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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA Centro de Ciências Jurídicas. Departamento de Direito Privado. Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO: Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL I PARTE. DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL 2. BENS PROTEGIDOS; INVENÇÃO E MODELO DE UTILIDADE II. INVENÇÃO. 1. Conceito de Invenção. Em termos gerais a invenção tem por base a existência de um problema; dele decorre a necessidade de buscar a solução existindo, portanto, uma invenção em potencial. A lei não contempla um conceito sobre a invenção, mas é possível estabelecer que é: Criação original do espírito humano; ampliação do domínio do homem que o exerce sobre a natureza etc. Ato humano de criação original, lícito, não compreendido no estado da técnica e suscetível de aplicação industrial. Resultado de uma atuação criativa do espírito humano, consistente em novo produto, ou um novo processo ou meio técnico para obtenção de produtos. (Código de Propriedade Industrial português). Pasqualina. Máquina de calcular (Pascal 1641); Eniac: 1º computador com sistema eletrônico Face à dificuldade de delimitar o conceito de invenção o art. 10 da LPI prefere determinar o que não é invenção nem modelo de utilidade:descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; concepções puramente abstratas; esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; programas de computador em si; apresentação de informações; regras de jogo; técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapeuticos ou de diagnósticos, para aplicação no corpo humano ou animal e o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais. 2. Requisitos: O autor de invenção tem o direito de obter uma patente que garanta a propriedade de seu invento. Para tanto, deverá depositar o pedido no Instituto Nacional de Propriedade Industrial que investigará se os requisitos exigidos (art. 8) de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial e licitude estão presentes. Novidade:nova é a invenção não compreendida no estado da técnica (art. 11). Inventividade: fruto de atividade inventiva. (art. 13) É inventiva se para um técnico no assunto não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica. Industriabilidade:(art. 15) Suscetíveis de aplicação industrial, isto é, deve ter utilidade. Licitude. Estabelece o inciso I do art. 18 que não são patenteáveis o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e a saúde públicas O parágrafo 1º do art. 11 da LPI estabelece que: o estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior. Portanto, o requisito da novidade, no Direito brasileiro, é determinado em termos absoluto, isto é, fundamentado no conhecimento que se tem de algo que serve para atender as necessidades humanas a partir da divulgação. No dizer de Requião (2006:315), “o que não foi revelado ou usado não se integra no estado da técnica, constituindo, por conseguinte, novidade” Parâmetros para se aferir, delimitar o estado da técnica e, por conseguinte, preencher o requisito da novidade são determinados a partir da: a data de depósito ou da prioridade reivindicada, desde que tenha havido a publicação do pedido (art. 11, §2º). Ex. Um inventor divulga inteiramente sua invenção em 01/01/2005, vindo a depositar o respectivo pedido de patente brasileiro apenas em 01/05/2005. Para efeitos de aferição de novidade, qual a relevância dessa divulgação para o pedido de patente? R. Nenhuma, pois tal divulgação não é considerada como estado da técnica. Comentário. O Estado da técnica é composto por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data do depósito do pedido (art. 11, §1º e art. 96, § 1º) com algumas exceções. E o modo como o enunciado relata ter acontecido a divulgação (pelo próprio inventor) da criação está enquadrado exatamente em uma delas. Tanto para as invenções e modelos de utilidade (art. 12, I), quanto para os desenhos industriais (art. 96, §3º), há previsão de um prazo dentro do qual a criação, ainda que divulgada pelo criador, não perde a novidade (não ingressa no estado da técnica). Trata-se de um prazo de 12 meses para a invenção e modelo de utilidade, e 180 dias para desenhos industriais. No caso em tela, por força dos dispositivos supra