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Manual de Curso de licenciatura em Ensino de GEOGRAFIA – 4o ano Geografia do Urbanismo G0154 Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância (CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância - CED Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa Moçambique - Beira Telefone: 23 32 64 05 Cel: 82 50 18 44 0 Fax:23 32 64 06 E-mail:ced@ucm.ac.mz Website: www.ucm.ac.mz Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual, dr. Carlitos Conde Jofrice, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela maquetização e revisão final Adalberto Paulino Falso Armindo Elaborado Por: dr. Carlitos Conde Jofrice Licenciado em Geografia Geografia do Urbanismo G0154 i Índice Visão geral 1 Benvindo a Geografia do Urbanismo ............................................................................. 1 Objectivos do curso ....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 2 Como está estruturado este módulo................................................................................ 2 Ícones de actividade ...................................................................................................... 3 Habilidades de estudo .................................................................................................... 3 Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5 Avaliação ...................................................................................................................... 6 Unidade I 9 Critérios de definição de cidades ................................................................................... 9 Introdução ............................................................................................................ 9 Sumário ....................................................................................................................... 12 Exercícios.................................................................................................................... 12 Unidade II 13 Factores de localização de cidades ............................................................................... 13 Introdução .......................................................................................................... 13 Sumário ....................................................................................................................... 16 Exercícios.................................................................................................................... 16 Unidade III 17 Cidades na antiguidade ................................................................................................ 17 Introdução .......................................................................................................... 17 Sumário ....................................................................................................................... 21 Exercícios.................................................................................................................... 22 Unidade IV 23 Cidade na Idade Média ................................................................................................ 23 Introdução .......................................................................................................... 23 Sumário ....................................................................................................................... 27 Exercícios.................................................................................................................... 28 Unidade V 29 A cidade na epoca do renascimento ............................................................................. 29 Introdução .......................................................................................................... 29 Geografia do Urbanismo G0154 ii Sumário ....................................................................................................................... 32 Exercícios.................................................................................................................... 33 Unidade VI 34 As cidades e a revolução industrial .............................................................................. 34 Introdução .......................................................................................................... 34 Sumário ....................................................................................................................... 36 Exercícios.................................................................................................................... 37 Unidade VII 38 O crescimento urbano .................................................................................................. 38 Introdução .......................................................................................................... 38 Sumário ....................................................................................................................... 89 Exercícios.................................................................................................................... 89 Unidade VIII 43 As cidades do presente - A explosao urbana ................................................................ 43 Introdução .......................................................................................................... 43 Sumário ....................................................................................................................... 46 Exercícios.................................................................................................................... 46 Unidade IX 47 As cidades do mundo de hoje - o nascimento das grandes aglomerações ...................... 47 Introdução .......................................................................................................... 47 Sumário ....................................................................................................................... 50 Exercícios.................................................................................................................... 50 Unidade X 51 Problemas da organização do espaço urbano................................................................ 51 Introdução .......................................................................................................... 51 Sumário ....................................................................................................................... 54 Exercícios.................................................................................................................... 55 Unidade XI 56 Morfologia urbana ....................................................................................................... 56 Introdução ..........................................................................................................56 Sumário ....................................................................................................................... 59 Exercícios.................................................................................................................... 59 Unidade XII 61 As cidades europeias ................................................................................................... 61 Introdução .......................................................................................................... 61 Geografia do Urbanismo G0154 iii Sumário ....................................................................................................................... 66 Exercícios.................................................................................................................... 66 Unidade XIII 67 Cidades norte - americanas .......................................................................................... 67 Introdução .......................................................................................................... 67 Sumário ....................................................................................................................... 69 Exercícios.................................................................................................................... 70 Unidade XIV 71 Cidades latino - americanas ......................................................................................... 71 Introdução .......................................................................................................... 71 Sumário ....................................................................................................................... 