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LIVRO - PERÍCIA CONTÁBIL E ARBITRAGEM

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O objetivo desta obra é apresentar uma 
visão prática da perícia e da arbitragem, 
traduzindo a teoria em experiência vivi-
da nessa área. Para isso, busca-se nas 
normas tudo aquilo que é necessário para 
a realização de um trabalho pericial e de 
arbitragem com excelência, sempre se 
atentando para a necessidade de atender à 
legislação vigente.
Com o estudo da perícia e da arbitragem 
de modo prático, abordando desde os 
conceitos teóricos elementares até as apli-
cações recentes do trabalho pericial com 
base em recursos tecnológicos, esta obra 
representa um importante insumo a ser uti-
lizado tanto por quem já está atuando na 
área da perícia e da arbitragem como por 
aqueles que desejam conhecer aspectos 
dessa área para nela futuramente adentrar.
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Código Logístico
59455
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6648-3
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 4 8 3
Perícia Contábil e 
Arbitragem 
Joel Pereira Munhoz Junior
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: TanahAirStudio/Envato Elements
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M932p
Munhoz Junior, Joel Pereira
Perícia Contábil e Arbitragem / Joel Pereira Munhoz Junior. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020
122 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6648-3
1. Contabilidade. 2. Perícia contábil - Brasil. 3. Auditoria - Brasil. I. Título.
20-65223 CDD: 657
CDU: 657(81)
Joel Pereira Munhoz 
Junior
Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUCPR). Especialista – MBA em 
Gestão em Finanças e Controladoria pelo Instituto 
Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX); 
extensão em Magistério Superior pela mesma 
instituição. Graduado em Ciências Contábeis pela 
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Técnico em 
Contabilidade pela Escola Técnica da Universidade 
Federal do Paraná (ET-UFPR). Docente nas modalidades 
presencial e EaD.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Fundamentos da perícia contábil 9
1.1 Fundamentos da perícia 9
1.2 Diferenças entre perícia e auditoria 15
1.3 Conceito e rito de processo 18
1.4 Processo judicial 20
2 Perito e a Legislação 25
2.1 Definição do perito contábil 25
2.2 Características do perito contábil 27
2.3 Impedimento e suspeição 40
2.4 Honorários 42
3 Planejamento da perícia contábil e procedimentos necessários 53
3.1 Planejamento: conceito e objetivos 53
3.2 Fases do procedimento 55
3.3 Objetivos do planejamento da perícia contábil 62
3.4 Desenvolvimento do planejamento da perícia contábil 63
3.5 Cronograma do planejamento da perícia contábil 65
4 O laudo e o parecer pericial contábil 69
4.1 Laudo pericial contábil 69
4.2 Parecer pericial contábil 77
5 Informação e a Arbitragem 82
5.1 Arbitragem – apresentação e terminologia 82
5.2 Reforma da Lei de Arbitragem 89
5.3 O contador e o processo arbitral 96
6 Inovação na perícia contábil e na arbitragem 101
6.1 Mineração de dados 101
6.2 Informação gerada pela Inteligência Artificial 105
6.3 Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) 112
6.4 Eficiência na gestão do contador 117
O objetivo desta obra é trazer uma visão prática da perícia e da 
arbitragem para perto dos estudantes, traduzindo a teoria em expe-
riência vivida nessa área. Para isso, busca-se nas normas tudo aquilo 
que é necessário para a realização de um trabalho pericial e de ar-
bitragem com excelência, sempre se atentando para a necessidade 
de atender à legislação vigente.
Iniciamos o primeiro capítulo discorrendo sobre os fundamen-
tos da perícia contábil e demonstrando as diferenças entre perícia 
e auditoria. Ainda, abordamos o conceito de rito do processo – para 
isso, falamos de Processo Judicial, Extrajudicial e Arbitral. Concluí-
mos o capítulo com um panorama do surgimento da perícia, apon-
tando como ela surgiu e evoluiu com o passar dos anos e qual o seu 
papel nos dias de hoje.
No segundo capítulo, apresentamos as normas que regulamen-
tam e disciplinam o perito contábil, trazendo características ineren-
tes à profissão, assim como situações que poderão ser antecipadas 
para que o processo transcorra da melhor maneira, sem intercor-
rências. Nesse sentido, abordamos a elaboração da proposta de 
honorários, na qual se deve fazer um levantamento dos custos en-
volvidos no decorrer da perícia. É importante que o leitor perceba, 
nesse ponto, as competências que o perito deve possuir, pois, sem 
elas, o caminho se torna mais difícil. Também explicamos a forma de 
construir uma proposta de honorários que vai realmente demons-
trar todos os custos envolvidos no processo pericial.
A proposta no terceiro capítulo é abordar o planejamento dos 
trabalhos periciais, em que o perito estabelece os procedimentos 
gerais dos exames a serem efetuados. Trazemos, assim, a importân-
cia de se planejar no sentido de proporcionar uma visão geral sobre 
o trabalho do perito, de modo a construir um panorama dos traba-
lhos a serem realizados, no qual é possível ver todos os objetivos 
e procedimentos interligados, observando cada relação com muita 
clareza. Ainda, nesse capítulo, construímos o cronograma da perícia, 
vivenciando de maneira prática suas implicações e seus prazos.
Em seguida, chegamos ao laudo e parecer pericial contábil, no 
quarto capítulo, quando vemos o trabalho final da perícia. Trata-se 
do momento em que o perito contábil apresenta seus resultados 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Perícia Contábil e Arbitragem 
depois de um trabalho minucioso sobre a matéria que lhe foi solicitada. É impor-
tante ressaltar que, quando o laudo for emitido, devem ser seguidas algumas 
regras de apresentação, estrutura e utilização de termos técnicos, das quais o 
perito não pode se afastar, pois segui-las implica uma boa receptividade do juiz 
e das partes envolvidas no processo. Além disso, abordamos a distinção entre 
laudo pericial e parecer pericial – documentos diferentes, gerados por dois profis-
sionais igualmente capacitados, mas que podem divergir na opinião final apresen-
tada. Nesse contexto, caso concordem com os cálculos efetuados, podem assinar 
o mesmo documento, que seria o laudo pericial contábil. Entretanto, se não con-
cordarem, há a emissão do laudo pericial pelo perito contador e a emissão do 
parecer pericial contábil pelo perito contador assistente, apresentando cada qual 
seus cálculos e seus motivos para ter chegado a determinado resultado.
No capítulo quinto, conhecemos o processo de arbitragem, o qual visa esta-
belecer a conciliação entre as partes quando os objetos de disputa são direitos 
patrimoniais disponíveis que podem ser avaliados monetariamente e dos quais 
as partes podem dispor. Também, nesse capítulo, abordamos a reforma da Lei 
de Arbitragem, trazendo os principais pontos que foram mudados e qual o seu 
impacto para a arbitragem. Ainda, vemos de que maneira o envolvimento do pro-
fissional contábil é válido e quais são as informações que podem ser geradas pela 
contabilidade no processo de arbitragem.
No último capítulo, tratamos das inovações na perícia e arbitragem. Com a 
tecnologia a nosso dispor, podemos, cada vez mais,usá-la para o processamen-
to de informação. É nesse sentido que trabalhamos as noções sobre mineração 
de dados, inteligência artificial e uma gestão voltada à evolução da contabilidade 
dentro dos seus processos. Discorremos, também, sobre o Sistema Público de 
Escrituração Digital (SPED), uma revolução para a contabilidade em nosso país, 
pois, para o processamento de uma quantidade enorme de dados, são necessá-
rios muitos sistemas trabalhando simultaneamente. Concluímos o capítulo ana-
lisando o funcionamento dessa parte tão importante da contabilidade que é o 
tratamento dos dados gerados.
Com o estudo da perícia e da arbitragem de modo prático, abordando desde 
os conceitos teóricos elementares até as aplicações recentes do trabalho pericial 
com base em recursos tecnológicos, esta obra representa um importante insumo 
a ser utilizado tanto por quem já está atuando na área da perícia e da arbitragem 
como por aqueles que desejam conhecer aspectos dessa área para nela futura-
mente adentrar.
Bons estudos!
