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PSICOMOTRICIDADE - 2

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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
14
ISSN: 
	
PSICOMOTRICIDADE: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Carla Felix Andrade Setani[footnoteRef:1] [1: Professor de....................................................... na Rede ..................................... .....................
Graduação:..........................................................................................................................
] 
RESUMO (Tamanho da Letra 12, – Arial – negrito – justificado)
Esta pesquisa consiste na busca do entendimento da relação entre Psicomotricidade e Educação. Quais benefícios e em que essa prática contribui para a educação infantil com crianças de 2 a 5 anos, num enfoque educacional. Buscando reconhecer a importância do trabalho psicomotor para o processo de ensino-aprendizagem infantil, usei de pesquisas bibliográficas e de campo, entrevistei profissionais da área da educação infantil para entender qual a importância os mesmos dão à prática corporal. Baseando-me em autores como Vitor da Fonseca e Dalila Molina de Costallat, concluí que, o papel da psicomotricidade na educação infantil seria de prevenção às dificuldades escolares posteriores, e de desenvolvimento das habilidades da criança como ser integrado (corpo e intelecto). 
Palavras-chave: Psicomotricidade; Educação; Aprendizagem.
Introdução 
            O tema psicomotricidade e seu campo de conhecimento e atuação passam pelas áreas de desenvolvimento da aprendizagem. A psicomotricidade está mais ligada à educação do que pensamos, pois coloca em prática a educação dos movimentos e põem em jogo as funções da inteligência.
 Desde o início de minha vivência pedagógica, me deparei com a problemática psicomotora dentro da sala de aula. Aplicava atividades de movimento intituladas de psicomotoras pela Direção da escola, mas quis ir além dos planejamentos e atividades, e saber realmente o que era essa prática e por que seria importante trabalhar com ela nem sala de aula.
Buscando reconhecer a importância da psicomotricidade para o processo de ensino aprendizagem infantil, venho através desta pesquisa entender: Qual a contribuição da prática psicomotora para o processo de ensino-aprendizagem escolar infantil com crianças de 2 a 5 anos? Dentro da perspectiva educacional, e não terapêutica, buscarei entender em que a psicomotricidade pode beneficiar o desenvolvimento da aprendizagem das crianças de 2 a 5 anos, período escolar onde se dão os saltos qualitativos em seu desenvolvimento global que serão aperfeiçoados ao longo do tempo. 
Observando as crianças em seu aprendizado durante a passagem pela educação infantil, percebo suas dificuldades na movimentação e coordenação. Sabemos que as crianças necessitam do movimento e aprendem através dele, ampliam suas possibilidades e até dão indícios de dificuldades posteriores, vemos que o conhecimento da psicopedagogia como visão global do desenvolvimento da aprendizagem é fundamental para se trabalhar com a psicomotricidade.
Diante destas necessidades e da finalidade psicomotora, podemos dizer que sua contribuição é importante para a educação infantil, visto que as crianças se beneficiam dessa educação para um bom desenvolvimento de sua coordenação motora, que se completa em torno dos 7 anos e posteriormente se refina com o desenvolvimento intelectual.
De acordo com DALILA MOLINA DE COSTALLAT (1981), professora doutora em psicomotricidade Alguns aspectos que fazem parte das áreas de desenvolvimento da aprendizagem estão ligados ao esquema corporal e a prática psicomotora, são eles: motricidade geral, a integração sensório-motora e as habilidades perceptivo motoras; esses aspectos estão dentro da preocupação escolar, visto que interferem diretamente no desempenho das crianças essas habilidades estão inseridas nas atividades escolares.
Dentro dessa perspectiva, vemos as possibilidades que o trabalho corporal tem dentro do enfoque escolar; a psicomotricidade se alia á educação para dar um significado aos movimentos inatos das crianças, para o entendimento do esquema corporal e do reconhecimento e utilização do corpo para um bom desenvolvimento integral do indivíduo.
Desenvolvimento psicomotor da criança.
O desenvolvimento da criança e sua evolução, não se realizam de um modo regular e progressivo, mas sim por saltos qualitativos. No desenvolvimento psicomotor, o período do nascimento aos sete anos é importante em decorrência das transformações que o organismo sofre; a principal característica qualitativa é a precisão de movimentos.
Ao nascer, a criança tem movimentos descoordenado e involuntários que são os reflexos inatos, a falta de controle tônico faz com que a criança se mexa desordenadamente, esses movimentos vão se aperfeiçoar mais tarde, de acordo com suas experiências:
 