citados, ao ser depositada a invenção não teria ingressado no estado da técnica, sendo, assim, ainda novo A Lei 9.279/96 procurando proteger o inventor de atos que possam desconfigurar o requisito de novidade, elastece o estado da técnica com as seguintes exceções: Obediência ao lapso temporal (art. 12): trata-se do denominado estado da graça que não considera estado da técnica a divulgação de invenção ou modelo de utilidade ocorrida nos 12 meses precedentes a data de depósito ou da prioridade do pedido de patente se promovida: pelo inventor, nos 12 meses anteriores ao depósito do pedido de patente; pelo INPI, através de publicação oficial do pedido de patente depositado sem o consentimento do inventor, baseado em informações deste obtidas ou em decorrência de atos por ele realizados; ou por terceiros, com base em informações deste obtidas em decorrência de atos por ele realizados Obediência ao princípio de prioridade (art. 16): quem faz pedido de patente em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em organização internacional, deve reinvidicar a prioridade no ato do depósito; não o fazendo nesse momento, o prazo se elastece por até 180. Obediência ao princípio da prioridade interna (art. 17). O pedido de patente de invenção ou de modelo de utilidade depositado originalmente no Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado, terá assegurado o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria depositado no Brasil pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro do prazo de 1 (hum) ano. 3. Vigência: Privilégio exclusivo pelo prazo máximo de 20 anos a partir da data do depósito (art. 40) ou mínimo de 10 anos, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior. (§único do art.40). (Revogado pela Lei nº 14.195, de 2021) II. MODELO DE UTILIDADE 1. Conceito: Trata-se de objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14195.htm resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (art. 9º). É um aperfeiçoamento da invenção. Pequena invenção. Recursos agregados às invenções, para, de um modo não evidente a um técnico no assunto, ampliar as possibilidades de sua utilização. No Agravo de Instrumento 325.640/SP, a Ministra Nancy Andriighi se pronunciou: “o modelo de utilidade pressupõe a existência de invenção, já do domínio público, que vem a ser apresentado como nova forma ou disposição”. Modelos de utilidade - são representados pelas modificações de forma e/ou disposição de objeto de uso comum já existente, resultando melhoria funcional no uso ou fabricação. Pode ser traduzida como aperfeiçoamento de bem ou processo já existentes. Pressupõe inovação de forma, de disposição, de fabricação, de industrialização, de atividade inventiva. Na verdade, o modelo de utilidade parte de uma invenção, é dependente dela, um acessório. Nesse sentido, deverá preencher os mesmos requisitos daquela: novidade, engenhosidade e aplicação industrial (art. 8º).São exemplos de modelo de utilidade: -o grampo para cabelos, onde foram colocados, em suas extremidades, protetores para não machucar o usuário; - o canudo, onde, em sua parte média superior, foram criadas dobras em forma de sanfona, que permitem uma curvatura em vários ângulos, propiciando ao usuário uma maior comodidade na ingestão de líquidos. 2. Requisitos: Novidade; Inventividade, Aplicabilidade e Licitude. 3. Características: Presença de engenhosidade; Aperfeiçoamento deverá revelar a atividade inventiva do seu criador; Deve representar um avanço tecnológico; Deve ter o caráter de acessoriedade, isto é, dependência em relação a uma invenção. 3. Vigência: Privilégio exclusivo pelo prazo máximo de de 15 anos a partir da data do depósito (art. 40) ou mínimo de 7 anos, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior (§único do art.40). (Revogado pela Lei nº 14.195, de 2021) 1. Conceito: Documento representativo do privilégio de exploração. É um título de propriedade temporária (um monopólio) sobre uma invenção ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado ao autor ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentores de direito sobre a criação. É título de legitimação dado ao inventor. Ele materializa um direito outorgado pelo Estado a uma pessoa, conferindo exclusividade de exploração da invenção ou do modelo de utilidade durante certo período. De posse desse documento (a carta patente), o inventor poderá se proteger contra explorações indevidas da sua criação. 