Fundamentos da perícia contábil 9
1
Fundamentos da perícia contábil
Neste capítulo, vamos iniciar os estudos sobre os primeiros 
conceitos relacionados à perícia contábil. Mas para começarmos 
esse processo, temos, primeiramente, que contextualizar o sur-
gimento do processo de perícia verificando como este se desen-
volveu até chegar aos dias de hoje. É importante entendermos o 
papel do perito na sociedade e em quais momentos a visão desse 
profissional pode ser decisiva em um processo litigioso.
Ainda neste capítulo, abordaremos as diferenças entre perícia e 
auditoria, pois são áreas distintas, com objetivos diferentes, afinal, 
cada uma busca esclarecer a contabilidade para um grupo diferente 
de pessoas. Conheceremos, também, o rito, ou seja, o ritual seguido 
pelos processos judiciais, extrajudicial e arbitral. Na leitura sobre o 
rito, entenderemos como o perito pode ser acionado e como ele 
deve se comportar diante das solicitações feitas no processo.
Uma questão muito importante é a pontualidade e o compro-
misso necessário com os prazos do processo, pois caso algum 
prazo venha a ser perdido, poderá haver sanções previstas em lei. 
Enfim, neste capítulo faremos uma viagem pela história e pelo rito 
da perícia contábil. 
1.1 Fundamentos da perícia 
Vídeo A perícia contábil pertence à ciência da contabilidade e tem como 
principal objetivo comprovar fatos, estando sujeita ao questionamento 
judicial. Essa atividade é desempenhada pelo perito, profissional que, de 
acordo com a Lei n. 9.457 (BRASIL, 1997) – que alterou o parágrafo 8 
do artigo 163 da Lei n. 6.404/1976 –, tem o notório conhecimento para 
apurar fatos e, segundo o artigo 145 do Código de Processo Civil (CPC), 
Lei 5.869 (BRASIL, 1973) pertence à categoria de cientista contábil.
10 Perícia Contábil e Arbitragem
1.1.1 História da perícia no mundo
À medida que as sociedades foram se desenvolvendo, foi surgindo 
também a necessidade de um controle sobre seus bens, e, nesse senti-
do, a contabilidade evoluiu com a humanidade.
Estudos relatam que a contabilidade já existia em um período 
próximo a 6.000 a.C. Claro que o controle era feito de modo muito 
rudimentar, com cada pastor ou produtor utilizando uma maneira 
de controle sobre seus animais ou sua lavoura. Mas não havia nessa 
época um profissional ou um grupo de profissionais que utilizasse 
padrões previamente estabelecidos para gerar comparações ou al-
guma forma de desempenho.
A contabilidade só começou a ter grupos especializados para ge-
rar indicadores de desempenho ou padrões de produção após o iní-
cio da Revolução Industrial, por volta dos anos de 1760 a 1840. Com o 
surgimento das indústrias e da capacidade de produção em grandes 
quantidades, manifestou-se a necessidade de contratação de pessoas 
especializadas em controle, que pudessem gerar relatórios do que foi 
produzido, das matérias-primas utilizadas para a produção, da quanti-
dade de pessoas a serem contratadas e da quantidade de equipamen-
tos necessários para conseguir suprir a demanda existente. Com isso, 
a contabilidade precisou se estruturar para manter sob controle esse 
novo fluxo de informações, que até então não existia, devido ao fato de 
as empresas serem pequenas e artesanais.
Nesse sentido, a contabilidade é 
definida como a ciência voltada ao 
estudo e controle do patrimônio. 
Seu objetivo é apoiar a empresa 
com representações gráficas, refle-
tindo sobre as variações ocorridas. 
Desse modo, ela vem estabelecen-
do normas que pautam a interpre-
tação das informações geradas 
pela empresa, auxiliando sua aná-
lise e seus processos de auditoria, 
servindo como ferramenta de to-
mada de decisões.
Figura 1
Perito contábil checando 
cálculos. 
Vo
lh
a 
Ba
ry
se
vic
h/
sh
ut
te
rs
to
ck
Fundamentos da perícia contábil 11
Uma evolução econômica grande foi a ocorrida na Inglaterra, que 
era então considerada o Centro do Mundo 1 Um detalhe em relação a isso 
que permanece até os dias 
de hoje é o fuso horário, cujo 
ponto zero é na Inglaterra. Ele 
existe com base na definição, 
de 1844, de que o Meridiano de 
Greenwich se tornaria o Padrão 
Zero.
1
 . Foi do país britânico 
que a evolução econômica se divulgou para todo o mundo, tornando 
o papel desenvolvido pelos contadores um dos principais elementos 
de funcionamento das engrenagens no mundo dos negócios. Isso 
veio a influenciar o desenvolvimento econômico-financeiro das or-
ganizações, com a elaboração de relatórios das informações sobre a 
gestão e, mais importante, permitindo, com todas esses dados, uma 
tomada de decisões mais acertada.
E o que vem a ser essa “tomada de decisão”? Numa perspectiva 
profissional, quando tomamos a decisão de produzir o produto “A” 
ao invés de produzir o produto “B”, pode acontecer um impacto em 
todo um processo produtivo. Além disso, comprar mais maquinário, 
ou contratar mais funcionários, ou fechar uma filial, são decisões 
que precisam estar fundamentadas em informações precisas e con-
fiáveis. Afinal, podem gerar consequências futuras, boas ou ruins, 
para a empresa ou aos que se relacionam com ela, sejam funcioná-
rios, sócios, fornecedores, bancos e até o governo.
Na história, temos decisões tomadas por líderes em momentos 
críticos ou para planejar grandes construções com o estudo da 
situação futura. Nesse contexto, devemos lembrar que a tomada de 
decisão sempre terá riscos a serem assumidos pelo seu responsável. 
Riscos esses que poderão ser diminuídos quando há uma informação 
confiável e um planejamento muito bem feito, que proporcione 
colocar os prós e os contras da tomada de decisão.
A tomada de decisão também se faz presente em nosso cotidiano. 
Quando, por exemplo, decidimos vestir ou não determinado casaco, 
considerando informações sobre a temperatura, estamos tomando 
uma decisão, mesmo que seja pequena e corriqueira. No entanto, 
decisões maiores, como a de corte de funcionários ou aumento da 
produção, necessariamente precisam ter suporte em informações e 
relatórios precisos.
Marques e Pires (2007) comentam que a contabilidade se de-
senvolveu principalmente nos campos científico e filosófico após 
o reconhecimento da área como uma ciência social pela Academia 
de Ciência da França no início do século XIX. Esse desenvolvimento 
ocorreu devido à maior busca pelos autores por padrões e fórmu-
12 Perícia Contábil e Arbitragem
las a serem seguidos, principalmente diante dos problemas que as 
empresas apresentavam. O que se buscava eram soluções que pu-
dessem proporcionar competitividade, colocando as empresas em 
vantagem em relação às demais.
Nesse contexto, a profissão contábil manteve sua essência tendo 
como base as demandas das pessoas em controlar o patrimônio que 
possuíam, incluindo seus bens, suas dívidas, seus ganhos, os valores 
que tinham a receber etc.
Ainda no século XIX, existiam influências econômicas da 
Inglaterra sobre todo o mundo. E o progresso da contabilidade sob 
essa influência foi de grandevalia, o que comprova que a evolução 
econômica também ajuda na evolução da contabilidade. Afinal, os 
contadores precisam atender aos atores responsáveis pela tomada 
de decisão em todos os níveis hierárquicos, com informações atua-
lizadas e confiáveis. Esses tomadores de decisão são ávidos por in-
formação útil, o que provoca uma busca incessante pela melhoria 
contínua no meio contábil.
Por ser reconhecida como uma área de controle, quanto maior 
o patrimônio e a quantidade de movimentações, melhor deve ser o 
domínio da contabilidade sobre essas movimentações, para poder 
gerar, assim, uma informação cada vez mais acertada sobre tudo o 
que ocorre nas organizações.
A contabilidade surge para gerar informações úteis para cada 
ação tomada dentro da empresa, informando de maneira imparcial, 
sem interesse em resultados, nem em buscar benefícios a qualquer 
área, pois, acima de tudo, a contabilidade é uma área de controle 
dentro da organização. De nada vale o controle se ele for tenden-
cioso ou tiver falhas, isso fará com que ele caia em descrédito e não 
consiga manter o status de gerador de informações confiáveis para 
a tomada de decisão.
Nesse sentido, quando temos padrões a serem seguidos por to-
das as empresas, começamos a ter formas de comparação entre 
elas, o que gera mais informações, principalmente para investido-
res, bancos e governo. Isso ocorre devido ao fato de que todas as 
organizações passam a ser passíveis de verificação e comparação.
