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Revisão Necessidades Energéticas Nutrição no Adulto e no Idoso Conceitos • METABOLISMO: soma total de todas as transformações químicas que ocorrem em uma célula ou organismo vivo. • ENERGIA: capacidade de realizar trabalho ou produzir mudanças na matéria. • METABOLISMO ENERGÉTICO: todas as vias utilizadas pelo organismo para obter e usar energia química oriunda do rompimento das ligações químicas presentes nos nutrientes que compõem os alimentos. Cuppari, 2008. Cuppari, 2008. Componentes do gasto energético Cuppari, 2008. Balanço Energético Como medir o Gasto Energético (GE) • CALORIMETRIA DIRETA • Método de maior acurácia (1-2% de erro) • Mede de maneira direta o calor gerado pelo organismo • Alto custo • CALORIMETRIA INDIRETA • Boa acurácia (2-5% de erro) • Estima por um aparelho o calor gerado pelo organismo a partir da mensuração do oxigênio consumido, do dióxido de carbono produzido e do nitrogênio excretado por determinado período • Normalmente usados na fisiologia do exercício ou em ambientes de pesquisa para medir o consumo de oxigênio de uma pessoa a fim de determinar a TMR ou taxa metabólica basal (TMB). Cuppari, 2014. Como medir o Gasto Energético (GE) • ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA • Utilização de uma água duplamente marcada com isótopos de hidrogênio e oxigênio. A diferença nas taxas de trocas dos dois isótopos mede a taxa de produção de Co2, a partir da qual o gasto de energia total pode ser calculado • Alto custo (isótopos e espectometria de massa) • FÓRMULAS/EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO • Estimam as necessidades de energia • Importância na prática clínica = utilizadas para prescrição de energia • Utilizam variáveis como peso, estatura, gênero e idade • Baixo custo Cuppari, 2014 Cuppari, 2008. TBM/GEB GET VET https://www.youtube.com/watch?v=S0OaMCrCiYY Estimativas das necessidades de energia FÓRMULAS/EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO 1) TMB ou GEB estimada pela equação de Harris-Benedict, 1919: Apesar de superestimar a TMB quando comparada a calorimetria indireta é a equação mais utilizada na prática clínica. Cuppari, 2008. Estimativas das necessidades de energia FÓRMULAS/EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO Para calcular o GET multiplicar pelo fator atividade: Cuppari, 2008. Estimativas das necessidades de energia - Equações - 2) TMB pela equação FAO/OMS/ONU, 2001: Para GET, multiplicar TMB pelo FA Cuppari, 2008. Estimativas das necessidades de energia FÓRMULAS/EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO 3) TMB pela equação do Comitê da Ingestão Dietética de Energia (DRI 2005): Para GET, multiplicar TMB pelo FA Cuppari, 2008. Estimativas das necessidades de energia FÓRMULAS/EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO 4) Necessidade Estimada de Energia segundo Comitê da Ingestão Dietética de Energia (DRI 2002): Cuppari, 2008. Estimativas das necessidades de energia FÓRMULAS/EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO 5)Fórmula de bolso: Passo 1 = calcular IMC Passo 2 = classificar o estado nutricional Passo 3 = multiplicar o peso atual do indivíduo pelo fator calórico Estado Nutricional Kcal/Kg de peso Sobrepeso/obesidade 20 - 25 Eutrofia 25 - 30 Baixo peso 30 – 35 Cuppari, 2008. Hipercalórica Normocalórica Hipocalórica IMPORTANTE: • Todas as fórmulas anteriores, devemos utilizar para cálculo de estimativas de necessidades de