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U1_U6_Intro_Hist_EdFisica_book

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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul 
do Estado do Espírito Santo, com unidades em 
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova 
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, 
destacando-se pela oferta de cursos de 
graduação, técnico, pós-graduação e 
extensão, com qualidade nas quatro áreas 
do conhecimento: Agrárias, Exatas, 
Humanas e Saúde, sempre primando pela 
qualidade de seu ensino e pela formação 
de profissionais com consciência cidadã 
para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto 
grupo de Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu-
ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis-
taram notas 4 e 5, que são consideradas 
conceitos de excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo e 
entre as 50 melhores do país.
 
MISSÃO
Formar profissionais com consciência 
cidadã para o mercado de trabalho, com elevado 
padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil-
idade, segurança e modernidade, visando à satis-
fação dos clientes e colaboradores.
 
VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
da nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
R E I TO R
GRUPO
MULTIVIX
R E I
2 MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
3MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)
Nome e sobrenome do professor.
Nome da Disciplina / Sobrenome, Nome do professor -. - 
Multivix, 2020.
Catalogação: Biblioteca Central Multivix 
 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 
4 MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LISTA DE FIGURAS
 Figura 1: Pintura pré-histórica encontrada na Argélia 12
 Figura 2: Conquista da postura bípede 13
 Figura 3: Perspectiva integrada do desenvolvimento humano 14
 Figura 4: Representação de luta greco-romana 16
 Figura 5: Soldado espartano 19
 Figura 6: Guerreiro grego 21
 Figura 7: Coliseu romano 23
 Figura 8: Estátua de um corredor olímpico do período clássico 24
 Figura 9: Confronto entre dois cavaleiros 26
 Figura 1: Corpo e ciência 30
 Figura 2: Integração entre corpo e pensamento 31
 Figura 3: Relação entre Ciência e Educação Física 32
 Figura 4: Interseções entre a Ciência e a Filosofia no movimento 32
 Figura 5: Relação entre movimento e a área médica 34
 Figura 6: Militares conduziam treinamentos físicos para civis 35
 Figura 7: Imagem: Modelo anatomofisiológicos 36
 Figura 8: Novos olhares para Educação Física 37
 Figura 9: Esporte com regras passa a ocupar o lugar dos passatempos 39
 Figura 10: Urbanização crescente 40
 Figura 11: Função social da esportivização 41
 Figura 12: Educação Física e pedagogia 42
 Figura 13: Educação Física escolar 44
 Figura 14: Educação Física e múltiplos saberes 45
 Figura 15: Ginástica Científica Europeia 47
 Figura 16: Jogos olímpicos surgem de uma proposta de paz e 
de união dos povos 49
 Figura 1: Esgrima 54
 Figura 2: Equipe feminina de Remo nos anos 1940 55
 Figura 3: Atleta de alto nível 56
 Figura 4: Atletas de Natação no ano de 1936 57
 Figura 5: Exército Imperial Brasileiro 58
5MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
 Figura 6: Dança do folclore brasileiro - Lundu 60
 Figura 7: Rui Barbosa 61
 Figura 8: Turma de professores civis formados na Escola 
de Educação Física do Exercito 63
 Figura 9: Desembarque de Pedro Alvarez Cabral 64
 Figura 10: Capoeira 65
 Figura 11: Luiz Pereira de Couto Ferraz, o Barão do Bom Retiro 66
 Figura 1: Atividades intelectuais eram consideradas 
mais importantes do que as físicas 74
 Figura 2: Inclusão de atividades físicas nos 
currículos escolares oficiais 75
 Figura 3: Alunos passam a ter aulas de Educação Física 
como conteúdo formal 76
 Figura 4: Valorização de aspectos anatômicos e fisiológicos 78
 Figura 5: Biologicismo e saúde 79
 Figura 6: Influência médica na Educação Física 80
 Figura 7: Elementos fundamentais da Educação Física 
na tendência higienista 81
 Figura 8: Educação Física e nacionalismo 82
 Figura 9: Abordagem militarista na Educação Física 83
 Figura 10: Conteúdos relacionados à prática de Educação 
Física na abordagem militarista 84
 Figura 11: Inclusão das mulheres para garantir boa gestação 84
 Figura 12: Os esportes, como o futebol, desviavam a atenção 
dos debates políticos 85
 Figura 13: Estrutura das práticas na tendência esportivista 86
 Figura 14: Abordagem recreacionista 88
 Figura 15: Na abordagem recreacionista, os alunos 
decidem o que querem fazer 89
 Figura 1: Psicomotricidade 94
 Figura 2: Reeducação psicomotora 96
 Figura 3: Exemplo de atividade ligada à psicomotricidade 97
 Figura 4: Educação Física na abordagem desenvolvimentista 99
6 MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
 Figura 5: Formação das aulas de Educação Física na 
abordagem desenvolvimentista 100
 Figura 6: Estrutura da abordagem construtivista 101
 Figura 7: Educação Física com uso de elementos lúdicos 102
 Figura 8: A abordagem crítico-superadora e a abordagem crítico-
emancipatória pressupõem processos reflexivos atrelados às práticas 104
 Figura 9: Prática de exercícios como promotoras de saúde e bem-estar 107
 Figura 10: Estrutura da saúde renovada 107
 Figura 11: Os Referenciais e Parâmetros Curriculares Nacionais (RCNs e 
PCNs) fornecem subsídios para as práticas educativas em todo o país 109
 Figura 12: Ensino Médio também tem diretrizes nacionais 110
 Figura 1: Sancionado 114
 Figura 2: Lei 9.969 no Diário oficial da União 116
 Figura 3: Corpo humano 118
 Figura 4: Métodos ginásticos 118
 Figura 5: Maria Lenk, no centro, com o presidente Getúlio Vargas 119
 Figura 6: Vida profissional 124
 Figura 7: Atividade recreativa 126
 Figura 8: Esporte adaptado 127
 Figura 9: Arbitragem 128
7MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO
1 ORIGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA À IDADE 
MÉDIA 11
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 11
1.1	 O	MOVIMENTO	HUMANO	NA	PRÉ-HISTÓRIA	E	NOS	POVOS	
ANCESTRAIS 11
1.2 TRADIÇÕES DE MOVIMENTO DOS POVOS ASIÁTICOS 15
1.3 GRÉCIA ANTIGA: MILITARISMO ESPARTANO E A FORMAÇÃO 
INTEGRAL HUMANA ATENIENSE 17
1.4 O LUDUS ROMANO: CIRCO, ESPORTES E LUTAS 21
1.5 CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO NA 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA 24
1.6 EDUCAÇÃO FÍSICA NA IDADE MÉDIA: JOGOS PÚBLICOS, 
INFLUÊNCIAS DA CAVALARIA, OS TORNEIOS E AS JUSTAS 25
CONCLUSÃO 26
2	 IDADE	MODERNA:	BASES	SÓCIO-HISTÓRICAS	DA	EDUCAÇÃO	FÍSICA	 29
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 29
2.1 CONCEPÇÕES DE CORPO: INTERFACES DA EDUCAÇÃO 
FÍSICA COM A FILOSOFIA E A CIÊNCIA 29
2.2 HIGIENISMO 33
2.3 EUGENISMO 38
2.4	 RENASCIMENTO	E	AS	BASES	PEDAGÓGICAS	DA	 
EDUCAÇÃO FÍSICA ATUAL 42
2.5 MÉTODOS GINÁSTICOS EUROPEUS 46
2.6 OS JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA 48
CONCLUSÃO 50
3 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL 53
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 53
3.1	 O	QUE	É	ESTUDAR	HISTÓRIA	DA	EDUCAÇÃO	FÍSICA?	 53
3.2	 UMA	HISTÓRIA	OU	VÁRIAS	HISTÓRIAS?	 57
3.3	 OS	PIONEIROS	NOS	ESTUDOS	DA	HISTÓRIA	DA	EDUCAÇÃO	 
FÍSICA NO BRASIL: RUI BARBOSA E FERNANDO DE AZEVEDO 61
3.4	 EDUCAÇÃO	FÍSICA	NO	BRASIL	COLÔNIA	(1500-1822)	 63
3.5	 EDUCAÇÃO	FÍSICA	NO	BRASIL	IMPÉRIO	(1822	A	1889)	 66
3.6	 EDUCAÇÃO	FÍSICA	NO	BRASIL	REPÚBLICA	(1890	A	1946)	 67
CONCLUSÃO 71
1UNIDADE
3UNIDADE
2UNIDADE
8 MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/20174 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 73
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 73
4.1 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISCIPLINA ESCOLAR: 
REFORMAS COUTO FERRAZ E RUI BARBOSA 73
4.2	 ABORDAGENS	BIOLÓGICAS	DA	EDUCAÇÃO	FÍSICA	 77
4.3 MEDICALIZAÇÃO E HIGIENISMO 80
4.4 ABORDAGEM MILITARISTA 83
4.5 ABORDAGEM ESPORTIVISTA 85
4.6 ABORDAGEM RECREACIONISTA 88
CONCLUSÃO 91
5 TENDÊNCIAS RENOVADORAS PARA O ENSINO DA 
EDUCAÇÃO FÍSICA 93
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 93
5.1 PSICOMOTRICIDADE 93
5.2 ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA 99
5.3	 ABORDAGEM	CONSTRUTIVISTA/INTERACIONISTA	 101
5.4	 ABORDAGEM	CRÍTICO-SUPERADORA	E	A	ABORDAGEM	 
CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA	 103
5.5 SAÚDE RENOVADA 106
5.6 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E BASE 
NACIONAL COMUM CURRICULAR 108
CONCLUSÃO 111
6	 EDUCAÇÃO	FÍSICA:	PROFISSÃO	E	FORMAÇÃO	ACADÊMICO-
PROFISSIONAL 113
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 113
6.1 REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL 113
6.2 CARACTERIZAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DA 
EDUCAÇÃO FÍSICA 117
6.3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL: LICENCIATURA E BACHARELADO 120
6.4 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS 
SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS 123
6.5 CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 125
6.6 ÉTICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL 129
CONCLUSÃO 133
REFERÊNCIAS 134
4UNIDADE
6UNIDADE
5UNIDADE
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
ICONOGRAFIA
UNIDADE 1
> reconhecer a 
Educação Física 
como um campo de 
saber multicultural 
formado a partir de 
influências plurais;
> identificar 
fundamentos 
filosóficos e 
epistemológicos da 
Educação Física;
> utilizar a história 
da Educação Física 
como elemento de 
compreensão do 
presente.
