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1 Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL I O EMPESÁRIO INDIVIDUAL PARTE nº 1 A EMPRESARIALIDADE (Código Civil. Lei 10.406/2002) JOÃO PESSOA 2022 Link do Meet: https: Código da turma: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA Centro de Ciências Jurídicas. 2 Departamento de Direito Privado. Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO: Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL I PERÍODO 2020.1 PARTE 1. DIREITO DE EMPRESA INTRODUÇÃO A crescente participação da unidade empresarial como coração da sociedade contemporânea, centro da economia moderna, célula fundamental de todo o desenvolvimento econômico, fundamentou o abandono do sistema tradicional do Direito Comercial, baseado no comerciante e no exercício da mercancia, isto é, a teoria dos atos de comércio. Em seu lugar, tomou assento a Teoria da Empresa, sistema do empresário e da atividade empresarial, regulamentado no Livro II, artigos 966 a 1.195 do Código Civil, com vigência a partir de janeiro de 2002, revogando a Parte Primeira do Código Comercial de 1850. O comercio deixou de ser o núcleo do sistema, igualando-se os tipos de atividades econômicas produtivas: industrial, mercantil, de serviços, agrícola etc. passando todos a figurarem em um mesmo plano, qual seja, uma atividade economicamente organizada para a produção ou oferta de bens ou serviços aos mercados. A atividade ganha relevância tendo em vista ser um importante qualificador do conceito de empresário e do estabelecimento. O Direito de Empresa, apesar de estar disciplinado no Código Civil nele se destaca pela sua materialidade, isto é, a atuação num campo específico e o conteúdo das relações que a ele se submete. A estrutura teórica do Direito de Empresa parte de uma unidade lógica na qual estão inseridos os seguintes elementos: a Empresa, o Empresário e o Estabelecimento. Nos seus devidos termos engloba o conceito trabalhado por Waldir Bulgarelli (2005) como EMPRESARIALIDADE, isto é, atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado, exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um complexo de bens. Esses termos passarão a ser analisados a seguir. 1.1. A EMPRESA. 1.1.1. Noção econômica e jurídica de empresa. O Que é EMPRESA? A empresa é o elemento responsável pela satisfação das necessidades coletivas, mediante o exercício de atividade de produção, intermediação e prestação de serviços. Trata-se de instituição ligada ao bem-estar do mundo moderno, responsável pela geração de empregos, receitas tributárias, geração de lucros e pelo progresso tecnológico verificado desde o final do século passado. Para Bulgarelli: constitui o centro da economia moderna, o polo irradiador dos bens e serviços. A produção e circulação de bens e serviços para o mercado é fruto de uma atividade especializada e profissional, por meio de organismos econômicos voltados à organização dos fatores de produção e que se propõem à satisfação das necessidades alheias: as empresas. A empresa, como organismo econômico se assenta sobre uma organização fundada em princípios técnicos e leis econômicas. Apresenta-se como uma combinação de elementos pessoais e reais, colocados em função de um resultado econômico e realizados com o intento especulativo de uma pessoa. O especulador, empreendedor, investidor na atividade empresarial, é o empresário, o titular da empresa, que exerce a atividade: em nome individual, como pessoa natural ou jurídica caso opte por ser empresa individual de responsabilidade limitada; ou em nome coletivo, como sociedade empresarial, dotada de personalidade jurídica. Esse conceito está assentado em um viés econômico. No dizer de Campinho (2010:13), trata-se de uma organização técnico-econômica, ordenando o emprego de capital e trabalho para a exploração, com fins lucrativos, de uma atividade produtiva. Nesse pensar: organização dos fatores de produção para produzir e; atividade como série coordenada de atos encadeados teleologicamente, que põe em funcionamento, que afirma no mundo fático e reflete no plano jurídico. A empresa, como entidade jurídica é uma abstração. É o exercício de uma atividade econômica. É a organização dos fatores de produção, posta a funcionar pelo empresário individual ou coletivo, no caso, uma sociedade empresária. Empresa e sociedade empresária se extremam: esta é sujeito de direito, aquela é atividade econômica organizada, um fato jurídico. A sociedade adquire 3 categoria de pessoa jurídica, tornando-se capaz para o exercício de direitos e para suportar obrigações. A sociedade empresária exercita a atividade produtiva que pode, não obstante, ser exercida pelo particular, em nome individual, para o que se reservam as denominações de firma individual ou empresário individual. A empresa não tem personalidade jurídica; quem a tem são as sociedades empresariais. A empresa, como atividade organizada, tem como a. características: a simplicidade de suas fórmulas, internacionalidade das suas regras e institutos, rapidez da sua aplicação, elasticidade dos seus princípios e onerosidade das suas operações; b. princípios: a propriedade, isto é, o controle dos meios de produção; a sua função social; o resguardo à boa-fé em relação aos terceiros e a uniformização nacional e internacional das suas regras e c. elementos: a organização e o risco. No primeiro estão presentes critérios econômicos organizacionais requeridos para o atingimento do objetivo a ser alcançado e, dentre eles, o lucro é fator essencial; no segundo, reside o enfrentamento da instabilidade econômica que poderá frustrar o sucesso do empreendimento. 1.1.2. Princípio da função social no exercício da empresa. Há de se observar que inserido no Novo Código Civil, o Direito de Empresa passou a ser dirigido por princípios pertinentes à sociedade hodierna. Se o individualismo foi o toque característico do fim do século XIX, de uma sociedade predominantemente rural, agrária e comercialista, modernamente, a industrialização passou a ser o segmento dinâmico da economia com consequente concentração urbana. Inegáveis transformações se operaram no século XX, quer no campo social quer no campo tecnológico. Novos valores pertinem a esse novo momento e têm reflexo no mundo jurídico apontando para um Direito vinculado ao social e à ética. Assim é que a propriedade, em conformidade com o inciso XXIII do artigo 5° da Constituição de 1988, deverá atender a sua função social. Por sua vez, edifica- se também a função social da empresa. Seu funcionamento envolve muito mais do que a simples busca de um retorno positivo do capital empregado pelo empresário; ainda que preservada a busca pelo lucro, deve estar atenta à sua inserção no tecido social de forma participativa e solidária. Não mais apegada ao individualismo de épocas pretéritas, mas solidariamente envolvida com valores coletivos que se explicitam na geração de emprego, na defesa do consumidor, na preservação de um ambiente ecologicamente equilibrado entre outros objetivos constitucionalmente plasmados enquanto princípios de ações políticas. Sob tal entendimento a empresa, vista como modelo de disciplina da atividade econômica, é, para alguns, verdadeiro serviço público, não mais sendo possível deixar os particulares dispor à vontade de tais instrumentos de produção, conforme afirma Avelães Nunes (2001). 1.2. O EMPRESÁRIO. 1.2.1. Conceito O Que é EMPRESÁRIO? O conceito de empresário desenvolvido no artigo 966 do CC. parte dos seguintes elementos: pessoa natural ou jurídica; profissional, isto é, que exerce com habitualidade; atividade econômica organizada, para a produção ou circulação de bens ou de serviços. O fundamento para o conceito de empresário está apoiado no fato de que a empresa há de ser exercida por uma pessoa que tem nessa atividade uma fonte regular para adquirir riqueza;exerce-a profissionalmente, isto é, de forma habitual e perene. Descarta, portanto, do critério quem, esporadicamente, executa uma atividade econômica. Nesse sentido, colocou de forma clara a materialidade do conceito de empresário: aquela pessoa que com profissionalidade e de forma organizada, isto é, através da coordenação dos fatores de produção (terra, capital e trabalho), exerce uma atividade econômica objetivando o lucro. O empresário é sujeito de direito, podendo ser uma pessoa física na condição de empresário individual, mas, também, uma pessoa jurídica na condição de sociedade empresária. Nesse sentido, as sociedades não são empresas, mas empresários e os seus integrantes, os 4 sócios, não são os empresários, mas investidores ou empreendedores. O antes citado art. 966, na primeira parte do seu parágrafo único, excluí do conceito de empresário os que exercem profissão de natureza intelectual, científica, literária ou artística, ainda que, no exercício da atividade, conte com auxiliares ou colaboradores. No entanto, se o exercício da profissão constituir elemento da empresa, eles poderão ser enquadrados como empresários conforme estabelece a parte final desse parágrafo. Essa exceção é aberta para aqueles casos em que existam sociedades nas quais são desenvolvidas atividades econômicas que demandam a utilização de profissionais sendo esses empregados delas. Trata-se da absorção da atividade intelectual como um dos fatores da empresa. 