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Crimes e infrações administrativas

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Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
Aula 10: Crimes e infrações administrativas
Apresentação
Estudaremos os crimes praticados contra crianças e adolescentes, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na
legislação penal, sistematizando os tipos penais. Também abordaremos, nesta aula, as infrações de natureza
administrativa derivadas da violação dos direitos da criança e do adolescente.
Objetivos
Examinar a in�ltração de agentes de polícia para investigação de crimes contra a dignidade sexual da criança e do
adolescente;
Analisar a apuração de infração administrativa às normas de proteção;
Identi�car os crimes e infrações administrativas previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Infrações e crimes contra os direitos infantojuvenis
A proteção aos direitos infantojuvenis sofre violações de toda ordem, desde infrações administrativas, no âmbito
governamental ou não, a crimes cometidos por ação ou omissão. Como forma de proteção à infância e à adolescência, o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê não apenas algumas dessas irregularidades e crimes como também os
procedimentos para a sua apuração.
Em razão do princípio da proteção integral e da prioridade absoluta, diversos mecanismos foram criados pelo Sistema de
Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente ou Testemunha de Violência, com o objetivo primordial de assegurar, com a
máxima celeridade, o atendimento individualizado e prioritário à criança e ao adolescente.
1. Da in�ltração de agentes de polícia para a investigação de crimes contra a
dignidade sexual da criança e do adolescente
Diante da necessidade decorrente do uso da tecnologia e da luta constante de proteção dos direitos fundamentais da criança e
do adolescente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) traz, no art. 190-A, o procedimento adotado quando detectada a
violação da dignidade sexual, incluído em 2017 pela Lei nº 13.441.
 Fonte: Freepik
Leiamos sobre como ocorre a in�ltração de agentes da polícia
 In�ltração de agentes da polícia
 Clique no botão acima.
Dessa forma, é permitido que ocorra a in�ltração, na internet, de agentes da polícia, podendo a identidade deles ser
mantida oculta ou mesmo pelo uso de dados �ctícios, com o objetivo de investigar a prática ou a tentativa de crimes
contra a dignidade sexual de crianças e de adolescentes, ou de crimes cibernéticos que estejam violando os direitos
desse grupo especial.
A in�ltração, embora permitida por lei, necessita de autorização judicial, tendo prazo máximo de duração de 90
(noventa) dias, podendo este período, no entanto, ser renovado, desde que a renovação não ultrapasse o prazo de 720
(setecentos e vinte) dias.
O requerimento para a utilização desse meio de obtenção de provas deverá ser realizado à autoridade judicial pelo
Ministério Público ou pelo delegado de polícia.
A in�ltração de agentes de polícia é percebida como medida de natureza excepcional, devendo, portanto, ser utilizada
somente na impossibilidade de se obter outros meios de prova dos crimes ou tentativas de crime. O procedimento
pode, inclusive, ser anulado, se for constatado que outros meios de aquisição de provas eram possíveis e não foram
utilizados ou foram desconsiderados pela preferência à in�ltração.
As informações obtidas pela equipe de policiais serão destinadas à autoridade judiciária, sendo mantidas em sigilo.
Apenas essa autoridade, o Ministério Público e o delegado responsável terão acesso livre a elas, preservando, dessa
forma, a privacidade e a intimidade das crianças e dos adolescentes.
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2. Apuração de irregularidades em entidades de atendimento
A irregularidade de que trata o art. 191 do ECA referente ao procedimento de apuração de irregularidade em entidade
governamental e não governamental é direcionada não apenas a entidade de atendimento propriamente dita, mas também aos
programas de atendimento implementado pela entidade a partir do momento em que não cumprem as obrigações assumidas
bem como os princípios norteadores previstos no art. 92 .1
De acordo com a previsão legal, o procedimento de apuração de
irregularidade em entidade, seja ela governamental ou não, será de�agrado
mediante portaria da autoridade judiciária, de representação do Ministério
Público ou do Conselho Tutelar, a quem cabe também a �scalização das
entidades (art. 95, ECA).
Conforme as circunstâncias, a autoridade poderá determinar o afastamento provisório do dirigente da entidade.
Atenção
No que se refere ao Conselho Tutelar, cabe ressaltar que este possui capacidade postulatória, podendo peticionar sem a
necessidade da atuação do Ministério Público, ou mesmo de advogado.
As dirigentes da entidade, constatada a irregularidade, são previstas penalidades de:
Advertência;
Afastamento provisório ou mesmo de�nitivo dos dirigentes;
De forma mais extrema, o fechamento da unidade ou a interdição do programa.
