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Processo educativo em saúde

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11/06/2022 20:01 Processo educativo em saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02932/index.html# 1/34
Processo educativo em saúde
Profª. Elisa Mendonça
Descrição
As diferentes abordagens de práticas educativas e o papel educador do profissional de saúde.
Propósito
As práticas educativas em saúde são fundamentais para uma abordagem profissional mais efetiva,
enriquecendo o leque de ferramentas que contribuem para a oferta de um cuidado integral, ampliando a
autonomia de usuários na busca por modos de vida saudáveis.
Objetivos
Módulo 1
Conceito de educação em saúde
Reconhecer o conceito de educação, suas tendências e as práticas educativas em saúde ao longo do
tempo.
Módulo 2
11/06/2022 20:01 Processo educativo em saúde
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Prática educativas no trabalho em daúde
Identificar os aspectos fundamentais para as práticas educativas no trabalho em saúde.
Afinal, como as ferramentas da educação podem contribuir para o trabalho em saúde?
É a partir dessa questão que trataremos aqui sobre o papel primordial que o processo educativo tem
no cuidado em saúde, e como as diferentes abordagens podem impactar efetivamente.
O nutricionista, assim como todo profissional de saúde, deve reconhecer que a educação é uma das
dimensões fundamentais para a realização de seu trabalho. Quanto mais se reconhece a importância
de se compreender as diferentes bases conceituais que apoiam tais práticas educativas no fazer
profissional, mais ferramentas poderão ser utilizadas no cotidiano do cuidado em saúde, seja em
oficinas de Educação Alimentar e Nutricional com crianças e adolescentes no Programa Saúde na
Escola (PSE), em reuniões de equipe em Unidades de Saúde da Família ou na orientação às
gestantes sobre a importância do aleitamento materno no espaço do consultório.
Nosso objetivo aqui será o de apresentar as diferentes abordagens de educação em saúde
contextualizadas ao longo do tempo, ofertando bases para que você possa refletir criticamente sobre
tais práticas, bem como empregar em seu cotidiano de trabalho em saúde estratégias de diálogo,
problematização da realidade, construção compartilhada do conhecimento, visando à promoção da
saúde e à prevenção do adoecimento, independentemente de seu local de atuação profissional.
Introdução
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1 - Conceito de educação em saúde
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de
educação, suas tendências e as práticas educativas em saúde ao longo do
tempo.
Iniciaremos nosso percurso conceituando a educação e suas características. Em seguida, resgataremos um
breve histórico das práticas de educação em saúde no Brasil, buscando apresentar como os diferentes
conceitos e as concepções de saúde estiveram vinculados em cada momento histórico com uma
abordagem de educação.
A�nal, o que entendemos por “educação”?
Longe de ser um conceito único e bem delimitado, a concepção de educação guarda, desde sua etimologia,
diferentes orientações e razões de ser. Ao considerar o termo “educação” originário do latim “educare”,
remete-se a ideia de orientar, ensinar, criar, conduzir um sujeito de um lugar a outro, fomentar o
desenvolvimento do educando com vistas a integrá-lo na sociedade. Por essa perspectiva, a prática
educacional centra-se a partir da transmissão de conhecimento de um educador para seu educando, em que
a relação pedagógica, ou seja, a relação dos conhecimentos sistematizados sobre a educação volta-se ao
ensino (ROMÃO, 2008).
Por outro lado, considerando-se a origem de educação a partir do verbo do latim “educare”, concebe-se
educar como provocar a mudança de algo, fazer nascer, extrair, fortalecer o que vem de dentro do sujeito. De
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base socrática, essa ideia de educação está vinculada ao “parir” ideias. Consequentemente, a iniciativa
educacional centra-se no educando, e não no educador, operando-se uma relação pedagógica a partir do
aprender (ROMÃO, 2008).
A referência originária do termo guarda em si a multiplicidade conceitual da palavra e, também, suas
diferentes perspectivas e consequentes práticas educativas. Tomando como sustentação a formulação de
Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), popularmente conhecido como Paulo Freire:
Ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se educa a si
mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo
mundo.
(FREIRE, 1983, p. 79)
Para Freire (1994), a educação e a humanização são concepções indissociáveis, pois educar tem a ver com
transformar os seres humanos e suas relações sociais. Nesse sentido, ao educador cabe mediar a
aprendizagem com e entre sujeitos, visando posicionar-se pela promoção da dignidade humana, que, a partir
da interação, se façam, se construam, se inventem, se desenvolvam e se emancipem coletivamente.
E é neste sentido da emancipação coletiva, que a Educação para Freire é concebida também como uma
prática de liberdade, capaz de formar sujeitos preparados para agir de forma crítica, reflexiva e
transformadora de sua realidade.
Apesar disso, como abordamos anteriormente, é possível perceber que este assunto assume uma versão
única. Por isso, tendo em vista a forte relação entre o que se entende por educação a partir do tempo-
espaço, é importante que situemos as diferentes tendências pedagógicas contemporâneas.
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Tendências pedagógicas
As tendências pedagógicas no Brasil foram, ao longo do tempo, constituindo-se a partir do momento
político, social e cultural no país. Entender e se apropriar sobre cada uma delas, pode nos dar base para
compreender que tipo de prática pedagógica pode-se desenvolver no trabalho em saúde.
Os autores Saviani (2012) e Libâneo (1985) são importantes referências para nos localizar acerca desta
temática, uma vez que, de forma complementar, dividem as tendências pedagógicas em duas linhas de
pensamento: as Liberais e as Progressistas.
Tendências liberais
Estas tendências consideram que a atribuição da educação é preparar os sujeitos para que eles
desempenhem papéis a partir do desenvolvimento de habilidades e competências. Além disso, esta forma
de se entender a educação fomenta a adaptação às normas, aos valores e às necessidades econômicas
vigentes, sendo capaz de moldar um sujeito ideal ao mercado. Elas podem ser diferenciadas entre:

Tradicional

Escola Nova

Tecnicista
Iremos elucidar cada uma delas e exemplificar algumas práticas do nutricionista em cada uma dessas
tendências pedagógicas.
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A Tendência Tradicional é, ainda, uma das mais difundidas no país. Sua base filosófica é sustentada a partir
da ideia de que o educador-mestre é a figura central da educação. O educando, por sua vez, é um “aluno”,
um sujeito “sem luz”, que “não sabe”, entendido como um mero receptor de conhecimento. O ensino nesta
tendência está voltado para a memorização de conteúdos, de forma mecânica e repetitiva.