Diante desse panorama, surge uma área mais específica e in-
vestigativa dentro da contabilidade, denominada perícia contábil. 
Fundamentos da perícia contábil 13
Nela, o profissional possui amplo conhecimento do assunto, que 
permite trazer com propriedade uma quantidade de informações 
que poderão ser utilizadas como prova na lide que se instaura. 
A perícia contábil é utilizada pelo juiz como formadora de elemen-
tos e provas imparciais para ajudar na justa solução do processo, 
com a apresentação de laudo pericial contábil ou parecer. Esses dois 
documentos são construídos com base em procedimentos técnicos 
e científicos de acordo com as normas jurídicas e profissionais, além 
da legislação em que cabe o processo (HOOG, 2011).
Sá (2011), por sua vez, define a perícia contábil como exame dos 
fatos (tudo o que puder subsidiar seu olhar à luz de documentos 
e da legislação pertinente) de cada pessoa, seja física ou jurídica, 
para emitir opinião de acordo com aquilo que foi questionado pe-
las partes integrantes do processo. Para isso, são feitos exames, in-
vestigações e qualquer procedimento que a lei permite para trazer 
uma opinião isenta e útil, no sentido de esclarecer as perguntas do 
processo.
A evolução da perícia se mostra tão antiga quanto à evolu-
ção da contabilidade. Esta surgiu em função das atividades 
mercantis, econômicas e sociais, e aquela, em função das 
necessidades dos juízes que para melhor aplicarem a justiça, 
precisavam de relatos acrescidos de análise técnica de assun-
tos que não eram de seus domínios. (CALDEIRA, 2000 apud 
NEVES JUNIOR et al., 2015, p. 3)
A palavra perícia tem origem no termo latino peritia, cujo significa-
do é voltado para a aquisição do conhecimento pela experimentação. 
Isso nos leva a conceituar a perícia como um serviço especializado, 
com bases científicas e contábeis, para as quais se exige formação 
de nível superior, destinada à resolução de processos judiciais e 
extrajudiciais (HOOG, 2011).
Em nível mais específico, conforme Arruda, Pozzobom e Silva 
(2007), uma perícia contábil é executada considerando seus 
resultados, de modo que estes reflitam a realidade baseada em 
documentação e seja efetuada de modo ético e moral, além de 
imparcial e justo. 
Assim, a função da perícia é construir relatórios que sirvam de 
informação e esclarecimento para o mediador ou juiz em suas deci-
sões. A parcela de responsabilidade que cabe ao perito na constru-
lide: pleito judicial pelo qual 
uma das partes faz um pedido e 
a outra resiste; pendência, litígio.
Glossário
Uma boa dica para iniciar 
os estudos na área da 
perícia contábil é o livro 
Manual de perícia contábil: 
exemplos, modelos e exercí-
cios, de Silvio Crepaldi. 
CREPALDI, S. São Paulo: Saraiva, 
2019.
Livro
14 Perícia Contábil e Arbitragem
ção de evidências com base no seu conhecimento de especialista se 
baseia também na qualidade fundamental da moralidade e honesti-
dade (MAGALHÃES; LUNKES, 2008).
Sá (2011) pondera que a perícia contábil tem base na formação 
do conceito de que precisa ser conhecida a opinião de um especialis-
ta em contabilidade sobre o patrimônio de uma pessoa física ou jurí-
dica, isso em qualquer tempo, sob a ótica qualitativa e quantitativa, 
para que essa opinião possa direcionar as partes à justa resolução 
do processo.
A perícia, então, é usada para buscar e validar informações que 
possam ser utilizadas pelos usuários, sejam eles internos ou exter-
nos à empresa.
Nesse sentido, iniciam-se os procedimentos para definição dos 
interesses das partes do processo, sendo que o perito poderá escla-
recer os pontos de conflito geradores do litígio. Esses pontos são 
colocados pelas partes diante de um juiz ou de um mediador, que 
buscam na figura do perito um conhecimento profundo do assunto 
alvo do litígio.
A perícia contábil, portanto, é muito utilizada em todo mundo 
principalmente quando o juiz ou mediador não possuir informações 
suficientes para julgar e/ou mediar. Nesse caso, aparece a figura 
do perito contábil, na tentativa de fornecer informações suficientes 
para finalizar o processo, sempre buscando o equilíbrio entre as par-
tes litigantes.
1.1.2 História da perícia no Brasil
O início da contabilidade no Brasil se deu em 1808, período em 
que o desenvolvimento econômico trouxe consigo uma necessidade 
de controle maior, controle esse que veio em grande parte influen-
ciado pela escola italiana.
A regulamentação da profissão contábil ocorreu inicialmente 
em 25 de junho de 1850, pela Lei n. 556, que em seus dispositivos 
tornava obrigatória a elaboração do balanço, dos livros diários, do 
copiador de carta e da escrituração seguindo a ordem cronológica, 
processo que era também chamado de Juízo Arbitral Obrigatório.
Litígio: ação ou controvérsia 
judicial que tem início com a 
contestação da demanda.
Glossário
Fundamentos da perícia contábil 15
Nesse mesmo ano, em 25 de dezembro, foi expedido um regula-
mento que teve origem no Código Francês e nas Ordenações Filipinas, 
regulamentando o perito, sob o n. 737/1850 (CALDEIRA, 2000).
As funções da perícia contábil no Brasil somente foram debatidas 
por um corpo científico em 1924, no 1º Congresso Brasileiro de Con-
tabilidade. Nesse debate, chegou-se à conclusão de que a profissão 
poderia ser dividida em três grandes especialidades: contador, peri-
to e guarda-livros.
Ainda no mesmo evento ficou definido que deveria se tornar regra 
e norma a atribuição de toda a perícia judicial apenas aos membros 
das Câmaras de Contabilidade, excluindo os demais profissionais de 
assumirem uma perícia contábil.
Já no ano de 1928, foi publicado o livro Perícia em Contabilidade 
Comercial, pelo autor João Luiz Santos, sendo essa a primeira obra 
da área publicada no Brasil.
Desse modo, podemos compreender que a perícia, assim como a 
contabilidade, teve seu crescimento vinculado ao desenvolvimento 
econômico da sociedade. Passando por vários períodos e países, a 
perícia surgiu da necessidade por um profissional especialista, que 
dominasse o assunto e pudesse dar seu parecer, que seria utilizado 
como prova diante de um juízo.
A que fato se deve a evolução da 
perícia no Brasil e no mundo? 
Discorra sobre os principais 
movimentos que ajudaram 
nessa evolução.
Atividade 1
1.2 Diferenças entre perícia e auditoria 
Vídeo A perícia contábil e a auditoria são duas vertentes distintas da 
contabilidade, ou seja, cada uma delas é acionada em diferentes si-
tuações, sendo também distinto o consequente resultado alcançado 
porelas.
1.2.1 Auditoria contábil
O objetivo da auditoria, segundo Attie (2011), é testar o controle pa-
trimonial segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade. A auditoria 
é uma área especializada em verificar com qual nível de eficiência o 
controle patrimonial é gerido, emitindo, com isso, um parecer sobre as 
demonstrações contábeis.
16 Perícia Contábil e Arbitragem
Temos a definição de Crepaldi (2013, p. 23) que considera a auditoria 
“como o levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, 
procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de 
uma entidade”.
Dessa forma, corroborando o pensamento de Crepaldi, o objeto 
da auditoria são as demonstrações contábeis. Com procedimentos 
padrões, ela emite opinião sobre a empresa e se sua posição patri-
monial, expressa em seus relatórios, condiz com a realidade. Acima 
da verificação dessa realidade está, também, o papel da auditoria 
em verificar se as demonstrações estão de acordo com as Normas 
Brasileiras de Contabilidade.
Assim, Crepaldi (2013, p. 4) afirma que esse exame “deve ser efetua-
do de acordo com as normas usuais de auditoria, inclusive quanto às 
provas nos registros contábeis e aos procedimentos de auditoria julga-
dos necessários nas circunstâncias”.