Já para as entidades governamentais e as não governamentais, serão aplicadas as penalidades de:
Advertência;
Suspensão parcial ou mesmo total do repasse das verbas públicas;
Interdição da unidade ou a suspensão do programa;
Cassação do registro da entidade, impossibilitando que ela retorne às atividades.
 Contraditório, defesa e provas
 Clique no botão acima.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/dp0141/aula10.html
Muito embora o objetivo seja a proteção integral da criança e do adolescente, não se afasta do procedimento o
princípio do contraditório, de modo que o dirigente será citado para que apresente defesa no prazo de 10 (dez) dias,
devendo com ela apresentar todas as provas que pretende utilizar.
Havendo necessidade de provas verbais, deverá ser designada a audiência de instrução e julgamento quando então
serão aplicadas as penalidades anteriormente referidas. Cabe, porém, ressaltar que, antes da aplicação das
penalidades legais, o julgador poderá conceder prazo su�ciente para que sejam sanadas todas as irregularidades
veri�cadas.
A aplicação das penalidades referidas não impedirá a responsabilidade civil e administrativa das entidades e dos
dirigentes destas em face da violação das normas de proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes, podendo
ambos responder por danos morais do ponto de vista individual ou coletivo.
3. Apuração de infração administrativa às normas de proteção à criança e ao
adolescente
A apuração de infração administrativa às normas de proteção à criança e ao adolescente está prevista no art. 194 do ECA,
sendo necessária a representação do Ministério Público, do Conselho Tutelar ou de auto de infração, que deve ser elaborado
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, devendo também ser assinado por duas testemunhas.
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
administrativa por infração às normas de proteção à criança e
ao adolescente terá início por representação do Ministério
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração
elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e
assinado por duas testemunhas, se possível.
- (BRASIL, 1990)
Tanto o Ministério Público como o Conselho Tutelar deverão utilizar o mesmo procedimento para a identi�cação da infração
administrativa e respectiva punição, ou seja, deverão fazer a representação com a quali�cação do acusado e a descrição da
conduta praticada bem como o pedido de condenação, e não por auto de infração, sob pena de nulidade.
O auto de infração como forma de de�agrar o procedimento para a identi�cação da infração administrativa somente é
autorizado quando for realizado por servidor efetivo ou voluntário subordinado ao Juízo da Infância e Juventude, como os
agentes de proteção ou os comissários de vigilância da infância e juventude.
Exemplo
Vejamos um exemplo de auto de infração:
PROCEDIMENTO PARA IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE ADMINISTRATIVA POR INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO À
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE. Iniciativa do conselho tutelar, via auto de infração. Inadmissibilidade. Decretação, de ofício, denulidade do procedimento, desde o início. Recurso Provido. Nulo é o procedimento para imposição de penalidade administrativa
por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente, se iniciado pelo Conselho Tutelar via auto de infração que não
especi�ca, além do mais, as circunstâncias de infração.
(TJPR. Apelação nº 95.0044-0.j.04/12/1995 Relator Desembargador Carlos Hoffmann)
Vejamos mais alguns aspectos quanto à apuração de infração.
1.Defesa do requerido : 10 dias, a partir
da intimação
A defesa do requerido deverá ser apresentada em 10
(dez) dias. Porém, o art. 195 do ECA estabelece que o
prazo para a apresentação da defesa deverá ter início a
partir da intimação
2.Realização da intimação: autuante,
o�cial de justiça ou funcionário
habilitado
Esta poderá ser realizada pelo próprio autuante, quando
lavrada na presença do requerido, por o�cial de justiça
ou por funcionário habilitado, que deverá entregar a
cópia do auto ou da representação ao requerido ou ao
seu representante legal;
3.Noti�cação da intimação: postal com
AR ou edital
Por via postal, com aviso de recebimento, na hipótese
de o requerido ou o seu representante legal não ser
encontrado; ou mesmo por edital, quando o requerido
ou o seu representante legal estiver em local incerto ou
não sabido.
4.Prazo para manifestação: 30 dias
Após a noti�cação, será �xado o prazo de 30 (trinta)
dias para manifestação, respeitando-se as normas
previstas no Novo Código de Processo Civil utilizado de
forma subsidiária ao ECA.
Saiba mais
Auto de infração é um documento lavrado de ofício por algum agente público competente, a partir do momento que é
constatada uma infração à legislação pátria.
