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Técnicas de Pintura Thais Hayek1 INTRODUÇÃO Agora que já vimos os materiais tradicionais da pintura, é hora de conhecermos alguns métodos para a melhor utilização destes materiais e outros materiais que possam auxiliar na arte educação. Munido destas técnicas, esperamos que você possa trabalhar a pintura de maneira que melhor lhe condiz a criatividade. A técnica é uma operação lógica que se utiliza na realização de um trabalho planejado com finalidades objetivas e definidas. Contudo, a arte não vê a técnica como um trabalho imutável, definido e acabado. Desse modo, para o artista ou educador de arte, a técnica é um facilitador da comunicação e da realização de uma ideia, oferecendo recursos e conhecimentos. Assim, na educação de artes, o aluno deverá ter o mesmo conceito que um artista na utilização das técnicas, ou seja, deve experimentar processos novos e modificar antigos. 1 Thais Fernanda Martins Hayek. Doutora em Educação, Arte e História da Cultura (UPM), Mestra em Estética e História da Arte (USP) e Graduada em Educação Artística: Artes Plásticas. sTrechos do material composto para o Centro Universitário Claretiano, 2010. Antes de falarmos das técnicas de pintura em si, é necessário que relembremos a teoria das cores. A cor é a luz do sol branca desintegrada. Podemos comprovar esta teoria se deixarmos um raio de sol passar em um lugar escuro, colocando um prisma de cristal triangular no meio da luz, como podemos observar na Figura 1. Veremos que o raio de sol se decompõe em uma faixa de cores vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Figura 1 Luz branca decomposta em cores básicas ao atravessar um prisma. Vale destacar que, todo pintor (e educador de artes) é um pouco colorista e deve estudar as leis cromáticas, pois elas são aplicadas a todas as técnicas pictóricas. Vejamos a seguir a relação das leis cromáticas: cores primárias, secundárias e terciárias. 1) Cores primárias: são as cores fundamentais que não podem ser obtidas pela mistura com outras. São elas: o amarelo, o vermelho e o azul. No entanto, quando se trata da combinação de cores dos pigmentos, as cores primárias usadas são: ciano, magenta e amarelo. 2) Cores secundárias: são as cores obtidas pela mistura das cores primárias. São elas: vermelho (magenta e amarelo), verde (azul e amarelo) e violeta (azul e vermelho). A mistura de uma cor primária com uma secundária resulta nas chamadas cores intermediárias, são elas: amarelo-laranja, vermelho-laranja, vermelho-violeta, azul-violeta, azul-verde e amarelo-verde. 3) Cores terciárias: da misturas das cores secundárias resultam as cores terciárias. Alguns exemplos de cores terciárias são: amarelo-terciário, vermelho- terciário e azul-terciário. As cores terciárias são as mais abundantes na natureza e as mais utilizadas na pintura. A mistura das cores terciárias resulta nas cores quartenárias. Na Figura 2 podemos ver que, as três cores no triângulo são as primárias, as três cores no círculo cinza são as cores secundárias, e as de fora do círculo são as cores terciárias. Podemos ainda analisar a divisão entre cores quentes e frias. Observe. Figura 2 Cores primárias, secundárias e terciárias. AQUARELA A aquarela é a técnica de pintura na qual a tinta é o resultado de um pigmento ligado a um veículo (geralmente goma arábica) solúvel em água. A aquarela é uma das mais delicadas técnicas artísticas e está presente desde os tempos antigos até os dias atuais. Ela se apresenta de várias formas, como líquida e em tubos de aquarela, na qual a tinta tem uma consistência parecida com gel (Figura 3). Figura 3 Tipos de aquarela. Figura 4 Tipos de papel para aquarela. A aquarela requer grande atenção do artista, pois como é solúvel em água, deve-se ater a quantidade do solvente no pincel para evitar manchas onde não se deseja. Para obter bons resultados em aquarela, é necessário dedicar-se a técnica, pois cada obra que você fizer vai expressar gradualmente a sua expressão pessoal e estilo próprio. As propriedades de secagem da aquarela são quase imediatas e, devido a este fato, é uma técnica apropriada para pinturas ao ar livre, escolas e ateliês. Para pintar uma aquarela, o primeiro passo é escolher o material sobre o qual se quer pintar. O papel canson é bastante utilizado em aquarelas devido a sua textura, que absorve melhor a água. A cor do papel para aquarela também varia de acordo com o fabricante (Figura 4). A maneira de manusear o pincel também é importante, você deve segurá-lo como uma caneta ou lápis, a diferença é que, na maioria das vezes, você deve segurá-lo mais no fim de seu cabo. Um bom exercício para ter domínio da utilização do pincel é treinar a sua própria assinatura em diversos tipos de papéis. Sinta de que maneira as cerdas do pincel aderem à água e como os papéis absorvem as letras. Lembre-se também de mudar as posições de segurar o pincel, para sentir a diferença das densidades e da força gravitacional. Depois, misture algumas cores, comece rabiscando e gradualmente busque formas. A aquarela possui algumas técnicas peculiares ao seu material. Uma dessas, é conhecida por diversos nomes, tais como: lisa, plana, uniforme ou lavagem (Figura 5). Esta técnica consiste em pintar uma grande área do papel e pode ser feita de um só tom ou misturando os tons e as cores. Fonte: acervo pessoal do autor. Figura 5 Técnica de aquarela. A pintura da aquarela também difere seus resultados quando pintamos as camadas molhadas sobre molhadas e