energia para indivíduos saudáveis. • Quanto o indivíduo possui alguma patologia, é preciso entender a característica do metabolismo patológico e ajustar as necessidades nutricionais de acordo com as alterações específicas. EER ajustada para sobrepeso e obesidade de adultos > 19 anos Cuppari, 2008. O gasto energético total (GET) na presença de patologia pode ser calculado com a equação a seguir: GET = GEB x FA x FI x FT Fator atividade Fator Injúria (FI) (lesão/estresse) Fator térmico (FT) Acamado = 1,2 Paciente não complicado 1,0 Sem febre 1 Acamado + móvel = 1,25 Pós-operatório de câncer 1,1 380 graus 1,1 Ambulante = 1,3 Fratura 1,2 390 graus 1.2 Sepse 1,3 400 graus 1,3 Peritonite 1,4 410 graus 1,4 Multitrauma + reabilitação 1,5 Multitrauma + sepse 1,6 Queimadura 30 a 50% 1,7 Queimadura 50 a 70% 1,8 Queimadura 70 a 90% 2,0 FONTE: Long, 1979; Wilmore, DW., 1990; Kinney, J.M., 1991 Na ausência de um método para medida da TMB, recomenda-se estimar TMB segundo Harris- Benedict Fatores para o cálculo do gasto energético diário (GET) em pacientes amputados Para pacientes amputados: 1. Para calcular o estado nutricional IMC – utilize a fórmula do peso corrigido abaixo. Caso você não consiga pesar, pode perguntar ao paciente se ele sabe o peso usual antes da amputação e utilizar o peso usual direto no cálculo do IMC. 2. Para calcular as necessidades energéticas (GET e VET) utilize o peso usual menos % amputação (conforme tabela a seguir) ou o peso atual. Cuppari, 2008. Manual de Atendimento Ambulatorial Faculdade Assis Gurgacz, 2011 Peso corpóreo corrigido = peso corpóreo atual x 100 (100% – % amputação) Fatores para o cálculo do gasto energético diário (GET) em processos de doença Para pacientes amputados: Cuppari, 2008. Manual de Atendimento Ambulatorial Faculdade Assis Gurgacz, 2011 Fatores para o cálculo do gasto energético diário (GET) em processos de doença Para para cientes edemaciados: 1. Primeiro realize a correção do peso (peso corporal deve ser corrigido subtraindo-se o edema referente). 2. Com o peso corrigido, calcule GET e VET Cuppari, 2008. Grau de edema Local atingido Total de peso a ser subtraído + Tornozelo 1,0 kg ++ Joelho 3,0 a 4,0 kg +++ Raiz da coxa 5,0 a 6,0 kg ++++ Anasarca 10,0 a 12,0 kg Fonte: Peso Real ou Peso Seco (ASPEN, 1996). Vamos exercitar? Caso 1 Karine, 47 anos, 72 kg, 1,65m de estatura, motorista de aplicativo, deseja ter uma alimentação saudável. Relata que dorme cerca de 6 horas/dia, trabalha sentada no carro cerca de 10 horas/dia e no restante do dia realiza atividades domésticas. 1. Calcule as necessidades calóricas a partir da equação de Harris Benedict 2. Calcule as necessidades calóricas a partir da equação da FAO 3. Calcule as necessidades calóricas a partir da equação das DRIs (EER) 4. Calcule as necessidades calóricas a partir da fórmula de bolso Gabarito Caso 1 Harris Benedict TMB = 655 + (9,6 x 72) + (1,7 x 165) – (4,7 x 47) TMB = 655 + 691,2 + 280,5 – 220,9 = 1405,8 Kcal x FA FAO TMB = 8,126 x 72 + 845,6 TMB = 585,072 + 845,6 = 1430,67Kcal x FA DRI – TEE 448 – (7,95 x 47) + (CAF1,0 x (11,4 x 72 + 619 x 1,65)) 448 – 373,65 + (1,0 x (820,8 + 1021,35) TEE = 448 – 373,65 + ( 1x 1842,15) = TEE = 448 – 373,65 + 1842,15 = 1916,5Kcal Gasto energético diário Peso para estado nutricional = 72/1.65² = 26,44kgm² (sobrepeso) Caso 2 João, 35 anos, sofreu acidente de carro e teve a perna direita amputada abaixo do joelho há 2 meses. Seu peso pré-amputação era de 88kg, e 1,75m de estatura. É advogado e portanto trabalha muito sentado, sendo sedentário. 