Exemplo
Refletindo sobre a atuação de um nutricionista a partir da Tendência Pedagógica Tradicional,
exemplifiquemos uma situação corriqueira em um atendimento individual, em que o profissional, sem
considerar as possibilidades econômicas do indivíduo, prescreve alimentos pouco acessíveis, ainda que
corretos, no que diz respeito às diretrizes clínicas. Ao atuar dessa forma, em que o conhecimento do
profissional é hierárquico ao do usuário, o nutricionista evoca este tipo de abordagem.
Já a Pedagogia da Escola Nova, Renovadora (diretiva e progressiva) pauta a educação como um incentivo.
Baseada no humanismo moderno, a função daeducação é a de ensinar para incluir na sociedade,
valorizando os aspectos afetivos, atitudinais, de socialização e na autoavaliação. O educador-facilitador
fomenta a construção do conhecimento, provocando as potencialidades do educando a partir de suas
próprias experiências. Na diretiva, o educador conduz a experiência, na proposta progressiva, busca-se a
menor interferência possível no aprendizado. Resumindo, o lema da Escola Nova é aprender a aprender.
Exemplo
Um contexto em que uma nutricionista propõe uma oficina culinária entre seus pacientes acompanhados de
maneira em que todo o processo é planejado conjuntamente e de forma que os participantes compartilhem
receitas e modos de preparo é um exemplo de abordagem típica da Escola Nova.
A Tendência Tecnicista apresenta a tecnologia educacional, ou seja, o método como central. O educador-
treinador e o educando são, assim como na tradicional, executor e receptor, respectivamente. Contudo, esta
tendência se diferencia da Tradicional pelo aprendizado por meio de projetos, por uma eficiência e por uma
apropriação dos instrumentos necessários para o aprender, sem que, necessariamente,esteja vinculada ao
contexto dos sujeitos envolvidos. A Tendência Tecnicista considera a neutralidade científica e a
produtividade como base para um processo de aprendizagem objetivo e operacional que molde
comportamentos.
Exemplo
O uso da abordagem tecnicista pode ser exemplificado quando se utiliza a pirâmide alimentar. Esse
instrumento de educação alimentar e nutricional tem seu uso extremamente controverso, pois é ancorado
na abordagem tecnicista e seus usos tendem a ser pouco contextualizados com a realidade dos indivíduos.
É importante sintetizar o que Saviani (2012, p. 13) aborda. Segundo ele, “[...] se para pedagogia tradicional a
questão central é aprender e para a pedagogia nova, aprender a aprender, para a pedagogia tecnicista o que
importa é aprender a fazer”.
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Tendências progressistas
O segundo grupo das teorias pedagógicas é o das tendências progressistas. Inspiradas no materialismo
histórico-dialético, parte de uma perspectiva crítica da realidade social, apontando uma função sociopolítica
para a educação, uma vez que as ações educativas sob essa vertente incentivam rupturas e mudanças
estruturais frente ao capitalismo.
A Tendência Libertária a�rma-se como uma concepção de educação
que se posiciona contra o autoritarismo.
Ela estimula a autogestão e, como sugere o nome, fomenta a liberdade para o educando. Este, por sua vez,
aprende a partir da troca em grupo, partindo do pressuposto de que o educando só aprende o que vive,
utiliza, pratica.
Apesar de envolver conteúdos sistematizados, eles não são obrigatórios, e o educador-conselheiro fica à
disposição do educando para os desafios ao longo da aprendizagem. A avaliação se dá, por isso, à medida
em que as experiências são experimentadas e incorporadas no cotidiano.
Exemplo
Um nutricionista em um contexto de uma unidade de saúde, que decide propor a criação de uma horta de
temperos. Sua ideia é acolhida por um grupo de usuários, e o profissional se torna um observador do
processo de construção da horta e de como a presença de temperos frescos ao alcance dos usuários de
saúde influencia em suas práticas alimentares.
A Tendência Libertadora é reconhecida como a pedagogia encampada por Paulo Freire. Ela assume que a
mudança de pensamento e de reflexão crítica sobre o mundo, ou seja, a consciência, transforma a
realidade. Nesse sentido, o educando deve se deparar e estranhar o mundo em que vive, a partir da
problematização. E é essa problematização coletiva que dá base para que o sujeito compreenda as relações
sociais que o rodeiam.
O educando não é um mero receptor de conteúdo, mas também, um indivíduo com experiências e
conhecimentos a serem compartilhados. Constitui-se no exercício de abstração pela representação da
realidade concreta, buscando a razão dos fatos.
Exemplo
Podemos pensar na construção de um grupo no qual o nutricionista é o facilitador e os usuários são
convidados a pensar em temas que gostariam que fossem abordados. Os usuários definem junto com o
profissional as dinâmicas apresentadas e, a partir das demandas do seu cotidiano, o aprendizado se
constitui.
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Por fim, a Tendência Histórico-Crítica é apontada por Libâneo (1985) como aquela que, perante as
Libertadoras e Libertárias, dá ênfase na primazia do confronto dos conteúdos com as realidades sociais. Ela
pressupõe uma interação entre o conteúdo e a realidade.
Para Saviani (2012), esta tendência visa a emancipação do sujeito por sua apropriação do saber
historicamente localizado e mediado pelas práticas sociais. O educando é situado como uma classe social,
e o fazer pedagógico privilegia a dúvida, as perguntas, as divergências, a diversidade, a contradição. Em
suma:
[...] a educação é entendida como mediação no seio da prática social
global. A prática social põe-se, portanto, como o ponto de partida e o
ponto de chegada da prática educativa.
(SAVIANI, 2013, p. 422)
Exemplo
Trazemos o caso de um nutricionista que propõe aos usuários de seu grupo terapêutico uma ida ao
supermercado local. Lá, a partir das compras que eles costumam fazer para sua família, o profissional inicia
uma conversa mesclada a explicações que considere necessárias. Em seguida, sugere que, no encontro
seguinte,os usuários partilhem como sentiram aquela experiência.
Após o entendimento dessas abordagens pedagógicas e seus exemplos na prática em saúde, iremos
apresentar um breve histórico de como a educação e a saúde se juntaram ao longo das décadas em nosso
país.
Breve histórico da educação em saúde no
Brasil: da educação higiênica à educação
popular
No final do século XIX e início do século XX, o Brasil passava por um momento de muitas mudanças
estruturais na organização social. Este período foi marcado pela abolição da escravização, pelo
desenvolvimento das indústrias e do comércio, que ocasionava um importante e desordenado crescimento
das cidades. Esse cenário acabou por influenciar no adoecimento da população a partir de epidemias, como
febre amarela, varíola e peste, e condições sanitárias muito precárias de uma forma geral.
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Como essa situação impactava negativamente a economia do país, por gerar adoecimento e interferir na
capacidade produtiva dos trabalhadores, passaram a ser organizadas ações sanitárias com o objetivo de
mitigar esses efeitos deletérios à saúde oriundos das mudanças sociais.
