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Kamilla Galiza / 5º P / APG Objetivos Ø Revisar os sistemas piramidal e extrapiramidal Ø Identificar os fatores de risco, etiologia da DP Ø Analisar a fisiopatologia da DP Ø Explicar as MC e DX da DP Ø Aplicar as formas de tratamento e a farmacocinética das drogas para DP Definição A doença de Parkinson (DP) é uma desordem crônica e progressiva do sistema nervoso central (SNC) mais especificamente dos núcleos da base, envolvendo a perda progressiva de neurônios dopaminérgicos da substância negra. A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, acometendo entre 2% e 3% da população acima dos 65 anos. Manifesta-se com caráter predominantemente motor, é progressiva e ligeiramente mais comum no sexo masculino. Anormalidades não motoras como distúrbios cognitivos, psiquiátricos e autonômicos, hiposmia (baixa sensibilidade olfativa), fadiga e dor também podem ocorrer, e algumas delas podem preceder as alterações motoras. A DP geralmente surge após os 50 anos, sendo considerada de início precoce quando se instala antes dos 40 anos (cerca de 10% dos casos) e juvenil antes dos 20 anos (extremamente rara). Etiologia Na etiologia da DP interagem de forma complexa fatores genéticos, ambientais (exposição a pesticidas e metais pesados, desnutrição, obesidade) e o próprio envelhecimento. Em cerca de 10% a 15% dos casos, a moléstia é de natureza genética, sendo que mais de 20 loci já foram identificados. As formas genéticas da doença, geralmente, são de início mais precoce. Fisiopatologia O comprometimento dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra do mesencéfalo em função da DP pode ser observado em exames neurológicos. Há uma perda dos axônios que partem desta área cerebral e se projetam para o neoestriado ou corpo estriado no centro medular do cérebro culminando no déficit de dopamina, consequente à atrofia e à degeneração dos núcleos ou gânglios da base. A lesão da via dopaminérgica resulta em diminuição da neurotransmissão dopaminérgica no corpo estriado, especialmente no putâmen, ou seja, um colapso na comunicação entre a substância negra e o estriado, onde desta sinapse resulta a liberação de dopamina. A perda de neurônios da substância negra gera um esgotamento de dopamina nos núcleos da base o que causa alterações na sintetização de acetilcolina. A deficiência de dopamina produz um grave efeito no sistema extrapiramidal, resultando em déficits na coordenação muscular e nas atividades musculares, traduzindo em diminuição da força, problemas na manutenção da postura, alterações na marcha, coordenação fina, enrijecimento muscular e outros, com influência na modulação do movimento. Essas alterações fisiopatológicas produzem sintomas neurológicos típicos ou sinais cardinais encontrados em pacientes com a DP como, a bradicinesia, rigidez muscular, tremor de repouso e postural, e instabilidade postural. Em alguns casos existe também comprometimento de ordem cognitiva, afetiva e autonômica. Cabe ressaltar que com a evolução da doença, complicações secundárias aparecem, decorrentes dos sintomas físicos e de fatores psicossociais individuais presentes em cada indivíduo. Dentre as complicações, algumas são manifestadas por combinações de sinais cardinais, como: I. pobreza de movimentos (oligocinesia); II. redução na velocidade, alcance e amplitude (hipocinesia); III. dificuldade em iniciar o movimento (acinesia); IV. características faciais (face em máscara); V. alterações musculoesqueléticas (contraturas, fadiga, desenvolvimento de posturas fixas anormais); VI. distúrbios da marcha (padrão de marcha “em bloco”, festinante e presença do freezing, i.e., interrupção abrupta da marcha); VII. disfunção da deglutição e comunicação; VIII. distúrbios visuais e sensório-motores, além, de alterações cardiopulmonares. 