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Compa rtilhe c om os amigo s Acomp anhe n osso c onteúd o O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crise APRESENTAÇÃO Os cuidados de enfermagem nos transtornos mentais são decisivos no tratamento dos pacientes, devendo ser baseados na sintomatologia apresentada. Nas condições de emergências psiquiátricas, o raciocínio clínico e o pensamento rápido e crítico são preponderantes no planejamento e na implementação da assistência, visto que as manifestaç ões que requerem atendimento emergencial, quando controladas precocemente e de maneira ade quada, podem ser revertidas de modo a causar menos danos ao paciente e a terceiros. Uma equipe de Enfermagem bem treinada, capaz de reconhecer o paciente em situação de crise, pode otimizar o atendimento e oferecer uma assistência integral, individualizada e de qualidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre as emergências psiquiátricas e suas difer entes manifestações. Ainda, você verá como se dá a atuação do enfermeiro nos serviços que faze m esse tipo de atendimento. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as fases da crise psiquiátrica.• Descrever a emergência psiquiátrica e as principais situações que a caracterizam.• Distinguir agitação e agressividade a partir do parecer do Conselho de Classe da Enfermag em em relação à atuação em casos de contenção. • DESAFIO Sabe-se que a ocorrência de grandes desastres repercute em toda a sociedade, além de causar víti mas direta e indiretamente. Em muitos desses desastres, as sequelas que ficam transformam-se e m transtornos mentais capazes de desestabilizar o indivíduo. Você é enfermeiro da cidade de Brumadinho, a qual foi afetada pelo rompimento de uma barrag em de minério de ferro, causando centenas de mortes. Dentre os afetado, estava Jandira, de 52 a nos, que perdeu sua casa, seu filho e seu esposo, que trabalhavam na mineradora local. Após esse episódio, ela tem apresentado frequentes episódios de pânico e aumentou o consumo de bebidas alcoólicas. Todos os dias, após anoitecer, ela bebe três garrafas de cerveja dizendo qu e é para esquecer o que viveu. Jandira está morando na casa de uma sobrinha até receber a inden ização pela perda de seus bens e familiares. Devido a todo esse histórico, Jandira foi encaminhada pelo médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) para uma avaliação pelos profissionais do Centro de Atenção Psicossocial. O primeiro at endimento dela no serviço será realizado por você. Como você abordaria Jandira? Quais estratégias você utilizaria para auxiliá-la no enfrentamento desses problemas? INFOGRÁFICO A crise psiquiátrica, com frequência, advém de um processo envolvendo fatores capazes de aum entar o nível de ansiedade do indivíduo, cuja capacidade de resposta depende do seu preparo em ocional para lidar com tal situação. Quando familiares e profissionais (re)conhecem esse processo, torna-se muito mais fácil control ar a ocorrência de fatores que predispõem o indivíduo à situações de ansiedade capazes de culmi narem em um episódio de crise. Ninguém conhece melhor o portador de transtorno mental do qu e sua família e os profissionais que o acompanham. Neste Infográfico, você conhecerá as etapas do processo que envolve o desencadeamento da cris e psiquiátrica, bem como as tentativas do indivíduo para lidar com tal situação. CONTEÚDO DO LIVRO A atuação do enfermeiro em serviços de urgência e emergência deve ser pautada no conhecimen to prévio das situações que são demandadas, pois, desse modo, pode-se garantir uma assistência integral e individualizada, além de colaborar para a tomada de decisão. Em situações de emergência envolvendo transtornos psiquiátricos, muitos profissionais não apre sentam conhecimento necessário para abordar o paciente. No capítulo O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crise, da obra Saúde mental e cuidado de Enfermagem em Psiquiatria, você vai aprender sobre as situações de crise, os principais transtornos encontrados em emergências e as formas de atuação do enfermeir o. Boa leitura. SAÚDE MENTAL E CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA Marcus Luciano de Oliveira Tavares O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar as fases da crise psiquiátrica. � Descrever a emergência psiquiátrica e as principais situações que a caracterizam. � Distinguir agitação e agressividade a partir do parecer do conselho de classe da enfermagem em relação à atuação em casos de contenção. Introdução A constante carga de situações e eventos negativos aos quais as pessoas são expostas diariamente gera forte impacto sobre a saúde mental, o que as leva a sofrer por medo, insegurança e sentimentos de ansiedade. Em indivíduos que sofrem com algum transtorno psiquiátrico, tais situações e eventos podem ser o ponto de partida para o desenvolvimento de episódios de crise, os quais prejudicam o indivíduo e sua capacidade de se relacionar em família e sociedade, pois geram desconforto em quem não compreende o complexo processo