Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FISIOPATOLOGIA: Multifatorial: o DRGE ocorre quando há incompetência do EEI (Esfíncter esofágico inferior) resultando no retorno do conteúdo gástrico refluxado. A incompetência do EEI pode ocorrer por: 1. Falha na barreira antirrefluxo: Relaxamento transitório, substâncias que afetam a pressão do EEI (CCK, ON e VIP), hérnia hiatal, distensão gástrica (pós-prandial), retardo do esvaziamento (aumento da pressão gástrica) 2. Falha na depuração intraluminal: alteração do peristaltismo (primária: motilidade esofágica ineficaz; secundária: doenças do tecido conjuntivo), alteração na salivação ou mucosa 3. Falha na resistência intrínseca do epitélio: ↓ muco, HCO³-, ↓ substâncias tamponadoras (proteína, fosfato e HCO³-), ↓ suprimento sanguíneo = ↓ O²; o defeito + comum é o ↑ permeabilidade paracelular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Sintomas típicos: pirose e regurgitação • Sintomas Atípicos: dor torácica (inervação do miocárdio é = do esôfago) • Extra-esofágicos: pulmonares (tosse crônica, asma, bronquite, fibrose pulmonar, aspiração recorrente) otorrinolaringológicas (rouquidão, globos, roncos, pigarro, alteração das cordas vocais, laringe crônica, sinusite e erosão dentária) • Sinais de Alarme: odinofagia, disfagia, sangramento, anemia e emagrecimento DIAGNÓSTICO: • História clínica (anamnese) • EDA: usada para avaliação de sinais de alarme e estadiamento de esôfago de Barret • pHmetria/impedância (padrão ouro): indicada para detectar refluxo oculto em pacientes com manifestações atípicas • Manometria: avalia funcionamento (peristalse e tônus do esfíncter) TRATAMENTO: IBP: impede influxo de H+ e efluxo de K+ pela bomba de prótons; antes da refeição; esomeprazol omeprazol, pantoprazol, lanzoprazol Antagonista de H2: inibidores de H2 (receptor de histamina) → supressão da secreção gástrica; cimetidina, ranitidina, nizatidina, famotidina Antiácidos: usados apenas para ↓ sintomas; neutraliza pH; após alimentação; hidróxido de alumínio e magnésio, carbonato de cálcio Procinéticos: ↑ pressão do EEI, aceleram esvaziamento gástrico, ↓ regurgitação; bromoprida, cisaprida, metoclopramida Defesa de mucosa: promovem alivio sintomático – revestimento; subsalicilato de bismuto, sucralfato, misoprostol COMPLICAÇÕES: Ocorrem pelo ↑ do pH (exposição da mucosa esofágica ao pH ácido estomacal) • Esofagite Erosiva: presença de úlceras e erosões esofágicas; necrose das camadas superficiais; classificação de Bormann • Esôfago de Barret: modificação do epitélio esofágico para epitélio escamoso (= do intestino); é uma condição pré- neoplásica (pode evoluir para adenocarcinoma) • Estenose Péptica: resultado da cicatrização das úlceras; estreitamento da junção esofagogástrica SÍNDROME DISPÉPTICA: Conjunto de sintomas relacionados ao TGI superior: • Dor • Queimação • Desconforto Associados a: • Saciedade precoce • Empachamento • Náusea e vômito • Distensão abdominal ETIOLOGIA: • Infecção (H. Pylori) – 95% das gastrites crônicas • Estresse traumático • Medicamentos (AINEs) • Álcool e tabagismo CLASSIFICAÇÃO E FISIOPATOLOGIA: • Sistema Sydney de EDA • Condição inflamatória da mucosa gástrica AGUDAS: • Transitória • Associada a uso de álcool, medicamentos (AAS, AINEs, corticoides), situações clinicas (choque, trauma, septicemia) • Há recuperação e cicatrização completa após remoção do agente causador Principais etiologias de gastrite aguda: H. Pylori: bactérias que se localizam na camada de muco, geralmente no antro ou corpo, seus produtos metabólicos resultam em inflamação (ativação de mastócitos = degranulação e liberação de outros ativadores inflamatórios que ↑ permeabilidade vascular), liberação de IL-8; presença pode variar de ulceras, erosões ou lesões pseudotumorais Flegmonosa: rara, infecção bacteriana da camada muscular e submucosa do estômago, não ultrapassa cárdia e piloro Hemorrágica: múltiplas lesões hemorrágicas, puntiformes, associadas a alterações da superfície epitelial e edema. Uma das principais causas da HDA, acomete principalmente regiões proximais do estômago. CRÔNICAS: • Não possui erosões visíveis macroscopicamente • Infiltrado inflamatório crônico • Pode ou não resultar em atrofia do epitélio glandular do estômago Principais etiologias de gastrite crônica: H. Pylori: 95% das etiologias de gastrite crônica; 1ª região acometida é o antro (secreção gástrica normal ou elevada – assintomática), seguido do corpo (secreção gástrica reduzida), mas pode ser também uma pangastrite (estômago inteiro). Sequência da fisiopatologia: infecção por H. Pylori → gastrite crônica → atrofia glandular → metaplasia intestinal. Consequências: ulceras pépticas, câncer gástrico (adenocarcinoma de tipo intestinal) Gastrite Autoimune: acometimento de corpo e fundo; atrofia seletiva das glândulas gástricas do corpo (resultando em hipocloridria) e fundo; resulta em metaplasia intestinal; ↓ fator intrínseco = ↓ B12 = anemia perniciosa; PATOGÊNESE DO H.PYLORI: H. Pylori possui urease (enzima) que converte ureia em amônia e CO². Esses produtos causam tamponamento imediato do ácido gástrico, mantendo o ambiente favorável para proliferação da bactéria (pH básico). Microbiologia: • Bacilo gram – • Estrutura espiralada e com flagelos (motilidade) • Colonizam células secretoras de muco (caliciformes) • Exotoxinas (vacuolizantes A), forma vacúolos na célula do hospedeiro causando apoptose • Sistema de secreção tipo IV modifica o citoesqueleto da célula, desequilibrando-a e resultando em morte celular • Lipopolissacarídeos – induzem a resposta imunológica • Aumento de IL-6 e IL-8, induzindo a recrutação e ativação de neutrófilos H. Pylori e Neoplasia: Câncer Gástrico do tipo Intestinal: os dois fatores responsáveis pela ocorrência desse tipo de câncer são metaplasia intestinal e infecção por H. Pylori. O modelo fisiopatológico do câncer gástrico foi descrito por Correa e Piazuelo e pode ser dividido da seguinte forma: Mucosa saudável ➜ H. Pylori ➜ gastrite não atrófica ➜ gastrite atrófica múltipla ➜ metaplasia intestinal ➜ displasia ➜ câncer gástrico MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Geralmente assintomática Pode apresentar sintomas como: • Epigastralgia (c/ piora pós-prandial, AINEs e álcool) • Plenitude pós-prandial • Saciedade precoce • Náusea e vomito • Hematêmese e hematoquezia DIAGNÓSTICO: • EDA com biópsia • Seriografia contrastada Para H. Pylori: • Teste respiratório (padrão ouro) • Anticorpos no soro • Antígeno nas fezes Invasivos para H. Pylori: • Histológico • Teste de Urease • Cultura TRATAMENTO: Para H. Pylori: Terapia tripla (padrão brasileiro): IBP + claritromicina + amoxocilina Terapias alternativas: Terapia quadrupla: tetraciclina + IBP + metronidazol + subsalicilato de bismuto Levofloxacina: utilizada quando há resistência ao metronidazol ou claritromicina OBS: a erradicação do H. Pylori promove a cicatrização de úlceras COMPLICAÇÕES: • Úlceras e erosões • Adenocarcinoma (metaplasia intestinal) • Hemorragias • Estreitamento da passagem de saída do estômago (antropilórica) FISIOPATOLOGIA DA REAÇÃO ALÉRGICA: Reação e Hipersensibilidade do Tipo I: ativação de resposta TH2 (linfócitos TCD4+), resultando em produção de IgE → se ligam aos receptores Fc dos mastócitos → degranulação → liberação de mediadores como histamina → promoção de vasodilatação e extravasamento de plasma → formação de edema (alergia) TH2 libera IL-4 (estimula células B a se transformarem em IgE), IL-5 (ativação de eosinófilos recrutados para a reação alérgica), IL-13 (estimulação da secreção de muco) Classificação: • Mediadas por IgE • Não mediadas por IgE (linfócitos T) • Reações mistas (tanto IgE quanto linfócitos T) Classificação: • Leite, ovo, amendoim,trigo, soja, nozes, peixes e frutos do mar, látex MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Respiratórias: rinite alérgica, tosse, asma, tosse, dispneia, sibilos, disfonia Cutâneas: urticaria, angioedema, dermatite atópica TGI: náusea, vomito, dor, diarreia, refluxo, cólica, constipação Sistêmicas: choque anafilático – pode levar a óbito DIAGNÓSTICO: • Testes de IgE (padrão ouro) • Testes cutâneos (Prick-test) • Teste de provocação Oral TRATAMENTO: • Eliminação total do agente alérgeno FISIOPATOLOGIA DA INTOLERÂNCIA: Defeitos enzimáticos: ↓ das quantidades, ↓ da funcionalidade Reações farmacológicas: causadas por aminas vasoativas (dopamina e histamina) presentes nos alimentos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Cólicas, náuseas, flatulências, vômito, urticária, dor abdominal, cefaleia, diarreia, tenesmo DIAGNÓSTICO: • Clínico • Teste de provocação • Biopsia da mucosa duodenal • Teste