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EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E VISÃO GERAL: • Benigna na maioria dos casos e autolimitada • Glomerulonefrite pós-estreptocócica é a etiologia mais prevalente e comum em todo mundo. • Os exemplos mais comuns são amigdalite e impetigo causados por estreptococos beta hemolítico do grupo A, que evoluem para glomerulonefrite • A doença hoje é rara em nações industrializadas e estima- se que a maioria dos casos ocorrem em regiões de baixo nível socioeconômico • 472.000 casos/ano sendo 404.000 ocorrendo em crianças • As crianças mais acometidas são entre 5 e 12 anos de idade, sendo incomum em crianças <3 anos de idade • Mais frequente em guris do que em gurias • Pode ocorrer como um caso esporádico ou durante uma epidemia de infecção de pele ou garganta • As manifestações da síndrome nefrítica ocorrem cerca de 2-3 semanas após a infecção amigdalite e até 6 semanas após impetigo causados por estreptococos B- hemolítico do grupo A PATOGÊNESE: Evidencias sugerem uma associação com a resposta imunológica e ativação do complemento (responsável pela fagocitose dos leucócitos), recrutamento de leucócitos, aumento do fator de crescimento e citocinas, inflamando e causando danos ao glomérulo Os depósitos imunes típicos são: • IgG • C3 • Properdina • C5 O C3 volta aos valores normais após 6-8 semanas A gravidade e a duração da nefrite são variáveis porem a maioria dos casos são resolvidos em 2-3 semanas e menos de 1% evolui para doença renal crônica MANIFESTACÕES CLÍNICAS O quadro clinico corresponde a tríade da síndrome nefrítica: • Aparecimento súbito de edema (ocorre em 65- 90% dos pacientes e perdura por 7-10 dias) • Hipertensão arterial (60-80% dos casos e se dá pela retenção hidrossalina; pode evoluir para emergência hipertensiva com encefalopatia, ICC ou edema pulmonar • Hematúria (microscópica, pode durar por meses até 2-4 anos) • Proteinúria pode ocorrer • Redução da TFG (pode ocorrer em 50% dos casos (raramente anuria), normalizando em 3-4 semanas após o início da doença • Podem ocorrer também acidose metabólica e hipercalemia nos pacientes oligúricos (que vão com pouca frequência ao banheiro) • Na urina podem ser encontrados hematúria com dismorfismo eritrocitário (dificuldade das hemácias de passar pelo glomérulo), cilindros hemáticos, cilindros granulosos e presença de proteinúria discreta • U parâmetro importante é a diminuição dos níveis de CH50 e C3 pela ativação da via alternativa do complemento, sendo observado em 90- Fisiopatologia, Manifestações e Diagnostico GLOMERULOPATIAS NA INFANCIA 100% dos casos de GNPE, normalizando em 6-8 semanas • A confirmação da infecção estreptocócica por cultura de orofatinge ou pele tem pouca sensibilidade • Títulos como ASLO estão elevados em 80% das glomerulonefrites após faringite, sendo baixos nos casos após piodermite • Nos casos após infecção cutânea, tem-se a elevação de anti-hialuronidase e anti-desoxirribonuclease B (anti-DNAse B) em 80-90% dos pacientes TRATAMENTO DA GNPE: Pode ser dividido em medidas gerais do manejo de GNPE e medidas especificas Medidas Gerais: O repouso é necessário para manter o debito cardíaco baixo evitando ICC e crise hipertensiva Medidas Específicas: Antibioticoterapia: usada quando a prova rápida positiva para estreptococo ou cultura positiva de pele e garganta; ou demais evidencias de infecção; administrara amoxicilina ou penicilina (oral ou IM) por 10 dias. A antibioticoterapia profilática pode ser indicada para pessoas que moram com a criança em casos de epidemias Diuréticos: na presença de congestão circulatória e HAS, além da restrição hídrica e de sódio, está indicado furosemida (diurético de alça), VO, 1-2mg/kg/dia. Em casos graves de HAS e ICC e edema pulmonar é administrado via endovenosa Drogas Anti-hipertensivas: anlodipino ou hidralazina podem ser necessários além do diurético de alça. Em emergência hipertensiva deve-se usar drogas de ação rápida por via intravenosa com infusão continua (nitroprussiato de sódio, nicardipina) em ambiente de terapia intensiva Drogas