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0ÁG OR LG LFD UDO PLANEJAMENTO COMO EIXO ARTICULADOR A atividade de planejar é mais corriqueira do que imaginamos. Somos seres de planejamento. Não raramente fazemos planos. Ainda jovens, crianças ou adolescentes, pensamos no que queremos fazer quando formos adultos, imaginamos profissões, viagens, etc. Na vida adulta passamos boa parte de nosso tempo planejando. Como economizar a compra daquele carro ou para aquelas férias, em realizar alguns desejos que, dada a vida agitada e os compromissos que ela nos impõe, se não nos programarmos não passarão de sonhos, nunca vindo a se concretizar. Sendo assim, podemos de maneira superficial entender por planejamento o conjunto de ações que materializam os sonhos. A organização das decisões no sentido de tornar um desejo, um objetivo, em realidade. Nesta unidade conversaremos um pouco sobre o conceito e a importância do planejamento nas diversas atividades desenvolvidas pelo homem, nas mais diversas áreas e mais especificamente na educação. Abordaremos o conceito e os diversos tipos de planejamentos aplicados na área da educação em nível nacional, estadual, municipal, como também dentro da escola e em sala de aula. Como diz Geraldo Vandré “quem sabe faz a hora não espera acontecer”. É necessário planejar, agir, mudar. Tornar possíveis as utopias, trilhar os sonhos, buscar possibilidade. Assumir o compromisso histórico com o processo de transformação. Procurar sempre ver para além da realidade dada (BOFF 1998, p. 98). 2.1. O Ato de Planejar Na música “Cotidiano”, Chico Buarque de Holanda nos mostra a rotina que se faz presente em nossas vidas. Alerta-nos para a necessidade de criar, inovar, fazer diferente, tornar exclusiva a normalidade, enfim dar sentido e significado a vida... humanizar. 81 Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã. (HOLANDA) 0ÁG OR LG LFD UDO 2.2. Planejamento Educacional De acordo com Libâneo (1991), o planejamento educacional consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos a longo prazo que definam uma política da educação. É realizado pelo Governo Federal, através do Plano Nacional de Educação e da legislação vigente. É amplo, geral e abrangente e determina as diretrizes da política nacional e estadual de educação. São exemplos de planejamento educacionais: O PNE é respaldado legalmente na Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, que determinam um plano nacional de educação, com duração de dez anos, em sintonia com a Declaração Mundial de Educação para Todos. Subsidia a elaboração dos planos decenais dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. São referências de qualidade para os Ensinos Fundamental e Médio do país, elaboradas pelo Governo Federal. O objetivo é propiciar subsídios à elaboração e reelaboração do currículo. São normas que orientam o planejamento curricular das escolas e sistemas de ensino, fixadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Têm origem na LDB de 1996. Dessa forma, foram estabelecidas Diretrizes Curriculares Nacionais para: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino Médio e para a Formação de Professores. São elaborados para áreas que necessitem de informações adicionais, além dos documentos normativos (PCNs – DCNs). Por isso, são divididos em categorias, de acordo com o nível de ensino a que se referem, constituindo, por exemplo, os PCNs para a Educação Infantil, os PCNs para a Educação Indígena e os PCNs para a Educação Profissional. São estruturados em consonância com a Constituição de 1988, concebida como “um conjunto de diretrizes políticas, em contínuo processo de negociação (...)” Com base no Plano Nacional de Educação – PNE, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão elaborar planos decenais correspondentes. 