2ª doença neurodegenerativa mais comum mais comum no sexo masculino surge geralmente após os 50 anos carater predominantemente mortor e progressivo Anormalidades não motoras incluem distúrbios cognitivos, psiquiátricos e autonômicos, hiposmia, fadiga e dor Parkinson doença de Kamilla Galiza / 5º P / APG Além das alterações motoras relacionadas, podem ocorrer alterações auditivas no que se refere ao processamento auditivo central. O cérebro é responsável pelo processamento da fala, que inicia na cóclea, no qual a atividade mecânica é transformada em impulsos nervosos. A atividade de ouvir, no sentido fisiológico, integra três fatores: atividade periférica, atividade auditiva central e os processos do SNC. Quando há uma ruptura em qualquer um desses fatores, resulta-se em um déficit na habilidade de reconhecimento da fala. Em razão disso, a aplicação de técnicas fonoaudiológicas relativas aos distúrbios da comunicação e da deglutição do paciente com a DP é importante para a formulação de protocolos que permitam a avaliação e a intervenção fonoaudiológicas adequadas. O tratamento das alterações motoras da fala e da deglutição, bem como das alterações de processamento auditivo central por meio de treinamento auditivo, contribuem para um tratamento fonoaudiológico mais eficaz visando promover melhor qualidade de vida ao paciente. Todos esses problemas que acometem os indivíduos com a DP levam-no à limitação funcional, dependência física, podendo ter como consequência a ocorrência de depressão e o isolamento. Núcleos da base Os núcleos da base são os núcleos profundos do telencéfalo: núcleo caudado, putame e globo pálido. Além destes, existem também os núcleos associados, incluindo os núcleos ventrais anteriores e laterais do tálamo, o núcleo subtalâmico do diencéfalo e a substância negra do mesencéfalo. A principal função dos núcleos da base é influenciar o córtex motor, através das vias que passam pelo tálamo, auxiliando no planejamento e na execução dos movimentos uniformes. Também contribuem para as funções afetivas e cognitivas. As vias aferentes e eferentes dos núcleos da base são complexas. Quase todas as áreas do córtex cerebral se projetam, topograficamente, para o núcleo estriado (caudado e putame), incluindo os críticos impulsos vindos do córtex motor. O estriado se comunica, então, com o tálamo e, daí, o impulso volta ao córtex, por meio de duas vias diferentes: via direta e via indireta. Figura1. Vias dos núcleos da base. É mostrada a relação entre o córtex cerebral, os núcleos da base e o tálamo. As linhas contínuas azuis mostram as vias excitatórias; as linhas marrons pontilhadas mostram vias inibitórias. O resultado final da via indireta é a inibição, enquanto o da via direta é a excitação. Fonte: Costanzo, Linda S. Fisiologia, 2014. As eferências das vias indireta e direta, dos núcleos da base para o córtex motor são opostas e cuidadosamente balanceadas: a via indireta é inibitória, e a via direta é excitatória. Distúrbio em uma dessas vias prejudica o balanceamento do controle motor, aumentando ou diminuindo a atividade motora. Além do circuito básico das vias direta e indireta, existe mais uma conexão, de vai e vem, entre o estriado e a parte compacta da substância negra. O neurotransmissor que faz a conexão de volta para o estriado é a dopamina. Essa outra conexão, entre a substância negra e o estriado, indica que a dopamina é inibitória (por meio de receptores D2) na via indireta, e excitatória (via receptores D1) na via direta. Na doença de Parkinson, as células da parte compacta da substância negra degeneram, reduzindo a inibição por meio da via indireta e diminuindo a excitação pela via direta. Etiologia • Fatores genéticos • Fatores ambientais • Envelhecimento Fisiopatologia Deficiência na transmissão dopaminérgica na via nigroestriatal Etiopatogenia • Depósitos anormais de alfassinucleína • Proteinopatia da classe das sinucleinopatias Anatomopatologia• Perda neuronal • Corpúsculos de Lewy Quadro clínico Na DP a principal manifestação clínica é a síndrome parkinsoniana, decorrente do comprometimento da via dopaminérgica nigroestriatal. Alterações não motoras também estão presentes e decorrem em grande parte do envolvimento de estruturas fora do circuito dos núcleos da base. O parkinsonismo ou síndrome parkinsoniana é um dos mais frequentes tipos de distúrbio do movimento e apresenta-se com quatro componentes básicos: bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural. O clássico “tremor de repouso” da DP tem características clínicas típicas. Manifesta-se com uma frequência de quatro a seis ciclos por segundo, normalmente com uma aparência de “rolar pílulas” quando ele envolve a mão. Em geral, está presente quando o membro está em repouso completo e, frequentemente, reduz-se quando o membro se move e ocupa uma nova posição, embora