2. O pedido de patente. Processo administrativo que tem por objetivo verificar o atendimento dos requisitos de patenteabilidade e obedecerá as condições formais estabelecidas pelo INPI (art. 19): O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados da data de depósito ou da prioridade mais antiga quando houver, após o que será publicado (art.30), na Revista de Propriedade Industrial (RPI), publicação oficial do INPI. Esse prazo para publicação não vale quando se tratar de pedido de patente de interesse à defesa nacional, que tramita em caráter sigiloso e não estará sujeito à publicação (art. 75). O exame do pedido de patente poderá ser requerido pelo inventor-depositante ou por qualquer pessoa interessada, no prazo de 36 (trinta e seis) meses contados da data do depósito (art.33), será realizado após 60 dias da publicação do pedido (§ único art. 31) será finalizado com a elaboração , pelos técnicos do INPI, do parecer deferindo ou indeferindo o pedido. Diferido o pedido de patente, e comprovado o pagamento da retribuição, será concedida e expedida a carta-patente. Documento que comprova a existência do direito industrial sobre a invenção ou o modelo de utilidade. (art. 38), Indeferido, o depositante será intimado para manifestar- se no prazo de 90 (noventa) dias (art.36). 3. Legitimados a requer a patente (art. 6º): autor da invenção ou do modelo de utilidade (art. 6º); herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade (§ 2º art. 6º); todos os inventores se o invento foi realizado em conjunto ou por qualquer um deles, isoladamente, caso sejam nomeados e qualificados os demais, para a ressalva dos respectivos direitos (§ 3º art. 6º). 3.1.4. Patente decorrente da invenção ou Modelo de Utilidade: Hipótese A. Realizada coletivamente art.7º: Tendo em vista que o ato de registro da patente é constitutivo, se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção ou modelo de utilidade de forma independente, o direito de obter patente será assegurado àquele que provar o depósito mais antigo, independentemente das datas de invenção ou criação. Hipótese B. Realizado por empregado ou por prestador de serviço: empregador: quando decorrente de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado (art. 88). Considera-se que a invenção ocorreu na vigência do contrato de trabalho se a patente foi requerida pelo empregado até 1 (um) ano após a extinção do vínculo empregatício (§2º, art. 88); empregado: quando por ele desenvolvida obedecendo os pressupostos: desvinculada do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamento do empregador (art. 90); propriedade conjunta: quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregados, ressalvada disposição contratual em contrário (art. 91). Tratando-se de propriedade coletiva é garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e assegurado ao empregado a justa remuneração (2§, art. 91). Inexistindo acordo entre ambos, o empregador deverá iniciar a exploração do objeto dentro do prazo de 1 (ano), contado da data da concessão, sob pena de passar à exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas as hipótese de exploração por razões legítimas (3§, art. 91). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14195.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14195.htm 5. O Direito de Prioridade. Atente-se que a regra geral é que o titular da patente é de quem primeiro realizar o depósito da invenção ou do modelo de utilidade. Mas é excepcionada pelo direito de prioridade, isto é, o direito assegurado ao inventor no caso de ele desejar realizar demonstração ou experiência pública, comunicação a entidade científica ou exibição em exposições oficiais ou oficialmente reconhecidas. Esse direito assegura o caráter de novidade à invenção. Esse direito de prioridade é estabelecido para o: pedido de patente realizado no exterior: quando feito o pedido em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, o autor do pedido poderá reivindicar o direito de prioridade e terá 12 meses para registrar a invenção e modelo de utilidade no país (art. 16 c/c art.12). Não sendo efetuado o pedido no ato do depósito, será concedido um prazo máximo de 180 dias para realizá-lo sob pena de perder a prioridade (§ 3º art. 16); pedido de patente realizado internamente: tendo sido o pedido realizado no país e o autor não requereu prioridade, caso não tenha havido a divulgação, lhe será assegurado o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria depositado no Brasil pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro de um prazo de um ano. (art. 17 c/c art.12). 