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Desenvolvimento Da primeira à terceira semana de vida intrauterina o embrião apresenta uma característica bilaminar. A partir da terceira semana, na região da membrana bucofaríngea e da membrana cloacal ocorre a junção do ectoderma e do endoderma, formando uma estrutura única. Ao final da terceira semana as células do ectoderma da região central migram para o interior e formam uma terceira camada, denominada mesoderma. Depois de ocorrer essa migração para dentro ocorre a migração em sentido linear, que forma a linha primitiva (futura notocorda). A migração das células do ectoderma para o centro do embrião proporciona a sua divisão em três planos, ou seja, o embrião passa a ser trilaminar. Depois dessa etapa, na quarta semana, o embrião começa a sofrer dobramentos, que ocorrem sempre no sentido da linha média. Esses dobramentos são importantíssimos, pois formam os arcos faríngeos, que são responsáveis pela formação da cabeça e do pescoço (qualquer interferência que ocorra na quarta semana de vida intrauterina promoverá alterações na face). 4° Semana: Início da Formação da Face A face começa a se desenvolver na quarta semana. Da quarta a oitava semana é onde ocorre um processo mais intenso de histomorfodiferenciação. É nesse momento em que os órgãos começam a tomar as suas posições e as células indiferenciadas começam a se especializar. O primeiro sinal de crescimento é a expansão do prosencéfalo (indicado pela seta). Por se tratar de um momento de intensa diferenciação, é importante lembrar que fatores ambientais, como o consumo de drogas lícitas ou ilícitas, podem alterar o desenvolvimento da face. Na imagem à direita é possível visualizar o formato em C do embrião, que decorre do seu dobramento em direção à linha média. Além disso, se observa o aumento do prosencéfalo e a origem dos arcos faríngeos. É a partir desse momento em que o embrião começa a tomar a forma de um ser humano. No 27° dia ocorre a perfuração das membranas bucofaríngea e cloacal. Esse espaço primitivo na região da membrana cloacal e bucofaríngea dá origem ao aparelho digestivo. Período de Organização da Face A face tem um maior desenvolvimento da 4° a 8° semana, em decorrência do intenso processo de histomorfodiferenciação. No entanto, até à décima segunda semana a face cresce em volume. A sua formação se inicia com a 4° semana VIU e, consequentemente, é nesse momento em que se foram os arcos branquiais. Até o final da sexta semana é possível observar a presença de 4 arcos faríngeos ou branquiais, mas no total existem 6. Isso ocorre porque o quinto e o sexto arcos rapidamente involuem, não possuindo um papel significativo na formação da face. Vale ressaltar que os arcos faríngeos são separados por sulcos. Crescimento e Desenvolvimento Craniofacial Pré-Natal No momento em que se obtém o corte de uma lâmina histológica, cada par de arco irá apresentar uma artéria e uma veia, além de ter a sua própria inervação e o seu componente muscular. É por conta disso que, durante a anestesia da mandíbula ou maxila, ocorre o bloqueio de diferentes nervos numa mesma região (na boca), visto que arcos distintos dão origem às estruturas da cavidade oral. O primeiro par de arcos faríngeos é chamado de arco mandibular. Esse arco é formado pelas proeminências/processos maxilares, que, quando se fusionam, formam a maxila, o zigomático e o vômer. Além disso, esse arco é formado também pelas proeminências dos processos mandibulares que, ao se fusionarem, originam a mandíbula e a parte escamosa do osso temporal. Dessa forma, o primeiro par de arcos faríngeos é formado pelos processos maxilares e mandibulares. O segundo par de arcos faríngeos é chamado de arco hióideo e dá origem ao osso hioide. Já o terceiro e quarto par de arcos faríngeos contribuem na formação do pescoço, além de que o terceiro contribui na formação da base da língua. Desenvolvimento da Face Para melhor compreender o desenvolvimento da face, a imagem a seguir traz o feto visto frontalmente. Com isso, observa-se um processo frontonasal (verde), duas proeminências maxilares (amarelo) e duas proeminências mandibulares (azul). As estruturas em azul e