A celeridade também é necessária quando se determina que, em não havendo apresentação de defesa, ouvido o Ministério
Público, a decisão deverá ser proferida em igual prazo, ou seja, no prazo de 10 (dez) dias. A audiência de instrução, cuja
principal �nalidade é a produção de provas orais, somente ocorrerá se efetivamente se �zer necessária a prova testemunhal, de
modo que esta será dispensada se houver provas su�cientes, dando-se primazia aos princípios da economia processual e da
celeridade processual.
4. Aspectos gerais dos crimes e das infrações administrativas
Em razão do princípio da proteção integral e da prioridade absoluta, diversos mecanismos foram criados pelo Sistema de
Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente ou Testemunha de Violência, com o objetivo primordial de assegurar o
atendimento individualizado e prioritário à criança e ao adolescente.
Por causa disso, o art. 226 do ECA apresenta normas penais e processuais penais a serem utilizadas diante da ocorrência de
crimes e infrações administrativas que violem os direitos das crianças e dos adolescentes.
Do art. 228 ao art. 244, o ECA descreve os crimes decorrentes de determinada conduta omissiva ou comissiva bem como as
respectivas penas. Diferentemente do Código Penal (CP), que identi�ca a quali�cação do crime, o ECA descreve o
comportamento omissivo ou comissivo, em face da criança e do adolescente, que deverá ser penalizado envolvendo questões
referentes à saúde, à liberdade e à exploração sexual, entre outras, descritas a seguir.
 Crimes decorrentes de determinada conduta omissiva ou comissiva
 Clique no botão acima.
1. Crimes que se referem aos cuidados e à saúde da criança e do adolescente:
1.1. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das
atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no Art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do
desenvolvimento do neonato (art. 228, ECA);
1.2. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o
neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no Art. 10 desta Lei (art. 229,
ECA), a saber:
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
obrigados a:
i. manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
ii. identi�car o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe,
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
iii. proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido,
bem como prestar orientação aos pais;
iv. fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do
desenvolvimento do neonato;
v. manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
vi. acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada,
enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente.
2. Crimes que se referem à liberdade e à dignidade quando da prática de ato infracional:
2.1. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional
(art. 230, ECA);
2.2. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada (art. 231, ECA);
2.3. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha
conhecimento da ilegalidade da apreensão (art. 234, ECA);
2.4. Além de descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade (art. 235,
ECA);
2.5. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público
no exercício de função prevista na Lei (art. 236, ECA).
3. Crimes que se referem ao direito de guarda e proteção da criança e do adolescente:
3.1. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento (art. 232, ECA);
3.2. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de
colocação em lar substituto (art. 237, ECA);
3.3. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa (art. 238, ECA);
3.4. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro (art. 239, ECA).
4. Crimes que se referem a exploração sexual e pornogra�a violando a dignidade da
criança e do adolescente:
4.1. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
envolvendo criança ou adolescente (art. 240, ECA);
4.2. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente (art. 241, ECA) subdividido do art. 241A a 241E.
5. Crimes que se referem à prática de atos que inter�ram de forma negativa no
desenvolvimento físico, intelectual, social e moral:
5.1. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou
explosivo (art. 242, ECA);
5.2. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica (art.
243, ECA);
5.3. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, fogos de estampido ou
de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilizaçãoindevida (art. 244, ECA).
Saiba mais
Quando o art. 243 faz referência a produtos que possam causar dependência, o dispositivo está se referindo também a
substâncias que não são consideradas “drogas ilícitas” pela Portaria do Ministério da Saúde (DIMED). Desse modo, poderão
ser punidos aqueles indivíduos que fornecerem às crianças e aos adolescentes produtos como o thinner, a “cola de sapateiro”,
e outros solventes e inalantes, que, em razão da utilização inadequada e indevida, podem causar dependência física ou
psíquica. Da mesma forma, inclui-se aqui aquele que fornecer cigarro a criança ou a adolescente, uma vez que a nicotina pode
causar dependência.
CRIMINAL - ARTIGO 243 DA LEI Nº 8.069/90 (ECA) – FORNECIMENTO DE CIGARRO À FILHA MENOR - PRODUTO CUJOS
COMPONENTES PODEM CAUSAR DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA - ALEGADA AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE DELITIVA
AFASTADA - EXISTÊNCIA DE PROVAS DO DELITO - SENTENÇA INTEGRALMENTE CONFIRMADA – RECURSO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO.
(TJPR - 5ª C. Crim. - AC nº 902097-9, de São João do Ivaí. Rel.: Des. Raul Vaz da Silva Portugal - Unânime - J.30/08/2012).