envolvendo o mecanismo da crise, o que acaba por reforçar o estigma que recai sobre os portadores de transtornos mentais. Os enfermeiros atuam em todos os níveis de atenção à saúde, dentre eles, os serviços de urgência e emergência são os que normalmente rece- bem pacientes em situação de crise em um primeiro momento. Portanto, os profissionais que atuam nesses serviços devem saber reconhecer esse tipo de situação e entender como ela ocorre para que seu atendimento seja realizado de modo a acolher e compreender o sofrimento desse indivíduo e, ainda, evitar o julgamento prévio baseado em crenças sobre essa condição. Neste capítulo, você vai conhecer como ocorrem os episódios de crise, bem como os fatores a ela relacionados, além de reconhecer situ- ações que se caracterizam como emergência psiquiátrica e aprender a diferenciar agitação e agressividade. Situações de crise psiquiátrica e suas fases A Reforma Psiquiátrica brasileira, iniciada na década de 70, está em constante evolução e compreende um conjunto de práticas, saberes, valores culturais e sociais que consideram, acima de tudo, a integralidade e a individualidade do portador de transtorno mental. Após quase duas décadas da aprovação da Lei Nacional da Reforma Psiquiátrica (BRASIL, 2001), o cenário envolvendo a temática da saúde mental no Brasil ainda se encontra em construção, apesar de lenta, seus avanços são inegáveis, visto que a substituição dos hospitais psiquiátricos por dispositivos terapêuticos como os Centros de Atenção Psi- cossocial (CAPSs) tem se expandido pelo país e promovido a ressocialização desses indivíduos (SILVA; DIMENSTEIN, 2014). Isso mostra que a Reforma Psiquiátrica brasileira está constituída em bases sólidas e diretrizes pautadas nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). A caracterização dos portadores de transtornos mentais como pessoas perigosas e violentas advém do desconhecimento sobre esses transtornos que permeava a sociedade em tempos passados, sempre alinhada à ideia de que o ser humano tem “medo do que é diferente” (SILVA; MARCOLAN, 2018). O modo com que os pacientes eram tratados contribuía mais com a sua exclusão e a piora do seu quadro do que com a sua recuperação. No entanto, com a Reforma Psiquiátrica e sua proposta de desinstitucionalização, a visão sobre a doença mental começou a modificar e os profissionais passaram a perceber que fora dos momentos de crise, os riscos oferecidos por pacientes com transtornos mentais não são diferentes dos riscos daqueles tidos como “normais”, afinal, todos temos momentos em que agimos impulsivamente em razão de emoções extremas. Com a substituição dos serviços hospitalares com características asilares (hospícios/manicômios)por dispositivos como os CAPS, cuja estratégia utili- zada baseia-se na permanência do indivíduo durante o dia, de modo a instigar sua ressocialização, foi necessário que se estabelecesse uma rede de atenção com serviços capazes de atender às diferentes necessidades do indivíduo, inclusive nos momentos de crise (DIMENSTEIN et al., 2012). O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises2 O conceito de crise envolve “[...] momento perigoso ou difícil de uma evolução ou de um processo” ou ainda um “[...] período de desordem acom- panhado de busca penosa de uma solução” (FERREIRA, 2010, documento on-line). Embora o conceito geral de crise seja considerado como um momento de turbulências, ela é capaz de abrir espaços para possibilidades, uma vez que retira o indivíduo da sua rotina, do seu estado de ordem, e o coloca em uma situação na qual é necessário uma tomada de decisão, o que gera sofrimento, insegurança e dor (BICHUETTI, 2000, apud MARTINS, 2017). Na psiquiatria, o conceito geral de crise se associa às condições de saúde do indivíduo. Zeferino, Rodrigues e Assis (2015a, p. 57) trazem o seguinte conceito: A crise significa de fato a emergência de um componente “negativo”, o qual implica, de fato, sofrimento, conflito, desorganização ou ruptura de modos de reprodução social, de certas formas do laço social, muitas vezes insatisfatórias e frágeis. A crise pode representar, assim, a possibilidade de reorganização em novas bases, novas formas e articulações do laço social e do sujeito, tomada como travessia, como navegação, cujo desfecho é imponderável. A crise pode ser, às vezes, a única forma de superar um estado de coisas que se mostrou incapaz de responder às exigências da vida de um sujeito e de sua rede social. Por muito tempo, as situações de crise eram respondidas de maneiras não resolutivas, envolvendo punição e violência, o que acabava por fortalecer conceitos e estigmas capazes de tonar indispensável a dependência do hospital psiquiátrico no tratamento dos transtornos mentais. No entanto, a partir do momento que se entende a crise como uma oportunidade para (re)conhecê- -la como uma resposta a um momento de intenso sofrimento psíquico, os profissionais de saúde são capazes de buscar alternativas capazes de prevenir os episódios ou outras maneiras de lidar com sua ocorrência (ZEFERINO; RODRIGUES; ASSIS, 2015a). Episódios de crise, comumente, não ocorrem de imediato. Eles advêm de todo um processo que envolve tentativas contínuas para a resolução de um problema. Para compreender o processo que envolve a crise, os profissionais de saúde devem entender que a ocorrência desta, muitas vezes, é a única forma do indivíduo de responder às exigências da sua vida ou de sua rede social. O processo envolvendo a crise pode envolver, resumidamente, as seguintes etapas (STEFANELLI; FUKUDA; ARANTES, 2008): 3O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises 1. Aumento da ansiedade diante de um fator estressante que ameaça o autoconceito, o que desequilibra seu estado emocional e psíquico. Há sempre algum “gatilho” capaz de desencadear essa ansiedade. 2. Naturalmente, o indivíduo busca maneiras para contornar a situação e se reequilibrar, no entanto, tentativas frustradas de restabelecer esse equi- líbrio fazem com que o indivíduo aumente o sentimento de ansiedade. 3. As falhas nas diversas tentativas aumentam ainda mais a ansiedade, isso faz com que o indivíduo busque alívio imediato no isolamento e/ ou na fuga. 4. Quando não há uma redução da ansiedade, pode ocorrer uma desor- ganização da personalidade, além de episódios de pânico, confusão e violência conta si e os outros, o que caracteriza a crise. Para a identificação das situações de crise, os profissionais de saúde devem reconhecer sinais e sintomas capazes de caracterizá-la. Dell’Acqua e Mezzina (1991, apud ZEFERINO; RODRIGUES; ASSIS, 2015b, p. 32) sugerem que sejam identificados pelo menos três dos seguintes parâmetros: � Grave sintomatologia psiquiátrica aguda. � Grave ruptura de relações familiares e/ou sociais. � Recusa das intervenções, mas aceitação do contato com a equipe. � Recusa de qualquer forma de contato. � Situações emergenciais no contexto familiar e/ou social ou, ainda, impossibilidades pessoais de enfrentá-las. Diante disso, percebe-se que os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, apresentam atribuições fundamentais na prevenção e no manejo das situações de crise, as quais iniciam antes mesmo de os episódios ocorrerem. A prevenção é sempre a primeira opção no manejo da crise e pode ser realizada nos diferentes níveis e dispositivos de atenção à saúde, seja nas Unidades Básicas de Saúde, na Atenção Domiciliar ou nos CAPSs, que são os serviços responsáveis pela construção do projeto terapêutico desses pacientes. O estabelecimento de vínculo com o paciente e sua família oferece aos profissionais subsídios necessários para reconhecer potenciais gatilhos capazes de desencadear quadros de ansiedade precursores de episódios de crise. O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises4 Cabe ainda aos enfermeiros a responsabilidade por treinar sua equipe no manejo da crise. Estudos apontam que os profissionais de enfermagem atuantes em serviços de urgência e emergência sentem-se despreparados para lidar com pacientes apresentando quadros de crise psiquiátrica, além do seu nível de conhecimento acerca da temática ser embasado no senso comum, o que é permeado por estigmas e preconceitos (CARVALHO et al., 2012; IKUTA et al., 2013). Esse despreparo advém desde a graduação, em que o conteúdo envolvendo os transtornos mentais e suas situações de emergência é considerado incipiente (MORAIS FILHO et al., 2017). Em sua essência, a enfermagem tem o cuidado como atributo principal, entretanto, para que ele seja exercido com excelência, os profissionais devem considerar a singularidade do ser humano por meio da compreensão dos seus sofrimentos. No entanto, por vezes, em serviços de urgência e emergência, esses profissionais reproduzem ações que reforçam o estigma que acompanha os portadores de transtorno mental. É preocupante saber que há profissionais que apresentam dificuldades em aceitar o transtorno mental como acontecimento natural dentro do contexto do adoecimento psíquico (KONDO et al., 2011). Para que situações de crise sejam prevenidas ou, nos casos em que ela está instalada, o atendimento ocorra com excelência, os enfermeiros e de- mais profissionais de saúde envolvidos devem se apropriar do conhecimento acerca da temática, lembrando que, fora da situação de crise, o paciente com transtorno mental deverá ser acompanhado pelos dispositivos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), para que ele possa se restabelecer e ser reinserido no convívio social. A RAPS foi instituída como estratégia de atenção à saúde mental no âmbito do SUS, cuja finalidade é “[...] a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas” (BRASIL, 2011, documento on-line). O Quadro 1 a seguir mostra os diversos dispositivos que compõem a RAPS. 5O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises Fonte: Adaptado de Brasil (2011, apud ZEFERINO; RODRIGUES; ASSIS, 2015a). Caracterização das situações de emergência psiquiátrica As emergências psiquiátricas podem ser definidas como qualquer alteração de natureza psiquiátrica em que ocorram mudanças do estado mental, que resultam em