6. Proteção da patente em relação a terceiros. Art. 42. A aquisição da patente dará ao seu titular o direito de explorar econômicamente o objeto patenteado e de impedir que terceiros, sem o seu consentimento, produzam, usem, vendam ou importem: produto objeto de patente, processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. O impedimento acima mencionado não será aplicado nas hipótese elencadas no art. 43: atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular da patente; atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental, relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas; à preparação de medicamento de acordo com prescriçao médica para casos individuais, executada por profissional habiliatado, bem como ao medicamento assim preparado; a produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido colocado no mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento; a terceiros que, no caso de patente realcinadas com matéria viva,utilizem, sem finalidade econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação obter outros produtos; a terceiros que, no caso de patentes realacionadas com matéria viva, utilizem, ponham em circulação ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido licitamente no comércio pelo detentor da patente ou por detentor de licença, desde que o produto patenteado não seja utilizado para multiplicação ou propagação comercial da matéria viva em causa; atos praticados por terceiros não autorizados, relacionados à invenção protegida por patente, destinados exclusivamente à produção de informçações, dados e resultados de testes, visando à obtenção do registro de comercialização, no Brasil ou em outro país para a exploração e comercialização do produto objeto da patente aós a expirações dos prazos estipulados no art. 40. Exploração Indevida. Autor da patente pode requerer indenização, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do pedido e a da concessão da patente (art. 44). Usuário anterior. A exploração por terceiro, sem expresso consentimento do proprietário da patente, será possível quando se tratar de usuário anterior, isto é, terceiro de boa-fé: aquele que, antes da data de depósito ou de prioridade de pedido de patente, explorava seu objeto no Pais, a ele estará assegurado o direito de continuar a exploração, sem ônus, na forma e condição anterior. (art. 45). Não será considerado de boa-fé a pessoa que tenha tido conhecimento do objeto da patente através de divulgação pelo inventor, pelo INPI ou por terceiros, com base em informações obtidas direta ou indiretamente do inventor ou em decorrência de atos por este realizados, desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de 1(um) ano, contado da divulgação (§2º art. 45). 7. Transmissibilidade. Sendo a carta-patente o único documento admissível como prova do direito de uso de exploração exclusiva da invenção ou do modelo de utilidade, é possível a sua transferência mediante: Cessão.(arts. 58-59) Propriedade do privilégio é transferível por ato inter vivos ou sucessão, devendo ser averbado no INPI para que produza efeitos legais erga omnes). Licença (arts. 61 a 74) . Voluntária: O titular da patente ou o depositante do pedido de patente poderá celebrar contrato para exploração, sujeita às condições previstas no contrato (art. 61). Para que produza efeitos em relação a terceiros, exige-se a sua averbação no INPI e a respectiva publicação. Compulsória: O pedido de licença é assegurado a qualquer um mediante processo especial, provando- se que o titular da patente (art. 68): H1. Exerce os direitos decorrentes da patente de forma abusiva; H2. Pratica, por meio dela, abuso de poder econômico; H3. Inviabiliza ou dificulta a exploração de outra patente (art. 70). Nessa hipótese, exige-se, cumulativamente, que se prove: a. a situação de dependência de uma patente à outra b. que o objeto