Atenção
Do ponto de vista processual, não existem diferenças entre os crimes previstos no ECA e os crimes previstos no CP, sendo
adotados os mesmos atos processuais e procedimentos, com ressalva quanto ao fato de serem submetidos à ação penal
pública incondicionada (art. 227, ECA), preservando dessa forma o princípio do devido processo legal.
O julgamento dos crimes sempre deverá levar em conta o princípio da prioridade absoluta da criança e do adolescente, de
forma a se impor a celeridade necessária para que se evitem danos maiores aos sujeitos envolvidos, pois trata-se de pessoas
em desenvolvimento.
4. Aspectos gerais dos crimes e das infrações administrativas
As infrações administrativas não caracterizam nenhum crime propriamente dito, porém, praticado o ato ou diante de uma
omissão, os responsáveis respondem pela violação dos direitos da criança e do adolescente.
As infrações administrativas estão previstas nos arts. 245 a 258 do ECA, os quais podem ser identi�cados em face do direito a
ser resguardado ou que está sendo violado.
 Infrações administrativas
 Clique no botão acima.
1. Infrações em torno dos maus-tratos e proteção da criança e do adolescente:
1.1. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou
creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de
maus-tratos contra criança ou adolescente (art. 245, ECA);
2. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos
direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do Art. 124 desta Lei (art. 246, ECA). O
artigo mencionado (art. 124, ECA) se refere aos direitos do adolescente privado de
liberdade, sendo referido no dispositivo o direito a peticionar diretamente a qualquer
autoridade (II); o direito a avistar-se reservadamente com seu defensor (III); de receber
visitas (VII), ao menos semanalmente; o direito de corresponder-se com seus familiares e
amigos (VIII); e, o direito de receber escolarização e pro�ssionalização (XI);
3. Infrações que possuem como objeto a exposição e constrangimento da criança e do
adolescente:
3.1. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de
procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional (art. 247, ECA);
4. Infrações referentes a guarda e proteção da criança ou adolescente ferindo o princípio
da proteção integral:
4.1. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda,
adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável
(art. 248, ECA);
4.2. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim
determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar (art. 249, ECA);
4.3. Hospedar criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita destes, ou da
autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere (art. 250, ECA);
4.4. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos artigos 83, 84 e 85 desta Lei (art.
251, ECA), a saber:
Art. 83. Nenhuma criança [340] poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou
responsável [341], sem expressa autorização judicial.
§ 1º. A autorização não será exigida quando:
a. tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na
mesma região metropolitana;
b. a criança estiver acompanhada:
1. de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o
parentesco;
2. de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º. A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por 2 (dois) anos.
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
a. estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
b. viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com �rma
reconhecida.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional
poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
5. Infrações que violam o processo de desenvolvimento físico, intelectual, social e moral
da criança e do adolescente considerando se tratarem de sujeitos em desenvolvimento:
5.1. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de
exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de
classificação (art. 253, ECA);
5.2. Anunciar-se peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se
recomendem (art. 253, ECA);
5.3. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação (art.
254, ECA);
5.4. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou
adolescentes admitidos ao espetáculo (art. 255, ECA);
5.5. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo
órgão competente (art. 256, ECA);
5.6. Descumprir obrigação constante dos artigos 78 e 79 desta Lei (art. 257, ECA); a saber:
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. Parágrafo único. As editoras cuidarão
para que as capas que contenham mensagens pornográ�cas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca;
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotogra�as,
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos
e sociais da pessoa e da família.
5.7. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta lei sobre o acesso de criança ou
adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo (art. 258, ECA).
As infrações administrativas previstas no ECA, diferentemente dos crimes, não são penalizadas com detenção ou
penas privativas de liberdade, mas com penas de natureza pecuniária, sendo aplicadas multas que, na maioria das
vezes, são revertidas para fundos voltados para a própria defesa dos direitos e garantias das crianças e dos
adolescentes.
