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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA XXXXXXXXXXXXXXXX DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL PORTO ALEGRE/RS 2021 2 UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Pedagogia na Universidade Paulista – Polo Porto Alegre. Orientação: Prof.ª Mª Kethi Cristina do R. Squecola Alexandre PORTO ALEGRE/RS 2021 3 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de conclusão de curso para obtenção de título de Graduação em Pedagogia apresentado à Universidade Paulista – Unip. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________________________________/___/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP ________________________________________________/___/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP _______________________________________________/___/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu marido, que de forma especial e carinhosa meu deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades. 5 AGRADECIMENTOS À Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Com enorme carinho gostaria de manifestar minha gratidão a todos pelo apoio e incentivo recebido desde o início da minha caminhada acadêmica. À professora Michele Kolling que fez mudar significativamente o meu caminho, abrindo-me novos olhares, novas escolhas. À professora tutora Iara Aragão e também a Orientadora Profª Mª Kethi Cristina do R. Squecola Alexandre, pela paciência, atenção, ajuda e comprometimento conosco. Deixo de coração meu agradecimento à minha cunhada Ana Paula e minha querida sogra Nair, pela dedicação, cuidados e o tempo que ficaram com meu filho Fernando, durante minha ausência, nos momentos de realização ao meu projeto de pesquisa. Imensa gratidão à minha família, que me deram apoio, incentivo nas horas difíceis, de desânimo e cansaço, pois são pessoas que me ajudaram e ajudam na construção da minha vida, me incentivando cada momento. 6 EPÍGRAFE “A coisa nunca é uma linha reta, sempre tem altos e baixos. O importante é aprender com as dificuldades e sempre ver nas dificuldades uma oportunidade.” (Jorge Paulo Lemann) https://www.pensador.com/autor/jorge_paulo_lemann/ 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 1. CAPÍTULO I ........................................................................................................ 12 1.1 O QUE SÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL? ............................................................................................................. 12 2 CAPITULO II ....................................................................................................... 16 2.1 O QUE CAUSAM AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM? ................... 16 2.1.1 Pobreza ......................................................................................................... 16 2.1.2 Divórcio ......................................................................................................... 17 2.1.3 Morte ............................................................................................................. 18 2.1.4 Violência Doméstica .................................................................................... 18 2.2 QUAIS OS TIPOS BÁSICOS DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ... 19 2.2.1 Dislexia .......................................................................................................... 20 2.2.2 Disgrafia ........................................................................................................ 21 2.2.3 Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade ............................. 21 2.2.4 Discalculia ..................................................................................................... 22 2.3 COMO SÃO IDENTIFICAS AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM? ........ 24 3 CAPITULO III ..................................................................................................... 26 3.1 QUAL O PAPEL DA ESCOLA ...................................................................... 26 3.2 QUAL INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA ........................................................ 28 3.2.1 Papel da família ............................................................................................ 30 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 34 RESUMO O presente estudo busca realizar o trabalho através de leituras de livros, pesquisas de sites da internet. Embasando os conhecimentos cientificos em autores na área de aprendizagem como exemplo Smith Corinne e Strick (2012), e Zabalza, Miguel A. (2007). E autores que abordam a educação infantil como exemplo Carmem Craidy e Gládis Elise P. da Silva Kaercher (2001), e demais autores que questionam o tema abordado no trabalho. É uma pesquisa bibliográfica que tem como objeitvo identificar o que são dificuldades de aprendizagem, analisá-las dentro da educação infantil, verificar a influência negativa que trazem para a vida e para o aprendizado da criança nesta fase. Os tipos básicos de dificuldades e como elas são reconhecidas. Também dialogaremos sobre o papel da escola, as possíveis intervenções pedagógicas, e compreender o papel da família. Palavras-chave: dificuldades, aprendizagem, educação infantil. 9 ABSTRACT The present study seeks to carry out the work through readings of books, research of internet sites. Basing scientific knowledge on authors in the learning area as an example Smith Corinne and Strick (2012)andZabalza, Miguel A. (2007). And authors who approach early childhood education as an example CarmemCraidy and Gládis Elise P. da Silva Kaercher (2001), and other authors who question the theme addressed in the work. It is a bibliographical research that aims to identify what are learning difficulties, analyze them within early childhood education, verify the negative influence they bring to life and to the child's learning at this stage. The basic types of difficulties and how they are recognized. We will also dialogue about the role of the school, the possible pedagogical interventions, and understand the role of the family. Keywords: difficulties, learning, early childhood education. 10 INTRODUÇÃO A educação infantil é algo recente. Não existia nenhuma escola que fosse responsável pela educação infantil da criança. Era apenas por parte da família a responsabilidade da sua educação. Tendo uma convivência com outros adultos e crianças, dessa forma ela aprendia a ter conhecimentos essenciais para se ter uma vida adulta. Nessa fase de descobrir, de explorar, de serem curiosos sobre tudo que esta ao seu redor. Sendo assim toda criança pequena exige do adulto a necessidade de cuidados, atenção e também de educação. O conceito de aprendizagem na educação infantil inclui amplo conjunto de processos, condições psicológicas, biológicas e sociais que estão envolvidas em qualquer forma de aprendizagem. A criança está na fase de descobertas do aprender e o professor de ensinar, ambos assumindo a responsabilidadede desempenhar suas funções com determinação e êxito. A aprendizagem é um processo pelo qual o ser humano adquire conhecimentos, habilidades, comportamento e valores, que se dá quando há uma informação do indivíduo, desde o nascimento até a vida adulta. O objetivo a esse trabalho delimitado é de investigar possíveis causas em relação às dificuldades de aprendizagem na educação infantil. Diante das dificuldades, verifica-se que a escola de modo geral precisa de métodos, recursos de ensino adequados e uma prática pedagógica equilibrada. Algumas crianças que apresentam dificuldades quando detectados e não tratados adequadamente têm grande dificuldade de não continuar os estudos. A problemática desse trabalho é relacionada às dificuldades de aprendizagem na Educação Infantil, é um problema enfrentado pela maioria dos professores e crianças de várias escolas. Problemas que são relacionados a diversos fatores, métodos pedagógicos, metodologia