risco atual e significativo de morte ou injúria grave, tanto para o paciente como para outras pessoas, necessitando de intervenção terapêutica imediata (QUEVEDO; SCHMITT; KAPCZINSKI, 2008). Para Quevedo e Carvalho (2014), nos serviços que atendem emergências psiquiátricas, podemos encontrar três tipos de situação, as quais envolvem aemergência, situação em que são encontrados distúrbios do pensamento e outras alterações psíquicas que envolvem o risco de morte ou risco social grave, o que requer intervenções imediatas e inadiáveis (episódios de violência, suicídio ou tentativa, automutilação, dentre outros); a urgência, a qual implica riscos menores do que nas emergência, no entanto requer intervenção em curto prazo (comportamento bizarro, quadro agudo de ansiedade, etc.); e a situação eletiva, na qual a rapidez da intervenção não depende de um risco iminente de morte ou situação de alto risco no momento (quadros de ansiedade leve, distúrbios de relacionamento interpessoal, etc.). O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises6 Assim como em qualquer outra modalidade de urgência e emergência, as prioridades do serviço compreendem as seguintes etapas (QUEVEDO; CARVALHO, 2014): � A estabilização do quadro, por meio do estabelecimento da injúria a ser abordada e controlada. � O estabelecimento de uma hipótese diagnóstica, etapa sob respon- sabilidade do profissional médico, que serve para definir os critérios de avaliação da evolução do paciente. � A exclusão de uma causa orgânica, na qual é recomendável excluir potenciais causas orgânicas que expliquem as alterações do estado mental. Isso será realizado por meio de anamnese, exame físico e do estado mental, e o enfermeiro pode participar da construção dessa etapa, devendo estar sempre atento para a existência de sinais e sintomas de enfermidade orgânica que leve à ocorrência de sintomas mentais, de enfermidade orgânica que piore os distúrbios mentais já existentes e também de enfermidades mentais que possam desencadear enfermidades orgânicas. Munidos dessas informações, os profissionais podem, além de atuar na situação de emergência já instalada, colaborar na prevenção de novos casos. � O encaminhamento do paciente, que se dará após estabilização do quadro e manejo dos riscos imediatos, é a etapa na qual o indivíduo será encaminhado para dar continuidade ao tratamento do evento que desencadeou a situação de emergência. As situações de emergência podem se originar em razão de episódios de crise não controlados ou de difícil manejo. Os desfechos de situações de crise dependem de diferentes fatores, dentre eles: o local destinado ao atendimento do paciente, o qual deve dispor de ambiente acolhedor, estrutura física, equi- pamentos e insumos adequados para realização do atendimento e oferecer segurança e profissionais preparados para lidar com a diversidade das carac- terísticas que o paciente com transtorno mental pode apresentar; a ausência de objetos potencialmente perigosos que poderiam oferecer algum risco para o paciente e a equipe; além de acesso facilitado a serviços de diagnóstico e profissionais de outras áreas e especialidades (MANTOVANI et al., 2010). Dentre as emergências psiquiátricas, as situações mais comuns nos serviços são: o suicídio; o uso, o abuso e a abstinência de substâncias psicoativas; a agitação psicomotora; os ataques de pânico; a psicose aguda; e o estresse agudo. 7O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises Suicídio O suicídio, ou o comportamento suicida, tem sido muito debatido nos últimos anos, pois trata-se de um tema muito polêmico que envolve questões de cunho ético, moral e religioso, além da autonomia do indivíduo em deliberar sobre questões relacionadas à sua própria morte (DEL-BEN et al., 2017; HUTZ, 2002). A ideação suicida advém de um processo envolvendo uma diversidade de fatores, dentre eles a presença de doença física prévia (principalmente as mais graves ou com menor probabilidade de cura), transtornos mentais, sinais e sintomas psiquiátricos (como ansiedade, depressão, impulsividade, etc.), história psiquiátrica prévia (histórico de abuso físico ou sexual na infância, estressores psicossociais, etc.) e tentativas prévias de suicídio. Todos esses fatores, quando isolados ou combinados, produzem uma elevada carga de estresse a qual leva o indivíduo a não ver outra solução a não ser a própria morte (BERTOLOTE; MELLO-SANTOS; BOTEGA, 2010; VIDAL; GON- TIJO; LIMA, 2013). Em meio a esse processo, a família e os profissionais de saúde podem per- ceber sinais de ideação suicida, no entanto, devido ao estigma e outros mitos que recaem sobre o indivíduo com comportamento suicida, a identificação desses fatores é dificultada. É responsabilidade dos profissionais de saúde desmistificar preconceitos e auxiliar o indivíduo e sua família a restabelecer sua funcionalidade mental por meio do diálogo, do respeito e do acolhimento. Também é muito importante nunca julgá-lo, atitude comumente encontrada nos serviços de emergência (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD - OMS, 2014). Substâncias psicoativas Os cuidados relacionados ao uso de substâncias psicoativas, quando em situa- ções de emergência, também devem ser isentos de qualquer pré-julgamento por parte dos profissionais, atitude que é vista com frequência (BARBOSA; SOUZA, 2013). Esses cuidados requerem avaliação completa do paciente, tratamento dos quadros diagnosticados (abstinência, intoxicação e quadros clínicos que caracterizem uma emergência) e motivação do paciente para iniciar o tratamento, além de elaborar o encaminhamento. Tais cuidados têm como objetivo o atendimento integral e sua continuidade. O manejo com pa- cientes em uso de substâncias psicoativas é diferente de acordo com o quadro apresenta (VEDANA, 2016): O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises8 � Intoxicação aguda: é caracterizada pelo uso recente e em grande quan- tidade de substância. O tratamento da intoxicação aguda visa, quando possível, à desintoxicação, à amenização dos efeitos e à recuperação da homeostase do indivíduo. Vale ressaltar que o manejo dependerá, ainda, de qual substância foi utilizada. � Abstinência: se caracteriza pela suspensão do uso da substância. Quando o paciente apresenta uso crônico contínuo, seu sistema nervoso sofre alterações de modo que o organismo possa se adaptar aos efeitos da substância que, quando retirada, provoca um desequilíbrio abrupto com repercussões sistêmicas, dentre elas, destacam-se a síndrome da abstinência alcoólica, causada pela abstinência do álcool e o delirium tremens, sendo este uma forma mais severa da síndrome da abstinência alcoólica (FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS - FHEMIG, 2014). Delirium tremens Muitos não sabem, mas a suspensão do uso crônico de álcool sem o devido plane- jamento ou acompanhamento profissional pode prejudicar a saúde dos pacientes, bem como o bem-estar físico e psicológico de familiares e equipes de atendimento (PONCE et al., 2016). O delirium tremens é uma condição associada a riscos significativos de morbidade e mortalidade quando não controlado adequadamente, porém apresenta opções rápidas e eficazes de tratamento. Se caracteriza como um estado confusional agudo, flutuante e autolimitado de- sencadeado por diferentes motivos, dentre eles a abstinência do álcool. O quadro de delirium tremens em razão de abstinência alcoólica se inicia aproximadamente 72 horas após o consumo da última dose (FHEMIG, 2014). Durante os episódios, podemos identificar os seguintes sinais e sintomas (Quadro 2): 9O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises Físicos Psíquicos Tremor Estado confusional flutuante Insônia Desorientação no tempo e espaço Náuseas e vômitos Prejuízo da memória de fixação Taquicardia Desagregação do pensamento Hipertensão arterial Alucinações (visual, auditiva) Sudorese Ilusões Hipotensão ortostática Delírios Febre Afeto lábil (ansiedade, pavor, depressão, raiva, euforia e apatia) Fonte: Adaptado de Fhemig (2014). É importante que os profissionais de serviços de urgência e emergência saibam reconhecer as manifestações clínicas causadas pelo delirium tremens, pois são atuantes da linha de frenteem que surgem, com frequência, esse tipo de agravo. Desse modo, podem prevenir potenciais complicações capazes de evoluir para quadros irreversíveis (PONCE et al., 2016). Agitação psicomotora Os quadros de agitação psicomotora são identificados em diferentes transtor- nos mentais. Trata-se de um estado de excitação mental e atividade motora aumentada nos quais ocorre um estado de excitação mental e de atividade motora aumentado, além de alterações da psicomotricidade, desorganização psíquica e comprometimento da capacidade crítica do paciente. Nesses epi- sódios, o paciente pode apresentar agressividade e comportamentos auto e/ou heterodestrutivos, mas isso não é sempre (BOTEGA, 2006). Os profissionais de saúde devem atuar durante os quadros de agitação psicomotora com o intuito de promover a segurança do paciente e da equipe, controlar seus impulsos agressivos e evitar a progressão do episódio (DEL- -BEN et al., 2017). O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises10 Ataques de pânico Os ataques de pânico se destacam entre os transtornos de ansiedade como sensações de medo extremo. No entanto, esses ataques podem ser vistos em diferentes transtornos mentais, não sendo limitados aos transtornos de ansie- dade (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA, 2014). Dentre os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, além do medo extremo, este pode sofrer de despersonalização e sintomas físicos ocasionados pelo medo (sudorese, dispneia, taquicardia, sensação de sufocamento, etc.). Diante disso, os profissionais devem ficar atentos às manifestações físicas causadas pelos ataques e promover um ambiente livre de fatores que reforcem a situação de medo, além de estabelecer diálogo cooperativo e acolhedor com o paciente. Psicose aguda Nas emergências de psicose aguda, o paciente perde o contato com a realidade, tendo como característica principal