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
você seja capaz 
de:
10 MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
11MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
1 ORIGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: 
DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA À 
IDADE MÉDIA
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Quando refletimos sobre as origens da Educação Física e buscamos (re)cons-
truir a sua história, somos levados a um passado fascinante, mas que é, tam-
bém, bastante remoto, sobre o qual não temos certezas e que somente conse-
-guimos conhecer por meio de informações fragmentadas e de correntes de 
interpre-tação que podem ser, até mesmo, opostas.
Nos dias atuais, podemos compreender a Educação Física de várias maneiras. 
Conforme Darido e Rangel (2011, p. 25) afirmam,
a Educação Física pode ser compreendida de três maneiras diferentes: co-
mo um componente do currículo das escolas, como uma profissão caracte-
rizada por uma prática pedagógica no interior das escolas ou fora delas, e 
como uma área em que são realizados estudos científicos.
Mas, se contrastarmos as concepções atuais de Educação Física com as práti-
cas corporais de tempos remotos, deduziremos, rapidamente, que nenhuma 
das definições apresentadas por Darido e Rangel será adequada para definir as 
práticas de movimento dos povos e das sociedades de outrora.
Sendo assim, pensaremos, aqui, a Educação Física em termos de cultura cor-
poral de movimento. Ao mesmo tempo, enfatizaremos que conhecer necessi-
dades e possibilidades de movimento existentes em um passado distante nos 
ajudará a explicar o mundo de movimento que temos hoje.
1.1 O MOVIMENTO HUMANO NA PRÉ-HISTÓRIA 
E NOS POVOS ANCESTRAIS
No contexto da cultura corporal de movimento, os estudiosos da área afirmam, 
repetidamente, que a Educação Física é tão antiga quanto o próprio ser hu-
mano. De acordo com Antunes (2012), chamamos de Pré-História um período 
12
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
da trajetória da humanidade que data de aproximadamente 4000 a.C. em 
que não havia escrita. Por isso, todas as informações que recuperamos desse 
tempo chegam até nós por meio de registros não escritos, como os achados 
arqueológicos sob a forma de resquícios de armas, de utensílios, de pinturas, 
de desenhos.
FIGURA 1: PINTURA PRÉ-HISTÓRICA ENCONTRADA NA ARGÉLIA
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Na Pré-História, foi identificado o aparecimento do gênero Homo, ao qual per-
tencemos. De todas as espécies vivas naquela época, os integrantes do gênero 
Homo eram os únicos seres que possuíam polegar. Essa característica anatô-
mica pode ter lhes dado uma vantagem, visto que, ao contrário dos demais 
seres, eram capazes de arremessar e de lançar objetos (OLIVEIRA, 2017).
Naquele período, o modo de vida e as necessidades de sobrevivência das mu-
lheres e dos homens os obrigavam a realizar uma ampla gama de movimentos 
naturais. No início da vida humana na terra, toda a sobrevivência dependia do 
movimento. O alimento era obtido da coleta e da caça, o que determinava um 
modo de vida nômade. Os trajetos em busca de provisões eram realizados, en-
tão, sem auxílio de animais e de veículos.
13MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Em um tempo em que não existiam nem animais domesticados nem máqui-
nas para apoiar a realização das tarefas cotidianas; e em que algumas ferra-
mentas e implementos rudimentares eram desenvolvidos muito lentamente, 
a vida pedia que os seres humanos corressem, saltassem, lançassem e realizas-
sem toda a sorte de movimentos para caçar, para pescar, para coletar e para 
protegerem-se de predadores. 
Durante a Pré-História, ocorreram transformações importantes nas possibilida-
des de movimento humano, as quais marcaram a nossa espécie e, também, a 
nossa história. Alguns autores, como Antunes (2012), argumentam que a con-
quista da postura bípede foi um dos marcos mais importantes para o desen-
volvimento do movimento humano.
FIGURA 2: CONQUISTA DA POSTURA BÍPEDE
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Conforme expõe Fonseca (2019), para os nossos ancestrais hominídeos, o do-
mínio da postura vertical bípede permitiu a liberação das mãos para outros 
usos que não o apoio do corpo, ao passo que o desenvolvimento da coordena-
ção motora fina resultou em diversas consequências morfofuncionais e cogni-
tivas. A pesquisa realizada pelo autor é extensa, e, para que você possa conhe-
cê-la em linhas gerais, apresentamos o infográfico a seguir.
14
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FIGURA 3: PERSPECTIVA INTEGRADA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
HOMINIZAÇÃO 
DO CORPO
HOMINIZAÇÃO 
DO ESPÍRITO
HOMINIZAÇÃO 
SOMÁTICA
REDUÇÃO E 
CONTINUIDADE 
DA DENTADURA
ALTERAÇÕES 
CRANIANAS
CEFALIZAÇÃOPOSTURA 
BÍPEDE
• PÉ DE SUSTENTAÇÃO
• LIBERTAÇÃO DA MÃO
• ALARGAMENTO DA BACIA
• ACHATAMENTO DO TORAX
• MODIFICAÇÕES ESQUELÉTICAS 
DOS MEMBROS
• EXPANSÃO FRONTO-PARIETO-
CEREBRAL
• PROGNATISMO DESVANECE-SE
• DOMÍNIO DA NUTRIÇÃO
• CORTICALIZAÇÃO
• HIPERTROFIA CEREBRAL
• EXPANSÃO DAS ÁREAS 
ASSOCIATIVAS
• REFLEXÃO DA AÇÃO
• REPRESENTAÇÃO SENSORIAL 
DO REAL
• PENSAMENTO SEQUENCIAL 
E LÓGICO
• GENERALIZAÇÃO
• HERANÇA SOCIAL
• APRENDIZAGEM
• FABRICAÇÃO
• TRABALHO
Da ação à consciência
Do biológico ao social
LINGUAGEM 
ARTICULADA
LIBERTAÇÃO DA MÃO 
PARA O TRABALHO
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
HOMINIZAÇÃO 
CULTURAL
Fonte: Adaptada de Fonseca (2019, p. 86).
15MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Existem muitas hipóteses acerca da passagem da postura quadrúpede para a 
bípede, das suas causas e das suas consequências. Mas, independentemente 
de qual teoria seja a correta, esse foi um fato determinante para que o de-
senvolvimento da motricidade humana tenha atingido o estágio em que se 
encontrahoje.
Além disso, com as mudanças cognitivas que se deram paralelamente à evo-
lução motora, a linguagem e a cultura se desenvolveram. Com elas, surgiram 
as formas de movimento criadas, conservadas e compartilhadas, como as dan-
ças, as lutas e os jogos, e, também, as formas pré-esportivas de movimento.
Conforme Oliveira (2017), as danças lúdicas ou ritualísticas eram atividades am-
plamente praticadas pelos povos pré-históricos desde 60.000 a.C., no período 
Paleolítico superior.
1.2 TRADIÇÕES DE MOVIMENTO DOS POVOS 
ASIÁTICOS
Com o desenvolvimento da cognição e da linguagem, a humanidade sai da 
pré-história e desenvolve outro estilo de vida. O desenvolvimento da agricultu-
ra faz com que o nomadismo diminua, e os grupamentos humanos começam 
a se fixar à terra e a dar importância à defesa e à conquista de territórios consi-
derados ricos e estratégicos.
As culturas se desenvolvem, e, com elas, também surgiram diversas lingua-
gens de movimento bem definidas que estão relacionadas a grupos que ha-
bitam territórios geograficamente próximos. Isso possibilita que falemos de 
práticas de movimento características de povos e de lugares específicos, como 
o Oriente:
[e]ntre os povos primitivos existem alguns poucos que conseguem atingir 
um estágio civilizatório. Estes pioneiros, surgidos há 6 000 anos e cujo 
número andou em torno de vinte, ainda mantiveram muitas características 
dos primitivos. Sua cultura, porém, evoluíra o suficiente para que se 
considerasse iniciado um novo período da História: a Antiguidade Oriental 
(...) Nesse novo contexto, os exercícios físicos continuam merecendo 
o mesmo destaque alcançado na pré-história. (...) Podemos arriscar 
uma classificação onde identificaríamos finalidades de ordem guerreira, 
terapêutica, esportiva e educacional, aparecendo sempre à religião como 
pano de fundo. OLIVEIRA, 2017, p. 9-10).