O autor fecha o raciocínio dizendo que o objetivo principal da audi-
toria é certificar a verdade nas demonstrações financeiras. Assim são 
muitas as verificações realizadas por essa área durante o processo de 
aferição dos controles internos. Nesse trabalho, os auditores vão a to-
dos os setores da empresa em busca de falhas na operação de cada um 
deles. Isso possibilita que o auditor tenha segurança para opinar, pois 
uma vez que as falhas foram levantadas, é dado um tempo para regula-
rização dos processos, dando maior garantia de que os relatórios serão 
gerados com uma base segura. São amplos os elementos dos quais o 
auditor pode se servir no exercício de sua atividade.
1.2.2 Perícia contábil
A perícia, por sua vez, é considerada uma profissão especializada 
em determinados assuntos, no nosso caso, a contabilidade. Assim, 
é necessário ter amplo conhecimento do assunto para que se possa 
emitir opinião a respeito. Nesse sentido, vejamos alguns autores que 
falam sobre essa profissão.
Sá (2011) conceitua a perícia contábil como a verificação de fatos 
ligados ao patrimônio, buscando dar uma opinião, mediante os quesi-
tos propostos. Ainda segundo o autor, para que o perito possa emitir 
tal opinião, são realizados exames, vistorias e demais procedimentos.
Fundamentos da perícia contábil 17
O objetivo da perícia pode variar de acordo com a finalidade para a 
qual é requerida, mas sempre será considerada como prova no litígio. 
Trata-se de uma busca pela verdade contábil apta a auxiliar um juiz ou 
um mediador em um processo.
Nesse sentido, Alberto (2012, p. 37) afirma que “a perícia contábil 
tem por objetivo geral a constatação, prova, ou demonstração contábil 
da verdade real sobre o objeto, transferindo-o, através de sua materia-
lização – o laudo –, para o ordenamento da instância decisória, judicial 
ou extrajudicialmente”.
1.2.3 Auditoria versus perícia
As duas áreas são consideradas especialidades do mesmo cerne, o 
da contabilidade. Mas podemos distingui-las da seguinte forma.
A auditoria trabalha na verificação do controle patrimonial de 
uma empresa. O auditor expressa sua opinião por meio do parecer 
de auditoria, isso acontece somente depois de efetuar uma série de 
procedimentos de verificação. Sua função é assegurar que os con-
troles financeiros e patrimoniais estejam de acordo com as Normas 
Brasileiras de Contabilidade.
A perícia é mais específica, pois se dedica a responder apenas aos 
questionamentos (quesitos) propostos pelas partes integrantes do lití-
gio. Como uma especialidade da contabilidade, ela também busca fatos 
ligados ao controle do patrimônio, mas bem mais direcionados em for-
necer respostas aos questionamentos feitos.
A principal função da perícia é dar suporte para a tomada de decisão 
em um processo de litígio, no qual duas partes não concordam com o 
resultado apresentado. Em um processo judicial, a perícia pode revelar 
aspectos importantes que o juiz não consegue perceber, pois não possui 
conhecimento técnico-contábil. Assim, o relatório construído pela perícia 
pode auxiliá-lo imensamente, pois existe a possibilidade de vir a ser a 
base para sua fundamentação a respeito da decisão que tomará.
Quanto ao auditor, entretanto, há maiores exigências relacio-
nadas à sua competência técnico-profissional. Dele, é exigida for-
mação superior e registro como contador, além da participação em 
programa de formação continuada.
Quais são as diferenças entre 
a perícia contábil e a auditoria 
contábil? Busque as definições 
de cada uma e construa com 
suas palavras um parágrafo 
diferenciando essas duas espe-
cialidades da contabilidade.
Atividade 2
18 Perícia Contábil e Arbitragem
O perito, por sua vez, poderá ser pessoa idônea escolhida pelo juízo 
(esfera judicial), árbitro ou entidades (âmbito extrajudicial).
Assim, a responsabilidade, seja ela do perito ou do auditor, é 
enorme, pois suas opiniões são consideradas essenciais para a to-
mada de decisões dentro e fora das empresas. Além disso, ambas 
exigem um profissional com sólidos conhecimentos nas tecnolo-
gias contábeis.
1.3 Conceito e rito de processo 
Vídeo Compondo o rito de processo da perícia contábil está a elaboração do 
laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil. O perito inclui os 
quesitos (apresentados somente por uma das partes) na composição 
do seu laudo pericial e, posteriormente, encerra-o de maneira clara e 
precisa com a sua conclusão perante a lide.
Segundo Ornelas (2003), quando o laudo for construído por meio 
de perguntas e respostas, é necessário transcrever o quesito e sua 
resposta em folha específica, destacando a pergunta e, por sua vez, 
a resposta oferecida. O perito então segue as formalidades descritas 
na norma para compor a estrutura do laudo pericial. Finalizado o seu 
trabalho, o perito solicita ao juiz, por meio de petição, que seja jun-
tado aos autos o respectivo laudo pericial contábil para os devidos 
efeitos legais.
Para o desenvolvimento do trabalho pericial contábil também é ne-
cessário um embasamento teórico do Código de Processo Civil (CPC). 
Conforme Moura (2010), o novo Código Civil, de janeiro de 2002, que 
passou a vigorar a partir do dia 10 de janeiro de 2003, dispõe no arti-
go 212 que o fato jurídico pode ser provado mediante perícia. Nesse 
ponto, precisamos deixar claro que o Código de Processo Civil provém 
do Código Civil.
Como vimos, a perícia judicial contábil possui suas regulamenta-
ções no Código de Processo Civil e, além disso, é embasada por nor-
mas emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Apesar disso, 
essa nobre prestação de serviços possui um caráter superior aos 
aspectos científicos de alta precisão e complexidade (HOOG, 2011).
Perícia contábil é um 
clássico dentro da área 
de contabilidade. Antônio 
Lopes de Sá é um autor 
indispensável para quem 
busca se especializar 
nessa área. Este livro é 
completo, trazendo ao 
leitor teoria, doutrina, 
modelos e exemplos 
práticos. 
SÁ, A. L. São Paulo: Atlas, 2011.
Livro
Fundamentos da perícia contábil 19
Desse modo, cabe citar os artigos que discorrem sobre perícia e o 
perito contábil e que são relevantes para a atuação do profissional, 
segundo o Código de Processo Civil:
Art.156. Quando a prova do fato depender de conhecimento 
técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o 
disposto no art. 421.
§ 1º Os peritos serão escolhidos entre os profissionais de nível 
universitário, devidamente inscrito no órgão da classe com-
petente, respeitado o disposto no Capítulo VI, seção VII, deste 
Código.
§ 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria 
sobre o que deverão opinar, mediante certidão do órgão profis-
sional em que estiverem inscritos.
§ 3º Nas localidadesonde não houver profissionais qualificados 
que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indi-
cação dos peritos será de livre escolha do juiz.
Art.157. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que 
lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, toda-
via, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) 
dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, 
sob pena de se reputar renunciado o direito de alegá-la.
Art.158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações 
inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar a parte, fica-
rá inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e 
incorrerá na sanção penal que a lei estabelecer. (BRASIL, 2015)
Segundo o artigo 147 do CPC, o perito que, por dolo ou culpa, pres-
tar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à 
parte, ficando inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perí-
cias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
Logo, o perito contador, ao executar os seus serviços, deve estar 
ciente de seus deveres, devendo ser imparcial, isto é, sem tender a 
nenhum dos lados, limitando-se sempre a responder o que lhe é per-
guntado, prestando informações corretas.
O artigo 208 do CPC de 1939 dispunha que: “são admissíveis em 
juízo todas as espécies de prova reconhecidas nas leis civis e comer-
ciais” (BRASIL, 1939). Cabe ressaltar ainda os artigos 378 a 380 do CPC 
de 1973, que são de interesse da perícia contábil, já que evidenciam o 
patrimônio e versam sobre os livros comerciais bem como a escritu-
ração contábil, conforme descritos a seguir:
Quais são os requisitos para que 
uma pessoa possa exercer a 
profissão de perito contábil?
Atividade 3
20 Perícia Contábil e Arbitragem
Art. 417. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lí-
cito ao comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios 
permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem 
à verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exi-
gidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio 
entre comerciantes.
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível; se os fatos que 
resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse do 
seu autor e outros são contrários, ambos serão considerados 
em conjunto como unidade. (BRASIL, 2015).