1.2.2. Espécies de empresários. A atividade empresarial poderá ser exercida individual ou coletivamente. No primeiro caso, trata-se do empresário enquanto pessoa física, isto é, o indivíduo que investe seu patrimônio em determinada atividade econômica, organizando-a para produzir ou circular bens e serviços. No segundo caso, trata-se da união de duas ou mais pessoas que decidem exercer a empresa e partilhar, entre si, os resultados. 1.2.2.1. Quanto a repercussão patrimonial: 1.2.2.1.1. Empresário Individual Comum. Aquele que desempenha a atividade empresária individualmente, em geral, tem o patrimônio da empresa individual da qual é titular se confundindo com o patrimônio da pessoa física. No exercício da empresa ele responderá com todas as forças do seu patrimônio pessoal que será passível de execução pelas dívidas contraídas. Trata-se de atender o preceito da unidade patrimonial expresso no art. 91 do Código Civil que estabelece ser o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, uma universalidade de direito; portanto, em se tratando de empresário individual, seu patrimônio compreende tanto os bens e direitos de uso civil como, também, aqueles necessários para desenvolver a atividade econômica. 1.2.2.1.1. Empresário Individual EIRELI. A Lei 12.441, de 11 de julho de 2011, acrescentou o inciso VI ao art. 44 e o art. 980-A ao Livro II da Parte Especial, todos do Código Civil, de modo a instituir a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). A nova Lei trouxe as seguintes alterações: 1. constituição por pessoa natural ou jurídica. 2. criação da empresa individual de responsabilidade limitada. Assim, ao empresário individual é permitido, através do registro, exercer a atividade empresarial como pessoa jurídica; 3. constituída por um único titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não deverá ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no país; 4. constituída por pessoa natural, somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade (Art. 980-A, § 2.º); 5. o nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada; 6. a empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração; 7. poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculada à atividade profissional; À EIRELI aplica-se, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. Limitação da Responsabilidade ao capital social integralizado. (980-A §7º) A alteração acima destacada flexibiliza a unidade patrimonial contida no art. 91 do Código Civil. Desse modo, aquele que optar pela constituição de uma empresa individual de responsabilidade limitada e tendo integralizado todo o capital social, passa a usufruir de uma apartação patrimonial de tal maneira que, sobrevindo uma quebra, só serão arrecadados para cobrir as obrigações o seu patrimônio empresarial. A nova disposição legal permite, ao empresário individual, a preservação do seu patrimônio pessoal da mesma maneira de que gozam as sociedades empresarias do tipo limitada: pessoas jurídicas com patrimônio próprio e que, regra geral, se aparta do patrimônio individual dos que dela participam. Ressalvados os casos de fraude. A exigência de um capital inicial mínimo deve seguir o que foi disciplinado pelo Enunciado 4 da I Jornada de Direito Comercial: “Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores alterações no salário mínimo”. Para que o empresário exerça a sua atividade de forma regular, exige-se 5 que ele, antes de exercê-la, inscreva-se no Registro Público de Empresas Mercantis (RPEM) da respectiva sede (art. 967). Essa inscrição deverá ser feita mediante requerimento que contenha os requisitos: Nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens. A firma, com respectiva assinatura autográfica. O capital. Objeto e a sede da empresa. Sendo de seu interesse expandir sua atividade para outra unidade federativa, faz-se necessária a inscrição na Junta Comercial dessa jurisdição com a prova da inscrição originária (art. 969). Ademais, exige-se que a constituição dessa filial seja averbada no RPEM da respectiva sede (§ único art. 969). Uma observação importante a ser feita em relação ao registro do exercício da atividade econômica é que ela atesta a regularidade do empresário e não faz parte do seu conceito. Por sua vez, o registro na Junta Comercial não deve ser confundido com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Esse é um cadastro onde as pessoas jurídicas e as equiparadas (pessoas físicas que exploram em nome individual atividades com intuito de lucro), são obrigadas a se inscrever antes de iniciarem as suas atividades. Para a pessoa jurídica, o CNPJ tem a mesma função do CPF (Cadastro Pessoa Física) para o cidadão (pessoa física), ou seja, uma identificação perante a Receita Federal do Brasil, que é o órgão responsável por administrar os cadastros de Pessoa Física e Pessoa Jurídica. Deve-se pontuar que a inscrição no Registro próprio não o torna empresário; trata- se de um ato declaratório imprescindível à prática da atividade, posto que, qualifica-o como empresário regular. Não realizando a inscrição isso não o destitui do atributo de empresário, é um empresário de fato, passível de sobre ele recair consequências negativas para a prática da atividade tais como: impossibilidade de solicitar a recuperação judicial (art. 48, caput da Lei 11.101/2005); de constituir microempresa (art. 3°, LC n. 123/2006) e de contratar com o serviço público (art. 28 da Lei 8.666/94) e, no campo tributário, impossibilidade de obter o CGC/MF, não podendo emitir nota fiscal nem duplicata o que lhe torna passível de ser considerado como sonegador fiscal. Do que foi antes destacado, deve-se observar que, tratando-se do empresário de responsabilidadelimitada, o EIRELE, a inscrição no RPEM é fator constitutivo, pois lhe qualifica como se fora uma pessoa jurídica e, assim, preserva-lhe o patrimônio pessoal estando o capital social totalmente integralizado. Desconsideração da Personalidade Jurídica em caso de Fraude. 980-A § 7º c/c Art. 50. A retirada do dolo e a inclusão do novo art. 49 A no Código Civil. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Reafirma a premissa básica do nosso sistema: a autonomia jurídico-existencial da pessoa jurídica em face das pessoas físicas que a integram. Vai mais além, estabelece em seu parágrafo único, o próprio elemento teleológico da autonomia patrimonial, qual seja, o de “estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos”, dialogando, inclusive, com o princípio da função social da empresa.Portanto, realça o caráter excepcional da desconsideração da personalidade jurídica. Nessa linha, a doutrina do jurista FLÁVIO TARTUCE: “A regra é de que a responsabilidade dos sócios em relação às dívidas sociais seja sempre subsidiária, ou seja, primeiro exaure-se o patrimônio da pessoa jurídica para depois, e desde que o tipo societário adotado permita, os bens particulares dos sócios ou componentes da pessoa jurídica serem executados” Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) A lei viabiliza a desconsideração da personalidade jurídica - com a ampliação de responsabilidades - tão somente quanto ao sócio ou administrador que, direta ou indiretamente, for beneficiado pelo abuso. Para que o instituto da desconsideração não seja utilizado de forma desproporcional, abusiva e desmedida, atingindo pessoa natural que não tenha praticado o ato tido como abusivo ou ilícito. Exemplo, um sócio que não tenha tido qualquer benefício com a fraude praticada por outros membros da pessoa jurídica, seja de forma imediata ou mediata, não poderá ser responsabilizado por dívidas da empresa. Assim, neste primeiro aspecto, o texto emergente avança, e muito. O Código Civil no art. 50, adotou a denominada teoria maior da desconsideração, por exigir, além da insuficiência patrimonial, pressuposto lógico, a demonstração do abuso caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm 6 Contrapõe-se, pois, à denominada teoria menor da desconsideração, de aplicação mais facilitada, que exige, apenas, a insuficiência patrimonial, consagrada no Direito Ambiental e no Direito do Consumidor, bem como na Justiça do Trabalho. Em síntese, para relações jurídicas civis ou estritamente empresariais, a desconsideração, regulada pelo art. 50 do Código Civil, tem a sua aplicação mais dificultada, tendo em vista os requisitos exigidos por lei, dispensados na teoria menor. Sociedade Limitada Unipessoal Há alguns anos diversas iniciativas do governo brasileiro vêm tentando incentivar o empreendedorismo em nosso país. Para isso, algumas medidas de “desburocratização” foram tomadas para que se possa abrir uma empresa com mais facilidade e atendendo aos mais diversos formatos jurídicos. A criação do regime tributário do Simples Nacional foi o primeiro grande passo de sucesso nessa direção. Mas os esforços não pararam, por aí. No que tange ao formato jurídico legal de empresas e de