utilizada, ou problemas pessoais do próprio aluno. E mesmo que haja alguma mudança na abordagem educacional do professor, e ainda assim a criança continue apresentando alguma dificuldade. Então existe a necessidade de uma investigação mais detalhada. Que mostre quais causas da dificuldade e questão, sendo conhecidos como distúrbios de aprendizagem, tendo exemplos dos mais conhecidos, como a Dislexia, Discalculia, Disgrafia e TDAH. 11 Para algumas crianças o processo de aprendizagem existe erros ou algum desvio de formas diferentes. Sendo a explicação de forma parcial ou até de forma incorreta. Tornado assim uma aprendizagem insuficiente. A todo momento o professor precisa estar atento a verificar se há alguma necessidade de realizar mudanças ou correções das atividades pedagógicas propostas em seu plano de aula. Assim, para cada etapa do trabalho desenvolvido, é necessário que o professor perceba as dificuldades de aprendizagem que surgem, para que, então, elabore outras atividades que proporcionem uma compreensão mais eficaz a respeito do que se quer ensinar e do que quer que se aprenda. Isso significa que o plano de aula deve ser flexível o suficiente para permitir essas correções de percurso. Essa atuação docente precisa proporcionar ao aluno o domínio das habilidades propostas e a apropriação de conhecimentos. Então, o professor precisa criar condições didáticas para o desenvolvimento de capacidades e habilidades, visando a autonomia e independência de pensamento dos educandos. A ausência desse trabalho pode desencadear consequências que afetam o contexto de ensino aprendizagem e, consequentemente, a construção e apropriação de conhecimentos. Um tema relevante, de grande importância, que deve ser trabalhado para minimizar esses problemas. O professor é papel fundamental na Educação Infantil, pois ele se torna o mediador entre a criança e o conhecimento, sua forma de ensinar e passar conteúdo exige uma grande atenção e cuidados. E percebendo essas dificuldades, é possível fazer com que a criança consiga superar esse problema de dificuldade de aprendizagem. Monografia realizada através de pesquisas bibliográficas, na qual foram utilizados alguns autores que abordam os temas de aprendizagem e educação infantil, tais como Smith Corinne e Strick (2012), Zabalza, Miguel A. (2007), Carmem Craidy e Gládis Elise P. da Silva Kaercher (2001), e demais autores. O trabalho levanta as seguintes abordagens: No primeiro capítulo, encontraremos o que são dificuldades de aprendizagem, no segundo capítulo o que causa as dificuldades de aprendizagem, quais os tipos de dificuldades de aprendizagem e como elas são identificadas. E no terceiro capítulo qual papel da escola, quais as possibilidades de intervenção pedagógica e qual o papel da família. 12 1. CAPÍTULO I 1.1 O QUE SÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL? As crianças no decorrer da sua vida irão aprender diversas coisas, como ouvir, falar, ler, escrever. Algumas habilidades podem ser mais difíceis de aprender do que outras. Existe um forte impacto na vida da criança quando se apresenta algum tipo de Dificuldade de Aprendizagem. Importante que professores e educadores, tenham o conhecimento dos diferentes sinais de comportamento da criança, assim, quanto mais cedo forem identificadas, mais cedo ela poderá obter ajuda. Alguns sinais de Dificuldades de Aprendizagem são caracterizados como problemas de memória, falta de atenção, falta de interesse, dificuldade em argumentar, dificuldades em seguir instruções do professor(a). Existe também os tipos básicos de Distúrbios de Aprendizagem, que se caracterizam como Disgrafia, Dislexia, Discalculia, Déficit de Atenção e Hiperatividade. Segundo VYGOTKY (1984), citado por BASSEDAS (2007) abordou em relação à aprendizagem escolar é fundamental para que se possa raciocinar e entender qual é a natureza da aprendizagem e do ensino escolar e sobre que relações seria conveniente estabelecer o desenvolvimento da criança. (BASSEDAS, 2007, P.22). E diante, da realidade descrita acima, segundo relatos de Palacios (1991), citado por BASSEDAS (2007) enfatiza sua teoria em relação em diversas formas de aprendizagem: No decorrer da história da psicologia e da pedagogia, tem-se explicado, de diversas formas, a aprendizagem nessa idade. Segundo Palacios (1991), podemos considerar a existência de diversos caminhos, diferentes maneiras de aprender, cada uma destacada por referentes teóricos variados: a aprendizagem através da experiência com os objetos, a aprendizagem através da experiência em determinadas situações, a aprendizagem através do prêmio e do castigo, a aprendizagem por imitação e a aprendizagem da formação de “andaimes” por parte da pessoa adulta ou outra pessoa mais capaz.” (BASSEDAS, 2007, P. 24). Na teoria de ROTTA (2016) ele afirma como as crianças aprendem: Todo ato de aprender é fruto de uma frustração. É fruto do reconhecimento da nossa insuficiência sobre um determinado ato ou aquisição e, partindo dessa consciência dolorosa de ignorância, o corpo físico e subjetivo busca uma nova aquisição, um novo modo de enfrentar o que se apresenta. Serve de exemplo a passagem física do engatinhar para o andar, para o subir e correr, assim como servem de exemplos as nossas aquisições de letras 13 para palavras e para textos, em diferentes níveis de compreensão. A cada uma dessas etapas, o que inicia o processo de ampliação dos comportamentos anteriores é a frustração ou o impedimento de executá-lo. O sujeito precisa reunir o conhecimento existente e se lançar ao desconhecido, ao risco de uma atitude diferente para avançar. Nem sempre isso ocorre de forma imediata, mas certamente abre a perspectiva de que novos caminhos são possíveis nas próximas insistências. A aprendizagem está, em primeira instância, mais ligada à nossa capacidade de reconhecer e aceitar as limitações do que necessariamente compreendê-las. Muitas das dificuldades não são compreensíveis ao próprio sujeito, cabendo a um outro esse papel de decodificador.” (ROTTA, 2016, P. 28). Toda criança tem o direito, a capacidade e vontade de aprender. Quando isso não acontece, é uma questão que se deve ser avaliada do modo geral em relação às dificuldades no aprendizado. É o ambiente escolar que pode proporcionar a criança uma aprendizagem, um bom desempenho, e segundo VYGOTKY (1984), citado por BASSEDAS (2007) aborda sua teoria: “A aprendizagem escolar é fundamental para que se possa raciocinar e entender qual é a natureza da aprendizagem e do ensino escolar e sobre que relações seriam convenientes estabelecer o desenvolvimento da criança.” (BASSEDAS, 2007, P.22). Quando o mau desempenho faz parte na vida de uma criança, podendo ser caracterizado por algum problema emocional, e assim acarretando em notas baixas. Crianças correm o risco de tirar notas baixas umavez ou outra. Mas, quando isso é frequente, existe algo errado e os pais ou responsáveis devem ficar em alerta. É de suma importância o papel do professor(a) avaliar, saber identificar, descobrir quais tipos de dificuldades, para se ter um encaminhamento de apoio profissional. A Legislação em âmbito educacional tem uma grande importância, sendo criada para garantir à população direito de uma educação gratuita e de qualidade. “Desde a Constituição de 1988, ficou legalmente estabelecido que os pais, a sociedade e o poder público têm que respeitar e garantir os direitos das crianças definidos no artigo 227, que afirma: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão.” ( CRAIDY E KAERCHER, 2001, P. 23 e P. 24). Seguindo as mesmas fontes, para CRAIDY E KAERCHER (2001) a LDB que regulamentou a Educação Infantil definiu-a como a primeira etapa da educação básica (art. 21/I) e afirmou que essas instituições têm por finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 anos de idade, em seus aspectos físico, 14 psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (art.29). A creche e a pré-escola têm, portanto, uma função de complementação e não de substituição da família como muitas vezes