Visando sistematizar e criar maior recorrência dessas ações sanitárias, em 1920, deu-se a criação do
Departamento Nacional de Saúde como órgão responsável por realizar as primeiras práticas de educação
em saúde.
Você pode se perguntar: como eram desenvolvidas as ações de saúde
naquela época?
Bem, vale contextualizar, que naquele período, o Estado brasileiro era fortemente influenciado por valores
positivistas de ciência, ou seja, de uma corrente filosófica que apresentava o conhecimento científico como
a única forma válida, acreditando, por isso, que a única forma de progresso de uma sociedade se dava pelo
avanço da ciência.
Essa concepção abriu espaço para a instituição de medidas autoritárias do próprio Estado, não só na
organização dos espaços da cidade, mas também no cotidiano da vida da população.
Como no período histórico citado, a discussão científica apontava para a necessidade da higiene, visando
prevenir o contágio de determinadas doenças, as ações de saúde acabaram por direcionar aos indivíduos a
responsabilidade por manter-se saudáveis.
Nesse sentido, ao Estado cabia educar a população, sobretudo a pobre, paraexercer certo controle dos
efeitos geradores de doenças. Esse período caracteriza a educação higiênica.Isso porque essas práticas,
concebidas como higienistas, pregavam padrões de comportamentos sociais que deveriam ser adotados
em nome da saúde.
Elas eram exercidas por uma estrutura denominada polícias médicas ou sanitárias, que foram criadas ao
fim do século XIX para desenvolver ações baseadas no discurso da higiene a partir da coerção e da
repressão em prol da saúde pública.
Mais do que excluir e segregar pessoas potencialmente doentes e manter o asseio das cidades, a ação das
polícias médicas tinha um papel educativo, a partir de uma concepção de educação pelo medo, em que se
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aprende a partir da ordem, da disciplina e da aceitação de hierarquias.
Com o passar do tempo e de novas mudanças na estrutura social, passam a se conformar classes médias
nas grandes cidades, fator que acaba por favorecer o surgimento de propostas de intervenção um pouco
menos autoritárias no campo da saúde pública.
A partir desse novo cenário, é desenvolvida também uma novidade na abordagem da educação em saúde,
chamada de educação sanitária, que passa a operar a partir do esclarecimento e da persuasão da
população nas escolas e através dos mecanismos de comunicação.
Comentário
A tímida mudança nesta concepção foi também muito influenciada pela Escola Nova, ideário em que a
criança é considerada o centro de tudo. Sob a justificativa dos avanços das áreas da Biologia e da
Psicologia, crianças e adolescentes passaram a ser a população preferencial e estratégica para “receber”
informações sobre os princípios da higiene para a proteção da saúde.
A partir da década de 1930, novas transformações sociais impulsionaram mudanças nas ações de saúde
pública. Ampliam-se as ações médico-assistenciais individuais para parcela da população, concentrando a
oferta de ações de educação em saúde, principalmente nos trabalhadores organizados.
No decorrer da Segunda Guerra Mundial, foram criados os Serviços Especiais de Saúde Pública (SESP),
visando garantir, estrategicamente, os interesses relacionados ao suporte dos militares. Com o intuito de
proteger a saúde dos trabalhadores envolvidos em atividades econômicas que apoiavam a atuação militar
na guerra, como os seringueiros e os mineradores, as atividades do SESP trouxeram inovações
educacionais, como a educação de grupos, o uso de dispositivos audiovisuais, o trabalho comunitário e a
introdução de fatores sociais, econômicos e culturais na maneira de perceber o processo de saúde-doença
no currículo de educação sanitária, sem, contudo, alterar a concepção vigente dessa abordagem.
Com o fim da Segunda Guerra, uma série de mudanças passaram a ocorrer. A Organização das Nações
Unidas (ONU) começou a priorizar o desenvolvimento comunitário como forma de enfrentar a miséria e
contrapor as desigualdades. Utilizado como intervenção social, o desenvolvimento comunitário teve como
função disseminar a informação e planejar modelos para alterar comportamentos e gerar mudanças
culturais. Assim, a partir da década de 1950, foi atribuída uma nova abordagem da educação em saúde,
denominada de educação para a saúde.
Neste momento, supõe-se ainda uma concepção verticalizada dos métodos e das práticas educativas, que
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remete ao que Paulo Freire denominava educação bancária. A partir dessa concepção, é como se os
profissionais de saúde devessem ensinar uma população ignorante o que precisaria ser feito para a
mudança de hábitos de vida, a fim de melhorar a saúde individual e coletiva.
No Brasil, mais adiante, ainda no curso do regime da Ditadura Militar, contraditoriamente, ampliavam-se as
possibilidades de avançar nas áreas sociais. A partir do processo de redemocratização do país,
principalmente a partir dos anos 1970, começaram a surgir experiências de serviços de saúde inspiradas na
medicina comunitária e nos cuidados primários em saúde que vinham se difundindo no mundo.
A atuação nesses serviços permitiu que profissionais de saúde aprendessem a se relacionar com os grupos
populares, e a incorporar a importância da participação popular no desenvolvimento das ações de saúde
integradas à dinâmica social local. Isso ocasionou não só uma abertura para mudança nas práticas de
educação em saúde, como também provocou tensões com o modelo de atenção à saúde, estimulando-o a
se abrir aos saberes populares.
Naquela época, a proposta de educação problematizadora ou libertadora, sistematizada por Paulo Freire,
tornou-se uma referência para a relação entre profissionais de saúde e a população. E configurou uma
diferente abordagem para as atividades de educação em saúde. Baseadas em uma relação dialógica entre
o conhecimento técnico-científico e a sabedoria popular, a educação em saúde ganhou também a
possibilidade de a população refletir sobre suas condições de vida e saúde.
Educação Popular em Saúde como base para
a educação problematizadora no SUS
Com a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), na década de 1990, uma série de ações e políticas
passaram a incorporar a educação problematizadora na área de saúde, como:
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
Programa Saúde da Família (PSF)
é úd d íl ( )
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A Atenção Primária em Saúde foi o local estratégico que fez disseminar as ações de educação por meio da
atuação multiprofissional, apesar de não se tratar do único âmbito de atenção que deva promover ações
educativas.
Como fruto da articulação de movimentos populares atentos às mudanças após a instituição do SUS, foi
criada em 2002 uma Coordenação Geral de Ações Populares de Educação na Saúde dentro do Ministério da
Saúde, visando fortalecer e qualificar o controle social na saúde e o diálogo com os movimentos populares
na perspectiva de ampliar a esfera pública de participação da sociedade civil, além de buscar incorporar o
referencial da Educação Popular em Saúde na formação profissional.