úmidas sobre secas. O método no qual se espera até a cor que se colocou por baixo secar para adicionar a outra, é conhecido como molhado-seco (Figura 6). Já o processo de sobrepor as cores ainda molhadas é conhecido como pintura molhado sobre molhado (Figura 7). O efeito visual que cada técnica obtém é bem diferente um do outro, como podemos observar nas figuras 6 e 7. Fonte: acervo pessoal do autor. Figura 6 Molhado-seco. Figura 7 Molhado sobre molhado. Outra técnica da aquarela é a do pincel seco. Esta técnica consiste em usar um pincel carregado de tinta (mas não muita água) e arrastá-lo no papel seco. Este processo cria um efeito mais nítido e da a possibilidade de trabalhar com linhas e hachuras. Na Figura 8, podemos observar uma obra de Debret pintada em aquarela. Veja como o artista se utilizada das técnicas em aquarela para centralizar a imagem dos foliões. O papel, como podemos perceber, é muito importante na construção da pintura. Ele usa do recurso da transparência para dar uma perspectiva também por meio das cores. Figura 8 O entrudo no Rio de Janeiro, 1823. Jean-Baptiste Debret (França 1768-1848). Museu da Chácara do Céu – RJ. Algumas técnicas são bastante apropriadas para o ensino em sala de aula para crianças e adolescentes. Para que você possa compreender melhor, veja, no Quadro 1, duas destas técnicas. Quadro 1 Técnicas de pintura com aquarela. Técnica 1: lavagem e desenho Peça para que os alunos escolham um tom e misturem a tinta com um pouquinho de água, treine com eles a possibilidade das pinceladas e a dosagem do solvente. Depois que a técnica de lavagem estiver pronta, peça para achem figuras nas manchas. E que usem canetinha, ou algum material similar, para desenhar estas formas. Este é um exercício importante porque também trabalha o desenvolvimento do olhar criativo nos alunos e incita a questões que podemos trabalhar em sala de aula, como a percepção da arte. Técnica 2: umedecendo o papel Este é um exercício bem simples que pode ser aplicado a crianças de 8 a 80 anos. Pegar um pedaço de papel grande e dobrar no meio, depois umedecer apenas uma das metades com uma escova ou uma esponja. Agora pedir para que eles pintem na parte seca e depois junte as duas metades.Depois repetir o processo, ao contrário, desenhando na parte úmida e depois juntar as duas partes. Peça para eles analisarem os efeitos das quatro metades. Fonte: disponível em: <http://www.buzzle.com/articles/watercolor-techniques-for-kids.html>. Acesso em: 10 de maio de 2010. Adaptado pelo autor. Como vimos, há diversas maneiras e materiais para criar aquarelas, agora, cabe a você experimentá-las. GUACHE A técnica de guache difere-se inicialmente da aquarela, porque seus pigmentos são colados com cola, e os tons mais claros são obtidos pela adição de pigmentos brancos. O guache (Figura 9) é muito diferente da aquarela em seus efeitos, no entanto é considerado como uma aquarela opaca. Ele tem as mesmas propriedades da aquarela, mas seu uso é geralmente para uma pintura mais livre e espontânea. Outra diferença entre o guache e a aquarela, é que o guache forma uma camada no papel, já a aquarela é muito mais delicada. Figura 9 Tipos de guache. As pinceladas a guache proporcionam cobertura total, e não se tornam progressivamente transparentes com o tempo, por isso seus efeitos não dependem da cor ou do fundo. Ao contrário da aquarela e da têmpera que são tintas translúcidas e delicadas e dependem de um fundo de branco puro para brilhar, que lhes dá luminosidade e um brilho intenso. O guache tem uma natureza distinta que lhe confere uma qualidade brilhante, e geralmente é usado em fortes contrastes de valores. Observe as figuras 10 e 11 feitas com tinta guache, nas quais cada artista buscou um método singular para sua execução. Figura 10 Banhista, 1911. Kazimir Malevitch. Guache sobre papel, 105 x 69 cm. Figura 11 Estrela da manhã, 1940. Juan Miró. Guache sobre papel, 38x46cm. A pintura guache comum é feita em papel de textura menos áspera do que a aquarela. É muito utilizado na criação de um efeito, e também muito usado como recurso na educação de arte. Além disso, é um material atóxico, permitindo também sua utilização com uma maior segurança entre a faixa etária escolar, do infantil ao ensino médio. As tintas guaches são feitas por meio da moagem de pigmentos utilizando o mesmo diluente que a aquarela (água), porém possui uma quantidade muito maior de aglutinante (laca ou goma arábica) em sua composição, se comparado à aquarela. Para funcionar como aquarela transparente, o guache é diluído em bastante água. Os materiais geralmente utilizados nesta técnica são: godês, pincéis, suporte e água. A preparação do material também é muito importante, e antes de iniciar o trabalho é fundamental assegura-se de que se dispõe dos materiais necessários para executar a pintura. Também é conveniente que utilize dois copos com água, um para limpar o pincel e outro para servir de diluente. A seguir, veja alguns passos importantes na preparação da tinta: 1) utilizar o godê para colocar a tinta; 2) molhar bem o pincel; 3) misturar a água e a tinta, com o pincel, mexendo até se conseguir uma consistência cremosa; 4) se necessário, molhe o pincel novamente para preparar a tinta com a consistência desejada. São muitas as vantagens da utilização do guache. Uma delas, é o fato de serem opacos, o que possibilita diversos efeitos nas pinceladas. Outra vantagem aparente é a rapidez com que esta tinta seca, muitos são os artistas que pintam ao ar livre e, por