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IESC III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período ❖ PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) → O PTS, dispositivo da Política Nacional de Humanização (PNH), surge como potente ferramenta de aprendizagem e cuidado na atenção primária à saúde (APS) que considera a historicidade e as necessidades do paciente. → Dessa forma, trata-se da transformação de um instrumento de gestão do cuidado em um modelo e assistência integral que visa à produção de autonomia, protagonismo e inclusão social do sujeito. → O PTS apresenta-se como instrumento de organização do cuidado, construído entre equipe e usuário, considerando as singularidades do sujeito e sua complexidade. → Geralmente é dedicado a situações mais complexas. Casos complexos, frequentes na APS, exigem soluções complexas e revelam a necessidade de considerar questões transversais na produção de cuidado, compreendendo um conjunto de propostas de condutas terapêuticas que exige articulação entre diferentes profissionais e utilização das reuniões de equipe para refletir sobre o caso e possíveis soluções. → O PTS foi constituído dos seguintes movimentos de cuidado: 1) Escolha do caso; 2) Visita domiciliar; 3) Diagnóstico situacional; 4) Formulação de hipóteses para intervenção; 5) Discussão dos objetivos entre a equipe; 6) Definição de metas de curto, médio e longo prazos = são negociadas com a usuária e respeita os princípios para o PTS, 7) Reavaliação do caso e resultados. → Então, O PTS desenvolve-se em quatro momentos: ➢ DIAGNÓSTICO → Avaliação e problematização de aspectos orgânicos, psicológicos e sociais que possibilita identificar risco, vulnerabilidade e potencialidade para produção de cuidado. → A equipe procura compreender como o sujeito singular, individual ou coletivo, é conduzido diante de distintas forças, como a doença, os desejos, o trabalho, a cultura e a rede social, e sintetizar um consenso operativo sobre quais os problemas relevantes do ponto de vista dos profissionais de saúde e do(s) usuário(s) em questão. ➢ DEFINIÇÃO DE METAS → Propostas construídas para curto, médio e longo prazo que serão negociadas com o sujeito doente pelo membro da equipe com quem tiver um vínculo melhor. → Ou seja, devem ser negociadas com o sujeito singular em questão, preferencialmente pelo profissional com quem possuir o melhor vínculo. ➢ DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES → As tarefas de cada envolvido, inclusive do sujeito singular em questão, devem ser bem definidas. → Deve-se identificar um profissional de referência da EFS, independentemente da formação, para exercer esse papel, favorecendo a continuidade do andamento das ações acordadas no PTS. Esse será o profissional que o sujeito procurará, caso seja necessário, ou que acionará os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) sempre que preciso. ➢ REAVALIAÇÃO → Momento para discussão da evolução e acordo de correções, se necessário. → OBJETIVO ✓ O PTS envolve um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, direcionadas a um indivíduo, família ou coletividade. Tem como objetivo traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, contando com os recursos da equipe, do território, da família e do próprio sujeito e envolve uma pactuação entre esses mesmos atores. Colhe todas as informações do paciente e tenta resolver os problemas (conjunto de propostas de condutas) dele, família ou um grupo Projeto terapêutico singular (PTS) e acolhimento na APS Diagnóstico Situacional Definição de Metas Divisão de responsabilidades Reavaliação PTS Ciclo PTS IESC III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período ❖ ACOLHIMENTO E HUMANIZAÇÃO → O que é acolhimento? Exemplo: “Cristina, que trabalha como diarista, passou a noite anterior em claro, pois Vítor, seu filho de dois anos, teve febre e estava tossindo muito. Antes de ir ao trabalho do dia, Cristina levou Vítor a um pronto-atendimento (PA), demorando 25 minutos para chegar (de ônibus). Ao chegar lá, foi avisada que não havia pediatra e orientada a procurar o posto de saúde mais próximo de sua casa. Ela achava que o posto não ia atender, pois já eram 10h da manhã e Vítor não tinha consulta marcada. Ao chegar à unidade de Saúde da Família, informando que o PA a encaminhou com o filho, disseram a ela que o acolhimento era das 7h às 9h. Raivosa, Cristina resolveu levar o filho a um pronto-socorro mais distante, perdeu o dia de trabalho, mas conseguiu atendimento”. → O acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre trabalhadores de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas (“há acolhimentos e acolhimentos"). É uma prática constitutiva das relações de cuidado. → Vejamos alguns exemplos de situações não programadas que podem ser acolhidas na atenção básica: ✓ Usuário com cefaleia ou tontura; ✓ Pessoa com ardência ou dor ao urinar; ✓ Alguém que está com insônia há uma semana; ✓ Criança