da patente dependente (aquela cuja exploração depende obrigatoriamente da utilização do objeto da patente anterior) constitui substancial progresso técnico em relação à patente anterior e, finalmente, c. que o titular não deseja realizar acordo com o titular da patente dependente para exploração da patente anterior H4. Não explora o objeto da patente no território brasileiro por ausência de fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou ainda, a falta de uso integral do processo patenteado. Inércia por falta de uso; H5. Não comercializa de modo a satisfizer às necessidades do mercado. H6. Não atende, nos casos de emergência nacional, internacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal ou estado de calamidade pública de âmbito nacional reconhecido pelo Congresso Nacional desde que seu titular ou seu licenciado não atenda a essa necessidade. (art. 71). H7. Por razões humanitárias e nos termos de tratado internacional do qual a República Federativa do Brasil seja parte, patentes de produtos destinados à exportação a países com insuficiente ou nenhuma capacidade de fabricação no setor farmacêutico para atendimento de sua população. (Incluído pela Lei nº 14.200, de 2021) Ex. Licenciamento Compulsório de Respiradores. Legitimado. (§ 2º art. 68). A licença compulsória só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que tenha capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente, que deverá destinar-se, predominantemente, ao mercado interno Apresentado o pedido de licença ao INPI, o titular será intimado para manifestar-se no prazo de 60 (sessenta) dias. Instruído o processo, o órgão dará a decisão sobre a concessão e condições da licença compulsória no prazo de 60(sessenta) dias. No caso de concedê-la, arbitrará a remuneração a ser paga ao titular da patente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14200.htm Exploração. O licenciado, salvo razões legítimas, deverá iniciar a exploração do objeto da patente no prazo de 1 (um) ano da concessão da licença, admitida a interrupção por igual prazo (art. 74). Desobedecer a esses prazos, possibilitará ao titular da patente requerer a cassação da licença (§1º art.71); 8. Nulidade da Patente. É nula a patente concedida contrariando as disposições da Lei de Propriedade Industrial (art. 45). A nulidade pode ser pleiteada administrativamente, de ofício pelo INPI ou mediante requerimento de qualquer interessado, no prazo de 6 (seis) meses contados da concessão da patente. A teor do art. 50, o pedido deverá estar ancorado nos seguintes tópicos: o não atendimento de qualquer dos requisitos legais; o relatório e as reivindicações não atenderam ao disposto nos arts. 24 e 25, respectivamente; o objeto da patente se estendeu além do conteúdo do pedido originalmente depositado, ou no seu processamento, foram omitidas formalidades essenciais, indispensáveis à concessão. No prazo de 60 (sessenta) dias o titular deverá ser intimado para se manifestar sobre o pedido que instaurou o processo administrativo de nulidade (art. 52). Havendo ou não manifestação, decorrido o prazo acima, o INPI emitirá parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum de 60 (sessenta) dias (art. 53). Decorrido o prazo fixado anteriormente, mesmo que não sejam apresentadas as manifestações, o processo será decidido pelo presidente do INPI, encerrando-se a etapa administrativa (Art.54). judicialmente, a qualquer tempo, pelo INPI ou por qualquer interessado (art. 56). A ação de nulidade de patente será ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito (Art. 57). O prazo de resposta do réu titular da patente será de 60(sessenta) dias. A declaração de nulidade da patente produzirá efeitos a partir da data do deposito do pedido (art.48). 