respiratório com H+ TRATAMENTO: • Evitar o consumo de alimentos • Enzimas (lactose) TABELA DIFERENCIAL: ALERGIA INTOLERÂNCIA Sintomas independentemente da quantidade Sintomas proporcionais a quantidade de alimento ingerido Risco de vida – choque anafilático Sem risco de vida Resposta imunológica Ausência de resposta imune Sintomas sistêmicos Sintomas gastrointestinais Restrição total do alimento Dificuldade de digestão Edema, hiperemia, prurido, queimação na região bucal e oral, vômitos, dor abdominal, anorexia, déficit de crescimento Náusea, tontura, urticária, vômito, dor epigástrica, gases, diarreia, irritabilidade, cefaleia, refluxo Fatore genéticos e ambientais Defeitos enzimáticos e reações farmacológicas FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE CROHN: • Transmural (afeta todas as camadas do TGI, da mucosa a serosa) • Padrão de lesão salteada • Atinge o TGI da boca aos anus = qualquer porção • Granulomatosa e sanguinolenta • Inicia com inflamação das criptas e dos abcessos e progridem para ulceras aftoides • Mais comum ter fístulas • Prevalece na região do íleo e ileocecal • Anemia megaloblástica (íleo = absorção de B12) Classificação: • Inflamatória • Estenótica/obstrutiva • Penetrante/fistulizante Mecanismos relacionados a patogênese: • NOD2: é um gene que auxilia no controle da resposta inflamatória, logo se há ↓ de NOD2 há ↓ do controle da resposta inflamatória • Polimorfismo do gene que produz IL-23: auxilia também no controle da resposta imune • HLA (antígeno leucocitário humano) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Diarreia crônica com presença ou não de sangue, muco ou pus • Cólicas abdominais • Urgência evacuatória (tenesmo) • Astenia • Emagrecimento • Carência nutricional (desnutrição) DIAGNÓSTICO: Eminentemente clinico exames laboratoriais: PCR, cultura de fezes, hemograma, biópsia Exames de imagem: rx simples, exame contrastado do esôfago, estomago e duodeno, ultrassonografia, endoscopia digestiva alta, videocápsula endoscópica, colonoscopia TRATAMENTO: Alivio de sintomas e evita complicações • Aminosalicilato • Corticoides • Antibióticos • Imunossupressores • Terapia biológica COMPLICAÇÕES: • Fissuras • Estenose • Abcessos intra-abdominais • Obstrução intestinal FISIOPATOLOGIA DA RETOCOLITE ULCERATIVA: • Afeta cólon e reto • Se limita a camada mucosa • Diarreia com perda de sangue nas fezes • Lesões de padrão contínuo • Fistulas e abcessos são menos comuns • Anemia ferropriva (hemorragia) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Diarreia • Sangue e muco nas fezes • Pus • Tenesmo • Dor abdominal • Urgência e incontinência fecal • Astenia • Febre • Perda ponderal • Anorexia • Palidez COMPLICAÇÕES: Megacólon tóxico: pode levar a óbito, os sintomas comuns são distensão abdominal, febre, taquicardia, hipotensão e desidratação. DIAGNÓSTICO: • Avaliação do quadro clinico • Diarreia por >4 semanas • Exames laboratoriais: PCR, cultura de fezes, hemograma • Exames de Imagem: rx, enema opaco, retossigmoidoscopia TRATAMENTO: Alivio de sintomas e evita complicações • Aminosalicilatos retais e VO • Corticoides • Imunossupressores TABELA DIFERENCIAL: DOENÇA DE CROHN RETOCOLITE ULCERATIVA Boca aos anus; Íleo e região ileocecal Cólon e reto Transmural (todas camadas) Apenas mucosa Lesão salteada Lesão contínua Presença de fístulas e aftoides Ausência de fistulas e ulceras aftoides ↓ sanguinolenta ↑ sanguinolenta e muco Granulomatosa (TH2) Ulcerativa (TH1) Anemia perniciosa B12 Anemia ferropriva e tratamento pode causar anemia megaloblástica (sulfazalazina) GIARDISE: Características: • Etiologia: giárdia lamblia • É uma infecção do intestino delgado • 3º agente mais comum causador de diarreia esporádica ou epidêmica em <5 anos • Transmitida pela água e alimentos contaminados • Ocorre mais em creches • Grupo de riscos: crianças, bebes, viajantes, imunossuprimidos • Fatores de risco: comportamento sexual masculino, uso de antibióticos, viagens Ciclo de Vida: Existem duas formas morfológicas: • Cistos: forma infectante → fezes mais sólidas • Trofozoítos: forma reprodutiva (divisão binária), localizada no intestino delgado proximal; possuem disco adesivo que facilita fixação → fezes mais liquidas ou diarreicas OBS: quando não aderidos no intestino delgado migram para intestino grosso, sendo eliminados nas fezes em forma de cisto Fases do Ciclo: 1. Ingestão de alimento e água contaminados, ou infecção fecal-oral com ovos (cistos) 2. Período de incubação dos ovos (cistos - 1 semana) 3. No delgado, os cistos sofrem excistação liberando trofozoítos (cada 1 cisto = 2 trofozoítos) 4. Trofozoítos multiplicam-se por fissão binaria e podem estar livres ou presos a mucosa por disco de sucção ventral 5. Encistamento ocorre quando os parasitas transitam em direção ao cólon 6. Cistos são eliminados nas fezes e a transmissão se torna possível Rotas de Transmissão: Água e alimentos contaminados com cistos: alimentos malcozidos ou crus, cistos resistentes a água fria = fonte de transmissão Feca-oral: contato com fezes contaminadas (creches) MICROBIOLOGIA E PATOGÊNESE: • A patogênese não é totalmente compreendida • Os trofozoítos podem se ligar as células epiteliais que revestem o TGI (delgado proximal) levando a anormalidades estruturais e funcionais como atrofias vilosas, rompimento de junções epiteliais e aumento da permeabilidade • Podem ocorrer ainda algumas deficiências de enzimas da borda em escova (lactase) • Giardíase pode levar a mudanças metabólicas resultando em virulência por outros microrganismos • Um dos principais mecanismos de defesa do hospedeiro é o IgA secretado no TGI, a deficiência dessa imunoglobulina resulta em giardíase persistente e intensa Manifestações clínicas: • Assintomático: podem ter episódios isolados de diarreia • Sintomas Gerais: diarreia, gases, fezes fétidas e gordurosas podendo flutuar, cólicas ou dores abdominais náuseas e vômitos e desidratação • Giardíase Aguda: sintomas semelhantes aos gerais • Giardíase Crônica: causa má-absorcao e perda de peso profunda Complicações: • Em crianças pode afetar crescimento e desenvolvimento • Fenômenos de hipersensibilidade (erupção cutânea, urticaria, ulceração aftosa e artrite ou sinovite) • Propensão à síndrome do intestino irritável Diagnóstico: • Microscopia de Fezes: cistos e ovos são observáveis • Ensaio de detectação de antígenos (ELISA, imunofluorescentes diretos – DFAs) • PCR (ensaio de reação em cadeia de polimerase) Tratamento: 1ª escolha: nitroimidazolicos (metronidazol, tinidazol e secnidazol) – 5 dias, VO Mecanismo de Ação do Metronidazol: pró-fármaco; quando ativado produz um grupo nitro que atua como um aceptor de elétrons, inibindo a síntese de ácido nucleico, impedindo a aceptação de elétrons pela PFOR, causando mortedo parasito. AMEBIASE: Características: Etiologia: entamoeba histolytica • É uma infecção do intestino grosso principalmente • Possui 4 espécies: E. histolytica, E. dispar, E. moshkovskii e E. Bangladeshi. • E. Dispar não é considerada patogênica • E. Moshkovskii está se tornando frequente • E. Histolytica é a mais comum • Mais comum em locais com baixo saneamento e baixas condições socioeconômicas Ciclo de Vida: Formas morfológicas: • Cisto: forma infecciosa → fezes mais sólidas • Trofozoíto: forma reprodutiva (divisão binária) → fezes mais liquidas ou diarreicas Fases do Ciclo: 1. Ingestão de alimento e água contaminados, ou infecção fecal-oral com ovos (cistos) 2. Migram ate o intestino delgado onde sofrem excistação e liberam trofozoítos 3. Podem permanecer no lúmen (forma não invasiva) ou podem invadir a mucosa (doença intestinal) e ainda podem invadir órgãos extraintestinais (fígado, cérebro e pulmões) 4. Trofozoítos se multiplicam por divisão binaria 5. Sofrem incistação e são liberados nas fezes (trofozoítos também podem ser liberados) Rotas de Transmissão: Água e alimentos contaminados com cistos: alimentos malcozidos ou crus, cistos resistentes a água fria = fonte de transmissão Feca-oral: contato com fezes contaminadas (creches) Os trofozoítos podem invadir e penetrar a barreira mucosa do cólon, causando destruição tecidual e aumento da secreção intestinal, podendo levar a diarreia sanguinolenta. MICROBIOLOGIA E PATOGÊNESE: O trofozoíto é capaz de penetrar na mucosa, matando células epiteliais e inflamatórias, o que pode ocorrer por meio de: • Secreção de proteinases pelos trofozoítos • Lise de células-alvo • Morte de células de mamíferos por apoptose • Formação de amebapores, formando poros em bicamadas lipídicas resultando em citólise de células infectadas • Alterações na permeabilidade intestinal Manifestações clínicas: Assintomática em 90% dos