Isso significa que os livros comerciais e as escriturações contábeis 
serão utilizados para comprovar a veracidade dos fatos elucidados na 
lide. Dessa forma, conseguimos visualizar as obrigações do perito con-
tábil e a legislação que suporta seus passos, uma vez que todo o rito é 
baseado consta no Código Civil.
1.4 Processo judicial 
Vídeo A perícia judicial está contida no CPC entre os artigos 420 a 
442, dando embasamento teórico ao juiz de direito a nomear um 
profissional com conhecimento técnico sobre o assunto do litígio, 
caso não seja do seu domínio; sendo assim, a perícia tem força de 
prova, podendo ser contestada pelas partes envolvidas no processo. 
Assim, conforme Sá (2011, p. 63), “Perícia Contábil judicial é a que 
visa servir de prova, esclarecendo o juiz sobre assuntos em litígio que 
merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao patrimônio 
aziendal ou de pessoas”.
A perícia judicial é verificada quando a questão envolve uma ação 
no âmbito do Poder Judiciário. Logo, é motivada por uma questão judi-
cial e solicitada em juízo, tendo o objetivo de fornecer ao juiz elemen-
tos para esclarecer fatos que estejam obscuros, por meio da realização 
de exames, vistorias e avaliações, com o intuito de certificar a verdade 
para não prejudicar as partes envolvidas.
Para Alberto (2012, p. 38), a perícia judicial é aquela que se realiza dentro 
dos procedimentos do Poder Judiciário, “por determinação, requerimento 
Fundamentos da perícia contábil 21
ou necessidades dos seus agentes ativos”, processando-se segundo as re-
gras legais e específicas avaliadas em cada lide.
A ambiência da perícia contábil na esfera judicial faz-se presente, 
segundo Hoog (2011), nas Varas Criminais, na Justiça do Trabalho, 
nas Varas Cíveis Estaduais, nas Varas de Falências e Recuperação 
Judicial, nas Varas da Fazenda Pública e Execuções Fiscais, nas Varas 
de Família e na Justiça Federal. Quando o juiz solicita a realização 
do trabalho pericial, pretende alcançar o convencimento a respeito 
do assunto da lide por meio da opinião mencionada pelo perito na 
constituição do laudo pericial, pois a perícia contábil judicial existe 
pela necessidade em se ter conhecimento técnico ou especializado 
de um profissional contábil para a tomada de decisão.
1.4.1 Processo extrajudicial
A perícia extrajudicial é exercida nos âmbitos arbitral, estatal ou 
voluntário. Realizada fora do judiciário, tem origem em pendências 
que surgem entre pessoas físicas e pessoas jurídicas, nas relações pri-
vadas, sem envolver os órgãos governamentais. É observada quando 
há necessidade da opinião de um profissional conhecedor profundo 
da matéria em questão, como nos casos de cisão, fusão, incorpora-
ção e em questões administrativas. Tem por objetivo trazer à tona 
questões nas quais as partes estão em desacordo, com o propósito 
de atingir o entendimento sem utilizar recursos judiciais e arbitrais.
Conforme Alberto (2012), perícia extrajudicial é aquela realizada 
fora do Estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos 
particulares – privados, vale dizer – no sentido estrito, ou seja, não 
submetíveis a uma outra pessoa encarregada para arbitrar a matéria 
conflituosa (fora do juízo arbitral, também). A perícia extrajudicial divi-
de-se, de acordo com a sua finalidade, em: demonstrativas, discrimina-
tivas e comprobatórias.
Apesar de todo trabalho realizado pelo perito, é possível que não 
haja concordância das partes, porém seu trabalho poderá ser usado 
como prova, caso os envolvidos queiram recorrer em juízo. Nesse caso, 
o perito deverá observar todas as normas e a legislação que estão sen-
do elucidadas no caso.
Uma boa maneira de se inteirar 
no funcionamento de processos 
que envolvem a perícia contábil 
é por meio de estudos de 
casos. O Conselho Regional de 
Contabilidade do Rio de Janeiro 
disponibiliza um livro muito 
interessante com a análise de vá-
rios estudos de casos envolvendo 
a perícia contábil.
Disponível em: http://www.
crc.org.br/Arquivos/Publica-
coes/2018/PericiaCasos.pdf. 
Acesso em: 24 jul. 2020.
Livro
http://www.crc.org.br/Arquivos/Publicacoes/2018/PericiaCasos.pdf
http://www.crc.org.br/Arquivos/Publicacoes/2018/PericiaCasos.pdf
http://www.crc.org.br/Arquivos/Publicacoes/2018/PericiaCasos.pdf
22 Perícia Contábil e Arbitragem
1.4.2 Processo arbitral
A perícia arbitral, por sua vez, é criada pela vontade das partes en-
volvidas na lide, sendo realizada em instância decisória, na qual serão 
determinadas as regras a serem aplicadas à arbitragem. Nesse sentido, 
é considerada, pelos profissionais da área, como uma forma de privati-
zação da justiça, pois funciona como sendo o próprio árbitro da causa 
em questão. Assim, a perícia arbitral é definida por Alberto (2012, p. 39) 
como “aquela perícia realizada no juízo arbitral – instância decisória 
criada pela vontade das partes –, não se enquadrando em nenhuma 
das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcial-
mente como se judicial e extrajudicial fosse”.
Podemos concluir, então, que na perícia arbitral as partes elegem 
um indivíduo responsável para ser o árbitro da perícia, elas o obede-
cem como se fosse o juiz que delimitasse as regras. Porém, deve fi-
car claro que a perícia arbitral não tramita na esfera judicial e não se 
constitui como extrajudicial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente capítulo foi trazer os princípios da perícia de 
uma maneira mais interativa e leve. Afinal, quando começamos a enten-
der determinado assunto, ele tende a ser mais fácil e conseguimos ver 
sentido naquilo que estamos estudando.A perícia é um assunto muito vasto e complexo, portanto não 
objetivamos esgotar essa discussão em apenas um capítulo. Entretanto, 
os conteúdos estudados até aqui formam um arcabouço teórico muito 
importante para a continuidade dos estudos sobre perícia contábil.
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ARRUDA, C. M.; POZZOBOM, D. E.; SILVA, T. M. Perícia contábil na visão dos peritos-contadores 
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w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vVn01/t005.pdf. Acesso em: 7 jun. 2020.
ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
BRASIL. Decreto-Lei n. 1.608, de 18 de setembro de 1939. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 18 set. 1939. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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l5869impressao.htm Acesso em: 23 jul. 2020. 
Fundamentos da perícia contábil 23
BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília, DF, 17 de março de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm. Acesso em: 7 jul. 2020.
CALDEIRA, S. A influência do laudo pericial contábil na decisão dos juízes em processos nas 
varas cíveis. Santiago, 2000. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-
Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em: 
http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/78815. Acesso em: 24 jul. 2020.
CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
HOOG, W. A. Z. Perícia contábil: normas brasileiras. Curitiba: Juruá, 2011.
MAGALHÃES, A. D. F.; LUNKES, I. C. Perícia contábil nos processos cível e trabalhista: o valor 
informacional da contabilidade para o sistema judiciário. São Paulo: Atlas, 2008.
MARQUES, V. A.; PIRES, M. A. A. Elementos estruturais da teoria das funções sistemáticas 
e sua contribuição ao desenvolvimento social. Revista Mineira de Contabilidade, v. 
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MOURA, R. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 3. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 
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de Peritos Contadores como Peritos do Juízo, na Opinião dos Magistrados do Estado do Rio 
de Janeiro. In: 6º AdCont – CONGRESSO NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE. 
Anais [...], Rio de Janeiro: Unigranrio, out. 2015. Disponível em: http://adcont.net/index.
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ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. São Paulo: Atlas, 2003.
SÁ, A. L. Perícia contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
GABARITO
1. A evolução da auditoria no Brasil e no mundo se deve ao próprio 
progresso da contabilidade que, por sua vez, é uma consequência 
da evolução dos sistemas econômicos com base nas Revoluções 
Industriais. A evolução econômica também ajuda na evolução 
da contabilidade, afinal os contadores precisam atender aos 
atores responsáveis pelas tomadas de decisão em todos os níveis 
hierárquicos, com informações atualizadas e confiáveis. Eles precisam 
de informação útil, o que provoca no meio contábil uma busca 
incessante pela melhoria contínua.