75 Exercícios.................................................................................................................... 75 Unidade XV 76 Cidades africanas......................................................................................................... 76 Introdução .......................................................................................................... 76 Sumário ....................................................................................................................... 80 Exercícios.................................................................................................................... 80 Unidade XVI 81 Funções urbanas .......................................................................................................... 81 Introdução .......................................................................................................... 81 Sumário ....................................................................................................................... 84 Exercícios.................................................................................................................... 85 Unidade XVII 86 A organização funcional do espaço urbano .................................................................. 86 Introdução .......................................................................................................... 86 Sumário ....................................................................................................................... 89 Exercícios.................................................................................................................... 89 Unidade XVIII 90 As áreas residenciais ................................................................................................... 90 Introdução .......................................................................................................... 90 Sumário ....................................................................................................................... 94 Exercícios.................................................................................................................... 94 Unidade XIX 96 Tipos de cidades .......................................................................................................... 96 Introdução .......................................................................................................... 96 Geografia do Urbanismo G0154 iv Sumário ..................................................................................................................... 105 Exercícios.................................................................................................................. 106 Unidade XX 107 A planta funcional ..................................................................................................... 107 Introdução ........................................................................................................ 107 Sumário ..................................................................................................................... 110 Exercícios.................................................................................................................. 111 Unidade XXI 112 A cidade, foco organizador do espaço ........................................................................ 112 Introdução ........................................................................................................ 112 Sumário ..................................................................................................................... 115 Exercícios.................................................................................................................. 116 Unidade XXII 117 Problemas urbanos .................................................................................................... 117 Introdução ........................................................................................................ 117 Sumário ..................................................................................................................... 120 Exercícios.................................................................................................................. 120 Unidade XXIII 121 A legislação urbana ................................................................................................... 121 Introdução ........................................................................................................ 121 Sumário ..................................................................................................................... 124 Exercícios.................................................................................................................. 124 Unidade XXIV 125 Desenvolvimento urbano e os problemas ambientais ................................................. 125 Introdução ........................................................................................................ 125 Sumário ..................................................................................................................... 128 Exercícios.................................................................................................................. 128 Geografia do Urbanismo G0154 1 Visão geral Benvindo a Geografia do Urbanismo A Geografia urbana estuda as áreas urbanas (podem ser cidades ou vilas), e seus processos de produção do espaço urbano, ou seja, enquanto fenómeno geográfico, a urbanização se apresenta como um conjunto de processos coordenados pela acção humana e cuja complexidade exige grande aprofundamento dos pesquisadores com vista a compreender como a cidade se produz e reproduz, como compreender um todo ao mesmo tempo homogéneo e heterogéneo, como as pessoas se inserem e são inseridas neste espaço. O presente módulo contém vinte e quatro unidades à saber: critérios de definição de cidades, factores de localização de cidades, cidades na Antiguidade, a evolução das cidades a partir da Revolução Industrial, o crescimento urbano, morfologia urbana,cidades europeias, cidades norte americanas, cidades latino- americanas, cidades africanas, funções urbanas, problemas urbanos, legislação urbana, modelos urbano e desenvolvimento urbano e os problemas ambientais. Objectivos do curso Quando terminar o estudo de Geografia do Urbanismo será capaz de: Objectivos Definir o conceito cidade; Conhecer os critérios de definição de cidade; Conhecer a origem das cidades; Explicar a evolução das cidades; Geografia do Urbanismo G0154 2 Explicar funções urbanas; Explicar problemas urbanos. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser professores da disciplina de Geografia, que estão a frequentar o curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, no Centro de Ensino a Distancia - UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre a Geografia do Urbanismo. Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Geografia do Urbanismo G0154 3 Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na Internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que possa maximizar o tempo dedicado aos estudos: Geografia do Urbanismo G0154 4 Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem interrupção? É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes. Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado desconhece; Geografia do Urbanismo G0154 5 Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacteo pessoalmente. Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras. O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências. Tarefas (avaliação e auto- avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período presencial. Geografia do Urbanismo G0154 6 Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a realização dos trabalhos. Avaliação Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, elesrepresentam 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e 1 (exame). Algumas actividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Geografia do Urbanismo G0154 7 Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulteos. Geografia do Urbanismo G0154 9 Unidade I Critérios de definição de cidades Introdução O progresso científico, industrial e tecnológico da humanidade foi tão grande nos últimos anos que o homem terminou por criar dois mundos acentuadamente diferentes: o mundo rural e o mundo urbano. O primeiro é aquele onde o homem se acha mais próximo da natureza, cultivando a terra e levando uma vida mais simples. O segundo é aquele onde o homem produziu maiores transformações, é o mundo das indústrias, dos grandes edifícios, das ruas movimentadas, dos laboratórios, grandes universidades e centros tecnológicos. Enfim, é o mundo onde as transformações são mais rápidas e a vida muito agitada, o mundo urbano. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Definir cidade; Conhecer os critérios de definição de cidade; Diferenciar os critérios de definição de cidade. Geografia do Urbanismo G0154 10 Cidade é uma área urbanizada, que se diferencia de vilas e outras entidades urbanas através de vários critérios, os quais incluem população, densidade populacional ou estatuto legal, embora sua clara definição não seja precisa, sendo alvo de discussões diversas. O termo “cidade” é geralmente utilizado para designar uma dada entidade político-administrativa urbanizada. A cidade é um centro de relações e de decisões, é um núcleo aglutinador de população, onde se trocam produtos, onde se difundem ideias e onde se reúnem actividades diferenciadas (comércio, serviços, actividades industriais, etc.). Sítio urbano é o local onde a cidade nasceu e se desenvolveu, o “assoalho” da cidade. A fisionomia da cidade, isto é, a sua forma ou traçado, decorre das características do sítio. Situação urbana é a posição que a cidade ocupa em relação aos factos naturais da sua região que pode ser um rio, uma jazida mineira, o mar, cruzamento de rotas terrestres, etc. Critérios de definição de cidade Embora seja difícil dar uma definição universal de cidade de modo que seja aceite por todos, há critérios comuns que servem de base à sua definição, apesar de variarem no seu conteúdo. Os principais critérios a ter em conta na definição da cidade são: 1.Critério Numérico/Estatístico – refere-se ao número de habitantes do aglomerado da população. Este critério não é suficiente porque cada País dá o nome de cidade para aglomerada com efectivos das populações diferentes. Ex. França 250hab, Áustria 5.000hab, China 10.000hab, mas não é cidade. 2.Critério demográfico: Têm em conta um determinado valor de habitantes ou de densidade populacional. Geografia do Urbanismo G0154 11 Não há dúvidas que para chamar “cidade” a um centro populacional deve ai residir um número mínimo de habitantes. Este número é tão variável de país para país, sendo impossível chegar a um consenso. Assim, na Dinamarca basta 250 habitantes concentrados para se obter o estatuto de cidade; EUA - 2500 habitantes; Áustria -5000 habitantes; Grécia – 1000 habitantes; Japão – 30000 habitantes; Portugal – 10000 habitantes, a partir de 1960. As Nações Unidas, por exemplo, considera uma cidade somente áreas urbanizadas que possuam mais de 20 mil habitantes Assim, as cidades que crescem em altura apresentam uma densidade populacional muito superior que as cidades que crescem em superfície. Ex; cidades como Nova Yorque, Moscovo, São Paulo, e outras, apresentam uma densidade de 50000 habitantes/Km², outras não ultrapassam os 10000 ou mesmo 1000 habitantes/Km². Nos “países novos”, onde há espaço disponível, as cidades estendem-se à vontade pelas superfícies, predominando vivendas uni - familiares de um só piso. 3. Critérios funcional: Têm por base o tipo de actividades (sector secundário e terciários) e funções existentes na cidade. O conceito população activa residente num aglomerado urbano pode servir para definir cidade, mas este também não obtém um consenso universal. Nos países desenvolvidos, apenas os sectores secundários e terciários devem prevalecer, enquanto o sector primário nunca deve ultrapassar 25% da população activa residente. Se a percentagem ultrapassar este valor deverá ser considerado um aglomerado rural. Nos países em vias de desenvolvimento, com 80% ou mais de activos no sector primário, as cidades albergam elevada percentagem de efectivos agrícolas. Geografia do Urbanismo G0154 12 4. Critérios morfológicos: têm em conta o tipo de edifícios, a densidade de tráfego e vias de comunicação. Sumário Como se conclui, há uma grande dificuldade em uniformizar critérios para a definição universal de cidade. Sendo assim, é preferível aceitar a definição local e seguir os critérios adoptados individualmente. Em suma, cidade é uma aglomeração importante, organizada pela vida colectiva e onde que certa percentagem da população não vive de agricultura. As cidades apresentam as seguintes características: - As cidades constituem importantes aglomerados populacionais; - Maiorias dos seus habitantes dedicam – se às actividades do sector secundário e terciário; - Dado a não produção de todos alimentos, o comércio torna – se necessário e intenso nas cidades, etc. Exercícios 1. Defina cidade. 2. O estudo das cidades e das populações são cada vez mais importantes. Explique porquê. 3. Explica em que medida a actividade económica e o modo de vida da população não só estão inter – relacionados como também são aspectos importantes relacionados com a definição de cidades. 4. Explica por que razão é difícil definir cidade através de uma definição única e universal. N.B Entregar todos os exercícios Geografia do Urbanismo G0154 13 Unidade II Factores de localização de cidades Introdução As causas do aparecimento dos aglomerados urbanos desde o período neolítico até às megalópolis de hoje são tão complexas que é difícil, se não impossível, determinar ao certo os factores que deram origem à actual cidade. Que causas estiveram na efémera existência de cidades poderosas e ricas de outrora, como Cartago, Babilónia, as cidades dos Maias e dos Incas, que ficaram para a história? Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Mencione os factores de localização das cidades; Explicar a influência dos factores na localização das cidades; Diferenciar os factores de localização das cidades. Desenvolvimento do tema De entre vários factores que podem explicar a localização de muitas cidades, podemos destacar os seguintes: Vias de comunicação No passado, pequenas aldeias surgiram ao longo da costa marítima, de um rio, cruzamento de estradas, caminhos-de-ferro, com facilidade de acesso e de trocas comerciais. Estas aldeias foram-se Geografia do Urbanismo G0154 14 expandindo ao longo dos séculos XVI a XIX e hoje tornaram-se em cidades importantes. Ex: Londres, Roterdão, entre outras. Comércio Durante a Idade Média realizavam-se muitas feiras em locais previamente determinados. A poucoe pouco muitas dessas feiras foram adquirindo importância e conduziram à fixação de populações até então flutuante e que ia aumentando até se criar um centro urbano. Ex: Frankfurt, Bruxelas, etc. Indústria As indústrias, pólos de atracção de mão-de-obra de outras indústrias subsidiárias, de serviços diversificados (bancos, seguros, comércio, transportes, etc.) dão origem a cidades importantes. É o caso das modernas cidades da Europa Ocidental como Manheim, Rhur, Novosibirisk (Ásia), etc. Muitas outras cidades se devem à riqueza do subsolo em metais preciosos, como ouro e diamante, caso das cidades do Canadá (Dawson), E.U.A, África do Sul e Austrália, onde pequenas barracas que formavam pequenas aldeias, evoluíram para grandes cidades com milhares de habitantes. Turismo, saúde, desporto e férias Boas condições climáticas, águas minero-medicinais, boas praias, locais propícios para a prática de desporto, podem estar na origem de muitos centros urbanos. Ex: Caldas da rainha, Figueira da Foz, Côte D´azun, Grenoble (França), etc. Geografia do Urbanismo G0154 15 Político Muitas cidades surgem por simples vontade dos governantes, são inteiramente planeadas e criadas para satisfazer um desejo, uma necessidade, uma conveniência política. Ex: a capital da Espanha, Madrid foi criada por Filipe II, a fim de colocar a capital no centro geométrico da península. Leninegrado (pretrogrado = S. Petersburgo) foi criada por Pedro o Grande, com a finalidade de abrir uma “janela” para o Ocidente. Versalhes existe por vontade de Luís XIV para ali passar as férias. Brasília, capital do Brasil, inaugurada em 1960, ergueu-se no interior do país com o propósito de descongestionar o litoral e desenvolver o interior. Defesa Durante todos os períodos da história os governantes tinham que se defender dos invasores, construindo castelos ou muralhas, que passavam a ser o refúgio das populações vizinhas quando do ataque do inimigo. Com o evoluir dos tempos estes refúgios localizados em pontos estratégicos e de preferência pontos elevados, começaram a desenvolver-se e hoje estão transformados em cidades. Ex; Leiria, Guarda, Bragança (Portugal); Toledo (Espanha); Roma, etc. Cultural Ao longo da Idade Média, pequenas aldeias e mesmo locais despovoados recebiam convento, abadias ou instalação do ensino universitário. Estes locais eram grandes focos de atracção cultural, chamando a si grandes mestres, artífices e a consequente actividade comercial que lentamente, com as populações que ai chegavam, se foram expandindo e tornando cada vez mais importante. Ex: Coimbra, Alcobaça, Salamanca, Oxford, Cambridge, entre outras. Geografia do Urbanismo G0154 16 Religioso Um local com aparição, um mosteiro, uma catedral, um santuário, atraem milhares de peregrinos que ali se deslocam para venerar o seu santo ou implorar uma graça. Começam a surgir as casas para o descanso dos peregrinos e o comércio e, com a evolução, surge um aglomerado, mais tarde uma cidade. Ex: Lurdes, Santiago de Compostela, Jerusalém, Meca, Benares, Fátima, etc. Sumário A actual localização dos centros urbanos é justificada por determinados factores como vias de comunicação, comércio, turismo, defesa, cultural e religioso. Exercícios 1. Mencione os factores que influenciam a localização das cidades. 