outras denominações de Pessoas Jurídicas, uma série de possibilidades se abriram. Entre elas podemos destacar: Os MEI – Microempreendedores Individuais; Os EI – Empresários Individuais; As ME – Microempresas; As EIRELI – Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada. Com a publicação da Medida Provisório 881/2019, a chamada MP da Liberdade Econômica, uma nova figura de sociedade surge no Brasil: a Sociedade Limitada Unipessoal. O que é Sociedade Limitada Unipessoal e quais suas vantagens em relação a outras formas de empresas e representações de Pessoas Jurídicas de um único indivíduo? (Art. 1.052, §1º, do Código Civil) No Brasil, era comum a constituição de empresas de sociedade limitada em que um dos sócios, na verdade, constava do contrato social simplesmente para cumprir as exigências legais desse tipo de empresa. Como uma sociedade pressupõe a existência de ao menos dois sócios e não havia ainda a figura das empresas individuais a solução encontrada era convidar um amigo ou parente de confiança e dar-lhe um parte ínfima da sociedade, menos de 1%, em muitos casos. Hoje, isso não é mais necessário. Existem possibilidades diversas de se abrir uma empresa individual. Assim, antes de entender as vantagens da nova figura jurídica da Sociedade Unipessoal Limitada, vamos repassar rapidamente as opções que já existiam antes dela. 1. MEI. O MEI – Microempreendedor Individual não pode ter um faturamento superior a R$ 81 mil reais anuais. Esse já é um fator limitador para muitos empreendedores. Além disso, não pode ser sócio de nenhum outro tipo de empresa. E mais, certas atividades, principalmente profissões regulamentadas, como advogado e médico, não podem ser exercidas por um MEI. Por isso, apesar de ser uma forma simples de ter uma CNPJ sem ter um sócio, a figura do MEI não atende às necessidades de muitos empresários. 2. EIRELI. Uma das grandes vantagens da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) é que o patrimônio da pessoa física está protegido. Isto é, as dívidas e responsabilidades da empresa estão limitadas ao seu capital social. No entanto, esse capital social deve ser de, pelo menos, 100 salário mínimos. Um montante que chega, atualmente, a quase 100 mil reais. Isso pode inviabilizar a constituição desse tipo de empresa para muita gente, não é mesmo? Além disso, este tipo de empresa não é recomendado para profissionais que vão exercer atividades regulamentadas. 3. EI. O Empresário Individual (EI), como o próprio nome diz, é aquele que tem uma empresa de uma só pessoa. Ao contrário da EIRELI, não é preciso ter um valor do capital social alto. Por outro lado, os bens pessoais do empresário podem ser usados para quitar dívidas e obrigações da empresa. Nesse contexto, faltava mesmo um formato de empresa individual com baixo investimento inicial e que permitisse proteger o patrimônio do sócio. É por isso que surgiu a Sociedade Limitada Unipessoal. Quais as vantagens da Sociedade Limitada Unipessoal? A primeira grande vantagem é o fato de a Sociedade Limitada Unipessoal ser uma empresa limitada, preservando-se, assim, o patrimônio de seu único sócio. O limite de responsabilidade da empresa é seu capital social. Qual o capital social inicial exigido? Na verdade, não existe um limite mínimo de capital social para se abrir uma Sociedade Limitada Unipessoal. Portanto, aqueladificuldade de investimento inicial elevado da EIRELI não existe neste caso. Outro ponto muito importante que torna as Sociedades Limitadas Unipessoais tão interessantes é o fato de que as tais atividades profissionais regulamentadas podem ser exercidas por uma sociedade desse tipo. Qual a Razão Social? Segundo a norma editada, a razão social desse tipo de sociedade deve conter o nome próprio do sócio seguido da palavra limitada, podendo abreviar os primeiros nomes, exceto o último sobrenome. Em vigor desde o dia 27 de agosto de 2021, a Lei 14.195/21 extingue, no Brasil, as Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI). A partir desta data, essa natureza jurídica está extinta no Brasil. A mesma Lei 14.195/21 que extinguiu a EIRELI definiu que todas as empresas constituídas com esta natureza jurídica são automaticamente transformadas em uma https://nfe.io/blog/financeiro/como-escolher-regime-tributario-empresa/ https://www.qipu.com.br/dicionario/simples-nacional/ https://www.qipu.com.br/dicionario/mei/ https://www.qipu.com.br/dicionario/ei/ https://www.qipu.com.br/dicionario/me/ https://www.qipu.com.br/dicionario/eireli/ https://www.qipu.com.br/dicionario/capital-social/ 7 Sociedade Limitada Unipessoal, natureza jurídica conhecida como SLU. A Lei 14.195/201: o que define sobre a EIRELI? A Lei 14.195/21, de 27 de agosto de 2021, dispõe sobre a facilitação para abertura de empresas e a proteção de acionistas minoritários, entre outros. Em seu artigo 41, define o seguinte: – “Art. 41. As Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada existentes na data da entrada em vigor desta Lei serão transformadas em Sociedades Limitadas Unipessoais independentemente de qualquer alteração em seu ato constitutivo. Parágrafo único. Ato do DREI disciplinará a transformação referida neste artigo”. Isso significa que nenhuma empresa no Brasil pode ser aberta com a natureza jurídica EIRELI desde a promulgação da Lei, e as empresas existentes passam a constituir, automaticamente, uma Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), independentemente de qualquer alteração em seu ato constitutivo. A EIRELI está legalmente extinta, e a Lei determina, ainda, que esta transformação e outras definições pormenorizadas sobre as EIRELIs existentes ainda serão disciplinadas pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração – DREI. Significa que a sua EIRELI agora é uma SLU, e que essa mudança ainda será sistematizada pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração – DREI. É preciso aguardar sua manifestação para promover a transformação da EIRELI por SLU. Mas essa transformação será automática. CNPJ é a sigla de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. É um cadastro onde todas as pessoas jurídicas e as equiparadas (pessoas físicas que exploram em nome individual atividades com intuito de lucro) são obrigadas a se inscrever antes de iniciar as suas atividades. Para a pessoa jurídica, o CNPJ tem a mesma função do CPF (Cadastro Pessoa Física) para o cidadão (pessoa física), ou seja, uma identificação perante a Receita Federal do Brasil, que é o órgão responsável por administrar os cadastros de Pessoa Física e Pessoa Jurídica. O CNPJ possui diversas informações, como o nome da entidade, endereço, data de abertura, descrição da atividade econômica, natureza jurídica, verificação da situação cadastral na Receita Federal, entre outros dados que são de interesse das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. CNPJ: sigla de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. É um cadastro onde todas as pessoas jurídicas e as equiparadas (pessoas físicas que exploram em nome individual atividades com intuito de lucro) são obrigadas a se inscrever antes de iniciar as suas atividades. Para a pessoa jurídica, o CNPJ tem a mesma função do CPF (Cadastro Pessoa Física) para o cidadão (pessoa física), ou seja, uma identificação perante a Receita Federal do Brasil, que é o órgão responsável por administrar os cadastros de Pessoa Física e Pessoa Jurídica. O CNPJ possui diversas informações, como o nome da entidade, endereço, data de abertura, descrição da atividade econômica, natureza jurídica, verificação da situação cadastral na Receita Federal, entre outros dados que são de interesse das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 2) NOME EMPRESARIAL DAS SOCIEDADES. Antes: na denominação da sociedade anônima e da sociedade em comandita por ações (quando esta adotasse denominação), era obrigatório que constasse a designação do objeto social. Agora: a menção ao objeto social é facultativa. CÓDIGO CIVIL Antes da Lei 14.195/2021 Depois da Lei 14.195/21 Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamen te. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação, integrada pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou abreviadamente, facultada a designação do objeto social. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão “comandita por ações”. Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação, aditada da expressão ‘comandita por ações’, facultada a designação do objeto social. https://portal.