A atividade do recém-nascido constitui uma expressão motriz diferente, de caráter global e reflexo; os movimentos são associados e não aparece nenhum sinal de domínio da atividade voluntária [...] (COSTALLAT, 1981, p.15)
 
Os movimentos dos bebês são involuntários e vão se modificar á medida que seu sistema nervoso for se desenvolvendo. Com as ligações neuronais realizadas nos primeiros anos de vida, a criança adquire habilidades que dizem respeito a evolução psicomotora. A coordenação manual, visomotora e a atenção, são aspectos do desenvolvimento psicomotor, outro aspecto importante é a atenção, COSTALLAT (1981) fala:
O desenvolvimento das formas de atenção, dispositivo psicomotor importantíssimo na evolução de qualquer tipo de aprendizagem, se baseia no progressivo controle da posição de olhos, da cabeça e da correta coordenação do sistema motor ocular. (COSTALLAT, 1981, p.16)
 
O controle e a maturação corporal refletem na postura e coordenação dos movimentos; os músculos e tronco continuam em maturação durante o crescimento da criança, os movimentos vão se aperfeiçoando e se tornando intencionais a partir da manipulação dos objetos. A lateralidade aparece depois de 40 semanas, a criança se prepara para a tendência unidestra ao mesmo tempo em que se apropria da preensão com toda a mão. COSTALLAT (1981) indica:
 
Entre os 9 meses e o primeiro ano aparece a discriminação aperfeiçoada do dedo indicador, e por volta das 40 semanas a criança pode apontar com ele; na mesma época, a preensão se aperfeiçoa e em forma de pinça com o indicador e o polegar. (COSTALLAT, 1981, p.17)
 
Ao longo do crescimento, a principal característica motora da criança é o deslocamento corporal; a criança dá saltos qualitativos em sua locomoção, senta, engatinha, anda, marcha e aperfeiçoa a percepção visual e sinestésica que, através das experiências vivenciadas diariamente, vão se integrando à memória motora e maturando o sistema nervoso: “A maturação do sistema nervoso se manifesta através do aperfeiçoamento constante das funções já existentes.”(COSTALLAT,1981, p.18); de acordo com a autora, vemos que um sistema nervoso está em maturação quando a criança expressa uma função mais aperfeiçoada.
No período de 1 a 2 anos, a progressão do controle corporal e a iniciação da marcha são aquisições para uma futura precisão dos movimentos. Nesta faixa etária, a manipulação de objetos e a variedade de experiências de manipulação preensora colocam em jogo a aprendizagem de movimentos: “A aprendizagem motora, que se baseia no desenvolvimento conseguido, vai aperfeiçoar, nesta época, certas formas de conduta que passarão a ser permanentes. ” (COSTALLAT,1981, p.18). Segundo a autora, o período da infância é onde se desenvolve a motricidade, sendo esse desenvolvimento e aperfeiçoamento permanentes.
Aos 3 anos há um aumento da precisão manual e, consequentemente dos gestos; com a aquisição da linguagem, a criança começa a se expressar e criar através de gestos coordenados e diferenciados com maior precisão. COSTALLAT (1981) afirma que aos 3 anos a criança adquire atos de coordenação bimanual e precisões que, futuramente, com a repetição irão se tornar movimentos mecanizados tais como se vestir, comer, etc.: 
 
É operíodo de aprendizagem prévia a todo o movimento mecanizado e nele a coordenação visomotora, implícita nestes movimentos, se estabelece cada vez com maior exatidão. (COSTALLAT, 1981, p. 20)
                                          