foi entendido. Assim, elas deverão integrar-se com a família e com a comunidade para que juntas possam oferecer o que a criança necessita para seu desenvolvimento e para sua felicidade (CRAIDY E KAERCHER, 2001, P. 25). Na história da humanidade sempre foram desenvolvidas teorias em relação de como funciona o ensino e aprendizagem. E assim, com intuito de descobrir quais seriam as melhores metodologias para tornar essa operação mais eficiente. Na perspectiva de aprendizagem, para BARBOSA e HORN (2008), fica clara a concepção de que os processos de aprendizagem são racionais, sensoriais, práticos, emocionais e sociais ao mesmo tempo, isto é, todas as dimensões da vida, emoção, a cognição, a corporeidade estão em ação quando se aprende. Portanto, as práticas educativas devem levar em conta os vários aspectos humanos quando o objetivo é auxiliar aos alunos a interpretar e compreender o mundo que os circunda e a si mesmos. Nesse sentido, para provocar aprendizagens, é preciso fazer conexões e relações entre sentimentos, idéias, palavras, gestos e ações. Em relação às dificuldades de aprendizagem, segundo Malaguzzi, citado por REGGIO (2016), no seu ponto de vista, é relatado à seguinte opinião: “(…) as relações e a aprendizagem coincidem dentro de um processo ativo da educação. Eles se unem por meio das expectativas e das habilidades das crianças, da competência profissional dos adultos e, de maneira mais geral, do processo educacional. Devemos incorporar na nossa prática, portanto, as reflexões sobre um ponto delicado e decisivo: O que a criança aprende não segue como um resultado automático do que é ensinado. Em vez disso, deve-se, em grande parte, à própria realização da criança, em consequência de suas atividades e de seus recursos próprios. É necessário pensar sobre o conhecimento e as habilidades que as crianças constroem independentemente e anteriormente à escolarização. […] Aprender é uma experiência satisfatória, mas também, conforme nos diz o psicólogo norte- americano Nelson Goodman, compreender é desejo, drama e conquista. Tanto é que, em muitas situações, especialmente quando se estabelecem desafios, as crianças nos mostram que elas sabem como trilhar o caminho até a compreensão. Quando as crianças são auxiliadas e se perceberem como autores ou inventores, quando são ajudadas a descobrir o prazer da investigação, sua motivação e interesse explodem.” (REGGIO, 2016, P.61). Dessa forma pode-se afirmar que é fundamental a ligação, confiança entre educador e aluno, envolvendo um importante desempenho no desenvolvimento da aprendizagem. 15 O dilema do ensino e da aprendizagem, segundo Malaguzzi, citado por (REGGIO, 2016) na sua experiência ela questiona sobre as crianças: “(…) precisamos discutir melhor o papel que elas assumem na construção do autoconhecimento e a ajuda que elas recebem dos adultos para essas questões. É óbvio que, entre a aprendizagem e o ensino, nós honramos a aprendizagem. Não é que ignoremos o ensino, mas dizemos: “Fique de fora um tempo e deixe espaço para a aprendizagem, observe com cuidado o que as crianças fazem, e aí, se tiver entendido bem, talvez o ensino seja diferente de antes”. A aprendizagem é o fator chave em que uma nova forma de ensino deve se basear, tornando-se um recurso complementar para a criança e oferecendo múltiplas opções, sugestões de ideias e suporte de distintas fontes. A aprendizagem e o ensino não devem estar em margens opostas olhando o rio fluir; pelo contrário, devem embarcar juntos em uma jornada rio abaixo. Por meio de trocas ativas e recíprocas, o ensino pode fortalecer a aprendizagem sobre como aprender. (REGGIO, 2016, P.74). As crianças gostam do desafio de aprender aquilo que já quase conseguem compreender, mas ainda não fazem perfeitamente, e de tentar fazer coisas que quase conseguem, mas ainda não fazem totalmente por conta própria. Isso significa que é proveitoso para elas enfrentarem conceitos e habilidades que estão ligeiramente acima de suas capacidades atuais e trabalhar nisso até que atinjam um nível superior de competência (Bodrova & Leong, 2007). Ao mesmo tempo, as pesquisas mostram que as crianças precisam negociar de modo bem sucedido as tarefas de aprendizagem, na maior parte do tempo, para continuarem motivadas a aprender. As que estiverem sobrecarregadas não serão bem sucedidas. E se o insucesso se tornar rotineiro, a maioria das crianças simplesmente desistirá de tentar segundo Copple & Bredekamp, 2009. (KOSTELNIK, 2012, P.10). 16 2 CAPÍTULO II 2.1 O QUE CAUSAM AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM? Muitos fatores podem levar uma criança a ter algum tipo de dificuldade de aprendizagem na educação infantil, surgindo atrasos no desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, não conseguem acompanhar o ritmo de desenvolvimento esperado para sua idade. No entanto, dificuldades na aprendizagem podem ser diagnosticadas por algum evento passageiro, algum momento difícil em que a criança esteja vivenciando. E no ambiente escolar os educadores precisam estar aptos e atentos para detectar esses diferentes comportamentos, para que sejam criadas estratégias a fim de apoiar e solucionar tais dificuldades e que assim a criança possa ter um bom desempenho escolar. A pobreza, divórcio dos pais, morte de alguém próximo, violência doméstica, entre outras, são algumas das causas que podem levar uma criança a criar traumas e, por meio delas, desenvolver alguma dificuldade de aprendizagem. 2.1.1 Pobreza Infelizmente muitas crianças, no mundo todo, vivem em situações de pobreza. Sofrem com a fome, desnutrição, má nutrição, sem atendimento médico adequado. Crianças que vivem na pobreza são prejudicadas com uma má qualidade na educação, e muitas vezes sem a possibilidade de frequentar uma escola. São essas e outras consequências da pobreza, que a criança acaba criando algumas marcas de traumas, tendo dificuldades no desenvolvimento, atrasos no crescimento, e um mau desempenho escolar. Segundo o National Center for Children in Poverty (NCCP), (KOSTELNICK, 2012) “a pobreza cotidiana compromete significativamente o bem estar da criança. Existem grandes evidências de que as crianças de famílias pobres são menos capazes de funcionar bem do ponto de vista acadêmico,social e físico.” (KOSTELNICK, 2012, P. 153 e 154). “ […] Muitas crianças vivem em famiĺias atormentadas por abuso de substância em altos niv́eis, abuso doméstico e problemas de saúde mental. Não surpreende, assim, que as crianças pobres tendam a apresentar mais atrasos no desenvolvimento e mais problemas de comportamento e disciplinares que as outras. Elas são desnutridas, têm problemas de saúde e apresentam desempenho escolar inferior. Muitas precisam de ajuda psiquiátrica (Kozol, 2006, p. 3).” (KOSTELNICK, 2012, P.154). 17 Os pais podem ser menos propensos a defendê-las, sofrer crises mais frequentes que as das famílias de classe média e ter uma saúde mental mais frágil (Shipler, 2005). Não há dúvida de que as famílias pobres esforçam-se para dar o melhor que conseguem aos filhos. Muitas vezes, porém, o melhor que conseguem não será suficiente. (KOSTELNICK, 2012, P. 154 e 155). 