casos Intestinal: colite, diarreia de pequeno volume e com sangue, muco e pus Extra intestinais: abcessos hepáticos, pulmonares e cerebrais, hepatomegalia, febre e sudorese noturna Complicações: • Megacólon toxico • Peritonite por ruptura do abcesso hepático • Amebíase pleuropulmonar Diagnóstico: • Microscopia de fezes: mostra cistos ou trofozoítos, não diferencia as cepas • Ensaio de detectação de antígenos (ELISA, imunofluorescentes diretos – DFAs) • PCR (reação da cadeia da polimerase fecal): detectação de DNA e RNA • Sorologia • Inspeção do colón (colonoscopia e sigmoidoscopia) Tratamento: • Amebicidas mistos: atinge tanto forma luminal quanto sistêmica Ex: metronidazol e tinidazol • Amebicidas luminais: eliminação dos parasitos no lúmen Ex: Iodoquinol e paramoicina • Amebicidas Sistêmicos: tratamento de abcessos hepáticos e infecções da parede intestinal Ex: cloroquina e desidroemetina ASCARIDÍASE Características: • Etiologia: áscaris lumbricoides (nematódeo) • Mais comum em crianças de 2 a 10 anos • Transmissão: água e alimentos contaminados • Precisa de macho e fêmea para produzir ovos férteis Ciclo de Vida: 1. Ovos são eliminados no solo e se embrionam (2-4sem) 2. Ingesta de água ou alimentos contaminados com ovos 3. Ovos eclodem no intestino e são transportados ate o sistema portal e após aos pulmões onde amadurecem (10-14d), são tossidos e deglutidos novamente 4. No intestino se desenvolvem em vermes adultos 5. Fêmea produz ovos que são eliminados nas fezes OBS: a infecção do coração e dos pulmões pode ocorrer via sistema porta, por via hematogênica ou por vasos linfáticos Manifestações clinicas: Assintomáticos: maioria Sintomáticos: fase inicial/pulmonar (tosse seca, dispneia, febre, sibilos, escarro), fase tardia/TGI (desconforto abdominal, vômito, diarreia, causa, anorexia) OBS: síndrome de Loffler (pneumonite eosinofilia) Complicações: • Obstrução intestinal: principalmente na válvula ileocecal – raro • Envolvimento hepatobiliar e pancreático • Desnutrição Diagnóstico: Clínico: sintomatologia ou complicações associadas Microscopia de fezes: pelo método kato-katz Radiografia simples ou TC: em suspeita de complicação Tratamento: • Albendazol 400mg/dia (mais usado) • Mebendazol 100mg/2x/dia por 3 dias ENTEROBIASE: Características: Etiologia: Enterobius vermiculares (conhecido como pinworm) Infecção comum nos EUA Acomete mais escolares (5-10 anos) sendo incomum em <2 anos Ser humano e o único hospedeiro natural Transmissão: contaminação das mãos por coceira perianal, roupas contaminadas, superfícies contaminadas Ciclo de Vida: 1. Ingestão de ovos que eclodem no intestino delgado e se estabelecem no ceco e apêndice 2. Ada fêmea produz mais de 10.000 ovos 3. Fêmeas grávidas migram para o reto e pele perianal para depositar ovos (a noite) 4. Larvas dentro dos ovos amadurecem em 4-6h e originam ovos infectantes INTRODUÇÃO: • O hábito saudável intestinal diz respeito a evacuação de fezes consistentes de 1 a 3 vezes/dia ou até 2 ou 3 dias, que é o considerado normal • Diarreia se caracteriza pela evacuação com frequência e volume aumentados e diminuição da consistência FISIOPATOLOGIA: Desequilíbrio entre absorção e secreção que ocorrem concomitantemente Algumas toxinas bacterianas desregulam o equilíbrio osmótico por meio da inibição da via de gradiente osmótico por AMPc e GMPc, resultando em menor absorção e posteriormente acarretando em diarreia As diarreias possuem diferentes classificações, porém os mecanismos podem ocorrer concomitantemente CLASSIFICAÇÃO: • Diarreia Osmótica: presença de solutos osmoticamente ativos, não absorvidos pela mucosa intestinal, causando acumulo de liquido → diarreia. Exemplos: distúrbios de digestão (deficiência de dissacarídeos, ingestão de lactulose, manitol, sorbitol e sais de magnésio • Diarreia Secretora: ocorre pela hipersecreção de água e eletrólitos. Exemplos: enterotoxinas bacterianas, produção excessiva de hormônios e secretagogos (gastrina) • Diarreia Disabsortiva: ocorre por deficiências digestivas e lesões parietais no delgada, impedindo a correta digestão e absorção. Pode causar diarreia com esteatorreia e resíduos alimentares. Esta diretamente associada ao déficit de absorção Exemplos: insuficiência exócrina do pâncreas e isquemia mesentérica • Diarreia Funcional/Motora: alterações de trânsito intestinal acelerado e redução da área absortiva. Exemplos: enteropatias funcionais, doenças endócrino metabólicas, fistulas e ressecções intestinais • Diarreia Exsudativa/inflamatória: ocorre por lesões decorrentes de processo inflamatório ou infiltrativo → perda de sangue, muco e pus, aumento do volume e fluidez das fezes. Exemplos: DII (Crohn e RCU), neoplasias, shigelose. • Diarreia Factícia: causada pelo uso indiscriminado de laxantes ou ingestão excessiva de elementos laxativos. CLASSIFICAÇÃO: AGUDA x CRÔNICA Aguda: • Máximo 30 dias • Quadro súbito • Principalmente associada a agentes infecciosos • Causa mais frequente é gastroenterite aguda infecciosa Etiologia: Pode ser inflamatória ou secretória (mais comum - presença de microrganismos), osmótica (uso de medicamento ou abuso alimentar), diarreia motora (estresse emocional) Diagnóstico: • Cultura de fezes • Hemograma • Leucócitos fecais → presença de processos inflamatórios • Coprocultura → avalia presença de bactéria, sangue oculto, inflamação • Pesquisa de toxinas e antígenos de patógenos • Radiografia simples do abdômen, endoscopia, retossigmoidoscopia (clinica de proctite, tenesmo e dor retal) Tratamento: • Hidratação é sempre o tratamento base • Antibióticos apenas em caso de presença de bactérias (diarreia com sangue) • Antiparasitários (em casos de amebíase e giardíase) Crônica: • Superior a 1 mês • Mais comumem locais de baixo nível socioeconômico • Causa impacto no estado nutricional e de crescimento • Necessita abordagem emergencial e tratamento empírico inicial Etiologia: • Desordens como síndrome do intestino irritável, doença celíaca, DIIs, síndrome da má absorção e infecção crônica (helmintos e protozoários), imunossuprimidos, câncer colorretal, uso de medicamentos, uso excessivo de dissacarídeos não absorvíveis e tumores neuroendócrinos • Pode ser de caráter osmótica, secretória, inflamatória, funcional/motora e disabsortiva Diagnóstico: • Hemograma • Parasitológico de fezes (3 amostras) • Coprocultura • Pesquisa de leucócitos fecais e sangue oculto • Prova de atividade inflamatória • Perfil nutricional e metabólico • Marcadores específicos (IgA; antitransglutaminase IgA entre outros • Endoscopia • Tomografia computadorizada Tratamento: • Hidratação é sempre o tratamento base • Plano A, B e C • Antibióticos apenas em caso de presença de bactérias (diarreia com sangue) • Antiparasitários (em casos de amebíase e giardíase) CONSTIPAÇÃO: Introdução: Dificuldade de evacuar pelo menos nos últimos 3 meses Fezes com aspecto mais endurecido (escalas 1 e 2 de Bristol) Fezes podem ser avaliadas de acordo com tamanho peso, consistência, frequência e comprimento Etiopatogenia: Primaria: alterações nos hábitos de vida (ingesta de alimentos inadequada, sedentarismo, gravidez, perda do reflexo de evacuação, posição incorreta, viagens); neste caso a anatomia do órgão continua preservada. Secundaria ou orgânica: decorrente de patologias pré-existentes como doenças do colo, neurológicas, distúrbios endócrinos, medicamentos e distúrbios psiquiátricos Megacólon chagásico é um importante causa de constipação em locais de maior suscetibilidade pois ele causa destruição do plexo de Auerbach (movimentos da musculatura intestinal) Medicamentos estão relacionados ao uso exacerbado de laxantes Idiopática ou Funcional: sem causa aparente e sem alteração estrutural, metabólica ou de rotina 1. Constipação intestinal com trânsito normal: evacuação normal mas o paciente se considera constipado 2. Constipação intestinal com trânsito lento: tempo prolongado das fezes no cólon devido a lentidão, a qual pode ocorrer por disfunção da musculatura (miopatia) ou por defeito na inervação intrínseca (neuropatia) gerando peristalse anormal 3. Obstrução anorretal: falência do mecanismo que coordena a evacuação (ocorre contração da musculatura da pelve ao invés de relaxamento, resultando em acumulo de bolo fecal na região retossigmoidiana) Fatores de Risco: • Sexo feminino • >60 anos • Estresse e ansiedade • Hábitos de vida (sedentarismo) • Baixa ingestão de agua e fibras • Medicamentos • Causas orgânicas (anormalidades estruturais do TGI) • Distúrbios metabólicos • Transtornos psiquiátricos Manifestações Clínicas: • Fezes endurecidas • Esforço ao evacuar • Evacuação dolorosa • Tenesmo (sensação de evacuação