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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES 2º Quadrimestre 2016 PREPARAÇÃO E ANÁLISE MICROESTRUTURAL DETERMINAÇÃO DE TAMANHO DE GRÃO Professora Vânia Trombini Hernandes Discentes: Ana Beatriz F. Carlos Roberto Bergamasco Gabriel Ranea João Lucas de Souza Matheus Ambrósio Matheus Piaquadio Santo André 2016 1. Introdução A Metalografia consiste no estudo das estruturas dos materiais metálicos, e relaciona as estruturas com as propriedades dos materiais. Metalografia é conhecida desde 5000 a.C., época em que o Homem inicia o processo de fusão de metais, evoluindo ao longo dos tempos o seu conhecimento dos processos metalúrgicos, permitindo-lhe a utilização de metais de maior dureza e resistência. No Século XIX, iniciou-se a produção de Aços com baixos teores de Carbono, e é pela primeira vez, em 1863, observada através de Microscópio Óptico, a estrutura de rochas e aços, iniciando-se a análise metalográfica. A descoberta dos Raios X possibilitou o desenvolvimento da Difração de Raios X, que ajudou a determinação da Estrutura Cristalina dos materiais. Atualmente, a metalografia é considerada uma das análises mais importante para garantir a qualidade dos materiais no processo de fabricação e também para realização de estudos na formação de novas ligas metálicas, determinando composições químicas, tamanho de grãos e propriedades mecânicas. Nos materiais metálicos, em geral, quanto menor o tamanho de grão, mais altos serão os valores do limite de resistência à tração, limite de escoamento e rigidez. Para a observação destes grãos é necessário o auxílio de um microscópio. 2. Objetivos Os objetivos dessa aula prática são: i) Compreender técnicas básicas de preparação de amostras para análise microestrutural (também conhecida como preparação metalográfica); ii) Analisar amostras em microscópio óptico de luz refletida; iii) Determinar o tamanho de grão de uma amostra policristalina. 3. Materiais • Aço carbono 1010 • Câmera acoplada ao microscópio • Computador - Programa: Belniew • Cortadora metalográfica Cut-Off marca Érios, modelo GS-80 • Desmoldante metalográfico • Embutidora metalográfica marca Arotec, modelo PRE 30Mi • Fluido de corte • Lixas de granas: 220, 320, 400 e 600. • Luvas • Microscópio óptico - Olympus bx51m • Óculos de proteção • Secador • Solução de Nital 3% 4. Procedimento experimental O experimento é realizado em duas etapas. Primeiramente ocorre a preparação das amostras do aço carbono 1010, passando por diversas etapas, e depois a realização da análise em microscópio óptico. Etapas da preparação da amostra: ● Corte Para a realização do corte foi utilizado uma cortadora metalográfica Cut-Off (Érios GS-80) que é equipada com um disco fino e um sistema de refrigeração a base de água e aditivos que evita que a amostra sofra modificações em sua estrutura por conta do calor gerado. A amostra obteve dois cortes com propósitos diferentes. O corte transversal teve como objetivo apenas diminuir as dimensões da barra de aço. Já corte longitudinal permite verificar a natureza do material. Esse processo de corte foi realizado de maneira não continua, permitindo a penetração do agente refrigerante na amostra. ● Embutimento Neste passo a amostra foi embutida em uma resina termofixa (baquelite) através de uma prensa de embutimento (AROTEC PRE30Mi). Esse procedimento tem como objetivo de acoplar a amostra nesse material para facilitar então o seu manuseio. A técnica consiste em inserir a amostra com a face de análise desejada voltada para baixo na lacuna da prensa, adicionar o baqueline, e então de submeter às condições de temperatura e pressão. ● Lixamento Esta etapa teve como finalidade a remoção de marcas e riscos resultantes do procedimento de corte. No lixamento a amostra entra em contato, de modo mais fixo possível, com 4 diferentes lixas giratórias semi- automaticas (Aropol 2V, da Arotec) até que marcas e riscos sejam eliminados. ● Polimento O polimento ocorreu de forma parecida ao lixamento, entretanto, no lugar de lixas a ação ocorreu através de um pano de feltro e adição de alumina (granulometria de 1 μm) como abrasivo para destaque do brilho e retirada de impurezas. ● Ataque químico Nesta etapa, a superfície da amostra polida é submersa em reagente Nital 3%(Álcool etílico + Ácido nítrico) por cerca de 7 segundos para realizar o ataque químico e assim ressaltar os contornos de grão da amostra. Por fim, a última etapa foi a análise em microscópio óptico de luz refletida(Olympus bx51m). A amostra foi posicionada sob a objetiva, com aumento resultante de 200x na obtenção da imagem. Desse modo, foram obtidas 5 fotomicrografias de regiões diferentes da amostra, através do programa Belniew. 