A Educação Popular em Saúde é compreendida a partir da apropriação das formulações de Paulo Freire
para a saúde, e firmada como práxis pedagógica direcionadora da construção de processos educativos e de
atuação social direcionados à:
promoção da autonomia das pessoas;
horizontalidade dos saberes populares com os técnico-científicos;
formação da consciência reflexiva e crítica;
cidadania ativa, ao respeito aos diferentes modo de vida;
superação das desigualdades sociais e de todas as formas de opressão, discriminação e violência.
Apesar de sua estruturação enquanto política pública, é importante salientar que, frente aos desafios
inconclusos da completa implementação do SUS, do ponto de vista das condições estruturais para seu
pleno funcionamento, muito da força inovadora e avançada da Educação Popular em Saúde vem sendo
atravessada pelas características do modelo biomédico, ou seja, pelo modelo de práticas vigentes, em que a
ideia de saúde e de doença estão vinculadas apenas ao funcionamento do corpo, priorizando os fatores
biológicos na tentativa de entender, explicar ou curar uma doença, sem considerar os aspectos psicológicos
e sociais.
Estratégia Saúde da Família (ESF)
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Por isso, apesar de avanços e recursos disponíveis para que as práticas educativas sejam desenvolvidas de
forma mais alinhada com a complexidade do processo saúde-doença-cuidado em sua dimensão
multidimensional, cultural, social e econômica, hoje, quase sempre, acabam por repetir muitas
características da educação normativa do início do século XX. Nesse sentido, o desafio para compreendere
formular estratégias para sua utilização no contexto da formação em saúde se torna ainda mais
fundamental.
Comentário
Como vimos, o processo educativo em saúde é fortemente influenciado pelo contexto histórico e social do
país, e evidencia tanto o modelo de atenção à saúde quanto a abordagem pedagógica das ações. Até 1970,
a educação em saúde no Brasil era basicamente uma iniciativa vinculada aos interesses das elites políticas
e econômicas, caracterizada por uma concepção bancária de educação, uma vez que voltava-se para a
imposição e a determinação de normas e comportamentos considerados adequados.
Após esse período, a abertura e o processo de redemocratização do país influenciaram também na
oxigenação de tais concepções, privilegiando reflexões democráticas e inclusivas de educação. É nesse
intuito que a Educação Popular em Saúde desponta como uma importante referência para as ações
educacionais no âmbito da saúde.
Educação libertadora, uma importante
ferramenta para o nutricionista
Neste vídeo, a partir de uma experiência pessoal, a especialista Elisa Mendonça reflete sobre a atuação do
nutricionista com enfoque na educação libertadora.
Vem que eu te explico!


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Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Considerando o histórico das diferentes concepções de educação em saúde no Brasil, como os valores
positivistas puderam influenciar nas práticas de educação em saúde?
A
Sendo referência para a educação popular em saúde, por afirmar positivamente os
saberes oriundos da população.
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B
Sendo base científica para justificar a Segunda Guerra Mundial, que gerou a incorporação
de dispositivos audiovisuais, trabalho comunitário e com grupos no hall de ações da
educação sanitária.
C
Dando base científica para a instituição de medidas autoritárias do Estado frente ao
controle de epidemias e precárias condições higiênico-sanitárias nas cidades.
D
Dando base científica para a instituição de medidas democráticas do Estado frente ao
controle de epidemias e precárias condições higiênico-sanitárias nas cidades.
E
Reforçando positivamente a educação problematizadora como um enfoque hegemônico
de educação na saúde.
Parabéns! A alternativa C está correta.
As ações estatais no Brasil foram influenciadas pelos valores positivistas de ciência, corrente
filosófica que afirma o conhecimento científico como única forma válida. Esta perspectiva foi
utilizada como justificativa para a realização de medidas autoritárias do Estado, que utilizava dos
argumentos dos estudos científicos para agir coercitivamente no controle de epidemias e das
condições higiênicas nas cidades.
Questão 2
Sobre a Educação Popular em Saúde, assinale a alternativa correta:
A
Tem como característica direcionar à promoção da autonomia das pessoas, à
verticalidade entre os saberes populares e técnico-científicos.
B
É compreendida a partir da transposição das formulações de Paulo Freire para a saúde, e
firmada como práxis pedagógica orientadora da construção de processos educativos e de
trabalho social.
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C
Deve ser baseada restritamente nas mais atuais evidências científicas produzidas sobre
os assuntos relacionados à saúde.
D É uma teoria elaborada por Paulo Freire para estimular as desigualdades sociais.
E É atualmente a prática hegemônica nas ações educativas em saúde no Brasil.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Educação Popular em Saúde é fruto da apropriação dos estudos sobre pedagogia de Paulo
Freire na saúde. Concebida a partir de uma práxis direcionada à promoção da autonomia das
pessoas, à horizontalidade entre as diferentes origens de saberes e a uma formação da
consciência crítica, participativa, que afirma a diferença visando superar as desigualdades sociais
e de todas as formas de discriminação.

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2 - Prática educativas no trabalho em saúde
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os aspectos
fundamentais para as práticas educativas no trabalho em saúde.
Bases teóricas dos processos educativos
Os processos educativos estão baseados em dois grupos de concepções pedagógicas específicas - aquelas
tradicionais e as que têm o aprendiz como foco das ações. Partindo disso, apresentaremos aqui o que
diferencia tais concepções e seus tipos, buscando trazer associações com situações práticas de como elas
se expressam na atuação no âmbito da saúde.
Entre as concepções tradicionais, destaca-se a transmissão, que consiste no padrão de interação em que há
transmissão de conhecimento de uma pessoa que supostamente sabe mais, assumindo as funções de
aconselhar, vigiar e corrigir quem deve aprender o conteúdo.
Esta concepção foi descrita por Paulo Freire como a educação bancária, citada anteriormente. Na área da
saúde, a expectativa finalística dessa concepção é a que a outra pessoa mude seu comportamento em
função do que lhe foi transmitido.
Ao iniciar em um ambulatório de atenção oncológica especializada, a nutricionista ficou sabendo que
existiam muitos usuários em acompanhamento ingerindo alimentos ditos como milagrosos para o
tratamento. Imaginando que médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros não haviam
pensado em nenhuma intervenção, ela fez uma revisão bibliográfica sobre o tema, estabeleceu os
conteúdos, organizou a agenda e reservou um auditório para realizar palestras para os usuários.
Durante três sábados consecutivos, a nutricionista explicou para os usuários tudo o que ela
acreditava ser importante saber sobre alimentação e câncer, bem como as orientações que eles
deveriam receber para ajudar no tratamento da doença.