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.195-de-26-de-agosto-de-2021-341049135 8 3) ESTABELECIMENTO COMERCIAL. O estabelecimento virtual. A Lei 14.195/21 esclareceu, no Direito Positivo, a compreensão já desenvolvida pela dogmática de que o estabelecimento empresarial não se confunde com o local onde a atividade é exercida. Por meio de alteração ao artigo 1.142 do Código Civil, foi disciplinado o estabelecimento virtual. Para fins de registro, será possível indicar o endereço físico do empresário individual ou de um dos sócios da sociedade empresária com estabelecimento virtual. Estabelecimento (ou fundo de comércio) é o conjunto de bens (materiais e imateriais) e serviços que o empresário reúne e organiza com o objetivo de realizar a atividade empresarial e gerar lucros. Seu conceito legal está previsto no caput do art. 1.142 do Código Civil: Art. 1.142 Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A Lei nº 14.195/2021 acrescentou três parágrafos ao art. 1.142. Vejamos cada um deles: Art. 1.142. (...) § 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual. Essa previsão corresponde aquilo que já era defendido pela doutrina: “A expressão estabelecimento empresarial parece se referir, numa primeira leitura, ao local em que o empresário exerce sua atividade empresarial. Trata-se, todavia, de uma visão equivocada, que representa apenas uma noção vulgar da expressão, correspondendo tão somente ao sentido coloquial que ela possui para as pessoas em geral. (...) Portanto, o local em que o empresário exerce suas atividades - ponto de negócio - é apenas um dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial, o qual, como visto, é composto também de outros bens materiais (equipamentos, máquinas etc.) e até mesmo bens imateriais (marca, patente de invenção etc.).” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. 11ª ed., São Paulo: Juspdovim, 2021, p. 169-170) Art. 1.142. (...) § 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual,o endereço informado para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o do empresário individual ou o de um dos sócios da sociedade empresária. Atualmente, é muito comum que várias atividades empresariais sejam desenvolvidas de modo virtual, não necessitando de uma sede física para atendimento de clientes, fornecedores e público em geral. A despeito disso, algumas leis locais proibiam que o endereço informado para fins de registro fosse a própria residência do sócio. Logo, o novo § 2º do art. 1.142 do Código Civil traz uma relevante novidade ao autorizar expressamente essa prática, facilitando a situação de inúmeros empresários que não mais precisam ser obrigados a contratar um endereço apenas para fins de registro. Sobre o tema, vale a pena mencionar o § 25 do art. 18-A da LC 123/2006, que autoriza o microempreendedor individual a utilizar sua residência como sede do estabelecimento: Art. 18-A. (...) § 25. O MEI poderá utilizar sua residência como sede do estabelecimento, quando não for indispensável a existência de local próprio para o exercício da atividade. Art. 1.142. (...) § 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral do inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. A competência é municipal, conforme entendimento sumulado do STF: Súmula Vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. Compete aos Municípios legislar sobre o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais situados no âmbito de seus territórios. Isso porque essa matéria é entendida como sendo “assunto de interesse local”, cuja competência é municipal, nos termos do art. 30, I, da CF/88. Cada cidade tem suas peculiaridades, tem seu modo de vida, umas são mais cosmopolitas, com estilo de vida agitado, muitos serviços, turistas. Por outro lado, existem aquelas menos urbanizadas, com costumes mais tradicionais etc. Assim, o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender a essas características próprias, análise a ser feita pelo Poder Legislativo local. Existe uma “exceção” à Súmula Vinculante 38: o horário de funcionamento dos bancos. Segundo o STF e o STJ, as leis municipais não podem estipular o horário de funcionamento dos bancos. A competência para definir o horário de funcionamento das instituições financeiras é da União. Isso porque esse assunto (horário bancário) traz consequências diretas para transações comerciais intermunicipais e interestaduais, transferências de valores entre pessoas em diferentes partes do país, contratos etc., situações que transcendem (ultrapassam) o interesse local do Município. Enfim, o horário de funcionamento bancário é um assunto de interesse nacional (STF RE 118363/PR). O STJ possui, inclusive, um enunciado que espelha esse entendimento: Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União. Lei municipal pode dispor sobre: a) Horário de funcionamento de estabelecimento comercial: SIM (SV 38). b) Horário de funcionamento dos bancos (horário bancário): NÃO (Súmula 19 do STJ). Veja agora o que diz o art. 3º, II, da Lei nº 13.874/2019 (Declaração de Direitos de Liberdade Econômica): Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o crescimento econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal: (...) II - desenvolver atividade econômica em qualquer horário ou dia da semana, inclusive feriados, sem que para isso esteja sujeita a cobranças ou encargos adicionais, observadas: a) as normas de proteção ao meio ambiente, incluídas as de repressão à poluição sonora e à perturbação do sossego público; b) as restrições advindas de contrato, de regulamento condominial ou de outro negócio jurídico, bem como as decorrentes das normas de direito real, incluídas as de direito de vizinhança; e c) a legislação trabalhista; 9 1.2.2.2. Quanto ao setor econômico: 1.2.2.2.1. Empresário Rural O art. 971 do CC. teve uma especial atenção para os que exercem a atividade rural como principal profissão: facultou-lhes a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. Realizando o ato ele se equiparará, para todos os efeitos, ao empresário sujeito ao registro. Sendo assim, o registro, para o produtor rural, torna-se um ato de natureza constitutiva tendo em vista que, ao realizá-lo, equipara-o ao empresário sujeito ao registro. Adicionalmente, no art. 970, foi-lhes assegurado um tratamento diferenciado e simplificado quanto à inscrição e aos efeitos decorrentes do ato. 1.2.2.3. A Capacidade e impedimento para o exercício da atividade. 1.2.2.3.1. Empresário Menor de Idade A capacidade é um instituto jurídico essencial para estabelecer quem poderá, validamente, assumir direitos e obrigações no exercício de uma atividade econômica. Trata-se de uma proteção ao incapaz afastando-o dos riscos inerentes à empresa. Em razão dessa percepção disciplina o art. 972 do CC. que podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil. As pessoas consideradas incapazes pelo Código Civil são: os absolutamente e relativamente incapazes; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo os pródigos. A teor do art. 5º do CC. a menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. O parágrafo único desse artigo explicita o instituto da emancipação, isto é, um ato civil cujo objetivo é cessar a incapacidade do menor mediante uma declaração plena, permanente e irrevogável de maioridade que se efetivará nas seguintes hipóteses: por concessão dos país; pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior pelo estabelecimento civil ou comercial, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. A autorização é um instituto regulado pelo Direito da Empresa nos artigos 974 a 976 do CC. É medida excepcional que faculta ao incapaz continuar o exercício de atividade empresarial. Tal dispositivo reflete o princípio da preservação da empresa e é pertinente ao empresário individual. O incapaz a ela se habilita nas seguintes hipóteses: incapacidade superveniente e sucessão. Para que a autorização seja concedida, exige-se que o exercício da empresa pelo incapaz se faça por meio de representante ou assistente e que seja precedida de autorização judicial. Tendo em vista que o exercício de uma atividade econômica envolve risco, o Direito procurou estabelecer salvaguardas para proteger o incapaz autorizado. Nesse sentido, o § 2º do art. 974, disciplinou que o menor autorizado deverá levar ao Registro Público de Empresas Mercantis o alvará concessivo da autorização e nele relacionará os bens já por ele possuídos, antes da interdição ou sucessão e alheios ao acervo empresarial, os quais não ficarão sujeitos ao resultado da empresa. Tantos os bens obtidos posteriormente, mesmo estranhos à atividade, e aqueles nela utilizados, não importando antes ou depois da autorização judicial, responderão pelas obrigações. Há de se atentar para o fato de o Registro Público de Empresas Mercantis só deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos contidos no § 3º do art. 974: I. não exercer a administração da sociedade;II. o capital social deve ser totalmente integralizado e III. ser assistido se for relativamente incapaz e ser representado se for absolutamente incapaz. No exercício da empresa se o representante ou assistente do incapaz estiver impedido de ser empresário nomeará, com aprovação do juiz, um ou mais gerentes, ficando responsável pelos atos do gerente nomeado. Diferentemente da emancipação, a autorização poderá ser revogada pelo juiz, a qualquer tempo, ouvidos os representantes do incapaz, caso ele esteja comprometendo a viabilidade econômica do empreendimento. Deve-se observar que os direitos adquiridos por terceiros em virtude do exercício da empresa não serão prejudicados. Para que o autorizado exerça de forma regular a atividade, exige-se que a autorização e, a