incompleta) • Frequência evacuatória <3x na semana • Impactação das fezes no reto • Sensação de plenitude do abdômen inferior (empachamento) Diagnóstico: Clinico: sintomatologia, ausculta do abdômen (RHA com som metálico ou abolido massa palpável em hipocôndrio direito), escala de Bristol Exames Laboratoriais: hemograma, glicemia em jejum, simples de urina (relação com ITU), teste de função da tireoide Radiografia simples do abdômen: enema opaco, trânsito intestinal – bário (normal 20% do marcador no 5º dia espalhado pelo cólon; padrão obstrutivo >20% concentrado na região retossigmoidiana) Retossigmoidoscopia: quando há suspeita de comprometimento anal Manometria Anorretal: analisar pressão esfincteriana, sensibilidade, capacidade e complacência retal Tratamento: • Amento da ingesta de agua e fibras • Exercício físico • Horários regulares para defecar • Eliminar medicamentos que possam causar quadro de constipação • Corrigir postura no momento da defecação • Tratar doenças orgânicas Complicações: • Fecaloma • Vólvulo do sigmoide São emaranhados vasculares com dilatação e sangue que se localizam no canal anal. São divididas em: • Hemorroidas Internas: próximas da linha denteada (pectínea); são menos sensíveis a dor e irritação por recebem inervação visceral • Hemorroidas Externas: estão localizadas abaixo da linha denteada (pectínea), os tecidos são inervados por fibras somáticas, sendo mais sensíveis a irritação e dor • Hemorroidas Mistas: estão localizadas entre as internas e externas Fatores de Risco: • Obesidade • Idade >50 anos • Gravidez • Sexo anal • Constipacao intestinal • Sentado por muito tempo • Esforco evacuatorio • Diarreia • Tumores pelvicos Etiopatogenia: A patogênese ainda não é muito bem compreendida, mas pode ser definida por alguns fatores como: 1. Deterioração do tecido conjuntivo que ancora as hemorroidas 2. Hipertrofia ou aumento do tônus do esfíncter anal interno 3. Distensão de anastomoses arteriovenosas dentro dos coxins hemorroidários 4. Dilatação anormal de veias do plexo venoso hemorroidário interno Manifestações Clínicas: • Sangramento indolor associado a evacuação • Incontinência fecal leve • Secreção de muco (exsudação) • Sensação de plenitude na área perianal devido a hemorroida prolapsada • Irritação ou coceira perianal Diagnóstico: Clinico: exame físico (toque retal – posição genupeitoral, sims (lateralizada) ou ginecológica); o grau é avaliado pela inspeção da borda anal defecação dolorosa não está associada a hemorroidas Anoscopia: quando não são detectadas alterações no toque retal, utilizada para avaliar o canal anal e o reto distal. INTRODUÇÃO: Condição em que há falha na progressão normal do conteúdo intestinal por barreira física ou distúrbio funcional da musculatura intestinal responsável pela força de propulsão CLASSIFICAÇÃO: Obstrução mecânica: há uma barreira física com manutenção da forca propulsora, o peristaltismo está presente devido a luta para vencer o obstaculo, o que resulta na presença de sons metálicos Obstrução reflexa/íleo paralítico: não há barreira física, apenas falha da musculatura responsável pela forca propulsora (relaxamento da musculatura e íleo dinâmico. Há silencio abdominal porque o peristaltismo está ausente ou ineficiente. Pode haver contração espasmódica (íleo espástico) ou ausência de contração (íleo paralítico) Ainda pode ser dividida levando em conta o suprimento sanguíneo; Obstrução simples: alça intestinal não apresenta risco de comprometimento pois não há restrição sanguínea Obstrução com estrangulamento: apresenta risco a vitalidade da alça pois há restrição do fluxo sanguíneo. Depende da região de extensão e da alça envolvida. De acordo com a região acometida, divide-se em: Obstrução do Delgado: dor vomito, parada de eliminação de gases e fezes e distensão. A dor clássica é em cólica. Pode ser ainda dividida em: Obstrução alta do Delgado: dor não tão intensa, vômitos são sintoma predominante Obstrução baixa do Delgado: pode chegar a vomito fecaloma, grande distensão abdominal. ETIOLOGIA: As principais causas são: aderências, hérnias, tumores, intussuscepção e volvo 70% são acusadas por hérnias Causas menos frequentes são volvo, intussuscepcao, cálculos biliares e crochê FISIOPATOLOGIA: Obstrução mecânica ocorre por obstrução luminal intrínseca ou compressão extrínseca, resultando em dilatação do intestino (decorrente da presença de massa fecal, ar e gas envolvidos) A medida em que o tempo passa a função absortiva se perde e o líquido se acumula no lúmen intestinal. Pode haver perda de liquido para a cavidade peritoneal. Necrose e isquemia ocorrem por torção do intestino (volvo) FATORES DE RISCO: • Cirurgiaabdominal ou pélvica anterior • Hérnia de parede abdominal ou inguinal • DII • Neoplasia intestinal (história ou presença) • Ingestão de corpo estranho MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Depende da região de acometimento (baixa ou alta), mas em geral se apresentam como: • Dor • Distensão abdominal • Presença de vômitos • Parada da eliminação de gases e fezes (abdômen agudo obstrutivo) • OBS: apenas órgãos de musculatura lisa proporcionam dor, por isso na presença da mesma deve-se desconfiar de órgãos como (estômago, intestinos, ureter, trompas e útero) e a investigação deve se concentrar nos mesmos. • DIAGNOSTICO: • Clínico: sintomatologia, história da doença e exame físico • Sinais sistêmicos: desidratação que se manifesta como taquicardia, hipotensão, redução do débito urinário. • Exames de imagem: Radiografia e TC (mais utilizada pois pode distinguir o tipo de obstrução – predo, colônia verdadeira – pode identificar também a causa), EDB (endoscopia digestiva baixa - colonoscopia e retossigmoidoscopia, geralmente não são indicadas, apenas em cassem que a radiografia simples e TC não evidenciam anormalidades. • Exames Laboratoriais: Hemograma completo e perfil metabólico básico (auxiliam na identificação de anormalidade metabólica, antígeno carcionembonario (CEA) (em pacientes com suspeita de malignidade), PÓLIPOS: Introdução: • Os pólipos podem ser neoplásicos e não neoplásicos • Não neoplásicos: hamartomas, pólipos hiperplásicos e pólipos juvenis • Neoplásicos: denominados de adenomas MALIGNIDADE: PÓLIPOS DO INTESTINO GROSSO Baixo potencial Alto potencial • Hiperplásicos • Adenoma Tubular • Hamartomatosos • Adenoma Viloso • Pseudopólipos (inflamatórios) • Adenoma Tubuloviloso • Pólipos Juvenis • Adenoma séssil serrilhado • São de origem epitelial (se projetam acima da mucosa) e se localizam na região da luz intestinal • 5ª neoplasia mais comum na população brasileira, acomete mais populações >50 anos • Podem ocorrer em qualquer porção do TGI, mas são mais comumente encontrados na região do cólon sigmoide e reto (colorretal) • Podem ser sésseis (base ampla) ou pediculados (base estreita) Manifestações Clínicas: • Em geral assintomáticos • Sintomas discretos e intermitentes (mais comum é sangramento retal de pequena intensidade), sintomas raros são caracterizados por diarreia e constipação • Alteração do habito intestinal e intussuscepção são raros Diagnóstico: • Exame proctológico (caracterizado por toque retal, anuscopia e retossigmoidoscopia rígida) • Colonoscopia: padrão ouro • Exames de imagem: USG, TC e RM PÓLIPOS NÃO NEOPLÁSICOS: PÓLIPO HAMARTOMATOSOS: • Lesão do próprio tecido local • A maturação do tecido está preservada, mas sua quantidade está aumentada • Possui estrutura desorganizada • Podem ser isolados ou múltiplos • Associados a síndromes hereditárias (síndrome de Peutz-Jeghers) Síndrome de Peutz-Jeghers: • Doença genética de caráter autossômico dominante. Caracteriza-se por pólipos hamartematosos em todo TGI, nas vias respiratórias e na bexiga; como manifestação clínica pode-se encontrar hiperpigmentação melânica cutaneomucosa, semelhante a lentigo na mucosa oral (80% dos pacientes), face, genitália e palma das mãos. Outros sintomas são dor abdominal, sangramento digestivo (oculto ou não), obstrução intestinal por intussuscepção Pólipos Juvenis: • Pode ser solitário ou múltiplo; os múltiplos podem se apresentar como polipose colônica (acomete todo cólon) ou polipose juvenil generalizada (acomete todo o TGI) • É pardo avermelhado, de 1-3cm, pode sofrer torção, infarto e auto amputação (podendo ser eliminado nas fezes) • Constituído por dilatação cística das glândulas, são circundados por edema e tem infiltrado inflamatório • É mais comum em crianças PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS: • Geralmente são pequenos (0,1-1cm) • Localizados na porção do cólon sigmoide e reto • Sésseis e múltiplos • Formados pela hiper proliferação das células normais da mucosa (resulta