a manifestação de alucinações e delírios. Alucinações estão ligadas aos órgãos do sentido e tratam-se de percepções causadas sem estímulo externo. Elas podem ser auditivas, visuais, olfativas, gustativas, etc. Já os delírios estão relacionados ao pensamento, uma falsa crença fundamentada em pensamentos irreais que não são compartilhadas por outras pessoas (APA, 2014). As psicoses que se configuram como sendo emergenciais são aquelas po- tencialmente causadoras de danos ao paciente ou a terceiros, como nos casos em que o indivíduo afirma ouvir vozes que o obrigam a fazer algum mal a si próprio ou a alguém próximo. Nesses casos, os profissionais devem garantir a segurança e, novamente, identificar problemas orgânicos que podem causar os sintomas de psicose (VEDANA, 2016). Agitação e agressividade: diferenças e atuação em casos de contenção baseadas no parecer do conselho de classe da enfermagem A literatura científica explica os episódios de agitação como sendo um excesso de atividade motora frequentemente associada a uma experiência de ansiedade ou tensão exacerbados, ocorrendo durante os episódios de crise de diferentes transtornos psiquiátricos. Trata-se de manifestações que fazem parte de uma 11O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises realidade frequente em serviços de emergência, bem como podem ocorrer em unidades de internação ou mesmo em serviços ambulatoriais e de atenção primária à saúde (STEFANELLI; FUKUDA; ARANTES, 2008). A presença de pacientes com essas manifestações pode causar desconforto, principalmente quando afeta, de forma adversa, a equipe de profissionais que o atende ou, até mesmo, outras pessoas presentes no local (CASTRO, 2013). Vedana (2016) esclarece que é importante diferenciar agitação psicomotora e agressividade, pois tratam-se de manifestações diferentes, cuja confusão nos conceitos pode gerar interpretações equivocadas desses quadros e com- prometer a assistência ao paciente. Os episódios de agitação psicomotora são caracterizados pela atividade motora e cognitiva excessivas decorrentes de tensões internas não resolvidas. Já o comportamento agressivo é definido pela intenção ou o ato de causar dano físico a alguém. Embora a agitação psicomotora possa evoluir para a agressividade, não é sempre que isso ocorre. O comportamento agressivo é difícil de prever, no entanto, existem alguns sinais que podem indicar sua intenção, dentre eles: [...] agitação motora, violência dirigida a objetos, dentes e punhos cerrados, ameaças, exigências e discussões em tom de voz elevado, afeto desafiador e hostil e alterações do exame do estado mental, sintomas psiquiátricos especí- ficos (como, por exemplo: impulsividade, pensamento desorganizado, baixa tolerância a frustrações, persecutoriedade) (VEDANA, 2016, p. 6). Com frequência, pacientes agitados e/ou agressivos apresentam baixo juízo crítico da realidade e, por tal motivo, têm dificuldade em reconhecer que seu quadro decorre de uma doença. Como consequência, podem não reconhecer que precisam de tratamento ou mesmo de alguma ajuda externa. A avaliação e o manejo de pacientes agitados e/ou agressivos são tarefas complexas, as quais requerem habilidades diversas, dentre elas, pensamento rápido, raciocínio clínico, julgamento crítico e capacidade de trabalho em equipe (MANTOVANI et al., 2010). Para que seja feita uma abordagem ade- quada, deve-se estabelecer prioridades e maneiras de conter ou restringir esse paciente. As quais incluem a contenção verbal, farmacológica e, em último caso, as contenções física e mecânica. Vale destacar que, no passado, as tenta- tivas para lidar com “[...] situações de crise ou de ‘emergências psiquiátricas’, além de não demonstrarem resolutividade, acabaram por transformar-se em instrumento de normalização e de violência, fortalecendo a dependência em relação ao hospital psiquiátrico” (COSTA, 2007, apud ZEFERINO; RO- O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises12 DRIGUES; ASSIS, 2015b, p. 36), caracterizando todo paciente portador de transtorno mental como agressivo ou violento, o que colaborou para reforçar esse estigma. Portanto, é importante que os profissionais de enfermagem saibam diferenciar agressividade e agitação de modo a prestar uma assistência livre de preconceitos. Nos casos de agitação ou agressividade que comprometam a segurança do paciente ou a de terceiros, primeiramente deve-se estabelecer um diálogo na tentativa de restabelecer seu estado emocional, caso não haja sucesso nessa abordagem, a farmacologia é uma segunda opção, devendo ser prescrita por profissional médico. Em último caso, em razão da diversidade de sinais e sintomas apresentados nos episódios, o uso da contenção física ou mecânica é uma opção, no entanto, é considerado motivo de muita discussão, uma vez que pacientes, familiares e sociedade consideram esse tipo de intervenção como uma violação dos direitos de liberdade e até mesmo um abuso físico, embora ela tenha como objetivo a proteção do paciente contra lesões e traumas e a proteção de terceiros (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO - COREN-SP, 2009). A contenção física refere-se à imobilização do paciente realizada por profis- sionais, sem o uso de dispositivos. Já na contenção mecânica são usadas faixas ou lençóis. Não devem ser realizadas de maneira assistemática e dependem de um treinamento para que não sejam causados danos ao paciente. Além disso, as contenções física ou mecânica só devem ser realizadas mediante situações de agressividade ou outras que prejudicam a integridade e a segurança do paciente ou de terceiros (COREN-SP, 2009; MANTOVANI et al., 2010). Durante o procedimento, o paciente deve ser esclarecido a todo momento que a contenção é para sua própria segurança. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) (2012), é dever dos profissionais de enfermagem zelar pela segurança, integridade e assistência contínua ao paciente contido: Art. 4º Todo paciente em contenção mecânica deve ser monitorado atentamentepela equipe de Enfermagem, para prevenir a ocorrência de eventos adversos ou para identificá-los precocemente. § 1º Quando em contenção mecânica, há necessidade de monitoramento clínico do nível de consciência, de dados vitais e de condições de pele e circulação nos locais e membros contidos do paciente, verificados com regularidade nunca superior a 1 (uma) hora. § 2º Maior rigor no monitoramento deve ser observado em pacientes sob sedação, sonolentos ou com algum problema clínico, e em idosos, crianças e adolescentes” (COFEN, 2012, p. 176). 13O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises O rigor na segurança do paciente contido é, em grande parte, para evitar iatrogenias. Por tal motivo, os materiais utilizados nas contenções não podem oferecer riscos ao paciente, bem como seu posicionamento no leito, por exem- plo, deve ser anatômico, de modo a facilitar o exame físico e a realização de procedimentos. A técnica utilizada para imobilização dos membros deve ser realizada de modo a evitar garroteamento (COREN-SP, 2009). Quanto à decisão pela contenção mecânica, o Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução nº 1.598, de 9 de agosto de 2000 (CFM, 2000, documento on-line), em seu art. 11, define que “[...] um paciente em tratamento em estabelecimento psiquiátrico só deve ser submetido à contenção física por prescrição médica, devendo ser diretamente acompanhado por um auxiliar do corpo de enfermagem durante todo o tempo que estiver contido”. Já o COFEN normatiza, por meio da Resolução nº 427/2012 (COFEN, 2012), como deve atuar a enfermagem nos casos de contenção mecânica de pacientes. Em seu art. 1º, a Resolução define: Art. 1º Os profissionais da Enfermagem, excetuando-se as situações de urgência e emergência, somente poderão empregar a contenção mecânica do paciente sob supervisão direta do enfermeiro e, preferencialmente, em conformidade com protocolos estabelecidos pelas instituições de saúde, públicas ou privadas, a que estejam vinculados (COFEN, 2012, p. 176). Não fica claro, nessa Resolução, se o enfermeiro está legalmente respaldado na prescrição da contenção mecânica, no entanto, existem pareceres técnicos emitidos por sessões regionais que autorizam o enfermeiro a fazer essa pres- crição, por exemplo o Parecer nº 19/2012 (COREN-SP, 2012), que fundamenta a prescrição realizada por enfermeiros da seguinte maneira: Inexiste legislação específica no Brasil que trate da prescrição de contenção mecânica como ato exclusivamente médico, estando, portanto, [...] o Enfer- meiro autorizado a prescrever o procedimento mediante aplicação do Processo de Enfermagem previsto na Resolução COFEN nº 358/2009 (COFEN, 2009, apud COREN-SP, 2012, p. 5). A qualidade da assistência ao paciente agitado ou agressivo depende de di- ferentes fatores, dentre eles a instituição de protocolos, a educação continuada, as discussões e as construções coletivas (CASTRO, 2013). É importante que as instituições de saúde adotem protocolos que orientem os profissionais sobre sua atuação em casos de emergência psiquiátrica. Ainda sobre a Resolução O enfermeiro no serviço de emergência psiquiátrica: intervenções em crises14 nº 427/2012, o COFEN deixa claro que o emprego de contenção mecânica de pacientes nunca deve ser realizado com caráter punitivo ou disciplinató- rio, nem mesmo por conveniência da instituição ou equipe (COFEN, 2012). Portanto, o uso de contenção é limitado somente a garantir a segurança do paciente e de terceiros, até que ele se restabeleça. Diante disso, percebe-se que as diferenças entre agitação e agressividade são claras e cabe aos profissionais de saúde capacitarem e conscientizarem a população de que o respeito e a reinserção social dos pacientes com transtornos mentais são fundamentais para que o estigma de violência seja vencido pelo conhecimento. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). 