imunossupressoras: A imunossupressão parece não ser efetiva, embora utilizada nos casos de evolução com crescentes (mais de 30-50%), em biópsia (glomerulonefrite rapidamente progressiva) Terapia de substituição renal: na maioria das vezes o quadro de lesão renal é agudo e de curta duração. Os casos mais graves podem cursar com uremia e distúrbios eletrolíticos e acidobásicos próprios da LRA (lesão renal aguda), podendo ser necessário tratamento dialítico (diálise) oligúria, HAS grave, sinais de ICC, encefalopatia hipertensiva, lesão renal aguda demandam hospitalização do paciente pediátrico INDICAÇÕES DE BIÓPSIA: As indicações de biópsia são: • hematúria macroscópica com duração superior a quatro semanas; • hematúria microscópica com duração superior a 1-2 anos; • oligoanúria por mais de 48-72h; • piora progressiva da função renal; • hipocomplementenemia ausente no diagnóstico ou mantida por mais de oito semanas; • proteinúria nefrótica inicial (>6 semanas) ou proteinúria não-nefrótica persistente (>6 meses); • presença de sinais de doença sistêmica e/ou histórico familiar de doença rena PROGNÓSTICO: • Em geral é bom, com recuperação completa na maioria dos pacientes • A diurese volta ao habitual com 1 semana a partir do inicio do quadro e os níveis de creatinina voltam ao basal em 3-4 semanas • Anormalidades mínimas podem ser observadas na vida adulta, tais como microalbuminúria e hematúria microscópica • A presença de complemento normal no início do quadro, proteinúria nefrótica e crescentes epiteliais em biópsias na fase aguda, conferem pior prognóstico, com potencial de evolução para doença renal crônica EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E VISÃO GERAL: • Caracterizada por proteinúria maciça, hipoalbuminemia, edema e hipercolesterolemia • Na infância, 80% dos casos corresponde a Síndrome nefrotica primaria ou idiopática (SNI) • O restante das causas são secundarias e associação com doenças sistêmicas, metabólicas, infecciosas entre outras. • Se apresenta com proteinúria maciça na criança, >50mg/kg/dia e hipoalbuminemia (<2,5g/dl) • O quadro completo inclui: edema, hipercolesterolemia e lipiduria • Na infância 80% dos casos são de origem idiopática (SNI), destacando-se a lesão histológica mínima (LHM) e Glomerulosclerose Focal e Segmentar (GESF) • A incidência em crianças menores de 16 anos é de 2 a 7 casos por 100.0000/ano • Prevalência de 16/100.000 crianças • A SNI é predominante em pré-escolares (2 aos 6 anos) • Mais comum em guris do que em gurias • A proteinúria decorre de um distúrbio da parede capilar glomerular, que, normalmente é a barreira que impede a passagem de proteínas séricas para o espaço urinário PRINCIPAIS ETIOLOGIAS: Glomerulopatias primárias: • Lesão histológica mínima • Glomerulosclerose Focal e segmentar (GESF) • Glomerulonefrite membranosa idiopática • Glomerulonefrite mesangiocapilar Glomerulopatias Secundárias: • Diabetes melitus (DM) • Amiloidose • Artrite reumatoide • Doença mista do tecido conjuntivo • Neoplasias • Diversas drogas • Infecções (bacterianas, virais, protozoárias) • Alergia, imunizações e venenos diversos: gravidez, sarcoidose, rejeição crônica MANIFESTACÕES CLÍNICAS: O diagnostico é bastante frequente, por isso, deve-se fazer o diagnostico diferencial dos quadros de edema em pediatria Edema (principal manifestação, mas não é obrigatória; geralmente intenso, frio, depressível, insidioso, podendo evoluir para derrame pleural, ascite ou anasarca; multifatorial, pode ser por hipovolemia ou ela proteinúria, hiperaldosteronismo secundário) Dor abdominal é comum, em situações de hipovolemia, peritonite primaria ou celulites da parede abdominal Atopia pode ocorrer concomitantementeCrianças com síndrome nefrotica são mais suscetíveis a infecções, especialmente respiratórias, urinarias, gastrointestinais, dérmicas o sistêmicas (sepse). Ainda que os vírus sejam os agentes mais associados, bactérias como Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus e gram- negativas (Escherichia coli, Klebsiella SP, Proteus SP e Haemophilus influenzae) são bastante frequentes Essa