com febre; ✓ Mulher com sangramento genital, entre outros. → Essas situações revelam que, apesar de ser necessário programar o acompanhamento das pessoas nas agendas dos profissionais (sob pena de a atenção básica se reduzir a um pronto-atendimento), também é fundamental que as unidades de atenção básica estejam abertas e preparadas para acolher o que não pode ser programado, as eventualidades, os imprevistos. → A seguir, uma situação vivenciada por uma usuária, na recepção de uma unidade de atenção básica: “- Joana: Bom dia, eu queria marcar uma consulta com o Dr. Antônio. - Vilma: O dia de marcação pro médico é a sexta-feira, tem que chegar cedo porque são distribuídas 20 senhas. - Joana: Mas a minha irmã acabou de marcar uma consulta pra próxima semana. - Vilma: É porque ela é hipertensa e faz parte de um programa. - Joana: Mas eu não tô me sentindo muito bem desde ontem. - Vilma: Aqui é PSF, não é urgência. Você tem que ir ao PA. - Joana: O problema é que o PA é longe, eu tô sem dinheiro, e o Dr. Antônio é muito bom. Não dá pra fazer um encaixe não? - Vilma: Já falei, ou você vai ao PA ou volta na sexta-feira logo cedo. Quem é o próximo?” → Infelizmente, o caso de Joana não é só uma ficção. Muitas pessoas já viveram e vivem, na pele, situações como a do diálogo acima, em que o trabalhador não consegue se colocar no lugar do outro que sofre, e o trata de forma burocrática. → Este é talvez um dos principais problemas vividos no SUS, a banalização do sofrimento alheio. → Isso nos permite perceber que, em processos de implantação ou reestruturação das práticas de acolhimento da demanda espontânea, é recomendável considerar diferentes sentidos relacionados ao acolhimento, entre os quais destacamos alguns: ✓ O acolhimento como mecanismo de ampliação/facilitação do acesso: o acolhimento aparece, aqui, como forma de inclusão dos usuários, na medida em que pressupõe que não apenas determinados grupos populacionais (portadores de agravos mais prevalente e/ou recortados a partir de ciclos de vida). ▪ Sendo assim, podem ser cuidados na atenção básica, por exemplo, tanto um portador de hipertensão arterial como alguém com gastrite. ▪ Além disso, a ampliação de acesso se dá, também, uma vez que contempla adequadamente tanto a agenda programada quanto a demanda espontânea, abordando-se cada uma dessas situações segundo as especificidades de suas dinâmicas e tempos. ✓ O acolhimento como postura, atitude e tecnologia de cuidado: o acolhimento pode facilitar a continuidade e redefinição dos projetos terapêuticos dos usuários, sobretudo quando eles procuram a unidade de saúde fora das consultas ou atividades agendada.▪ Como exemplo podemos pensar na atitude da equipe quando uma mulher que não leva o filho às consultas programadas de puericultura resolve levá-lo com diarreia ao serviço, num dia não previsto. IESC III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período ✓ O acolhimento como dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em equipe: a implantação de acolhimento da demanda espontânea “pede” e provoca mudanças nos modos de organização das equipes, nas relações entre os trabalhadores e nos modos de cuidar. ▪ É importante, por exemplo, que as equipes discutam e definam (mesmo que provisoriamente) o modo como os diferentes profissionais participarão do acolhimento. ▪ Quem vai receber o usuário que chega; como avaliar o risco e a vulnerabilidade desse usuário; o que fazer de imediato; quando encaminhar/agendar uma consulta médica; como organizar a agenda dos profissionais; que outras ofertas de cuidado (além da consulta) podem ser necessárias etc. → MODELAGENS DE ACOLHIMENTO ✓ Acolhimento pela equipe de referência do usuário: a principal característica é que cada usuário é acolhido pelos profissionais de suas equipes de referência, de modo que um ou mais profissionais de cada equipe realizam a primeira escuta, negociando com os usuários as ofertas mais adequadas para responder às suas necessidades. Há diversas maneiras para desenvolver essa modelagem: a) o enfermeiro de cada equipe realiza a primeira escuta, atendendo à demanda espontânea da população residente na sua área de abrangência e também os seus usuários agendados; nestas situações, o médico faz a retaguarda para os casos agudos da sua área e também atende os usuários agendados; b) mais de um profissional está simultaneamente realizando a primeira escuta dos usuários de sua área de abrangência organizando o acesso dos usuários num determinado momento, posteriormente assumindo suas demais atribuições; c) em algumas equipes, o enfermeiro realiza a primeira escuta do acolhimento até determinada hora, a partir da qual desempenha outras atribuições, passando a primeira escuta do acolhimento a ser realizada pelo técnico de enfermagem, estando o enfermeiro e o médico na retaguarda. ▪ A principal vantagem dessa modelagem é a potencialização do vínculo e responsabilização entre equipe e população adscrita, e uma das dificuldades