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CASO CONCRETO 1 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA (CESPE – Exame de Ordem 2008.3) Sob a alegação de que os empregados estariam subtraindo produtos farmacêuticos de uma de suas fábricas, a diretoria da empresa Delta Indústria Farmacêutica Ltda. determinou a realização de revista íntima diária em todos os empregados, inclusive nas mulheres. Maria, empregada na empresa há cinco anos, recusou-se a despir-se diante da supervisora do setor, que era, naquele momento, responsável pela revista íntima das mulheres. Visando a não favorecer o movimento generalizado dos trabalhadores contra deliberação patronal, a empresa resolveu, como medida educativa, demitir Maria por justa causa, arguindo ato de indisciplina e de insubordinação. Segundo argumentou a empresa, o procedimento de revista íntima encontraria suporte no poder diretivo e fiscalizador da empresa, além de constituir medida eficaz contra o desvio de medicamentos para consumo sem o devido controle sanitário. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado constituído por Maria, redija a medida judicial mais apropriada para defender os interesses de sua cliente. Fundamente a peça processual com toda argumentação que entenda cabível. Observações: 1) A empregada foi demitida, logo, o contrato foi extinto. A demissão por justa causa foi injusta, pois a empregada não praticou falta grave. Diante disso, recomendo o pedido de “nulidade da demissão por justa causa e sua conversão em dispensa sem justa causa”. 2) Não cabe o pedido de reintegração ao emprego. 3) Se a rescisão for convertida de justa causa para sem justa causa, evidentemente o advogado terá de pedir o pagamento das verbas rescisórias. 4) O poder diretivo patronal não pode afrontar a dignidade da pessoa humana. 5) O art. 373-A da CLT representa uma norma de não discriminação ao trabalho da mulher (o artigo integra o Capítulo III – “Da Proteção do Trabalho da Mulher”). Observe o inciso VI do art. 373-A da CLT, que trata da vedação à realização de revistas íntimas. 6) O empregador pode revistar seus empregados, desde que o ato não afronte os direitos da personalidade (dignidade, intimidade, honra etc.). AO JUÍZO DA ___ VARA DO TRABALHO DE ____ MARIA … (nome completo), nacionalidade …, estado civil …, profissão …, portador da carteira de identidade nº ..., expedida pelo ..., inscrita no CPF/MF sob o nº..., portador da CTPS de nº... e série ..., número do PIS, residente (endereço completo, inclusive CEP) ..., por seu advogado, com endereço profissional (endereço completo) … e endereço eletrônico ..., com fulcro nos arts. 852-A da CLT e 319 do CPC, vem a este juízo propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/P TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA Pelo rito sumaríssimo, em face de DELTA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com sede na ... (endereço completo, inclusive CEP), pelas razões de fato e de direito que passa a expor. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (CCP) A reclamante não se submeteu à Comissão de Conciliação Prévia em razão das liminares conferidas nas ADINS 2139 e 2160-5, que fazem prevalecer o artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal da República Federativa do Brasil, garantindo assim, o acesso à justiça. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA: Requer a Vossa Excelência a concessão do benefício da gratuidade de justiça, uma vez que a Reclamante percebe salário inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Desta forma, o pagamento de custas e despesas processuais prejudica o seu sustento, bem como o de sua família, com base no art. 14, §1º da Lei 5584/70, além do art. 790, §3º da CLT e art. 98 CPC. A Reclamante apresenta, em anexo, a sua Declaração de Hipossuficiência firmada nos termos da lei, fazendo jus aos préstimos da Justiça Gratuita, conforme Súmula 463 do TST. DOS FATOS A reclamante trabalhou para a empresa DELTA por 05 (cinco anos). Ocorre que depois desse período, a empresa arguiu estar sendo roubada por seus empregos e decidiu então pela prática de revistas íntimas em todos os seus trabalhadores. Constrangida com tal ato de violação à privacidade e dignidade, Maria se negou a ser revistada, e por esse motivo, Maria foi demitida por justa causa no dia (data demissão) …. A reclamante foi exposta e constrangida na frente de todos os colegas de trabalho pelo sua supervisora, no objetivo de que seus colegas não seguissem pelo mesmo comportamento, declarando a RECLAMADA que Maria agiu com indisciplina e de insubordinação ao se negar ser revistada e que o procedimento de revista íntima encontraria suporte no poder diretivo e fiscalizador da empresa, além de constituir medida eficaz contra o desvio de medicamentos para consumo sem o devido controle sanitário. Motivo injusto de demissão por justa causa, por tais circunstâncias fáticas e pelos acontecimentos que serão demonstrados alhures (lesão do direito), maiormente motivada pela ilegalidade na dispensa. Assim, outra saída não há, senão buscar amparo judicial para garantir todos os seus direitos. DOS