     
A criança continua em desenvolvimentos, e entre 4 e 5 anos atinge um período de maturação intelectual e motora, adquire coordenação motora fina e ocular, realizando atividades mais complexas; as atividades que não passavam de garatujas, começam a ter formas definidas, o manejo de materiais que exigem o movimento de pinça dos dedos e equilíbrio manual já estão adquiridos. 
O controle dos movimentos involuntários está acentuado na idade pré-escolar, pois estes movimentos impedem a realização de atividades que exigem atenção e concentração, como recortar, colorir, colar, etc. Não podemos confundir a inibição de movimentos involuntários, com a repreensão dos movimentos da criança.
Para a evolução do movimento, o trabalho de preensão é necessário na aprendizagem infantil; ainda que a criança tenha o domínio de habilidades motoras, quando um movimento novo é apresentado a ela, seu aprendizado é reorganizado para a aquisição deste novo desafio, dentro desta perspectiva, ainda temos que, cada criança tem seu tempo de desenvolvimento. De acordo com COSTALLAT (1981):
 
Esta característica da evolução do movimento constitui, por lógica consequência, uma lei de aprendizagem que deve ser respeitada em qualquer momento da vida, quando se trata de um movimento novo que exige precisão [...]” (COSTALLAT,1981, p.22)
No período de 5 a 6 anos, o ritmo e a precisão geral dos movimentos já estão efetuados, a evolução da motricidade se dá através das possibilidades de ação, FONSECA (1996) afirma: “É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, o mundo dos outros e o seu próprio mundo. ” (FONSECA,1996, p. 43); toda a evolução da criança passa pela motricidade, antes de qualquer função motriz, há a evolução da noção de objeto que está relacionada a gênese da psicomotricidade. FONSECA (1996) diz:
 
Antes que o ato motor atinja a sua perfeição, nascem outros tipos de relações espaço-corporais muito interessantes. O corpo passa sucessivamente por ser percebido, depois conhecido, e finalmente vivido e representado, ao mesmo tempo em que o espaço passa por ser livre e não organizado, depois orientado e finalmente também representado. (FONSECA, 1996, p.44)
         
O desenvolvimento motor existe nas possibilidades de ação, proporcionar experiências que envolvam o corpo e a interação desse com o meio e com o outro, possibilita novas aprendizagens e o desenvolvimento das habilidades motoras; a organização motora se dá através da sincronia de maturação dos sistemas nervoso, sensitivo e sensorial, dessa forma a noção corporal é desenvolvida através da motricidade.
Noção corporal e motricidade.
 