1. Calcule o estado nutricional do paciente pelo IMC 2. Calcule as necessidades calóricas a partir da equação de Harris Benedict 3. Calcule as necessidades calóricas a partir da equação da FAO 4. Calcule as necessidades calóricas a partir da equação das DRIs (EER) 5. Calcule as necessidades calóricas a partir da fórmula de bolso Gabarito Caso 2 Harris TMB = 66 + (13,7 x 82,72) + (5 x 175) – (6,8 x 35) TMB = 66 + 1133,26 + 875 – 238 TMB = 1836,26 Kcal x FA FAO TMB = 11,472 x 82,72 + 873,1 TMB = 948,96 + 873,1 = 1822,06 Kcal x FA DRI – TEE TEE = 1086 – (10,1 x 35) + (CAF 1,0 x (13,7 x 82,72 + 416 x 1,75) TEE = 1086 – 353,5 + (1,0 x (1133,26 + 728) TEE = 1086 – 353,3 + 1861,26 = 2593,96 Kcal Gasto energético diário Peso para estado nutricional = 88Kg IMC= 88 / 1,752 = 28,73Kg/m2 (sobrepeso) Peso corrigido para necessidades energéticas = 88 – 6% = 82,72Kg Fatores que afetam a alimentação dos indivíduos Preferências Sabores Hábitos familiares e culturais Custo e disponibilidade Necessidades Alimentação Quanto cada pessoa necessita de um nutriente específico? Dietary Reference Intakes (Ingestão dietética de referência) DRIs (2006) https://www.youtube.com/watch?v=-8-Ok-c35fA Dietary Reference Intakes (Ingestão dietética de referência) DRIs (2006) Conjunto de valores de referência correspondentes às estimativas quantitativas da ingestão de nutrientes, estabelecidos para serem utilizadas no planejamento e avaliação das dietas de indivíduos saudáveis em um grupo, segundo seu estágio de vida e gênero. DRIs = EAR + RDA + AI + UL Amaya-Farfan J; Domene SMA; Padovani RM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 https://ods.od.nih.gov/HealthInformation/Dietary_Reference_Intakes.aspx https://doi.org/10.17226/11537 (2006) https://doi.org/10.17226/13050 (2011 - Cálcio e vit D) https://doi.org/10.17226/25353 (2019 - Sódio e Potássio) https://ods.od.nih.gov/HealthInformation/Dietary_Reference_Intakes.aspx https://doi.org/10.17226/11537 https://doi.org/10.17226/13050 https://doi.org/10.17226/25353 https://www.nal.usda.gov/legacy/fnic/dietary-reference-intakes DRIs Objetivos incluem: • Prevenção de deficiências nutricionais + doenças crônicas não-transmissíveis • Estabelecimento de limite superior de tolerância (Tolerable Upper Intake Level – UL). Aplicações incluem: • Avaliação e planejamento de dietas para grupos e indivíduos • Rotulagem de alimentos • Programas de avaliação alimentar • Desenvolvimento de novos produtos Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008; Dwyer J. Nutrition, 16(7/8):488-492, 2000; Sachs A.. 16-21p, 2001 DRIs • 4 valores de referência RDA – Recommended Dietary Allowances • Quotas Dietéticas Recomendada • A RDA é a ingestão diária de nutriente que é suficiente para atender as necessidades nutricionais de quase todos (97 a 98%) os indivíduos saudáveis de um determinado grupo de mesmo sexo e estágio de vida (estágio de vida considera idade e quando aplicável, gestação e lactação). • É a mais utilizada RDA = EAR + 2 DP EAR (desvio padrão) Amaya-Farfan J; Domene SMA; Padovani RM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 Marchiini DML; Slater B; Fisberg RM. Ver Nutr, 17(2):207-216, 2004 EAR – Estimated Average Requeriment • Necessidade Média Estimada • Valor médio da ingestão de 1 nutriente estimado para cobrir as necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária, estado fisiológico e sexo. • Serve de base para os dados