5. Resultados e Imagens A seguir, estão anexadas 5 fotomicrografias de diferentes regiões da amostra Fotomicrografia 1 Fotomicrografia 2 Fotomicrografia 3 Fotomicrografia 4 Fotomicrografia 5 Todas as imagens possuem escala de 32.45 um 6. Cálculos As cinco foto micrografias obtidas foram impressas e em cada uma foi desenhado um círculo com diâmetro de 100 mm. Posteriormente contou-se o número de grãos que interceptam o círculo para a realização dos demais cálculos. O número de grãos interceptados por mm foi calculado pela equação (1): 𝑁L = (N * M)/(π * D) (1), Onde: NL - Número de intersecções por mm N - Número de intersecções com o círculo M - Aumento utilizado (no caso, foi utilizado um aumento 200x). D - Diâmetro do círculo (100 mm) Posteriormente, foi calculado o comprimento de intercepto linear pela equação (2): 𝑙 = 1/ 𝑁L (2), Onde: 𝑙 - Comprimento de intercepto linear NL - Número de intersecções por mm Após isso, foi calculado o tamanho de grão ASTM pela equação (3): 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 𝑙) + 3,288) (3), Onde: G - Tamanho de grão ASTM l - Comprimento de intercepto linear Após a obtenção do valor do tamanho de grão de cada uma das foto micrografias, obtêm-se o valor final do tamanho de grão a partir da média simples destes cinco valores e seus respectivos desvios-padrão. Para cada região foram feitos os seguintes cálculos: Região 1: 𝑁L = (N * M)/(π * D) 𝑁L = (35 * 200)/(π * 100) = 22,28169 𝑙 = 1/ 𝑁L 𝑙 = 1/ 22,28169 = 0,044880 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 𝑙) + 3,288) 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 0,044880) + 3,288) = 5,66777 Região 2: 𝑁L = (N * M)/(π * D) 𝑁L = (48 * 200)/(π * 100) = 30,55775 𝑙 = 1/ 𝑁L 𝑙 = 1/ 30,55775 = 0,03272 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 𝑙) + 3,288) 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 0,03272) + 3,288) = 6,57958 Região 3: 𝑁L = (N * M)/(π * D) 𝑁L = (44 * 200)/(π * 100) = 28,01127 𝑙 = 1/ 𝑁L 𝑙 = 1/ 28,01127 = 0,03570 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 𝑙) + 3,288) 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 0,03570) + 3,288) = 6,32808 Região 4: 𝑁L = (N * M)/(π * D) 𝑁L = (40 * 200)/(π * 100) = 25,46479 𝑙 = 1/ 𝑁L 𝑙 = 1/ 25,46479 = 0,03927 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 𝑙) + 3,288) 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 0,03927) + 3,288) = 6,05307 Região 5: 𝑁L = (N * M)/(π * D) 𝑁L = (50 * 200)/(π * 100) = 31,83099 𝑙 = 1/ 𝑁L 𝑙 = 1/ 31,83099 = 0,03142 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 𝑙) + 3,288) 𝐺 = −(6,644. (𝑙𝑜𝑔 0,03142) + 3,288) = 6,6969 As cinco fotomicrografias apresentaram valores muito próximos, desvio padrão muito pequeno o que indica uma homogeneidade do material analisado, apontando para uma boa preparação do material anteriormente a análise. Regiões em branco da fotomicrografia são grãos ferrita, enquanto os grãos escuros são outras formações cristalinasde ferro e carbono com maior concentração chamadas de perlita, em menor quantidade e tamanho (CALLISTER,2008). 7. Conclusão O bom procedimento de preparo metalográfico é de suma importância para a apropriada análise da amostra coletada. Quando realizado rigorosamente é possível coletar informações corretas sobre o produto analisado. O material analisado demonstrou-se em conformidade com o esperado, uma vez que para o Aço Carbono 1010, devido ao seu baixo teor de carbono sua estrutura cristalina deve ser composta de grãos em maioria com estrutura ferrítica derivada do composto ferritica que possui teor baixíssimo de carbono, enquanto a fase perlítica de Estrutura Cristalina Cúbica de Face Centrada que é composta de cementita e ferrita é mínima na amostra apresentada (CALLISTER,2008) O resultado do tamanho de grão condiz ao esperado, tamanho médio de grão foi de 6,26508 em uma escala da ASTM de 0 a 10, uma vez que materiais metálicos com grãos de tamanho relativamente alto, indicam propriedades mecânicas mais baixas como dureza e resistência a tração, porém maior ductibilidade sendo a finalidade desse tipo de aço (CALLISTER,2008 apud MODENESI,2011). Em comparação temos a liga de cobre e zinco, conhecido como latão que apresenta propriedades mecânicas mais altas relacionadas à resistência a corrosão, por exemplo, com tamanho de grão em torno de 5,21(FAZANO,2007). 8. Referências CALLISTER, William – Ciência e engenharia de materiais: uma introdução; ROHDE, R. A. Metalografia: Preparação de amostras – Uma abordagem prática. Laboratório de ensaios mecânicos e materiais. Universidade Regional Integrada (Campus de Santo Ângelo). Rio Grande do Sul, 2010. 30p. FAZANO, C.A.; Determinando-se o tamanho de grãos em ligas de Cobre- Zinco através de análise de imagem. Revista Analytica nº 27. 2007. Disponível em: < http://www.revistaanalytica.com.br/ed_anteriores/27/art04.pdf>. Acesso em: 16 de Julho de 2016. MODENESI, P.J.; Soldabilidade de algumas ligas metálicas. UFMG, Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. 2011. Disponível em: < http://demet.eng.ufmg.br/wp- content/uploads/2012/10/soldabilidade.pdf>. Acesso em: 16 de Julho de 2016.
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