O conhecimento do próprio corpo é fundamental para o trabalho psicomotor; a criança age com todo seu corpo, decorrente desta ação está o desenvolvimento motor que é contínuo e individual, ou seja, acontece de maneira diferente e em tempos diferentes para cada criança de acordo com suas experiências.
Por muitos anos o corpo foi colocado em segundo plano em relação ao ser humano em desenvolvimento, FONSECA (1996) ressalta: “Desde Aristóteles, passando pelo cristianismo, o corpo é considerado objeto do homem e justifica-o na sua existência. ” (FONSECA,1996, p. 57). O corpo era fragmentado do ser, dividindo-se corpo, mente e alma como partes separadas de um mesmo todo tratado como um objeto a ser usado pelo homem.
A noção de esquema corporal se dá posteriormente com estudo das sensações, patologias e das relações corporais com o conhecimento do EU, está noção não está ligada apenas à atividade motora, mas também com os aspectos emocionais e as necessidades biológicas. FONSECA (1996) explica: “Schilder entende o esquema corporal como o conhecimento da experiência do nosso corpo, resultado de uma síntese de impressões sensoriais diversas. ” (FONSECA,1996, p. 59).
O desenvolvimento da noção corporal se dá ao longo da infância e projeta-se em evolução durante toda a vida; a tonicidade e as experiências motoras com os objetos e com o outro, desenvolvem outros aspectos como, por exemplo, a linguagem. FONSECA (1996), ainda fala das influências dos objetos e do outro no conhecimento corporal e na aquisição da linguagem: “Sem um verdadeiro conhecimento do corpo e do seu investimento sobre o mundo dos objetos e das pessoas, não se atinge, consequentemente, a linguagem. ” (FONSECA,1996, p.65). Desta forma, o conhecimento do corpo está ligado à manipulação dos objetos, e esses dois são origem a função da linguagem.
Para as crianças, o movimento é a ação do pensamento, principalmente quando ela ainda não adquiriu a linguagem; na escola muitas atividades podem ser desenvolvidas para a aquisição da noção corporal e movimento: “Com a aquisição da marcha, as perspectivas espaciais e temporais alcançam progressos significativos, que no seu conjunto contribuem para a sucessiva elaboração da noção do corpo. ” (FONSECA,1996, p. 67); desta forma o autor relaciona os aspectos de lateralidade e tempo/espaço como contribuições para a aquisição da noção corporal.
Outra contribuição para saber qual o nível de entendimento corporal da criança é o desenho da forma humana: “Os rabiscos dos desenhos iniciais são o esboço da representação do corpo vivido, ou seja, refletem o nível de integração. ” (FONSECA,1996, p. 69); o autor afirma que as integrações e vivências refletem na representação gráfica da criança.
Na perspectiva motora como desenvolvimento da criança, o corpo é o principal meio de comunicação no período pré-verbal. O movimento é desenvolvido através das brincadeiras, jogos, manipulação de objetos e atividades lúdicas que permitem à criança perceber e interacionar o vivido, o operatório e o mental, fazendo a ligação cognitiva com as experiências exploratórias.
A motricidade está sempre relacionada à afetividade e formação cognitiva pois, estão presentes constantemente na evolução da criança que percebe, em função de seu corpo, todas as coisas que a cercam. Nesta percepção, o objeto tem papel significante no desenvolvimento motor: “O que interessa à criança, é viver com os objetos, no movimento”. (LAPIERRE, ACCOUTURIER, 1986, p. 40); ao se movimentar e manipular objetos a criança sente prazer e se relaciona de modo que, integram a movimentação e o objeto ás suas experiências vividas como aprendizagem. 
O trabalho com o movimento demonstra as múltiplas funções e manifestações do ato motor, propiciando amplo desenvolvimento da motricidade nas crianças, incluindo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas. 
O movimento em se vestir e se despir, calçar e descalçar, amarrar, abotoar, etc., estão estritamente ligados à aprendizagem cognitiva e á motricidade, para realizar tais tarefas a criança precisa ter sua noção corporal bem definida para avançar, posteriormente em seus aprendizados. 
A noção corporal, a motricidade e sua relação perceptivo-motora estão associadas ao desenvolvimento psicomotor, juntamente com o mundo social e afetivo, e a autonomia que abre as portas do mundo para a vivência da criança:
 
A corporalidade encarada na sua totalidade aparece imediatamente como a abertura para o mundo. O corpo é o eixo de percepção existencial, é o agente do sujeito na percepção do mundo que o envolve. (FONSECA, 1996, p.60). 
 
Desta forma, o autor enfatiza que o corpo é que envolve o homem no mundo, um mundo cheio de experiências e relações para que este evolua e se desenvolva. Diante dessa permissa, o corpo está para a aprendizagem como forma de desenvolvimento, deixando um leque de possibilidades para as experiências escolares com foco na aprendizagem.
Lugar do corpo e do movimento na aprendizagem e práticas na educação infantil.
 
Muito se fala, em educação física como a educação do corpo, porém o que se espera da psicomotricidade em si não é uma educação paraa prática esportiva, e sim uma educação pelo corpo e de corpo inteiro, não se esquecendo que o homem é um ser integrado, biopsicossocial.
A educação pelo movimento favorece todas as aprendizagens; a criança precisa da tomada de consciência de seu corpo, a partir disto ela se apropria da cultura e, através dos movimentos corporais, expressa seu aprendizado. De acordo com o REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL (RCNEI) VOLUME 3 (1998, p. 15): “O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. ”; desta forma, por intermédio da cultura corporal existe a corporeidade que tem uma significativa relação do corpo-educação através da aprendizagem.
Na educação infantil, manter contato com a relação da corporeidade é fato presente: “Duas hipóteses básicas de corporeidade envolvem a educação motora: primeira, ninguém escapa à ação educativa; segunda, a educação processa-se no corpo e não apenas na cabeça dos alunos. ” (REZENDE,1990, p. 46). Vemos que a aprendizagem passa por todo o corpo, e ao se movimentar expressivamente, a criança mostra isso efetivamente para o educador.
A educação pelo movimento se dá através da relação corporal entre o professor e o aluno, entre os próprios alunos e pela interação com o meio e os objetos; as relações emocionais e de vínculos que a criança faz, passam pelo seu corpo formando sua personalidade e expressão, vemos que a corporeidade também influencia na formação da personalidade da criança, visto que é uma das formas de expressão mais usadas antes da aquisição da linguagem:
 