este motivo, preferem utilizá-la. A variedade de cores do guache é muito abrangente, incluindo o metálico e o pigmento florescente e, além disso, pode ser aplicado em diversas espessuras, variando de ultrafino para impasto (Figura 12). O impasto, ou empasto, é uma técnica usada na pintura na qual a tinta é aplicada numa área da superfície ou em toda a tela, em camadas muito grossas, de maneira que seja suficiente para que as marcas do pincel ou da espátula sejam bem visíveis. Apesar de ser utilizada com tinta guache e também tinta acrílica, esta técnica é mais utilizada com as tintas a óleo, e serve para vários efeitos: faz refletir a luz de um modo particular, dando o artista mais equilíbrio sobre o jogo de luz na pintura; trespassar a expressividade da pintura, sendo possível notar a força e a velocidade das pinceladas dadas pelo artista por meio desta textura; pode dar, de certa maneira, à pintura o efeito tridimensional da escultura. Fonte: acervo pessoal do autor. Figura 12 Impasto com guache. Algumas técnicas de pintura guache são bastante simples e podem ser aplicadas em sala de aula, respeitando a criatividade de cada aluno. Veja, no Quadro 2, duas destas técnicas. Quadro 2 Técnicas de pintura com tinta guache. Técnica 1: conhecendo densidades Umedecer com uma esponja o papel. Depois passar o pincel com a tinta bem diluída. Observar as manchas formadas e ir acrescentado mais tinta, só que agora sem diluir, para que os alunos conheçam as diversas consistências que o guache pode ter. Os godês podem ser feitos de potes recicláveis, proporcionando também a uma discussão sobre o meio ambiente em sala de aula. Técnica 2: guache sobre jornal Inicialmente, peça para que cada aluno escolha uma folha de jornal e análise a composição. Depois, peça para que façam um desenho sobre o jornal, aproveitando as imagens. E, por último, pintem o desenho com guache deixando espaços para que apareça parte do texto impresso, bem como as imagens. Fonte: (LEME, [s.d]). ACRÍLICA A tinta acrílica é uma tinta sintética que combina algumas das propriedades da tinta óleo e da aquarela. Ela é solúvel em água e sua secagem é muito rápida. Além disso, pode ser aplicada sobre larga variedade de superfícies, em camadas finas ou espessas. Esta tinta foi criada na década de 1940, por isso quanto a sua resistência, pode se supor que é permanente, mas só se terá a confirmação com o tempo. David Hockney e Morris Louis estão entre os primeiros artistas a experimentar a tinta acrílica. Nas figuras 12 e 13, podemos ver nitidamente a maneira distinta que os pintores utilizaram os métodos para compor suas obras. Na pintura de Morris Louis (Figura 13), o artista usou o recurso da lavada, usando como médium a água. Já na obra de David Hockney (Figura 14), ele utiliza a tinta em uma consistência mais densa para enfatizar as linhas e conseguir um tom de cor mais intenso. Figura 13 “Saf Gimmel”, 254 x 350 cm, 1959. Morris Louis. Figura 14 Retrato de Nick Wilder, 1966. David Hockney. As tintas acrílicas são extremamente versáteis e podem ser usadas diretamente do tubo, com óleos ou diluídas com água ou um meio e utilizadas como aquarelas (Figura 15). Para iniciar a pintura com tinta acrílica, devemos nos ater a algumas dicas. Como esta tinta seca rapidamente, deve-se retirar pequenas quantidades de tinta do tubo, conforme for utilizando. Se você estiver usando uma paleta, tenha em mãos um spray com água, de modo que possa pulverizar uma névoa fina sobre a pintura regularmente para mantê-la úmida. Se quiser misturar cores, também precisa trabalhar rápido e, se estiver pintando sobre suporte de papel, umedeça a folha para aumentar o tempo da tinta fresca. Figura 15 Tipos de tinta acrílica. Como toda a pintura, a técnica de tinta acrílica tem vantagens e desvantagens. As vantagens são: 1) a maioria das tintas acrílicas são atóxicas, o que possibilita seu uso em sala de aula; 2) é facilmente diluída em água, portanto não há necessidade de diluentes especiais; 3) os pincéis e espátulas são limpos com água e sabão; 4) seca rapidamente, ao contrário dos óleos que podem levar semanas ou até meses; 5) depois de seca, pode-se imediatamente colocar camadas adicionais na parte superior; 6) é possível pintar em uma ampla variedade de suportes, incluindo telas, papéis, madeira, vários tipos de cartão, grandes murais e outros; 7) as cores mudam muito pouco de seu estado de molhada para seca - ao contrário das aquarelas; 8)não tem nenhum tipo de cheiro de solvente, como há com óleos e aguarrás. Entretanto, há algumas desvantagens que são necessárias considerar na pintura com tinta acrílica, tais como: 1) por secar tão rapidamente, torna-se difícil misturar tintas, o que é possível com óleos – para pintar, por exemplo, um céu nublado ou retratos; 2) deve-se manter os pincéis úmidos quando estiver pintando e nunca deixar secar com tinta acrílica sobre as cerdas, porque isso estraga o pincel; 3) como é uma tinta de grande aderência, mancha com facilidade roupas, móveis e paredes; 4) não se deve deixar os tubos abertos, porque a tinta seca. Na hora da escolha dos pincéis, compre os apropriados para o uso desta tinta, os do tipo plano e redondo são muito indicados. A tinta acrílica pode ser escolhida em duas categorias; para alunos e para artistas. A diferença entre ambas é que o pigmento que esta na tinta para artistas é de melhor qualidade, dando a pintura uma cor mais vibrante. Quando começar a pintar com acrílico dê preferência às cores primárias e as cores neutras (branco e preto), pois elas são melhores para se visualizar os contrastes. Um bom método para exercitar a pintura acrílica é o que podemos chamar “de trás para frente”. Escolher inicialmente o que pintar, esboçar em um papel e, então, seguir os seguintes procedimentos: 1) Comece pela pintura em plano de fundo. Por exemplo, em uma paisagem pinte gramas, madeira, terra. Nesta fase, escolha cores sólidas ou texturas. 