possa surgir novamente (“tremor reemergente”) em um tempo curto após a manutenção da nova posição. Uma vez que o tremor de repouso diminui ou se abranda com a ação, ele pode não ser incapacitante, mas pode ser constrangedor e estar associado à sensação de dor ou fadiga do membro afetado. Habitualmente é acentuado pelo estresse (p. ex., pedir ao paciente para realizar cálculos mentais). Ele também está presente, de forma característica, nos membros superiores durante a marcha. Um tremor postural e cinético de alta frequência (p. ex., 7 a 10 Hz) também é comum em pacientes que têm diversas causas de parkinsonismo. Kamilla Galiza / 5º P / APG A rigidez é uma forma de aumento no tônus muscular, mais bem observada nos movimentos passivos lentos, também denominada hipertonia plástica. Ela pode ser caracterizada como rigidez em “roda denteada”, quando um tremor está sobreposto, ou como rigidez de “cano de chumbo”, quando da ausência do tremor. A rigidez é “ativada” ou acentuada na avaliação clínica quando se pede ao paciente para mover o membro oposto àquele que está sendo examinado. Os pacientes podem queixar-se de dureza, porém, a rigidez geralmente não é incapacitante. A acinesia ou bradicinesia constitui uma variedade de distúrbios no movimento, incluindo lentidão, amplitude reduzida, cansaço e interrupções no movimento em curso. Esse aspecto incapacitante do parkinsonismo interfere em todas as atividades voluntárias e explica muitas das características bem conhecidas do parkinsonismo: falta de expressão facial com o ato de piscar o olho reduzido (hipomimia ou fácies em máscara — o “olhar reptiliano”), fala baixa e monótona (hipofonia), deglutição alterada resultando em baba (sialorreia), caligrafia apresentando letra pequena (micrografia), redução da movimentação do braço durante a marcha, passos curtos e o andar com arrastar dos pés, dificuldade de se levantar de uma cadeira baixa e dificuldades de rolar na cama. A interrupção no movimento em curso (“bloqueio motor”) pode interferir em diversas atividades. A repercussão da bradicinesia sobre a marcha determina a redução da amplitude dos passos e/ou arrastar os pés e a perda dos movimentos associados dos membros superiores caracterizando a marcha “em bloco”. Outras alterações da marcha eventualmente são a festinação, o bloqueio da marcha (freezing) e a cinesia paradoxal. A festinação é caracterizada por uma aceleração involuntária da marcha, com inclinação para frente, como se o paciente estivesse buscando seu centro de gravidade, às vezes levando a quedas. O bloqueio da marcha (freezing) caracteriza-se pela perda abrupta da capacidade de iniciar ou sustentar a marcha, caracterizando-se como uma hesitação no seu início ou de uma frenação súbita da marcha, às vezes levando à queda, já que a inércia tende a manter o corpo em movimento. O bloqueio de marcha pode surgir quando o paciente se depara com um obstáculo real, como uma pequena elevação do solo, ou apenas visual, como uma faixa pintada no solo. Outras vezes, uma situação de tensão emocional pode desencadear o fenômeno. Esse tipo de alteração da marcha é incomum nos primeiros anos de evolução da DP, mas tende a surgir com a progressão da mesma, podendo agravar consideravelmente a incapacidade motora. O bloqueio de marcha não costuma responder bem à reposição dopaminérgica o que sugere a participação de outros circuitos e neurotransmissores na gênese deste fenômeno. Fenômeno inverso ao bloqueio da marcha pode ocorrer na DP, ou seja, melhora abrupta e de curta duração do desempenho motor na marcha, quando sob forte emoção. Este fenômeno é conhecido como cinesia paradoxal. O bloqueio da marcha e a cinesia paradoxal, diferentemente da bradicinesia, que é consequência do déficit dopaminérgico, podem estar relacionadas com as oscilações de atividade noradrenérgica e/ou colinérgica. A bradicinesia é evidente no exame clínico e é obtida testando- se os movimentos repetitivos rápidos e alternados: movimentos repetidos e rápidos dos dedos da mão, abertura e fechamento do punho, pronação e supinação do punho, movimentos repetidos e rápidos dos dedos do pé e do calcanhar. Os distúrbios posturais incluem postura flexionada nos membros e no tronco (postura símia, abaixada), bem como instabilidade postural resultando em desequilíbrio e quedas. Os pacientes podem queixar-se