonal ocorrendo no verão em climas temperados e, imediatamente, após as chuvas em regiões de clima tropical. Para diagnóstico, pode ser realizado o isolamento do vírus com a identificação realizada pelas provas de fixação do complemento, virusneutralização e ensaio imunoenzimático. Podendo ainda ser utilizado o PCR. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO FEBRE AFTOSA: A febre aftosa é uma enfermidade infectocontagiosa, causada por um vírus da família Picornaviridae, e que acomete apenas biungulados. Os bovinos acometidos apresentam febre alta, aparecimento de vesículas e aftas na mucosa oral, patas e glândula mamária. O diagnóstico definitivo é realizado através do isolamento do vírus em cultivos celulares, detecção de antígenos por ELISA e identificação dos ácidos nucleicos por PCR. OBSTRUÇÃO ESOFÁGICA: Pode ser parcial ou total. O animal apresenta aumento de volume na região esofágica. O tratamento consiste na remoção da obstrução. O prognóstico é variável. MEGAESÔFAGO: Possui baixa ocorrência, é uma enfermidade congênita, mas pode ser ocasionada por traumatismo faríngeo. Seus principais sinais clínicos são regurgitação após alimentação, timpanismo e pneumonia por aspiração. O tratamento é realizado através da intubação gástrica. Clínica de Ruminantes Indigestão simples: acomete gado de leite ou corte em confinamento. Normalmente sua causa é a ingestão de alimentos com fibra de baixa digestibilidade, fornecimento deficiente de carboidratos e proteínas fermentáveis ou excesso de ingestão de concentrados e grãos. Os animais apresentam anorexia, baixa motilidade ruminal, timpanismo moderado e diarreia suprimida. Seu tratamento é baseado na correção da dieta, administração de vinagre 5% (0,5 a 1 L oral) para acidificar, líquido ruminal (5 a 10 litros) para recompor a flora, acetil tributil acetato (20 a 30 ml via oral ou intraruminal), sulfato de magnésio (200 a 500 g) via oral pelos efeitos laxativos e fluidoterapia de suporte. INDIGESTÃO: A indigestão está relacionada com disfunções retículo- ruminais. Pode ser primária (funções motoras anormais ou conteúdo retículo-ruminal anormal) ou secundária (sequela de problemas sistêmicos). A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO No fluído ruminal dos animais acometidos pode-se encontrar: ↓ AGV; ↓ protozoários; ↑ pH; ↑ do tempo de atividade redutiva. Acidose Lática: a acidose lática é causada pela ingestão excessiva de carboidratos rapidamente fermentáveis, causando morte das bactérias gram - (degradadoras da celulose) e proliferação das gram + (que degradam carboidratos em ác. lático). Consequentemente há um ↑ dos níveis de ácido lático e AGV, ocasionando acidose metabólica. Inicialmente os animais apresentam rúmen repleto, MR reduzidos e/ou parada de ruminação. Após 24 horas é comum animais apáticos, ↑FC e FR, desidratação, rúmen distendido, marcha cambaleante, dor no flanco e diarreia. ↑ ingestão de concentrado → ↑ ácido lático → pH < 5 → lise de bactérias e protozoários celulíticos → ↑ osmolaridade ruminal → parada ruminal → diarreia → acidose metabólica. Clínica de Ruminantes No fluído ruminal dos animais acometidos pode-se encontrar: coloração marrom, odor forte, ↓ pH; ↓ protozoários, ↑ de gram +. O diagnóstico é baseado no histórico, avaliação do fluído ruminal, anorexia, depressão e prostração. O tratamento é realizado com o objetivo de corrigir acidose ruminal e sistêmica, prevenir produção de ácido lático, restabelecer líquidos, eletrólitos e motilidade, e manter o volume de sangue circulante. Pode ser realizada a ruminotomia (para lavagem ruminal) e administração de alcalinizantes sistêmicos (bicarbonato desódio 1,3%), anti- histamínicos, cálcio e antibioticoterapia. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO ALCALOSE RUMINAL: A alcalose ruminal é causada pelo desequilíbrio na dieta, que causa ↑ de [] de radicais NH3, ↑ pH e alcalose sistêmica. O desequilíbrio da dieta pode ser causado pela água ou volumoso de baixa qualidade, dieta rica em proteínas e ingestão de ureia. Isso faz com que ocorra uma baixa nos níveis de ácido lático para neutralizar a saliva, consequentemente há um aumento no acetato e no bicarbonato. Nos achados clínicos o pH do líquido ruminal encontra-se entre 7,4 - 8. O pH urinário estará entre 7 - 7,5 (corpos cetônicos ocasionais) ou 8,5 - 9 (compostos alcalinizantes). É importante atentar-se aos diagnósticos diferenciais, como a acidose ruminal, indigestão simples e cetose. O tratamento para casos leves é 1-2 L de ác. acético, massagem ruminal, adm de líquido ruminal ou infusões de linhaça/camomila + 100g de proprionato de sódio. Já em casos graves, pode-se utilizar soluções acidificantes (6-9 L de NaCl 0,9% e KCl 1,1%), glicose e NaCl 0,9% EV ou cálcio e magnésio, além de antibioticoterapia, catárticos e infusões com proprionato de sódio. Para prevenção da acidose deve-se formular dietas que não predisponham produção excessiva de ácidos no rúmen, realizar a adição de forragens (pois estimula contração ruminal, ↑ a taxa de passagem da fase líquida promovendo remoção de ácidos do rúmen; ↑ o contato do conteúdo ruminal com epitélio favorecendo absorção de AGV), evitar mudanças “bruscas” no ambiente ruminal. Clínica de Ruminantes Á esquerda: é frequente em animais de alta produção, principalmente em bovinos de leite. Acomete animais confinados, com alimentação rica em concentrado, de maior ocorrência em animais com idade entre 4 e 7 anos, de caráter hereditário. É complexa e multifatorial, podendo estar relacionada com rações ricas em carboidratos solúveis, baixa quantidade de fibra e retenção de placenta. Os animais apresentam baixa alimentação e produção, aumento de volume no flanco esquerdo, sons de pings no abomaso. O tratamento pode ser realizado através das técnicas cirúrgicas de omentopexia ou abomasopexia, terapeuticamente pode-se usar acetil butileno 20 a 30 ml, VO, BID ou sulfato de magnésio 1 g/kg VO. DESLOCAMENTO DE ABOMASO: A paratopia de deslocamento de abomaso pode ser à direita ou à esquerda, sendo a DAE com maior frequência que a DAD. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO ENFERMIDADESÁ direita: também é frequente em animais de alta produção leiteira, ocorrendo normalmente no pós-parto. Assim como a DAE, a DAD é complexa e multifatorial. Acomete animais com alimentação rica em concentrado e com pouca fibra ou fibras de baixa qualidade. Esses fatores elevam os níveis de AGV e a produção de metano, ocasionando atonia e dilatação abomasal, e consequentemente seu deslocamento. Os sinais clínicos são similares ao da DAE. Os fatores predisponentes são, assim como os da DAE (ingestão de muito concentrado na matéria seca, alta condição corporal, baixo fornecimento de forragem, fibras curtas, doenças do periparto, etc) e também a estenose de piloro. O tratamento é similar ao da DAE. E a prevenção é baseada no manejo alimentar adequado. Clínica de Ruminantes TIMPANISMO ESPUMOSO: Está associada com as criações intensivas com o uso de grãos ou de leguminosas (fabáceas) é a dilatação anormal do rúmen pelo acúmulo de gás com formação excessiva de espuma que não é eliminado na eructação. Os sinais clínicos são dilatação, cólica, postura anormal, dispneia, taquicardia, dificuldade de eructação, colapso e morte. Na patologia, pode-se encontrar: presença de gás no rúmen, língua profusa (escurecida), narinas dilatadas (com presença de líquido branco esverdeado/sanguinolento), protrusão do reto e vagina, parte anterior do cadáver avermelhada e parte posterior esbranquiçada, além da linha do timpanismo. Seu diagnóstico pode ser obtido por meio clínico, epidemiológico ou necrópsia. O tratamento é realizado de acordo com a causa, remoção dos animais do pasto, ruminotomia, em casos emergenciais pode-se usar trocantes e cânula, promoção da salivação com bicarbonato de sódio, agentes anti-espumantes, catárticos e sonda ruminal. O controle/profilaxia é realizado com manejo estratégico e alimentar adequados. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO TIMPANISMO GASOSO: É o acúmulo de gás (metano e dióxido de carbono) na forma livre no rúmen. Ocorre por falha na eructação, podendo ser mecânica ou funcional, como a obstrução esofágica por alteração intraluminal, por alterações intramurais, alterações extramurais, disfunções na motilidade retículo- ruminal ou disfunção do cárdia. Os animais manifestam clinicamente aumento de volume no flanco esquerdo, dispneia, taquicardia, morte por asfixia. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, sendo a maioria por palpação do esôfago, ou passagem de sonda para desobstrução esofágica. O controle ou profilaxia é baseado na causa. O tratamento assim como o timpanismo espumoso pode ocorrer por meio da ruminotomia, deve-se esvaziar o ar (por trocater ou agulha hipodérmica longa), empurrar cranialmente (cabeça estendida) ou empurrar para o rúmen (sonda grossa). Clínica de Ruminantes INDIGESTÃO VAGAL: A indigestão vagal é caracterizada por um conjunto de sinais secundários a uma lesão primária ao longo do curso do nervo vago. Pode ser causada por: traumatismo faríngeo ou esofágico, broncopneumonias, neoplasias, sobrecarga e/ou impactação ruminal, deslocamentos do abomaso (pós correção cirúrgica), reticuloperitonite traumática (lesão e disfunção dos ramos ventrais do nervo vago e aderências do retículo). A indigestão vagal pode originar as três síndromes a seguir: O diagnóstico é realizado com base nos sinais clínicos ou através de laparotomia ou ruminotomia exploratórias. O tratamento é feito por meio da terapia sintomática para a causa primária, reposição eletrolítica e soluções parenterais de cálcio. INTOXICAÇÃO POR UREIA: A intoxicação por ureia pode ser por ureia pecuária ou ureia extrusada (ureia-amido-enxofre). Cerca 0,44 g/kg de ureia são suficientes para que o animal apresente manifestação clínica. E doses entre 1 e 1,5 g/kg podem levar o animal a óbito. A morbidade é variável e a letalidade pode chegar a 100%. Os animais intoxicados apresentam mudança de comportamento, excitação, agressividade, dor abdominal intensa, incoordenação, fraqueza, dispneia, timpanismo, atonia ruminal, tremores musculares localizados (principalmente nas pálpebras, lábios e pescoço) e salivação. A manifestação clínica incia entre 15 a 30 minutos após a ingestão e pode durar até 4 horas. O diagnóstico é realizado através do histórico e sinais clínicos [] de ureia nos alimentos, presença de NH3 no fluído ruminal e avaliação do pH ruminal. O tratamento é realizado através do lavado ruminal, fluído ruminal, acidificantes (vinagre, 4 litros), 10 a 30 litros de água fria, 300 ml de ác. acético, via endovenosa a 1%, 500 ml de glicose 20% e sais de Ca e Mg e alimentação com grãos. A F E C Ç Õ E S D O S I S T . D I G E S T I V O COLOSTRO
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