amarelo, como dito anteriormente, fazem parte do mesmo par de arcos faríngeos: o arco mandibular. Ao analisar o embrião lateralmente, também é possível visualizar o processo frontonasal, além do primeiro e o segundo arcos faríngeos. O estomodeu, também chamado de boca primitiva, surge ao redor desses cincos processos. É interessante observar como essa organização é sugestiva para a forma como se observa as estruturas da face após o nascimento, onde o processo frontonasal dá origem à região da testa, os processos maxilares se posicionam acima do estomodeu e os processos mandibulares se posicionam abaixo dele, originando, respectivamente, a maxila e a mandíbula. No vigésimo oitavo dia se observa a proeminência frontonasal e, mais à frente, se observa os placóides olfatórios. Os olhos ainda se encontram posicionados lateralmente, antes de ocorrer o giro em 90 graus. No desenho esquemático a seguir é possível observar as vesículas ópiticas posicionadas lateralmente, enquanto que na frente se observa o nariz primário, ou seja, o placóide olfatório, que é dividido em processo nasal lateral e processo nasal medial. Ao centro desses processos nasais medias se observa a fosseta nasal (processo frontonasal). Em roxo e mais ao centro se observa o estomodeu (que era a membrana bucofaríngea). Ao redor dele se observa as eminências/processos maxilares e mandibulares. Durante a formação da face é preciso que os processos se fusionem. Caso contrário, ocorre a formação de fendas. A partir da união dos processos ocorre a formação de estruturas da face. A fusão do processo frontonasal com os processos nasais mediais dos dois lados gera a porção medial do nariz, a porção anterior da maxila e do palato (palato primário – até a região da papila incisiva). A fusão dos processos maxilares com os processos nasais mediais gera o lábio superior. A fusão dos processos maxilares gera a maxila, o palato secundário, a região superior das bochechas e o lábio superior. Os processos nasais laterais originam as asas do nariz (continuam fusionados aos processos nasais mediais). A fusão dos processos mandibulares origina a mandíbula, o lábio inferior, o mento e a região inferior das bochechas. A fusão completa dos processos ocorre por volta da 38° semana de gestação. A partir disso a face começa a crescer em volume. No tocante a correlações clínicas, observa-se que as malformações da face têm origem no primeiro arco braquial. Além disso, quando os processos não se fusionam ocorre a formação das fendas. Fendas Orofaciais As fendas palatinas e labiais decorrem da falta de fusão entre os processos faciais que formam o lábio e o palato e são divididas didaticamente, segundo o professor Spina, em: Pré-forame; Trans-forame; Pós-forame; Raras da face (acrescentadas pelo professor Tessier). As fendas orofaciais podem envolver só o lábio; lábio e início de rebordo; lábio, rebordo e palato duro; lábio, rebordo e palato duro e mole; não envolver o lábio, estando restrita apenas ao palato; envolver só a úvula. As fendas labiais bilaterais geralmente possuem uma estética mais impactante, o que torna necessário realizar a primeira interferência cirúrgica ainda no hospital. As fissuras pós- forame se localizam atrás do forame incisivo, o que faz com que a estética facial esteja ok, escondendo as suas presenças. Elas são classificadas em completas, quando atingem o palato duro, e incompletas, quando restritas somente ao palato mole (melhor prognóstico, bastando apenas suturar). As fendas transforame são aquelas que se originam na região anteriorda face e atingem a região após o forame incisivo, podendo ser uni ou bilateral. As fendas oblíquas da face, que foram adicionadas pelo professor Tessier, englobam outras regiões, como o nariz (falta de fusão do processo frontonasal com o nasal medial) e as comissuras labiais (sorriso do coringa, decorrente da falta de fusão dos processos maxilares e mandibulares. Resumindo Resumindo, na 4° semana de VIU ocorre o início do desenvolvimento da face. Mais para frente, por volta da sexta semana, a face se apresenta plana e larga, tendo as fossetas nasais em posição lateral. Nesse período, bem próximo à 7° semana, ocorre o movimento