2. Mencione 3 cidades que surgiram como resultado de vontade política. Geografia do Urbanismo G0154 17 Unidade III Cidades na antiguidade Introdução A cidade, sendo um produto humano, reflecte a cultura do homem, o seu passado e o seu presente, pois acompanha a sua evolução no tempo e no espaço. A cidade é fruto da sedentarização e da vida em comunidade. Por outro lado, ela nasce com a especialização e divisão do trabalho. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Explicar origem e difusão das cidades no mundo; Identificar e localizar onde surgiram as primeiras cidades Descrever as causas que justificam o surgimento da primeira cidade; Identificar principais características que marcaram a cidade na antiguidade. As primeiras cidades Segundo (Leite: 1989), a sociedade urbana começaram a aparecer com a revolução agrícola do Neolítico, que garantiu a passagem do nomadismo á sedentarismo. Onde aglomerações de chocas e cabanas eram primeiros estabelecimentos permanentes, os aglomerados transformaram – se rapidamente dado o excedente agrícola. A aldeia torna – se mercado e foi crescendo e algumas tornam – se cidade quando desenvolveram o artesanato. Geografia do Urbanismo G0154 18 A cidade mais antiga do Mundo parece ser “Jericó”, na Palestina, as casas eram feitas de tijolos confeccionados á mão e recobertos de uma camada espessa. A revolução urbana desenvolveu – se na Palestina, na Mesopotâmia e no Vale do Rio Nilo, Região do Crescente Fértil. A partir desta região a civilização urbana estendeu – se para Oeste e Leste até ao Vale do Indo. A cidade é a consequência da especialização de actividades do meio rural. E cada época histórica vai corresponder sempre uma geração de cidades que vai dominar o espaço rural vizinho. Lentamente, a vida urbana foi – se afirmando no Mediterrâneo Oriental, a saber: - No século VI, a.C. Babilónia era grande cidade com aproximadamente 80.000 pessoas; - As cidades litorais da Fenícia – Biblos, Sidon e Tiro, desenvolveram – se pelos entrepostos comerciais e com a cidade de Mesopotâmia; - No vale do rio Indo (3000 anos a.C.) – cidade Mohenjo – Daro; - No Mediterrâneo Oriental (3º milénio a.C.), cidade de Knossos (em Creta), Troia (na Ásia Menor) e Micena (Grécia Continental); - No séc. V a.C. cidade de Atenas com 100.000 – 150.000 pessoas. E esta Cidade - Estado aparece com novos elementos como edifícios públicos, comerciais, político – administrativo e económico. Com a decadência da Grécia, o Império Romano evoluiu com construções de cidades de forma descontínuo e sem ordem. A Europa sofreu a influência de Roma que impõe a vida urbana. Fundaram – se as cidades da Gália, do Vale do Reno, da Inglaterra, da península Ibérica e o comércio de produtos (artesanato e agrícola) aumentaram. Geografia do Urbanismo G0154 19 No período romano, a cidade de Roma atinge o seu máximo desenvolvimento no séc. II d.C, albergando mais de 1milhão de habitantes e é considerada como o primeiro exemplo de “caos urbano”. Mas a partir do séc.V a vida urbana entra em decadência com o declínio do Império Romano. A localização geográfica de várias cidades teve grande influência no decorrer da história. Algumas cidades devem a sua existência graças à sua proximidade com meios de transportes tais como ferroviários, rodoviários, portos e/ou aeroportos. O outro factor que se tomava em consideração no surgimento da cidade era protecção de eventuais guerras. A grande maioria das cidades antigas eram cercadas por muralhas e algumas localizavam-se em zonas de difícil acesso. Durante a pré-história, os homens eram primariamente nómadas, movimentando-se de uma região para outra constantemente, em busca de água e alimentos. Entre 13 a 10 mil anos atrás, várias civilizações começaram a dominar a técnica de agricultura e da pecuária, tendo passado a estabelecer-se em regiões de forma permanente criando, assim as primeiras vilas, regra geral em torno dos rios e lagos, dada a necessidade de irrigação. A grande maioria dos habitantes de vilas neolíticas trabalhava na agricultura e na criação de animais. A organização destas vilas neolíticas era simples, e não havia líderes. A pequena população destas vilas, quase nunca acima de mil pessoas, permitia aos habitantes tomar decisões em conjunto. Geografia doUrbanismo G0154 20 Entre 8000 a.C e 3500 a. C, algumas destas neolíticas haviam prosperado, tendo evoluído em pequenas áreas urbanas com alguns milhares de habitantes. Organização A maioria das cidades da antiguidade não possuíam mais do que 10 mil habitantes e não tinha mais que 1 km². Porém, algumas delas eram muito maiores em termos populacionais e territoriais. Ex; Atenas, no seu apogeu, tinha uma população estimada entre 200 a 300 mil habitantes, espremidos em 10 km². Roma, durante o apogeu do Império Romano, no séc. I e II, tinha mais de 1 milhão de habitantes e é considerada por muitos como a primeira e única cidade a superar os um milhão de habitantes até ao início da Revolução Industrial. O crescimento populacional nestas cidades começou a criar sérios problemas, em relação ao saneamento básico. A colecta de lixo nas ruas era inexistente na maior parte das cidades. Como consequência, as doenças eram muito comuns na época, e a taxa de mortalidade era alta. Este problema era agravado com chuvas que inundavam as casas. As cidades romanas, em especial, se destacaram por suas ruas pavimentadas e seus avançados sistemas de saneamento que não seriam ultrapassados em escala e tecnologia até séc. XIX. Administração À medida que antigas vilas rurais cresciam e tornavam-se cidades, maior organização passou a ser necessária. Sistemas governamentais foram criados. Estes eram responsáveis pelo fornecimento de serviços tais como tais como construção de estruturas como muralhas, templos, centros de entretenimento populares, a organização do comércio, criação de leis e da defesa da cidade contra ataques inimigos. Geografia do Urbanismo G0154 21 Geralmente, as cidades eram governadas por cidadãos de elite. Estes cidadãos actuavam em nome do imperador da qual a cidade fazia parte. Os administradores das cidades passaram a cobrar impostos. Economia Inicialmente, as vilas neolíticas e pequenas cidades dependiam basicamente da agricultura. A medida que novos e melhores métodos de cultivo e domesticação de animais surgiram, mais pessoas deixara de trabalhar na agricultura e passaram a dedicar-se a outras actividades como o artesanato e o comércio. Sumário A sociedade urbana começou a aparecer com a revolução agrícola do Neolítico, que garantiu a passagem do nomadismo á sedentarismo. Os aglomerados transformaram – se rapidamente dado o excedente agrícola. A aldeia torna – se mercado e foi crescendo e algumas tornam – se cidade quando desenvolveram o artesanato. A cidade mais antiga do Mundo parece ser “Jericó”, na Palestina. A revolução urbana desenvolveu – se na Palestina, na Mesopotâmia e no Vale do Rio Nilo, Região do Crescente Fértil. A partir desta região a civilização urbana estendeu – se para Oeste e Leste até ao Vale do Indo. A cidade é a consequência da especialização de actividades do meio rural. E cada época histórica vai corresponder sempre uma geração de cidades que vai dominar o espaço rural vizinho. . Geografia do Urbanismo G0154 22 Exercícios 1. Onde teria surgido a primeira cidade do mundo? 2. Qual é a cidade mais antiga do mundo e onde se localiza? 3. Quais são os factores que deram origem o surgimento das cidades na Antiguidade? 