2) Preencher alguns detalhes do fundo, como árvores, ervas, céu. 3) Depois, faça as sombras de fundo (esfregue suavemente um pouco de preto na parte inferior do objeto na direção oposta da fonte de luz). 4) Junte os detalhes ao meio-termo: o fundo, as sombras e o primeiro plano. 5) Pinte o plano, ou seja, o desenho que escolheu. Conclua as sombras e não tenha medo de misturar cores. TÊMPERA Atualmente, a têmpera é aquela que emprega um médium que pode ser diluído em água, mas que uma vez seco possa ser bastante insolúvel a ponto de permitir mais camadas de pintura ou o uso de outros médiuns como o verniz e o óleo. Uma das características principais da têmpera é o seu aspecto brilhante e luminoso. Ela pode apresenta-se em diversos estados, como podemos ver na Figura 16. Figura 16 Tipos de têmpera. Apesar da têmpera ser insolúvel para novas camadas de pintura, não quer dizer que seja totalmente à prova d’água. Desse modo, é importante ter cuidado com a quantidade de água utilizada como diluente. Quando secas e finalizadas, as obras podem ser limpas com um pouco de acetona, mas sempre cuidadosamente. Os suportes utilizados para pintura a têmpera são papel, madeira, tela, entre outros. A escolha dos pigmentos que ficarão uns sob os outros não é tem tanta importância quanto na pintura a óleo, na qual a variação da absorção de óleo deve ser considerada. Porém, segundo Ralph Mayer (1996, p. 290), “[...] a regra de gradação de camadas ainda persiste, isto é, nenhuma camada deve ser menos flexível que sua camada inferior”. Já com os mediuns aquosos, uma camada não pode possuir uma quantidade de aglutinante maior que a inferior e, caso isto ocorra, a camada superior se romperá e causará o mesmo na camada inferior. A têmpera a ovo é uma tinta que pode ser feita até por crianças, por ser um processo bastante simples. Quando estiver pintando com ovo deve-se usar bastante água. Quando a quantidade de ovo estiver apropriada à quantidade de pigmento pode-se usar muito deste diluente (água). O ovo em demasia em sua composição acelera o processo de secagem e dificulta as pinceladas. As emulsões de ovo e óleo também podem ser aplicadas à tinta têmpera. A adição de óleo na têmpera a ovo altera algumas das qualidades do último, mas sem perder suas qualidades de têmpera. Além disso, torna-se mais fácil de pintar com a adição de óleo na têmpera e mais adaptável a outros efeitos. Vale ressaltar que para a utilização da técnica de impasto, esta emulsão é muito eficaz. As emulsões feitas à goma arábica produzem tintas muito boas, porém não se altera no processo de secagem e assim não são tão resistentes à água. As soluções de goma arábica se decompõem com o tempo, mas ainda sim são mais duráveis que a têmpera a ovo, quando guardadas bem fechadas. A têmpera também possibilita as emulsões de soluções de caseína com óleo e são bem fáceis de usar. Tem boas qualidades estruturais e são bastante estáveis, mas possuem uma característica de amarelar rapidamente. A têmpera da caseína é a pintura feita com a proteína do leite, tem origem também na antiguidade, ao lado das outras têmperas feitas de colas animais e vegetais. Ela pode ser usada na pintura mural, se adicionado anti-séptico (geralmente o cal). A caseína torna-se cinza, se misturada ao óleo. É muito sólida e não deve, por esta razão, ser feita em camadas grossas, pois corre o risco de craquelar. Vale ressaltar que a grande força de retração desta cola pode ser um inconveniente técnico. Deve se levar em consideração que a tempera é uma tinta barata e lavável. Ela funciona para todos os tipos de projetos para crianças, e é maravilhoso para se misturar com outros ingredientes como a cola branca para torná-la brilhante, ou com o amido para torná-la transparente, ou mesmo com água para fazer uma lavagem fina. Também é bem fácil de retirá-la dos pincéis. Vejamos a seguir algumas técnicas de pintura à têmpera. Técnica 1: a tradicional pintura de têmpera a ovo As técnicas de pintura à têmpera tradicional são baseadas em procedimentos bem elaborados. Contudo, dentro de certas limitações, a têmpera também é aplicada a métodos mais espontâneos de pintura. O procedimento habitual é baseado na técnica tradicional da gema de ovo pura, que consiste em fazer um desenho e calcá-lo em um painel preparado com fundo de gesso-cré e cola. Caso o desenho seja feito diretamente no gesso, deve-se tomar cuidado para não ficar marcas de borrado no mesmo. A pintura deve ser feita com a tinta diluída, molhando sempre o pincel em água, e com pinceladas finas e sombreadas fazer a gradação de cor. Se for aplicar a técnica de velaturas, as camadas de baixo devem ter tons claros (tons pastéis), senão aplicar cores bem intensas. Se quiser reproduzir os efeitos exatos dos antigos pintores, pesquise no tratado de Cennini instruções de como manipular os vários elementos da pintura. Podemos ver a aplicação desta técnica em uma pintura contemporânea na obra de Fred Wessel, Umbra, na qual ele emprega a tempera a ovo e folha de ouro, dando um efeito bastante parecido com as pinturas renascentistas a têmpera (Figura 