2.1.2 Divórcio Uma das questões que afetam o núcleo familiar é o divórcio. A separação física dos pais é um momento difícil, mas que acaba afetando principalmente a criança, sendo difícil de aceitar, de compreender aquela situação, de entender as mudanças de comportamento ao seu redor. Mas elas precisam aprender, enfrentar esse momento. Podendo surgir alguns traumas. A criança também sofrerá, sentirá medo, angústia, fantasias de que serão abandonadas e que não são mais amadas pelos seus pais e ficam sem saber o que pensar, podendo surgir situações emocionais em problemas futuros. Importante nesse momento os pais serem sempre sinceros aos filhos, falar a verdade, tendo cuidado com as palavras, sendo amorosos e carinhosos. A imagem que o filho deve ter dos pais deve ser a melhor possível. Separação, segundo (KOSTELNICK, 2012). “O divórcio dos pais é um dos eventos mais perturbadores e desconcertantes que as crianças possam experimentar. Mais de um milhão de crianças por ano passam por essa dor. O estresse familiar pode se estender por muito tempo antes que um dos pais, ou ambos, finalmente tome a decisão de pôr fim ao casamento. […] Embora ver os pais brigarem seja tremendamente estressante para elas, permanecer separado de um deles é um estressor ainda maior, particularmente antes dos 5 anos. Uma vez que o apego na primeira infância é quase sempre intenso, o medo do abandono pode fazer que a criança se agarre ao genitor que permanece. A criança pode ter um inesperado ataque de birra ao ir para a escola e pode passar a controlar estreitamente o genitor que tem sua guarda e não permitir que este saia de sua vista. Uma boa parte da tensão das crianças é causada pela incerteza sobre o que o divórcio significa em relação a sua própria segurança. [...] Algumas crianças acreditam ter causado a separação ou o divórcio dos pais com algo que fizeram um mau comportamento ou o desejo de afastar o pai/a mãe por qualquer motivo. Os problemas das crianças intensificam-se quando os pais separados não conseguem reestruturar adequadamente a vida familiar após o divórcio.” (KOSTELNICK 2012, P. 155). 18 2.1.3 Morte As crianças não têm noção de compreender a morte. Mas ao se confrontar com essa real situação, é importante explicar com diálogo, acolhimento e falar sempre a verdade. Ela precisa compreender que morte faz parte da vida. Precisa aceitar e entender, que mesmo na ausência do familiar, da mãe ou pai, avós ou alguém próximo. Deve saber que a vida segue. Cada criança tem reações diferentes, podendo apresentar momentos de raiva, pesadelos, às vezes falta de sono e sentimentos de revolta. Na perspectiva de (KOSTELNICK, 2012), a morte para as crianças: “Até os 2 anos, as crianças sabem muito pouco sobre a morte. A partir dos 3 anos, entretanto, passam por três fases sobrepostas até que, ao final, atingem uma visão realista da morte Uma vez que as experiências de perda das crianças são muito limitadas, elas talvez sintam que os sentimentos de tristeza e a necessidade de chorar que as oprimem nunca terminarão. Outros sentimentos intensos podem ser o senso de culpa, raiva e ressentimento; além disso, as crianças que percebem que a dor que demonstram pode causar mal-estar nos adultos talvez tendam a esconder os sentimentos. Nessa situação, elas precisam da proteção de um adulto responsável que possa ajudá-las a entender que os momentos de infelicidade terão um fim, assim como tiveram um começo. Mesmo os familiares que em geral dão apoio à criança podem estar, eles mesmos, tão perturbados que são incapazes de proporcionar os fatores de proteção de que a criança precisa.” (KOSTELNICK, 2012, P. 156). 2.1.4 Violência Doméstica Toda criança necessita de muita segurança e afeto, carinho e amor da família, entre os pais, avós, padrasto, madrasta, tios, tias, enfim, do responsável que for, a criança precisa de toda proteção possível. Mas a violência infantil, que infelizmente existe, e muitas crianças passam por isso. Sendo elas classificadas por violência física, violência por negligência, violência psicológica e violência sexual. E quando a criança, que sofre com esse tipo de situação, irão se tornar crianças com problemas, e muitas das vezes, dependendo do nível de violência, tem grande chance de se tornar adulto com problemas. Essas agressões podem ter grande impacto na saúde mental da criança, resultando em comportamentos como insegurança, dificuldade em estabelecer fortes relacionamentos emocionais, baixa auto estima, impulsividade, distúrbios psicológicos. Maioria dos casos de abuso acontece por alguém da própria família, pessoas de confiança da criança. Pais ou responsáveis, e também os educadores, precisam estar sempre atentos a qualquer e diferente comportamento da criança. Se por 19 algum momento a criança demonstrar sinais de medo por algo que antes não tinha, como exemplo, medo de dormir sozinha, ou medo de dormir no escuro, aproximação incomum de algum adulto, marcas físicas, sinais de regressão, mudanças injustificadas de comportamento, isolamento e também de tristeza. Existe também a violência por negligência, violência essa caracterizada por falhas por parte da família ou responsável em relação aos cuidados da criança. “Quando as transições pessoais que muitos adultos enfrentam hoje se associam às pressões da parentalidade, os efeitos sobre as crianças podem ser devastadores. Estima-se que de 3 a 10 milhões de crianças estão expostas regularmente à violência doméstica. Isso ocorre em todos os segmentos da população, e as crianças envolvidas correm risco de usufruir de menor bem-estar de curto e longo prazos, menor segurança e menor estabilidade (Hamel & Nicholls, 2006; Miller, 2010). Não falam livremente sobre isso com as outras, pois sentem vergonha, medo e acham que só elas estão assim. Vivem em uma atmosfera de constante terror e tensão, e a vida delas se caracteriza por abuso verbal, insultos, ameaças, rejeição, humilhação e desrespeito. O fator mais assustador refere-se às agressões físicas e às surras, que resultam muitas vezes em problemas de comportamento. Mas o mais prejudicial talvez seja o desenvolvimento da percepção de que os lares são assim mesmo e que é por meio da violência que se resolvem os problemas(Bancroft & Silverman, 2004).” (KOSTELNICK, 2012, P. 158). Na Constituição de 1988 ficou legalmente estabelecido no artigo 227, que afirma: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão.” (CRAIDY E KAERCHER, 2001, P. 23 e 24). 2.2 QUAIS OS TIPOS BÁSICOS DE DIFICULDADESDE APRENDIZAGEM No aprendizado de habilidades básicas da criança, as dificuldades de aprendizagem podem interferir no seu aprendizado, podendo também impactar no relacionamento com a família, amigos, podendo surgir problemas futuros na vida adulta, e tornando assim irreversíveis. Crianças com algum tipo de dificuldade requerem atenção redobrada dos pais, responsáveis e docentes. Elas necessitam muitas vezes de acompanhamento de psicólogos, fonoaudiólogos e também de psicopedagogos. Importante procurar apoio e dar continuidade do tratamento até o fim, dessa forma é o melhor caminho para o desenvolvimento da criança, com a intenção de solucionar, procurar 20 estratégias a fim de minimizar os impactos causados por algum trauma. Importante atuação de forma conjunta, com a criança, família e escola. A dificuldade de aprendizagem pode ter diversas origens, como cognitiva, emocional, cultural, social, etc. Já o distúrbio de aprendizagem, caracterizada por uma dificuldade com a atenção, memória ou raciocínio. Veremos a seguir alguns tipos básicos de dificuldade de aprendizagem. 2.2.1 Dislexia Transtorno de origem neurobiológica, caracterizada como dificuldade no reconhecimento de uma palavra, letras, sons e a incapacidade de compreender o significado das palavras, frases e parágrafos. Segundo ROTTA (2016) o aluno disléxico apresenta características peculiares em cada etapa escolar. Na educação infantil é possível observar fatores preditivos de prováveis futuros quadros disléxicos: dificuldade (atraso) na aquisição da linguagem oral; dificuldade de memória fonológica; dificuldade em nomear pessoas, cores, objetos e figuras geométricas; representações gráficas aceleradas e pobres; e desinteresse por letras. Essas características, aliadas à investigação de possíveis fatores genéticos, são evidências claras e merecedoras de investigação e estimulação imediata. (ROTTA, 2016, P.269). Não existe uma definição exclusiva de causas para a Dislexia. Importante que os professores e educadores da educação infantil estar atentos em alguns sinais, como: dificuldade com jogo de quebra-cabeça, dificuldade em nomear pessoas, cores, objetos e figuras geométricas; dificuldade de aprender rimas e canções, atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem, falta de interesse e também de despersão. Na teoria de Orton (1928), segundo ele: “Mais especificamente em 1937, Orton publicou diversos casos em que crianças de inteligência média ou acima da média manifestavam 1 entre 6 deficiências: (1) “alexia evolutiva”, ou dificuldade para aprender a ler; (2) “agrafia evolutiva”, ou uma dificuldade significativa para aprender a escrever; (3) “surdez evolutiva para palavras”, ou um déficit especif́ico na compreensão verbal, apesar da acuidade auditiva dentro dos padrões da normalidade; (4) “afasia motora evolutiva”, ou retardo motor da fala; (5) falta de jeito anormal; e (6) tartamudez. Orton (1937) foi o primeiro a enfatizar que os transtornos da leitura manifestados em um niv́el simbólico pareciam estar relacionados a uma disfunção cerebral, em vez de a uma lesão cerebral específica (conformepostulado por Hinshelwood e por outros) e poderiam ser identificados em crianças com inteligência média ou acima da média.” (FLETCHER, 2009, P. 27 e 28.). 