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EXERCÍCIOS 1) Para alguns autores, os serviços de urgência e de emergência devem realizar o atendi mento dos transtornos mentais priorizando algumas ações que podem auxiliar no ma nejo imediato. Dentre as alternativas a seguir, qual compreende uma prioridade no at endimento de emergência psiquiátrica? A) Investigação da renda individual e familiar. B) Identificação da quantidade de cômodos da casa do paciente. C) Investifação da quantidade de familiares vivos do paciente. D) Investigação do nível de escolaridade do paciente. E) Investigação de sinais e sintomas envolvendo o uso de substâncias piscoativas. A crise psiquiátrica decorre de um processo cujo ápice é caracterizado como um perí2) odo de desordem emocional do indivíduo, que repercute em sinais e sintomas capazes de comprometer sua saúde. Sobre a prevenção das crises psiquiátricas, assinale a alte rnativa correta. A) As crises psiquiátricas não podem ser prevenidas, pois advêm de fatores químicos que se d esajustam inesperadamente. B) As crises psiquiátricas não podem ser prevenidas, pois apresentam origem congênita, pode ndo se manifestar a qualquer momento da vida do indivíduo. C) As crises psiquiátricas podem ser prevenidas por meio do controle de fatores capazes de ge rar estresse e ansiedade no indivíduo. D) As crises psiquiátricas podem ser prevenidas por meio de medicamentos capazes de sedaro indivíduo, sendo este considerado um dos melhores métodos de prevenção. E) As crises psiquiátricas não podem ser prevenidas, pois dependem de inúmeros fatores de di fícil controle. 3) A contenção mecânica do paciente é uma forma de evitar que ele cause danos a si ou a terceiros, devendo ser realizada pelos profissionais que o assistem. Diante disso, assi nale a alternativa correta. A) A contenção mecânica sempre será a primeira opção para o manejo de pacientes agitados o u agressivos. B) A contenção mecânica pode ser realizada por profissionais de Enfermagem sob supervisão direta do enfermeiro. C) A contenção mecânica tem como objetivo imobilizar o paciente para que ele aprenda que n ão deve agredir as pessoas. D) A contenção mecânica é a única maneira de evitar que o paciente seja agressivo ou perman eça em um quadro de agitação psicomotora. E) A contenção mecânica pode ser realizada somente por profissionais médicos e/ou psicólog os. 4) Para alguns autores, a caracterização da crise psiquiátrica depende de diferentes fato res. Dentre as alternativas a seguir, assinale a que representa um dos indícios de situa ção de crise. A) Disposição para realizar atividades da vida diária. B) Discussão pontual com o parceiro. C) Planejamento de viagem em família. D) Diálogo com familiares. E) Isolamento social. 5) O delirium tremens é um quadro grave associado à Síndrome de Abstinência Alcoólic a, sendo caracterizado pela presença de sintomas físicos e psíquicos. Dentre as alterna tivas a seguir, assinale a que sugere ser um quadro de delirium tremens. A) Paciente com 42 anos de idade, usuário crônico de álcool, abstinente há 12 horas. B) Paciente usuário crônico de álcool, abstinente há 20 anos. C) Paciente em uso social de álcool; procurou o serviço após ingestão de dose elevada na noit e anterior. D) Paciente usuário crônico de álcool, abstinente há 72 horas. E) Paciente em uso social de álcool; no entanto o último uso foi há 12 meses. NA PRÁTICA O conhecimento, o pensamento rápido, o raciocínio clínico e uma boa avaliação são um diferenc ial no atendimento à emergência relacionada à crise, uma vez que esse tipo de situação é permea da por surpresas. Em muitas situações, o SAMU é acionado. Espera-se que os profissionais atua ntes nesse serviço estejam preparados para o atendimento de emergência, especialmente, quando se trata de transtornos mentais. Muitas vezes, devido ao estigma, pode ocorrer um pré-julgamento da situação encontrada, o que compromete todo o processo de atendimento, influenciando, inclusive, no momento após o aten dimento, pois o paciente que percebe atitudes preconceituosas sobre sua condição pode se tornar resistente ao tratamento. Neste Na prática, você vai acompanhar o atendimento de emergência realizado pela enfermeira J uliana, profisisonal do SAMU, a um paciente em situação de crise. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Os CAPS e a atenção à crise em saúde mental Os CAPS têm como um dos objetivos a reinserção do indivíduo portador de transtorno mental n o convívio social e, ao mesmo tempo, é capaz de atuar no manejo da crise em saúde mental. Nes te vídeo, de autoria do Núcleo Telessaúde de Goiás, você conhecerá o papel dos CAPS na atenç ão à crise. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Atendimento na crise psiquiátrica O atendimento na crise psiquiátrica, quando feito por profissionais bem preparados, capazes de r econhecer seus sinais e sintomas, favorece todo processo de assistência. Neste vídeo, você verá o programa Saúde Mental em Foco: conversando sobre o enigma e os desafios na atenção à lou cura. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Compa rtilhe c om os amigo s Acomp anhe n osso c onteúd o ACES SE HTTPS:/ /WWW.P ASSEIDI RETO.CO M/PERFI L/RESUM E-AQUI/
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