de RDA Amaya-Farfan J; Domene SMA; Padovani RM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 Marchiini DML; Slater B; Fisberg RM. Ver Nutr, 17(2):207-216, 2004 AI – Adequat Intake • Ingestão Adequada • AI de um nutriente é um valor a ser usado como meta de ingestão dietética para indivíduos saudáveis. Não deve ser utilizada para avaliar as dietas de indivíduos ou grupos ou para planejar dieta de grupos. • Utilizada no lugar da RDA, quando não há evidência científica suficiente para se calcular o valor de EAR Amaya-Farfan J; Domene SMA; Padovani RM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 Marchiini DML; Slater B; Fisberg RM. Ver Nutr, 17(2):207-216, 2004 UL – Tolerable Upper Intakes Levels • Nível de Ingestão Máxima Tolerada • Se refere ao nível mais alto do consumo diário de nutrientes que não exerce riscos de efeitos adversos para quase todos os indivíduos da população geral. • Conforme o consumo ultrapassa a UL, o risco de efeito adverso também aumenta • Caracterizar o maior nível de ingestão que pode, com grande probabilidade, ser tolerado biologicamente. ↑ da prática de fortificação de alimentos e suplementos Amaya-Farfan J; Domene SMA; Padovani RM. Rev Nutr,14(1):71-78, 2001 Fiberg RM et al, Rev Bras Nutr Clin, 18(2):81-86, 2003 Murphy SP; Poos MI. Public Health Nutrition, 5(6A): 843-849, 2002 Marchiini DML; Slater B; Fisberg RM. Ver Nutr, 17(2):207-216, 2004 Vamos treinar? Com base nas DRIs responda quais são as recomendações e o limite máximo tolerável de cálcio, ferro, vitamina A e ácido fólico para: • Paciente do sexo masculino, 73 anos. • Paciente do sexo feminino, 25 anos, gestante. • Paciente do sexo feminino, 18 anos. • Paciente do sexo masculino, 3 anos. Calculadora DRIs https://www.nal.usda.gov/human-nutrition-and-food- safety/dri-calculator Avaliação do consumo alimentar R24h História Alimentar Frequência Alimentar Não existe “melhor método”, mas sim um método adequado para cada situação. Registro Alimentar Técnicas computadorizadas Recordatório de 24h • Instrumento mais empregado – indivíduos e populações • Quantificar e definir todos os alimentos e bebidas consumidos nas 24 horas precedentes‐ dia anterior • Entrevista pessoal ou telefone • Dieta atual • Detalhamento (forma de cocção, marcas, “integral”) • Porções – álbum fotográfico, réplicas Vantagens ‐ Curto tempo de administração ‐ Recordatórios seriados podem estimar a ingestão HABITUAL -Pode ser utilizado em qualquer faixa etária e em analfabetos ‐ Baixo custo Desvantagens ‐ Depende da memória do entrevistado ‐ Depende da capacidade do entrevistador em estabelecer canais de comunicação ‐ Um R24 não estima ingestão habitual ‐ Dificuldade em estimar o tamanho da porções Qual foi a primeira coisa que comeu ou bebeu no dia de ontem Desde a hora que acordou até a hora que foi dormir Desconfiar muitos períodos sem comer; Não comeu nada de doce? Beliscos? Bebida com a refeição? 1º Hora e local (a pessoa deve informar, não o entrevistador) 2º Descreve os alimentos (com detalhes de preparo) 2º Quantifica/ medida caseira Diagnóstico nutricional As etapas da avaliação nutricional para se chegar a um diagnóstico nutricional adequado são: História nutricional global (anamnese) História alimentar (avaliação do consumo alimentar) Exame físico nutricional (semiologia) Antropometria e composição corporal Exames bioquímicos Direcionam o planejamento e o monitoramento das intervenções em Nutrição
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