16
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
A História Antiga é fascinante, mas a das práticas de movimento é relativamente 
difícil de ser recuperada com precisão, pois é um trabalho realizado com regis-
tros fragmentados e, às vezes, contraditórios. Talvez você encontre essa informa-
ção com data diferente, mas há registros, de cerca de 2000 a.C., de que os chi-
neses já adotavam práticas sistemáticas de 
movimento, como o Kung Fu, descrito 
como uma ginástica de orientação médi-
co-terapêutica que proporcionava desen-
volvimento espiritual (OLIVEIRA, 2017).
Conforme estabelece Ramos (1983), se 
considerarmos a perspectiva histórica da 
Educação Física, as civilizações orientais 
ofereceram contribuições ricas para as 
ocidentais. Segundo esse autor, luta livre, 
boxe, esgrima com bastão, natação e remo 
eram atividades praticadas pelos egípcios. 
Algumas delas, como a luta livre, que se 
transformou em luta greco-romana, fo-
ram, depois, modificadas pelos romanos.
FIGURA 4: REPRESENTAÇÃO DE LUTA GRECO-ROMANA
Fonte: PixaBay (2015).
Os Chineses se destacaram 
entre as culturas orientais 
antigas: além de treinarem 
Kung fu e outras artes 
marciais, eram, também, 
exímios caçadores, lutadores, 
nadadores, praticantes de 
esgrima e de hipismo.
17MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Ramos (1983) também nos ensina que vários povos orientais, como os assírios e 
os babilônios, precisavam ter boa aptidão física, por conta dos desafios da vida 
diária; e que, por isso, praticavam as atividades físicas classificadas pelo autor 
de “utilitárias”. O mesmo acontecia com o povo hitita, que era reconhecido por 
sua habilidade como cavaleiro e pelas indicações de treinamento que deixa-
ram registradas em um manual.
Muitas das atividades físicas desenvolvidas pelas civilizações orientais estavam 
ligadas a aspectos importantes da vida social, como os princípios morais, as 
práticas rituais, as crenças espirituais e a preparação para a guerra.
Na Idade Antiga, a sobrevivência continuava bastante dependente de ativida-
des associadas a práticas motoras. Ramos (1983, p.18) apresenta reproduções 
de poesias chinesas que descrevem um jogo chamado tsuchu, bastante seme-
lhante ao futebol atual:
Redonda é a bola, quadrado, o campo.
Igual a imagem da Terra e o do Céu.
A pelota passa por nós com a Lua,
Quando duas equipes se encontram 
Foram nomeados os capitães, que dirigem o jogo(...)
Ainda assim, a vida na Antiguidade permitiu o aumento de espaços de tem-
po ociosos, possibilitando que surgisse uma orientação mais esportiva para as 
práticas corporais, de modo que atividades utilitárias, guerreiras ou ritualísticas 
fossem se transformando ou cedendo espaço para práticas orientadas à cria-
ção e à manutenção de ordens sociais e morais OLIVEIRA, 2017).
Segundo Oliveira (2017), a Índia foi o berço da ioga, outra importante prática 
ginástica relacionada ao desenvolvimento espiritual. Nas práticas de movimen-
to documentadas no Oriente antigo, também se destacaram as de orientação 
guerreira, com destaque para as criadas pelos egípcios, que eram seguidos de 
perto pelos sumérios, pelos caldeus, pelos babilônios e pelos assírios.
1.3 GRÉCIA ANTIGA: MILITARISMO ESPARTANO E 
A FORMAÇÃO INTEGRAL HUMANA ATENIENSE
Os gregos são os precursores da civilização ocidental, e as atividades físicas 
foram importantes na sua afirmação como cultura dominante. Na antiga Gré-
cia, as atividades físicas tinham papel importante nas práticas pedagógicas e, 
também, nos momentos de celebração.
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A civilização grega pode ser considerada o berço da Educação Física como a 
conhecemos hoje. Podemos até dizer que as concepções de Educação des-
sa cultura marcaram toda a Educação ocidental (NUNES, 2009). De cultura 
guerreira, os gregos tinham por hábito celebrar com jogos. Entre esses jogos, 
estavam os Olímpicos e outros que ocorriam durante o intervalo entre uma 
olimpíada e outra, como os ístmicos, os píticos, os nemeus e os fúnebres. (TU-
BINO, 1987)
Jogos fúnebres são algo muito distante da 
nossa realidade. Para que você não fique 
sem referência, temos o exemplo registrado 
pelo poeta Homero, que men-ciona os jogos 
fúnebres’‘ que Aquiles mandou celebrar em 
homenagem ao amigo Pátroclo, assassinado por 
Heitor. Os jogos englobavam oito provas: corrida 
de car-ros, pugilato, luta, corrida a pé, combate 
armado, arremesso de bola de ferro, arco e flecha 
e arremesso de lança. (DE OLIVEIRA, 2017)
Os Jogos Olímpicos, que foram resgatados na era Moderna e seguem sendo 
disputados até os dias atuais, eram uma celebração que acontecia a cada qua-
tro anos na cidade de Olímpia.
Os Jogos Olímpicos foram celebrados ao 
longo de doze séculos (entre 884 a.C. e 394 
d.C.) e entraram em declínio depois que a 
Grécia foi conquistada por Roma. Nessa 
época, eram abertos apenas aos homens.
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
As Olimpíadas podem ser consideradas 
o primeiro evento esportivo de grande 
impacto social, porque, durante a sua 
realização, estabelecia-se uma trégua nas 
guerras da Grécia, gerando um efeito de 
unificação do Império.
Durante o período em que a civilização grega foi próspera, sucederam-se al-
guns períodos históricos. Esse processo começou em 800 a.C. e foi marcado 
pela organização de cidades-estados independentes, dentre as quais se desta-
caram as oponentes Esparta e Atenas.
Esparta foi uma cidade bastante desenvolvida. Contudo, sua orientação políti-
ca se opunha ao humanismo grego. Os espartanos eram dedicados ao Estado 
e submissos à vontade de seus governantes; e acreditavam que todos deviam 
servir ao exército, deixando as atividades culturais em segundo plano.
FIGURA 5: SOLDADO ESPARTANOFonte: Plataforma Deduca (2020).
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As mulheres espartanas se diferenciavam das outras gregas. Eram mais fortes e 
podiam participar das atividades físicas, o que era totalmente impensável em 
outras cidades, como Athenas. Essa orientação estava fundamentada na cren-
ça de que os futuros guerreiros de Esparta só poderiam ser fortes se fossem 
nascidos de pai e de mãe igualmente fortes.
A disciplina e o estilo de vida dos espartanos 
os favoreciam no sentido de vencer a maioria 
das provas dos jogos Olímpicos. Na prova de 
corrida de velocidade, dos trinta e seis campeões 
conhecidos, vinte e um têm origem espartana 
(OLIVEIRA, 2017).
Você sabia que os gregos desenvolveram uma concepção educacional pró-
pria? Conheça-a a seguir.
A chamada de paideia era aplicada à educação 
dos meninos das famílias que gozavam de 
privilégios sociais e econômicos. 
De acordo com os princípios da paideia, 
os meninos aprendiam lutas corporais, 
equitação, natação, lutas, exercícios 
militares; e treinavam para os Jogos Olím-
picos (NUNES, 2009).
Na cidade de Atenas, o atletismo e a ginástica tinham lugares destacados, mas 
se voltavam mais à cultura do que à guerra. As atividades físicas eram valoriza-
das como indispensáveis à formação integral dos cidadãos, tanto que Solón, 
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
legislador grego, acreditava que "[a]s crianças devem, antes de tudo, aprender 
a nadar e a ler” (BRANDÃO, 1989).
FIGURA 6: GUERREIRO GREGO
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Os Atenienses contavam com locais específicos para a prática de atividades 
físicas, principalmente a ginástica, chamados de ginásios, de palestras e de 
estádios. Eram dirigidos por profissionais que ganhavam grande respeito da 
comunidade, como o ginasiarca, que dirigia os estádios, e o pedótriba, um 
profissional que atuava de modo semelhante ao professor de Educação Física 
(MARINHO, 1983).
1.4 O LUDUS ROMANO: CIRCO, ESPORTES E 
LUTAS
Os romanos não eram idealistas como os gregos. Suas práticas físicas eram 
marcadas pelo caráter utilitarista (OLIVEIRA, 2017). Desse modo, as práticas 
corporais não eram parte fundamental da formação moral ou física, mas eram 
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consideradas práticas complementares. Ainda assim, as práticas corporais 
ocupavam lugar na vida em sociedade e na educação dos jovens.
Houve um tempo em que os jovens romanos 
se reuniam no Campo de Marte para praticar 
atividades esportivas com a finalidade de se 
prepararem para as bata-lhas em que Roma 
pretendia expandir seu território.
As atividades praticadas no Campo de Marte 
eram equitação, corridas de velocidade e 
de resistência, natação, pugilato, luta, arco 
e flecha e esgrima, entre outras. 
Essas práticas eram fundamentadas na ideia do ludus romano, que estava 
muito mais orientado ao jogo e à prática do que aos resultados em competi-
ções. Em termos de instalações em que os ludi ocorriam, os romanos tinham 
os circos, os anfiteatros e as termas
Os circos surgiram, primeiramente, com a finalidade de abrigar corridas de 
carro, corridas a pé e lutas; e podiam reunir uma grande quantidade de pesso-
as. A capacidade do circo Máximo, por exemplo, beirava as 400 000 pessoas 
(OLIVEIRA, 2017).