do maxilar para frente e o giro dos olhos e bochechas em 90°. Por fim, por volta da 7° semana a face se encontra com aspecto humano reconhecível, ocorre a diferenciação do nariz e o aumento da mandíbula. Palatogênese Entre a 7° e a 8° semana de VIU é preciso formar o palato secundário, o que ocorre em forma de prateleiras abertas, precisando acontecer o giro dessas prateleiras para que o palato se feche e se obtenha a sutura palatina ao centro. Em decorrência da grande altura da língua, o palato inicialmente apresenta uma comunicação entre a boca e a cavidade nasal. Na imagem anterior e nas imagens a seguir, a região inferior mais rósea/alaranjada representa a língua. Acima dela se observa o septo nasal e uma abertura, que decorre da altura em que a língua está posicionada, impedindo o giro das prateleiras (palato secundário). Por volta do final da sétima semana e início da oitava a língua finaliza a sua formação e toma uma posição mais baixa, ocupando o assoalho da boca. Nesse momento, as prateleiras ganham espaço para realizar o giro e fechar o palato secundário. O palato primário é a região que se encontra anterior à fossa incisiva e é originado da fusão dos processos nasais mediais. Já o palato secundário é constituído pelas “prateleiras” dos processos maxilares e é responsável por formar o palato duro e o mole. Resumindo O processo maxilar forma duas prateleiras que chamamos de lâminas palatinas ou processos palatinos. Quando a língua entra em movimento ela desce e acaba empurrando os processos palatinos para se fusionarem entre si e com o septo nasal. A palatogênese acaba quando termina a fusão da úvula e a fusão das prateleiras entre si e com o septo nasal. Após o giro do palato, por volta da décima semana, a cabeça se eleva e o pescoço torna-se reconhecível. Esse processo de posicionamento da cabeça acima do pescoço se inicia quando ocorre o giro do palato e o assentamento da língua no assoalho da boca. Nessa etapa a face não é mais pressionada pela cavidade torácica. Desenvolvimento da Língua O desenvolvimento da língua acontece por conta das duas saliências linguais e do tubérculo ímpar. As saliências linguais crescem em direção ao meio (tubérculo ímpar) e vão formando a região anterior da língua. A fusão desses processos na região lateral com a cópula forma o terço médio da língua, enquanto que a região posterior origina a parte faríngea da língua. Dessa forma, a língua possui diferentes origens embriológicas e, por consequência, a referência de inervação vai de acordo com cada arco branquial. A região anterior da língua é referente ao primeiro arco faríngeo; a região do meio é referente ao secundo arco; a região da cópula é referente ao terceiro arco; a região final é referente ao quarto arco. No tocante a correlações clínicas, observa-se que durante o crescimento da língua, podem ocorrer anormalidades que afetam o seu tamanho: Anquiloglossia – Língua presa; Macroglossia – Língua grande; Língua bífida. Estruturas de Suporte Desenvolvimento do Crânio As estruturas de suporte são divididas entre calota craniana, base e face. A calota craniana possui uma ossificação intramembranosa, enquanto que a base do crânio possui uma ossificação endocondral. Desenvolvimento da Maxila A maxila desenvolve-se por meio de um centro de ossificação no processo maxilar do 1° arco branquial e participa da formação do palato e do zigoma. A parede alveolar medial desenvolve-se da junção do processo palatino e do corpo da maxila, formando um canal em que se alojam os germes dentários superiores posteriores. Desenvolvimento da Mandíbula Ocorre por meio de uma ossificação intramembranosa, exceto no côndilo e na sínfise. Em torno da oitava semana a maxila sobrepassa a mandíbula e por volta da 11° semana a maxila e a mandíbula ficam aproximadamente do mesmo tamanho. Ao nascimento, entretanto, a mandíbula é retrognata. No tocante a correlações clínicas, observa-se que o crescimento do côndilo e as modificações que ocorrem na maxila e na base do crânio são responsáveis pelas reações maxilomandibulares que podem, dessa maneira, ser dos tipos: retrognatia, ortognatia e prognatia.
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