Saibamais
As multas previstas nas infrações administrativas estão vinculadas, no dispositivo legal, a salário referência porém,
atualmente não mais é utilizado, desta forma, a multa terá como parâmetro o salário mínimo podendo ser �xadas em reais.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PUBLICAÇÃO EM JORNAL DE MATERIAL PORNOGRÁFICO, INDUTOR DE
PROSTITUIÇÃO. MULTA EM SALÁRIO MÍNIMO. POSSIBILIDADE. As multas eram aplicadas em salário referência que,
revogado, foi substituído pelo salário mínimo. Assim, nenhuma ofensa às normas constitucionais porque, na verdade, o que o
Supremo vem proibindo é a vinculação do salário mínimo como forma de correção monetária. Quanto à publicação a
responsabilidade do órgão de divulgação decorre do só fato da comercialização dos anúncios contendo material pornográ�co
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes, inseridos em contexto erotizante que lhes deturpa a boa formação moral
e sexual, com aberto convite à prostituição. O anúncio de oferecimento de prostitutas com imagens eróticas e sensuais
ofende as regras dos artigos 78 e 79 do Estatuto da Criança e do Adolescente e o órgão divulgador dele suportará os ônus de
sua publicação. (�. 82) Dessa decisão interpõe Recurso Extraordinário alegando ofensa ao art. 7º, IV, ‘in �ne’ da Constituição
Federal. Não assiste razão ao recorrente. O Supremo Tribunal Federal �rmou a seguinte orientação: ‘Vinculação ao salário
mínimo: incidência da vedação do art. 7º, IV, da Constituição Federal, restrita à hipótese em que se pretenda fazer das
elevações futuras do salário mínimo índice de atualização da indenização �xada; não, qual se deu no acórdão, se o múltiplo do
salário mínimo é utilizado apenas para expressar o valor inicial da condenação, a ser atualizado, se for o caso, conforme os
índices o�ciais da correção monetária.’
(Recurso Extraordinário nº 338760, PUB. DJ 28/06/02, pp. 00053, julg. 14/04/2004, Rel. min. Nelson Jobim)
Atividade
1. A apuração de infração administrativa às normas de proteção à criança e ao adolescente previstas no ECA deverá ocorrer
mediante:
a) Representação do comissário da infância e juventude ou do Ministério Público;
b) Somente mediante representação do Conselho Tutelar à autoridade judiciária;
c) Auto de infração lavrado pelo Ministério Público ou representação do Conselho Tutelar;
d) Representação pelo Conselho Tutelar o do Ministério Público ou por auto de infração lavrada por servidor efetivo ou agente voluntário;
e) Somente mediante representação do Ministério Público à autoridade judiciária.
2. A in�ltração de agentes da polícia na internet com o objetivo de investigar a prática ou a tentativa de crimes contra a
dignidade sexual de crianças e de adolescentes mediante autorização judicial, tem o prazo máximo de:
a) 120 dias
b) 90 dias
c) 180 dias
d) 750 dias
e) 365 dias
3. De acordo com o previsto no ECA, na hipótese de procedimento instaurado para apuração de infração administrativa às
normas de proteção à criança e ao adolescente, o requerido terá o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa, prazo
inferior ao previsto para o procedimento ordinário que é de 15 (quinze) dias. A justi�cativa para a diferença referida encontra
respaldo nos princípios:
a) da motivação e da celeridade;
b) da proteção integral e da publicidade de atos;
c) da prioridade absoluta e da celeridade processual;
d) da proteção integral e do duplo grau de jurisdição;
e) da prioridade absoluta e da morosidade.
4. Acerca das infrações administrativas, pode-se a�rmar que:
a) implicam a aplicação de sanções restritivas de liberdade obrigatoriamente;
b) implicam a aplicação de mera advertência formal;
c) implicam a aplicação de medidas protetivas restritivas de liberdade;
d) implicam a aplicação de multas;
e) implicam apenas a detenção.
5. Constatada a irregularidade em entidades não governamentais, tem-se que serão aplicadas as seguintes penalidades:
a) advertência, afastamento provisório dos dirigentes, afastamento definitivo dos dirigentes, fechamento de unidade ou interdição de
programa;
b) advertência, suspensão parcial ou mesmo total do repasse das verbas públicas, interdição de unidade ou suspensão de programa, bem
como a cassação do registro da entidade;
c) advertência, afastamento provisório dos dirigentes, afastamento definitivo dos dirigentes apenas;
d) apenas advertência e suspensão parcial do total do repasse das verbas públicas;
e) apenas suspensão total ou parcial das verbas públicas recebidas pela entidade.
Notas
Art. 92 1
As entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princípios:
I. preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar;
II. integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa;
III. atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV. desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
V. não-desmembramento de grupos de irmãos;
VI. evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
VII. participação na vida da comunidade local;
VIII. preparação gradativa para o desligamento;
IX. participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
Referências
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BRASIL. Lei n. 13.441, de 8 de maio de 2017. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Lei/L13441.htm. Acesso em: 08 set. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2008.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso
em: 24 jul. 2019.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 19 jun.
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MARTINS NETO, J. dos P. Direitos fundamentais: conceitos, função e tipos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
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PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
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