As ruínas do Coliseu romano são, popularmente, 
conhecidas por pessoas de todo o mundo. 
Trata-se de uma instalação do tipo anfiteatro 
que foi destinada à prática de atividades 
físicas e que comportava até 100.000 pessoas 
(OLIVEIRA, 2017).
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
FIGURA 7: COLISEU ROMANO
Fonte: PixaBay (2013).
No período imperial da história romana (iniciado em 27 a.C.), o espírito do ludus 
se perdeu, e as atividades eram espetacularizadas. 
O uso político e a espetacularização do esporte, 
que ficou muito marcada nesse período da 
história romana, ocorre até os dias atuais. Para 
compreender como a política de “pão e circo” 
foi se atualizando e está presente até os dias de 
hoje, clique sobre os artigos e leia-os.
• “A história do uso político do esporte”;
• “Políticas públicas de esporte e lazer & 
políticas públicas educacionais: promoção 
da educação física dentro e fora da escola ou 
dois pesos e duas me-didas?”
Os governos praticavam o “pão e circo” para manter a população distraída, cor-
data e ocupada. Os eventos eram violentos e envolviam sacrifícios de pessoas 
e de animais.
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/566/590
“Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic
“Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic
“Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic
“Políticas públicas de esporte e lazer & políticas públicas educacionais: promoção da educação físic
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1.5 CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO NA 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
O período entre 500 a.C. e 338 a.C. é um momento da história grega em que os 
filósofos ocidentais começam a se destacar. Na época clássica, observaremos 
o surgimento de uma pedagogia sistematizada e apoiada em fundamentos 
racionais. Com a ascensão da Filosofia, as atividades físicas perdem um pouco 
de destaque, mas a ginástica continua ocupando um papel importante.
A paideia grega estava baseada em um ideal educativo chamado arete, que 
considerava uma relação integrada entre corpo e alma, visando ao desenvolvi-
mento de virtudes morais.
Com o tempo, esses princípios dão lugar, progressivamente, ao pensamento, 
que privilegia as qualidades intelectuais, em detrimento das físicas e das es-
téticas. Após o período helênico, a Grécia perde o seu poder no Ocidente, que 
passa a ser dominado por Roma.
A paideia grega foi um modo de pensar 
abrangente e complexo que fundou a formação 
dos cidadãos, da cultura e da sociedade grega 
por um longo período de tempo. É considerada 
um dos principais fundamentos da Educação 
Física; por isso, recomendamos que você acesse 
cada um dos artigos a seguir e aprofunde seus 
estudos acerca da paideia:
• “O pedotriba e a educação física antiga”
• “Desporto, paideia e não dualidade”;
• Educare (Tê): o desporto como expressão de 
valores”.
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/download/8635557/3350
https://www.redalyc.org/pdf/1153/115319264012.pdf
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/10096/7766
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/10096/7766
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FIGURA 8: ESTÁTUA DE UM CORREDOR OLÍMPICO DO PERÍODO CLÁSSICO
Fonte: PixaBay (2020).
Os exercícios físicos que os gregos praticavam 
eram bem próximos dos movimentos naturais 
– como correr, saltar e lançar – e do que 
hoje conhecemos por atletismo. Ginástica 
significava, inclusive, a arte de exercitar o corpo 
nu, e a prática de atividades físicas costumava 
acontecer em estado de nudez.
1.6 EDUCAÇÃO FÍSICA NA IDADE MÉDIA: JOGOS 
PÚBLICOS, INFLUÊNCIAS DA CAVALARIA, OS 
TORNEIOS E AS JUSTAS
No ano de 393 d. C, o imperador Teodósio I proíbe os Jogos Olímpicos, com 
o objetivo de inibir as celebrações consideradas pagãs. Dois anos depois, divi-
de o Império Romano em um ato que marca o início da Idade Média. Nesse 
período de ascensão e de supremacia da Igreja Católica, as práticas corporais 
perdemespaço para as coisas da alma e do espirito.
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Mesmo assim, algumas práticas corporais seguem sendo necessárias à vi-da. 
Uma delas é a preparação dos cavaleiros que lutarão nas várias batalhas que 
aconteciam. Essa preparação envolvia a prática de xadrez, de equitação, de es-
gri-ma, de caça, de tiro de lança e de arco e flecha. As habilidades dos cavalei-
ros eram exibidas em combates simulados, chamados de torneios, e nas justas.
FIGURA 9: CONFRONTO ENTRE DOIS CAVALEIROS
Fonte: Freepik (2020). 
A época medieval marcou uma mudança importante em relação à prática de 
atividades físicas. Em lugar dos esportes individuais praticados no atletismo 
greco-romano, as práticas coletivas ganharam espaço, principalmente os jogos 
com bola.
CONCLUSÃO
Os estudos desta unidade tiveram o propósito de apresentar a Educação Física 
como um campo de saber que vem se constituindo há muito tempo na inter-
face de múltiplas influências biológicas, culturais e sociais.
A partir dos conteúdos apresentados e das reflexões propostas, acreditamos 
que você é capaz de identificar aspectos históricos que deram base à cons-
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tituição da Educação Física como a conhecemos hoje; e de reconhecer a ori-
gem histórica de práticas pedagógicas e de eventos importantes, como são 
os Jogos Olímpicos.
Para que isso fosse possível, trouxemos alguns conhecimentos fragmentados 
de fatos que se deram em períodos remotos da história. Com as informações 
apresentadas, esperamos que tenha sido possível compreender que, no início 
da trajetória da espécie humana na terra, as demandas de sobrevivência, por si 
só, já eram um intenso programa de atividade. Porém, à medida que os modos 
de vida se modificam, a vida permite espaço para o ócio e para o sedentarismo, 
e novas formas de movimentar-se, também influenciadas pelo contexto sócio-
-histórico, surgem.
A partir dessas afirmações, você é, agora, capaz de reconhecer alguns proces-
sos por meio dos quais as práticas corporais se transformaram de movimentos 
naturais, caracterizados pela necessidade de luta pela sobrevivência, em práti-
cas corporais ligadas a questões religiosas e sociais – como os cultos ritualísticos 
e o culto à beleza – e, ainda, às finalidades guerreiras, educacionais e esportivas.
ANOTAÇÕES
UNIDADE 2
> analisar 
transformações 
sócio-históricas da 
Educação Física na 
Modernidade;
> relacionar a 
Educação Física à 
industrialização 
e à urbanização 
das civilizações 
ocidentais;
> compreender as 
bases filosóficas da 
Educação Física na 
Idade Moderna;
> reconhecer a 
Educação Física 
como um campo de 
saber de influência 
multidisciplinar..
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
você seja capaz 
de:
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
2	 IDADE	MODERNA:	BASES	SÓCIO-
HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Em nossa segunda unidade da disciplina “Introdução e História da Educação 
Física”, estudaremos as bases sócio-históricas e filosóficas da Educação Física, 
compreendendo quais acontecimentos modernos interferiram nos pressupos-
tos da formação do campo de saberes estudados.
Conheceremos a relação entre os processos de industrialização e de urbaniza-
ção e a educação do corpo, reconhecendo-a como um campo multirreferen-
ciado e multidisciplinar.
Desejamos a você bons estudos e que os conteúdos aqui estudados tragam 
importantes reflexões para sua formação.
2.1 CONCEPÇÕES DE CORPO: INTERFACES 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A FILOSOFIA E A 
CIÊNCIA
A Educação Física, com o formato que conhecemos hoje, passou por muitos 
significados ao longo da história, surgindo pela necessidade de um homem 
mais forte, mais ágil, mais empreendedor. Relacionou-se aos cuidados do cor-
po, passando a ter um caráter higiênico, como banhar-se, escovar os dentes, 
lavar as mãos. Na perspectiva militar, teve como característica o preparo físico 
para tornar o indivíduo mais apto, aparecendo nas escolas vinculadas a esse 
rigor com as ginásticas e com a calistenia.
Calistenia: sistema de ginástica sueca que 
associa música ao ritmo dos exercícios, 
desenvolvidos à mão livre, usando o próprio 
corpo e pequenos acessórios (pesos, caneleiras 
etc.) para fins corretivos, fisiológicos e 
pedagógicos.
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FIGURA 1: CORPO E CIÊNCIA
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
É sabida a relação entre a Educação Física e a produção cultural na socieda-
de, especialmente no tocante aos conhecimentos e às tradições de jogos, de 
ginástica e de esportes. É preciso perceber a importância de se ressignificar 
o olhar e o espaço da Educação Física, por muito tempo vista apenas em sua 
esfera prática – ou seja, com ênfase na dimensão procedimental, capacitando 
a saber fazer.
As esferas conceituais e atitudinais dos conteúdos formam de maneira integral 
e, portanto, devem ser incluídas nos programas, compondo o espaço com a 
prática e com a esfera procedimental dos conteúdos, contextualizando-os.
Assim, ao nos dedicarmos a compreender um pouco melhor as relações entre 
a Educação Física, a Filosofia e a Ciência, pontuando aproximações, percebe-
mos que olhar para motricidade humana, de forma estrutural e articulada, 
faz-nos perceber que existe uma cadeia de significados para a cultura e para a 
educação.