sua eventual revogação, sejam averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis. 1.2.2.3.2 Impedidos a exercer a atividade. Mesmo tendo capacidade para o exercício de uma atividade econômica, determinadas pessoas estão impedidas de exercê- la. Tais impedimentos não estão ligados ao exercício da empresa, mas decorrem de determinadas situações funcionais conectadas ao direito administrativo ou penal. Nesses casos encontram-se impedidos, entre outros: Magistrados e membros do MP (arts. 95, I e 128, § 5°,II,c, da CF.); Funcionários públicos (art. 117, X, da Lei n° 8.112/90); Militares da ativa, incluídos os corpos policiais (art. 29 da Lei n° 6.880/80); 10 Leiloeiros (art. 36, Dn° 21.891/32): Despachantes aduaneiros (art. 10, I Dn° 646/92); Condenados por crime falimentar (art. 181, inciso I da Lei nº. 11.101/2005); Deputados e Senadores (arts. 54 e 55, da CF); Estrangeiros com visto provisório (art. 98 da Lei n° 6.815/89); Os proibidos de exercer a empresa são plenamente capazes para a prática de atos e negócios jurídicos, mas o ordenamento jurídico em vigor entendeu conveniente vedar-lhes o exercício dessa atividade profissional. Exercendo praticam atos válidos e, por eles, responderão pelas obrigações contraídas (art. 973). Mas por se tratarem de empresários irregulares a lei lhes aplica determinadas sanções: não poderão se valer da recuperação (art. 48, caput, LF), poderão falir e, no caso, incorrerão no crime falimentar (arts. 96, IV, e 176, LRF). 1.2.4. Direitos e Obrigações dos Empresários. Aos empresários regulares estarão assegurados os direitos de: optar pelo regime de empresário individual de responsabilidade limitada; propor, em juízo, a recuperação judicial; obter a exclusividade do nome empresarial e o privilégio da marca de produtos; requerer a própria falência (autofalência) e ser sócio ostensivo na sociedade em conta de participação. As obrigações do empresário estão atreladas ao controle da atividade e podem ser assim distinguidas: Obrigações de natureza formal: a) Registrar-se antes de iniciar a atividade (art. 967); b) Manter escrituração regular dos seus negócios (art. 1.179); Sistema de contabilidade baseada na escrituração uniforme dos livros c) Levantar demonstrações contábeis periódicas (art. 1.179). Anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Outras obrigações: a) Ter os livros necessários para esse fim devidamente autenticados (art. 1.181). b) Exibir livros e papéis de escrituração às autoridades fazendárias (art. 1.193). c) Conservar a escrituração, correspondência e demais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não prescrever ou decair as ações (art. 1.194). No exercício da atividade econômica o empresário individual deverá estar atento ao fato de que não optando pela utilização do termo EIRELI no seu nome, ocorrerá a conjugação do seu patrimônio pessoal com o da sua empresa. Essa regra se estende ao empresário casado, pelo fato de a união conjugal usufruir os proventos hauridos na empresa. Atento a isso o empresário deve arquivar e averbar no Registro Público de Empresas Mercantis os pactos e declarações antenupciais, doações ou legados e bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade a fim de poderem ser opostos a terceiros. Estabelece o artigo 978 do CC, que o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. O artigo acima indica que o acervo de bens que forma o patrimônio da empresa e, por consequência é por ele utilizado para o exercício da atividade, não deve ser confundido com o seu patrimônio pessoal. Assim, nas obrigações por ele assumidas, enquanto empresário, pode oferecer garantias tendo por base os bens pertencentes à empresa. 1.2.5. Identificação do empresário. O nome do empresário é assegurado no art. 5º, Inciso XXIX da Constituição Federal. O Código Civil nos artigos 1.155 a 1.168 e a Lei 8.934 de 1994, referente aos Registros Públicos, disciplinam como os empresários deverão se identificar ao exercerem a atividade econômica. Na verdade, é a designação pela qual eles serão conhecidos no mundo empresarial. A Lei 8.934, no seu art. 33, disciplina que a proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedade ou de suas alterações. Dessa determinação legal alguns princípios são destacados: a) Princípio da Regulamentação: estabelece a proteção jurídica adstrita ao Registro; b) Principio da Veracidade: para o exercício da empresa, utilizar-se-á a firma ou a denominação como nome empresarial (art. 1.155); c) Princípio da Novidade: o nome empresarial deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro (art. 1.163); d) Principio da Exclusividade: a inscrição assegura o uso exclusivo do nome nos limites do Estado (art. 1.166). Duas são as funções do nome empresarial: uma subjetiva, identificar a pessoa do empresário individual ou coletivo; outra objetiva, individualizar o empresário no mundo empresarial. Por usa vez, o empresário poderá utilizar duas espécies de nome empresarial: Firmao empresário individual no exercício de sua atividade opera sob firma 11 constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Denominaçãodesigna o objeto da empresa. A sociedade empresária, a depender do seu tipo societário, poderá utilizar a firma social tendo por base o nome civil de um, alguns ou todos os seus sócios ou a denominação. No caso de empresário individual, pessoa jurídica, o §1º do art. 980-A determina que o nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão EIRELI, após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. Conforme visto antes a proteção do nome empresarial decorre, automaticamente, do arquivamento, nas Juntas Comerciais, da declaração de firma individual, do ato constitutivo de sociedade ou de alterações desses atos que impliquem mudança de nome. O atual Código Civil apresenta hipóteses em que se torna obrigatória a modificação do nome empresarial, são elas: a. alteração da categoria do sócio (art. 1.157, caput e parágrafo único); b. saída, retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava da firma social (art. 1.158, §1º c/c art. 1.165); c. alienação do estabelecimento por ato entre vivos. O descumprimento da alteração do nome empresarial, no caso das hipóteses a e b, acarreta a responsabilidade solidária pelas obrigações sociais de acordo com a sua categoria de sócio ou como se ainda fizesse parte do quadro societário. A proteção circunscreve-se à unidade federativa de jurisdição da Junta Comercial que procedeu ao arquivamento, podendo ser estendida a outras unidades da federação, a requerimento da pessoa interessada e se registrado na forma da lei especial (art. 1.166 e § único). Essa proteção decorre de o nome empresarial consistir em umdireito subjetivo através do qual o empresário defende sua identidade e individualidade. O nome empresarial integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual o empresário se designa e se individualiza, no mundo empresarial, ao exercer sua atividade e assumir compromissos. Dessa percepção decorrem algumas regras limitadoras do seu uso: o nome não pode ser objeto de alienação (art. 1.164CC); o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor (§ único, art. 1.164CC); o nome do sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não poderá ser conservado na firma social (art. 1.165CC). Caberá ao empresário prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato (art. 1.167 CC). A exclusividade do uso do nome empresarial é perdida nas seguintes hipóteses: expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perderá a proteção do seu nome empresarial(art. 59, L. 8.934/94); a firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de 10 anos consecutivos deverá comunicar à Junta Comercial que deseja manter-se em funcionamento. Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a Junta Comercial o cancelamento do registro com a perda automática da proteção ao nome empresarial (art. 60 e § único, L. 8.934/94). No caso, trata-se de uma presunção de inatividade; a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para a qual foi adotado; ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu (art. 1.168, CC); por último, com a transformação da organização empresarial. 