17). Figura 17 Umbra. Fred Wessel, 2002. Técnica 2: técnica mista A técnica mista se dá na aplicação de velaturas com um médium oleoso sobre uma pintura de têmpera, e se segue pintando sobre a camada oleosa com têmpera aquosa, enquanto ainda está úmido. Desta técnica obtém-se um contraste vibrante de valores ópticos e texturas. Dois efeitos diferentes que se consegue pintando úmido sobre úmido são as representações de linhas finas, geralmente feitas com a ponta de um pincel fino. E o outro efeito é o de compor áreas opacas soltas e livres de cor clara, vários efeitos podem ser obtidos contrastando a têmpera opaca a transparente ou mesmo velaturas translúcidas. A têmpera espessa ou de impasto deve ser aplicada somente nas primeiras camadas. Os materiais mais populares que viabilizam melhores resultados para este tipo de pintura são a emulsão de ovo e óleo em conjunto com um medium de velatura feito com os mesmos componentes e a emulsão de goma e óleo. As camadas finas de velatura que cobrirão a pintura devem conter um pouco mais de óleo para maior flexibilidade da tinta. TINTA A ÓLEO A tinta óleo é uma das técnicas mais usadas na pintura cavalete desde o século 15 (Figura 18). Embora todas as outras sejam optadas pela vantagem queexercem sobre o óleo, está técnica continua padrão porque a maioria dos pintores acha que suas qualidades excedem seus defeitos, e que em termos de variação das qualidades ópticas ela excede as outras, como a aquarela, o guache, a têmpera e a acrílica. Houve um tempo em que a aceitação da pintura a óleo era tanta que, no que diz respeito à apreciação pública, as outras técnicas eram relegadas à condição de técnicas menores. Contudo, atualmente, com as experimentações da arte moderna e contemporânea, não há uma relação de liderança entre o óleo e as outras técnicas. As vantagens latentes da tinta a óleo são: sua grande flexibilidade, facilidade de manipulação e efeitos obtidos; a liberdade do artista para combinar efeitos transparentes e opacos, massa de tintas e velaturas na mesma pintura; o grande número de efeitos obtidos com rapidez, aplicando uma técnica simples e direta; o fato de que grandes pinturas sejam transportáveis, quando feitas em telas; as cores não se modificam muito quando secam, a cor que o artista aplica é a mesma que obterá no final de sua pintura. Os principais defeitos apresentados pela tinta a óleo são o escurecimento eventual da tinta ou o amarelecimento do óleo, e também uma possível rachadura da película, todos estes fatores são apresentados com o tempo. Porém ambos podem ser evitados, se utilizar bons materiais e manusear corretamente a técnica. A tinta a óleo consiste de partículas finamente divididas e dispersadas por igual num médium ou veículo líquido, e possui uma propriedade de formar uma película aderente quando seca. O óleo é utilizado como médium para pintura e desempenha as seguintes funções: permite que as cores sejam espalhadas, mantém os pigmentos aglutinados e os protege da ação atmosférica, depois de seco fixa bem as cores ao fundo e também tem um efeito ótico que realça a profundidade e a tonalidade do pigmento. O processo secativo é acompanhado por uma série de outras reações químicas complexas. Quando seca, a tinta torna-se um material seco, sólido que não pode retornar ao seu estado original de modo algum. Figura 18 Tinta a óleo. Atualmente, a tinta a óleo é produzida com os mesmos componentes do século 15, apenas com algumas melhorias tecnológicas dos produtos. O pigmento é misturado com o óleo e, em vez de se moer cada cor manualmente, atualmente as tintas de melhor qualidade são produzidas por meio de uma variedade de métodos de moagem. O óleo de linhaça, por exemplo, seca por oxidação, um processo químico que ocorre quando o oxigênio entra em contato com a película de óleo exposta. Resumindo, as tintas a óleo secam por meio de um processo longo, de respiração lenta. O mecanismo de secagem é iniciado quando o oxigênio se adiciona à molécula do óleo, desencadeando uma reação que transforma a estrutura essencialmente linear do óleo fluido numa estrutura endurecida. Quando devidamente aplicada, a película de óleo pode ser muito estável e permanente. Contudo, qualquer coisa que interfira com o processo de secagem ou de polimerização produzirá uma película com menor capacidade para suportar os estragos do tempo. Alguns cuidados devem ser tomados na hora de utilizar esta técnica: • Tenha cuidado para não adicionar muito solvente à mistura de cor. O solvente em excesso enfraquece a estrutura química, impedindo as ligações e a formação da película estrutural. • Não utilize terebentina antiga ou oxidada. Para manter a terebentina fresca e utilizável, guarde-a sempre em frascos cheios e em local escuro. A terebentina oxidada deixa um resíduo pegajoso que pode impedir a secagem da tinta. Outro aspecto importante no processo de pintura da tinta a óleo é sobre a segurança e a limpeza dos materiais. A tinta a óleo não deve ser utilizada para ensinar crianças, devido sua toxidade. Esta técnica é mais utilizada em escolas de artes e ateliês (para adolescentes a partir de 15 anos e adultos). Vale ressalta que, quando se trabalha com materiais para belas-artes, especialmente com a tinta a óleo, devem ser adotados bons hábitos de trabalho, tais como: 1) assegure-se de que existe bastante ventilação e circulação do ar; 2) guarde todos os materiais, particularmente os solventes, bem fechados, quando não estiver sendo utilizados; 3) não exponha os materiais para