O condicionamento é outro tipo de concepção tradicional de educação. Essa abordagem adere ao
behaviorismo de Skinner e Watson e à reflexologia de Pavlov e se pauta em estudos baseados na
observação e na reação, não incluindo aspectos relacionados às emoções, concentrando-se em um modelo
de conduta profissional operada a partir de um jogo eficiente de estímulos x recompensas capaz de
“condicionar”, induzir o aprendiz a responder ao que se desejada.
Estudo de caso 
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Burrhus Frederic Skinner.
John Broadus Watson.
Ivan Pavlov.
Diferente da abordagem da transmissão, aquela outra não considera como centrais as ideias e os
conhecimentos, mas sim, os resultados gerados no comportamento, ou seja, as ações/manifestações
operacionais da troca de conhecimentos e atitudes.
A expressão do condicionamento pode ser observada também no cotidiano do trabalho em saúde. Exemplo
disso são aqueles treinamentos específicos do Agente Comunitários de Saúde (ACS) para preencher os
diversos instrumentos do trabalho em saúde como ficha A e ficha B, os relatórios de visita domiciliar e
territorial, as fichas de produção etc.
Em geral, eles são “induzidos” rotineiramente para que evitem erros, mas mesmo assim algumas
inconsistências acontecem. Certamente, isso diz respeito a questões fundamentais no acompanhamento,
monitoramento e avaliação das atividades.
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Contudo, é importante que, além de “treinar” esses profissionais para que utilizem tais instrumentos,
mantenha-se a atenção para que estes não estejam desacompanhados do significado e sentido que o
exercício daquelafunção tem. Os ACS precisam ser apresentados e conectados com o “porquê”. A
organização dessas informações é relevante para a população assistida e para o serviço em que trabalha.
Por outro lado, há três abordagens pedagógicas que concebem o aprendiz como centro:

Humanista

Cognitivista

Sociocultural
A humanista dá destaque aos aspectos da personalidade do aprendiz, ou seja, corresponde àquela ideia de
“ensino centrado no aluno”. O conhecimento e o saber, para essa corrente, existem a partir da percepção
individual e não reconhecem os elementos objetivos das situações. A partir dessa perspectiva, a
aprendizagem se dá pela ressignificação das experiências específicas que cada pessoa teve.
O sujeito que aprende é reconhecido como o autor de seu próprio processo de aprendizagem, podendo
experimentar ao máximo o exercício de suas potencialidades. A educação, nesse sentido, assume um
caráter amplo e deve ser organizada a fim de viabilizar a formação total da determinada pessoa. O educador
é tido como um facilitador e mediador do processo de aprendizagem e das relações interpessoais, devendo
por isso, estabelecer um clima favorável ao aprender.
Exemplo
Esta concepção pode ser dada a partir de uma reunião na Secretaria de Saúde de um município de médio
porte. A superintendente, responsável pelas políticas de Alimentação e Nutrição, decide envolver as técnicas
da área para elaborar a linha de cuidado municipal para sobrepeso e obesidade. Na reunião, ela, enquanto
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facilitadora desse processo, não interfere na construção e na pesquisa do grupo. Na apresentação, ela se
abstém ao máximo, abrindo espaço para que o coletivo construa seu próprio conhecimento.
Essa ação exige atenção, pois, embora pareça inicialmente democrática, não estabelece os limites para que
apareçam as dificuldades de cada pessoa do grupo, bem como impede que se identifique se trabalho foi
realizado mesmo em equipe. Nesse caso, é fundamental que haja uma avaliação sobre a maturidade que
cada um apresenta para vivenciar processos similares e se considere se houve possibilidades e ganhos
concretos de aprendizado.
Do ponto de vista cognitivista, cuja abordagem também está centrada no aprendiz, investiga-se os
percursos trilhados pela inteligência, pela cognição, no processo de construção do conhecimento. É nessa
concepção educativa que são identificadas as bases teóricas das correntes construtivistas.
A partir dela, entende-se que o indivíduo produz o conhecimento desde quando
nasce até sua morte, e o objetivo da intervenção pedagógica é colaborar para o
desenvolvimento da capacidade de realizar aprendizagens significativas.
Nesse caso, facilita abordar uma experiência concreta, fruto de uma ação de educação em saúde na
Atenção Básica. Há cerca de um ano, em uma Clínica da Família no Rio de Janeiro, três nutricionistas, uma
farmacêutica, duas ACS e mais 15 usuários formaram o grupo “Bem Viver”. As reuniões acontecem
semanalmente, com objetivos, regras e normas que foram decididos em conjunto.
Nesse grupo, são trocadas informações para esclarecer e estimular a reflexão sobre o cuidado do ponto de
vista da segurança alimentar e nutricional. Além disso, as participantes, com a troca de experiências,
vivências na horta comunitária, compartilham as dificuldades e as estratégias para lidar com situações
complicadas, como a violência armada.
Assim, todos que participam do grupo aprendem e constroem experiência conjuntamente. O saber técnico,
compartilhado e aberto à interação respeitosa com o saber popular, amplia a capacidade de enxergar de
ambos os lados, em um processo de construção compartilhada do conhecimento. As participantes estão
envolvidas em todas as etapas da programação: planejamento, execução e avaliação. As coordenadoras
utilizam técnicas, como: expressão gráfica, gestos e expressão corporal, trabalho em duplas, texto,
relaxamento, vídeo, música, recorte e colagem.
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Lev Vygotsky
Por fim, é imperativo citar a concepção sociocultural, proposta por Vygotsky (1897-1934) e seus discípulos,
a partir do método do materialismo dialético de Karl Max. Diferentemente das anteriores, esta concepção
coloca no centro do processo de ensino-aprendizagem os contextos social, político, econômico e cultural
nos quais acontece a ação educativa. Nesse sentido, toda e qualquer atividade educacional deve ser
pautada por essa perspectiva de mundo e sociedade e dar chance para amplas possibilidades de crítica e
reflexão.
Operada de forma problematizadora, a educação deve proporcionar ao aprendiz uma compreensão
ampliada dos contextos nos quais o problema se adere, mobilizando-o para que ele se perceba como parte
constituinte desse conjunto complexo que é a sociedade.
Paulo Freire, expoente da educação e da pedagogia brasileira, é o representante mais significativo desta
abordagem. Para ele, esta vai além de uma concepção educativa, ela é uma postura pedagógica crítica
sobre os elementos da realidade vivida pelos sujeitos no contexto.
Enfoques educativos na saúde
Como pudemos ver no primeiro módulo, a história das práticas educativas em saúde confunde-se com a
história da saúde e do próprio país. Partindo desse ponto de vista, após compreender as diferentes
perspectivas educacionais no campo dos processos educativos, podemos sistematizar as questões
apresentadas a partir de cinco enfoques principais para a área da saúde (STOTZ, 2005), a saber:
A perspectiva educativa predominante, praticamente exclusiva nos serviços de saúde durante
décadas, é a preventiva. Os pressupostos desse enfoque são de que o comportamento dos
indivíduos está implicado na origem das doenças na atualidade, principalmente as crônico-
degenerativas, que ocorrem a partir da adoção de hábitos vistos como fatores de risco, como
alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo etc.