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FIGURA 2: INTEGRAÇÃO ENTRE CORPO E PENSAMENTO
 
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
A partir dos anos 1980, conceitos científicos passaram a nortear, de forma mais 
expandida, os conteúdos da Educação Física, que passou a aprofundar estudos 
sobre habilidades e sobre capacidades físicas, direcionando as práticas e repre-
sentando um importante salto de qualidade na área.
Outro aspecto de suma importância para o entendimento disso é o fato de a 
relação entre teoria e prática, na Educação Física, não se limitar às questões físi-
cas e técnico-cientificas. Ao contrário, temos uma importante fundamentação 
sobre o corpo e sobre seus desdobramentos na Filosofia, na Antropologia, na 
Sociologia, na Psicologia, entres outras áreas correlatas.
A Ciência passou a figurar nas bases dos conceitos diretamente relacionados à 
Educação Física, conforme podemos observar no esquema a seguir
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FIGURA 3: RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO FÍSICA
Biomecânica
Fisiologia
Aprendizagem 
motora
Bases 
científicas da 
Educação 
Física
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Assim, temos a interdisciplinaridade como ponto de partida para os estudos 
sobre concepções do corpo e sobre possíveis relações e interfaces. Ao pen-
sarmos na prática de atividades físicas, temos o movimento em si e, com ele, 
múltiplas possibilidades de análise pela Ciência. Ao mesmo tempo, temos a 
interpretação do movimento, que ocorre a partir do sentido que lhe for atribu-
ído, gerando múltiplos sentidos e fundamentando a prática conceitualmente. 
Vejamos o funcionamento dessa estrutura.
FIGURA 4: INTERSEÇÕES ENTRE A CIÊNCIA E A FILOSOFIA NO MOVIMENTO
corpo
sensação
pensamento movimento
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIADA EDUCAÇÃO FÍSICA
Dessa forma, vemos, claramente, a intersecção entre Ciência e Filosofia nos es-
tudos sobre motricidade. O corpo e o movimento se constituem como espaço 
de construção de sentidos e de identidade; como campo de construções e 
de entendimentos filosóficos e sociológicos; e como algo que pode ser visto e 
analisado fisiológica e anatomicamente:
[a] escola, o processo pedagógico, a formação da consciência sobre o corpo, 
a motricidade como expressão de si mesmo ainda é o templo da sustentação 
de um princípio legítimo da formação ser humano. Ali, repousa as interações 
de mais precisão no contexto da prática na sua total relevância. Na escola, 
vivencia espaços e tempos singulares, realiza-se, produz-se, transformam-
se realidades. Juntam-se grupos sociais na mescla categorizadas de 
elementos corporais e motores cujo significado exige a interação de si com 
si mesmo, com o outro e com o mundo. (FENSTERSEIFER et a.l, 2007, p. 25).
A Educação Física nos parece ser capaz de unir os campos de saberes, encon-
trando pontos de diálogo entre a ação física e o entendimento dessa ação, 
criando sentidos e significados, uma vez que, justamente na reflexão filosófica, 
aproximamos teoria e prática.
2.2 HIGIENISMO
Para entendermos as noções higienistas atreladas à Educação Física, reme-
teremos às influências militares e médicas. Perceberemos relações estreitas 
entre os conceitos deste tópico e do próximo, uma vez que as noções de higie-
nismo e de eugenia aparecem atreladas e vinculadas, tanto na teoria quanto 
na estruturação e na proposição das práticas.
No estudo sobre o corpo e sobre o movimento, temos o ideário higienista co-
locado em ação por duas vias: a médica e a militar. Vamos às definições.
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FIGURA 5: RELAÇÃO ENTRE MOVIMENTO E A ÁREA MÉDICA
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
1. Higienismo 
considera a doença um fenômeno social e parte da ideia de controle 
dos corpos para manutenção da vida e da saúde.
2. Influência militar 
indica a ginástica como forma de sistematização dos conhecimentos 
práticos. Acreditava que, por meio da ginástica e do treinamento, o 
corpo poderia ser condicionado e controlado.
3. Influência médica 
pesquisas que preconizam a Educação Física como forma de 
melhoramento da saúde e de promoção do controle do corpo, de suas 
funções e de emoções. Pensava-se, ainda, que o modelo colaboraria 
com o controle de instintos destrutivos e sexuais, inclusive no tocante a 
vícios.
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Na Educação, podemos observar a ginástica na grade curricular de escolas ci-
vis, dada por militares, com a finalidade de cumprir os ideais apontados, com-
pondo o campo da cultura física no Brasil.
FIGURA 6: MILITARES CONDUZIAM TREINAMENTOS FÍSICOS PARA CIVIS
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Um marco nesse processo é Arthur Higgins, 
que passa a praticar atividades físicas por 
recomendação médica, como tratamento 
complementar para o reestabelecimento de 
um quadro de tuberculose aos 23 anos. Tal 
fato ocorreu no final do século XIX e se envolve 
com a área, passando a ser treinador de 
ginástica e escrevendo uma importante obra de 
concepção higienista na área da Educação Física, 
denominada de Compêndio de Ginástica Escolar.
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As interferências da área militar na educação do corpo permanecem ativas 
por longos anos, até, aproximadamente, a terceira década do século XX, com a 
formação profissional dos instrutores de ginástica. Após essa data, os métodos 
militares adotados, de origem predominantemente alemã, são substituídos 
por métodos franceses.
Tais métodos franceses, também focados na ginástica, por sua vez, consoli-
dam-se a partir de estudos médicos e biomédicos, mantendo caracteres higie-
nistas, que intencionam explicitar os benefícios das práticas físicas por meio de 
modelos anatomofisiológicos.
FIGURA 7: IMAGEM: MODELO ANATOMOFISIOLÓGICOS
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
O higienismo, juntamente ao pensamento eugênico, consolida-se a partir de 
um desejo da burguesia de melhoramento e de supremacia da raça branca.
“Afirmava ser necessário [...] restringir a proliferação de infra-homens, de 
semi-alienados e de dementes, pela higiene do corpo e do espírito [...] (além 
de) fazer com que as pessoas fortes, equilibradas, inteligentes e bonitas, 
tenham um maior número de filhos, para que o número médio destas 
pessoas [...] se eleve progressivamente”. (SOARES apud MAGALHÃES, 
2005, p. 93).
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Na área da Educação, podemos observar alguns defensores das práticas físicas 
pautadas nos treinamentos militares. Segundo Magalhães (2005), Fernando 
de Azevedo foi um dos que enviou professores para serem formados nos cur-
sos do Exército.
Até o início da década de 1940, ainda temos médicos e militares responsáveis 
pelo plano formativo dos profissionais que atuam na Educação Física, sendo 
seus professores apenas executores de um plano prescrito, sem fundamenta-
ção pedagógica.
Mudanças são observadas no curso da década de 1970, quando as disciplinas 
pedagógicas passam a compor a grade curricular das licenciaturas em Educa-
ção Física, marcando novos olhares e formatos e promovendo o protagonismo 
do professor dessa disciplina.
FIGURA 8: NOVOS OLHARES PARA EDUCAÇÃO FÍSICA
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
O fim do governo militar marca, definitivamente, uma nova perspectiva, rom-
pendo o paradigma higienista e inaugurando uma visão mais crítica e criativa 
na área da Educação Física, em que o movimento é entendido de forma múl-
tipla, capaz de contribuir com a formação para a cidadania.
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Para compreender melhor as relações entre os 
ideais eugenistas e higienistas, sugerimos que 
acesse este link e leia o artigo “Higienismo e 
eugenia: discursos que não envelhecem”.
2.3 EUGENISMO
Você sabe o que é eugenismo? Acreditamos que sim, mas iniciaremos este 
tópico com a definição do termo.
O eugenismo é o movimento que defende a eugenia, que acredita ser possí-
vel “melhorar” a população por meio do controle social e da seleção genética 
das pessoas. Parte da noção de seleção natural darwinista, entendendo que os 
mais fortes devem prevalecer e que os mais fracos devem ser eliminados.
O higienismo, tema do tópico anterior, é um dos principais mecanismos uti-
lizados pelos eugenistas, que passam a ganhar espaço de forma acentuada, 
com o crescimento da industrialização e da urbanização. Ao olharmos para o 
corpo e para o movimento, vemos a necessidade de ordenação e de controle, 
que podemos observar com a passagem do passatempo à esportivização, que 
conheceremos agora.
O esporte ou desporto foi, durante muito tempo, o termo utilizado para fazer 
referência a uma grande variedade de passatempos e de divertimentos, sem 
maiores critérios. Com o tempo, o desporto passou a ser utilizado para tipos de 
recreação, sendo que o desempenho físico e as regras para manter a disputa 
ocupavam boa parte do tempo livre, especialmente na Inglaterra e em todos 
os lugares para onde foram importados seus modelos de produção industrial.
A industrialização influenciava o modo de vida das pessoas, e não seria dife-
rente com as atividades de lazer, que, como vimos no tópico anterior, passam 
a assumir funções especificas no início do século XIX.