da diminuição do “turn-over” das células epiteliais) • Sem risco de malignidade • Em geral não apresentam sintomas clínicos PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS/PSEUDOPÓLIPOS: • Lesões de 0,2 a 1,5 cm • Associados a inflamação do cólon • Geralmente únicos • Sésseis, subpediculados ou pediculados • Sintomas como sangramento e obstrução • Sem risco de malignidade PÓLIPOS NEOPLÁSICOS: ADENOMAS • São neoplasias benignas (95% dos casos) • Etiologia: Constituídos pela proliferação de células epiteliais com diferentes graus de displasia (lesões pré- malignas) • Incidência maior quanto maior a idade TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE ADENOMAS Adenoma Tubular • Mais comum • Solitário ou múltiplo (síndrome de polipose familiar) • mais frequente no cólon e reto, mas pode ocorrer em outras porções do TGI • Lesões geralmente pequenas e sésseis, quando crescem tornam-se pediculadas • Grau variado de displasia • Constituído de glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto, pseudoestratificado Adenoma Viloso • Menos frequentes que tubular • Pior prognostico • Acomete 25cm distais do cólon • Manifesta-se após 60 anos • Lesão única • Base de implantação larga • Tendem a ser maiores • Constituído por projeções papilíferas revestidas de epitélio colunar alto pseudoestratificado • Diferentes graus de displasia Adenoma Tubulo-Viloso • mais frequente no cólon e reto • apresenta-se como séssil ou pediculado • o risco de malignidade é proporcional as taxas de componente viloso • intermediário entre o pólipo tubular e pólipo viloso Adenoma Séssil Serrilhado Lesão séssil ou plana Origina-se no cólon proximal Arquitetura serrilhada das criptas a probabilidade de se encontram adenocarcinoma em adenoma, correlaciona-se com o tamanho da lesão (>2cm), com estrutura histológica (tubular ou vilosa) e com o grau de displasia SÍNDROMES POLIPOIDES Síndrome de Polipose Familiar: • Doença hereditária que causa numerosos pólipos adenomatosos em todo cólon • Alto potencial de malignidade • Autossômica dominante, causada por mutações do gene APC (gene supressor de tumor – controla proliferação celular da mucosa do cólon pela via de sinalização WNT/beta-catenina) • Inicialmente assintomática, mas pode evoluir para hemorragia retal, diarreia e dor abdominal em pacientes jovens • Acomete >40 anos • Compreende formas clássica, atenuada, síndrome de Gardner e turcot • SÍNDROME DE TURCOT: outra variante rara da polipose; pólipos se associam a tumores do SNC; geralmente gliomas • SÍNDROME DE GARDNER: variante incomum da polipose familiar, herança autossômica dominante, se caracteriza pela associação de adenomas com lesões extra intestinais (osteomas na mandíbula, crânio e ossos longos), cistos epidérmicos e fibromatose • FORMA CLÁSSICA: 500 até 2.500 adenomas; 100 lesões são necessárias p/ diagnóstico; localizadas no cólon descendente e sigmoide, mas podem acometer outras áreas do TGI; 20-30 anos; 100% de chances de evoluir para câncer em não tratados; tratamento profilático é colectomia total • FORMA ATENUADA: 50 lesões localizadas no cólon proximal; risco menor de malignidade CÂNCER DE CÓLON: Características: • 3º câncer mais comum em homens e 2º mais frequente em mulheres no Brasil • Pico de incidência entre 60-79 anos Fatores de Risco: • Histórico familiar de câncer colorretal • Dieta pobre em fibras • Alta ingestão de carne vermelha • Carência de vitaminas A, C e E • Obesidade e inatividade física • Idade • Presença de pólipos intestinais • Álcool • Tabagismo • DII (doença inflamatória intestinal) Mecanismos Carcinogênicos: O câncer de cólon se desenvolve por duas vias: • Via APC/beta-catenina: atua na origem de adenomas esua progressão para adenocarcinomas. A lesão inicia com mutações do gene APC (gene supressor de tumor), o produto do gene regula a betacatenina, proteína citoplasmática que faz parte da via de sinalização WNT. Em condições normais a proteína APC se liga a beta- catenina levando a sua degradação. Com a perda da função da APC, a beta-catenina fica livre ativando fatores de transcrição de alguns genes cujos produtos induzem a proliferação celular. • Via de instabilidade de microssatélites: associada a defeito em genes de reparo do DNA. Os produtos desses genes são (hMSH2, hMLH1, hMSH6 e hPMS2) detectam os erros de replicação. Sem reparo do DNA, os erros não são corrigido e originam mutações que levam a proliferação celular e diminuição de apoptose, permitindo expansão de clones celulares transformados. Classificação e evolução dos achados histopatológicos: Fisiopatologia: A patogênese das hepatites virais, no geral, não está relacionada ao efeito citopático direto do vírus, mas sim a resposta imune do hospedeiro, que se dá por meio da recrutação dos linfócitos TCD8+ (citotóxicos), os quais promovem apoptose das células hepáticas, gerando lesão Hepatite A: Manifestações Clinicas: Geralmente assintomáticos Apenas 10% apresentam manifestação Quanto maior a idade maior a incidência de sintomas Forma clínica: Aguda: todos os casos Cronicidade: não cronifica Fulminante: 0,1%, não muito comum Prevenção: Saneamento básico Vacina (desde 2014) Diagnóstico: Hepatite B: Manifestações Clinicas: • Maioria assintomática • Alguns sintomas como cansaço, tontura, enjoos, vomito, febre, dor abdominal, icterícia Forma clínica: Aguda: 85% dos casos Crônica: 15% dos casos; 20-30% dos casos crônicos evoluem para cirrose ou adenocarcinoma hepatocelular Fulminante: 0,2% Prevenção: Vacina desde 1998 Diagnóstico: Hepatite C: Manifestações Clinicas: Maioria assintomático Forma clínica: Cronicidade: cronifica (70% dos casos) Pior prognóstico de hepatite visto que cronifica mais que a B Prevenção: Ainda não há vacina Diagnóstico: HCV-RNA (PCR): só é feito quando Anti-HCV positivo; rastreio ou triagem; se positivo = doença atual, se negativo = doença antiga; permanece positivo após 6 meses = crônica Anti-HCV: detecta anticorpos Hepatite D: Manifestações Clinicas: Maioria assintomática Forma clínica: Com cronificação da hepatite B, tem-se piora da D Prevenção: Vacina hepatite B Diagnóstico: Hepatite E: Manifestações Clinicas: Maioria assintomática Forma clínica: Fulminante: gravidas e imunossuprimidos Prevenção: Saneamento básico AGUDA X CRÔNICA Aguda: autolimitada, maioria assintomática, mas pode ter anorexia, náusea, colúria e icterícia TIPO DE VÍRUS TEMPO DE INCUBAÇÃO TRANSMISSÃO MARCADOR SOROLÓGICO FORMA CRÔNICA: Hepatite A RNA da família dos enterovírus 15-45 dias Fecal-oral (água e alimentos contaminados) O primeiro é o RNA viral, seguido do anti-VHA (IgM) e Anti-VHA (IgG), PCR nas fezes Não Hepatite B DNA da família dos hepadnavirus 4 a 26 semanas (média de 60-90 dias) Parenteral, sexual (principal), vertical, soluções de continuidade da pele ou de mucosas em pessoas de contato próximo (percutânea) • HBsAg (marca presença da proteína viral) • HBsAg+ (hepatite atual podeser aguda ou crônica) • HBeAg (antígeno de replicação viral) • Anti-HBs (imunidade por vacina ou contato) • Anti-HBe (controla replicação, mas não cura) • Anti-HBc (IgM) – 1º positivar • Anti-HBc (IgG) – tardio pode indicar cura ou cronicidade Sim (5-7%) Hepatite C RNA as famílias dos flavivírus 15 a 150 dias Parenteral, sexual (menor frequência) ou vertical (rara), percutânea • Anti-HCV – e HCV RNA – (nunca teve contato) • Anti-HCV – e HCV RNA + (hepatite C aguda s/ prod. Anticorpo) • Anti-HCV + e HCV RNA + (aguda ou crônica) • Anti HCV+ e HCV- RNA- (cura ou falso positivo) Sim (80%) Hepatite D RNA; Dependente do envoltório B 14 a 60 dias Parenteral, sexual, vertical, percutânea • Anti-HDV (IgM e IgG): atual ou tardia • HDV-RNA Sim Hepatite E RNA do grupo do calicevírus 6 semanas (42 dias) Fecal-oral (Alimentos (carne de porco) ou transfusão sanguínea) • Anti-VHE (IgM) • Anti-VHE (IgG) • HEV-RNA Não Crônica: >6 meses, ocorre pelos vírus B, C e D, assintomático na maioria, mas pode ter redução do apetite, icterícia, cansaço Fulminante: comprometimento agudo da função hepática que se manifesta por diminuição dos fatores de coagulação e encefalopatia hepática CIRROSE: Características: • É um processo inflamatório difuso e crônico do fígado, irreversível, com presença de fibrose e nódulos de regeneração • É mais comum em homens • É classificada de acordo com a etiologia presumida Etiologia: PRINCIPAIS ETIOLOGIAS: Alcóolica Alcoolismo Excessivo Infecciosa Hepatites Virais (B, C e D) Autoimune Hepatite Autoimune Obstrução biliar Colangite, atresia de vias biliares, fibrose cística Fármacos Uso exacerbado de medicamentos Metabólica Esteatohepatite não-alcoolica, doença de Wilson, Hemocromatose hereditária Fisiopatologia: Os