Parte-se do entendimento que os gastos com assistência de saúde, principalmente médica, têm
grande relação em termos de custo-benefício, sendo estratégico, portanto, realizar ações de baixo
custo, que podem produzir pequenos benefícios, visto que os problemas de saúde são de
responsabilidade dos indivíduos sob esta ótica.
Ao confirmar a relação entre os padrões comportamentais e a prevalência do adoecimento, a ação
educativa a partir dessa perspectiva, vem com objetivo de persuadir as pessoas a trocar aqueles
hábitos por estilos de vida mais saudáveis como: parar de ingerir alimentos ricos em açúcar, cessar o
Preventivo 
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tabagismo, desenvolver práticas higiênicas, realizar exames de vista periódicos, entre outras.
Metodologicamente, esta abordagem se dá por meio de consultas individuais, ações em grupo e
palestras seguidas de perguntas e respostas.
Analisar criticamente esta abordagem não é abrir mão da importância das ações de prevenção e
proteção da saúde. Sua efetividade é resguardada, mas limitada, por não necessariamente traçar
uma mediação com a vida real dos usuários abordados.
Exalta o lugar do indivíduo, sua privacidade e dignidade, ao propor ações educativas baseadas no
princípio da informação sobre os riscos existentes à saúde. Emergente da necessidade de
humanizar o atendimento, esta abordagem, bastante praticada no contexto da Saúde da Família,
ocupa-se em compartilhar as perspectivas e os valores dos usuários dos serviços a respeito de certa
informação sobre saúde, bem como discutir suas implicações e efeitos no cotidiano. É importante
destacar que a eficácia deste enfoque parte do entendimento que nesta relação basta que o usuário
tenha uma compreensão genuína da situação para que os problemas/riscos à saúde sejam
identificados e evitados.
Muitoassemelhada à escolha informada, é a perspectiva do desenvolvimento pessoal, com o
diferencial de aprofundar as práticas dos profissionais de saúde no sentido de compartilhar recursos
que aumentem as potencialidades individuais dos usuários, desenvolvendo destrezas para a vida, a
exemplo do conhecimento sobre o funcionamento do corpo, do entendimento sobre a prescrição
médica, fomentando que a escolha informada seja a partir da ampliação de recursos e dispositivos
para fazê-la.
O destaque para a busca por autonomia é um aspecto muito importante em ambas as abordagens,
mas é possível também problematizá-las, uma vez que assumem que todos os usuários são iguais,
tendo também condições iguais de realizar a escolha consciente em relação a determinados
comportamentos ou ações. Uma família que vive numa periferia urbana, marcada por situações de
violência armada recorrentes e por um ambiente alimentar desértico, ou seja, em locais onde o
acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é escasso ou impossível, sendo
obrigada a se locomover para outras regiões para obter esses itens, não têm a mesma condição de
realizar uma alimentação saudável que pessoas que vivem em bairros de classes médias. Por isso,
não só o conhecimento sobre os riscos é o suficiente.
Escolha informada 
Desenvolvimento pessoal 
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O enfoque radical das práticas educativas em saúde parte da consideração de que as condições e a
estrutura social são as causas básicas dos problemas em saúde. Sob esta ótica, a perspectiva
educativa é orientada para a transformação das condições geradoras de doenças em sua base
estrutural e social. As ações desenvolvidas, a partir disso, devem estar vinculadas à organização
social e à luta política, guardando, inclusive, características similares ao enfoque preventivo, por seu
caráter persuasivo. Assumir este enfoque na ação educativa acaba por difundir posturas pouco
operacionais para o cotidiano do cuidado em saúde, uma vez que secundariza a dimensão singular
dos problemas de saúde, sendo limitada do ponto de vista da não dialética entre o individual e o
coletivo.
Alçado ao status de política pública no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a EdPopSUS tem
como traço fundamental seu método: o fato de tomar como ponto de partida do processo
pedagógico o saber anterior dos usuários, incluindo no processo educativo as experiências das
pessoas (potenciais e sofrimentos) e de seus instrumentos de organização comunitária coletiva no
local de moradia, de trabalho, de gênero, de raça/etnia, entre outros.
Relação pro�ssional de saúde-usuário e
atitudes educadoras na perspectiva da
educação crítica
Quem ensina, aprende, e quem aprende também ensina, já afirmava Paulo Freire. Isso porque o autor
considera que todas as relações sociais que estabelecemos são potencialmente educativas, ou seja, em
toda e qualquer interação, é possível aprender e compartilhar o que se sabe.
Educação e saúde são práticas sociais que não se separam e têm uma relação de
dependência, pois sempre estão articuladas, considerando os elementos
indispensáveis no processo de trabalho dos profissionais da saúde.
Perpectiva base 
Educação popular em saúde 
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Como vimos, nos serviços e nos estabelecimentos de saúde, isso não seria diferente. Promover saúde
depende da compreensão dos aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, dentre outros fatores, e
reconhecer que estes determinam as condições de compreensão, adesão, recusa, identificação e
afastamento são os primeiros passos para se colocar em prática a educação em saúde em sua função
social – promover saúde na e para a vida real.
Para isso, destacam-se as dimensões teórico-metodológicas relevantes para a atuação educativa segundo
Paulo Freire (BRASIL, 2007), podendo-se transpor a ação educativa para o trabalho de todos os profissionais
de saúde. Isto é:
Para o trabalho e, consequentemente para a prática educativa em saúde, o saber ouvir e o construir diálogos
apresentam-se como recursos que potencializam o cuidado. Isso porque se fazem a partir da escuta do
Saber ouvir
Desmontar uma visão mágica
Aprender e estar com o outro
Assumir a ingenuidade do educando
Viver pacientemente impaciente
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outro e da valorização dos seus saberes e das suas iniciativas, ao contrapor-se à lógica prescritiva, que
coloca o profissional de saúde em relação hierarquicamente superior a todo e qualquer usuário.
Nesse sentido, é importante ressaltar que o diálogo não torna as pessoas iguais, mas abre possibilidades
para o reconhecimento do diverso e para o crescimento com o outro, a partir do encontro entre diferentes
experiências culturais, sociais, econômicas e políticas, ampliando nossa capacidade em escutar
atentamente, potencializar e conviver na diversidade. Um primeiro e fundamental passo para estabelecer um
processo de trabalho pautado pelo diálogo é realizar uma escuta qualificada. Isso porque as práticas de
saúde não devem se centrar na doença, mas sim no sujeito.