2.3. Planejamento Escolar ou Institucional O planejamento escolar ou institucional é a etapa em que se determina os rumos da escola e se define sua função social, estabelecendo-se o eixo norteador de todas as ações nela desenvolvidas. Conforme Libâneo (1992), o planejamento escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social" (p. 221). Em sua elaboração devem ser observadas as finalidades da educação; a função social da escola; as bases teórico-metodológicas, ou seja, o tipo de homem que se pretende formar; a organização do trabalho pedagógico; as teorias de ensino-aprendizagem. São exemplos de planejamento escolar: Planejamento curricular É o "processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno" (VASCONCELLOS, 1995, p. 56). Essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao aluno, por meio dos diversos componentes curriculares. Portanto, a escola deve ter como referência os parâmetros curriculares nacionais e adequá-los à sua realidade. O PPP é o documento onde estará todo o planejamento das ações educativas a serem desenvolvidas pela escola. Nele constarão as diretrizes para o planejamento das disciplinas, para as ações interdisciplinares e para a orientação do estabelecimento das parcerias com a comunidade e demais órgãos públicos educacionais e não diretamente vinculados à educação. A elaboração do Projeto Político-Pedagógico deve contar com a participação dos diversos sujeitos educativos e irá determinar a autonomia, a identidade e a função social da escola. Enfim, ao elaborá- lo estabelece-se o eixo norteador de todas as atividades a serem desenvolvidas pela escola, num determinado tempo histórico. O PPP é a coluna vertebral da escola, deve ser construído no chão da escola, por meio do movimento de seu cotidiano, considerando seus anseios, dificuldades e possibilidades. Um projeto que busque assegurar seus valores, crenças, formas de pensar, de agir e de ser (SOARES, 2009). Veiga (1999) afirma que o PPP, ao mesmo tempo em que exige a participação da comunidade educativa na definição do tipo de escola que se quer construir, exige também a definição do tipo de 8 LGDG 3OD MDP R FRPR L R U LF ODGRU 0ÁG OR LG LFD UDO sociedade e de cidadão que se pretende formar. Nele detalha-se “as ações específicas para obtenção desses fins” (p. 17). O Plano de Metas representa o compromisso inicial do diretor com a Escola e a SEDUC, servindo de base para a redefinição, junto à comunidade escolar, dos instrumentos de gestão da Escola. Esse plano tem como referência a Agenda Estratégica da Secretaria da educação do governo do Ceará - SEDUC. Cada escola da rede pública de ensino deve elabora seu PLAMETAS, considerando a realidade da escola, seus indicadores e fragilidades. Nesse plano são definidos objetivos estratégicos, metas e ações que visam atender às evidências apontadas pelos indicadores. Os objetivos estratégicos são de natureza qualitativa, especificam a maneira com as metas serão alcançadas. As metas são os fins, ou seja, os resultados que a escola pretende alcançar. A referência para sua elaboração é o último ano do período do plano (2012), e anuais. Devem ser estratificadas por níveis e modalidades de ensino e por turno (diurno e noturno) e sempre conter: um objetivo gerencial, valor e prazo. Para cada meta deve ser definido um grupo de ações. É, portanto um instrumento da gestão, considerado como a Agenda Estratégica da Escola. Assim, podemos destacar itens que compõem o Plano de Metas a partir de um exemplodeste Plano. Uma escola estadual de ensino médio da rede estadual de educação do Ceará apresenta o seu Plano de Metas com a seguinte estrutura: MISSÃO: Garantir educação básica com equidade e foco no sucesso do aluno. VISÃO: Ser uma organização eficaz com um ambiente de trabalho acolhedor e propício ao desenvolvimento de pessoas, assegurando, até 2010, a matrícula de todas as crianças e jovens de 4 a 18 anos, a melhoria dos resultados de aprendizagem em todos os níveis de ensino e a efetiva articulação do ensino médio à educação profissional. Objetivos Estratégicos Institucionais: Fortalecer o regime de colaboração com foco na alfabetização das crianças na idade certa. Melhorar a qualidade da educação básica em todos os níveis de ensino. Proporcionar a oferta do ensino médio com currículo diversificado compatível com as estratégias de desenvolvimento local/regional; Valorizar os profissionais da educação, assegurando seu