1.2.6. A escrituração do empresário. A escrituração além de ser uma obrigação do empresário é uma exigência que a organização empresarial impõe. A regularidade no exercício da atividade exige que seja feita a averbação à margem da inscrição de quaisquer modificações ocorridas (§2º art. 968 CC). A feitura dessa escrituração é de responsabilidade de um profissional específico: o contabilista (art. 1.182 CC). Diz Requião (2012:171, v.1) que inexiste sanção de ordem penal para o descumprimento da obrigação de manter a escrituração do negócio. No entanto, sendo os livros contábeis equiparados a documentos públicos, para fins penais, é tipificado como crime a falsificação, no todo ou em parte, da escrituração comercial (§ 2º, art. 297, CP). Outras leis desestimulam a desorganização da vida empresarial a exemplo da Lei de Falência no seu art. 178 e do Código Tributário Nacional no tratamento que é dado quanto à regularidade no cumprimento dos tributos. Considerando-se que a escrituração, além de ser uma exigência legal e atender às funções: gerencial, documental e fiscal, a sua falta acarretará a irregularidade da atividade. Nesse sentir é que o Código Civil obriga o empresário a ter: O Diário. Estabelece o art. 1.180 CC que esse livro é indispensável podendo ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 12 Trata-se de um instrumento para a escrituração de todas as operações relativas ao exercício da empresa. Segundo o art. 1.184 CC nele são lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia-a-dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. A teor do § 2º do art. 1.184 CC, serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, assinados por técnico em Contabilidade. Balanços. Utilizados se o empresário adotar o sistema de fichas de lançamentos, devendo ser observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para o Diário. Balanço Patrimonial. Refere-se a relatório contábil da empresa no qual são expressos todos os elementos quantitativos necessários para se ter a compreensão do estado da atividade econômica exercida. Balanço Econômico ou de Demonstração de Resultado Econômico.Nele são registradas as operações de despesas e receitas relativas ao exercício findo. São exigidos em casos especiais o Livro de Duplicatas e outros que, não obstante inexistir uma exigência legal, são utilizados para facilitar o gerenciamento da atividade empresarial a exemplo do livro de Conta Corrente. Destaca Coelho (2012:145, v.1) que o DNRC, a partir de 2006, passou a admitir a elaboração, processamento e armazenamento da escrituração do empresário exclusivamente em meio eletrônico; trata-se do livro digital que, no entanto, exige a autenticação pela Junta Comercial mediante a aposição do certificado digital e selo cronológico digital na conformidade das regras da Infraestrutura Brasileira de Chaves Públicas ICP-Brasil (IN 102/2006). Mediante a escrituração o empresário documenta todo o exercício de sua atividade devendo preservá-la e excluí-la do acesso por parte dos seus concorrentes. A preservação do sigilo da escrituração é um direito do empresário e, a teor do art. 1.190, ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligências para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. A exibição só pode ocorrer em hipóteses declinadas em Lei: Judicial O Juiz autorizará a exibição integral da escrituração para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão de outrem e em caso de falência (art. 1.191). A exibição parcial poderá ser decretada de ofício ou a requerimento da parte em ação judicial quando necessário à solução da questão (§ 1º do artigo 1.191); Administrativa O empresário deverá apresentar os livros às autoridades fazendárias quando seus agentes estiverem no exercício da fiscalização do pagamento de impostos (art. 1.193). Caso o empresário não apresente os seus livros nas hipóteses acima levantadas, o art. 1.192 determina a apreensão judicial dos livros e se terá como presunção de verdade o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros; acrescente-se que, no caso de falência, essa será presumida como fraudulenta. Deve-se observar que a força probante da escrituração dos livros do empresário se agrega à autenticação no Registro Público de Empresas Mercantis e, portanto, ao exercício regular da atividade. Disciplina o art. 226 do CC que eles são provas contra as pessoas a que pertencem e são provas a seu favor, quando, escriturados sem vício, forem confirmados por outros subsídios. Por conseguinte, não é absoluto o valor probante dos livros da empresa, comportando prova documental em contrário. (§ único, art. 1.192 CC). 1.2.7. Colaboradores do empresário. Empresa é o exercício, pelo empresário, de atividade organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Essa atividade pode ser exercida com ou sem a participação de colaboradores, que integram o setor do trabalho; esses colaboradores são denominados de prepostos. Para o Direito de Empresa a matéria de interesse concerne à análise da posição jurídica dos colaboradores no âmbito da empresa. Nesse sentido, tem-se, por preposto: quem, em nome de outrem (preponente), dirige ou se ocupa de seus negócios e sob sua responsabilidade. Duas são as espécies de prepostos que o Código Civil especifica como colaboradores internos do empresário: a) Gerente (arts. 1.172 a 1.176). É o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em filial. Seus poderes são de gestão dos negócios ordinários e de representação (ativa e passiva) do preponente em juízo. Há de se perceber que esses poderes são limitados por ato escrito no contrato de preposição e produzem efeitos se arquivados; ademais, deve- se atentar para as regrasabaixo especificadas que explicitam o âmbito de suas funções: Técnica: a lei não exigindo poderes especiais, o gerente estará autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe forem outorgados para a gestão dos negócios ordinários da empresa (art. 1.173). No caso, autorização 13 para praticar atos que viabilizem sua atividade gerencial; Jurídicas: o gerente poderá representar, ativa e passivamente, em juízo, o preponente, agindo em nome deste, apenas nas ações que versarem sobre as obrigações assumidas no exercício de suas funções (art.1.176). Esta legitimidade processual concerne apenas a ações que estejam relacionadas ao exercício da função de gerente; Inexistindo estipulação em contrário, consideram-se solidários os poderes conferidos a dois ou mais gerentes (§ único, art. 1.173). b) Contador (arts. 1.177). É o responsável pela escrituração dos livros do empresário. Sua existência é obrigatória e os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se fossem por aqueles. Em termos de responsabilidade pelos atos cometidos no exercício da atividade, a regra geral é que o preponente responde com o preposto pelos atos que este pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele (art. 1.175). Nesse sentido: os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito (art. 1.178); quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autenticada do seu teor (§ único do art. 1.178). No exercício de suas funções o preposto é responsabilizado pessoalmente perante os preponentes pelos atos culposos e, solidariamente com o preponente, em relação a terceiros, pelos atos dolosos (§ único, art. 1.177). Ademais, aos prepostos estão vedadas as condutas seguintes: subestabelecimento, isto é, salvo autorização escrita, o preposto não pode se fazer substituir no desempenho das suas atribuições, sob pena de responder pelos atos e pelas obrigações contraídas pelo substituto (art. 1.169) e; gestão em beneficio próprio, isto é, quando sem autorização expressa, negociar por conta própria ou de terceiro e participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação (art. 1.170) Os atos do preposto deverão estar circunscritos aos limites estabelecidos no contrato de preposição; ultrapassá-los o faz a sua conta e risco e, por eles estará pessoalmente vinculado. Tratando- se do preponente, para que as limitações contidas na outorga de poderes possam ser opostas a terceiros, o art. 1.174 exige que o instrumento de procuração tenha sido arquivado e averbado no Registro Público de Empresas Mercantis, ou que seja provado ser conhecido pela pessoa que tratou com o gerente. Na circunstância antes referida, caso o preposto ultrapasse os limites do que lhe foi atribuído, o preponente poderá se eximir da responsabilidade perante terceiros. 1.2.8. Transformação do empresário individual em coletivo A LC nº 128, de 19 de dezembro de 2008, acrescentou ao art. 968, o § 3º que estabelece a hipótese de o empresário individual, admitindo um sócio, poder solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação do seu registro de empresário para registro de sociedade empresária. No caso, observar-se-á, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 do CC. Em síntese: O ato de transformação independente de dissolução ou liquidação da sociedade, obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se e não modificará nem prejudicará os direitos dos credores. Acrescente-se a possibilidade de se transformar em uma EIRELI ou Sociedade Limitada Unipessoal, possível com a Lei de Liberdade Econômica. 1.3. O ESTABELECIMENTO. 1.3.1. Conceito O que é Estabelecimento? É todo complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. Esse complexo é composto de bens materiais e imateriais que constituem o instrumento utilizado pelo empresário para exercer determinada atividade econômica. Art. 1.142 do CC. Trata-se de uma Universalidade de Fato, tendo em vista ser um conjunto de bens, com individualidade própria, ligados pela destinação comum de constituir o instrumento da empresa. Meio pelo qual o empresário exerce a atividade econômica. O Estabelecimento é classificado como objeto de direito, propriedade do empresário e, portanto suscetível de negócios jurídicos como explicita o art. 1.143 do CC: pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Observe-se que o sentido de uma totalidade destinada a uma finalidade é o que lhe agrega um valor especial, isto é, apesar de 14 os bens que o compõem possuírem, individualmente, uma valoração econômica própria quando reunidos como estabelecimento o valor extrapola a soma das partes. Reafirme-se que o estabelecimento, apesar de fazer parte do patrimônio do empresário, dele se aparta, tem identidade específica e, por isso mesmo, possui um valor próprio o que impõe uma especial proteção. 