Desde os fenômenos emocionais, em que o corpo é simultaneamente receptor e emissor, até a criação dos afetos, após o rompimento do bloqueio espacial inicial e da imposição biorrítmica, o corpo nunca perde a sua dimensão expressiva e fundamentalmente criativa e personalística. (FONSECA, 1996, p. 70)
 
O corpo e o movimento são subsídios da aprendizagem, fatores importantes para que essa aprendizagem aconteça são os jogos, as brincadeiras e a dança dentro das atividades lúdicas: “A todo esse arsenal corporal vêm juntar-se os elementos da aprendizagem lúdica (ritual de iniciação) e escolar (ritual de identificação), que, com a combinação dos aspectos de ordem intelectual, vem alterar a imagem do corpo. ” (FONSECA,1996,71).
Temos como importante aliado da aquisição de conhecimento e desenvolvimento da inteligência, a prática e a expressão corporal que, auxiliam na integração e socialização da criança. Neste sentido, o movimento está presente de tal forma que permite a criança explorar o mundo e viver experiências concretas, sobre as quais são construídas as noções básicas para o desenvolvimento intelectual.  
O processo de ensino-aprendizagem na área do movimento na educação depende das atividades práticas proporcionadas pelos educadores, das interações das crianças com o meio e com o outro, e da noção corporal que ela possuí. Se o educador pretende alcançar objetivos de desafiar a criança a se movimentar, seu planejamento deve se apoiar e se organizar a partir da cultura corporal existente e valorizar a criatividade da criança. 
PIERRE VAYER (1989, p. 21) psicomotricista português, diz: “ É evidente que os relacionamentos com o outro são estreitamente ligados à atividade motora e sensório-motora da criança. ” Para o autor, os relacionamentos desencadeiam as atividades motoras, pois a criança pequena é sensível ás tensões apresentadas pelo adulto, isso influencia as relações de comunicação e as manifestações de expressão.
Algumas práticas corporais realizadas na escola como: jogo, brincadeira, dança e atividades lúdicas são, para a criança, a expressão de sua criatividade que, modifica-se ao entrar em contato com o mundo exterior. VAYER (1989,22) ainda diz: “A atividade corporal está na origem de todo o conhecimento [...]” Vemos que a criança se movimenta não só para se expressar, mas também, como forma de mostrar sua aprendizagem.
Num enfoque psicopedagógico, o movimento pode dizer muito sobre um paciente que apresenta algum tipo de distúrbio ou dificuldade de aprendizagem. Ao brincar, jogar, dança ou imitar, a acriança cria novos movimentos e se apropria dos existentes; neste sentido, as escolas de educação infantil têm como referencial, propiciar espaços e condições favoráveis para que as crianças vençam seus medos e se arrisquem, superando desafios e se desenvolvendo através disso.
O RCNEI (1998, p. 15) diz: “O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças [...]” Desta forma, vemos os benefícios da prática corporal na educação da criança, que implica uma reflexão das posturas corporais que exigimos das crianças nas atividades cotidianas. 
Se o movimento traz tantos benefícios e auxilia no desenvolvimento na educação infantil, porque os educadores ainda o reprimem? Falta de conhecimento sobre o assunto, ou reprodução da educação autoritária do século passado? É preciso refletir, pensar na educação das crianças de hoje, pois nossa sociedade mudou, as crianças são diferentes das do século XX, e as exigências também são outras. Para tal uma instituição de ensino infantil é essencial:
 