da incapacidade de parar por si próprios, de ir para frente (propulsão) ou para trás (retropulsão). A avaliação clínica da instabilidade postural inclui o “teste do puxão”, em que o examinador abruptamente puxa o paciente por trás enquanto está pronto para segurá- lo em caso de uma queda. Outros sintomas, não motores, são extremamente comuns e incluem dor e outros distúrbios (sensitivos); problemas disautonômicos, tais como urgência e frequência urinárias; tontura ortostática; obstipação intestinal; disfunção erétil; anormalidades do sono, incluindo distúrbio comportamental do sono REM; ansiedade; cansaço; depressão e transtornos cognitivos, incluindo demência. Além das manifestações da própria doença, as complicações da terapêutica farmacológica incluem flutuações relacionadas com as características motoras e não motoras, e transtornos psiquiátricos e comportamentais. Assim, nos estágios tardios da doença, o estado clínico frequentemente flutua de hora em hora e até mesmo de minuto em minuto. Por conseguinte, os pacientes exibem uma mistura das características clássicas do parkinsonismo, as quais podem melhorar bastante em resposta à medicação, sintomas que persistem a despeito do grande benefício da medicação e sintomas que ocorrem como complicação da medicação dopaminérgica. Sinais e sintomas tardios resistentes ao tratamento Problemas Sintomas Motor Disatria Disfagia Bloqueio motor Instabilidade postural com quedas Não motor Disautonomia Perda de peso Sintomas sensitivos, incluindo dor Alterações no humor ou comportamento Distúrbios no sono Fadiga Disfunção cognitiva Demência Diagnostico O diagnóstico da DP é fundamentalmente clínico, tendo os exames complementares como auxiliares para descartar diagnósticos diferenciais. Ainda não é possível ser estabelecido com segurança o diagnóstico da DP na fase pré-motora ou prodrômica, mas a Movement Disorders Society tem pesquisado critérios diagnósticos para esta fase da moléstia. Esses critérios permitem delinear a probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença com Kamilla Galiza / 5º P / APG base nos fatores de risco para DP, na presença de manifestações não motoras e em alguns biomarcadores (tais como cintilografia cerebral para estudo da via dopaminérgica e sonografia transcraniana). • O diagnóstico da DP envolve três passos, conforme proposto por Gibb e Lees: • A caracterização da síndrome parkinsoniana; • A identificação da causa do parkinsonismo e, portanto, exclusão de formas secundárias decorrentes de causas específicas e de formas atípicas deparkinsonismo relacionadas com afecções neurodegenerativas da meia-idade e as relacionadas com doenças degenerativas ou dismetabólicas de causa genética de início nas primeiras décadas de vida; A confirmação do diagnóstico clínico com base na resposta terapêutica à levodopa e na evolução da doença. O diagnóstico da forma da DP de início precoce apresenta peculiaridades e é mais complexo, pois envolve um maior número de afecções quando comparado com a forma clássica da moléstia. Passo 1 Caracterização da síndrome parkinsoniana A síndrome parkinsoniana tem quatro componentes básicos: bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural. Nos critérios diagnósticos para DP propostos recentemente pela Movement Disorders Society pelo menos dois desses componentes, excluída a instabilidade postural (que não está presente em fase inicial da doença), são necessários para a caracterização da síndrome. A principal diferenciação do tremor da DP deve ser feita em relação ao tremor essencial (TE), condição muito mais frequente que a DP e de evolução benigna. O TE manifesta-se como um tremor cineticopostural simétrico (ou com discreta assimetria), geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer o segmento cefálico (tremor em afirmação ou negação) e voz. É uma doença bimodal na sua distribuição quanto à faixa etária (adulto jovem ou, mais comumente, acima de 50 anos), com história familiar positiva em 30%-40% dos casos e, classicamente, com melhora sob o efeito de bebidas alcoólicas. Responde bem ao tratamento com betabloqueadores e primidona. Tremor parkinsoniano Tremor essencial Repouso Postural Unilateral/assimétrico Simétrico/discreta assimetria História familiar positiva em 5-10% dos casos História familiar positiva em 30-40% dos casos Responde a