pintura a chamas ou a fontes de calor excessivo; 4) não coma, beba ou fume enquanto estiver trabalhando devido ao risco de ingestão; 5) evite o contato excessivo dos materiais com a pele, e particularmente dos solventes; 6) não aplique a tinta diretamente com os dedos, utilize um creme protetor, ou luvas cirúrgicas quando quiser pintar com as mãos; 7) quando utilizar pigmento em pó, utilize uma máscara e trabalhe com uma ventilação adequada para evitar inalação de partículas transportadas pelo ar (recomenda-se a utilização de um sistema de extração de ar com saída para o exterior); 8) não coloque mais solvente do que o que necessita para a sessão de pintura porque este se evapora no ar da sala; 9) se cair tinta ou solvente nos olhos ou na pele, lave com água abundante. Além disso, ao término da pintura, elimine todos os panos ensopados com solvente ou tinta, limpe a paleta e lave as mãos com água. Nunca utilize solventes restantes para tirar a tinta das mãos e sim um detergente específico para isso. Tipos de óleos e óleos secativos Assim como são exigidos padrões rigorosos na seleção dos pigmentos que satisfaçam da melhor forma as necessidades do artista, o mesmo acontece com os aglutinantes. O aglutinante tem três funções. Em primeiro lugar, transportar e cobrir o pigmento, pois para que o pigmento funcione de modo eficaz, deve estar envolvido de modo seguro. Isto significa que o pigmento deve estar uniformemente dispersado e suspenso. Em segundo lugar, para transmitir características de trabalho. O aglutinante transporta a cor pela superfície e permite que o pintor trabalhe a cor de modo consistente. E, por último, assegura que a cor fixe na superfície com o máximo de estabilidade. Para que você possa compreender melhor, vejamos no Quadro 3 uma lista de aglutinantes utilizados para tinta a óleo e suas especificidades: Quadro 3 Tipos de óleo utilizados. Óleo de linhaça Derivado da planta do linho, o óleo de linhaça é um óleo vegetal que origina uma película de tinta estável e resistente. O óleo de linhaça ainda pode ser utilizado cru ou refinado. É utilizado para diluir a tinta quando está muito espessa, e também é um ótimo secante (dois a três dias). Quando o mesmo é aquecido entre 274ºC e 302ºC, durante algumas horas, obtém-se o óleo polimerizado. Este óleo é ideal para se conseguir uma fusão entre as cores e criar superfícies lisas, vítreas e brilhantes, nas quais não aparecem as marcas das pinceladas. Óleo de cártamo (açafrão) Devido à sua cor mais pálida, o óleo de cártamo é utilizado para a moagem de pigmentos brancos. Este óleo seca mais lentamente, mas pode ser misturado de modo seguro com o óleo de linhaça. É o mais moderno dos óleos utilizados em pintura artística. Não amarelece com o tempo, sendo, portanto ideal na pintura com cores azuis e brancas. O óleo de cártamo é o único que pode ser utilizado em grande quantidade, misturado à tinta para se criar o efeito aquarelado. Óleo de papoula e de nozes São óleos extraídos das sementes de papoula e de nozes. Os pigmentos brancos moídos com o óleo de papoula adquirem uma aparência um pouco mais clara e brilhante que com o uso do óleo de linhaça. Este óleo tem uma secagem muito lenta e não tem a mesma resistência que o óleo de linhaça, além de ter uma qualidade inferior no conjunto de suas propriedades. Já o óleo de nozes seca mais rápido que o óleo de papoula, deve ser usado em pouca quantidade para se aumentar o brilho das cores, pela sua leveza e fluidez e é ideal para a pintura de detalhes e miniaturas. Óleo miscívelcom água Para utilização como diluente para os óleos miscíveis com água, os óleos de linhaça e de cártamo foram quimicamente modificados para aceitar a água como dissolvente. Com essa exceção ao óleo modificado, funcionam como um óleo convencional, aceitando a água como agente diluente do mesmo modo que o óleo de linhaça aceita a aguarrás (mineral), formando então uma película estável por meio da oxidação. Óleos de secagem e de semi-secagem São óleos vegetais utilizados para fazer a cor, nomeadamente o de linhaça, o de papoula e o de cártamo. Diferentes métodos de processamento dão origem a óleos com ritmos de secagem, consistências e cores diferentes. Os óleos de secagem são muitas vezes utilizados para alterar a consistência e a secagem da cor de um modo muito semelhante ao dos óleos que misturamos na tinta. Óleo de linhaça prensado a frio Pode ser adicionado à tinta para diminuir a consistência, melhorar a fluidez e aumentar o brilho e a transparência. Óleo de linhaça fervido Melhora o fluxo e o nivelamento da cor. É adequado para velaturas e para pormenores, é resistente ao amarelecimento e aumenta a durabilidade da película. Além disso, torna mais lenta a secagem e é o melhor óleo a escolher como medium aditivo. Óleo de linhaça branqueador Acelera a secagem, melhora a fluidez e, devido à sua tonalidade esbatida, é particularmente adequado para utilização com cores claras. Óleo de linhaça secativo Possui a taxa de secagem mais rápida de todos os óleos de secagem e aumenta o brilho. Óleo de papoula secativo Acelera a secagem, é resistente ao amarelecimento e é adequado para utilização com cores claras. Fonte: (MAYER, 1996). Vernizes Os vernizes são essenciais para a proteção das pinturas a óleo finalizadas, e se inserem em duas categorias básicas: de retoque e de acabamento. O verniz de retoque pode ser utilizado como verniz temporário e para dar uma camada de proteção temporária a pinturas a óleo recentemente concluídas. Deve deixar-se