2. A perícia visa dar suporte para a tomada de decisão em um processo 
de litígio, no qual duas partes não concordam com o resultado 
apresentado. Em um processo judicial, a perícia busca revelar 
aspectos importantes que o juiz não consegue perceber, pois não 
possui conhecimento técnico-contábil para isso. Já a auditoria é 
uma área especializada em verificar com qual nível de eficiência o 
controle patrimonial é gerido, emitindo com isso um parecer sobre as 
demonstrações contábeis.
24 Perícia Contábil e Arbitragem
3. De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, o perito 
contábil deve ter, antes de tudo, o curso superior em Ciências 
Contábeis e ter feito a prova de suficiência no Conselho Regional 
da sua região. Além disso, precisa ter vasto conhecimento na 
área em que realizará sua perícia. Assim, o profissional terá base 
sólida para opinar e construir um laudo suficiente para a tomada 
de decisão do litígio ou para que o mediador chegue em um 
ponto comum entre as partes. O perito contábil é pessoa idônea 
escolhida pelo juízo (esfera judicial), pelo árbitro ou pelas entidades 
(âmbito extrajudicial), e ambas exigem um profissional com sólidos 
conhecimentos nas tecnologias contábeis.
Perito e a Legislação 25
2
Perito e a Legislação
Neste capítulo, vamos explorar as definições da profissão de 
perito contábil segundo as normas de contabilidade vigentes. 
Temos que conhecer de perto como funcionam determinados 
aspectos da profissão e quais requisitos são necessários para 
que o perito possa atuar nessa área. Então, apresentaremos as 
características que ele deve demonstrar diante de cada processo 
em que for requerido.
O perito contábil pode tanto ser nomeado por juiz como ser 
contratado por uma das partes do processo, e em ambas as situa-
ções terá de elaborar uma proposta de honorários detalhada, que 
deverá ser pautada na dificuldade das perguntas (quesitos) dire-
cionadas ao perito, como também apresentar o valor da perícia, 
que vai impactar nos trabalhos, pois quanto maior o valor, maior a 
responsabilidade em prestar uma opinião justa sem falhas.
Nesse capítulo, veremos também as regras que o perito contábil 
deve seguir durante os procedimentos necessários para construir 
provas com o maior profissionalismo possível, sempre prezando 
pela ética e responsabilidade com a emissão de sua opinião.
Por fim, no trato com os conteúdos deste capítulo, procuramos 
trazer a perícia de uma forma descomplicada, mas sempre priori-
zando o conhecimento necessário nesse assunto.
2.1 Definição do perito contábil 
Vídeo Inicialmente, vamos buscar na legislação vigente o que ela discipli-
na, ou seja, quais as coordenadas para o perito contábil exercer sua 
profissão de maneira isenta e com o sigilo que requer o processo.
Vejamos a definição de perito contábil segundo as Normas Brasileiras 
de Contabilidade (NBC):
perito é o contador detentor de conhecimento técnico e científi-
co, regularmente registrado em Conselho Regional de Contabili-
dade e no Cadastro Nacional dos Peritos Contábeis, que exerce a 
atividade pericial de forma pessoal ou por meio de órgão técnico 
ou científico, com as seguintes denominações:
(a) perito do juízo é o contador nomeado pelo poder judiciário 
para exercício da perícia contábil;
(b) perito arbitral é o contador nomeado em arbitragem para 
exercício da perícia contábil;
(c) perito oficial é o contador investido na função por lei e perten-
cente a órgão especial do Estado;
(d) assistente técnico é o contador. (CFC, 2020)
O que podemos entender dessa definição é que, em primeiro lugar, 
para ser perito contábil o profissional deve ter feito o curso superior 
em Ciências Contábeis e a prova de suficiência no Conselho Regional 
da região. Essa certificação, por meio do exame de suficiência, é reali-
zada em cada estado, por exemplo: no estado de São Paulo, é feita pelo 
Conselho Regional de Contabilidade do estado de São Paulo (CRC-SP); 
no Rio Grande do Norte, é realizda pelo Conselho Regional de Contabi-
lidade do estado do Rio Grande do Norte (CRC-RN); e assim por diante.
Uma vez formado e com registro em conselho profissional, é ne-
cessário ter profundo conhecimento na área que irá periciar. Esse 
conhecimento se deve às leituras dos assuntos que analisará e à expe-
riência prática com o tema a ser periciado. Por exemplo, seum peri-
to irá atuar na área de processos trabalhistas, é necessário que tenha 
experiência em atividades do ramo de recursos humanos, como fecha-
mento de folha de pagamento, processos de demissão e contratação, 
indenizações e planos de demissão voluntária (PDV).
Essa experiência proporcionará ao profissional uma base sólida para 
opinar e construir um laudo suficiente para a tomada de decisão do litígio 
ou para que o mediador chegue em um ponto comum entre as partes.
Outro processo pode ser na área tributária, 
em que também se faz necessário um profundo 
conhecimento dos tributos e de toda a legisla-
ção que os envolve. Temos várias operações 
que abrangem a questão tributária, a começar 
pela opção tributária do lucro que uma empre-
sa deve fazer. Por exemplo, o lucro da empresa 
pode ser enquadrar no simples nacional, no lu-
Figura 1
O perito é um investigador 
especializado em uma área. 
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26 Perícia Contábil e Arbitragem
Perito e a Legislação 27
cro presumido ou no lucro real, e essas formas requerem do contador um 
conhecimento prático de como ocorrem diversos cálculos e apurações de 
impostos e das particularidade que envolvem cada uma das operações, 
pois uma vez requerida a opinião do perito, ele tem de conhecer profunda-
mente a prática e a teoria (legislação) envolvidas em seu trabalho.
Isso porque, uma vez solicitado, o perito tem voz perante o juiz e os 
litigantes, voz que é concedida a um profissional com amplos conheci-
mentos da lide para trazer luz aos que dela precisam.
As atribuições do perito têm o objetivo de colocar em questionamento 
a natureza dos fatos apontados pelo julgador e as partes integrantes do 
processo, pois é por essa dúvida que o perito é chamado. Nesse senti-
do, Caldeira (2000) afirma que o perito deve ter competência de relatar 
e responder de maneira clara o que o juiz ou mediador não consegue 
interpretar por se referir a uma área técnica fora da alçada do julgador. 
Para complementar, Neves Júnior et al. (2014) defendem que o perito, 
por meio da utilização de técnicas e do conhecimento de ciências e me-
todologias, presta um serviço de qualidade principalmente diante das 
práticas profissionais que lhe são requeridas para o trabalho.
Com base nessas definições, podemos dizer que o profissional pe-
rito contábil atua em processos que precisam de um olhar profissional 
contábil isento apenas para trazer luz ao litígio imposto pelas partes.
2.2 Características do perito contábil 
Vídeo O perito contábil, ao exercer sua função, deve se atentar a algumas 
características, essenciais para que seu trabalho possa ser mais tran-
quilo. São necessários controle e organização nos procedimentos para 
que nenhuma informação passe despercebida. O zelo é um dos prin-
cipais pontos que o perito deve demonstrar durante todo o processo, 
seja com as partes, seja com o juiz.
2.2.1 Competência profissional
A competência técnico-científica esperada do perito pressupõe 
que este deve manter adequado nível de conhecimento da ciên-
cia contábil, das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas 
contábeis e da legislação relativa à profissão contábil e à atividade 
28 Perícia Contábil e Arbitragem
pericial, atualizando-se permanentemente mediante programas de 
capacitação, treinamento, educação continuada e especialização.
O perito, portanto, precisa ter um conjunto de capacidades: legais, 
profissionais, éticas e morais. Nesse sentido, a título de comparação, 
a NBC PP 01, de 2009, trazia competências profissionais que podem 
ainda ser consideradas importantes para o trabalho do perito. Assim, 
a Resolução CFC n. 1.244, de 10 de dezembro de 2009, estabelecia que 
o perito contábil deve demonstrar capacidade de:
(a) pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a 
prova no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil;
(b) realizar seus trabalhos com a observância da equidade signi-
fica que o perito-contador e o perito-contador assistente devem 
atuar com igualdade de direitos, adotando os preceitos legais, 
inerentes à profissão contábil.