9. Extinção do Privilégio (art. 78). Causas: Pela expiração do prazo de vigência; Pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros; Pela caducidade (art. 80). Caducará a patente: a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse ou de ofício pelo INPI, se, decorridos 2 (dois) anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo não tiver sido suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso; quando, na data do requerimento da caducidade ou da instauração de ofício do respectivo processo, não tiver sido iniciada a exploração. Pela falta de pagamento da retribuição anual. Pagamento feito ao INPI, pelo titular da patente, a partir do início do início do terceiro ano da data do depósito (art. 84); Pela inobservância do art 217. a pessoa domiciliada no exterior deverá constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado no País, com poderes para representá-lo. Pela nulidade da concessão do privilégio. Requer decisão da Justiça Federal. O titular da patente deverá ser intimado mediante publicação para se manifestar,no prazo de 60 (sessenta) dias, cabendo-lhe o ônus da prova (art. 81) Extinta a patente, o seu objeto cai em domínio púbico (§ único do art. 78). "Em 1959, Nils Bohlin, engenheiro da Volvo, desenvolveu o moderno cinto de segurança de três pontos". Apesar de o design ter sido patenteado com o nº 3043625, em julho de 1962, pelo United States Patent Office, a empresa decidiu, anos mais tarde, "disponibilizar a patente de forma gratuita a todos os fabricantes de automóveis". "Esta decisão pouco convencional foi feita pelo interesse maior da segurança pública, para garantir que todos, independentemente de conduzirem um Volvo ou não, pudessem estar mais seguros no trânsito Justiça: o Bina é, finalmente, reconhecido como invenção totalmente brasileira! 10/09/2012 Em uma jornada de 20 anos de disputa judicial com operadoras de telefonia, o mineiro Nélio Nicolai, 72 anos, finalmente consegue provar oficialmente que a invenção do Bina, sistema que identifica chamadas telefônicas, é uma patente exclusivamente sua. Este é o segundo invento brasileiro universalizado efetivamente. O primeiro foi o avião, de Santos Dumont. Segundo o jornal o Estado de S. Paulo, a Bina custa no Brasil cerca de R$ 10 para cada assinante. Como existem aproximadamente 256 milhões de celulares utilizando esse serviço em todo o país, o faturamento mensal chega à casa dos R$ 2,56 bilhões. A 2ª Vara Cível de Brasília determina que a Vivo pague em juízo "o correspondente a 25% do valor cobrado pela ré por conta do serviço de identificação de chamadas para cada usuário e em cada aparelho". Além do Bina, Nélio inventou quatro outros sistemas amplamente utilizados em telefonia: o Salto, que é o recurso de sinalização sonora que indica quando a pessoa está em outra ligação; o sistema de Mensagens de Instituições Financeiras para Celular, que permite ao cliente controlar suas operações bancárias utilizando o telefone celular; o telefone fixo celular; e o Bina-Lo, que é o serviço de identificação de chamadas não atendidas. As invenções de Nélio estão difundidas por todo o planeta. Em qualquer lugar do mundo é possível encontrá-las na grande maioria dos aparelhos. E como as invenções são patenteadas, seu uso precisa ser remunerado, seja como royalty ou transferência de tecnologia. Apesar de tudo, as invenções não foram remuneradas. Mesmo tendo sido premiado pelas ideias postas em prática (um Certificado, um selo da série Invenções Brasileiras e uma Medalha de Ouro do World Intellectual Property Organization - WIPO), Nélio não conseguiu os royalties relacionados a elas. Depois de 20 anos, exatamente ao término da vigência da patente de seu invento, Nélio conseguiu chegar ao acordo. Foi uma longa jornada de resistência judicial, ameaças e constrangimentos. O inventor não desistiu de lutar por seus direitos, afinal, o mundo inteiro utiliza suas invenções sem pagar nada. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Nélio revelou que perdeu a conta de quantos advogados contratou e disse que chegou a desacreditar da possibilidade de vitória nos tribunais. A primeira tecnologia Bina http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,justica-reconhece-a-patente-brasileira-do-bina,125963,0.htm foi inventada em 1977, quando o inventor trabalhava na Telebrasília. Ele patenteou a segunda tecnologia Bina em 1992. Um ano depois, a Telebrás padronizou seu uso. Nélio chegou a fechar parceria e assinar contratos de transferência com várias empresas, como Ericsson, Intelbras e Telemar. Em 1997, o novo sistema Bina ganhou repercussões mundiais, também em telefonia celular. Tudo sem respeito algum à patente. O inventor não teve outra alternativa, senão recorrer ao Judiciário. O processo foi longo: as empresas nacionais e multinacionais se uniram para anular a patente do Bina, o que