secar as pinturas o máximo de tempo possível (um mês no mínimo) antes de aplicar o verniz de retoque. Este verniz não precisa ser removido antes de ser aplicado um verniz de acabamento. As pinturas que tenham tido aplicação de verniz de retoque necessitam de um período de secagem apropriado antes da aplicação do verniz de acabamento ou final (pelo menos seis meses para películas de tinta menos espessas). O verniz de acabamento ideal deve ser claro e resistente ao amarelecimento, proporcionar proteção contra sujeira e poeira, dar uma luminosidade uniforme à superfície da pintura e ser facilmente removível se a pintura precisar de reparação, restauração ou remoção de verniz sujo. Deve deixar-se secar completamente uma pintura a óleo antes de aplicar um verniz de acabamento. Se as pinturas forem envernizadas muito cedo, alguns problemas podem ocorrer: o verniz torna-se pegajoso e não seca; o verniz pode afundar na película de tinta e tornar a cor sensível ao solvente; e qualquer tentativa de limpar no futuro pode muito provavelmente remover a própria tinta. Para saber se a pintura está pronta para passar o verniz, aplique uma pequena quantidade de aguarrás num pano limpo e esfregue com cuidado um canto da superfície pintada com esse pano. Se não se soltar cor, a pintura está pronta. Se continuar a soltar cor após um período de secagem apropriado, isso pode significar que o óleo se afundou devido a uma base demasiado absorvente, ou ao fato de a cor ter sido excessivamente afinada com solvente. A pintura deve então ser “oleada” e deixada secar. Os vernizes podem ser aplicados com pincel ou com um aerossol. Para um acabamento satisfatório da superfície e para minimizar a exposição a quaisquer solventes da mistura, não é recomendável a aplicação de verniz à mão com um pano. Preparação das superfícies A preparação das superfícies é muito importante porque confere a estabilidade à pintura. A característica em comum entre todos os tipos de superfícies é que elas permitem a integridade essencial da película de tinta, e que esta seja mantida por várias gerações. Uma vez que o óleo se torna progressivamente mais frágil com o passar do tempo, elas impõem um mínimo de flexibilidade ou de choque à película. Para uma aderência de longo prazo, apresentam um nível moderado de enrugamento ou textura, bem como uma dose adequada de absorvência. Muita absorção provoca afundamentos e a separação entre o óleo e o pigmento, enquanto pouca significa que a película pode soltar e rachar. As telas compradas já prontas vem com diversos acabamentos, mas o mais comum é a tinta PVA, uma tinta arenosa que tende a craquelar com o tempo. O ideal para a preparação da superfície é a utilização de uma mistura de resina acrílica transparente com algum impermeabilizante, em partes iguais. Esta mistura evita a formação de fungos e mofos. Deve-se passar esta mistura na tela em três demãos, sempre esperando secar uma para passar a outra e, após este processo, passar uma lixa para deixar a superfície lisa. Ainda pode-se obter um acabamento mais sofisticado com a utilização do gesso acrílico depois da primeira demão da mistura mencionada anteriormente, aplicando-o em duas demãos e depois lixando novamente e a tela estará pronta para uso. Pintando a óleo A norma de aplicação correta dos materiais de pintura a óleo tradicional são as mesmas em todos os casos, apesar de existir uma infinidade de técnicas, combinações e escolas artísticas. O exemplo mais simples de pintura a óleo é a aplicação de duas ou três camadas de tinta. A superfície deve estar livre de umidade, e deve-se tomar cuidado para que a umidade não penetre por trás da tela. O grau de absorvência da superfície deve ser uniforme. Em um sistema de pintura a óleo com três camadas, a primeira deve ser mais texturizada, a segunda um pouco mais fina e a terceira deve ser a mais fina de todas. O emprego de essência de terebentina ou familiares como diluentes é uma parte necessária do processo de pintura a óleo. Vale ressaltar que o emprego do diluente se restringe à manipulação da tinta a óleo. Regras de pintura tradicional Algumas regras de pintura a óleo facilitam na hora da utilização das técnicas. Vejamos a seguir cada uma delas. Base Base é a primeira camada de tinta composta por óleo de cártamo espalhada sobre a tela. Devido à sua cor esbatida, o óleo de cártamo é utilizado na formulação da maioria dos brancos. No entanto, os brancos de óleo de cártamo não são recomendados para serem usados como base. Quando as tintas a óleo secam, a película de tinta passa por inúmeras alterações dimensionais, aumentando e diminuindo em peso à medida que ocorrem várias reações químicas. Os óleos de semi-secagem, tais como o óleo de cártamo e de papoula, sofrem alterações dimensionais mais significativas do que o óleo de linhaça. Apesar de um branco misturado com óleo de cártamo ser perfeitamente apropriado para uso em aplicações normais e em misturas, não é adequado para utilização como base. Assim, para bases é recomendado o “Branco de Primeira Camada”, pigmento de titânio moído em óleo de linhaça, e o “Branco Base”, um pigmento de chumbo igualmente moído em óleo de linhaça. Gordo sobre magro Este é o princípio mais frequentemente repetido quando nos referimos ao feito da película de tinta a óleo. Consiste em colocar uma camada flexível sobre outra menos flexível, porque quando camadas gradualmente mais flexíveis são colocadas umas sobre as outras, a película de tinta final terá a maior elasticidade possível, e