6. O espírito de solidariedade do perito não induz nem justifica 
a participação ou a conivência com erros ou atos infringentes às 
normas profissionais, técnicas e éticas que regem o exercício da 
profissão, devendo estar vinculado à busca da verdade fática, a 
fim de esclarecer o objeto da perícia de forma técnica-científica 
e o perito-contador assistente para subsidiar na defesa da parte 
que o indicou. (CFC, 2009)
Na alínea “a”, temos a figura de um profissional que pesquisa e 
examina todas as provas que lhe são confiadas para então sinteti-
zar, ou seja, resumir e fundamentar a prova, que seria seu parecer 
ou laudo pericial. Já na alínea “b”, o perito é aquele que realiza seu 
trabalho com equilíbrio juntamente com seu colega de profissão, 
o perito contador assistente, para que ambos possam ter direitos e 
acessos iguais. Por fim, o item 6 nos esclarece que o perito deve ter 
o espírito de solidariedade no exercício da profissão, mas nunca ser 
conivente com coisas erradas.
Uma dica muito 
interessante é o livro 
Perícia Contábil, de Paulo 
Cordeiro de Mello. Em 
uma abordagem didática, 
são propostas questões 
detalhando os proce-
dimentos técnicos de 
trabalho de uma forma 
que possibilita ao leitor 
entender de maneira 
prática o funcionamento 
da área profissional do 
perito contábil. 
MELLO, P. C. de. São Paulo: Senac, 
2017.
Livro
2.2.2 Habilitação profissional
Em relação à habilitação profissional, a NBC PP 01 (R1) determina que:
5. O perito deve comprovar sua habilitação por intermédio de 
Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conse-
lhos Regionais de Contabilidade ou do Cadastro Nacional de 
Peritos Contábeis do CFC. O perito pode anexá-las no primeiro 
ato de sua manifestação e na apresentação do laudo ou pare-
cer. (CFC, 2020)
Perito e a Legislação 29
Ainda, a mesma norma nos fala que o perito poderá usar a certi-
ficação digital, desde que esteja de acordo com a legislação vigente e 
submetida ao ICP Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras). 
Isso faz com que o processo possa ser mais rápido, pois o perito terá 
acesso on-line a toda documentação necessária.
A contratação do perito contábil deve ocorrer pela sua competên-
cia em determinado assunto. Caso ele não tenha essa competência ou 
não possua estrutura profissional, ou seja, pessoas ou equipamentos 
necessários para efetuar todos os cálculos necessários, deverá declinar 
do convite, deixando para outro profissional.
No trecho a seguir, temos a indicação do perito contador assistente, 
segundo a NBC PP01 (R1):
6. A indicação ou a contratação de assistente técnico ocorre quan-
do a parte ou a contratante desejar ser assistida por contador, ou 
comprovar algo que dependa de conhecimento técnico-científi-
co, razão pela qual o profissional só deve aceitar o encargo se 
reconhecer estar capacitado com conhecimento, discernimento 
e independência para a realização do trabalho. (CFC, 2020)
Nesse parágrafo, temos a possibilidade de contratação do perito 
contador assistente, que da mesma forma deverá ter pleno conheci-
mento da matéria tratada. O que difere o perito contador contratado 
em relação ao nomeado é que aquele irá atender aos interesses de 
uma das partes, a que o contratou.
Ainda temos o esclarecimento da NBC PP 01 (R1), no item 29, que 
afirma: “tratando-se de perícia que abranja mais de uma área de conhe-
cimento especializado, o perito deve comunicar ao juízo” (CFC, 2020).
A norma nos esclarece que o perito contador deve comunicar o juí-
zo caso haja necessidade de especialista em mais de uma determinada 
área específica. Isso não incapacita o perito, mas mostra profissionalis-
mo no que se refere a não opinar sobre um assunto do qual não possui 
total domínio.
Temos também o Código de Processo Civil, que disciplina de acordo 
com a Lei n. 13.105/2015, Seção II, o seguinte trecho:
Art. 156 O juiz será assistido por perito quandoa prova do fato de-
pender de conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente 
habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscri-
tos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
O site do CRC-PR 
disponibiliza algumas 
informações básicas 
sobre a perícia contábil 
e apresenta alguns links 
úteis, como o do site do 
Cadastro Nacional de 
Peritos Contábeis (CNPC). 
Vale uma consulta atenta.
Disponível em: https://www.
crcpr.org.br/new/content/portal/
fiscalizacao/pericia_contabil.html. 
Acesso em: 28 jul. 2020.
Site
https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/pericia_contabil.html
https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/pericia_contabil.html
https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/pericia_contabil.html
30 Perícia Contábil e Arbitragem
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar con-
sulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de com-
putadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta 
direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Públi-
co, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para 
a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas 
para manutenção do cadastro, considerando a formação pro-
fissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos pe-
ritos interessados.
§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de 
suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467 , o órgão técnico ou 
científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz 
os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que parti-
ciparão da atividade.
§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro dispo-
nibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha 
pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou 
científico comprovadamente detentor do conhecimento neces-
sário à realização da perícia. (BRASIL, 2015)
O que temos nesse texto legal é a figura de um profissional que 
deverá ter nível universitário e possuir registro no seu órgão de classe 
(Conselho Regional de Contabilidade – CRC). Também será necessária 
a comprovação de sua especialidade e experiência mediante certidão 
do órgão a que estiver inscrito. Caso não haja pessoal com essas qua-
lificações na localidade em que se estabelecer o litígio, o juiz poderá 
escolher outro profissional, sem a observância desses pré-requisitos.
2.2.3 Educação profissional
Em relação à educação continuada, a NBC PP01 (R1), no seu item 4, 
afirma o seguinte:
4. Aplica-se ao perito a NBC PG 01 – Código de Ética Profissional 
do Contador, a NBC PG 100 – Cumprimento do Código, dos Prin-
cípios Fundamentais e da Estrutura Conceitual e a NBC PG 300 – 
Contadores que Prestam Serviços (Contadores Externos) e a NBC 
PG 12 – Educação Profissional Continuada naqueles aspectos 
não abordados por esta Norma. (CFC, 2020, grifos nossos)
O perito obrigatoriamente deve ser um estudioso da matéria con-
tábil e gostar de ler a legislação pertinente à área em que atua. Hoje, 
cada vez menos profissionais aderem à perícia por falta de leitura e 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
Perito e a Legislação 31
conhecimento das legislações. No primeiro momento, fazer a leitura 
de uma lei traz algum desconforto, pois geralmente está escrita numa 
linguagem pouco usual. Mas, com dedicação e esforço, o profissional 
pode se habituar a essa linguagem, tornar a leitura mais agradável e, 
acima de tudo, ter uma interpretação correta do que lê.
É necessário ter domínio da língua portuguesa, pois é por meio dela 
que o profissional se comunicará. Nesse sentido, o material construído 
pelo perito deve ser isento de vícios de linguagem, erros de ortografia, 
erros de concordância ou frases com duplo sentido.
Um dos fatores de prestígio para 
o perito é o conhecimento da 
matéria contábil que ele possui, 
mas para isso é necessário 
algum esforço. Qual a relação 
da atuação do perito com a 
educação continuada?
Atividade 1
2.2.4 Independência 
Aqui chegamos em um ponto crucial do trabalho pericial, pois so-
mente com independência total do perito se poderá chegar a um resul-
tado justo, sem influência de nenhuma das partes interessadas. Essa 
independência é fundamental, pois se pensarmos num processo tra-
balhista movido pelo ex-funcionário de uma grande corporação, por 
exemplo, para construir um laudo pericial justo é necessário que o pe-
rito tenha total independência nos cálculos trabalhistas que estão sen-
do questionados. Caso o ex-funcionário tenha algum direito, ele terá a 
possibilidade de receber; se não tiver, o perito também não fará nada 
além do que a legislação referente às leis trabalhistas determinam. 
Assim, estará fazendo justiça na causa que foi demandada, sem parcia-
lidade para nenhuma das partes, ou seja, sem pressão do funcionário 
ou da grande corporação.
A NBC PP 01 (R1), no quesito independência, oferece a seguinte 
instrução:
13. O perito deve declarar-se suspeito quando, após nomeado 
ou contratado, verificar a ocorrência de situações que venham 
suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou indepen-
dência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu traba-
lho em relação à decisão. (CFC, 2020)
Sendo assim, o perito não deve permitir nenhuma situação que 
comprometa sua independência na realização da atividade pericial, ou 
seja, não poderá sofrer nenhuma pressão por um resultado que venha 
a favorecer alguma das partes. Deverá ter a independência para fazer 
seu trabalho de forma imparcial, trazendo provas dignas de justiça ao 
litígio ora imposto.
