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34 Módulo 5 - Didática aplicada à Matemática MODELAGEM E ETNOMATEMÁTICA Para começar nossa conversa, Esta unidade tem como objetivo discutir duas tendências em Educação Matemática: a Etnomatemática e a Modelagem Matemática, no sentido de ampliar as metodologias que podem ser utilizadas em sala de aula, de forma a desenvolver habilidades e competências capazes de contribuir para a com o educando em sua aprendizagem do educando, levando-o a compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive. ETNOMATEMÁTICA O Movimento de Etnomatemática surgiu no Brasil em 1975, a partir dos trabalhos de Ubiratan D`Ambrosio. Esse autor (1988) coloca a etnomatemática como um programa que visa explicar os processos de geração, organização e transmissão de conhecimentos em diversos sistemas culturais e as forças interativas que agem em nós nesses três processos. Encontramos em D’Ambrósio (1998) uma explicação mais detalhada do termo, como sendo a arte ou técnica de entendimento, de explicação e de aprendizagem contemplando o manejo do ambiente natural, social e político, apoiado nos processos culturais identificados na cultura de um povo como contar, medir, classificar, ordenar etc. A Etnomatemática compreende que toda atividade humana resulta do meio em que está inserida, da realidade da qual o sujeito faz parte. Na etimologia da palavra Etnomatemática já está implícito, na verdade, o seu significado (etno – algo amplo, referente à cultura, e portanto, inclui a linguagem, os códigos, os mitos e os símbolos; matema – explicar, conhecer; tica – vem de techne, que é a mesma raiz de arte e de técnica). Ou seja, poderíamos traduzir como a arte de explicar Matemática por meio de tudo que se refere à cultura. UNIDADE V Ao longo desta história, reconhecem-se esforços de indivíduos e de todas as sociedades para encontrar explicações, formas de lidar e conviver com a realidade natural e sociocultural. Isso deu origem aos modos de comunicação e às línguas, às religiões e às artes, assim como às ciências e às matemáticas, enfim a tudo o que chamamos “conhecimento”, muitas vezes também chamado “saber”. (D’Ambrósio, 1996, p. 18). 35Unidade V - Modelagem e Etnomatemática Para D’Ambrósio (2008, p. 165) “há maneiras de ser matemático, entendendo ‘ser matemático’ com um indivíduo que tem seus modos e maneiras pessoais de comparar, classificar, quantificar, medir, organizar e de inferir e de concluir”. Evidentemente, isso tem implicações pedagógicas, se considerarmos uma educação multicultural, ou seja, se considerarmos que o aluno tem uma identidade cultural. Desse ponto de vista, o sucesso e o fracasso do aluno precisa ser pensado a partir desta identidade. MODELAGEM MATEMÁTICA Existem certos problemas, em determinadas áreas do conhecimento, que, em geral, não buscam soluções únicas, mas fórmulas ou relações que possam dar soluções aproximadas plausíveis para a situação. Exemplos desses problemas podem ser: como minimizar os custos em uma fábrica, sem diminuir os lucros, ou como impedir que uma epidemia se propague. Os mais complexos exigem o estudo de muitos dados estatísticos e de várias variáveis envolvidas, de seu comportamento, das relações entre elas etc. Em geral, esses estudos conduzem a um modelo de procedimentos matemáticos que resolvem, de modo único ou aproximado, o problema dado. A Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo para a resolução de uma situação-problema. A elaboração deste depende de conhecimento matemático. Se o conhecimento que se tem restringe-se a uma Matemática elementar, como Aritmética e/ou medidas, o modelo pode requerer a busca de novos conhecimentos. Quanto maior for o conhecimento, maiores serão as possibilidades de resolver questões que exijam uma Matemática mais sofisticada. Porém, o valor do modelo não está na sofisticação matemática, mas sim na arte criativa do aluno. Assim, a modelagem matemática procura refletir sobre uma determinada realidade, procurando entender, explicar ou agir sobre ela. Bassanezi (2009) aponta que o processo usual da modelagem deve ser