drogas dopaminérgicas e anticolinérgicas Responde a betabloqueadores e primidona Melhora com álcool Passo 2 Identificação da causa da síndrome parkinsoniana A identificação da causa da síndrome parkinsoniana implica no reconhecimento de causas específicas (parkinsonismo secundário) ou de formas atípicas de parkinsonismo degenerativo, como a atrofia de múltiplos sistemas (AMS), paralisia supranuclear progressiva (PSP), degeneração corticobasal (DCB) e demência com corpos de Lewy (DCL). Excluídas estas possibilidades estaremos diante de uma forma primária de parkinsonismo, ou seja, a DP. Nas formas da DP de início precoce, que representam cerca de 10% a 15% dos casos, o quadro de diagnósticos diferenciais é bastante distinto da DP que se instala na meia-idade e é representado pelas afecções degenerativas ou dismetabólicas, geralmente de causa genética. Passo 3 Confirmação do diagnóstico de DP com base na resposta terapêutica e evolução A boa resposta às drogas de ação dopaminérgica, especialmente a levodopa, é um critério obrigatório para a confirmação do diagnóstico da DP. Entretanto, pacientes com outras doenças que se manifestam com parkinsonismo podem apresentar resposta positiva a essas drogas, ainda que inferior à observada na DP. Entre estas doenças destacam-se aquelas que são mais difíceis de serem diferenciadas da DP como a PSP e AMS. A evolução da DP é lenta e, sob tratamento, os pacientes mantêm-se independentes pelo menos nos primeiros 5 anos após a instalação das manifestações motoras da moléstia. Portanto, diante de uma evolução desfavorável, com limitações motoras graves após poucos anos do início da doença, o diagnóstico de DP deve ser colocado em dúvida. Outro aspecto a ser valorizado como confirmatório do diagnóstico de DP é o aparecimento, em longo prazo, de discinesias induzidas por levodopa. Exames complementares O diagnóstico da DP apoia-se amplamente na anamnese, exame neurológico e acompanhamento do paciente. Exames Kamilla Galiza / 5º P / APG de imagem estruturais como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada do encéfalo são utilizadas como auxílio para a exclusão dos diagnósticos diferenciais. Outros exames complementares que podem ser utilizados como meio auxiliar no diagnóstico da DP são os exames de neuroimagem funcional, PET (positron emission tomography) e o SPECT (single photon emission computed tomography), a ultrassonografia transcraniana, a cintilografia cardíaca com 123I-MIBG e o exame do olfato. Outra técnica que poderá trazer contribuição futura para o diagnóstico da DP é a aferição em fluídos biológicos de marcadores (proteínas) envolvidos na etiopatogenia da DP, como a alfassinucleína, com o objetivo de distinguir indivíduos normais de portadores da doença. Critérios diagnósticos para doença de Parkinson Nas tabelas a seguir constam os critérios diagnósticos propostos pela United Kingdom Parkinson’s Disease Society Brain Bank (Gibb e Lees), que têm sido os mais utilizados nas últimas décadas, e os critérios diagnósticos propostos mais recentemente pela Movement Disorders Society. Tratamento A levodopa segue sendo a principal forma de tratamento da DP desde o seu lançamento comercial, no final dos anos 1960. É considerada uma “pró-droga”, pois seu efeito é decorrente da conversão para dopamina. Atua diretamente sobre a deficiência dopaminérgica que é a base fisiopatológica dos sinais e sintomas motores associados à doença. É a droga mais eficaz para o controle dos sintomas motores, mas seu uso pode estar associado a problemas (especialmente no longo prazo), podendo ocorrer redução do tempo de efeito (wearing-off) e movimentos involuntários (discinesias). Passo 1: Caracterização da síndrome parkinsoniana Passo 2: Identificação da causa da síndrome parkinsoniana Passo 3: Confirmação do diagnóstico de DP com base na resposta terapêutica e evolução Kamilla Galiza / 5º P / APG Um dos principais problemas da levodopa é sua meia-vida curta, que é de 90 minutos. Os preparados comerciais de levodopa vêm com drogas que bloqueiam a conversão da levodopa no sangue periférico, permitindo uma maior entrada do fármaco no SNC e minimizando os efeitos adversos da ação direta da dopamina sobre os receptores periféricos (hipotensão postural, náuseas e vômitos). Há dois inibidores periféricos da dopa descaboxilase (DDC) disponíveis