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Unidade II A NBR-18 e o gerenciamento de riscos Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria GISELLY SANTOS MENDES AUTORIA Giselly Santos Mendes Olá. Sou mestra em Qualidade Ambiental, tecnóloga em Polímeros e administradora, com experiência de mais de 12 anos na área de Processos Gerenciais. Atualmente, atuo como docente de nível técnico e tecnológico em instituições de ensino privado. Sou apaixonada pelo que faço e adoro compartilhar minha experiência de vida e profissional àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Escopo da NR-18 na área de vivência................................................. 10 Escopo da Norma Regulamentadora n° 18 .................................................................. 10 Norma Regulamentadora n° 18 – Áreas de vivência ............................................. 13 Programa de gerenciamento de riscos .............................................20 Introdução ao gerenciamento de riscos ....................................................................... 20 Norma Regulamentadora n° 18 – Programa de Gerenciamento de Risco..........................................................................................................................................................22 Programa de Gerenciamento de Riscos – Aspectos práticos ........................26 Segurança nas etapas da obra ..............................................................30 Demolição............................................................................................................................................ 30 Escavação, fundação e desmonte de rochas ............................................................32 Carpintaria e armação ................................................................................................................. 40 Estrutura de concreto .................................................................................................................. 41 Estruturas metálicas ......................................................................................................................42 Trabalho a quente ...........................................................................................................................42 Serviços de impermeabilização ...........................................................................................44 Telhados e coberturas .................................................................................................................45 Serviços em flutuantes .............................................................................46 Aspectos de segurança em flutuantes .......................................................................... 46 Disposições gerais da NR-18 ................................................................................................. 50 7 UNIDADE 02 Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 8 INTRODUÇÃO A Segurança do Trabalho na Construção Civil (NR-18) compreende o estudo da Segurança do Trabalho relativo à introdução ao setor da construção civil e à Segurança do Trabalho na construção civil, bem como a análise das condições e do meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Esse estudo possibilita a aplicação de um conjunto de conhecimentos relativos a condições e ao meio ambiente de trabalho na indústria da construção, necessários ao desempenho satisfatório da profissão. Nesta Unidade serão apresentados os fundamentos da Norma Regulamentadora NR-18 em relação ao escopo, às áreas de vivência, ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), à segurança nas etapas de uma obra civil e aos serviços em flutuantes. Será neste vasto universo que você irá mergulhar! Nós acreditamos em você e desejamos sucesso em seus objetivos e formação! Avante! Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – A NR-18 e o gerenciamento de riscos. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender o escopo e a aplicação da NR-18 na área de vivência. 2. Aplicar as técnicas de gerenciamento de riscos na construção civil. 3. Identificar as especificidades da NR-18 nas etapas de uma obra civil. 4. Compreender a sinalização, a capacitação e os serviços em flutuantes na construção civil. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Avante! Bons Estudos! Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 10 Escopo da nr-18 na área de vivência OBJETIVO: Neste capítulo, você entenderá o escopo e a aplicação da NR-18 na área de vivência. E então? Motivado a desenvolver esta competência? Foco e bons estudos! Escopo da Norma Regulamentadora n° 18 INTRODUÇÃO: Caro estudante, seja bem-vindo. Iniciaremos o estudo da Norma Regulamentadora n° 18. Esta é relativa à saúde e à Segurança do Trabalho no setor da construção civil, e discute as condições e o meio ambiente de trabalho neste segmento. Preparado? Desejamos a você uma boa leitura e um bom aproveitamento de seus estudos. A construção civil é a área responsável por englobar a elaboração de obras dos mais variados portes e funções. É caracterizada como a atividade econômica responsável pela construção, instalação e reparação, conforme as normativas existentes. Além disso, é geradora de muitos postos de trabalho e, junto a estes, assume um dos maiores índices de acidentes de trabalho no mundo. A saúde e a segurança do trabalhador é uma exigência para toda e qualquer atividade profissional, recebendo atenção especial na área da construção civil, devido às suas condições de trabalho. Logo, é relevante compreender as especificidades da NR-18. Figura 1 – Construção do estádio Arena das Dunas Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 11 Fonte : Wikimedia Commons. Atualmente, existem 37 normas regulamentadoras (NR), que versam sobre saúde e segurança no trabalho nas mais variadas áreas. Estas, conforme seus escopos, pontuam procedimentos, programas e capacitações, voltados à observância e ao atendimento da integridade e da saúde de colaboradores. No momento da construção deste material, devido à extinção do Ministério do Trabalho em 1° de janeiro de 2019, as referidas normas, assim como demais atribuições desse extinto ministério, passaram a incorporar a agenda da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), pertencente ao Ministérioda Economia. NOTA: Dentro do arcabouço de normas regulamentadoras, a que se dedica à indústria da construção civil é a n° 18, logo, é relevante ao profissional da área, com destaque àquele que cuidará da saúde e da segurança nas obras, conhecer todas as especificidades desta normativa. Caro estudante, aqui, conjuntamente a esta NR, é necessária a observância de outras normas, tais como: 1, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 12, 23, 24, 33 e 35, bem como a legislação específica do empreendimento e da localidade O exposto encontra respaldo na Norma Regulamentadora n° 1, que assevera a necessidade de atender às recomendações de outras normativas: “a observância das NRs não desobriga as empresas do Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 12 cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios, e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho” (BRASIL, 2009, p. 1). Conforme a Portaria SEPRT n° 3.733, de 10 de fevereiro de 2020, a Norma Regulamentadora n° 18 tem como objetivo “[...] estabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que visam à implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção” (BRASIL, 2020, on-line). Figura 2 – Canteiro de obras Fonte : Wikimedia Commons. Esta normativa também prevê o campo de aplicação às atividades da indústria da construção constantes da seção “F” do Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e às atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral e de manutenção de obras de urbanização. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 13 RESUMINDO: O escopo da NR-18 prevê a organização e a administração de medidas preventivas de segurança, bem como observa as condições do ambiente de trabalho em locais, processos e atividades da indústria da construção civil. As responsabilidades desta normativa são previstas no item 18.3. Neste, constam as seguintes recomendações (BRASIL, 2020): a) Veto de ingresso ou permanência de trabalhadores no canteiro de obras, sem que estes estejam resguardados pelas medidas de segurança da norma. b) Necessidade de comunicação do ingresso e permanência via Comunicação Prévia de Obras em sistema informatizado da SIT, antes do início das atividades, de acordo com a legislação vigente. EXPLICANDO MELHOR: Canteiro de obra, conforme a Norma Regulamentadora n° 1, no item 1.6, é definido como a área do trabalho fixa e temporária, em que são desenvolvidas operações de apoio e execução de uma obra (BRASIL, 2009). Norma Regulamentadora n° 18 – Áreas de vivência A área de vivência é abordada no item 18.5 da NR-18. Nele, destaca- se que a área de vivência deve ser projetada de forma a oferecer condições mínimas de segurança, conforto e privacidade, bem como a necessidade de mantê-la conservada com higiene e limpeza. As instalações sanitárias, os vestiários, o local para refeição e os alojamentos, quando houver, são considerados espaços de vivência por esta normativa (BRASIL, 2020). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 14 Figura 3 – Refeitório Fonte : Wikimedia Commons. Logo, os requisitos da área de vivência atuam como instrumentos para a observação, adequação e manutenção de espaços destinados ao bem- estar do trabalhador da construção civil, com espaços adequados e seguros para refeições, higiene pessoal, descanso e lazer (BRASIL, 2020; FELIX, 2011). Na área de vivência, conforme a normativa, deve ser disponibilizado e estruturado um local para a realização da refeição do trabalhador, observadas as mínimas condições de conforto, higiene e proteção contra as intempéries (BRASIL, 2020). O local dever ser equipado e mobiliado de forma a atender às necessidades de preparo e consumo de refeições (FELIX, 2011). NOTA: O atendimento ao disposto acima também poderá ocorrer via convênio formal com estabelecimentos próximos ao canteiro, desde que observadas as condições de segurança, higiene e conforto do trabalhador. Cumpre destacar que se a organização optar por esta modalidade, deverá providenciar o transporte dos trabalhadores até o referido local, quando o caso assim necessitar (BRASIL, 2020). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 15 É muito importante destacar que as instalações de uma área de vivência, no que for pertinente, devem observar as orientações previstas na NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. A instalação sanitária compreende o local destinado ao asseio corporal e/ou ao atendimento das necessidades fisiológicas de excreção dos indivíduos. Assim, conforme medidas previstas em normativas, as instalações sanitárias em canteiros de obra devem conter: lavatório, bacia sanitária sifonada, assento com tampo e mictório, na proporção de 1 para cada 20 trabalhadores ou fração, e chuveiro, na proporção de 1 para cada de 10 trabalhadores ou fração (BRASIL, 2020). Ainda sobre as instalações sanitárias destaca-se que os lavatórios e mictórios podem ser individuais ou coletivos, bem como os vasos sanitários devem ocupar no mínimo, 1m² de área ocupada (FELIX, 2011). Figura 4 – Instalação de mictório Figura : Wikimedia Commons. De forma complementar aos requisitos desta normativa, cita- se Felix (2011), que, ao organizar estudos relativos sobre engenharia de Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 16 Segurança do Trabalho na indústria da construção, pontuou as seguintes recomendações sobre instalações sanitárias: • São espaços que requerem conservação e manutenção constante de higienização, logo, devem ser constituídos de materiais que permitam tal ação. • Devem ter portas de acesso que inviabilizem o devassamento, bem como mantenham o devido resguardo. Além disso, dever ter instalações independentes para homens e mulheres, quando necessário. • Sua localização deve ser distante de área de refeição. • Estrutura ventilada, iluminada, com instalações elétricas protegidas, e pé-direito de, no mínimo, 2,50 metros. Ainda, é obrigatório, quando o caso necessitar, a instalação de alojamento, no canteiro de obras ou fora dele, que contemple as seguintes instalações anexas: cozinha, quando houver preparo de refeições; local para refeição; instalação sanitária; lavanderia; e área de lazer, podendo ser utilizado o local de refeição (BRASIL, 2020). NOTA: Alojamentos localizados em canteiros de obras devem ter estrutura adequada (paredes, piso, cobertura, espaço para circulação e instalação elétrica); ventilação; iluminação (artificial ou natural); mobília (cama e armários); área mínima de 3 m² por módulo; pé-direito mínimo entre 2,50 metros a 3,00 metros; e fornecimento de água potável, filtrada e fresca (bebedouros ou equivalente) (FELIX, 2011). Outros aspectos, conforme a referida normativa devem ser observados em áreas de vivência, tais como (BRASIL, 2020; FELIX, 2011): • O deslocamento do colaborador (a contar de seu posto de trabalho) não pode exceder 150 metros até a instalação sanitária mais próxima. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 17 • O fornecimento obrigatório de água potável, filtrada e fresca no canteiro de obras, nas frentes de trabalho e nos alojamentos, por meio de bebedouro ou forma equivalente, na proporção de 1 unidade para cada 25 colaboradores ou fração, sendo vedada a oferta e o uso de copos coletivos. • Assim, como nas instalações sanitárias, o deslocamento do colaborador (a contar de seu posto de trabalho) não pode exceder 100 metros no plano horizontal, ou 15 metros no plano vertical, até a fonte de fornecimento de água potável (bebedouro ou equivalente) mais próxima. NOTA: Na impossibilidade de instalação de bebedouro ou dispositivo equivalente,dentro dos limites acima referidos, deve-se assegurar o suprimento de água potável, filtrada e fresca em recipientes portáteis herméticos. • Nas frentes de trabalho devem ser disponibilizadas instalações sanitárias, compostas de bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e lavatório para cada 20 trabalhadores ou fração. É possível utilizar banheiro com tratamento químico com mecanismo de descarga ou de isolamento dos dejetos, com respiro, ventilação e higienização diária. EXPLICANDO MELHOR: A frente de trabalho, conforme a Norma Regulamentadora n° 1 , é definida como toda a área de trabalho móvel e temporária, em que são desenvolvidas operações de apoio e execução de uma obra (BRASIL, 2009). • Junto ao alojamento, também pode existir, conforme necessidade, um vestiário destinado aos trabalhadores. O espaço é destinado a salvaguardar objetos pessoais (roupas e itens de higiene pessoal, bem como os equipamentos de proteção individual – EPIs). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 18 Figura 5 – Vestiário Fonte : Wikimedia Commons. Os vestiários servem àqueles colaboradores que não utilizam o alojamento, ou seja, apenas necessitam de um espaço para a troca de vestimentas e a guarda de pertences durante sua jornada de trabalho. Os vestiários devem ter estrutura adequada, bem como ser coberta. Por estrutura adequada entende-se ventilação, iluminação, mobília de uso individual e coletivo (FELIX, 2011). • É possível a utilização de contêineres, como estruturas móveis de área de vivência, desde que o pé-direito tenha, pelo menos, 2,40 metros, além de ser arejado e climatizado. As organizações atuantes na construção civil devem zelar pelo bem- estar e a saúde de seus colaboradores, atuando sobre as áreas de vivência, atendendo à legislação e às normas técnicas pertinentes. Vale lembrar, caro aluno, que operar dentro da conformidade contribui à redução de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e riscos ambientais, bem Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 19 como na redução de prejuízos derivados da baixa produtividade e ações trabalhistas. RESUMINDO: Está gostando da leitura? Espero que sim! Neste capítulo, aprendemos que a Norma Regulamentadora n° 18 visa oferecer condições adequadas de trabalho aos colaboradores no ambiente da construção civil. Além disso, vimos que a área de vivência em canteiros de obras é o primeiro item entre as medidas previstas nesta norma. As áreas de vivência estão distribuídas em instalações sanitárias, vestiários, local para refeição e alojamentos, quando houver. Com a NR-18, o ambiente deve oferecer qualidade de estadia, de forma a contribuir com a saúde do colaborador e, consequentemente, ao resultado da construção. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 20 Programa de gerenciamento de riscos OBJETIVO: Neste capítulo, você entenderá a aplicação das técnicas de gerenciamento de risco na construção civil, bem como a relevância em pensar a sua gestão. E então? Motivado a desenvolver esta competência? Foco e bons estudos! Introdução ao gerenciamento de risco INTRODUÇÃO: Caro estudante, seja bem-vindo. Iremos dar sequência ao estudo da Norma Regulamentadora n° 18, com destaque ao PGR. Este item é responsável por tratar a identificação e a condução de ações devidas sobre os riscos ocupacionais em canteiros de obras. Preparado? Desejamos a você uma boa leitura e um bom aproveitamento de seus estudos. Com a nova redação da Norma Regulamentadora n° 18, em 11 de fevereiro de 2020, foi publicada a Portaria SEPRT n° 3.733/2020. Nesta reformulação, houve a exclusão do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT) e do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), criando apenas o PGR, cuja estrutura é praticamente a mesma do PCMAT e do PPRA, porém exige a aplicação da NR-1. Cada vez mais as empresas do setor da construção buscam identificar, ainda na fase de planejamento, todos os riscos relacionados ao empreendimento, bem como levantar e avaliar quais medidas serão necessárias à sua resolução com o mínimo de impacto sobre o projeto inicial (FELIX, 2011; PEINADO, 2019). Entre os riscos relacionados, constam os riscos ocupacionais, cujo gerenciamento de risco é previsto no item 18.4 na Norma Regulamentadora n° 18. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 21 Figura 6 – Construção civil Fonte : Wikimedia Commons. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 22 VOCÊ SABIA? Você sabia que o documento de referência mundial em gestão de riscos é a Norma ISO 31000, e que o objetivo desta é estabelecer princípios e orientações genéricas sobre gestão de riscos? Essa norma torna possível o gerenciamento de riscos em qualquer organização, independentemente do tamanho ou segmento. Contudo, antes de iniciar o seu estudo no PGR, o que de acha de alinhar seu atual conhecimento sobre riscos? Pode-se pontuar o risco como todo aspecto de incerteza, capaz de afetar o alcance de um objetivo. Analisar riscos compreende a mensuração (qualitativa ou quantitativa) dos riscos existentes em uma determinada instalação, empregando técnicas específicas para a identificação de possíveis cenários de acidentes. Logo, o gerenciamento de risco busca reduzir as incertezas nas mais variadas fases de uma obra (FELIX, 2011; PEINADO, 2019; PORTELA, 2013; VAREJÃO, 2015). A gestão de riscos na construção civil, além de antever situações-problema, auxilia no processo de tomada de decisão de gestores frente a desvios necessários, sem, contudo, comprometer o projeto, uma vez que estes podem gerar atrasos na elevação de custos. O gerenciamento de risco na construção civil atua na identificação de ameaças que possam gerar danos ou prejuízos às organizações (PORTELA, 2013). Assim, investir no gerenciamento de risco na construção civil, além da obrigatoriedade devida, constitui uma forma de garantir retorno para as organizações do segmento, além de permitir a satisfação de colaboradores e clientes. Norma Regulamentadora n° 18 – Programa de Gerenciamento de Riscos Conforme medidas previstas na NR-18, é obrigatória a elaboração e a implementação do PGR em canteiros de obras, que deve contemplar os riscos ocupacionais e suas respectivas medidas de prevenção, ou seja, Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 23 o PGR é obrigatório para todo tipo de obra, com qualquer número de colaboradores (BRASIL, 2020). Assim, é importante destacar que o PGR deve prever o desenvolvimento de cada etapa de uma obra, antecipando, nesta previsão, os riscos e as medidas necessárias à sua mitigação ou eliminação. VOCÊ SABIA? Você sabia que as empresas contratadas devem fornecer ao contratante o inventário de riscos ocupacionais específicos de suas atividades, uma vez que o risco ocupacional ao qual terceiros estão expostos também deve ser contemplado no PGR do canteiro de obras? NOTA: Em canteiros de obras com até 7 metros de altura e com, no máximo, 10 colaboradores, o PGR pode ser elaborado por profissional qualificado em Segurança do Trabalho e implementado sob responsabilidade da organização. Atenção: a normativa considera “qualificado” e “habilitado” termos distintos. É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico para sua atividade em instituição reconhecida pelo sistema oficial de ensino. Já o profissional legalmente habilitado é o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe. A estrutura de um PGR deve atender às exigências previstas na NR- 1, bem como observar e conter os seguintes documentos: a. Projeto da área de vivência do canteiro de obras e eventual frente de trabalho, em conformidade com o item que trata sobre o tema na referida normativa. Este projeto deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado. b. Projeto elétrico das instalaçõestemporárias, elaborado por profissional legalmente habilitado. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 24 c. Projeto de sistema de proteção coletiva, elaborado por profissional legalmente habilitado. EXPLICANDO MELHOR: Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são utilizados quando há risco de queda ou de projeção de materiais. Os EPCs, comumente utilizados em canteiros de obra, podem compreender: sistema de guarda-corpo e rodapés, plataformas de proteção (ou bandejas principal, secundárias e terciárias), sistema limitador de queda em altura (SLQA), tela fachadeira, fechamento provisório resistente, linha de vida e pontos de ancoragem (PEINADO, 2019). d. Projeto de Sistema de Proteção Individual Contra Quedas (SPIQ), quando aplicável, elaborado por profissional legalmente habilitado. e. Apresentar a relação dos EPIs e suas respectivas especificações técnicas. Todo EPI indicado deve atender aos riscos ocupacionais existentes. Nesses projetos, deverão constar detalhamentos, esquemas, especificação dos materiais e outras informações que venham a contribuir para a sua implantação em canteiro de obras (PEINADO, 2019). IMPORTANTE: O PGR deve ser atualizado conforme a etapa de execução na qual se encontra o canteiro de obras. Assim, compreende um documento em constante análise e atualização. Além disso, as frentes de trabalho devem ser consideradas na elaboração e implementação do programa As organizações, registradas no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), com responsável