tornar-se-á mais resistente. Espesso sobre fino As camadas mais espessas (grossas) de tinta a óleo aplicam- se com mais facilidade sobre camadas inferiores finas. Ou seja, devem ser alternadas camadas de tintas e suas devidas espessuras. Ritmos de secagem Os diferentes ritmos de secagem das tintas a óleo devem- se às diferentesreações de cada pigmento quando dispersos em óleo. Alguns pigmentos servem de catalisadores químicos, que aceleram o processo de secagem. Outros afetam pouco o processo, enquanto outros ainda atrasam-no. As camadas inferiores que demoram mais tempo a secar podem provocar a quebra de quaisquer camadas posteriores de secagem mais rápida. Normalmente, a única exigência é evitar as camadas espessas e contínuas de cores de secagem lenta nas camadas inferiores de uma pintura. Técnicas de pintura a óleo Existem diversas técnicas de pintura a óleo. Veja a seguir algumas delas para que você possa começar a criar seu próprio estilo pictórico. Mistura de cores O objetivo da mistura de cores é criar o maior número de opções a partir do número mínimo de cores. Utilize as três cores primárias e a partir delas obtenha diversas cores. Todos os pigmentos utilizados na formulação das gamas devem ser selecionados para criar um espectro equilibrado, permitindo que misture as cores desejadas de forma eficaz. Úmido sobre úmido Este método já foi mencionado na utilização da aquarela, trata-se do processo de adicionar tinta fresca às camadas já existentes e ainda úmidas. Esta técnica pode ser utilizada para conferir proximidade e interesse à imagem. Pode igualmente ser utilizada como uma técnica de mistura de cores e pode ser conseguida com a cor em praticamente qualquer estado de viscosidade, de espessa e rígida a fluida. Velatura É a construção de camadas de tintas transparentes ou semitransparentes sobre camadas inferiores secas. O efeito é de grande profundidade e cria uma atmosfera de espaço. É uma técnica demorada, também utilizada em outras tintas, mas os seus efeitos em óleo são inigualáveis, se comparados com outros meios. Um bom exemplo de velatura a óleo, esta na obra de Edward Hopper (Figura 19). Veja como ele trabalha o branco e suas tonalidades sobrepostas, e também se atente a transparência no vestido da moça. Figura 19 Verão, Edward Hopper, 1962. Empastamento É a técnica que consiste em aplicar a tinta espessa que retém as marcas do pincel e da espátula, como elemento central da pintura. Uma superfície de empastamento pode ser dinâmica e poderosa. Para um empastamento espesso, construa a textura em várias camadas, e permita que cada camada seque antes de aplicar uma outra. Um exemplo desta técnica está na obra de Van Gogh (Figura 20). Observe. Figura 20 Doze girassóis numa jarra, Vincent Van Gogh, 1888. Raspagem É a técnica que consiste em raspar uma película de tinta úmida, normalmente com o cabo de um pincel ou uma espátula. É um efeito expressivo e igualmente eficaz para a definição de contornos. Esbatimento Esta técnica consiste em passar com um pincel rígido, uma película fina de tinta opaca ou semi-opaca livremente sobre a pintura, permitindo que a cor da camada inferior apareça. Oleamento Consiste na aplicação do óleo em uma pintura que perdeu óleo para a camada inferior. Inicialmente, deverá ser limpo qualquer resíduo da obra. Deixar a pintura secar durante um ou dois dias. Se continuarem a existir pequenas áreas sem brilho, é necessário repetir o processo até que a pintura tenha recuperado uma luminosidade uniforme. O motivo mais comum para os afundamentos é a utilização de uma base demasiado absorvente. O afundamento pode também ocorrer como consequência do esbatimento excessivo da cor com dissolvente. Afrescos Com uma preparação adequada, as tintas a óleo podem ser uma escolha excelente para afrescos. Exceto se a parede for nova, a superfície deve ser raspada até ao estuque (espécie de argamassa feita geralmente com pó de mármore, cal fino, gesso e areia) e não deve estar empoeirada, quebradiça ou úmida. Se ela for nova, o estuque deve ser calibrado e, em seguida, preparado com gesso acrílico. Depois de concluída a pintura, deve deixar-se secar durante um período adequado (pelo menos seis meses para os óleos tradicionais) e, em seguida, protegê-la com um verniz de pintura removível. A tinta a óleo de secagem rápida é adequada como tinta a óleo para aplicações murais. A obra A criação de Adão de Michelangelo é um bom exemplo desta técnica (Figura 21). Figura 21 A criação de Adão, Michelangelo Buonarroti, 1511. Capela Sistina (Roma). Gravura A barra de tinta a óleo para artistas revelou-se particularmente popular junto dos impressores de gravura. Ela pode ser utilizada diretamente numa placa de vidro, com ou sem médio, para transferência direta para o papel (PYLE; PEARCE, 2002). CONSIDERAÇÕES A partir das técnicas mencionadas nesta unidade você poderá começar a fazer suas próprias experimentações artísticas e também aprimorar seus métodos de ensino em sala de aula. Lembre-se de que, quanto mais você pintar, mais se familiarizará com os materiais e métodos, desta maneira pintará mais livre e espontaneamente e, quando tiver domínio das técnicas e tintas, tente experimentar misturá-las. E–REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 - Luz branca decomposta em cores básicas ao atravessar um prisma: disponível em: <http://www.physics.uiowa.edu/~umallik/adventure/phys- optics/lightwave.html>. Acesso em: 16 de janeiro de 2012. 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