processos patogênicos centrais da cirrose consistem na ativação de células de Ito e posteriormente: • Deposição da matriz extracelular (colágeno I e III, proteoglicanos sulfatados e glicoproteínas) • Morte dos hepatócitos • Reorganização vascular Manifestações Clínicas: Compensada: - Fase Inicial: • Fadiga • Anorexia • Náuseas • Desconforto • Distensão abdominal • Ascite • Fraqueza • Mal-estar Descompensada – Associada a Complicações: • Icterícia • Ascite • Prurido • Edema de MMII • Diarreia • Sangramento do TGI (hematêmese, hematoquezia, elena, confusão mental) • Varizes esofágicas • Cabeça de medusa • Esplenomegalia Diagnóstico: • Enzimas hepáticas (ALT e AST): podem estar elevadas, pois são marcadores de necroinflamação • FA (fosfatase alcalina) e GGT (gama-GT): indicadores de colestase, relacionados a obstrução biliar • Bilirrubinas: normais, mas podem se elevar com a progressão da doença • TP (tempo de protrombina): pode estar aumentado pela progressão a insuficiência hepática • Globulina: geralmente aumentadas • Albumina: reduzida pois é um marcador de síntese (produzida no fígado) • Hemograma completo: pode apresentar anemia, leucopenia, trombocitopenia, pancitopenia • Biópsia: padrão ouro; realizada quando os critérios clínicos e exames laboratoriais e de imagem são inconclusivos Complicações: • Hipertensão Portal • Insuficiência Hepática • Encefalopatia Hepática: deterioração da função cerebral que ocorre em pacientes com disfunção hepática grave, isso porque substancias toxicas eliminadas normalmente pelo fígado, como a amônia, se acumulam no sangue e chegam ao cérebro • Peritonite bacteriana espontânea: ascite • Síndrome hepatopulmonar • Hepatocarcinoma HIPERTENSÃO PORTAL: Características: Consiste no aumento da pressão hidrostática no interior do sistema porta; pressões acima de 12mmHg Tipos de Hipertensão Portal: Fisiopatologia: A hipertensão portal ocorre pela resistência vascular aumentada do fluxo portal a nível sinusoidal o qual e gerado pela obstrução do fluxo sanguíneo por deposição de tecido fibroso (cicatrização) e compressão dos nódulos parenquimatosos. Além disso, tem-se vasoconstrição ativa, diminuição da produção de oxido nítrico (vasodilatador) pelas células endoteliais sinusoide e liberação de angiotensinogênio (vasoconstritor) OBS: os níveis pressóricos normais do sistema porta são 5- 10mmHg Manifestações Clínicas: • Circulação colateral (cabeça de medusa) devido a shunts portossistêmicos • Ascite • Esplenomegalia • Hemorragia digestiva (varizes esofágicas) • Fígadonodular Diagnóstico: Imagem: USG, RM, TC e dopplerfluxometria EDA: varizes esofagogástricas Medida do gradiente de pressão da veia porta: avalia hipertensão portal e sangramento por varizes esofágicas Escore de Child-Pugh: PANCREATITE AGUDA: Características: Acomete principalmente adultos entre 30-60 anos Incidência maior em homens Prevalência em negros Os mecanismos patogenéticos principais são obstrução ductal e lesão de células acinares, que causam o extravasamento das enzimas pancreáticas responsáveis pela autodigestão do órgão. É uma condição inflamatória aguda do pâncreas, que depende da autodigestão tecidual devido a própria secreção das enzimas pancreáticas Etiologia: ETIOLOGIA DA PANCREATITE AGUDA: • Obstrução de ductos pancreáticos (principalmente mulheres) • Alcoolismo (principalmente em homens) • Autodigestão do órgão (agressão as células acinares) • Hipertrigliceridemia • Infecciosa • Medicamento Fisiopatologia: Os mecanismos patológicos principais são obstrução dos ductos pancreáticos (litíase) e lesão de células acinares que causam o extravasamento das enzimas pancreáticas levando a autodigestão do órgão. As enzimas proteolíticas (tripsinogênio, quimiotripsinogênio, protease e enzimas lipolíticas como a fosfolipase A2) são ativadas nas células acinares do pâncreas, ao invés do lúmen intersticial, o que leva a ativação dos ácinos, levando a quebra de proteínas no interior do pâncreas. Esses fatores induzem a uma resposta inflamatória, através da ativação do sistema complemento, cascata de coagulação e liberação de citocinas pró- inflamatórias (IL-1, IL-6 e TNF-alfa) ocorre por cálculos biliares ou na arvore biliar, levando ao acumulo de secreção pancreática e aumento da pressão intraductal. Com isso, há comprometimento do fluxo sanguíneo e isquemia, resultando em lesão das células acinares e posteriormente levando ao extravasamento das enzimas, causando autodigestão do órgão causada principalmente pelo álcool e diversos mecanismos relacionados ao etanol levam ao aumento da pressão intraductal, lesão direta das células acinares, liberação de citocinas inflamatórias, contração do esfíncter de Oddi, levando também ao posterior extravasamento de enzimas e autodigestão do órgão. Manifestações Clínicas: • Dor abdominal epigástrica/hipocôndrio direito que irradia para o dorso em forma de faixa • Náuseas e vômito • Sudorese • Distensão abdominal • Febre • Hipotensão postural • Icterícia • Movimentos peristálticos diminuídos ou ausentes • Derrame pleural • Taquicardia • Sinal de Grey-turner e Cullen (pancreatite necrohemorrágica) Diagnóstico: Amilase e lipase séricos: elevadas mais que 3x o limite superior da normalidade; lipase sérica é o padrão ouro pois é mais específica que amilase AST e ALT e Fosfatase Alcalina: elevados quando associado a hepatite alcoólica ou coledocolitíase Exames de imagem: USG (cálculos biliares), RX (atelectasia), TC (+ indicado para avaliar complicações), RM, colangiopancreatografia Prognóstico: A taxa de mortalidade em pacientes com pancreatite aguda é de 10 a 15%, em casos graves Taxa de mortalidade de 10 a 50% nos casos de pancreatite com necrose e hemorragia (comprovado por TC). PANCREATITE CRÔNICA: Características: Causa principal é o alcoolismo Acomete entre 40-50 anos Etiologia: ETIOLOGIA DA PANCREATITE AGUDA: • Tóxico-metabólica (álcool, hiperparatireoidismo, hipertrigliceridemia, medicações) • Idiopática (sem causa aparente) • Genética • Autoimune (rara) • Recorrente Grave • Obstrutiva “TIGAR-O”: esquema de etiologias por ordem de incidência Fisiopatologia: A causa mais comum é o alcoolismo, geralmente pacientes com história de ingesta prolongada (10-15 anos), homens, acometidos principalmente entre 40-50 anos Outras causas são: obstrução de ductos, hipotrofia acinar, fibrose, dilatação ductal, anomalias congênitas, estenose ductal, cálculos e neoplasias o álcool induz as células acinares a realização de hipersecreção proteica. Como a secreção não é proporcional em água e carboidratos pelas células citoacinares, ela fica mais espessa, formando tampões proteicos que resulta em obstrução dos pequenos ductos. A precipitação de cálcio sobre os tampões resulta em calcula intraductal, por isso a doença é conhecida como hepatite crônica calcificante Manifestações Clínicas: • Nos períodos de reagudização podem ocorrer sintomas semelhantes a pancreatite aguda • Dor abdominal intermitente, acentuada, no abdômen médio ou superior esquerdo, podendo irradiar em faixa para o dorso • Esteatorreia • Emagrecimento Diagnóstico: Dados clínicos + exames laboratoriais + exames de imagem Amilase e lipase séricas: frequentemente normais Marcadores de processo inflamatório (contagem de leucócitos): pouco elevados Radiografia do abdômen: calcificações pancreáticas TC do abdômen: exame de escolha para avaliação inicial USG ou TC: alterações na forma do pâncreas, pseudocisto, calcificações (30% dos casos) RM e colangiopancreatografia por RM: quando não altera TC Colangiopancreatografia (CRPE): método invasivo, permite a visualização acurada do sistema ductal pancreático e tem sido o padrão ouro para pancreatite crônica ABDOMEN AGUDO: Características: O termo abdômen agudo remete a uma condição intra- abdominal, não traumática, cuja característica principal é a dor de intensidade variável, de início súbito ou progressiva que requer diagnostico e intervenção precoce, seja através do manejo clinico ou cirúrgico Dor Abdominal: Os nociceptores são terminações nervosas livres que tem função de receber os estímulos dolorosos e conduzi-los até o cérebro, informando dano ou lesão e tendo como finalidade a manutenção da integridade do organismo PRA ECONOMIZAR TEMPO PULA DIRETO PRA TABELINHA: Peritônio Visceral: os órgãos revestidos por ele são inervados por fibras do tipo C não mielinizadas, que são sensíveis a distensão isquemia, tração, compressão e torção. Geram dor difusa de inicio lento e duração longa. Acometimentos dessa estrutura podem manifestar: náusea, sudorese, diminuição da PA e FC (sinais sistêmicos) Peritônio Parietal: ele e a raiz do mesentério tem maior quantidade de nociceptores