técnico legalmente habilitado em Segurança do Trabalho, podem adotar, se assim desejarem, soluções alternativas às medidas de proteção coletiva, por meio da adoção de técnicas de trabalho, equipamentos, tecnologias ou outros dispositivos, desde que observadas as seguintes premissas (BRASIL, 2020): Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 25 a. Propiciem avanço tecnológico em segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. b. Objetivem a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. c. Garantam a realização das tarefas e atividades de modo seguro e saudável. NOTA: Toda a documentação relativa à adoção de soluções alternativas deve integrar o PGR do canteiro de obras. Esta deve, obrigatoriamente, apresentar memórias de cálculos, especificações técnicas e procedimentos de trabalho Cumpre destacar que, quando adotadas as soluções alternativas às medidas de proteção coletiva, estas devem constar em procedimentos de Segurança do Trabalho, que apresentar os seguintes aspectos: a. Os riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores estarão expostos. b. A descrição dos equipamentos e das medidas de proteção coletiva a serem implementadas. c. A identificação e a indicação dos EPI a serem utilizados. d. A descrição de uso e a indicação de procedimentos quanto aos EPCs e EPIs, conforme as etapas das tarefas a serem realizadas. e. A descrição das medidas de prevenção a serem observadas durante a execução dos serviços, entre outras medidas a serem previstas e prescritas por profissional legalmente habilitado em Segurança do Trabalho. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 26 NOTA: As tarefas que envolvem soluções alternativas somente poderão ser iniciadas com autorização especial, precedida de análise de risco e permissão de trabalho, que contemple os treinamentos, os procedimentos operacionais, os materiais, as ferramentas e outros dispositivos necessários à execução segura da tarefa. Programa de Gerenciamento de Riscos – Aspectos práticos Caro aluno, esta seção apresentará alguns aspectos práticos que podem lhe auxiliar na elaboração de um PGR. Outra questão relevante é destacar que, embora existam estruturas- modelo que auxiliam o profissional na elaboração do PGR, não há um único “caminho” para a elaboração deste programa, pois sua complexidade e abrangência irão acompanhar a dimensão e os riscos ocupacionais existentes em cada fase de uma obra. Antes de iniciar a proposta de seu PGR, lembre-se de analisar todo o local de trabalho (seja o canteiro de obra e a frente de trabalho); realizar levantamento de quais serão as atividades a serem realizadas (seja por contratados ou terceirizados); realizar levantamento de quais materiais, equipamentos e ferramentas serão manuseados; e determinar as ameaças (riscos) presentes (FELIX, 2011; VAREJÃO, 2015). Ao determinar os riscos presentes, deve-se avaliá-los e classificá- los conforme cores e grupos previstos em normativa específica. Essa classificação em grupos e cores é padrão, ou seja, designa a mesma caracterização de riscos em qualquer tipo de organização, seja uma fábrica ou canteiro de obra. A seguir são representados os riscos e a caracterização de seus grupos, de acordo com Varejão (2015). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 27 Figura 7 – Legenda de cores representativa de riscos Risco físico Risco químico Risco biológico Risco ergonômico Acidentes Fonte : Wikimedia Commons. Em que: Grupo I (verde) – risco físico: compreendem aspectos aos quais os colaboradores estarão expostos (seja de forma contínua ou intermitente), tais como ruídos, umidade, pressão e temperatura, por exemplo. Grupo II (vermelho) – risco químico: compreendem atividades que envolvam agentes que possam ser inalados pelo colaborador, tais como partículas suspensas, poeiras, névoas e vapores. Grupo III (marrom) – risco biológico: compreendem atividades que envolvam ou propiciem a exposição do colaborador a bactérias, fungos, parasitas e outros. Grupo IV (amarelo) – risco ergonômico: constitui qualquer situação que possa causar desconforto ao colaborador, bem como levar ao desenvolvimento de doenças ocupacionais. Grupo V (azul) – risco de acidente: constitui qualquer fator que possa afetar a integridade física do colaborador, como atividades que envolvam o uso de máquinas e equipamentos sem a devida proteção ou normalização, por exemplo, bem como atividades realizadas em ambientes que ofereçam condições inseguras. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 28 Uma vez determinadas as ameaças de seu espaço de trabalho, é interessante avaliar a necessidade do uso de EPCs e EPIs. Tanto a NR-6 quanto a NR-18, de forma a evitá-las, estabelecem a exigência da conscientização e do fornecimento a todos os colaboradores que exerçam atividade que apresente algum risco à sua integridade. É importante lembrar que os EPIs devem ser usados como medida de proteção quando não for possível eliminar o risco, com a proteção coletiva; for necessária complementação da proteção coletiva com a proteção individual; na realização de trabalhos eventuais e de exposição curta (FELIX, 2011). Figura 8 – EPI com proteção de crânio, rosto e auditiva Fonte: Wikimedia Commons. Ao eleger um EPI, recomenda-se a observância dos seguintes aspectos: a tipologia dos riscos que a atividade oferece; as condições de trabalho as quais o colaborador estará exposto; as partes do corpo a serem protegidas; a definição de que funções (cargos) utilizarão os EPIs indicados; e orientação e conscientização de uso. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 29 RESUMINDO: Está gostando da leitura? Espero que sim! Neste capítulo, aprendemos que a Norma Regulamentadora n° 18, em sua nova redação, estabeleceu o PGR. Frente a tal cenário, a indústria da construção civil necessita realizar o gerenciamento de seus riscos, de forma a oferecer segurança aos colaboradores, bem como ao negócio principal. Além disso, vimos que um PGR deve conter: projeto da área de vivência, projeto elétrico das instalações temporárias, projeto de sistema de proteção coletiva e projeto de SPIQ, quando aplicável, além de apresentar a relação dosEPIs e suas respectivas especificações técnicas Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 30 Segurança nas etapas da obra OBJETIVO: Neste capítulo, você identificará as especificidades da NR-18 nas etapas de uma obra civil. E então? Motivado a desenvolver esta competência? Foco e bons estudos! INTRODUÇÃO: Caro estudante, seja bem-vindo. Iremos dar sequência ao estudo da Norma Regulamentadora n° 18, com destaque à segurança nas etapas da obra civil. Este item é responsável por tratar as ações de segurança necessárias nas diferentes etapas de um canteiro de obra. Preparado? Desejamos a você uma boa leitura e um bom aproveitamento de seus estudos. O canteiro de obras é propício a apresentar agentes de riscos, que podem estar presentes em máquinas, equipamentos, materiais e atividades em geral, independentemente do tamanho e tipo da obra ou do número de trabalhadores no local (FERREIRA, 2017). Logo, justifica-se o estudo das etapas de uma obra civil, bem como de suas especificidades. São etapas da obra, conforme item 18.7 da NR-18: demolição; escavação, fundação e desmonte de rochas; carpintaria e armação; estrutura de concreto; estruturas metálicas; trabalho a quente; serviços de impermeabilização; e telhados e coberturas (BRASIL, 2020). Demolição A demolição compreende o ato de destruir, de forma medida e calculada, alguma construção para dar espaço à outra construção. O ato de demolir é uma das atividades mais comuns na construção civil. Existem diversos meios e técnicas para realizar a demolição de uma estrutura, entre elas, a demolição mecânica, a demolição por meio do uso de explosivos e a demolição manual (PEREIRA, 2014). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 31 Figura 9 – Demolição da varanda de um edifício Fonte: Wikimedia Commons. A execução de serviços de demolição é complexa, por isso é importante tratar a segurança nesta etapa, uma vez que ações não planejadas podem prejudicar a estabilidade do conjunto em demolição, bem como comprometer a segurança de uma equipe (FELIX, 2011). Conforme previsto na nova redação da NR-18, na etapa de demolição, deve ser elaborado e implementado um plano de demolição, sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado. Esse plano deve contemplar todos os riscos ocupacionais potencialmente existentes nas etapas desta fase, bem como apresentar as medidas preventivas a serem observadas quanto à segurança e à saúde do colaborador (BRASIL, 2020). Todo plano de demolição deve considerar os seguintes aspectos: a. Linhas de fornecimento de energia elétrica, água, líquidos inflamáveis e gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, canalizações de esgoto e de escoamento de água e outros. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 32 b. Construções vizinhas à obra, no que tange à sua estrutura, integridade e estabilidade. c. Procedimentos para a remoção de materiais e entulhos. d. Avaliação prévia das aberturas existentes no piso. e. Existência de áreas para a circulação de emergência. f. Local adequado para a disposição dos materiais retirados. g. Medidas de contenção de propagação e controle de poeira. h. Demarcação e sinalização de trânsito de veículos e pessoas. Antes de iniciar qualquer modalidade de demolição, as linhas de abastecimento de energia elétrica, água e gás, bem como as canalizações de esgoto e escoamento de água, deverão ser retiradas e protegidas, respeitando normas e determinações existentes (FELIX, 2011). Além dos aspectos acima mencionados, devem ser observados itens como: uso de proteção coletiva e individual; remoção de vidros, ripados, estuques e outros elementos frágeis; remoção de objetos pesados ou volumosos com emprego de dispositivos mecânicos; e proibição da permanência de pessoas que possam ter sua estabilidade comprometida no processo de demolição (FELIX, 2011). Escavação, fundação e desmonte de rochas A etapa de serviço de escavação, fundação e desmonte de rochas deve ser realizada e supervisionada conforme projeto elaborado por profissional legalmente habilitado. A seguir são apresentados aspectos de observância e atuação profissional, conforme prerrogativas da NR-18. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 33 NOTA: Toda área em que forem realizadas as atividades de escavação, fundação e desmonte de rochas, quando apresentar riscos, deve ter a adequada sinalização de advertência (visível em número e tamanho), inclusive noturna. Além disso, deve dispor de barreiras de isolamento em todo o seu perímetro. Tais ações são fundamentais de forma a impedir a entrada de veículos e pessoas não autorizadas. Em escavações, os escoramentos utilizados como medidas de prevenção devem ser inspecionados diariamente. Todo projeto de escavação deve considerar previamente as características do solo, as cargas que estarão atuantes e os riscos existentes, assim como as medidas de preventivas demandadas. Em escavações de encostas, devem-se tomar as devidas precauções de forma a evitar escorregamentos ou movimentos de grandes proporções. Antes de ser iniciada uma obra de escavação ou fundação, o responsável técnico deve informar-se sobre a existência de galerias, canalizações e cabos, na área a ser trabalhada, bem como estudar e avaliar os riscos de impregnação do subsolo por emanação de produtos nocivos, insalubres e/ou perigosos, ou seja, é relevante que o profissional conheça previamente a área quanto à sua constituição geológica e especificidades (FELIX, 2011). VOCÊ SABIA? Você sabia que as etapas de escavação com profundidade superior a 1,25 metros somente podem ser iniciadas com a liberação e a autorização de profissional legalmente habilitado? Esta ação deve atender ao disposto em normas técnicas nacionais vigentes. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 34 Figura 10 – Exemplo de escavação Fonte: Wikimedia Commons. NOTA: O talude da escavação, quando indicado no projeto, deve ser protegido contra os efeitos da erosão interna e superficial durante a execução da obra. Assim, a sinalização nas etapas de uma obra é muito importante. Na escavação, as bordas devem ter uma faixa de proteção de, no mínimo, 1 metro, livre de cargas, bem como proteção contra a entrada de águas superficiais na cava da escavação. Atenção: essas proteções devem sofrer constantes manutenções. Quanto à profundidade das escavações, seguem as recomendações conforme NR-18: aquelas com profundidade superior a 1,25 metros devem ser protegidas com taludes ou escoramentos definidos em projeto elaborado por profissional legalmente habilitado. Estas também devem dispor de escadas ou rampas colocadas próximas aos postos de Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 35 trabalho, de forma a permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos colaboradores (BRASIL, 2020). Para escavações com profundidade igual ou inferior a 1,25 metros, deve-se avaliar no local da escavação a existência de riscos ocupacionais e, se necessário, adotar as devidas medidas de prevenção (BRASIL, 2020). Figura 11 – Escavação com espaço para trânsito de veículos e pessoas Fonte: Wikimedia Commons. VOCÊ SABIA? Você sabia que assim como a demolição, a escavação, quando próxima de edificações, deve ser monitorada e seu resultado documentado? Além disso, quando existirem, próximos da escavação, cabos elétricos, tubulações de água, esgoto, gás e outros, devem ser tomadas medidas preventivas de modo a eliminar o risco de acidentes durante a execução da escavação (BRASIL, 2020). Quando necessário o trânsito de pessoas sobre as escavações, devem ser projetadas passarelas em conformidade com o item 18.8 desta Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 36 norma regulamentadora. Também, o tráfego próximo às escavações deve ser desviado, ou, na sua impossibilidade, devem ser adotadas medidas para redução de velocidade (BRASIL, 2020). Fundaçõesou alicerces são elementos com a finalidade de transmitir as cargas de uma edificação para as camadas resistentes do solo, sem provocar ruptura do terreno. A escolha do tipo de fundação acompanha a função da intensidade da carga e da profundidade da camada resistente do solo. As fundações são classificadas em superficiais (rasas ou diretas) e profundas (PEREIRA, 2013). Figura 12 – Fundação rasa de uma casa em comparação às fundações profundas de um edifício Fonte: Wikimedia Commons. Na fundação superficial, a carga é transmitida ao terreno pelas pressões distribuídas sob a base da fundação. Além disso, compreendem pequenas escavações no solo, não sendo necessário o uso de equipamentos de grande porte para sua execução. Fazem parte das fundações superficiais as sapatas (isoladas, associadas, corridas e vigas de fundação), os blocos e os radiers (PEREIRA, 2013). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 37 As fundações profundas transmitem a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas. As fundações profundas representativas, geralmente, são de grandes projetos, que necessitam transmitir maiores cargas ao terreno. Além disso, são indicadas em aplicações de camadas superficiais do solo pobres ou fracas. Esse tipo de fundação compreende os tubulões, as estacas e os caixões (PEREIRA, 2013). A NR-18 proíbe o uso de tubulão escavado manualmente com profundidade superior a 15 metros. Ainda, segundo a normativa, o tubulão escavado manualmente deve ser encamisado em toda a sua extensão; executado após sondagem ou estudo geotécnico local, para profundidade superior a 3 metros; e ter diâmetro mínimo de 0,9 metros. A escavação manual de tubulão somente pode ser executada nos casos em que haja estabilidade no solo, sem risco de desmoronamento, e que seja possível o controle de água em seu interior, além de ser precedida da elaboração de um plano de resgate e remoção. NOTA: No tubulão escavado manualmente é proibido o trabalho simultâneo em bases alargadas em tubulões adjacentes e a abertura simultânea de bases tangentes, bem como a execução de fundação por meio de tubulão de ar comprimido, isto é, com pressão hiperbárica. A NR-18 destaca que todo o colaborador envolvido na atividade de escavação manual de tubulão deve ter, obrigatoriamente, a capacitação na NR-33 e na NR-35, bem como estar com os exames médicos atualizados em conformidade com a NR-7, e ter toda sua atividade registrada por profissional legalmente habilitado (BRASIL, 2020). No processo de escavação manual de tubulão, quanto ao equipamento de descida e içamento de colaboradores e materiais utilizados, este deve: a. Dispor de sistema de sarilho, projetado por profissional legalmente habilitado, fixado no terreno, fabricado em material resistente e Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 38 com rodapé de 0,2 metros em sua base, dimensionado conforme a carga e apoiado com, no mínimo, 0,5 metros de afastamento em relação à borda do tubulão. b. Ser dotado de sistema de segurança com travamento. c. Ter dupla trava de segurança no sarilho, sendo uma de cada lado. d. Ter corda de cabo de fibra sintética. e. Utilizar corda de sustentação do balde com comprimento de modo que haja, em qualquer posição de trabalho, no mínimo, 6 voltas sobre o tambor. f. Ter gancho com trava de segurança na extremidade da corda do balde. Assim, como o processo de escavação manual demanda critérios específicos, a operação dos equipamentos de descida e içamento de colaboradores e materiais, também devem atender a determinados aspectos, como: a. Liberação do serviço a cada etapa (abertura de fuste e alargamento de base), devidamente registrada em livro de registro diário de escavação. b. Dispor de sistema de ventilação por insuflação de ar por duto, captado em local isento de fontes de poluição, ou, em caso contrário, adotar processo de filtragem do ar. c. Depositar materiais longe da borda do tubulão, com distância determinada pelo estudo geotécnico. d. Ter cobertura quando o serviço for executado a céu aberto. e. Providenciar isolamento, sinalização e fechamento de poços nos intervalos e no término da jornada de trabalho. f. Impedir o trânsito de veículos nos locais de trabalho. g. Paralisar imediatamente as atividades de escavação no início de chuvas quando o serviço for executado a céu aberto. h. Utilizar iluminação blindada e à prova de explosão. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 39 No desmonte de rochas, o armazenamento, manuseio e transporte de explosivos, deverá sempre obedecer às recomendações de segurança do fabricante, bem como observar os métodos estabelecidos pelo órgão competente. Figura 13 – Preparação do explosivo C-4 militar para detonação Fonte: Wikimedia Commons. Em operações de desmonte de rocha a fogo, aquelas que utilizam explosivos, é obrigatória a elaboração de um plano de fogo para cada detonação, por profissional legalmente habilitado. Esse plano deve considerar os riscos ocupacionais e as medidas preventivas adequadas à segurança e à saúde dos colaboradores (BRASIL, 2020). VOCÊ SABIA? Você sabia que em operações de desmonte de rocha a fogo há a necessidade de existir um bláster responsável pelo armazenamento/preparação de cargas e carregamento de minas. Ele é responsável pela ordem de fogo, a detonação e a retirada/destinação dos explosivos que não explodiram. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 40 Figura 14 – Exemplo de bate-estaca Fonte: Wikipedia Commons. Em caso de utilização de bate-estacas, os cabos de sustentação do pilão, em qualquer posição de trabalho, devem ter o comprimento mínimo em torno do tambor definido pelo fabricante ou profissional legalmente habilitado, que está envolvido na operação da etapa. Quando o bate-estacas não estiver em operação, o pilão deve permanecer em repouso sobre o solo ou no fim da guia do seu curso. Carpintaria e armação As áreas de carpintaria, corte, dobragem e armação de vergalhões de aço devem ter piso resistente, nivelado e antiderrapante; cobertura contra intempéries e queda de materiais; e lâmpadas para iluminação, bem como antever procedimentos de coleta e remoção de resíduos, sendo isoladas contra circulação de pessoas não autorizadas. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 41 NOTA: Os procedimentos desta etapa da obra devem prever o desenvolvimento de atividades de deslocamento, sempre visando que o material escorregue, tombe ou desmorone. Estrutura de concreto Em etapas de estruturas de concreto, o projeto das formas e dos escoramentos deve ter a indicação da sequência de retirada das escoras; indicar o isolamento e a sinalização quando na montagem ou desforma; apresentar medidas preventivas quanto à queda livre das peças; e ser elaborado por profissional legalmente habilitado (BRASIL, 2020). Figura 15 – Armadura de aço em uma peça de concreto Fonte: Wikimedia Commons. Ainda, conforme a normativa NR-18, a operação de concretagem deve ser supervisionada por colaborador capacitado, que deve observar as seguintes medidas em sua atividade (BRASIL, 2020): Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 42 a. Inspecionar equipamentos e sistemas de alimentação de energia antes e durante a execução dos serviços. b. Inspecionar as peças e as máquinas do sistema transportador de concreto antes e durante a execução dos serviços. c. Inspecionar o escoramento e a resistência das formas antes e durante da execução dos serviços. d. Isolar e sinalizar o local em que é executada a concretagem, permitido o acesso somente à equipe envolvida. e. Dotar as caçambas transportadoras de concreto de dispositivos de segurança que impeçam o seu descarregamento acidental. Estruturas metálicas Toda montagem, manutenção e desmontagem de etapa de estruturametálica deve estar sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado, bem como constar no respectivo PGR da obra. É importante destacar que nesta etapa, devido às suas especificidades, é obrigatório fornecer ao colaborador recipiente e/ou suporte para o depósito de materiais e/ou ferramentas, necessárias à execução. Trabalho a quente DEFINIÇÃO: Conforme a NR-18, o trabalho a quente compreende as atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou outras, que possam gerar fontes de ignição, tais como aquecimento, centelha ou chama (BRASIL, 2020). Toda atividade de trabalho a quente deve ter a análise de risco específico, com destaque àquelas que envolvam materiais combustíveis ou inflamáveis no entorno; ou forem realizadas em área sem prévio isolamento e não destinada para este fim (BRASIL, 2020). O local e as adjacências em que o trabalho a quente será realizado deve sofrer inspeção preliminar e observar: limpeza e isenção de agentes Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 43 combustíveis, inflamáveis, tóxicos e contaminantes, por meio de medidas preventivas. Além disso, devem ser imediatamente liberados, quando da constatação de ausência de atividades incompatíveis com a atividade (BRASIL, 2020). Figura 16 – Soldagem de arco elétrico Fonte: Wikimedia Commons. VOCÊ SABIA? Você sabia que, quando necessário, nesta etapa, pode existir um colaborador que exerça a função de observador das atividades? Será a função de acompanhar toda a atividade até sua conclusão. Este colaborador deve ter capacitação em prevenção e combate a incêndio. Compreendem medidas de prevenção contra incêndio: a eliminação ou o controle de possíveis riscos de incêndios; instalação de proteção contra o fogo, respingos, calor, fagulhas ou borras, de modo a evitar o contato com materiais combustíveis ou inflamáveis; manutenção de sistema de combate a incêndio desobstruído e próximo à área de trabalho; e inspeção do local e as áreas adjacentes, quando do término da atividade, a fim de evitar princípios de incêndio. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 44 IMPORTANTE: Em trabalhos a quente que utilizarem gases, devem ser adotadas as seguintes medidas: uso de gases adequados à aplicação, atendendo às instruções do fabricante previstas em Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ); uso de reguladores de pressão e manômetros calibrados e em conformidade com o gás empregado; uso de acendedores que produzam somente centelhas; e proteção contra o contato de oxigênio sob alta pressão com matérias orgânicas, tais como óleos e graxas. Serviços de impermeabilização Os serviços de aquecimento, transporte e aplicação de impermeabilizante em edificações, conforme a NR-18, devem atender às normas técnicas nacionais vigentes (BRASIL, 2020). Cumpre destacar que o reservatório para aquecimento deve observar os seguintes aspectos: identificação do fabricante ou importador (nome e CNPJ), disponibilidade de manual técnico de operação, tampa com respiradouro de segurança e medidor de temperatura. Assim como o reservatório de aquecimento, o local de instalação deste deve atender a aspectos como ventilação natural ou forçada, nivelamento adequado e isolamento e sinalização de advertência, bem como ser mantido limpo e organizado. NOTA: Sistemas de aquecimento a gás devem atender aos seguintes requisitos: cilindros de gás devem ter capacidade de, no mínimo, 8 kg; ser instalados a, no mínimo, 3 metros do equipamento de aquecimento; aqueles com capacidade igual ou superior a 45 kg devem estar sobre rodas. Em serviços de impermeabilização, é vetado o uso de aquecimento à lenha, e o movimento de equipamento de aquecimento com a tampa destravada. Todo colaborador envolvido nesta etapa deve ter capacitação adequada. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 45 Telhados e coberturas Em etapas que envolvam serviço em telhados e coberturas que excedam 2 metros de altura com risco de queda de pessoas, aplica-se o disposto na Norma Regulamentadora NR-35. É vetada a realização de trabalho/atividades em telhados ou coberturas que estejam: sobre superfícies instáveis ou que não tenham resistência estrutural; sobre superfícies escorregadias; sob chuva, ventos fortes ou condições climáticas adversas; sobre fornos ou qualquer outro equipamento do qual haja emanação de gases provenientes de processos industriais; sujeito à concentração de cargas em um mesmo ponto sobre telhado ou cobertura, exceto se autorizada por profissional legalmente habilitado. RESUMINDO: Caro estudante, você chegou ao fim de mais um Capítulo desta unidade. Como estão seus estudos e leituras? Neste Capítulo, avançamos no estudo da Norma Regulamentadora NR-18, com destaque à segurança nas etapas da obra civil. Compreendeu-se que item “Segurança nas etapas da obra civil” na norma é responsável por tratar as ações de segurança necessárias nas diferentes etapas de um canteiro de obra. Logo, justifica-se o estudo das etapas de uma obra civil, bem como de suas especificidades. Além disso, constatou-se que são etapas da obra, conforme item 18.7 da NR-18: demolição; escavação, fundação e desmonte de rochas; carpintaria e armação; estrutura de concreto; estruturas metálicas; trabalho a quente; serviços de impermeabilização; e telhados e coberturas (BRASIL, 2020). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 46 Serviços em flutuantes OBJETIVO: Neste capítulo, você compreenderá a sinalização, a capacitação e os serviços em flutuantes. E então? Motivado a desenvolver esta competência? Foco e bons estudos! INTRODUÇÃO: Caro estudante, seja bem-vindo. Iremos dar sequência ao estudo da Norma Regulamentadora n° 18, com destaque aos serviços realizados em flutuantes. Este item é responsável por tratar as ações de segurança necessárias em atividades que ocorram em plataformas flutuantes. Preparado? Desejamos a você uma boa leitura e um bom aproveitamento de seus estudos. Aspectos de segurança em flutuantes Com a nova redação da Norma Regulamentadora n° 18, foi publicada a Portaria SEPRT n° 3.733/2020. Nesta reformulação, ficaram 13 itens que reportam o atendimento às normas de autoridades marítimas, NORMAM-02/ DPC, de 2005, mantendo as principais exigências e simplificando itens. Figura 17 – Plataforma de apoio utilizada na construção da ponte rodoferroviária Rubinéia/ SP até Aparecida do Taboado/MS Fonte: Wikimedia Commons. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 47 VOCÊ SABIA? Você sabia que a NORMAM-02/DPC estabelece normas da autoridade marítima para embarcações destinadas à navegação interior? Além disso, é aplicável a todas as embarcações de bandeira brasileira destinadas à navegação interior, com exceção de embarcações empregadas na atividade de esporte e/ou recreio, e sob as embarcações da Marinha do Brasil. Embarcação constitui qualquer construção, inclusive as plataformas flutuantes e, quando rebocadas, as fixas, sujeita à inscrição na autoridade marítima e suscetível de se locomover na água, por meios próprios ou não, transportando pessoas ou cargas. As embarcações são classificadas quanto ao tipo de navegação, à atividade ou ao serviço em que serão empregadas. Assim, plataforma flutuante compreende o tipo de embarcação sem propulsão própria utilizada para emprego diverso (BRASIL, 2005). Para a realização de serviços em flutuantes, as plataformas flutuantes devem estar regularmente inscritas na Capitania dos Portos e, portar os seguintes documentos: Título de Inscrição de Embarcação (TIE) ou Provisão de Registro de Propriedade Marítima (PRPM) originais, e Certificado de Segurança de Navegação (CSN) válido (BRASIL, 2020). NOTA: Além dessa documentação, em plataformas flutuantes, deve existir uma placa, em lugar visível e em língua portuguesa, indicativa da quantidade máxima de pessoas e da carga máxima permitida a ser transportadaspela plataforma. A NORMAM-02/DPC recomenda que a periferia da plataforma flutuante deve ter guarda-corpo de proteção contra quedas de colaboradores (balaustrada), bem como iluminação de segurança estanque às condições climáticas, quando da realização de atividades noturnas (BRASIL, 2005). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 48 Outro requisito de segurança a ser observado nesta modalidade de serviço, é que as superfícies de trabalho das plataformas flutuantes devem ter piso antiderrapante, em bom estado de conservação, e dotados de guarda-corpos e corrimão. Essa observação estende-se aos pontos de embarque, escadas e rampas (BRASIL, 2020). Na plataforma flutuante deve haver equipamentos de salvatagem, em conformidade com a referida norma. Ainda, é obrigatória a instalação de equipamentos de combate a incêndio (extintores de incêndio em número e capacidade adequados) (BRASIL, 2005). São exemplos de equipamentos de salvatagem: embarcações de sobrevivência, colete salva-vidas, boia salva-vidas e artefatos pirotécnicos (BRASIL, 2005). a. Embarcação de sobrevivência – é um meio coletivo de abandono de embarcação em perigo, capaz de preservar a vida de pessoas durante certo período, enquanto aguardam socorro. São exemplos de embarcações de sobrevivência o aparelho flutuante e a balsa inflável classe III. b. Colete salva-vidas – é um meio individual de abandono, capaz de manter uma pessoa, mesmo inconsciente, flutuando por, no mínimo, 24 horas. Os coletes podem ser rígidos ou infláveis, podendo ser fabricados em tamanhos diferentes. Toda atividade que oferecer risco de queda na água, deve utilizar colete salva-vidas, homologado pela Diretoria de Portos e Costas (DPC). Quando da execução de trabalhos a quente em plataformas flutuantes, deve-se utilizar colete salva-vidas retardante de chamas (BRASIL, 2020). NOTA: Devem ser disponibilizados coletes salva-vidas em número mínimo igual ao de pessoas a bordo, bem como botes salva- vidas em número suficiente e devidamente equipados. Assim, como é obrigatório o uso de colete salva-vidas, também é obrigatório o uso de botas com elástico lateral nas atividades em plataformas flutuantes. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 49 Figura 18 – Colete salva-vidas Fonte: Wikimedia Commons. c. Boia salva-vidas – é um equipamento de salvamento que atua como meio flutuante de apoio para a pessoa que caiu na água, enquanto esta aguarda por salvamento. Esse equipamento deve ter fixado em 4 pontos equidistantes em sua periferia, um cabo de náilon, que constitua alças que facilitarão o seu lançamento, bem como servirão para apoio ao náufrago (BRASIL, 2005) A boia salva-vidas também deve ter uma retinida flutuante de 20 metros de material sintético, capaz de flutuar, devendo ter diâmetro mínimo de 8 mm. d. Artefatos pirotécnicos – são dispositivos que, de dia e à noite, têm a função de indicação de que uma embarcação/pessoa se encontra em perigo. É UMA forma de sinalizar que foi recebido e entendido o sinal de socorro emitido. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 50 VOCÊ SABIA? Você sabia que todo equipamento de salvatagem deve ter as seguintes informações: número do certificado de homologação emitido pela DPC, nome do fabricante, modelo, classe, número de série (caso aplicável) e data de fabricação? (BRASIL, 2005). Figura 19 – Boia salva-vidas Fonte: Wikimedia Commons. Outros aspectos devem ser considerados em serviços em flutuantes, como: ter colaboradores capacitados em salvamento e primeiros socorros, na proporção de 2 para cada 20 colaboradores ou fração. Disposições gerais da NR-18 De forma complementar ao seu estudo, aqui são apresentados alguns pontos das disposições gerais da NR-18. Este tópico tem como finalidade reunir preceitos comuns a mais de um item desta normativa, com destaque aos tópicos iniciais já estudados (BRASIL, 2020). Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 51 a. As atividades da indústria da construção devem adotar as medidas de prevenção conforme a hierarquia prevista na NR-1. b. As vestimentas de trabalho devem ser fornecidas em conformidade e atendimento ao previsto na NR-24. c. O levantamento manual ou semimecanizado de cargas, em atividades da indústria da construção, deve ser executado de acordo com a NR-17. d. Na etapa de planejamento de qualquer atividade, deve-se prever o armazenamento e a estocagem de materiais de forma a não gerar acidentes, prejudicar o trânsito de pessoas ou a circulação de materiais, dificultar o acesso aos equipamentos de combate a incêndio, bem como não obstruir portas ou saídas de emergência. e. Os locais destinados ao armazenamento de materiais tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou explosivos devem: ser isolados, apropriados e sinalizados; permitir o acesso somente de pessoas devidamente autorizadas; e dispor de FISPQ. f. O canteiro de obras deve ser dotado de medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas nacionais vigentes. Além disso, deve dispor de saídas que viabilizem o abandono rápido e seguro. Figura 20 – Dispositivo de medida de prevenção de incêndio Fonte: Wikimedia Commons. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 52 NOTA: É dever do empregador informar todos os colaboradores sobre a utilização dos equipamentos de combate ao incêndio, dispositivos de alarme existentes, bem como procedimentos para abandono dos locais de trabalho com segurança. g. As saídas e as vias de passagem devem ser claramente sinalizadas por meio de placas ou sinais luminosos que indiquem a direção da saída. Além disso, nenhuma saída de emergência deve ser fechada à chave ou trancada durante a jornada de trabalho. h. É obrigatória a colocação de tapume, com altura mínima de 2 metros, sempre que forem executadas atividades da indústria da construção, de forma a impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços. Figura 21 – Tapume de obra civil Fonte: Wikiversity. i. Em acidentes fatais, é obrigatória a adoção das seguintes medidas, pelas organizações da construção civil: Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 53 • Comunicar de imediato, e por escrito, ao órgão regional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, que repassará a informação ao sindicato da categoria profissional. • Isolar o local diretamente relacionado ao acidente, mantendo suas características até sua liberação pela autoridade policial competente, e órgão regional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho. Cumpre destacar que a liberação do local pode ser concedida em até 72 horas, contadas do protocolo de recebimento da comunicação escrita ao referido órgão. RESUMINDO: Caro estudante, chegamos ao final de mais um capítulo. Como está sendo seu aprendizado até aqui? Neste Capítulo, avançamos no estudo da Norma Regulamentadora NR- 18, com destaque à segurança em serviços realizados em flutuantes. Compreendeu-se que na reformulação da NR-18, ficaram 13 itens que reportam o atendimento à NORMAM-02/DPC, mantendo as principais exigências e simplificando itens. Desejo a você um bom estudo deste material. Não se limite à leitura aqui tratada, existe uma infinidade de obras a serem exploradas por você. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 54 REFERÊNCIAS BRASIL. Marinha do Brasil. Diretoria de Portos e Costas. Normas da autoridade marítima para embarcações empregadas na navegação interior: NORMAM-02/DPC. 2005. Disponível em: https://www.marinha. mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/normam-02_dpc_mod18. pdf. Acesso em: 23 maio 22022. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria n° 3.733, de 10 de fevereiro de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora n° 18 – Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção. Diário Oficialda União: Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-3.733- de-10-de-fevereiro-de-2020-242575828. Acesso em: 23 maio 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SIT n.º 84, de 04 de março de 2009. Altera a redação do item 1.7 da Norma Regulamentadora nº 1. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2009. FELIX, C. Engenharia de segurança do trabalho na indústria da construção. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2011. FERREIRA, R. S. O. Guia para gestão de segurança nos canteiros de obra: orientação para prevenção dos acidentes e para o cumprimento das normas de SST. Brasília: Cbic, 2017. PEINADO, H. S. Segurança e saúde do trabalho na indústria da construção civil. São Carlos: Scienza, 2019. PEREIRA, C. Noções básicas de fundações. Escola Engenharia, 2013. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/nocoes- basicas-de-fundacoes. Acesso em: 22 maio 2022. PEREIRA, C. Tipos de demolição. Escola Engenharia, 2014. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-demolicao. Acesso em: 22 maio 2022. PORTELA, G. Gerenciamento de riscos baseado em fatores humanos. São Paulo: LTC, 2013. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18 55 VAREJÃO, F. M. D. Gerência de riscos na construção civil: guia prático. [s. l. s. n.], 2015. Segurança do Trabalho na Construção Civil – NR-18