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-418250
39MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
FIGURA 9: ESPORTE COM REGRAS PASSA A OCUPAR O LUGAR DOS PASSATEMPOS
 
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Na Antiguidade Clássica, a expressão que se 
utilizava para significar o que se entende, hoje, 
como lazer era o otium (ócio). A Grécia considerava 
o trabalho pejorativo; em contrapartida, a 
contemplação era bastante valorizada. A partir 
da dominação romana, os valores mudaram. As 
guerras são um exemplo disso: o tempo de não 
trabalho (otium) não concorria com o tempo de 
trabalho (nec-otium, que originou nossa palavra 
“negócio”). Muito pelo contrário, o Império 
Romano entendia essas duas esferas como 
interrelacionadas.
40
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FIGURA 10: URBANIZAÇÃO CRESCENTE
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Para conseguirmos realizar uma análise da história do desporto e da transição 
dos passatempos para os esportes, é necessário compreender como aconte-
ceu o desenvolvimento da sociedade em aspectos globais, considerando di-
mensões sociais, políticas, econômicas e culturais.
O transcurso do século XVIII na Inglaterra é marcado pela busca de soluções 
não violentas para os conflitos, por meio de regras aceitas por todos, mediadas 
pelo Estado, de modo que grupos rivais deixassem de guerrear e encontras-
sem outras maneiras de expressão, de representação e de reivindicação.
Assim, percebemos que o processo de civilização e de desenvolvimento da es-
trutura político-social inglesa do final do século XVIII tem estreita relação com 
o movimento eugenista, que atua, também, por meio da desportivização dos 
passatempos.
Na medida em que os confrontos passam a ter características dos desportos, 
afastam-se dos confrontos violentos; e as disputas passam a ser mais comple-
xas, estando mais na esfera do jogo do que da violência. Se, antes, observáva-
mos atividades livres e de cunho recreativo, passamos a práticas com carac-
41MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
terísticas do desporto moderno, com regras escritas, com medidas punitivas, 
com fiscalizadores das normas e com aplicadores das punições intrajogo. As 
principais características do esporte moderno são
• igualdade de chances entre os jogadores;
• acontecimento em espaços próprios, como campos, estádios, velódromos, 
pistas, ginásios, entre outros;
• tempo regrado;
• calendário próprio;
• código de regras e práticas potencialmente universais;
• diminuição do nível de violência aceitável.
FIGURA 11: FUNÇÃO SOCIAL DA ESPORTIVIZAÇÃO
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Com tais características, vemos que o esporte começa a ter um corpo próprio, 
com características que tendem a superar especificidades locais, noções de 
ética e a busca pelo prazer no jogo.
42
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
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Para conhecer um pouco da história da 
esportivização dos passatempos no Brasil, leia o 
livro O esporte na cidade, de Ricardo de Figueiredo 
Lucena, publicado, em 2001, pela Editora Autores 
Associados..
2.4 RENASCIMENTO E AS BASES PEDAGÓGICAS 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ATUAL
Como vimos nos tópicos anteriores, o fim do governo militar foi muito impor-
tante para que a Educação Física tivesse o formato que conhecemos hoje. Com 
a expansão das pesquisas na área, observamos mais autonomia e protagonis-
mo dos profissionais, que, inclusive, passam a articular seus saberes com outras 
áreas, especialmente da Educação.
FIGURA 12: EDUCAÇÃO FÍSICA E PEDAGOGIA
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
43MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Nessa aproximação, as práticas pedagógicas em Educação Física começam a 
flertar com ideais contra-hegemônicos, com importantes críticas ao tecnicis-
mo, ao modelo biomédico, à hegemonia do esporte e à docilização dos corpos. 
(MAGALHÃES, 2005).
Assim, a Educação Física passa, aos poucos, a ser vista como prática social, po-
dendo estar manifesta em formatos e em categorias, de acordo com as seguin-
tes concepções.
1. Educação Física convencional
ainda com forte influência dos ideais eugenistas, faz parte da 
pedagogia tradicional, que valoriza o intelecto em detrimento do corpo. 
Essa dicotomia faz com que o trabalho com o corpo ocorra de maneira 
fragmentada, educando o físico com especial relevância de aspectos 
anátomos-fisiológicos ou motores.
2. Educação Física modernizadora
concebe a educação por meio do corpo físico, e não do treinamento 
do corpo físico. Além do biológico, preocupa-se com o psicológico, 
enfocando a educação no âmbito individual. Essa abordagem ainda é 
adotada por boa parte dos profissionais da área, já que apresenta uma 
visão mais abrangente em relação ao processo educativo e à realidade.
3. Educação Física revolucionária
concepção mais ampla, percebe o indivíduo em todas as suas 
dimensões, além das suas relações com o outro e com o mundo. O 
corpo é entendido de maneira integrada, sendo o homem, e não parte 
dele. Para os adeptos desse enfoque, os educadores são os verdadeiros 
agentes transformadores e renovadores da sociedade.
44
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
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FIGURA 13: EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Podemos observar esse olhar mais abrangente e renovado expresso na Lei do 
Desporto Brasileiro, publicada em 1993:
[...] capítulo III: Da conceituação e das finalidades do Desporto Art. 3º O 
desporto como atividade predominantemente física e intelectual pode ser 
reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:
I – desporto educacional, através dos sistemas de ensino e 
formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a 
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o 
desenvolvimento integral e a formação para a cidadania e o lazer;
II - desporto de participação, e modo voluntário, compreendendo as 
modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para 
a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da 
saúde e da educação e na preservação do meio ambiente;
III - desporto de rendimento, praticado segundo as normas internacionais, 
com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do 
País e estas com outras nações. (BRASIL, 1993, p. 6)
O esporte de rendimento não é responsabilidade da instituição escolar, que 
deve, sim, representar espaço de ensino e de expressão das múltiplas possi-
bilidades da cultura corporal, possibilitando a formação integral do sujeito. 
Portanto, a Educação Física é considerada a prática que melhor dá conta de 
45MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ensinar aos indivíduos elementos da cultura corporal do movimento – ou seja, 
norteá-los quanto àquilo que os compõe, que os antecede e que os atravessa: 
aquilo que os faz humanos.
FIGURA 14: EDUCAÇÃO FÍSICA E MÚLTIPLOS SABERES
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Essa cultura corporal do movimento é composta por um conjunto diversifi-
cado de saberes que norteia o sujeito quanto à realidade em que está inseri-
do para, posteriormente, ampliá-la, capacitando-o a desempenhar um papel 
transformador na sociedade.
É importante ressaltar a importância de se superar a Educação Física com prá-
ticas que se restrinjam à prática de esportes tradicionais, os quais se limitam ao 
saber fazer já citado, não fornecendo ao sujeito repertório da cultura corporal 
do movimento.
46
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MULTIVIXEAD
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Clique aqui e aprofunde seus conhecimentos 
sobre o conteúdo com o material disponibilizado 
pelo Governo Federal, com o qual podemos 
conhecer mais sobre as bases e sobre os 
pressupostos do esporte e da Educação Física 
no Brasil.
2.5 MÉTODOS GINÁSTICOS EUROPEUS
O Movimento Ginástico Europeu surge como resposta do Estado ao fascínio 
da população pelos artistas e pelas apresentações de rua. Considerados sub-
versivos e perigosos, os artistas circenses, acrobatas, estrangeiros, entre outros 
marginalizados, encantavam e movimentavam a cena com apresentações 
consideradas imorais e perigosas pelos governantes europeus, em meados do 
século XIX.
 “Nos meios urbanos, são diferentes manifestações 
lúdicas de caráter popular realizadas com base 
nas atividades circenses que se impõem [...]. 
Suas apresentações aproveitavam dias de festas, 
feiras, mantendo uma tradição de representar 
e de apresentar-se nos lugares onde houvesse 
concentração de pessoas do povo. Artistas, 
estrangeiros, errantes. Situados no limite da 
marginalidade fascinavam as pessoas fincadas 
em vidas metrificadas e fixas. Eram ao mesmo 
tempo elementos de barbárie e de civilização 
nos lugares por onde passavam”. (SOARES, 
2002, p. 24, 25).
Assim, o poder público cria, com intenção moralizadora, o movimento siste-
matizado de ginástica, também influenciado pela crescente industrialização e 
com ideal higienista. Veja como se dava seu funcionamento.
http://www.esporte.gov.br/arquivos/sndel/esporteLazer/cedes/livrocedesufjf.pdf
47MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
FIGURA 15: GINÁSTICA CIENTÍFICA EUROPEIA
moral
método
ordem disciplinaGinástica científica
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
A ginástica científica era pautada em métodos criados por médicos e por mi-
litares; e valorizava hábitos saudáveis e a prática de atividades físicas regulares, 
escondendo um projeto patriótico que visava a regular comportamentos e a 
docilizar corpos. Conheceremos, agora, as três principais escolas: a alemã, a 
sueca e a francesa.
1. Escola Alemã: 
pautada em preceitos nacionalistas, a ginástica é vista como preparação 
para guerra. Utiliza métodos essencialmente biológicos e militares; e 
indica prática diária, promovida pelo Estado, para todos os cidadãos. É 
organizada para alcançar objetivos físicos e morais.
2. Escola Sueca: 
a ginástica sueca nasce com o grande propósito de eliminar os vícios 
da sociedade, regenerando a população. De caráter não militar, tem 
prerrogativas sociais e pedagógicas, assegurando força, beleza e saúde 
aos praticantes. É conhecida como calistenia.
48
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
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3. Escola Francesa: 
baseada na proposta alemã, uniu, aos ideais militares, morais e 
patrióticos, preocupações com o desenvolvimento social. Intencionava 
a formação do homem em sua totalidade, desenvolvendo habilidades 
como força, destreza, agilidade e resistência.