21 2.2.2 Disgrafia A disgrafia é conhecida como o transtorno neurológico, de caráter funcional, que afeta a escrita, o traçado ou a grafia. A criança apresenta dificuldades no controle da escrita, sendo elas com letras pouco diferenciadas, dificuldades para lembrar e dominar automaticamente os movimentos motores necessários para escrever letras, números e também da formação das palavras. Algumas atitudes em sala de aula podem levar o professor a perceber a presença de Disgrafia na criança quando ela demonstra confusão de letras, como por exemplo, mudar um “a” por um “e”, quando escreve de forma lenta e desajeitada, com erros, letra irregular em forma e tamanho, letras invertidas, palavras juntas ou sílabas separadas ou que na hora de escrever segura o lápis de forma incorreta. Para PEREIRA (2020) “a disgrafia é um transtorno estimado em prevalência de 7 a 15% das crianças. A escrita é uma tarefa complexa envolvendo funções como a coordenação fina e a aptidão visuoespacial e requer integração de várias habilidades. O processo da escrita conecta cognição, linguagem e habilidades motoras. Algumas crianças têm dificuldade em uma dessas habilidades, produzindo letras ininteligíveis e apresentando dificuldade de organização ou sequenciamento de ideias. A dificuldade em uma dessas ações pode impedir o progresso da outra”. (PEREIRA, 2020, P. 58 e 59). Em relação ao tratamento da Disgrafia, afirma (PEREIRA, 2020). “O tratamento da disgrafia é feito com terapia fonoaudiológica voltada para o treino psicomotor e a estimulação visuoperceptiva. Em sala de aula, a criança deve usar o tipo de letra sobre o qual tenha mais domínio e seja mais legível (letra bastão, geralmente). A prova, se pouco legível, pode ser corrigida com o auxílio da criança, que explicará as palavras menos compreensíveis; e mesmo a prova oral pode ser um recurso. O uso de processador de texto é um excelente recurso para garantir a visibilidade dos escritos. O tratamento dos transtornos de aprendizado associados deve ser concomitante ao da disgrafia, incluindo técnicas de remediação para a capacidade inade-quada, realização de acomodação do ambiente do aprendizado, identificação e tratamento das comorbidades e, se necessário, medicalização apropriada”. (PEREIRA, 2020, P. 60). 2.2.3 Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, conhecido como TDAH, caracterizado em três aspectos de comportamento, sendo elas: desatenção, 22 hiperatividade e impulsividade. É uma doença crônica, podendo surgir comportamento agressivo pela criança, ansiedade, dificuldades de aprendizagem, inquietação, entre outros. Muitas vezes são detectados na infância e acompanham até a sua vida adulta. A criança em alguns casos nasce com algum problema e em outros passa a apresentar algum tipo de problema após momentos de estresse e tensão. Mesmo com muitas informações, é possível diagnosticar pelo professor(a) os diferentes comportamentos de TDAH apresentados pela criança, como: Não familiarizar-se com atividades que exija raciocínio, atenção ou esforço mental; frequente falta de atenção; dificuldade para seguir alguma tarefa ou finalizar o quedevia; não ter paciência de esperar o outro terminar as atividades e querer passar na frente; não prestar atenção ao que se passa dentro do contexto ao que está inserido; ficar distraído por estímulos externos; inquietação total, bater mãos e pés quando precisa fiar parado. REREIRA (2020) apresenta a importância do diagnóstico precoce de TDAH “O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um dos distúrbios neuropsiquiátricos mais prevalentes da infância e cursa com prejuízo significativo no rendimento escolar e/ou na vida social da criança. Por ser a escola o lugar em que os sintomas do TDAH se tornam mais evidentes, é muito comum o médico pediatra ou o neurologista infantil receber alunos encaminhados das escolas com as seguintes queixas: Não tem capacidade de concentração. Problemas de comportamento (com sugestão para fazer eletroencefalograma). Não aprende ou apresenta desempenho inferior para a capacidade intelectual. Dificuldades no relacionamento com os colegas. Não tem motivação.” ( PEREIRA, 2020, P. 140). 2.2.4 Discalculia Conhecido como transtorno, a Discalculia é quando a criança apresenta dificuldades para entender a quantidade, os números e o que eles representam. Essas dificuldades podem surgir ainda na educação infantil, entre 4 e 5 anos de idade. Este transtorno pode ser identificadopela baixa capacidade em processar conceitos matemáticos e a aritmética, em operações como adição, subtração, divisão e multiplicação, dificultando a aquisição e processamento de informação numérica. 23 Para ROTTA (2016) muitas crianças com problemas no aprendizado da matemática têm prejuízos em outras áreas do seu desenvolvimento que envolve uma ampla gama de habilidades compreensivas e expressivas. Elementos como os seguintes podem apresentar alterações em maiores ou menores níveis: a organização visuoespacial, na integração não verbal, na percepção visual, imagem e esquema corporal, distúrbios de integração visual e motora (apraxia), desorientação entre direita e esquerda, direção e sentido, concepção limitada de distância e tempo, discrepância significativa entre as suas capacidades verbais e não verbais. A relação entre esses diversos elementos é o que propicia ao sujeito uma inserção e um domínio dos campos subjetivos que compõem o universo matemático e suas variadas aplicabilidades no contexto social e cultural. Na educação infantil as dificuldades que podem ser encontradas em relação à Discalculia. Tem como sinais: apresentar dificuldade em aprender a contar números; parece não entender o significado da contagem; problemas para organizar coisas de maneira lógica, como exemplo os brinquedos; apresenta problemas para reconhecer símbolos numéricos; nenhuma ou pouca facilidade para entender o significado do que é mais altos e baixos ou menores a maiores. Muitas vezes a criança apresenta outros prejuízos em outras áreas do seu desenvolvimento que envolve questões de habilidades compreensivas e expressivas. Os autores José e Coelho (1999), citado por ROTTA (2016) destacaram possíveis níveis de diferenciação diante da compreensão do problema da matemática. “Afirmam as autoras que muitas crianças podem apresentar problemas especificamente relacionados com a construção da linguagem receptivo- auditiva no campo da aritmética, o que possibilita que esse sujeito consiga elaborar cálculos ou relacionar quantidades, mas apresentar dificuldades no raciocínio e em testes de vocabulário aritmético. No campo da memória, a criança pode apresentar dificuldades no campo da reorganização auditiva, impedindo-a de recordar o número com rapidez ou não conseguir absorver mnemicamente os enunciados apresentados de forma oral, o que a impede de registrar os elementos e, consequentemente, resolver os problemas matemáticos propostos. Nesses casos, ela tem dificuldades de gravar regras e não consegue montar estratégias, confundindo a escrita dos números, por exemplo, 6 e 9, 14 e 41. Esse fenômeno pode ser compreendido pela dificuldade de leitura dos números, ocasionada pela 24 inversão ou distorção dos numerais. A impossibilidade de lembrar a “aparência” dos números é que a impedirá de fazer uma correspondência representação-quantidade e apresentará dificuldades no processo de organização matemática e no resultado da atividade proposta. Johnson e Myklebust (1987) diferenciam as crianças que apresentam problemas de aritmética e distúrbios de aprendizagem correlatos: linguagem receptiva – auditiva e aritmética / memória auditiva e aritmética / leitura e aritmética escrita, das crianças com distúrbio do pensamento quantitativo.” (ROTTA, 2016, P. 303). Mediante a essas dificuldades, infelizmente e, nem sempre, tanto da parte familiar como educacional, as dificuldades muitas vezes não são percebida de forma como deveria. Causas que se não tratadas de forma correta tem grandes chances de contribuir no aumento dessas dificuldades e sendo agravadas cada vez mais. 2.3 COMO SÃO IDENTIFICAS AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM? Dificuldades de aprendizagem podem ser encontradas em todas as idades, principalmente nos anos iniciais, sendo parte de uma realidade bastante presente nas escolas. Uma questão básica, mas fundamental é a de que os professores saibam diferenciar os transtornos de aprendizagem. Para SMTIH e STRICK (2012) crianças que têm dificuldades de aprendizagem é que o seu comportamento é irregular. Em alguns momentos, elas são competentes e até mesmo excepcionalmente capazes, mas em outros parecem totalmente perdidas. A memória é uma área na qual a inconsistência normalmente é mais óbvia. As crianças com dificuldades de aprendizagem recordam alguns tipos de informações muito melhor do que outros (SMTIH e STRICK, 2012, P. 71). “…uma criança com dificuldades de aprendizagem pode ser capaz de desenhar bem, mas não de escrever claramente, ou pode ser muito boa em corridas, saltos e escaladas, mas ser incapaz de quicar uma bola. Uma criança que aprende a ler sozinha antes de ingressar na escola pode ter problemas para contar quatro garfos ou colheres, ou pode falar de forma brilhante, mas achar impossiv́el colocar as palavras no papel. Discrepâncias como essas confundem os pais e às vezes os convencem de que as crianças estão sendo desatentas ou não estão cooperando. Entretanto, esse tipo de comportamento é tiṕico das crianças que têm dificuldade no processamento das informações.”(SMTIH e STRICK, 2012, P. 71). Educadores precisam ter conhecimento dos problemas que interferem no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, e do que significa aprendizagem normal de acordo com a idade. Sendo assim, é muito importante que saibam identificar o problema o quanto antes para que possíveis soluções sejam aplicadas. 25 Devem ser observados os sinais por várias características, podendo ser de causas emocionais, sociais, biológicas e físicas, como problemas oftalmológicos, problemas auditivos. Para SMITH e STRICK (2012) os problemas de comportamento na sala de aula ou uma mudança no humor em casa podem ser os primeiros sinais de um problema de aprendizagem. Infelizmente, eles não são reconhecidos dessa forma. Ao invés disso, podem ser percebidos como defeitos no caráter ou na personalidade da criança (SMITH e STRICK, 2012, P. 79). Seguindo as mesmas fontes para SMITH e STRICK (2012) vemos que os problemas emocionais, como medo ou raiva excessiva, também sugerem que uma criança está sob alguma espécie de estresse e que uma intervenção é necessária. O primeiro ano da criança na escola também é um fator a se considerar como falta de estímulo e necessita avaliar se precisa de atividades complementares, com conteúdos diversificados. “A perda da confiança e da autoestima talvez seja o “efeito colateral” mais comum de uma dificuldade de aprendizagem. Com demasiada frequência, as crianças atribuem a si mesmas os problemas associados a tais dificuldades (baixo desempenho escolar, fracasso em corresponder às expectativas dos pais, falta de aceitação por parte dos colegas). Elas presumem que são “burras” porque não se saem bem na escola, e que não podem ser apreciadas porque não têm uma multidão de amigos.” (SMITH e STRICK, 2012, P. 81). E mesmo ainda que as dificuldades persistam no aprendizado da criança se deve pensar no processo de avaliação de outros profissionais que possam colaborar. Então é momento de comunicar à gestão escolar e aos pais da criança, para orientar e ter apoio de outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos e até de neurologista infantil, para auxiliar e saber se a criança precisa de outras intervenções. Devemos tem em mente que a escola não é única ferramenta para solucionar alguma dificuldade de aprendizagem. Para que o desempenho escolar da criança não seja prejudicado é fundamental acompanhá-los de perto. É importante que pais ou responsáveis pela criança estejam presentes e acompanhem o seu desenvolvimento escolar. 26 3 CAPITULO III 3.1 QUAL O PAPEL DA ESCOLA Quando a criança apresenta algum tipo de dificuldade ela precisa de apoio tanto da família como da escola. E a educação infantil é uma das responsáveis pelaformação da criança. É fundamental para o seu desenvolvimento. Para Buchwitz (2016) o educador das creches e pré-escolas necessita que a atuação pedagógica seja trabalhada dentro das etapas, sem haver a imposição de uma à outra. Por outro lado, as instituições de educação infantil (creches e pré- escolas) precisavam não apenas conhecer, mas também considerar as mudanças ocorridas na sociedade, tais como os novos contornos culturais, sociais e sócios econômicos, tomando conhecimento que estas mudanças comprometeriam o desenvolvimento das crianças e levando em conta que cada criança possui o próprio ritmo para passar por quaisquer mudanças (Buchwitz, 2016, P.15). Para Grispino (2016) mais que toda organização curricular, mais do que programas bem elaborados, são os professores que, no contato direto com os alunos e suas famílias, em última instância, serão os responsáveis pela ação educativa. O currículo oficial, elaborado por teóricos, é sempre uma expectativa que, normalmente, não se alcalça, porque a forma como o conteúdo é transmitida depende das condições do ensino, da boa formação do professor e da estrutura da escola, quase sempre deficitárias. É preciso ter escola e professor em condições de executar o currículo proposto, com capacidade de torná-lo acessível aos alunos. (Grispino, 2016, P. 10). Para Dupper (2003) citado por Estanislau e Bressan (2014) o encontro com a família é o momento mais importante para o estabelecimento de um vínculo colaborativo entre família e escola. Ele deve ter entre seus objetivos a troca de informações pertinentes, a passagem de conhecimento e o suporte aos pais, mantendo como referencial os pontos positivos do aluno, dos pais e da escola (Estanislau e Bressan, 2014, P. 73). “Uma grande reclamação dos professores é de que os alunos não obedecem, não respeitam, não toleram dialogar, não sabem conversar, revelando comportamento agressivo, resultado da falta de educação. Mostram uma rebeldia que denota ausência de limites ausência iniciada em casa e prorrogada pela escola. As famílias precisam entender que a escola não substitui a educação dos pais, ela complementa, auxilia, reforça.” (Grispino, 2016, P. 59 e 60.) 27 Algumas crianças podem apresentar dificuldades de aprendizagem por não se adaptarem aos métodos pedagógicos. E mesmo havendo mudanças na abordagem educacional do professor, e a criança continuar apresentando dificuldades, é necessário uma investigação mais aprofundada, que determinará quais são as causas da dificuldade em questão. Estanislau e Bressan (2014), questionam que: “Um dos grandes problemas na manutenção do vińculo famiĺia/escola é o hábito de contatar os pais apenas quando a criança está apresentando dificuldades. Essa prática reduz a possibilidade de vińculo positivo, já que os contatos passam a estar sempre cercados de uma atmosfera negativa. Uma estratégia para a modificação dessa rotina seria o investimento na comunicação positiva periódica com a famiĺia, seja por bom comportamento, desempenho em atividades extra-classe ou rendimento do aluno, seja por reconhecimento dos familiares que têm demonstrado interesse na vida escolar dos filhos.”