comercialmente: a carbidopa e a benserazida. Manejo da fase inicial Nas fases iniciais da DP a utilização de preparados comerciais de levodopa com inibidores da DDC é muito bem-sucedida na maioria das vezes. O uso de duas a quatro doses diárias de 50 ou 100 mg de levodopa permite um efeito homogêneo e estável durante as 24 horas do dia. Nas fases iniciais ainda existem neurônios dopaminérgicos sobreviventes e com a entrada da levodopa no cérebro, parte dela é convertida em dopamina dentro do neurônio e é estocada em vesículas para ser utilizada posteriormente. Outra parte da levodopa é convertida em dopamina e é utilizada imediatamente no terminal sináptico. Com o passar do tempo, a reserva de neurônios dopaminérgicos vai escasseando e a maior parte da levodopa passa a ser convertida em dopamina fora do neurônio dopaminérgico e o tempo de efeito passa a ser quase o mesmo que o de sua meia-vida (90 minutos). Esta é uma das razões para a ocorrência de uma das complicações mais frequentes do tratamento da DP: o encurtamento do tempo de efeito (wearing-off). Todas as outras opções terapêuticas para o tratamento da DP são menos eficazes que a levodopa, mas têm meia-vida plasmática maior e, portanto, um perfil de efeitos adversos diferente não estando associados a wearing-off e a discinesias. Temos como drogas com ação no sistema dopaminérgico, além da levodopa, os agonistas dopaminérgicos (rotigotina e pramipexol), os inibidores da MAO (selegilina e rasagilina) e os inibidores da COMT (entacapona e tolcapona). As drogas com ação fora do sistema dopaminérgico são os anticolinérgicos (biperideno e triexifenidila - cadavez menos usados) e os antiglutamatérgicos (amantadina). Os anticolinérgicos, a selegilina e a amantadina são as drogas com menor capacidade para reverter a sintomatologia parkinsoniana, mas que podem ter um papel útil no tratamento. Manejo da fase avançada Na fase avançada, individualizamos a estratégia de acordo com o tipo de complicação. No encurtamento do efeito (wearing-off) ou com discinesias tendemos numa primeira etapa a fracionar o número de tomadas da levodopa e, em etapas seguintes, adicionar outros medicamentos. Pacientes com demora em iniciar o efeito (retardo no on) podem beneficiar-se de levodopa na forma dispersível, diluída em água. Pacientes com acinesia noturna, interferindo na qualidade do sono, podem beneficiar-se de apresentações de liberação gradual da levodopa. Tratamento dos sintomas não motores Os sintomas não motores, como depressão, demência, sintomas psicóticos, constipação intestinal e hipotensão postural, também devem ser tratados. Tratamento cirúrgico A principal indicação para o tratamento cirúrgico é para os casos em que ocorrem as complicações motoras de longo prazo apesar da melhor combinação de drogas antiparkinsonianas. Pode ser feito com cirurgias ablativas (talamotomia, palidotomia e subtalamotomia) ou com estimulação cerebral profunda através da implantação de eletrodos nos núclos sublatâmicos ou pálidos (DBS – Deep Brain Stimulation). Manejo não farmacológico A fisioterapia e a fonoterapia podem ser indicadas em qualquer fase da doença, sempre em combinação com o tratamento medicamentoso. Referencias Gagliardi, Rubens J. Takayanagui, Osvaldo M. Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. Costanzo, Linda S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. Goldman, Lee. Schafer, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina, volume 2. 25. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. ANDRADE, Adriano O. et al. Sinais e sintomas motores da doença de Parkinson: caracterização, tratamento e quantificação. Novas tecnologias aplicadas à saúde: integração de áreas transformando a sociedade, p. 282, 2017. Hauser SL, Josephson SA. Neurologia clínica de Harrison. 3a. Edição, Editora Artmed, 2015. 1º: Considere o grau de incapacitação do paciente Sintomas presentes, pouco incômodo e nenhuma incapacitação: rasagilina, selegilina ou anticolinérgicos ou amantadina Sintomas incomodam, mas não incapacitam ou incapacitam pouco: agonista dopaminérgico ou levodopa Sintomas incomodam e há uma considerável incapacitação: levodopa 2º: Considere a idade do paciente Paciente >70-75 anos podem não tolerar bem outras medicações: opte por levodopa de saída
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