desenvolvimento, direitos e deveres; Desenvolver modelos de gestão organizacional e escolar, focados na aprendizagem. Considerando a MISSÃO, a VISÃO e os OBJETIVOS ESPECÍFICOS INSTITUCIONAIS, o diretor da referida escola elaborou o seu Plano de Metas. Neste Plano, um dos OBJETIVOS ESTRATÉGICOS é: médio. Partindo deste OBJETIVO, foram estabelecidos: Indicadores: Taxa de aprovação, Taxa de reprovação, Taxa de abandono, Frequência dos alunos, Acompanhamento pedagógico, Desempenho acadêmico dos alunos do Ensino Fundamental e Médio. Linhas de base: o Ensino Médio Diurno Geral: 2008 – 80% o Ensino Médio Noturno Geral: 2008 -78% o Ensino Médio Diurno Geral: 2008 – 2% o Ensino Médio Noturno Geral: 2008 – 2,02% o Ensino Médio Diurno Geral: 2008 – 18% o Ensino Médio Noturno Geral: 2008 – 19,08% Desta forma, as METAS GLOBAIS (2009 a 2012), definidas para o objetivo supramencionado são: o Aumentar a taxa de aprovação para 87% 8 LGDG 3OD MDP R FRPR L R U LF ODGRU 0ÁG OR LG LFD UDO o Reduzir a taxa de reprovação para 2% o Reduzir a taxa de abandono para 11% Definidos os OBJETIVOS e as METAS, o próximo item que o Plano de Metas apresenta é a definição das AÇÕES, que visam à concretização das METAS estabelecidas. Desse modo, das ações relacionadas gostaríamos de destacar a ação a seguir: As indicações do Plano de Metas servirão a você, professor, para pensar e efetivar o seu planejamento de ensino. Se a ação descrita no Plano requer como procedimento planejar aulas práticas, isto deve ser considerado no momento da elaboração do seu planejamento de sala de aula, articuladas com as proposições do planejamento curricular e do Projeto Político-pedagógico da escola. Projeto pode ser entendido como projeção, processo de formação de uma idéia que admite modificações, que mantém um diálogo constante com o contexto, com as circunstâncias, com os indivíduos. É a confluência das diversas áreas do conhecimento, é o estabelecimento de conexões múltiplas, a geração de transformações e a exploração de caminhos alternativos. Os projetos podem ser entendidos como um dos veículos para o desenvolvimento do trabalho. Abrantes, (1995, p. 62) aponta algumas características fundamentais do trabalho com projetos: Um projeto é uma atividade intencional, tendo um objetivo que lhe dá unidade e sentido às várias atividades. O envolvimento dos alunos é uma característica- chave. Num projeto, a responsabilidade e a autonomia dos alunos são essenciais. Um projeto é uma atividade intencional, tendo um objetivo que lhe dá unidade e sentido às várias atividades. O envolvimento dos alunos é uma característica- chave. Num projeto, a responsabilidade e autonomia dos alunos são essenciais. Eles são corresponsáveis pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. Em geral, fazem-no em equipe, motivo pelo qual a cooperação está AÇÃO PRAZO PROCEDIMENTO Estimular e monitorar as atividades laboratoriais, tendo como foco o sucesso do aluno Mensalmente Planejando aulas práticas também quase sempre associada ao trabalho. A autenticidade é uma característica fundamental. O problema a resolver é relevante e tem caráter real para os alunos. Não se trabalha com conteúdos prontos. O problema faz parte do contexto sociocultural e os alunos constroem respostas pessoais e originais. Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas. O objetivo central constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas. Um projeto percorre várias fases: escolha do objetivo central, formulação dos problemas, planejamento, execução, avaliação e divulgação dos trabalhos. Mas como organizar um projeto de trabalho? Inicialmente deve ser escolhido e definido o problema a ser pesquisado pela turma com o envolvimento de todos. Nesse momento de problematização o professor detecta o que os alunos já sabem e o que ainda não sabem sobre o tema em questão. A partir das questões apontadas nessa etapa, o projeto é organizado pelo grupo. O problema é, então, o eixo orientador da organização do projeto. A próxima etapa será do desenvolvimento do projeto, ou seja, é o início do processo de pesquisa, quando se estabelecem as