transformou Nélio, que antes era a vítima, em réu. Todos os direitos relativos ao seu próprio invento foram suspensos, à revelia, pelo advogado da Ericsson (e presidente da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual - ABPI) e o inventor se viu em uma situação em que não recebia por seu próprio invento e nem poderia se dispor do que, de fato, lhe pertencia. Seu advogado, Luís Felipe Belmonte, conseguiu mostrar o absurdo da situação e ingressou com um embargo de declaração contra este parecer final da justiça, o que legitimou o uso do Bina sem ônus, até a resolução do litígio. Suas tentativas de recorrência ao Conselho Antipirataria foram em vão. Apesar de ter tentado ser reconhecido primeiramente no Brasil, Nélio conquistou seu primeiro reconhecimento no exterior. Em 1998, o U.S. Patent and Trademark Office, escritório federal americano que registra as marcas e patentes, foi surpreendido com a informação de que o Bina e o Salto foram inventados por Nélio. E ainda disseram que, se ele tivesse nascido nos Estados Unidos, teria se tornado uma celebridade e bilionário. De acordo com Nélio, nos Estados Unidos existem 65 milhões de Binas fixos, custando a cada usuário a quantia mensal de US$ 4 (cerca de R$ 8,10). É função do governo defender este patrimônio dos brasileiros. FG Propriedade Intelectual > Patente > Patentes Famosas: conheça a polêmica história da bina . Por Franklin Gomes 08/04/2020 Talvez você não conheça muitos casos brasileiros de patentes famosas, mas a verdade é que o Brasil teria potencial para ser um dos mais destacados países no campo das invenções. Aqui nasceram algumas criações que são utilizadas no mundo inteiro. Uma delas é a bina, famoso sistema identificador de chamadas presente em telefones fixos e móveis. Essa tecnologia foi criada por um brasileiro que lutou até a sua morte para ter seus direitos reconhecidos. Conheça abaixo essa polêmica história e entenda os riscos e prejuízos de não proteger devidamente as suas criações! A história da invenção da bina. Hoje em dia, com os celulares, em basicamente toda ligação é possível identificar quem está realizando a chamada, exceto nos casos de números protegidos/não identificados. Porém, nos anos 1980 e 1990, quando os celulares ainda não eram populares e a comunicação telefônica se dava por meio de aparelhos fixos, não era possível saber quem estava ligando. Isso até 1977, quando o eletrotécnico mineiro Nélio José Nicolai desenvolveu um sistema chamado de “bina”, acrônimo cujo significado é “B identifica número de A”. À época, Nicolai trabalhava na empresa Telebrasília, antiga operadora local da Telebrás, e percebia que a ocorrência de trotes telefônicos era muito grande, principalmente nas chamadas de socorro. Buscando diminuir os trotes, Nicolai criou um identificador de chamadas telefônicas. Até então, o sistema era operado por meio de um aparelho acoplado ao telefone. A invenção foi acusada de ser inovadora, mas negativa, por invadir a privacidade das pessoas. Porém, quando Nicolai resolveu testá-la com um grupo de bombeiros de seu prédio, a bina foi extremamente elogiada. No ano de 1980, Nicolai participou de um seminário promovido pelo extinto Ministério da Desburocratização, no qual sua invenção foi exposta. Em seguida, ele requereu a patente; mas já era tarde: sua ideia havia sido adotada por uma série de empresas e se alastrou pelo mundo. As polêmicas da patente A segunda versão da bina criada por Nicolai foi patenteada em 1992. Cinco anos depois, ele assinou contratos de transferência de tecnologia para empresas como Ericsson, Telemar e Intelbras. Porém, em um curto período de tempo, a nova tecnologia da bina começou a ser largamente difundida, por várias empresas no Brasil e no mundo, sem o pagamento de royalties ao inventor. Nicolai acionou o Poder Judiciário para receber seus direitos. Passou por reviravoltas em ações movidas contra várias empresas, ganhando em primeira instância para depois vir a perder. Multinacionais brasileiras de telefonia conseguiram anular a patente. Mesmo assim, sua criação foi reconhecida pela Organização Mundial da PropriedadeIntelectual (OMPI), que lhe deu um certificado e uma medalha. Ele também foi homenageado pelo Ministério das Comunicações, ganhando um selo próprio da série Invenções Brasileiras. Em alguns dos