dinâmico e utilizado para a obtenção e posterior validação de modelos matemáticos, ou seja, a modelagem procura transformar situações da realidade em problemas matemáticos, cujas soluções devem ser testadas e validadas nas situações reais de origem. Nesse tipo de atividade, o modelador (no caso o aluno) deve saber optar sobre a ferramenta matemática que melhor se adapta para resolver o problema, e também ter senso crítico para jogar com as variáveis envolvidas. A Modelagem Matemática é, assim, uma arte, ao formular, resolver e elaborar expressões que valham não apenas para uma solução particular, mas que também sirvam, posteriormente, para dar suporte a outras aplicações e teorias. 36 Módulo 5 - Didática aplicada à Matemática A Modelagem Matemática pressupõe um ciclo de atuação que parte de uma realidade, cria um Modelo que procura explicar e entender aquela realidade e, com os resultados obtidos, volta-se a ela para validar/reformular o modelo criado (MONTEIRO e JÚNIOR, 2001, p. 72). O esquema a seguir é apresentado por Bassanezi (1994), para descrever as etapas de uma modelagem. As setas contínuas indicam a primeira aproximação e as setas pontilhadas indicam a busca de um modelo matemático que melhor descreva a situação-problema a ser estudada. Fonte: Bassanezi, 2009 p. 27 Explicando o esquema, Bassanezi (2009) afirma que as atividades intelectuais especificadas no esquema acima podem ser compreendidas da seguinte forma: ao colocar um problema não matemático, isso dá a idéia de algo mais amplo, apenas com a idéia a ser explorada; contudo, os problemas matemáticos irão surgir ao longo do trabalho. 1. Experimentação – atividade em que se processa a obtenção dos dados experimentais. 2. Abstração – procedimento que leva à formulação dos modelos matemáticos, em que se procura estabelecer: as variáveis com as quais se vai trabalhar; a problematização da situação estudada; a formulação de hipóteses que serão investigadas; a montagem do modelo e, por fim, a simplificação da situação a ser estudada. 3. Resolução – fase em que está a maior riqueza, pois é por seu intermédio que surgem novos conhecimentos e torna a Matemática mais atraente e significativa ao educando. I- Problema não Matemático 2-Abstração III- Modelo Matemático 1-Experimentação 5- Modificação 3- Resolução Analítico Numérico II- Dados Experimentais 4- Validação IV- Solução 6- Aplicação 38 Módulo 5 - Didática aplicada à Matemática CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro professor e cara professora, Chegamos ao fim dessa curta jornada, mas nós sabemos que você está apenas começando uma longa caminhada como professor da rede pública de ensino do Estado do Ceará. Nossa esperança é que esse texto e as atividades propostas tenham despertado em você o desejo de aprofundar seus estudos sobre educação matemática. Como Paulo Freire, acreditamos que o processo de formação e de desenvolvimento profissional é contínuo e ocorre durante toda a vida. Ao escolher os temas para esse texto, nós certamente deixamos de fora outros tantos temas que, apesar da ausência, são igualmente importantes, assim, gostaríamos de dizer que o que tratamos aqui precisa de estudos adicionais. Em sala de aula é assim. Fazemos escolhas e quando as fazemos deixamos de escolher outras. O currículo não é apenas a lista de conteúdos e os programas. O currículo é vivo e construído nas múltiplas relações que acontecem em uma sala de aula. Como educador matemático, você tem a responsabilidade de construir, em conjunto com seus alunos, um currículo mais significativo para você e para eles. Desejamos, por fim, que a prática cotidiana e os desafios que ela trás sejam elementos fundamentais para despertar em você o desejo de permanentemente aprender mais sobre o que a matemática, sobre o que é aprender matemática e sobre o que é ensinarmatemática. Desejamos a você muito sucesso na profissão docente! Não existe formação momentânea, formação de começo, formação de fim de carreira. Nada disso, formação é uma experiência permanente, que não para nunca. Paulo freire
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