Ao conhecermos as características das escolas de ginástica europeias, pode-
mos perceber que, guardadas suas peculiaridades, os métodos se relacionam 
e exercem influência uns sobre os outros, tendo, como pressuposto, o conteú-
do anatomofisiológico. Junto a esse “núcleo” biológico, temos, ainda, os conte-
údos moralizantes e a valorização da disciplina, da obediência, a formação de 
hábitos, entre outras características similares.
Além dessas escolas, temos outras, porém menos 
voltadas ao desenvolvimento da ginástica e que 
não obtiveram tanto destaque. Para conhecer 
com mais profundidade, acesse este link e leia 
o artigo “Século XIX e o Movimento Ginástico 
Europeu: o processo de sistematização da 
ginástica”, de autoria de Aline Menezes Dodô e 
de Lorena Nabanete dos Reis.
2.6 OS JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA
Após a interrupção dos Jogos Olímpicos em 392, temos, em 6 de abril de 1896, 
a inauguração dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. A primeira edição se deu 
em Atenas, na Grécia, promovida pelo francês Barão de Coubertin, que ficou 
conhecido como pai da Olimpíada Moderna. Com a intenção de utilizar o es-
porte como estratégia de propagação da paz e da união dos povos, o Barão 
dizia que “o importante é competir”, frase que ficou bastante conhecida por 
todo o mundo.
https://www.efdeportes.com/efd190/seculo-xix-e-o-movimento-ginastico-europeu.htm
49MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
FIGURA 16: JOGOS OLÍMPICOS SURGEM DE UMA PROPOSTA DE PAZ E DE UNIÃO DOS 
POVOS
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Em junho do mesmo ano, foi fundado o Comitê Olímpico Internacional, com-
posto, na época, por representantes de quinze países, em atividade até os dias 
de hoje.
A forma de abertura dos Jogos Olímpicos também é um elemento que se 
mantém, até hoje, de acordo com a estrutura proposta pelo Rei George 1º da 
Grécia, que disse "Declaro abertos os primeiros Jogos Olímpicos em Atenas", 
frase que se tornou marca registrada para todas as cerimônias de abertura se-
guintes.
As provas dessa edição foram atletismo, ciclismo, luta, esgrima, ginástica, hal-
terofilismo, natação e tênis. Disputaram 285 atletas do gênero masculino, de 
13 países diferentes.
Inspirados nos Jogos Olímpicos criados na Grécia em 2500 a.C., guardou o 
nome da cidade de origem, Olímpia, na Grécia antiga, quando os jogos acon-
teciam em homenagem a Zeus.
50
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Ainda que o Barão tenha criado os jogos como forma de união dos povos, assis-
timos, hoje, à espetacularização acentuada das Olimpíadas, que representam, 
atualmente, grandes gastos e um evento tão midiático quanto esportivo.
Para saber mais sobre os Jogos Olímpicos da Era 
Moderna, acesse este link e leia o artigo “Jogos 
Olímpicos da Era Moderna: uma proposta de 
periodização”, de Katia Rubio..
CONCLUSÃO
Nesta unidade de aprendizagem, seguimos com nossos estudos da disciplina 
“Introdução e História da Educação Física”, momento dedicado ao estudo da 
Idade Moderna, que representam as bases sócio-históricas da Educação Física 
como a conhecemos hoje. Aprendemos sobre as interfaces entre a Ciência e 
a Filosofia na concepção da Educação Física, de modo que entendemos que 
um movimento pode (e deve) ser visto para além de seus caracteres biológicos, 
uma vez que traz em si sentido e significado.
Conhecemos os movimentos eugenistas e higienistas, que influenciaram, de 
maneira acentuada, o campo do movimento e da educação do corpo durante 
o processo de crescimento da industrialização, especialmente por meio da gi-
nástica prescrita por médicos e por militares.
Por fim, conhecemos as escolas europeias de ginástica, suas origens e suas ca-
racterísticas, entendendo o quanto seus pressupostos influenciam os trabalhos 
do mundo todo, inclusive os brasileiros.
Esperamos ter contribuído para seu percurso formativo. Até a próxima!
https://www.scielo.br/pdf/rbefe/v24n1/v24n1a06.pdf
51MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ANOTAÇÕES
UNIDADE 3
> Conhecer os 
processos sócio-
históricos da 
Educação Física no 
Brasil.
> Compreender as 
raízes europeias 
da Educação Física 
brasileira.
> Reconhecer a 
Educação Física 
como prática de 
intervenção social; e a 
história da Educação 
Física como um 
campo de múltiplas 
possibilidades.
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
você seja capaz 
de:
52 MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
53MULTIVIX EADCredenciadapela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
3 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A Educação Física é uma prática social e, portanto, constrói-se no contexto 
histórico-cultural em que está inserida. Não existe por si só, mas toma forma 
na disputa e nas tensões entre as exigências e a condições da vida cotidiana, 
os momentos políticos, as questões de saúde pública e outros aspectos da vida 
em sociedade que se relacionem ao movimento humano.
Nesta unidade, estudaremos alguns aspectos associados à construção da Edu-
cação Física escolar brasileira, com a finalidade de que você aprenda os as-
pectos constitutivos da sua futura área de atuação profissional e compreenda 
como essas origens, que remontam há vários séculos, influenciam no momen-
to atual da disciplina.
Vamos juntos?
3.1 O QUE É ESTUDAR HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
FÍSICA?
Podemos iniciar este tópico e seu conteúdo com outras perguntas. É mesmo 
necessário estudar a história da Educação Física durante a formação inicial? 
Qual é a aplicabilidade desses conteúdos na atuação profissional? (MELO, 1997).
A resposta para esses questionamentos passa pela compreensão da função da 
formação inicial para a atuação profissional, que se dá durante a graduação. 
Entende-se que a função da formação inicial é prover conhecimentos técnicos 
aplicáveis, mas, também, proporcionar uma sólida formação teórica.
O conhecimento teórico é fundamental para que 
o futuro profissional possa interpretar o presente 
e desenvolver autonomia para construir e para 
reconstruir sua ação profissional, conforme novas 
demandas e novas conjunturas sociais surjam e 
se modifiquem.
54
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
O conhecimento da História é um dos que proporciona compreensão da re-
alidade social. Devemos ter em conta que a realidade social se altera com o 
passar do tempo. Então, o que aprendemos hoje como passível de aplicação 
imediata pode ficar rapidamente obsoleto, como já ficaram práticas de movi-
mento que adotávamos no passado.
FIGURA 1: ESGRIMA
Fonte: Correio da Manhã (1936).
A perspectiva histórica nos dá possibilidades de olhar para trás e de seguir 
para o futuro. Conhecer a história da Educação Física nos dá a vantagem de 
não partir do zero para atuar na área. Isso quer dizer que, por meio da teoria, 
já conhecemos as relações em sociedade e no esporte que se deram ao longo 
dos tempos.
Uma imagem pode promover tanto um 
aprendizado quanto um conjunto de palavras 
bem articulado. Algumas situações são mais 
bem compreendidas pela imagem do que por 
uma descrição. Acesse este link e navegue pela 
galeria de fotos “Esportes”, do Arquivo Nacional, 
para desenvolver seus conhecimentos sobre a 
história da Educação Física no Brasil.
55MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Esse conhecimento nos tornará mais capazes de realizar análises e escolhas 
profissionais acertadas. O passado nos ajuda a avaliar o que funcionou bem e o 
que poderia ter sido feito de modo diferente; e a manter o que consideramos 
positivo, buscando melhorar os pontos que precisam ser aperfeiçoados.
FIGURA 2: EQUIPE FEMININA DE REMO NOS ANOS 1940
Fonte: Correio da Manhã (1940).
Se soubermos que trabalhar a Educação Física escolar com foco na perfor-
mance esportiva se distancia dos objetivos educacionais da atualidade, não 
seguiremos com essa abordagem, certo? A performance esportiva depende 
de características biológicas que poucos possuem e é focada em desempenho, 
em ranqueamento. É uma necessidade do contexto do esporte de rendimen-
to, e sua adoção, como tendência pedagógica, teve a consequência de excluir 
muitos alunos, provocando frustração e desinteresse por desenvolver um estilo 
de vida ativo.
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FIGURA 3: ATLETA DE ALTO NÍVEL
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
O conhecimento histórico nos permite uma prática profissional fundamenta-
da em ética e em escolhas conscientes. Algumas opções que foram feitas no 
passado tiveram usos políticos e consequências práticas na vida das pessoas, as 
quais podemos conhecer previamente à nossa experiência, de maneira a optar 
se queremos segui-las ou não; e se nos ajudam a cumprir nossos objetivos.
Além disso, o conhecimento histórico, mesmo que não tivesse aplicabilidade, 
é um direito nosso. Temos direito a conhecer, e isso vale para o que é aplicável 
e para o que não é aplicável. Conhecimento é patrimônio, e o conhecimento 
das tradições relacionadas à cultura corporal de movimento é um valor que 
deveríamos querer acessar.
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INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
FIGURA 4: ATLETAS DE NATAÇÃO NO ANO DE 1936
Fonte: Correio da Manhã (1936).
3.2 UMA HISTÓRIA OU VÁRIAS HISTÓRIAS?
Conforme Melo (1997) afirma, o desenvolvimento dos estudos históricos da 
Educação Física no Brasil pode ser divididos em três fases.