suscetibilidade ocorre devido ao cortisol alto, em decorrência da perca excessiva de proteínas, resultando em diminuição do sistema imune DIAGNÓSTICO: Exame Qualitativo de Urina: • Proteinúria • Hematúria microscopia (35% das LHM) • Lipiduria • Cilindros hialinos e granulosos Proteinúria: A síndrome nefrótica se caracteriza por proteinúria acima de 50mg/kg/dia Eletroforese de proteínas plasmáticas: Hipoalbuminemia <2,5g/dl, redução de alfa-1-globulina e aumento de alfa-2 e beta-globulina Hiperlipidemia: Níveis séricos de colesterol total, triglicerídeos, LDL e VLDL encontram-se aumentados. HDL pode estar normal ou diminuído. Complemento: Normal na LHM e na GESF. O fato de haver queda do complemento (hipocomplementemia é indicação de biopsia renal Função renal: Ureia e creatinina podem estar aumentados na instalação de edema ou situação de hipovolemia. Elevações persistentes sugerem outra lesão renal que não lesões mínimas Fatores X e XII (diminuição) e V, VI e VIII e fibrinogênio (aumento): Há tendencia ao tromboembolismo, ainda que seja u evento variável. A trombose venosa profunda de MMII é a complicação mais comum em nefróticos adultos TRATAMENTO: Edema: restrição de ingesta de sódio e uso cuidadoso de diuréticos; Em caso de depuração de creatinina >30l/min usa-se hidroclorotiazida 2 vezes ao dia pode ser suficiente Diuréticos potentes como furosemida deve ser deixado apenas para casos mais severos e em pacientes com redução da função renal Na presença de anasarca, pode-se iniciar com diurético tiazídico A fim de evitar as perdas de potássio, utiliza-se cloreto de potássio (2-4 mg/kg/dia) ou espironolactona (1-5 mg/kg/dia) Hipoproteinemia: proteinúria na SN é proporcional a sua ingestão, quando prolongada pode resultar em balanço nitrogenado negativo. Deve-se nessas situações, iniciar nitrogenado ou outro inibidor de ECA Correção do metabolismo lipídico: manejo dietético, diminuição de aporte de lipídios em 30% do valor calórico total e aumento dos ácidos graxos poli-insaturados Tromboembolismo: pela etiologia da SN, uso de corticoides e drogas imunossupressoras, as suspeitas clínicas de infecções devem ser precoces. É importante reforçar as orientações vacinais para esses indivíduos; Infecções: na IRA pré-renal, usam-se expansores volumétricos, incluindo albumina (se é pré-real apenas repor a proteína perdida); na IRA não pré-renal, opta-se por diálise convencional. Medidas especificas: Corticoides Tais como prednisolona soa usados por 28 dias Tratamento de escolha para LHM, havendo remissão da proteinúria em 90% dos casos A princípio, crianças entre 2 e 7 anos com proteinúria e hipoalbuminemia em níveis nefróticos, sintomatologia exuberante e complemento sérico normal, devem ser consideradas e tratadas como portadoras de LHM. Biopsia: A principal indicação de biópsia renal é em crianças que não obtiverem remissão clínica e laboratorial entre 4 e 8 semanas de corticoterapia, desde que não estejam infectadas, pois provavelmente apresentam outros padrões histológicos. PROGNÓSTICO: Em geral é bom, visto que a maioria das crianças é cortiço- sensível Ocorre perigo de complicações e a maioria das crianças mantem períodos prolongados de remissão As crianças que apresentam recidivas frequentes ou são corticodependentes se beneficiam do uso de agentes alquilantes ou ciclosporina. A atividade da doença tende a diminuir após a adolescência. Os pacientes corticoresistentes são um grupo de pior prognóstico e tendem a evoluir mal, com perda progressiva da função renal. Esses pacientes são geralmente portadores de GESF, que tende a recorrer em até 70% dos casos após transplante renal Referências: • Recomendações Sociedade Brasileira de Pediatria: atualização de condutas em pediatria. Departamentos científicos SPSP Gestão 2019-2022 SINDROME NEFRÍTICA SÍNDROME NEFRÓTICA Instalação abrupta Instalação insidiosa Edema mais leve Edema mais grave (4/+4) Proteinúria menor (1-2/4+) Proteinúria (4/4+) Hematúria maior (3/4+) Hematúria menor (1/4+) Albumina sérica normal Albumina sérica baixa
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