FUNDAMENTOS Tendo em vista, que a reclamante foi demitida pelo motivo da recusa das revistas íntimas, prática expressamente proibida pelo artigo 373 da CLT, a qual viola os direitos de intimidade, honra e dignidade da autora, conforme o artigo art. 5º, X . A reclamada alega que tal prática está amparada pelo poder diretivo e fiscal da empresa, mas há que se fazer lembrar que tal poder não pode ferir a dignidade da pessoa humana e ferir um direito fundamental. Por tanto, conclui-se que é totalmente incabível a prática de tal revista e também a demissão por justa causa sofrida pela reclamante, que resultou em constrangimento à mesma, sendo passível de recebimento de indenização por danos morais e materiais, visto a forma de demissão abusiva que a privou de suas verbas rescisórias as quais teria total direito, numa demissão sem justa causa, a qual seria adequada para o caso em tela. A doutrina estabelece que para ser aplicada a pena de justa causa, faz-se necessária a gravidade da conduta e o imediatismo da punição, vejamos: “Os requisitos objetivos são: a gravidade do comportamento do empregado, porque não há justa causa se ação ou omissão não representa nada; o imediatismo da rescisão, sem o que pode desaparecer a justa causa comprometida pelo perdão tácito com a falta de atualidade da dispensa em relação ao conhecimento do fato pelo empregador;” (...) (NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 22 ed. p. 418) Portanto, não houve imediatismo da dispensa, muito menos gravidade na conduta da reclamante, assim, requer a reversão da justa causa para dispensa sem justa causa, com a condenação da reclamada ao pagamento de todos as verbas rescisórias da qual faz jus. A multa do art. 477 parágrafo 8 da CLT, deve ser aplicada porque a Reclamante não recebeu as verbas rescisórias. O valor é calculado sobre a maior remuneração mensal percebida pelo Reclamante. Assim sendo, requer o reclamante a importância de R$ R$ xxxx,xx (valor por extenso) a título de indenização, tendo em vista que esta foi a maior remuneração do reclamante, conforme contracheque dos últimos meses. Em caso de haver sucumbência em face da reclamante, o crédito deverá ficar suspenso, nos termos do art. 98 parágrafo 1º, VI, e parágrafo 3º CPC, 2015, pois deve ser reconhecido o direito da Reclamante ao acesso judiciário gratuito, interpretando-se o parágrafo 4º do art. 791-A, CLT em consonância com a disposição contida no art. 5º,LXXIV da Constituição da República, que garante a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Portanto, havendo condenação recíproca, deverá ser suspensa a sucumbência em face da reclamante, por ser pobre no sentido legal e estar desempregada, sem condições de arcar com honorários sucumbenciais sem prejuízo de seu sustento e de sua família. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA Com fundamento no artigo 300 do CPC,pede-se a concessão da Tutela de Urgência, visto que trata-se de direito líquido e certo, com risco ao sustento da reclamante, que encontra-se agora desempregada e sem ter recebido as verbas rescisórias às quais tem direito. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer sejam julgados procedentes todos os pedidos desta exordial, que são: 1 – O deferimento do pedido de tutela provisória de urgência com o pagamento de todas as verbas rescisórias para a finalidade de sustento da reclamante até que tramite em julgado esta lide com deferimento total desta reclamação. 2 - A concessão dos préstimos da Gratuidade Judiciária, por ser a Reclamante “pobre na forma da lei”, conforme já fundamentado no preâmbulo; 3 - Que seja julgado totalmente procedente a presente reclamação trabalhista para condenar a reclamada a: A. reverter a demissão de justa causa em demissão sem justa causa B. pagar todas as verbas rescisórias de uma demissão sem justa causa, incluindo saldo de salário, férias proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio indenizado, ⅓ de férias proporcionais, pagamento da multa de 40% do FGTS. 4 – A notificação da reclamada para comparecer à audiência a ser designada por este r. Juízo, oportunidade em que deverá oferecer contestação a presente, sob pena de revelia e confissão da matéria de fato. 5 - O reconhecimento do direito à indenização por danos morais e materiais no valor de R$ xxxx.xxx como forma de compensação ao constrangimento e situação financeira de dificuldades às quais a reclamante foi exposta. 6 - Por fim, requer o Reclamante, todos documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes, bem como as anotações na CTPS relativo a extinção do contrato de Trabalho, documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), nos termos do art. 477 parágrafo 8 da CLT . 7 - A condenação da reclamada ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios. 8 - Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a prova documental, a prova pericial, a prova testemunhal e o depoimento pessoal do Réu. Atribui-se à causa o valor de R$... (valor por extenso). Pede deferimento. (dia) de (mês) de (ano), Cidade - Estado Jamily de F. Alexandre OAB/CE nº xxxx
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