é a conciliação com atividades da equipe fora da unidade (visita domiciliar, por exemplo), e também os atendimentos programados nos dias em que a demanda espontânea é muito alta. ✓ Equipe de acolhimento do dia: em unidades com mais de uma equipe, o enfermeiro e/ou técnico de enfermagem de determinada equipe ficam na linha de frente do acolhimento, atendendo os usuários que chegam por demanda espontânea de todas áreas/equipes da unidade. O médico da equipe do acolhimento do dia fica na retarguarda do acolhimento. ▪ A principal vantagem dessa modelagem é que as equipes que não estão “escaladas” podem realizar as atividades programadas com mais facilidade, e as desvantagens são a menor responsabilização e vínculo entre equipe e população adscrita (quando comparado com o acolhimento por equipe) e a sobrecarga da equipe que está no acolhimento do dia, sobretudo em dias de maior demanda. ✓ Acolhimento misto (equipe de referência do usuário + equipe de acolhimento do dia): em unidades com mais de uma equipe, estipula-se determinada quantidade de usuários ou horário até onde o enfermeiro de cada equipe acolhe a demanda espontânea da sua área, bem como uma quantidade de casos agudos encaminhados pelo acolhimento que o médico irá atender de pacientes de sua área durante o turno. ✓ Acolhimento coletivo: no primeiro momento do funcionamento da unidade, toda a equipe se reúne com os usuários que vieram à unidade de saúde por demanda espontânea e, nesse espaço coletivo, fazem-se escutas e conversas com eles (se necessário ou mais apropriado, essa escuta é feita num consultório). ❖ POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO (PNH) → A atenção primária representa o primeiro contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o SUS. → É por meio da atenção primaria que se levam os cuidados de saúde o mais perto possível dos lugares onde as pessoas vivem e trabalham, dando início a um continuado processo de assistência à saúde. → A humanização na saúde é um conceito construído por relacionamentos interpessoais de qualidade, questões estruturais e éticas. → A PNH foi lançada em 2002/2003, que visa colocar em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde e proporcionar mudanças no modo de gerir e de cuidar. IESC III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período → Ela parte de um olhar diferenciado em direção ao paciente, enxergando-o como um ser humano completo e que necessita de acolhimento para alcançar uma recuperação satisfatória. → Tanto na saúde pública, quanto na privada, uma das principais reclamações dos usuários é a forma como são atendidos. → A humanização na saúde propõe um atendimento mais focado no relacionamento entre os profissionais de saúde e os cidadãos. → O diagnóstico é facilitado e o médico responsável pode dar atenção ao histórico do paciente, em vez de analisar resultados apernas no momento do atendimento. → A proposta de humanizar a saúde e o atendimento é modificar a frente de atuação na medicina, que se limita ora à cura, ora à manutenção pela vida, e, também, atuar na prevenção e conscientização em prol de uma rotina mais saudável e plena. → Basicamente, podemos dizer que a humanização trata de parar e ouvir o paciente para ouvir suas dores. A correria do dia a dia dos profissionais de saúdes, muitas vezes, torna o atendimento automático e robotizado, e por isso, muito se tem falado sobre o que é humanização em saúde. → Qual a principal diretriz da PNH? ACOLHIMENTO!!! Acolher é reconhecer o que o outro traz como legitima e singular necessidade de saúde. O acolhimento é construído de forma coletiva a partir da confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviço, trabalhadores/equipe e usuário com sua rede afetiva. → Outras diretrizes: ✓ Gestão participativa e congestão: expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de análise, quanto a ampliação das tarefas da gestão. A organização e experimentação de rodas é uma importante orientação da congestão, para colocar as diferenças em contato de modo a produzir movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. ✓ Ambiência: é criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem a privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho e sejam lugares de encontro entre as pessoas. ✓ Clínica Ampliada e Compartilhada: é uma ferramenta teórica e prática, suja finalidade é contribuir uma abordagem clínica do adoecimento e do sofrimento que considere a singularidade do sujeito e complexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento da fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus respectivos danos e ineficácia. → A rede HUMANIZASUS abre espaço para o protagonismo de seus participantes possibilitando o compartilhamento de vivencias, desafios, atualidades e uma série de formas de conhecimentos produzido em humanização por meios de textos, vídeos e fotos que constroem a história da PNH.
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