[...] que acredite naquilo que a ciência não ousava duvidar: a educação infantil é crucial na formação da pessoa e em seu nome é imprescindível que ensine a compartilhar e fazer amigos, a descobrir que a verdadeira ciência ensina verdades, que quem não lê jamais escreve e que a liberdade e a individualidade constituem essências do crescer. (ANTUNES, 2004, p. 53)
 
Nesta perspectiva, vemos a educação infantil como imprescindível prioridade para as crianças, que ao invés de não ser obrigatória, deveria ser etapa principal da educação da pessoa, e o educador desse nível deveria ter a certeza da paixão por ensinar as crianças e a consciência de que tem em suas mãos tesouros á se descobrirem.
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir está pequena contribuição para a área da educação, tenho a ressaltar que, a educação infantil é nível base do desenvolvimento e das aprendizagens que estão estritamente envolvidos com o desenvolvimento psicomotor. Dento do processo de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento, vimos que as experiências vividas pelas crianças e suas interações são muito importantes, pois, colocam as funções cognitivas e motoras em maturação.
Não podemos deixar de levar em consideração, o papel da escola e do educador nas aquisições infantis; as instituições ainda necessitam de propiciar a maturação funcional das crianças, bem como disponibilizar espaços e momentos para as atividades psicomotoras livre, ao invés de pensarem apenas nos níveis de formação fundamental e nos fins lucrativos da pré-escolarização.
Essas aquisições motoras permitiram às crianças encararem as aprendizagens escolares posteriores (ler, escrever, calcular, etc.), sem quaisquer carências instrumentais. 
A psicomotricidade contribuí, e a casuística da pesquisa confirmou; para os desenvolvimentos e aprendizagens posteriores da criança. No nível infantil, muitas habilidades preponderantemente o movimento são vivências e estímulos cognitivos. 
A noção corporal, as atividades motoras e o entendimento de seus benefícios pelo educador, são fatores que, na perspectiva psicomotora, agem como prevenção das dificuldades de aprendizagem posteriores, advindas da má integralização psicomotora/cognitiva.
Para um desenvolvimento global da criança, o educador precisa conhecer e entender a gama de possibilidades que ele pode oferecer para o ensino das crianças e quais potencialidades elas têm em desenvolvimento. Vemos então que, não só o educador, mas também a família e a sociedade estão relacionadas com a aprendizagem da criança. A participação da família no aprendizado da criança é questão fundamental para um bom andamento do trabalho pedagógico.
 Por fim, o trabalho com a psicomotricidade está estritamente aliado a pedagogia, visto que a função preventiva e o desenvolvimento global das aprendizagense funções da criança são competências educacionais fundamentais para o desenvolvimento cognitivo ao longo da vida.
 A função de educar da escola deve compreender as necessidades da criança, uma delas é o movimento, que gera aprendizagem e é reprimido a todo momento pelo adulto que desconhece essa temática. Esses movimentos se tornam aprendizagem, a partir do momento que o educador dá sentido a eles, reconhece sua importância, possibilita e incentiva a criança que use seu corpo todo para aprender, não apenas o cognitivo. Seria a educação de corpo inteiro beneficiando o cognitivo da criança em desenvolvimento, tornando sua aprendizagem mais significativa. 
 Referências 
 
ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil volume 3: Brasília: MEC/SEF,1998.
  
COSTALLAT, Dalila Molina de. Psicomotricidade: coordenação visomotora e dinâmica manual da criança infradotada, método de avaliação e exercitarão gradual básica. Tradução Maria Aparecida Pabst 4. Ed. Porto Alegre:Globo, 1981.
 
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
 
LAPIERRE, André; ACCOUTURIER, B. A simbologia do movimento: psicomotricidade e educação. Tradução Márcia Lewis. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
  
OTONI, Bárbara B. Valle. A psicomotricidade na Educação Infantil. São Paulo, fev. 2007. Disponível em:<www.psicomotricidade.com.br>. Acesso em: 20 set. 2018.
  
REZENDE, Antônio Manoel. Concepção fenomenológica da educação. São Paulo: Cortez,1990.
VAYER, Pierre. O diálogo corporal: a ação educativa para a criança de dois a cinco anos. São Paulo: Manole, 1989.
 
 
 
 
 
Revista Mais Educação CESF | v. 00 |201_

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