(Estanislau e Bressan, 2014, P.75). Os arquivos biográficos se constituem em valioso documento de acompanhamento que busca oferecer aos protagonistas (crianças, professores e pais) a oportunidade de reouvir, revisitar, relembrar experiências e acontecimentos que marcaram significativamente suas histórias na educação infantil. Por ser um documento que recolhe diferentes materiais, como desenhos, pinturas, falas das crianças e fotos, revela a unicidade e a diversidade de cada criança por meio desses recortes do cotidiano. (Barbosa & Horn, 2008, P. 112). “Todas essas formas de acompanhamento podem auxiliar os docentes a verificar os avanços significativos, as dificuldades e o próprio processo de construção dos conhecimentos. Os alunos têm pontos de referência para localizar onde estão, onde podem chegar e como farão para conseguir isso. Ao mesmo tempo, os pais e a comunidade compreendem o que se passa na escola e podem, então, colaborar e também aprender.” (Barbosa & Horn,2008, P.112). Nas instituições de educação infantil as situações de convivência demandam a organização de vários aspectos, tais como: a maneira como o educador desempenhará seu papel, organizando o ambiente, ouvindo e atendendo às crianças, oferecendo-lhes materiais, sugestões e apoio emocional, promovendo condições para interações e brincadeiras criadas pelas próprias crianças etc. Tempo de realização das atividades (duração, frequência, ocasião etc.). Espaços em que ocorrerão as atividades (sala de aula, pátio, quadra, parques etc.) e materiais disponíveis a serem usados. (Buchwitz, 2016, P. 17 e 18). https://www.somospar.com.br/qual-o-melhor-metodo-de-ensino/ 28 3.2 QUAL INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA É muito importante que os professores observem o comportamento do aluno durante a aula, verifiquem o desempenho nas atividades propostas e identifiquem quando o aluno não consegue acompanhar o ritmo do restante da turma. Também é importante que os professores, durante o processo educativo adotem uma avaliação e fiquem atentos em alguns sinais, pois muitas vezes é uma dificuldade daquele momento, por algum motivo, ou pode ser um transtorno de aprendizagem, sendo assim necessários outros encaminhamentos de apoio. Segundo Buchwitz (2016) o currículo de educação infantil tem sido motivo de muitos debates e polêmicas entre os educadores e demais profissionais da área. Por ser um assunto que deve incluir as diversas visões das crianças e das famílias, assim como as várias funções a serem desenvolvidas pelas creches e pré-escolas, os profissionais discordam quanto ao fato de a educação infantil se envolver com a questão de currículo, termo geralmente associado à ideia de disciplinas. “Projeto pedagógico é o plano de orientação das ações que serão desenvolvidas pela instituição. Pelo fato de desenvolver possibilidades e abonar aprendizagens consideradas valiosas em certo momento histórico, passa a ser uma ferramenta polit́ica. Deve ter como meta o desenvolvimento das crianças que nela serão cuidadas e educadas. Para alcançar a meta proposta, a instituição de educação infantil deve organizar seu currículo.” (Buchwitz, 2016, P. 10 e11). Sendo assim é de extrema importância uma relação positiva entre professor e aluno, tornando assim um aprendizado mais confiante, eficiente e saudável. Além disto, um bom relacionamento envolve uma boa comunicação. Para Zabalza (2007) mesmo que não seja possível desenvolver uma atenção individual permanente, é preciso manter, mesmo que seja parcialmente ou de tempos em tempos, contatos individuais com cada criança. É o momento da linguagem pessoal, de reconstruir com ela os procedimentos de ação, de orientar o seu trabalho e dar-lhe pistas novas, de apoiá-la na aquisição de habilidades ou condutas muito especif́icas, etc. Embora seja mais cômodo, do ponto de vista organizacional, trabalhar com todo o grupo de uma vez só (todos fazendo a mesma coisa), tal modalidade é contraditória a este princípio. A atenção individualizada está na base da cultura da diversidade. É justamente com um estilo de trabalho que atenda individualmente às crianças que poderão ser realizadas experiências de integração( ZABALZA, 2007, P. 51). Para Barbosa & Horn (2008): 29 “Ao professor cabe prioritariamente criar um ambiente propício em que a curiosidade, as teorias, as dúvidas e as hipóteses das crianças tenham lugar, sejam realmente escutadas, legitimadas e operacionalizadas para que se construa a aprendizagem. Pode-se complementar essa idéia com o conceito de comunidade de investigação,que é um espaço onde há descoberta e invenção por toda a parte, estimulando, assim, o pensamento renovado em todas as áreas. É preciso que a sala de aula e a escola em sua totalidade tornem-se uma comunidade de investigação, na qual as crianças possam aprender umas com as outras e dialogar não só com os professores, mas também com os textos, os materiais, as atividades, criando conhecimentos e significados com solidariedade social.” (Barbosa & Horn, 2008, P.86). Precisamos entender o que está acontecendo no trabalho pedagógico e o que a criança é capaz de fazer sem procurar continuamente classificá-la em uma estrutura predeterminada de expectativas ou normas. Ao lado disso, temos a possibilidade de observar que cada sujeito tem um percurso pessoal e que o acompanhamento das aprendizagens é a única maneira de não valorizar apenas o resultado, mas sim dar valor e visibilidade a todo o percurso construído no processo de aprendizagem. Afinal, a documentação sempre nos diz algo sobre como construímos a criança e nós mesmos como pedagogos. Por esse motivo, ela estará aberta à discussão e à mudança (Barbosa & Horn, P. 99). “Para o grupo de alunos, os projetos propiciam a criação de uma história de vida coletiva, com significados compartilhados. Eles estimulam a aprendizagem do diálogo, do debate, da argumentação, do aprender a ouvir outros, do cotejar diferentes pontos de vista, do confronto de opiniões, do negociar significados, da construção coletiva, da cooperação e da democracia.As crianças engajam-se nas próprias aprendizagens, na construção do conhecimento, no desenvolvimento de novas habilidades e no aperfeiçoamento daquelas já dominadas, no prazer de expor o seu saber, no ver e sentir as controvérsias e na construção de uma visão coletiva.” (Barbosa & Horn, P. 87) O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) é um guia de orientação que serve de base para as discussões entre profissionais de um mesmo sistema de ensino, no caso educação infantil, ou, ainda, no interior das instituições, para elaboração de projetos educativos singulares e diversos (Buchwitz, 2016). Segundo o RCNEI, os objetivos gerais da educação infantil são: 1. Desenvolver uma imagem positiva de si; 2. Descobrir e conhecer, progressivamente, seu próprio corpo; 3. Estabelecer vínculos afetivos entre adultos e crianças; 4. Estabelecer e ampliar as relações sociais; 5. Observar e explorar o ambiente com atitudes de curiosidade; 30 6. Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades; 7. Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação; e; 8. Conhecer manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação diante delas e valorizando a diversidade. (Buchwitz, 2016, P. 13). Uma avaliação consistente em relação ao desempenho da criança é fundamental. E o professor em relação ao aprendizado deve ter respeito quanto as qualidades e defeitos dos seus alunos. 