4. A cidade é uma consequência da especialização do meio rural. Comente. N.B. Entregar todos exercícios. Geografia do Urbanismo G0154 23 Unidade IV Cidade na Idade Média Introdução Ao longo da Idade Média, principalmente no séc. XI e XII, a indústria artesanal, o comércio e os transportes, desenvolveram o povoamento urbano europeu, tendo como núcleo o castelo feudal. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Caracterizar as cidades da Idade Média; Explicar como eram administradas as cidades; Mencionar principais actividades económicas desenvolvidas na época; Por volta do séc. X, com novo sistema social e económico, o Feudalismo, voltaram – se a estabelecer relações de trocas e construíram – se cidades. Só no séc.. XI e XII o povoamento Europeu conhece um novo impulso. Após o declínio ou ruína das cidades antigas, devido a guerras e/ou invasões, assiste-se a um renascer da cidade no período medieval. Para tal facto contribuíram especialmente, três factores: Expansão económica; Concentração do poder político; Necessidade de defesa. As cidades europeias da Idade Média mudaram muito em relação às cidades da Antiguidade. Geografia do Urbanismo G0154 24 As cidades na Idade Média desenvolveram-se a partir de um núcleo primitivo, muitas vezes um mosteiro, igreja ou castelo, que frequentemente constituía o foco difusor do aglomerado. A cidade vai-se desenvolver em volta desse núcleo primitivo, segundo anéis concêntricos, acabando por aglutinar os burgos situados fora das muralhas. Este surto urbano, muito intenso no século XIII, é resultado de um período de prosperidade económica com consequente aumento demográfico. Organização As cidades europeias eram menores que as cidades romanas, não possuíam mais que 1 Km². A população destas cidades também era pequena. A maior cidade do continente durante as primeiras décadas da Idade Média foi Veneza, com seus 70 mil habitantes, que cresceram para os 1000 em 1200. Entretanto, Londres tornaria a maior cidade europeia no Renascimento. Em outros continentes, existiam também cidades com maiores dimensões, são os casos das cidades de Hangzhou e Shangzhou, ambas na China com 320 a 250 mil habitantes respectivamente. Já no continente americano, a cidade de Tenochtitlán, capital do antigo império Asteca, tinha uma população estimada entre 60 a 130 mil habitantes. Nas cidades da Europa Ocidental, a Igreja Católica Romana teve grande influência na arquitectura e organização destas áreas urbanas. As cidades dispunham de uma igreja, que era geralmente a estrutura mais alta e cara da cidade, construída sob os padrões do estilo gótico, no centro da cidade. Edifícios governamentais e as casas da elite localizavam-se próximos à igreja, e a classe pobre, próximo às muralhas. Geografia do Urbanismo G0154 25 As muralhas da limitavam o espaço das cidades medievais. Prédios de três a seis andarem passou a ser construído para resolver o problema de falta espaço. Quando a população da cidade crescia, a solução era a expansão das muralhas via demolição e reconstrução ou simplesmente deixar as muralhas e construir novas cidades nas proximidades. As grandes cidades da Europa Ocidental como Veneza, Florença, Paris e Londres, atraiam pessoas de várias etnias que se instalavam em bairros. Muitos destes bairros eram cidades em miniatura, com seus próprios mercados, reservatórios de água, igrejas ou sinagogas. Isto limitou conflitos entre pessoas de diferentes etnias e religiões, porém, também limitou a difusão cultural. Alguns bairros, chamados de guetos eram usados para abrigar pessoas consideradas indesejáveis, tais como judeus, por exemplo. Cidades no domínio árabe Os árabes fundaram grandes cidades, dado que a sua expansão se processou por territórios já urbanizados como Damasco, Jerusalém, Alexandria, etc. Os árabes fundaram cidades que vieram a ser importantes, especialmente entre os séculos VIII e IX (Bagdade, Samar-canda, Cairo, Fez, Maraaqueche). As cidades árabes têm a particularidade de serem homogéneas e portanto muito semelhantes entre si. Cerca do ano 1100, existiam na Espanha Muçulmana pelo menos oito cidades, como Córdova, Granada, Toledo, Almeria, Maiorca, Saragoça, Málaga e Valência. Todas as cidades islâmicas eram cercadas por muralhas com ruas muito estreitas, tortuosas e labirínticas, acabando muitas vezes em becos sem saída. No conjunto, constituem plantas extremamentecomplexas e irregulares. Geografia do Urbanismo G0154 26 A administração Na Europa Ocidental, o feudalismo desenvolveu-se ao longo dos primeiros séculos da Idade Média. Reinos continuaram a existir, porém, estes estavam divididos em várias secções chamados feudos. As cidades continuaram a fazer parte de um dado país, mas o rei deste reino tinha o controle apenas sob as áreas que eram de sua propriedade. Isto diminuiu muito o poder destes reis. Uma dada cidade era na realidade governada pelo dono, que podia ser um senhor feudal ou um bispo, membro da igreja católica. No séc. XI, com o crescimento da população e do comércio, a burguesia em crescimento nestas cidades, começou a ressentir o forte controle dos senhores feudais nas cidades. Em várias cidades, a burguesia lutou contra os senhores feudais pelo direito da administração da cidade. Em algumas, esta luta foi bem-sucedida com a adopção do sistema de eleição de cônsules que governavam as cidades. Este sistema de eleição de cônsules criou maior grau de autonomia e independência as cidades, onde os cidadãos criavam leis e nomeavam seus oficiais. Entre o séc. XIV e XV, os governos dos reinos da Europa Ocidental passaram gradualmente a se solidificar e a defender interesses da nova classe, a burguesa. Economia Na Europa medieval, o sistema económico baseava-se na posse de terra, onde os vassalos trabalhavam em troca de protecção. Este sistema entrou em declínio no séc. X. Geografia do Urbanismo G0154 27 Os vassalos que antes trabalhavam para o senhor feudal, migraram para as cidades onde se tornaram em artesãos, pequenos mercadores, vendendo directamente os seus produtos nos mercados das cidades. Artesãos, auxiliados por avanços tecnológicos e pela invenção da pólvora, barril e outros, conseguiram criar e vender cada vez mais produtos em um dado espaço de tempo. Estes artesãos a pouco e pouco foram-se tornando na classe média. Sumário As cidades na Idade Média desenvolveram-se, regra geral, em volta das grandes muralhas. Os edifícios eram construídos sob padrões do estilo gótico, resultado da grande influência da igreja católica na época. Na idade média desenvolveram – se antigas e criaram – se novas cidades que eram de pequenas dimensões, havendo só 12 cidades com população entre 50.000 e 150.000hab. As cidades mais populosas eram Milão, París, Veneza, Florença, Gand e Bruges. E pelo crescimento da actividade comercial e também porque adquiriram personalidade legal que estava acima dos seus membros. Era uma comuna de personalidade jurídica e independente. As remotas cidades foram transformadas na morfologia pela abertura de grandes avenidas em linha recta com as casas bem alinhadas, de fachadas regulares e loteamento 2º plano geométricos, percurssores de novos bairros. Estas reformas conduziram a uma planificação rádio concêntrica em París, Londres, Moscovo e noutras capitais europeia. Mas é, no entanto, nas cidades planeadas de novo que se afirma esta concepção do traçado das ruas e avenidas. Geografia do Urbanismo G0154 28 Exercícios 1. Caracteriza as cidades da Idade Média. 2. Porquê se afirma que as cidades da Idade Média eram radio-concêntricas? 3. Indica os mais antigos focos de civilização urbana. 4. Refere as cidades mais importantes do Crescente Fértil 5. Indica e justifica que etapa considera ser mais responsável pelo crescimento urbano da actualidade. N.B. Entregar todos exercícios desta unidade. Geografia do Urbanismo G0154 29 Unidade V Cidade na época do renascimento Introdução Ao longo da Idade do renascimento, principalmente no séc. XVI, foi um marco importante na história da expansão urbana. os descobrimentos e a expansão para novas terras permitiram a espanhóis, ingleses, franceses e sobretudo portugueses construíram cidades na costa africana, no oriente e na América. Sempre a partir do litoral as cidades difundiram – se para o interior dos continentes. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Caracterizar as cidades da Idade do renascimento; Explicar as características das cidades; Mencionar principais actividades económicas desenvolvidas na época; Época de Renascimento O séc. XVI foi um marco fundamental na história da expansão urbana. Os descobrimentos e expansão para novas terras permitiram os europeus construir cidades na costa africana, no Oriente e na americana. E do litoral difundiram – se para o interior dos Continentes. Geografia do Urbanismo G0154 30 Por toda a Europa novas ideias sobre arquitectura surgiram e transformaram – se as cidades. As cidades do renascimento apareceram com novos aspectos arquitécnicos, edifícios monumentais, palácios e novos planos de urbanização. Foram os arquitectos italianos que dão novas formas á arquitetura e ao planeamento urbano em que ponham em evidência a arte, o fácil acesso e o aperfeiçoamento das muralhas e fortificações que rodeavam as cidades. As cidades antigas foram transformadas na morfologia pela abertura de grandes avenidas em linha recta com as casas bem alinhadas, de fachadas regulares e loteamento 2º plano geométricos, percursores de novos bairros. Estas reformas conduziram a uma planificação rádio concêntrica em Páris, Londres, Moscovo e noutras capitais europeias. Mas é, no entanto, nas cidades planeadas de novo que se afirma esta concepção do traçado das ruas e avenidas. É, por isso, que cidades como Palma Nuova, nascidas no momento oportuno e como consequência de uma necessidade militar, adquirem a nova planificação. Em 539, poe – se a 1ª pedra de Palma Nuova; a cidade é um poligno de nove lados, tendo no centro uma praça hexagonal de onde saem três ruas principais em direcção às três portas da cidade. As outras ruas radiais não vão ter à praça central, mas sim ao primeiro anel concêntrico: o esquema é completado por outros anéis. Os árabes fundaram, também, cidades novas, puramente islâmicas, como Bagdade, Samarcanda, Cairo, Fez, Marraqueche, etc. Geografia do Urbanismo G0154 31 Desde o Norte de África ate ao Golfo Pérsico e à India as cidades muçulmanas apresentam características semelhantes e próprias que não se parecem nada com as outras civilizações. A maneira de ser dos árabes, os seus conceitos religiosos e o seu espirito guerreiro marcaram profundamente todas as cidades sob o seu domínio. As sucessivas destruições e reconstruções do espaço urbano deram um aspecto uniforme às cidades conquistadas, e uma característica idêntica às das cidades construídas e concebidas de novo. A cidade muçulmana com o seu casario compacto, os seus terraços, os seus pátios (únicos espaços abertos), as suas ruelas tortuosas e insignificantes, aparece como algo próprio e inconfundível – a cidade tem um caracter privado e secreto. É uma cidade secreta, porque não se vê, não se exibe, não procura a monumentalidade, as grandes praças ou as grandes avenidas. A rua pequena e estrita perde todo o seu valor estrutural, num emaranhado caótico e sem plano. Os sucessivos becos e esquinas mostram o interesse pelo individual e o culto do privado. Fechadas por uma ou mais voltadas de muralha possuíam um núcleo interno, chamado Medina, onde se encontrava a mesquita e as ruas comerciais. Vinham a seguir, os bairros residenciais e por último, os bairros dos arrabaldes que se encontravam fora do recinto da Medina e onde se agrupavam rua e a população segundo os modos de vida e os ofícios; cada grupo social possuía os bairros distinto. Esta estrutura original das cidades muçulmanas conservou – se ate época moderna nos seus núcleos antigos parece que o tempo parou. E no entanto, a ambição da monumentalidadena construção das cidades, que marca transformações renascentistas. Deste modo, a arquitectura da Renascença realiza seu ideal de proporção e de regularidade em alguns edifícios, praças isoladas, mas sim transforma uma cidade inteira. Geografia do Urbanismo G0154 32 As novas cidades de colonização seguem um modelo uniforme: um tabuleiro de ruas rectelineas, que definem uma serie de quarteirões iguais, quase sempre quadrados: no centro da cidade a praça principal onde se situa a igreja, o paco municipal, as casa dos mercadores e dos colonos mais ricos. Os colonizadores europeus quando estabeleciam uma cidade nova davam – lhe os aspectos particulares da sua própria cultura. Os espanhóis no México e no Perú encontraram grandes cidades indígenas, como Tenochtitlan (que se tornara cidade do México) e Cuzco, que transformam segundo as suas necessidades. Destroem os conjuntos habitacionais originais e obrigam as do planalto espanhol. São, no entanto, as cidades coloniais norte – americanas as realizações urbanísticas mais importantes dos seculos XVII e XVIII. O modelo em tabuleiro, idealizado pelos espanhóis foi aplicado por franceses e ingleses. Por exemplo, aplicou – se à construção de Washington a concepção da nova planta radio – concêntrica: as ruas principais traçaram – se em forma de raios e diagonais, tal como se fazia na europa, mas sobre um plano ortogonal típico das cidades novas de colonização. Sumário Os descobrimentos e expansão para novas terras permitiram os europeus construir cidades na costa africana, no Oriente e na americana. E do litoral difundiram – se para o interior dos Continentes. As cidades antigas foram transformadas na morfologia pela abertura de grandes avenidas em linha recta com as casas bem Geografia do Urbanismo G0154 33 alinhadas, de fachadas regulares e loteamento 2º plano geométricos, percursores de novos bairros. Estas reformas conduziram a uma planificação rádio concêntrica em Páris, Londres, Moscovo e noutras capitais europeias. Desde o Norte de África ate ao Golfo Pérsico e à India as cidades muçulmanas apresentam características semelhantes e próprias que não se parecem nada com as outras civilizações. A maneira de ser dos árabes, os seus conceitos religiosos e o seu espirito guerreiro marcaram profundamente todas as cidades sob o seu domínio. As sucessivas destruições e reconstruções do espaço urbano deram um aspecto uniforme às cidades conquistadas, e uma característica idêntica às das cidades construídas e concebidas de novo. Exercícios 1. Caracterize as cidades na época do renascimento. 2. Refira as plantas que tiveram na origem das reformas nas cidades europeias. 3. Fale das reformas ocorridas nas cidades muçulmanas. 4. Fale das reformas ocorridas nas cidades africanas. N.B. Entregar todos os exercicios Geografia do Urbanismo G0154 34 Unidade VI As cidades e a Revolução Industrial Introdução Com o Renascimento, as cidades europeias e a vida urbana, não havia mudado muito. Foi no séc. XVIII, com a Revolução Industrial, que a vida urbana mudou radicalmente na Europa. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Explicar o impacto da Revolução Industrial do desenvolvimento das cidades; Caracterizar as cidades a partir do séc. XVIII; Identificar as fases de evolução das cidades modernas. As cidades e a revolução industrial As diversas modificações técnicas, tecnológica, sócio – económica que teve base na revolução industrial impulsionaram profundas mudanças na dimensão das cidades, na população que ai residia, no ritmo de urbanização. Como consequência do aumento das unidades de produção, o que exigiu a concentração de grandes massas de trabalhadores, novas cidades industriais apareceram. A acrescentar a este factor terá uma serie de causas que se relacionam todas entre si; uma delas foi o progresso agrário ligado a passagem de uma agricultura de substência para uma agricultura quase exclusivamente comercial. O desenvolvimento das cidades e dos campos ficou a dever – se ao progresso das indústrias, do mercantilismo e dos transportes. Neste sentido, o avanço mais significante produziu – se na Grã – Geografia do Urbanismo G0154 35 Bretanha com a utilização dos canais, com vista a facilitar o trafico de mercadorias e, ao mesmo tempo, assistiu – se, também, ao desenvolvimento de estradas com vista a facilitar o transito de pessoas e de produtos. Isto permitiu a indústria pesada se concentrasse em cidades especializadas pois as novas fábricas podiam servir um mercado mais amplo e as matérias – primas mais volumosas e pesadas, poderiam vir de lugares cada vez mais afastados. A expansão urbana continuava, no entanto, submetida a certos limites visto que o transporte de alimentos a grande distancia se mantinha e a agricultura de subsistência continuou nos arredores imediatos das grandes cidades. Mas a cidade continuava a crescer e dai a subida dos salários e dos custos de produção o que entravava o crescimento da cidade, obrigava a um percurso a pé o que limitava a sua extensão. Uma nova era surge com o desenvolvimento do caminho – de – ferro, a navegação a vapor. A partir daqui intensifica – seno caracter essencial da agricultura e com mais facilidade os produtos industriais entram no campo. Como consequência, o artesanato rural arruína – se e acelera – se o êxodo rural e a demanda da cidade. A melhoria dos transportes no interior das áreas urbanas eliminou outro dos grandes obstáculos que se opunha à expansão da cidade, pois