O ato de estar sensível ao que é comunicado e/ou manifestado por meio de gestos,
emoções, palavras e ações é imprescindível.
Quando Paulo Freire disserta sobre “desmontar uma visão mágica”, ele aborda a importância de que as
ações educativas possam destituir o poder do fatalismo, ou seja, da boa e velha fala “as coisas são assim
porque são, pois Deus assim deseja”. Ele nos provoca a pensar e agir respeitando os diferentes credos e as
dimensões subjetivas do indivíduo, mas garantindo uma direção que contribua para uma capacidade de
operar por meio do conhecimento, valorizando as práticas de vida e ação na sociedade (BRASIL, 2007).
A frase “ninguém sabe tudo, nem ninguém ignora tudo”, o que equivale a dizer que não há, em termos
humanos, sabedoria absoluta, nem ignorância absoluta” (BRASIL, 2007, p.39) é uma outra dimensão
fundamental. Ela exprime a necessidade de aprendermos e estarmos com o outro.
Neste sentido, traça-se uma crítica sobre duas formas de não “estar com o outro”. A primeira é o elitismo,
entendimento equivocado de que o pensamento intelectual é superior, que acaba por produzir abismos entre
as pessoas. Quando um nutricionista maneja um grupo educativo sobre hábitos saudáveis, é fundamental
estar atento para não incorrer no erro de definir o conhecimento técnico e científico como o único válido,
pois, como já sabemos, a validade e o sentido de um conhecimento vão estar completamente relacionados
ao contexto em que ele está inserido.
A outra forma de não “estar com o outro” é sistematizada pelo autor como basismo, ou seja, assumir uma
postura que superestima e hierarquiza o conhecimento da “massa popular”, produzindo distorções, ou um
elitismo às avessas. Agir a partir do basismo, pode contribuir para uma romantização dos saberes
populares, sem a mediação com conceitos presentes no senso comum. Neste sentido, a conhecida relação
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dialógica, que interage e emerge das relações sociais, coloca-se como um fundamental balizador destas
relações de ensino-aprendizagem.
Ainda, ao dar visibilidade à importância de assumir a ingenuidade dos educandos, Freire traz para a reflexão
que “a ingenuidade se caracteriza pela alienação de si mesmo ao outro, ou, ainda, pela transferência de sua
ingenuidade para outro [...]”(BRASIL, 2007, p. 41) .
[…] não é o discurso que diz se a prática é válida, é a prática que diz
se o discurso é válido ou não é. [...]
(BRASIL, 2007, p. 42)
Libertar-se de pré-julgamentos, alargar a paciência acerca da fala do outro, contribui para quevocê possa
superar essa posição de ingenuidade com ele e não sobre ele. Já parou para pensar que diferença faria o
acompanhamento de uma pessoa com diabetes melittus se a orientação sobre seus níveis glicêmicos fosse
a partir do que ela entende sobre o funcionamento de seu organismo?
Por fim, no âmbito das ações educativas, quando o autor apresenta a importância de sermos pacientemente
impacientes, ele aborda que, quando você rompe com um desses dois polos, você rompe em favor de um
deles. Esse é o princípio para aprender a trabalhar “com” as pessoas e para construir “com” as pessoas seu
direito à saúde e à afirmação da vida com dignidade. Assumir uma atitude constantemente impaciente,
porém de forma paciente, não condescendente, sempre questionando, quando oportuno, e de maneira
assertiva. Essa dimensão aproxima-se muito ao não fatalismo, pois nos coloca a função de provocar, agir,
frente às necessidades de saúde de uma pessoa ou uma população.
Princípios e ferramentas teórico-conceituais
para as práticas educativas a partir da
Educação Popular em Saúde
Após entrar em contato com o que Paulo Freire considera, atitudes ou posturas importantes para uma
educação problematizadora e que atua respeitando e valorizando as diferenças, podemos tratar também, de
forma complementar, sobre alguns princípios e ferramentas teórico-conceituais para as práticas educativas
a partir da Educação Popular.
Nesse aspecto, a Política Nacional de Educação Popular no âmbito do SUS, criada por meio da Portaria nº
2.761, de 19 de novembro de 2013, é uma referência indispensável. Isso porque reafirma o compromisso
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com os princípios da equidade, a integralidade, a universalidade e a efetiva participação popular no SUS. E
porque propõe uma prática político-pedagógica que ultrapassa as ações voltadas para promoção, proteção
e recuperação da saúde.
São eixos da PNES:
A partir da PNES, apresentam-se os princípios do diálogo, a amorosidade, a problematização e a construção
compartilhada do conhecimento com vistas à produção do cuidado em saúde. Complementar à
comunicação dialógica que acontece na interação entre profissionais de saúde, entre profissionais e
usuários, e entre usuários, citada no tópico 2.2., é possível ampliar e fortalecer as relações de cuidado e da
ação educativa por meio da amorosidade.
Este conceito parte do entendimento de que, ao estabelecermos relações que possibilitem trocas
emocionais verdadeiramente afetivas, há produção de vínculo entre os envolvidos, ou seja, de confiança
entre o usuário e o trabalhador da saúde, permitindo o aprofundamento do processo de responsabilização
compartilhada pela saúde ao longo do tempo.
A amorosidade contribui para que, nessas relações, possa-se ir além dos
conhecimentos e argumentações racionalmente organizadas, uma vez que opera
Participação, controle social e gestão participativa.
Formação, comunicação e produção de conhecimento.
Cuidado em saúde.
Intersetorialidade e diálogos multiculturais.
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no plano subjetivo, elevando o compromisso, a compreensão mútua e a
solidariedade no ato do cuidado.
A problematização, dimensão teórico-metodológica base para as práticas de educação em saúde, consiste
na realização de uma análise crítica sobre a realidade, proporcionando aprendizagens frente aos problemas
reais e estimulando o desenvolvimento de autonomia e da compreensão coletiva e individual no processo
de ensino e aprendizagem. Para situações e problemas de saúde que demandam uma intervenção coletiva,
pode-se lançar mão da Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez.
Esquema do Arco de Maguarez, a partir de Bordenave; Pereira, 1989 (apud COLOMBO; BERBEL, 2007, p. 125).
Conforme nota-se no esquema, a representação da metodologia de problematização inicia-se pela
observação da realidade cotidiana. Nesta etapa, a vivência é importante para que possa ser eleito o
problema que demandará intervenção. Em seguida, devem ser elencados os pontos-chave, que representam
os possíveis fatores base do problema, ou seja, os aspectos que influenciaram diretamente na existência
daquela determinada situação-problema. A terceira etapa é a da teorização, na qual se busca os aspectos
prioritários para solucionar o problema a partir da literatura científica. A quarta fase envolve a elaboração de
hipóteses de solução, ou seja, possibilidades de ações que possam contribuir para solucioná-lo.