estratégias a serem utilizadas na busca da resposta do problema apresentado. Nessa fase, selecionam-se as fontes bibliográficas ou de informação, como os critérios de ordenação e de interpretação das fontes. Pode acontecer que, no desenrolar do projeto, novas dúvidas surjam, o que irá exigir que se estabeleçam relações com outros problemas. Por último teremos a síntese, o processo de compreensão do problema, de reconhecer diferentes versões de um fato. É a ressignificação de conceitos e valores por meio de procedimentos construídos coletivamente. Portanto, a reelaboração e produção do conhecimento, quando as convicções iniciais são superadas e outras mais complexas vão sendo construídas. 2.4. Planejamento de Ensino É o processo que envolve "a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos" (FUSARI, 1989, p. 10). Consiste em traduzir, em termos mais concretos e operacionais, o que o professor fará na sala de aula para mediar o processo de construção do conhecimento do aluno e ajudá-lo a alcançar os objetivos educacionais propostos. São exemplos de planos de ensino: 8 LGDG 3OD MDP R FRPR L R U LF ODGRU 0ÁG OR LG LFD UDO Plano de curso ou de disciplina É o planejamento organizado das atividades pedagógicas a serem desenvolvidas em todo o não letivo. Pode ser denominado também de plano de curso ou plano de aprendizagem e ser organizado por unidades didáticas. No plano de curso acontece a distribuição do conteúdo/conhecimento/atividade a ser trabalhado num determinado período de tempo. Em sua elaboração devem ser considerados o planejamento educacional, o planejamento institucional e o curricular, a realidade sociocultural, a idade e desenvolvimento dos alunos, as condições necessárias para a efetivação do processo ensino-aprendizagem, além dos seguintes componentes: Plano de aula O plano de aula pode ser considerado como o detalhamento do plano de curso ou disciplina. É onde as idéias transformam-se em ações e fazem com que ocorra, cotidianamente, o fazer pedagógico em sala de aula. Conforme Anastasiou (2004) é quando se dá sabor ao conhecimento, quando se mexe com o desejo e o prazer do aprender. Segundo a autora, também pode ser lugar de opressão, amargura e exclusão dependendo da forma como o professor organiza seu trabalho pedagógico. Ao organizar a aula o professor não deve estabelecer um divórcio entre a vida e a escola, entre o ter que e o querer que. Isso só é possível por meio de utilização de metodologias socializantes, inovadoras e ativas. Anastasiou (2004) diz que o assistir ou dar aulas precisa ser substituído pela ação conjunta do fazer aulas. Talvez, seja necessário que o professordesaprenda a dar aula e aprenda a fazer aula junto com seus alunos. De acordo com Libâneo (1999), ao preparar a aula o professor deve considerar os seguintes aspectos: Tempo de duração da aula; desenvolvimento e estudo ativo; sistematização e aplicação; Não devemos desconsiderar a importância da aula para o processo ensino aprendizagem do aluno. Para Mariz apud Soares (2009) o espaço-atividade sala de aula pode ser um banquete onde se faz e degusta o pensar criador, como podemos presenciar no filme “A Festa de Babette”, onde as pessoas, espantadas e resistentes por motivos religiosos, se vêem sentadas frente a um banquete com todo o requinte da culinária francesa, degustando lentamente sabores diferentes. Num movimento de medo e descobertas, de alegria e espanto, elas experimentam algo semelhante ao movimento de aprender! Rubem Alves (2005) nos diz que saber é saborear. Portanto, para poder levar o sabor do conhecimento ao aluno, é necessário que o professor também o saboreie. Que planeje sua aula também com desejo e pergunte a si mesmo: eu gostaria de assistir essa aula? É fundamental ao professor colocar-se no lugar do outro, transformar a aula em magia, em espaço de trocas, descobertas e muita vontade de aprender a aprender. Para finalizar essa unidade recorro ao grande educador Paulo Freire: Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. (1998, p. 80) 8 LGDG 3OD MDP R FRPR L R U LF ODGRU
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