veio a permitir a separação nítida entre local de residência e o local de trabalho. O carril de ferro marcou um papel importante no sistema de transporte urbano. Em londres, uma política activa, por parte das grandes companhias ferroviárias, contribuiu decisivamente, nos finais do século XIX, para a expansão da área edificada da cidade e deu origem a um anel de construções Geografia do Urbanismo G0154 36 continuas que dependiam do transporte por via-férrea, para as deslocações diárias da população. Estas mudanças técnicas contribuíram para o desaparecimento dos vários impedimentos ao crescimento urbano e explicam em grande parte o facto das cidades do mundo ocidental estarem a crescer. A população urbana cresceu rapidamente. Em 1801, a Inglaterra tinha perto de 9 milhões de habitantes e em 1901, 32,5 milhões, dos quais mais de metade vivia em cidades de mais de 20.000 pessoas. Em cada ano, uma média de 200.000 pessoas deviam ser realojadas: surgem problemas de habitação, abastecimento, estruturas sanitárias, estrutura de educação, segregação, vícios. Em Londres, a Lei da Reforma Municipal, de 1835, transferiu uma grande parte do poder de administração local dos antigos homens de leis e proprietários para os comerciantes. Criaram – se comissões de inquérito às condições de saneamento em que vivia a população. Começaram a ser construídas casas sem qualquer planeamento prévio, o que levou a alterações nas cidades que, só nos finais do século XIX, conhecem um novo surto de urbanização. Os bairros degradados são substituídos, novos arruamentos se lançam, o trafego torna – se mais fácil, a utilização do solo é melhor gerida. Como consequência, a cidade transforma – se. Sumário As diversas modificações técnicas, tecnológicas, sócio – económicas que tiveram base na revolução industrial impulsionaram profundas mudanças na dimensão das cidades, na população. Como consequência do aumento das unidades de produção, o que exigiu a concentração de grandes massas de trabalhadores, novas cidades industriais apareceram. Geografia do Urbanismo G0154 37 Estas mudanças técnicas contribuiram para o desenvolvimento dos vários impedimentos ao crescimentourbano e explicam em grande parte o facto das cidades do mundo ocidental estarem a crescer. Exercícios 1. Qual foi a contribuição da Revolução Industrial no desenvolvimento das cidades. 2. Explique o factor transportes no desenvolvimento das cidades. 3. Explique como as mudanças técnicas contribuíram para o desenvolvimento e crescimento urbano. 4. O progresso agrário ligado a passagem de uma agricultura de subsistência para uma agricultura quase exclusivamente comercial. Quando é que assistimos a esta mudança? 5. Em que consistiu a Lei da Reforma Municipal, de Londres em 1835? 6. Qual foi o impacto do surgimento e o desenvolvimento do caminho – de – ferro para as cidades? N.B. Entregar todos exercícios Geografia do Urbanismo G0154 38 Unidade VII O crescimento Urbano Introdução A urbanização é geral e atinge todas as partes do mundo. Entretanto, cumpre observar que o fenómeno da urbanização não teve o mesmo ritmo e não se deu por igual nos diversos países do mundo. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Explicar formas de crescimento urbano; Diferenciar formas de crescimento urbano; Identificar as regiões do mundo com elevado índice de urbanização; Geografia do Urbanismo G0154 39 O crescimento das cidades O crescimento das cidades, tanto em quantidades como em tamanho, é a grande característica do mundo moderno. A urbanização é geral e atinge todas as partes do mundo. Entretanto, cumpre observar que o fenómeno da urbanização não teve o mesmo ritmo e não se deu por igual nos diversos países e regiões do mundo. Com efeito, os mais elevados índices de urbanização são encontrados nos países e regiões mais desenvolvidos do mundo, como é o caso da Europa Ocidental, América do Norte e Japão. A Inglaterra, pais mais urbanizado do mundo, possui mais de 80% de sua população vivendo em cidades. Por outro lado, os menores índices de urbanização são encontrados nos países e regiões do mundo onde a industrialização é mais recente e restrita. São países de economia agrícola com elevada percentagem da população activa no sector primário. Compreende a maior parte dos países da África, Ásia e da América latina. Vide tabela 1. Tabela. 1 Posição País População urbana (em %) Data Urbanização avaliada (%) Data 1 Singapura 100 2008 1,2 2005 2 Nauru 100 2008 0,3 2005 3 Mônaco 100 2008 0,3 2005 4 Vaticano 100 2008 0,1 2005 5 Kuwait 98 2008 2,5 2005 6 Bélgica 97 2008 0,3 2005 7 Qatar 96 2008 2,2 2005 8 San Marino 94 2008 0,9 2005 9 Malta 94 2008 0,6 2005 10 Venezuela 93 2008 2 2005 11 Uruguai 92 2008 0.4 2005 15 Reino Unido 90 2008 0,5 2005 Geografia do Urbanismo G0154 40 Posição País População urbana (em %) Data Urbanização avaliada (%) Data 17 Austrália 89 2008 1,2 2005 23 Dinamarca 87 2008 0,5 2005 24 Brasil 86 2008 1,8 2005 28 Estados Unidos 82 2008 1,3 2005 30 Países Baixos 82 2008 0,9 2005 31 Luxemburgo 82 2008 1 2005 33 Coreia do Sul 81 2008 0,6 2005 34 Canadá 80 2008 1 2005 36 Líbia 78 2008 2,2 2005 38 Espanha 77 2008 0,9 2005 41 � HYPERLINK 77 2008 0,8 2005 45 Alemanha 74 2008 0,1 2005 72 Japão 66 2008 0,2 2005 81 África do Sul 61 2008 1,4 2005 100 Angola 57 2008 4,4 2005 144 Moçambique 37 2008 4,1 2005 Fonte: Autor, dados: CIA World Factbook O crescimento das cidades pode resultar na formação de aglomerado, tas como as conurbações, as metrópoles e as megalópolis. A conurbação resulta do crescimento contínuo de duas ou mais cidades próximas formando um único aglomerado urbano. A região do ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano), em São Paulo, é um exemplo de conurbação. Áreas Metropolitanas As Metropolitanas correspondem a grandes espaços urbanizados e integrados física e funcionalmente a uma metrópole dirigente. São exemplos de áreas metropolitanas as cidades são: As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Yorque, Londres, París, Tóquio, além de outras. Megalópoles – são conjuntos de metrópoles interligadas e abrangendo extensas áreas ou é uma forma de conubação, mas de Geografia do Urbanismo G0154 41 enormes proporções. São verdadeiras regiões urbanas que resultam do extraordinário crescimento das periferias de várias cidades. Ex. A região que se estende desde Boston até Washington D.C., tendo como centro Nova Yorque, constitui uma Megalópoles. Sumário O crescimento das cidades, tanto em quantidades como em tamanho, é a grande característica do mundo moderno. A urbanização é geral e atinge todas as partes do mundo. Os mais elevados índices de urbanização são encontrados nos países mais desenvolvidos do mundo, como é o caso da Europa Ocidental, América do Norte e Japão. A Inglaterra, pais mais urbanizado do mundo, possui mais de 80% de sua população vivendo em cidades. Por outro lado, os menores índices de urbanização são encontrados nos países em desenvolvimento. O crescimento das cidades pode resultar na formação de aglomerado, tas como as conurbações, as metrópoles e as megalópolis. Exercícios 1. Quais são as formas de crescimento urbano? 2. Refira os cinco países com maior e menor taxas de urbanização no mundo? 3. Estabeleça a diferença entre as conurbações, as metrópoles e as megalópolis. Geografia do Urbanismo G0154 42 N.B. Entregar todos exercícios Geografia do Urbanismo G0154 43 Unidade VIII As cidades do presente – A explosão urbana Introdução O grande desenvolvimento das cidades e das formas de vida urbana é um fenómeno que caracteriza melhor a civilização contemporânea. Como já vimos, a cidade não é um facto novo, mas é na transformação iniciada ao longo do seculo passado e no tempo que já decorreu do presente, que há qualquer coisa de novo e consequentemente faz com que a população mundial, predominantemente rural, se va convertendo noutra, predominantemente urbana. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Explicar a explosão urbana; Descrever o fenómeno urbano; Identificar as formas de crescimento urbano ao nível dos continentes; As Cidades do Presente – A Explosão Urbana O grande desenvolvimento das cidades e das formas de vida urbana é um fenómeno que caracteriza melhor a civilização contemporânea. Na Europa, a taxa de urbanização não ia além dos 19% em 1800, era de 28% em 1850, em 1900 de 44% e hoje aproxima – se dos70%. Também em 1800 a população dos EUA era de 6.1%, no Geografia do Urbanismo G0154 44 princípio do século XX, 39.7% e hoje ultrapassa os 70%. Nas áreas colonizadas recentemente (Austrália e Nova Zelândia) a população urbana actual é superior a 85%. Os Países do terceiro Mundo registam um grande aumento da população urbana, mas o aumento é recente e particularmente, depois da 2ª Guerra Mundial. Os Países da Ásia e da África tinham, em 1925, uma taxa de urbanização baixa, á volta de 8%, para aumentarem para cerca de 15% em 1950 e actualmente registam valores que rondam os 25 – 28%. Quanto á América Latina, a taxa de urbanização era de 29.5% em 1925 e passou para 65% em 1980. Também o Japão e a ex - URSS apresentavam elevada s taxas de população urbana: 77% e 68%, respectivamente. Pode, portanto, verifica – se que o ritmo de crescimento da população urbana é muito variável. Na Europa Ocidental, o ritmo abrandou, ao contrario da Europa Mediterrânea, onde continua vigoroso, como resultado de um êxodo rural ainda importante. Na ex - URSS e nos países do Leste, a expansão urbana foi brutal, mas hoje, esta um pouco mais controlada. Na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia os ritmos de crescimento da população urbana são dos maislentos, actualmente. É contudo, nos países da América Latina, da Africa e da Asia que o ritmo de crescimento é explosivo; estima – se que nos finais do seculo XX, as cidades destes países contem, talvez, com 20 milhões de pessoas. (vide tabela 2) Tabela 2. População urbana por regiões do mundo Regiões População urbana em milhões % de população total 1970 1985 2000 1970 1985 2000 Mundo 1352 2169 3329 37,2 43,8 51,1 Regiões 717 943 1174 65,7 73,9 80,7 Geografia do Urbanismo G0154 45 desenvolvidas Regiões em via de desenvolvimento 635 1226 2155 25,0 33,4 42,6 Asia Oriental 266 461 722 28,6 39,0 50,7 Asia do Sul 238 458 793 21,2 27,1 33,7 Africa 77 160 320 22,2 30,1 39,2 América Latina 158 291 495 55,9 66,9 75,9 Fonte: Autor, dados: LEITE (1989). O Fenómeno Urbano O prodigioso crescimento demográfico das cidades desencadeia metamorfoses em muitas regiões do mundo. As cidades transbordam de população e suas múltiplas actividades tornam – nos centros importantes da organização do espaço. O fenómeno urbano, acelerado entre as duas guerras, deu origem a variadas paisagens urbanas e determinou os novos arranjos internos e a expansão recente das cidades os subúrbios. Nos países desenvolvidos a tendência actual aponta para um papel cada vez menos activo da cidade, mas o mesmo não acontece nos países subdesenvolvidos, como nova a sua urbanização galopante. Este desenvolvimento global da população urbana, que desde 1900 aumento 10 vezes mais rapidamente que a população mundial, corresponde a quatro tipos de concentração urbana: - O Tipo Europeu, onde um movimento precose de expansão urbana, tem hoje tendência a afrouxar; - O Tipo Dos Países de Colonização Europeia, (EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) onde o impulso foi grande e apesar de ainda muito vigoroso tem tendência a diminuir; - O Tipo dos Países do Leste Europeu e de Influência Soviética, cuja expansão das cidades é medida de acordo com os planos de desenvolvimento económico; Geografia do Urbanismo G0154 46 - O Tipo dos Países do Terceiro Mundo, onde a população sofre actualmente um crescimento vertiginoso, depois de uma longa estagnação. Sumário O rápido desenvolvimento urbano é produto da revolução Industrial. Com efeito, os mais elevados índices de urbanização localizam-se no hemisfério norte, nos chamados países desenvolvidos e os menores índices no hemisfério sul, nos chamados países em via de desenvolvimento. Exercícios 1. Mencione as principais formas de crescimento urbano? 2. Diferencie conurbação/metrópole/megalópolis. N.B. Entregar o exercício nº 2 desta unidade. Geografia do Urbanismo G0154 47 Unidade IX As cidades do mundo de hoje – o nascimento das grandes aglomerações Introdução O que constitui o verdadeiro sintoma do nosso tempo é o explosivo crescimento dos grandes centros urbanos, o que não se verificava anteriormente porque o crescimento demográfico era muito mais lento e não era absorvido desproporcionadamente pelas grandes cidades. Estas, hoje crescem por si mesmas e por absorção da população rural. Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: Objectivos Explicar o crescimento das grandes aglomerações; Descrever os problemas derivados do nascimento das novas aglomerações; Identificar as causas do nascimento das grandes aglomerações; As Cidades no Mundo de Hoje – O Nascimento das Grandes Aglomerações Há uma transformação incongruente porque o ritmo de crescimento é muito superior à capacidade e previsão definida pelas autoridades. Vai – se acumulando na cidade uma população composta de imigrantes, que se vão distribuindo ao acaso pelas franjas mais miseráveis e abandonadas, invadindo propriedades alheias ou zonas com condições. Geografia do Urbanismo G0154 48 Isto deu lugar aos chamados BIDONVILLES das cidades francesas ou argelinas, as CHABOLAS das cidades espanholas, às FAVELAS brasileiras, as RANCHEROS venezuelanos, aos MUCEQUES de Luanda, aos CANIÇOS do Maputo, aos BAIRROS DE LATA de Lisboa. Não há cidade em processo de crescimento agressivo que não sofra destas manifestações patológicas. Estes bairros marginais serão para alguns o lugar por onde se começa a subir, enquanto para outros são o último escalão de uma subida dolorosa. São subúrbios resultantes do crescimento incontrolado da cidade, assim como, também, os bairros clandestinos que proliferam em áreas não urbanizadas fora da alçada dos organismos públicos Tudo isto levanta problemas de organização do espaço nas grandes metrópoles, problemas estes que se têm vindo a agravar com o tempo. A aglomeração urbana nascida deste tipo de crescimento engloba a cidade antiga e os seus arredores; a cidade expande – se, as suas casas justapõem – se às casas rurais, absorvem – nas progressivamente e fazem – no desaparecer. Durante um certo tempo houve luta, mas finalmente e aldeia de ontem não é mais, hoje, que a continuação da grande cidade. A maré estende – se, estravaza e nada faz recuar. Num raio cada vez maior em torno de Lisboa, quase todas as aldeias estão em transformação. A conurbação representa, enfim, uma forma de organização complexa: é constituída por varias aglomeração por varias aglomerações que tendem a juntar – se. Quando uma de entre elas tem um grande peso económico, ela chega rapidamente ate às outras; é assim a conurbação de Lille – Roubaix – Tourcoina – Madeleine, em França, que forma um único conjunto urbano, pois, os vazios entre os espaços Geografia do Urbanismo G0154 49 construídos destas cidades são progressivamente preenchidos. A Megalópolis é uma forma de conurbação, mas de enormes proporções. São verdadeiras regiões urbanas que resultaram do extraordinário crescimento das periferias de varias cidades, ao longo dos eixos de circulação que as unem. Ao longo de 700km, de Boston a Washington, vivem mais de 50 milhões de pessoas num vasto conjunto urbano que inclui, além daquelas cidades. Nova Yorque, Filadelfia, Baltimore e outras mais pequenas. Do mesmo modo no Japão, uma extensa área fortemente urbanizada estende – se de Tóquio a Cobe e onde se englobam as grandes cidades de Yokohama, Nagoia, Osaka e Kioto, além de outras. Um outro fenómeno urbano é a tendência actual para o gigantismo, isto é, o crescimento desmesurado de algumas cidades do mundo. Com efeito, um número muito grande de cidades aumenta sem cessar: 16 cidades ultrapassavam 1 milhão de habitantes no princípio do seculo, mas hoje são 180. As aglomerações gigantescas são cada vez mais numerosas e certas cidades registam ritmos de crescimento espetaculares. É o caso da cidade do cairo com 5 milhões de habitantes em 1970, 10 milhões em 1980 e 12 milhões em 1984 e que deve esta explosão a uma natalidade muito forte e `a chegada contínua de populações jovens. Actualmente, são as cidades da América Latina aquelas onde se observam os ritmos mais acelerados. - Sítio Urbano – é o local onde a cidade nasceu e se desenvolveu; - Rede Urbana – um sistema integrado de cidades que vai das pequenas ou locais às metrópoles ou cidades gigantesca. Geografia do Urbanismo G0154 50 Sumário Há uma transformação incongruente porque o ritmo de crescimento é muito superior à capacidade e previsão definida pelas autoridades. Vai – se acumulando na cidade uma população composta de imigrantes, que se vão distribuindo ao acaso pelas franjas mais miseráveis e abandonadas, invadindo propriedades alheias ou zonas com condições. Os subúrbios são chamados BIDONVILLES na Franca ou argelinas, as CHABOLAS na Espanha, às FAVELAS no Brazil, as RANCHEROS na Venezuela, aos MUCEQUES em Angola, aos CANIÇOS em Moçambique, aos BAIRROS DE LATA em Portugal.
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