e são inervados por fibras do tipo A delta, mielinizadas e conduzem a via rápida da dor. Representar dor aguda, bem localizada de curta duração e componente emocional fraco. Piora com movimento e tosse e ode causar contratura muscular. Recebe o nome de dor somática e é típica da apendicite. Peritônio Visceral: Peritônio Parietal: Fibras do tipo C não mielinizadas Fibras do tipo A delta mielinizadas Dor difusa Dor localizada Início lento Início Súbito Duração longa Duração curta ABDOMEN AGUDO INFLAMATÓRIO: Características: É o tipo mais comum de abdômen agudo Se inicia com a obstrução de vísceras ocas normais ou anatomicamente alteradas (divertículos), originando processo inflamatório na parede visceral, progredindo para infecção franca e comprometimento vascular do órgão. É comum a presença de massas palpáveis no abdômen, decorrente da reação do pericônio a agressão Etiologia: PRINCIPAIS CAUSAS DE ABDOMEN AGUDO INFLAMATORIO: Apendicite aguda Colicistite aguda Pancreatite aguda Diverticulite aguda Peritonite Doença Inflamatória Pélvica Megacólon tóxico Pielonefrite Gastrenterite Fisiopatologia: Baseia-se na extensão do processo inflamatório ao peritônio as modificações no funcionamento do trânsito intestinal Quando o processo inflamatório atinge o peritônio visceral, ocorre paralisia da musculatura envolvida, gerando íleo paralítico → inervação de fibras autonômicas → distensão e contração visceral → dor difusa e mal localizada Quando atinge o peritônio parietal ocorre contraturamuscular abdominal localizada ou difusa → inervação pelas fibras somáticas cerebroespinhais → dor localizada, continua e intensa. A peritonite pode ser classificada em duas fases: 1) fase inicial → transudativa e exsudativa (horas); 2) fase tardia → fibrinopurulenta e presença de abcesso (dias); com demora da intervenção, pode-se observar peritonite disseminada Manifestações Clínicas: • Dor progressiva: Dor abdominal inicialmente incaracterística (peritônio visceral - 1h ou várias horas para atingir seu pico), que com a evolução da doença se torna característica e bem definida (peritônio parietal) • Náusea • Anorexia • Vomito • Alteração do trânsito intestinal Exemplos de AAI: Apendicite: causa mais comum; dor epigástrica ou periumbilical mal localizada, tipo visceral, QID pode migrar para ponto de McBurney; pode apresentar anorexia, náuseas e vomito, febre baixa e moderada, constipação e parada de eliminação de flatos, mas também diarreia; sinal de Blumberg (dor a descompressão); USG → padrão ouro (94% de especificidade) Colicistite Aguda: inflamação da vesícula associada a litíase biliar (95% dos casos); dor em cólica após ingestão de alimentos gordurosos (liberação de CCK), contraindo a vesícula; dor em QSD, migrando para epigástrio e dorso; náuseas e vômitos, febre >38º pode estar presente; sinal de Murphy (interrupção da inspiração profunda a palpação); USG → padrão ouro Pancreatite Aguda: associada a litíase biliar; dor intensão na região epigástrica (QID) que irradia para o dorso “em faixa”, náusea e vomito, íleo paralitico, abdômen doloroso, vômitos precoces e volumosos; 80-90% são casos leves; e casos graves pode se encontrar sinais de peritonite (taquicardia, taquidispneico, hipotenso, abdômen distendido; casos graves sinal de cullen (umbigo) e grey- turner (flancos) – hematomas; USG para evidenciar litíase e TC → padrão ouro para avaliar parênquima pancreático (gravidade da doença), lipase sérica → padrão ouro laboratorial Diverticulite: no sigmoide principalmente e associada ao colón descendente; comum em idosos; dor em QIE, febre e constipação, distensão abdominal; TC → padrão ouro; sempre evitar colonoscopia Diagnóstico: Anamnese + exame físico + exames complementares (laboratorial e imagem) ABDOMEN AGUDO PERFURATIVO: Características: Síndrome clinica caracterizada por dor abdominal, de início súbito, decorrente de perfuração de víscera oca Causa + frequente de cirurgia abdominal de urgência define-se pelo extravasamento do conteúdo do TGI para cavidade peritoneal, resultando em peritonite Quanto menor o pH do conteúdo extravasado maior a irritação peritoneal Dor do tipo somática As perfurações são divididas em alta (gastroduodenal e delgado proximal) com dor de maior intensidade e baixa (delgado distal e cólon) com menor intensidade e irritação peritoneal Antibióticos de largo espectro devem estar associados a intervenção cirúrgica Etiologia: PRINCIPAIS CAUSAS DE ABDOMEN AGUDO PERFURATIVO: Úlcera péptica Neoplasia Corpo estranho Perfuração espontânea de vísceras DII (Doença de Crohn principalmente e RCU) Megacólon tóxico Complicação por Endoscopia Fisiopatologia: Com a perfuração, tem-se extravasamento da secreção luminal na cavidade peritoneal, de natureza química e de intensidade variável. Em seguida, tem-se invasão bacteriana que progride para processo infeccioso, com repercussão local e sistêmica. Bactérias envolvidas: são geralmente pseudomonas aeruginosas, Klebsiella sp. E E. coli Manifestações Clínicas: Dependem do local e tipo de perfuração e secreção extravasada Dor súbita, de forte intensidade com difusão rápida por todo abdômen Sinais de sepse, hipotensão e choque soa comuns Desconforto respiratório pelo acumulo de gás (pneumoperitonio) Exemplos de AAP: Úlcera péptica: ocorrem principalmente no estomago e duodeno; atinge idosos pelo uso crônico de AINES e AAS. Dor epigástrica seguida de abdominal difusa. Pode simular apendicite que migra para QID. perfuração de delgado as causas mais frequentes são DII, corpo estranho e neoplasia Perfurações do intestino grosso decorrem de processos inflamatórios como diverticulite, Megacólon toxico, colite pseudomembranosa neoplasia e corpo estranho Diagnóstico: Anamnese + exame físico + exames complementares (imagem) Exames de imagem: 75-80% apresentam pneumoperitonio Radiografia simples → padrão ouro exame inicial de escolha; revela pneumoperitonio ABDOMEN AGUDO OBSTRUTIVO: Características: Pode ser parcial ou completa, alta ou baixa e necrótica ou não Alta: maior incidência de vômitos após crise de dor Baixa: menor frequência de vômitos, parada da eliminação de fezes e flatos e vomito fecaloide Cerca de 80% dos casos envolvem intestino delgado Etiologia: PRINCIPAIS CAUSAS DE ABDOMEN AGUDO OBSTRUTIVO: Mecânica: Bridas e aderências Hérnias Neoplasia (carcinoma colorretal) Vólvulo DII (especialmente Crohn) Intussuscepção Fecaloma Funcional: Íleo funcional Pós-operatório <72h Fisiopatologia: Obstrução do intestino delgado: A estase do delgado promove supercrescimento bacteriana, resultando em odor fétido presente no vomito O gás responsável pela distensão geralmente provém do ar ingerido, tendo nitrogênio como principal componente. Com o tempo ocorre aumento dos gases pela fermentação das bactérias intestinais Vômitos frequentes aumentam o distúrbio hidroeletrolítico Ocorre aumento da perda de água e sódio para ambiente luminal A distensão promove aumento da pressão luminal, comprometendo drenagem venosa Intussuscepção é mais comum em crianças de 3 a 9 meses Obstrução do intestino grosso: A competência da válvula ileocecal determina o comportamento da obstrução no cólon Ocorre obstrução em alça fechada entre a válvula ileocecal e o ponto de obstrução, podendo levar a dilatação, seguida de comprometimento vascular evoluindo para necrose e posterior perfuração Manifestações Clínicas: • Dor visceral, em cólica intestinal e na região periumbilical • Peristaltismo de luta/aumentado • Vômitos após crise de dor (tentativa de aliviar distensão das alças obstruídas – quanto mais alta a obstrução maior os episódios; quanto mais baixa menores, diminuição de eliminação de fezes e flatos e mais fecaloides os vômitos • Desidratação • Comprometimento da vascularização com a progressão da doença, podendo ocorrer necrose Exemplos de AAO: Bridas e aderências: são a principal causa em adultos Hérnias: fragilidades na parede abdominal que resultam em migração do órgão para cavidade peritoneal Neoplasia: câncer colorretal é a causa ais comum de obstrução colônica no adulto, seguida de diverticulite e vólvulo Íleo funcional: ocorre no pós-operatório de cirurgias, assim como em associação com doenças e uso de drogas Diagnóstico: Anamnese + exame físico + exames complementares (imagem) Radiografia de abdômen em três incidências → padrão ouro ABDOMEN AGUDO VASCULAR: Características: Mortalidade de 80% Diagnostico sempre tardio Acomete mais idosos Etiologia: PRINCIPAIS CAUSAS DE ABDOMEN AGUDO VASCULAR: Embolia da Artéria Mesentérica Superior Trombose da artéria mesentérica superior Trombose da veia mesentérica superior Isquemia mesentérica não oclusiva Colite Isquêmica Fisiopatologia: Envolve lesão isquêmica inicial, pela redução do fluxo arterial ou venoso (levando a lesões precoces que evoluem para transmurais), que se perpetuam pelo vasospasmo reflexo da circulação mesentérica e completada por lesão de reperfusão (principalmente pela formação e ação de radicais livres que desencadeiam síndrome de resposta inflamatória que pode evoluir para falência múltipla de órgãos) Manifestações Clínicas: Dor abdominal muito intensa, súbita e periumbilicalPode estar associada a vomito e diarreia sanguinolenta Exemplos de AAV: Embolia da artéria mesentérica superior (mais frequente – 50% dos casos) Isquemia mesentérica aguda não oclusiva (20- 30% dos casos) ocorre em situações de baixo fluxo que cursam com vasoconstrição; geralmente em portador de ICC. Trombose de veia mesentérica superior pode ser primaria (sem identificação de causa) ou secundaria Diagnóstico: Exames laboratoriais são inespecíficos Padrão ouro → é a arteriografia ABDOMEN AGUDO HEMORRÁGICO: Características: É mais frequentemente associado ao trauma, pós- operatório e complicações de procedimentos (biopsias hepáticas por exemplo) Etiologia: PRINCIPAIS CAUSAS DE ABDOMEN AGUDO HEMORRÁGICO: Gravidez ectópica rota Ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas Pós-operatório Ruptura vascular espontânea (aneurisma de aorta e seus ramos viscerais) Manifestações Clínicas: Dor súbita Comprometimento hemodinâmico (palidez intensa e hipovolemia acentuada) Exemplos de AAH: Ruptura espontânea de víscera parenquimatosa e ruptura vascular: não são comuns Ruptura de aneurisma da aorta: acomete mais idosos homens, aterosclerose é a principal causa e a sede mais comum é a aorta abdominal Gravidez Ectópica Rota: necessário fazer cirurgia imediata Diagnóstico: Confirmado por USG ITUs Características: As ITUs incluem cistite (trato urinário baixo → bexiga e ureteres) e pielonefrite (trato urinário alto → rins) Estão entre as infecções bacterianas mais comuns Bactéria mais comum é E. Coli (80% dos casos) Entre 20-30 anos a prevalência é em mulheres São infecções de alta recorrência: ITU recorrente é a que ocorre 3x ao ano ou 2x nos últimos 6 meses Fatores de proteção do Trato Urinário: Fatores fisiológicos: homem possui uretra com maior comprimento, fator antibacteriano prostático, esvaziamento completo da bexiga Fatores Biológicos de Proteção do Trato Urinário: IgA secretória, pH ácido, concentração de ureia, osmolaridade e ácidos orgânicos Fatores Genéticos: capacidade da proteína TammHorsfall e dos receptores uroteliais de impedirem a aderência de bactérias como a E. Coli fimbriada Etiologia OBS: as principais bactérias causadoras de ITU são bactérias gram negativas BACTÉRIAS CAUSADORAS DE ITU: Escherichia Coli (principal – 80% dos casos) Sthapylococcus saprophyticus (2ª maior causa em mulheres e adolescentes) Klebsiella spp. (mais comum em crianças) Protheus spp. (mais comum em homens) Enterococos Estafilococos (staphylococcus aureus) Fatores de Risco: FATORES DE RISCO PARA ITU: Uso recente de antimicrobiano de amplo espectro Sexo feminino Anormalidade urológica (refluxo vesicoureteral, doença cística dos rins) Higienização inadequada após ato sexual Histórico de procedimento cirúrgico ou sonda vesical Litíase (calculo renal) Alterações na próstata ITU prévia Menopausa Complicações são mais comuns em mulheres gestantes, diabéticos e pacientes submetidos a cirurgia urológica Classificação: Classificação das ITUS Recorrente: 3x ao ano ou 2x em 6 meses Associada a cateter: Presença de sonda vesical nas ultimas 48h Trato Urinário Baixo: Disúria, polaciúria, dor supra púbica Trato Urinário Alto: Dor lombar (Giordano) Complicada: Sintomas sistêmicos (febre, calafrios, náusea e vomito); Fonte: Porto: Clínica Médica na Prática Diária Se você ainda não aprendeu, os tópicos abaixo irão facilitar: • Disúria: dor ao urinar • Polaciúria: vontade excessiva de urinar, várias vezes, porém urina sai em pouca quantidade • Poliúria: aumento do volume urinário • Hematúria: presença de sangue na urina • Colúria: urina com cor de “Coca-Cola” Fisiopatologia A interação entre bactérias e características do epitélio representam a patogênese As ITUs podem ocorrer por meio de: colonização ascendente de bactérias, via hematogênica ou via linfática Fatores bacterianos como colonização periuretral e virulência da bactéria predispõe ao desenvolvimento de ITU Fatores bacterianos: A E. Coli possui como fatores: COMPONENTES BACTERIANOS QUE FAVORECEM ITU: Fatores de virulência: Adesinas, protectinas, sideroforos e toxinas → atuam em cadeia promovendo fixação e lesão ao endotélio Fimbrias ou Pili: Promovem fixação Antígenos K, O e H: Resistentes a fagocitose, responsáveis pela motilidade e antigenicidade Hemolisina: Lise das hemácias Aerobactina: Promove desenvolvimento bacteriano Manifestações Clínicas: Cistite: • Disúria • Polaciuria • Odor fétido na urina • Hematúria • Urgência miccional Pielonefrite: • Sintomas de cistite (pode ter ou não) • Febre e calafrios • Sinal de Giordano • Dor no flanco e sensibilidade no ângulo costovertebral • Dor abdominal e mal-estar • Náusea e vomito Diagnóstico: Clínico Urocultura: detectar a bactéria presente (>100.000 UFC) – gram negativas Exame simples de urina: aumento de leucócitos, hematúria, presença de nitrito OBS: em casos de pielonefrite, no exame simples de urina, tem-se a presença de cilindros leucocitários como patognomônico da doença Tratamento: Inicialmente deve ser empírico até que se obtenha urocultura e antibiograma Pielonefrite: deve receber a 1ª dose do antibiótico endovenoso ainda no serviço de emergência NEFROLITÍASE Características: Mais prevalente em homens Maior incidência entre 30-50 anos Relacionada ao clima e dieta Fisiopatologia Desequilíbrio entre a solubilidade e precipitação de sais na urina Ocorre pela supersaturação da urina Entretanto, embora a urina na maioria dos indivíduos esteja supersaturada com um ou mais tipos de cristais, a presença de inibidores da cristalização impede a formação contínua de cálculos na maior parte da população. A ATIVIDADE INIBITÓRIA NA CRISTALIZAÇÃO: Os inibidores se ligam a superfície dos cristais, impedindo a nucleação, inibindo seu crescimento ou agregação. Existem vários inibidores, sendo eles: As placas de Randall estão estritamente relacionadas com a gênese dos cálculos urinários FATORES DE RISCO P/ FORMAÇÃO DOS CÁLCULOS: Hipercalciúria Excreção exagerada de cálcio Primário ou idiopática Hiperoxalúria Excreção de oxalato de cálcio exagerada Pode ser por causa dietética (VIT. C), entérica (síndrome disabsortiva) ou primária (genética) Hiperuricosúria Aumento de ácido úrico Causas podem ser gota, obesidade, diabetes, DM, diarreia crônica Hipocitratúria Excreção diminuída de citrato É um potente inibidor de cristalização Infecção Relacionado a proteus, sthapylococcus providencia e ureaplasma Cistinúria Doença hereditária Etiologia: ETIOLOGIA DA LITÍASE URINÁRIA: Cálculos de cálcio: • 70-80% dos casos • Compostos de oxalato ou fosfato de cálcio • Encontrados em casos de acidose tubular distal, hiperparatireoidismo, hiperoxalúria, baixo volume urinário Cálculos de Ácido Úrico: • 10-15% dos casos • Podem ser puros ou conter cálcio também • radiotransparentes Cálculos de Estruvita: • 5-10% dos casos • Formados de fosfato amoníaco e magnésio • Pouco radiodensos Cálculos de Cistina: • 1% dos casos • Radiopacos e em aspecto de vidro moído Fatores de Risco: • Homens • Idade entre 30-50 anos • Alterações anatômicas do trato urinário • Fatores ambientais (calor, dieta com excesso de sal) • Distúrbios metabólicos (hipercalciuria, hiperuricosúria, hiperoxalúria, hipocitratúria) Manifestações Clínicas: • Pode ser assintomática e descoberta em exame de rotina (principalmente quando o calculo se localiza no cálice renal) • Cólica renal: dor intensa no flanco irradiando para virilha, testículo, área supra púbica ou grandes lábios • Dor abdominal com características imprecisas • Hematúria micro ou macroscópica • Náusea e vômito • Disuria e urgência urinaria Diagnóstico:Exame simples de urina: hematúria e leucocitúria Dosagem de ureia e creatinina: avaliação da função renal Urocultura: se suspeita de infecção associada Radiografia de abdômen: não identifica cálculos pequenos TC sem contraste: é o exame de escolha USG: em caso de contraindicação para radiação Tratamento: 1ª escolha - Para tratamento da dor: dipirona ou AINEs 2ª escolha: opioides (analgesia de maior potência) Tratamento para acelerar eliminação de cálculos: tansulosina, silodosina, nifedipino – associados ou não a deflazacorte Cirurgia: cálculos impactados em zonas de estreitamento ; >10mm
Compartilhar