1.3.2. Alienação, usufruto ou arrendamento do estabelecimento. Como coisa móvel e como universalidade de fato ou bem incorpóreo, o estabelecimento comercial pode ser cedido ou vendido, empenhado e desapropriado. Para que os interesses dos credores sejam preservados dessa livre disponibilidade do estabelecimento por parte do empresário, alguns requisitos são determinados pelo Código Civil: a) a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirão efeitos jurídicos depois da averbação à margem do registro do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis e publicação na imprensa oficial (art. 1.144); b) tratando-se de alienação, esse ato só terá eficácia perante terceiros nas hipóteses do art. 1.145: provando a existência de bens suficientes para pagar suas obrigações; pagando todos os credores ou consentindo todos os credores, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. Havendo a alienação do estabelecimento a responsabilidade pelas dívidas contraídas nos negócios jurídicos realizados pelo alienante está disciplinada no art. 1.146 da seguinte forma: Adquirente: é responsável pelos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados e o Alienante: é solidariamente obrigado, pelo prazo de um ano, nos seguintes termos: quanto aos créditos vencidos, da publicação do contrato de alienação; quanto aos vincendos, da data do vencimento. Nesse caso, se o empresário X, alienante do estabelecimento, contraiu dívida que só irá vencer após 10 (dez) meses da publicação do contrato, terá responsabilidade passiva solidária com o adquirente por um período de um ano, depois de transcorridos esses dez meses referentes ao vencimento do débito. Em se tratando dos créditos referentes ao estabelecimento transferido determina o art. 1.149 que os mesmos deverão ser pagos ao adquirente do estabelecimento. Na hipótese de o devedor, de boa fé, já tê-los pago o alienante ficará, por eles, desonerado. Finalmente, quanto aos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, determina o art. 1.148 do CC, salvo disposição em contrário, a sub-rogação do adquirente. A regra é excepcionada quando se tratarem de contratos de caráter personalíssimos a exemplo de contratos de trabalho. Nesse caso, protege-se o adquirente, pois o caráter pessoalreferido diz respeito às qualidades do terceiro contratante que não pode ser imposto ao adquirente. Estatui o art. 1.147 que o alienante, pelo prazo de cinco anos da transferência do estabelecimento, está proibido de exercer concorrência ao adquirente, salvo disposição expressa em contrário. Trata-se de uma vedação ao restabelecimento. Esse dispositivo visa assegurar, ao adquirente, condições para o exercício da atividade sem a concorrência daquele que lhe alienou o estabelecimento. A aquisição envolve elementos constantes do estabelecimento que constituem um mercado conquistado pelo alienante durante o tempo em que ele exerceu a empresa e deles abriu mão; por conseguinte, voltar a exercer a atividade, coloca o adquirente em uma situação de concorrência desigual perante ele que já tem presença assegurada num mercado devido ao tempo em que nele atua. 1.3.3. Elementos do estabelecimento empresarial Como uma universalidade de fato o estabelecimento possui elementos corpóreos e incorpóreos. Dos primeiros constam os bens móveis e imóveis; dos incorpóreos fazem parte: a marca, o ponto, o título do estabelecimento, a clientela e o aviamento. Os elementos incorpóreos apesar de não terem uma materialidade possuem um valor que, agregado ao estabelecimento, lhe acresce expressão monetária. Examinem-se cada um deles. Marca. Trata-se de um símbolo distintivo de um produto ou indicativo de um serviço possuidor de uma proteção constitucional, art. 5º, Inciso XXIV, e infraconstitucional, art. 2º, Inciso III da Lei de Propriedade Industrial, 9.279/1996. Essa proteção requer o registro da marca no Instituto Nacional de Propriedade Indústria, possibilitando ao seu possuidor direito de propriedade. Título de Estabelecimento. Esse elemento, comumente denominado de nome fantasia, serve de referência, identificação do local onde o empresário exerce a sua atividade. É uma designação que se torna conhecido perante o público. Sendo assim, a empresa individual Valentino Moda e Design, EIRELE, poderá fixar, no prédio onde exerce a atividade, letreiro com o título Dedal de Ouro. Diferentemente do nome e da marca que são protegidos desde que registrados, a defesa contra usurpações poderá ser deduzida das regras dos arts. 186 e 927, ambos do 15 Código Civil, que regulamentam a responsabilidade civil por dano causado a outrem e a obrigação de repará-lo e pelo art. 195 do Código Penal que coíbe a concorrência desleal. Sendo assim, a empresa que adota um nome fantasia objetivando uma referência capaz de singularizá-la perante os consumidores, tem direito de impedir que outro empresário, do mesmo ramo de negócio, utilize-a via os arts. 124, V, 191, 195, V e 209 da Lei 9.279/96, que estabelece os direitos de propriedade industrial. . Ponto de Negócio. É o local de realização dos negócios. Qualificado, pois, lá ele exerce a atividade empresarial e, o mais importante, entra em contato com os seus clientes. Essa qualificação lhe dá um valor que é passível de avaliação monetária independente de que seja um imóvel próprio ou alugado. O ponto é essencial para o exercício da atividade. Sendo a atividade empresarial exercida em um prédio próprio sobre ele exerce o direito de propriedade; caso seja alugado, a Lei de Locações (Lei 8.245 de 1991) lhe proporciona o direito de inerência, isto é, o interesse, juridicamente protegido, de permanência de sua atividade no local onde se encontra estabelecido. O direito de inerência é concedido ao empresário porque quando ele se estabelece num ponto alugado e permanece naquele local por bastante tempo, ele fez um investimento para ganhar a confiança de consumidores, passando a adquirir assim, uma clientela fiel. O art. 51 da Lei 8.245, oferece garantias legais, quanto à renovação, desde que, sejam atendidos cumulativamente os requisitos abaixo destacados: Requisito formal: o contrato a renovar tenha sido realizado por escrito e com prazo determinado; Requisito temporal: o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; Requisito material: o empresário locatário exerça, ininterruptamente, a atividade econômica pelo prazo mínimo de 3 (três) anos. Esse requisito está relacionado com o sobrevalor agregado ao imóvel, em razão da exploração de uma atividade econômica no local, de sorte a transformá-lo em referência para os consumidores. É evidente que essa valoração monetária só existe após uma certa permanência da atividade no ponto, que foi estimada pelo legislador em 3 anos. A renovação compulsória do contrato deve ser requerida por meio de ação própria, denominada Ação Renovatória. A renovação só será deferida para o empresário que realmente tenha agregado valor ao ponto, transformando em um local atrativo para a clientela. Esta ação deve ser ajuizada nos seis meses do último ano do contrato de aluguel e deverá ser instruída com os documentos do art. 71 da Lei do Inquilinato. O direito de inerência do locatário se choca com o direito de propriedade do locador. Para evitar o desrespeito do direito de propriedade do locador, a Lei do Inquilinato estabelece alguns casos em que o locatário, mesmo tendo cumprido todos os requisitos legais, não terá assegurado o direito à renovação do contrato de aluguel. Nesses casos, o locador poderá retomar o imóvel locado, uma vez que o seu direito de propriedade prevalecerá sobre o direito do locatário de permanecer no local. Na ocorrência de uma das hipóteses previstas nos artigos 52 e 72 da Lei 8.245/91, o locador vai poder fazer uso da chamada exceção de retomada e o juiz irá determinar a desocupação do imóvel. O locador não estará obrigado a renovar o contrato caso estejam presentes as seguintes hipóteses de exceção de retomada: a. não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar (art. 72, II). ; b. ter o locador proposta de terceiro para a locação, em condições melhores (art. 72, II); c. por determinação do Poder Público, o locador tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade; (art. 52, I); d. o imóvel vier a ser utilizado pelo locador ou para transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de um ano, sendo ele detentor da maioria do capital, seu cônjuge, ascendente ou descendente. (art. 52, II). Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se tratando de locação-genérica, ou seja, aquela em que o aluguel também envolvia o próprio estabelecimento empresarial, com as instalações e pertences necessários ao exercício da atividade (art. 52, §1º). Caso o locador queira se estabelecer no mesmo ramo de atividade em que o locatário atuava, deverá indenizá-lo pela perda do ponto. Por fim, cumpre ressaltar que a lei determina que, nas hipóteses de reforma substancial, uso próprio ou transferência de estabelecimento empresarial, o locador tem um prazo de 03 meses (salvo caso fortuito ou força maior), contados a partir da entrega do imóvel, para dar a este o destino alegado ou iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar, sob pena de ter que indenizar o locatário pelos prejuízos e lucros cessantes que tiver que arcar com a mudança, perda do lugar e desvalorização do estabelecimento empresarial (art. 52, §3º). 16 O Superior Tribunal de Justiça entende que se o locatário der destino diferente daquele previsto na ação revisional, este será obrigado a indenizar o locador. Aviamento. É a perspectiva de o estabelecimento gerar lucros. O empresário tem a livre disponibilidade de escolher, dentre os seus ativos, aqueles essenciais ao exercício da atividade. Ao fazê-lo,aloca-os de tal maneira a deles obter o melhor desempenho e, por conseguinte, gerar lucros. Clientela. Corresponde a um conjunto de pessoas que mantém com o estabelecimento empresarial relações contínuas para aquisição de bens e serviços. É o mercado conquistado pelo empresário como resultado da boa organização do seu empreendimento. 17 Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL I O EMPESÁRIO INDIVIDUAL PARTE nº 1 A EMPRESARIALIDADE (Código Civil. Lei 10.406/2002) JOÃO PESSOA 2022 Link do Meet: Código da turma: Sociedade Unipessoal: Modelo de contrato para abrir uma Sociedade Unipessoal "C 18 NOME, brasileiro, maior, casado sob o REGIME X, nascido no dia xx/xx/xxxx, OCUPAÇÃO, residente e domiciliado na cidade de CIDADE, ESTADO, no ENDEREÇO, portador da Cédula de Identidade Civil RG n° XXXXXXX ÓRGÃO EXPEDITOR e inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXXX, conforme dados extraídos da Carteira Nacional de Habilitação, registro nº XXXXXXX, expedida pelo DETRAN/ESTADO. RESOLVE constituir uma SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL, nos termos da legislação aplicável, que se regerá pelas cláusulas e condições a seguir: CLÁUSULA PRIMEIRA- DA DENOMINAÇÃO: A sociedade, constituída sob a forma de sociedade limitada unipessoal, adotará o nome empresarial de NOME DA EMPRESA LTDA, que será regida por este instrumento de constituição e considerando a disposição constante do parágrafo único do art. 1.052 do Código Civil e em obediência ao contido na INSTRUÇÃO NORMATIVA DREI Nº 63, DE 11 DE JUNHO DE 2019. CLÁUSULA SEGUNDA- DA SEDE SOCIAL: A sociedade limitada unipessoal terá sua sede social, na cidade e comarca de CIDADE, ESTADO, no ENDEREÇO COMPLETO. CLÁUSULA TERCEIRA- DO OBJETO SOCIAL: A sociedade limitada unipessoal tem por objeto social a exploração do ramo: ATIVIDADE DA EMPRESA. (CNAE xx.xx-x/xx). CLÁUSULA QUARTA- DA DURAÇÃO: O prazo de duração é indeterminado, iniciando suas atividades a partir do registro do presente instrumento. CLÁUSULA QUINTA- DO CAPITAL SOCIAL: O capital social é na importância de R$ VALOR (VALOR POR EXTENSO) dividido em VALOR (VALOR POR EXTENSO) quotas de R$ VALOR (VALOR POR EXTENSO) cada uma, totalmente subscritas e integralizadas pelo sócio único, em moeda corrente do país, fica assim distribuído: Sócio Único PERC. % QUOTAS VALOR R$ FULANO DE TAL xxx xx.xxx xx.xxx,xx TOTAL xxx xx.xxx xx.xxx,xx PARÁGRAFO PRIMEIRO– A responsabilidade do sócio único é restrita ao valor de suas quotas, não havendo responsabilidade solidária pelas obrigações sociais, respondendo, no entanto, pela integralização do capital social. PARÁGRAFO SEGUNDO– Sobre as quotas acima, pesa a cláusula restritiva de incomunicabilidade e impenhorabilidade. CLÁUSULA SEXTA- A administração da sociedade limitada unipessoal caberá ao sócio único NOME DO SÓCIO, qualificado no preâmbulo deste instrumento, para o que está dispensado da prestação de caução. PARÁGRAFO PRIMEIRO – Ao administrador da sociedade limitada unipessoal compete o uso da firma e a representação da sociedade, podendo para tanto realizar individualmente todos os atos necessários ou convenientes para gerenciar, dirigir e orientar os negócios da sociedade e os assuntos relacionados à mesma, podendo abrir, encerrar e movimentar contas bancárias, assumir obrigações, assinar e celebrar contratos, firmar compromissos profissionais de âmbito nacional ou internacional, confessar dívidas, fazer acordos, transigir, renunciar, desistir, adquirir, alienar e onerar bens imóveis, representar a sociedade perante terceiros, no Brasil ou no exterior e perante repartições públicas federais, estaduais, e municipais, autarquias, sociedades de economia mista, estabelecimentos bancários, instituições financeiras, Caixas Econômicas, e respectivas agências, filiais, sucursais ou correspondentes, bem como para representar a sociedade ativa e passivamente, em juízo e fora dele, bem como para representar a sociedade ativa e passivamente, em juízo e fora dele, podendo ainda, constituir mandatários e outorgar procurações com poderes específicos. PARÁGRAFO SEGUNDO– Faculta-se sócio único administrador, nos limites de seus poderes, constituir procuradores em nome da sociedade, devendo ser especificados no instrumento de mandato, os atos e operações que poderão praticar e a duração do mandato, que, no caso de mandato judicial, poderá ser por prazo indeterminado. CLÁUSULA SÉTIMA- DA REMUNERAÇÃO: O sócio único administrador, fixará uma retirada mensal, a título de “pró- labore”, observadas as disposições regulamentares pertinentes. CLÁUSULA OITAVA– DO DESIMPEDIMENTO: O sócio único administrador declara sob as penas da lei, não estar incurso em nenhum dos crimes previstos em lei que o impeça de exercer a administração da sociedade em virtude de condenação criminal, nem está sendo processado nem condenado em crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo e a fé pública ou a propriedade. CLÁUSULA NONA– Esta sociedade poderá a qualquer tempo, abrir e encerrar filiais, agências e escritórios, em qualquer parte do território nacional ou no exterior mediante alteração contratual assinada por todos os sócios. CLÁUSULA DÉCIMA– DO EXERCÍCIO SOCIAL E BALANÇO PATRIMONIAL: Ao término de cada exercício social, em 31 de dezembro, será procedido à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico, cabendo sócio único, os lucros ou perdas apuradas. PARÁGRAFO ÚNICO- Fica a sociedade limitada unipessoal autorizada a levantar balanços ou balancetes intermediários em qualquer período do ano calendário, observadas as disposições legais, podendo inclusive, distribuir os resultados se houver e se for de interesse do titular, inclusive a obrigação da reposição dos lucros, se os mesmos forem distribuídos com prejuízo do capital. CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA- RESOLUÇÃO DAS QUOTAS DO SÓCIO ÚNICO EM RELAÇÃO À SOCIEDADE: Falecendo ou interditado o sócio único da sociedade, a empresa continuará suas atividades com os herdeiros, sucessores e/ou sucessores do incapaz. Não sendo possível ou inexistindo interesse destes, o valor de seus haveres será apurado liquidado com base na situação patrimonial da empresa, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado. CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA- DA DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE: A Sociedade poderá ser dissolvida por iniciativa do sócio único, que, nessa hipótese, realizará diretamente a liquidação ou indicará um liquidante, ditando-lhe a forma de liquidação. Solvidas as dívidas e extintas as obrigações da Sociedade, o patrimônio remanescente será integralmente incorporado ao patrimônio do titular. CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA- DECLARAÇÃO DE ENQUADRAMENTO: O sócio único da sociedade limitada unipessoal, declara sob as penas da Lei, que: a) Se enquadra na condição de MICROEMPRESA; b) O valor da receita bruta anual da sociedade não excederá o limite fixado no inciso I do artigo 3º da Lei Complementar nº 123 de 14/12/2006; c) Não se enquadra em qualquer das hipóteses de exclusão relacionadas no § 4º do artigo 3º da mesma Lei. CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA – Fica eleito o foro da Comarca de CIDADE, ESTADO, para o exercício e o cumprimento dos direitos e obrigações resultantes do presente deste contrato, com exclusão de qualquer outro, seja qual for ou vier a ser o futuro domicílio do titular. Lavrado em 01 (uma) via, lido, compreendido, conferido e elaborado de conformidade com a intenção do sócio único ora presente e que o mesmo assina o presente instrumento de Constituição de Sociedade Limitada Unipessoal, obrigando-se fielmente por si, seus herdeiros e sucessores legais a cumpri-lo em todos os seus termos. CIDADE/ESTADO, DATA. (Fonte: Contábeis). INSTRUMENTO DE CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL https://www.contabeis.com.br/termos-contabeis/sociedade_limitada/ 19 Por este instrumento particular,
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