3.2.1 Papel da família A escola é fundamental para o processo de aprendizagem da criança. Mas a família deve ter em mente que a escola complementa esse aprendizado. É a família que tem o papel importante na construção do caráter e da personalidade da criança. Para Estanislau e Bressan (2014) o envolvimento da família com a educação de seus filhos é um fator crucial não apenas para o sucesso acadêmico do jovem como também para seu desenvolvimento emocional e social. Portanto, demonstrar interesse por questões escolares, criar um ambiente de estímulo ao estudo e expressar expectativas positivas em relação ao desempenho educacional dos filhos são atitudes que favorecem a formação desses indivíduos como um todo. Além disso, durante o processo de desenvolvimento da personalidade e do caráter, o questionamento das figuras de autoridade é um evento esperado e adaptativo. Nesse cenário, a família e a escola devem funcionar como uma equipe (que se complementa, valoriza e dá suporte), afim de, como “forte equipe”, resistir aos enfrentamentos e manter a estrutura necessária para o crescimento do jovem. A condição mais importante para que tal envolvimento ocorra é a boa comunicação com a escola, que consiste basicamente em um diálogo harmônico pautado em respeito e colaboração (Estanislau e Bressan, 2014, P. 71 e 72). “O envolvimento dos familiares com a escola é um processo complexo e fundamental para o desenvolvimento da criança como um todo, portanto, merece bastante atenção e cuidado. A boa comunicação por si só promove saúde mental, além de favorecer soluções eficientes para situações problema que surgem. Para que ela aconteça a contento, o profissional da educação deve tomar a iniciativa e manter o enfoque nos pontos positivos envolvidos (criança, pais e escola), ao contrário das abordagens mais utilizadas com enfoque na necessidade de conserto de falhas. Além disso, 31 as estratégias de aproximação utilizadas devem ser atraentes, úteis e divertidas, com a finali- dade de se estabelecer um vínculo baseado no respeito e na colaboração.” (Estanislau e Bressan, 2014,P. 79). Como esclarece COLETTA (2018) “Assim, para que, desde seus primeiros anos de vida, as crianças superem alguns sentimentos, tais como o medo do abandono, são necessárias demonstrações que lhes transmitam o quanto são importantes e insubstituíveis (CORDEIRO, 2007). Como os ambientes que frequentarão transitam entre seus lares e suas instituições infantis, é necessária uma integração entre família e educadores. Alcântara (2000, p. 83) enfatiza qie a família é a principal modeladora da criança, sendo múltiplas as razões que a definem como fundamento de toda a estrutura comportamental da pessoa. Contudo, também não se pode afirmar que a formação das atitudes básicas seja privilégio único da instituição familiar. A contribuição dos profissionais da educação é indeclinável.” ( COLETTA, 2018, P. 129). Seguindo as mesmas fontes, segundo COLETTA (2018): “Desse modo, consideramos que educar exige atenção em palavras, gestos, atitudes e valores e todos esses elementos devem estar em sintonia para que a criança encontre a base adequada para se desenvolver e construir sua identidade e autoestima. Os adultos que se destinaram a fazer parte do desenvolvimento de uma criança devem estar conscientes de sua responsabilidade, cujas experiências partilhadas serão refletidas por toda uma vida. Deve-se oportunizar a criança a uma educação permeada por relações pautadas em respeito, diálogo e transparência, fortalecendo sua autoestima e, consequentemente,ampliando suas condições de desenvolver de modo integral, nas relações com seus pares e nos processos de ensino e aprendizagem das etapas escolares percorrida.” ( COLETTA, 2018, P. 129). Toda criança precisa de atenção e quando existe uma boa relação, tanto familiar quanto escolar, ela passa a ter um melhor desenvolvimento na aprendizagem e melhor envolvimento social com colegas e professores. Assim, é papel da escola, por meio do professor, adotar novas metodologias que ajudem o aluno com dificuldade. Percebe-se que quando a criança tem apoio e orientação dos pais para realizar as tarefas de casa a mesma sente-se estimulada e seu desenvolvimento na escola será maior e melhor do que aquelas que não têm esse apoio dos pais. 32 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio dos resultados observou-se que todos nós em algum momento da nossa vida passamos por alguma dificuldade em aprender determinado conteúdo. A escola deve compreender que crianças com dificuldade de aprendizagem não são incapazes de aprender. Para a identificação de alguma possível dificuldade de aprendizagem é fundamentalo papel do professor, que tem contato diário com a criança. Neste contato, atrelado com a rotina da escola, na realização de tarefas em grupos e outras atividades, são fundamentais para identificar queixas dos alunos que podem apontar ou não para algum tipo de dificuldade de aprendizagem. É papel da escola, por meio da figura do professor, adaptar uma metodologia de ensino para ajudar a criança, buscando uma inovação na sala de aula, integrando atividades lúdicas e adotando ferramentas tecnológicas de apoio ao ensino. Com objetivo de estimular a criança de uma forma a desafiar sua concepção sobre as próprias limitações. As dificuldades de aprendizagem podem apresentar principalmente por uma falta de motivação, ou muitas vezes a criança apresenta certa dificuldade de aprendizagem, podendo estar relacionada a outros fatores, como problemas na família, problemas de relacionamento com professores ou colegas, entre outros. É importante que ao se perceber o primeiro sinal da dificuldade de aprendizagem, pais ou responsáveis considerem que esse quadro precisa de atenção e muitas vezes de acompanhamento com profissionais de áreas específicas. E que a escola, como instituição social, e a educação de um modo geral, assuma sua responsabilidade por aquilo que lhe cabe. Este trabalho serve de parâmetro para compreendermos melhor o que são as dificuldades de aprendizagem na Educação Infantil. O conjunto entre família, escola e educadores proporciona à criança ferramentas necessárias para conseguir desenvolver seu aprendizado. É fundamental que o professor demonstre acreditar na capacidade de cada criança, procurando sempre trabalhar e ressaltar os acertos e pontos fortes de cada um. Desta forma, a criança que apresente algum tipo de dificuldade não se sinta inferior a outras crianças do seu convívio e que não apresentam dificuldades de aprendizagem. https://www.somospar.com.br/tecnologia-na-sala-de-aula-5-novidades-que-ja-estao-nas-escolas/ 33 É fundamental a participação em conjunto da família, professores e de toda a comunidade escolar. A participação da família é importante para que ela participe do processo de ensino aprendizagem e compreenda quais as dificuldades encontradas, para que possa receber o apoio necessário. Para facilitar a comunicação com os pais e responsáveis, é importante que a escola mantenha um relacionamento próximo e aberto com as famílias dos alunos. Para finalizar vejo que é papel da escola, por meio do professor, adotar novas metodologias que ajudem o aluno com dificuldades de aprendizagem. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Rosamaria Calaes de. A gestão da escola. Porto Alegre: Artmed, 2007. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. 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Acesso em 30/04/2021. https://www.somospar.com.br/dificuldade-de-aprendizagem/ 35 Site: https://kdfrases.com/frase/164082. Acesso em 05.03.2021. SMITH, C. STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: Artmed, 2001. ZABALZA, Miguel A.. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. https://kdfrases.com/frase/164082 INTRODUÇÃO 1. CAPÍTULO I 1.1 O QUE SÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL? 2 CAPÍTULO II 2.1 O QUE CAUSAM AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM? 2.1.1 Pobreza 2.1.2 Divórcio 2.1.3 Morte 2.1.4 Violência Doméstica 2.2 QUAIS OS TIPOS BÁSICOS DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 2.2.1 Dislexia 2.2.2 Disgrafia 2.2.3 Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade 2.2.4 Discalculia 2.3 COMO SÃO IDENTIFICAS AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM? 3 CAPITULO III 3.1 QUAL O PAPEL DA ESCOLA 3.2 QUAL INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA 3.2.1 Papel da família 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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