A criatividade e a formulação coletiva são fundamentais, buscando estabelecer alternativas para solução do
problema, com registro de todas as hipóteses. Por fim, a prática, ou aplicação à realidade, é o momento em
que a aplicabilidade de cada hipótese é analisada. É o momento também que se verifica a urgência, a
prioridade, a viabilidade e a aplicabilidade da intervenção.
Comentário
Apesar do recurso metodológico do Arco de Maguarez, é importante enfatizar que a problematização não se
restringe ao uso de determinada ferramenta, pelo contrário, para seu exercício, a experiência prévia dos
sujeitos é reconhecida e contribui para a identificação das situações-problema e das potencialidades
existentes no cotidiano para agir no sentido de sua superação. É um momento pedagógico em que o sujeito,
ao intervir, transforma-se na ação de problematizar, podendo assim estar atento a perceber outros
problemas. Consiste, portanto, na ampliação do olhar sobre/na realidade a partir da ação-reflexão-ação.
Também, o princípio da construção compartilhada do conhecimento contribui ao cuidado em saúde, por
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evidenciar processos comunicacionais e pedagógicos entre pessoas e grupos de saberes, culturas e
inserções sociais diferentes, na perspectiva de compreender e transformar coletivamente as ações de saúde
do ponto de vista teórico, político e prático (BRASIL, 2013).
Por fim, os princípios da emancipação e do compromisso com um projeto democrático popular são
bastante completivos já que, num plano de fundo, apontam na direção de práticas que fortalecem uma
sociedade justa, solidária, democrática, igualitária, soberana e culturalmente diversa, construída por meio da
articulação coletiva pelo direito universal à saúde no Brasil, tendo como base a promoção da autonomia e o
protagonismo da população.
A relação pro�ssional de saúde e paciente, a
busca pelo atendimento humanizado
Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, a especialista Elisa Mendonça reflete sobre a
importância do atendimento humanizado pelo profissional de saúde.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.


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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Segundo Stotz (2005), existem cinco tipos de enfoques educativos sistematizados para a saúde. Quais das
alternativas abaixo não correspondem aos apresentados no texto?
A Preventivo
B Radical
C Imposição do saber médico
D
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D Desenvolvimento pessoal
E Educação Popular em Saúde
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os cinco enfoques educativos em saúde desenvolvidos por Stotz (2005) são o preventivo, o
desenvolvimento pessoal, o da escolha informada, o radical e a educação popular em saúde.
Questão 2
2. Sobre a metodologia da problematização, o Arco de Maguarez contribui ao sistematizar as etapas
necessárias para o enfrentamento de problemas complexos, que demandam aprofundamento coletivo.
Dentreas opções abaixo, assinale a alternativa incorreta.
A
O Arco de Maguarez é a única ferramenta possível para problematizar questões
complexas no trabalho em saúde.
B
A problematização é uma dimensão teórico-metodológica para as práticas de educação
em saúde.
C
A terceira etapa da problematização a partir do Arco de Maguarez é a da Teorização, na
qual se buscam os aspectos prioritários para solucionar o problema a partir da literatura
científica.
D
A quarta fase do Arco de Maguarez envolve a elaboração de Hipóteses de Solução, ou
seja, possibilidades de ações que possam contribuir para solucioná-lo.
E
A prática ou a aplicação à realidade é o momento em que a aplicabilidade de cada
hipótese é analisada. É o momento também que se verifica urgência, prioridade,
viabilidade e aplicabilidade da intervenção.
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Considerações �nais
Chegamos ao final do conteúdo, que iniciamos trazendo o que podemos entender por educação e
discutimos as principais tendências pedagógicas com alguns exemplos da prática de um nutricionista. Em
seguida, trouxemos um breve histórico da educação em saúde no Brasil, abordando o surgimento da
Educação Popular em Saúde.
Já no módulo 2, foi possível abordar os cinco diferentes enfoques educativos na saúde, tratar sobre
aspectos preciosos para uma relação profissional de saúde-usuário que estimule a autonomia e a reflexão
crítica sobre as condições de saúde.
Por fim, elencando a Educação Popular em Saúde como base estratégica para as práticas educativas
emancipatórias e condizentes com o contexto social, cultural e econômico da população usuária, pudemos
tratar dos princípios e das ferramentas que aportem instrumentos teóricos e metodológicos para a atuação
em qualquer serviço de saúde.
Podcast
A especialista Elisa Mendonça fala sobre as estratégias da educação nutricional no atendimento nutricional.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Apesar do recurso metodológico do Arco de Magarez, é importante enfatizar que a
problematização não se restringe ao uso de uma determinada ferramenta, pelo contrário, para seu
exercício, a experiência prévia dos sujeitos é reconhecida e contribui para a identificação das
situações-problema e das potencialidades existentes no cotidiano para agir no sentido de sua
superação. É um momento pedagógico em que o sujeito, ao intervir, se transforma na ação de
problematizar, podendo assim estar atendo a perceber outros problemas. Consiste, por tanto, na
ampliação do olhar sobre/na realidade a partir da ação-reflexão-ação.


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SILVA, C. M. C. et al. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas práticas. Ciência e Saúde Coletiva,
Rio de Janeiro, v. 15, n. 5, p. 2.539-2.550, ago. 2010.
SOUZA, I. P. M. A.; JACOBINA, R. R. Educação em saúde e suas versões na história brasileira. Revista Baiana
Saúde Pública, Salvador, v. 33, n. 4, p. 618-627, out./dez., 2009.
11/06/2022 20:01 Processo educativo em saúde
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02932/index.html# 34/34
STOTZ, E. N. Enfoques sobre educação e saúde. Cadernos de Educação Popular e Saúde. v. 1, n. 1, maio,
2005.
VASCONCELOS, E. M. Educação popular e a atenção à saúde da família. São Paulo, SP: Hucitec, 2001.
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Assista ao filme Sonhos Tropicais (Brasil, 2002), que relata em tom de drama o contexto da Revolta da
Vacina. Nele, é possível ver a atuação das polícias médicas e a lógica de controle e coerção das ações de
saúde pública. Disponível no YouTube.
Para ler mais, indicamos:
Formação em educação popular para trabalhadores da saúde. Esse livro foi elaborado no processo de
organização curricular e didática do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde
(EdpopSUS) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz. Disponível no site da EPSJV
Fiocruz.
Política Nacional de Humanização. 4. Ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
Quer conhecer mais sobre o que fala Paulo Freire? Leia os seguintes livros: 
Educação como prática de liberdade. 14. ed. atual. São Paulo: Paz e Terra, 2011.Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
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