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a) Cite cinco fatores que influenciam na permeabilidade de um cosmético pela via transepidérmica. Região Anatômica: a espessura do estrato córneo pode variar consideravelmente dependendo da região anatômica, como por exemplo, genitálias, axilas, face, couro cabeludo e região pós-auricular. Estas regiões apresentam o estrato córneo mais fino, sendo altamente permeáveis e susceptíveis à liberação transdérmica de ativos, podendo levar a intoxicação sistêmica. Espessura da epiderme: Queratina espessa dificulta a permeação. Condiciona sobretudo a rapidez de absorção. Condições da Pele e Doenças: doenças que causam alteração da composição dos lipídeos e proteínas do estrato córneo, bem como a diferenciação anormal da epiderme, provocam mudanças na função de barreira da pele. Desta forma, produtos tópicos devem apenas ser utilizados em condições de pele íntegra e livre de patologias dermatológicas. Idade: Espessamento da capa córnea e falta de hidratação em pessoas idosas dificultam a permeação. O envelhecimento cutâneo torna a pele mais frágil e sensível, o que leva a um período mais longo para recuperação de traumas. Assim, a penetração de ativos pode ser relativamente maior em pessoas idosas. Da mesma forma, neonatos também estão sujeitos a problemas de intoxicação sistêmica, devido ao pouco desenvolvimento das barreiras cutâneas. Fluxo sanguíneo: Hiperemia facilita a permeação. Descamação: a epiderme sofre renovação completa a cada 3 semanas. Isto corresponde, entretanto, à descamação de uma camada do estrato córneo por dia. Um processo de descamação anormal pode aparecer em algumas desordens cutâneas, como psoríase e dermatite atópica, levando a um aumento ou diminuição da penetração de substâncias na pele. Hidratação: Quanto mais hidratada a pele maior a permeação. Região da pele: Região com grande número dos folículos pilosos ou mais vascularizada é mais permeável. Ph da pele: Quanto mais alcalina maior permeabilidade. Temperatura elevada: Aumenta a permeabilidade cutânea. Higienização da pele: Diminui a barreira lipídica aumentando a permeabilidade cutânea. Traumas: Pele ferida aumenta a permeabilidade. Metabolismo Cutâneo: o metabolismo pré-sistêmico encontrado na pele pode modificar a disponibilidade de ativos. A epiderme viável é um tecido bioquimicamente ativo com capacidade metabólica. De fato, diversas enzimas foram identificadas na pele, incluindo o sistema Citocromo P-450. Entretanto, a capacidade da epiderme viável em metabolizar um ativo após liberação é limitada e, com exceção de alguns ativos altamente sensíveis, o papel da biodegradação é provavelmente mínimo. Irritação Cutânea e Sensibilização: um fenômeno fisiológico da função barreira da pele é que um trauma da membrana é quase sempre seguido por uma resposta inflamatória. Se o ativo for irritante, este efeito pode ser exacerbado no local inflamado. A sensibilização é outro grande problema, o qual muitas vezes é identificado somente após testes em larga faixa da população. • Fatores Relacionados ao Ativo e à Formulação: a penetração cutânea depende ainda de 2 fatores essenciais: um relativo ao ativo e o outro à formulação. Em relação ao ativo, deve-se levar em consideração características de: hidrofilicidade, tamanho e carga da molécula, grau de ionização, coeficiente de partição óleo/água e degradação enzimática. Quanto à formulação, as características importantes são: solubilidade e concentração do ativo, composição óleo/água, pH, tamanho de partícula e presença de promotores de absorção. b) Explique como ocorre a permeação de cosméticos por cada uma das três vias de permeação: vias transepidérmica, transfolicular e transanexial. Vias de penetração da pele Via Transepidérmica: Penetração através da epiderme, inclusive, é mais lenta. A utilização da via transepidérmica dependerá da espessura da pele, da condição da hidratação e oleosidade da pele, da região de aplicação e do Ph. Através da superfície da pele e anexos cutâneos. A aplicação tópica é eficiente, pois há uma redução de riscos e a segurança da atuação do produto no local aplicado. Através da camada córnea, podendo ser: Intercelular (entre as células) e Intracelular, através das células. Pela rota intracelular, as moléculas passam através dos corneócitos, envelope de lipídeos e apêndices cutâneos, percorrendo caminhos hidro e lipofílicos, o que dificulta a penetração. Pela rota intercelular, as moléculas penetram na pele passando entre os corneócitos, de forma a percorrer um caminho tortuoso e mais longo. Os compostos polares, como a água, penetram pela via intracelular enquanto os compostos apolares, pela sua afinidade lipídica, difundem-se ao longo dos espaços intercelulares com penetração mais lenta. A via intercelular é considerada a principal via de passagem, embora muitas moléculas atravessam a camada córnea por ambas as vias. Esta camada obriga o fármaco a difundir-se através de uma matriz lipídica intercelular, mas a penetração da maioria dos compostos está dependente da lipofilia e do tamanho molecular. Via Transfolicular: É mais rápida, em relação à transepidérmica. Penetração através dos folículos pilosos (pelos) e folículos pilossebáceo (glândula sebácea), em seguida, distribui-se pelas camadas da epiderme. O pelo funciona como reservatório dos ativos. Via Transanexial: Os anéis ou anexos cutâneos intervêm ao nível da absorção de macromoléculas, representando a única via de penetração possível. Através dos anexos cutâneos, podendo ser: Transfolicular (através dos folículos pilosos) e Transudorípara (permeabilidade cutânea). Referências: BAUMANN, Leslie. Dermatologia cosmética: princípios e prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. 223 p. BORELLI, Shirlei Schnaider. As idades da pele: orientação e prevenção. 2.ed. São Paulo: SENAC, 2004. 328p. FANDOS, Luís. Alta Cosmética I. Buenos: El Autor, 2005. Oliveira, R. e Santos, D. (2011). Sistemas Transdérmicos. In: Souto, E. B. e Lopes, C. M. (Eds.). Novas Formas Farmacêuticas Para Administração de Fármacos. Universidade Fernando Pessoa. Porto, pp. 151-165 Silva, J. A. et al. (2010). Administração cutânea de fármacos: desafios e estratégias para o desenvolvimento de formulações transdérmicas. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, 31(3), pp. 125-131 SOARES, Margarida. VITORINO, Carla, SOUSA João e PAIS Alberto. Permeação cutânea: desafios e oportunidades. Centro de Estudos Farmacêuticos (CEF), 2015 Coimbra, Portugal.
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