processos judiciais, Nicolai já teve seus direitos reconhecidos; outros seguem tramitando, sem resultado. Nicolai morreu em outubro de 2017. Por que a justiça negou a patente? Quando Nélio Nicolai solicitou a patente de sua invenção, ela já estava sendo usada no mercado. Em alguns casos, inclusive, foram feitos melhoramentos sobre ela. Por isso, em alguns dos processos, o Judiciário entendeu que não houve atividade inventiva nem suficiência descritiva na elaboração da bina. A atividade inventiva é um dos três requisitos necessários para o reconhecimento de uma patente. De acordo com a LPI, a invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.Expert no assunto é aquele profissional que conhece todo o estado da técnica. Em resumo, a invenção não pode ser óbvia para um técnico especializado no assunto, ou seja, não podem ser resultantes de uma mera combinação de fatores já pertencentes ao estado da técnica sem que haja um efeito técnico novo e inesperado, nem uma simples substituição de meios ou materiais conhecidos. Já a suficiência descritiva é uma descrição de como funciona o sistema a ser patenteado. No caso, o Judiciário entendeu que o pedido de patente não descrevia suficientemente a bina. Alguns processos ficaram paralisados por muitos anos, dependendo de laudos periciais e outros documentos técnicos para averiguar se realmente havia condições de atribuir um autor à bina. A difusão da bina no Brasil e no mundo A bina se tornou o invento brasileiro mais utilizado em todo o mundo. Pouco tempo após sua criação, Nélio Nicolai foi sondado por várias empresas internacionais de países https://www.fgpi.com.br https://www.fgpi.com.br/category/patente/ http://fgmarcas.com.br/historias-de-sucesso-de-patentes-que-revolucionaram-a-industria-2/ http://fgmarcas.com.br/riscos-de-empreender-quais-os-principais-cuidados-a-se-tomar-e-como-evitar-problemas/ http://fgmarcas.com.br/ideias-inovadoras-toda-invencao-comeca-com-uma/ como Canadá, Estados Unidos e Hong Kong, interessadas em adquirir essa tecnologia. Porém, antes que a situação da patente fosse regularizada, o uso da bina se espalhou pelo mundo, de forma que o inventor não tinha mais como ter controle sobre o uso que estava sendo feito de sua criação. Outras criações do inventor da bina que poderiam ter sido patentes famosas Além da bina, Nélio Nicolai criou o Salto (Sinal de Advertência para Linha Telefônica Ocupada), que é aquele pequeno toque que ouvimos no fundo da chamada quando outra pessoa está ligando ao mesmo tempo. Ele também desenvolveu a tecnologia que permite o registro de chamadas perdidas. Antes de falecer, Nélio Nicolai deu várias entrevistas nas quais afirmava que tinha muitas outras invenções não patenteadas, inclusive algumas que chegaram a ser usadas, também sem o devido crédito. O que aprender com a polêmica história da bina. A bina é considerada uma funcionalidade básica, mas na verdade, ela é um serviço entre tantos que adquirimos ao contratar serviços telefônicos. Empresas de telefonia usam o serviço da bina e embutem seu valor na cobrança das faturas. Se levarmos em consideração que atualmente há mais de 7 bilhões de celulares no mundo, não fica difícil concluir que, se a bina tivesse sido devidamente protegida, Nicolai teria sido um dos homens mais ricos do mundo. Tudo isso levando em consideração apenas os serviços de telefonia móvel! Contabilizando todos os serviços de telefonia fixa, inclusive retroativamente, desde a época em que a bina foi lançada, a soma devida a Nélio Nicolai pelo uso de sua invenção se torna astronômica. Mas o que Nélio Nicolai costumava dizer em entrevistas era que seu maior desgosto não tinha relação com o dinheiro. Na verdade, ele ressentia que sua criação fosse usada no mundo inteiro sem que o Brasil levasse o devido crédito por isso. Podemos concluir, então, quão grandes são os prejuízos de uma invenção que não é devidamente protegida. Felizmente, ainda existe a possibilidade de a história da bina terminar bem. Porém, Nicolai não mais verá os resultados. Este foi um dos casos de patentes famosas brasileiras mais conhecidos. https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2016/08/14/interna_nacional,793824/inventor-luta-ha-18-anos-para-provar-que-e-o-criador-da-bina.shtml
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