Primeira fase: 
é uma fase inicial, em que foram realizados os primeiros estudos, ainda 
bem rudimentares.
Segunda fase: 
observam-se uma aproximação aos estudos históricos realizados 
em outras áreas e o levantamento de informações qualitativas e 
quantitativas.
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Terceira fase: 
apresenta-se marcada por uma mudança nas características dos 
estudos realizados na segunda fase, com abordagem crítica desses 
estudos.
Todas essas fases tiveram em comum a intenção de compreender como se 
constituiu a Educação Física e de oferecer argumentos para as necessidades 
de mudança que se observavam nesse campo de saber.
De acordo com Castelani Filho (1998), a produção teórica acerca da história da 
Educação Física no Brasil está marcada por uma espécie de senso comum e 
se orienta para o reporte à época imperial e aos primeiros anos da República, 
vinculando a Educação Física às instituições militares.
FIGURA 5: EXÉRCITO IMPERIAL BRASILEIRO
Fonte: Orléans (1885).
O autor Lino Castelani Filho atribui esse fato ao prestígio da obra deixada por 
Inezil Penna Marinho, que deu foco à relação entre Educação Física e institui-
ções militares. Como as publicações de Inezil foram, por muito tempo, uma 
59MULTIVIX EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
das principais fontes de consulta para quem trata do tema, sua percepção ga-
nhou status de verdade dos fatos, mas, em suas elaborações teóricas, Castelani 
Filho e outros autores tomam outros caminhos para analisar a história da Edu-
cação Física.
Os trabalhos de Castelani Filho marcaram, 
de fato, a literatura sobre história da Educa-
ção Física no Brasil, tanto que, anos depois, 
Paiva (2004) defende que nossa produção 
acadêmica em história da Educação Física 
cresceu, a partir de 1989, em quantidade e 
em qualidade; e cita, como principais refe-
rências, os textos de Castellani Filho (1988) 
e de Ghiraldelli Júnior (1988).
Paiva (2004) ressalta a importância de se 
evitar produzir sensos comuns na história 
da Educação Física brasileira, mas, enten-
dendo que é preciso objetivar esse conhe-
cimento histórico, propõe a seguinte sín-
tese provisória.
Polissemia: 
Educação Física e História da Educação Física são expressões e campos 
do saber com múltiplos significados. não há consenso que permita 
uniformizá-los ou defini-los permanentemente.
Institucionalização: 
os anos 1930 e o Estado Novo são marcos da institucionalização da 
Educação Física em território brasileiro.
Higienismo: 
a tendênciahigienista, ainda que de modo tardio em relação à da 
Europa, ganha força em terras brasileiras nos anos 1930 e marca a 
Para ampliar seus 
conhecimentos sobre a 
produção acadêmico-
científica sobre a história da 
Educação Física no Brasil, 
você pode começar sua 
pesquisa neste link, com 
uma lista de textos publicada 
no site Efdeportes.com 
(GENOVEZ E MELO, 1998).
60
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MULTIVIX EAD
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história da Educação Física como campo de práticas e de saberes 
fortemente influenciado por instituições médicas, militares e 
pedagógicas; devido à medicalização das práticas de movimento, o 
higienismo dá à Educação Física uma perspectiva científica.
Esportivismo: 
entre o final do século XIX e o início do XX, o esportivismo se soma 
ao higienismo e, também, mostra-se como um forte integrante da 
construção da história da Educação Física no Brasil.
Formação profissional e renovação: 
entre os anos 1970 e 1980, a Educação Física se renova. Vários 
profissionais têm acesso à formação em nível de pós-graduação, 
inclusive fora do país, e a área se diversifica com o surgimento de várias 
tendências renovadoras.
FIGURA 6: DANÇA DO FOLCLORE BRASILEIRO - LUNDU
Fonte: Rugendas (1835).
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Diante das breves reflexões e dos exemplos que expusemos, podemos enten-
der que fazer a história da Educação Física não significa nem listar a sucessão 
de fatos no tempo nem inventariar métodos e técnicas conforme foram crono-
logicamente criados, adotados e abandonados.
Fazer uma história da Educação Física é um ato atravessado por relações de 
poder que envolvem questões sociais, culturais, científicas e políticas (SOARES, 
2017). O conhecimento histórico não é nem único nem permanente; e não 
deve ser tomado como a verdade dos fatos. Trata-se mais de uma versão plau-
sível dos fatos que é produzida com o requerido rigor.
3.3 OS PIONEIROS NOS ESTUDOS DA HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: RUI BARBOSA 
E FERNANDO DE AZEVEDO
Nos anos 1930, órgãos governamentais do Estado Novo e políticos como Fer-
nando de Azevedo resgataram o ideário de algumas personalidades que pro-
duziram orientações marcantes para a Educação Física no Brasil na época do 
Império, como Rui Barbosa.
FIGURA 7: RUI BARBOSA
Fonte: Fitz Gerald (1919).
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Esse movimento será explicado com mais detalhes no tópico que trata do iní-
cio do período republicano. Aqui, iremos nos concentrar em compreender o 
que esses dois políticos defendiam para a Educação Física que deixou seus 
nomes marcados na história; e como suas ideias reverberaram na sociedade 
da época.
No fim dos anos 1880, Rui Barbosa apresentou à Câmara dos Deputados dois 
pareceres que tratavam da Educação no Brasil nos quais contemplava, tam-
bém, a Educação Física.
O primeiro parecer foi apresentado no ano 
de 1882 e se chamava “Reforma do Ensino 
Secundário e Superior” (BARBOSA, 1942, v. IX, t. 
I). O segundo foi redigido no ano seguinte, com 
o título de “Reforma do Ensino Primário e Várias 
Instituições Complementares da Instrução 
Pública” (BARBOSA, 1947, v. X, t. I ao IV).
Nos documentos, ele propôs a inclusão da Educação Física como disciplina do 
Ensino Primário, em conjunto com Ciências e com Desenho, com a intenção 
de promover um avanço nos programas pedagógicos, que passariam do foco 
literário para o científico.
Rui Barbosa se baseou nas mudanças sociais 
que aconteciam na Europa, continente em que 
a Educação Física se tornava obrigatória nas 
escolas. Mas suas ideias não tiveram aderência 
ampla, pois havia empecilhos histórico-culturais 
que barravam a sua implementação, como 
veremos no tópico que trata do período imperial.
Mesmo assim, alguns movimentos de modificação, no campo da Educação Fí-
sica, continuaram acontecendo na sociedade. As aulas de Educação Física que 
existiam naquela época eram ministradas por militares, e sequer havia escolas 
de formação de professores civis.
Bem mais tarde, as ideias de Rui Barbosa são retomadas. Com a Reforma do 
Ensino do Distrito Federal realizada por Fernando de Azevedo em 1928, foi pro-
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posta a criação de uma escola de formação de professores civis de Educação 
Física (MARINHO, 1941), e se iniciou um movimento que alguns veem como o 
início da desmilitarização da Educação Física no Brasil.
Alguns autores contestam que a iniciativa de Fernando Azevedo tenha tido 
êxito como estratégia de desmilitarização. A escola que propôs não foi criada, 
embora civis tenham sido aceitos como estudantes de escolas militares de for-
mação de instrutores de Educação Física.
FIGURA 8: TURMA DE PROFESSORES CIVIS FORMADOS NA ESCOLA 
DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXERCITO
Fonte: Revista de Educação Física (1933) apud (Corrêa, 2013, p. 195).
Mas a questão da influência militar sobre a Educação Física escolar brasileira 
permanece controversa. Há estudos que veem as propostas de Fernando de 
Azevedo como uma extensão do projeto de militarização da Educação Física 
que se implementou dos anos 1930 até os anos 1940.
3.4 EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL COLÔNIA 
(1500-1822)
A Educação Física, no período colonial, fica marcada pela divisão entre o mun-
do de movimento dos colonizadores e o das tribos indígenas que habitavam 
o Brasil. Os indígenas tinham estilo de vida ativo e modos de vida integrados 
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à natureza, e suas necessidades de sobrevivência envolviam o esforço físico, a 
corrida, o nado, a caça e a pesca.
Além disso, contavam com uma rica e diversificada cultura, que era composta 
por danças e por jogos próprios. Essa cultura foi bastante destruída pelos colo-
nizadores, que se obstinaram em impor os valores cristãos e não aceitaram a 
influência indígena em seus hábitos de movimento.
FIGURA 9: DESEMBARQUE DE PEDRO ALVAREZ CABRAL
Fonte: Silva (1922).
Na famosa carta que Pero Vaz de Caminha escreveu quando descobriu o Bra-
sil, ele descreve um pouco da cultura de movimento dos indígenas que aqui 
encontrou.
“[D]epois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se 
muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um 
pedaço. E alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que aí tinham 
-- as quais não são feitas como as que eu já vi; somente são três traves, 
atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam não 
se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé. (...) 
Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos 
outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então 
além do rio Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem 
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gracioso e de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E 
meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e 
riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, 
fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras, e salto real, de que eles 
se espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo muito os 
segurou e afagou, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, 
e foram-se para cima”. (CAMINHA, 2019).
O Brasil colônia foi uma sociedade escravagista, e a cultura africana deixou 
marcas fortes na cultura de movimento brasileira. Dos africanos, incorporamos 
vários movimentos

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