32 Perícia Contábil e Arbitragem
No texto da NBG PG 01, constam os deveres do contador, como 
podemos observar nos trechos a seguir.
(a) exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capa-
cidade técnica, observando as Normas Brasileiras de Contabili-
dade e a legislação vigente, resguardando o interesse público, os 
interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da 
dignidade e independência profissionais;
[...]
(e) aplicar as salvaguardas previstas pela profissão, pela legisla-
ção, por regulamento ou por organização empregadora toda vez 
que identificar ou for alertado da existência de ameaças mencio-
nadas nas normas de exercício da profissão contábil, observan-
do o seguinte:
(i) tomar medidas razoáveis para evitar ou minimizar conflito de 
interesses com clientes; e
(ii) quando não puder eliminar ou minimizar a nível aceitável o 
conflito de interesses, adotar medidas de modo a não perder a 
independência profissional;
[...]
(g) abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que 
constitui objeto do trabalho, mantendo a independência profis-
sional. (CFC, 2019)
Com base nesse trecho da resolução do CFC, podemos confirmar 
que a contabilidade deve sempre ser guiada pelo zelo, pela honestida-
de e pelo conhecimento técnico. Sempre que possível, deve-se evitar o 
conflito de interesses, para não perder a independência profissional e 
sobretudo evitar interpretações tendenciosas, ou seja, para procurar 
sempre emitir uma opinião imparcial diante dos fatos.
2.2.5 Sigilo
A profissão do contador é cercada de segredos que ele precisa man-
ter. São informações referentes aos seus clientes, como o faturamento 
de uma empresa ou um fornecedor importante de outra, ou ainda os 
custos para produção de determinado produto. Há também a ques-
tão salarial dos funcionários, que não pode ser divulgada aos demais 
profissionais de uma empresa. Diante de tanto segredo, o profissional 
perito contábil, assim como o contador, também se depara com essa 
exigência, pois irá tratar de processos que não devem ser divulgados ou 
podem trazer uma má reputação a uma empresa ou pessoa.
Perito e a Legislação 33
Sampaio e Rodrigues nos instruem a respeito do sigilo que deve 
existir sobre uma informação privilegiada,e isso gera uma relação de 
privacidade e publicidade, conforme vemos:
analisar o sigilo profissional a partir da ética mostra que se 
está diante de algo complexo, que não se limita a um preceito 
legal. Quer dizer, o seu entendimento remete as questões: para 
quem?; com qual necessidade?; para quê? e em que condições? 
(SAMPAIO; RODRIGUES, 2014, p. 85)
De outro modo, em quais circunstâncias um profissional deve asse-
gurar o sigilo profissional? A resposta pode parecer fácil: invocando a 
lei. Entretanto, vamos conceituar os limites do sigilo, e para isso recor-
remos a Ceneviva, que defende que o dever ético, cujo cumprimento é 
atribuído a uma pessoa em função da sua atividade profissional, possui 
uma atitude de “obter apenas a informação necessária para o cumpri-
mento da missão profissional, e não mais que isso” (1996, p. 17).
É necessário termos bem definidos os limites da informação que po-
deremos obter para que não caiamos em qualquer situação que possa 
futuramente nos impedir de opinar com total isenção.
Nesse sentido, a alínea “c” da NBC PG 01 disciplina o perito contábil 
quanto ao sigilo:
(c) guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício pro-
fissional, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados 
os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades 
competentes, entre estas os Conselhos Federal e Regionais de 
Contabilidade. (CFC, 2019)
Vemos nesse texto a obrigação de guardar sigilo, exceto em casos 
previstos em lei e quando o juiz ou o mediador solicitarem informa-
ções adicionais. Nesse caso, o perito buscará uma quantidade maior de 
subsídios para o julgamento da lide e, nesses termos, poderá divulgar 
as informações adicionais a que teve acesso.
Vejamos o que o Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 166, 
nos esclarece em relação ao sigilo profissional do perito:
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princí-
pios da independência, da imparcialidade, da autonomia da von-
tade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da 
decisão informada.
§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações pro-
duzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser 
34 Perícia Contábil e Arbitragem
utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa delibe-
ração das partes.
§ 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o con-
ciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, 
não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos 
oriundos da conciliação ou da mediação. (BRASIL, 2015)
Temos a visão do Novo Código de Processo Civil sobre a conciliação 
ou mediação, que ocorre antes da opinião do juiz. Nesse caso, é disci-
plinado o sigilo a todos os membros da equipe envolvidos no processo, 
buscando sempre a confidencialidade estendida a todas as informa-
ções produzidas no período que se estender o processo.
A profissão de perito contábil sempre será cercada de informações 
sensíveis e que podem ter sua divulgação impedida de acordo com as 
Normas Brasileiras de Contabilidade ou com o Novo Código de Processo 
Civil, por isso, nesses casos, é melhor pecar por excesso e não divulgar 
nada que não esteja explícito no processo do que acabar divulgando al-
guma informação protegida e que, por isso, não pode ser divulgada.
2.2.6 Responsabilidade
Sempre devemos ter em mente nossas responsabilidades, ainda 
mais como profissionais que lidam com dados e com a interpretação e 
posterior geração da informação. Sendo de inteira responsabilidade do 
perito, as informações contidas no laudo pericial ou, ainda, no parecer 
pericial podem ter impacto social. São consequências de âmbito ético, 
pois ele sempre vai buscar o que é certo e justo no campo profissional 
e legal, pois sempre estará sendo avaliado pelos seus pares e por aque-
les que utilizam o seu trabalho para chegar a um veredito.
Nesse sentido, temos os itens 16 e 17 da NBC PP01 (R1), que discipli-
nam essa responsabilidade:
16. O perito deve conhecer as responsabilidades sociais, éticas, 
profissionais e legais às quais está sujeito no momento em que 
aceita o encargo para a execução de perícias contábeis judiciais e 
extrajudiciais, inclusive arbitral.
17. O termo “responsabilidade” refere-se à obrigação do perito 
em respeitar os princípios da ética e do direito, atuando com 
lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas ati-
vidades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissio-
nalmente por seus atos. (CFC, 2020)
Perito e a Legislação 35
A falta de responsabilidade, de acordo com a norma, será penaliza-
da civil, criminal, ética e profissionalmente. Vemos assim a importância 
de se atentar para esse tópico.
Responsabilidade e ética
O perito deve sempre ter responsabilidade e ética na forma 
como atua, devido à relevância da sua atuação, pois pode criar 
provas que poderão desencadear pagamento milionário. É preciso 
sempre ter essa responsabilidade em mente, pois se o perito faltar 
com a ética poderá prejudicar uma empresa ou uma pessoa de ma-
neira permanente.
Para complementar esse raciocínio, a NBC PP01 (R1) afirma que:
18. Ciente do livre exercício profissional, deve o perito no-
meado, sempre que possível e não houver prejuízo aos seus 
compromissos profissionais e às suas finanças pessoais, em 
colaboração com o Poder Judiciário, aceitar o encargo confia-
do ou escusar-se do encargo, no prazo legal, apresentando 
suas razões. (CFC, 2020)
Vemos nesse texto que o perito deve, sempre que puder e isso não 
prejudicar seus afazeres cotidianos, aceitar o encargo do juiz. Caso o 
perito não possa assumir, ele tem um tempo para dar os motivos da 
escusa. Interessante é o fato de que em vários pontos da norma se 
apresenta a independência do perito para atuar de maneira impar-
cial. Isso se deve ao fato de haver a forte possibilidade de alguma das 
partes tentar direcionar o trabalho pericial. Um exemplo é o direcio-
namento das perguntas que são feitas no processo, que geralmente 
buscam beneficiar uma das partes interessadas; assim, cabe ao perito 
responder a todas as perguntas, mas de maneira justa e sobretudo 
com ética.
No artigo Código de Ética Profissional do Contador é atualizado: saiba o que 
mudou, publicado no site do Conselho Federal de Contabilidade, Maristela 
Girotto fala sobre as alterações concluídas no Código de Ética no ano de 
2019. É muito importante que todo profissional da área contábil esteja 
atento às mudanças que ocorrem na área, e com o Código de Ética isso não 
é diferente, pois assim pode atuar dentro dos preceitos éticos da profissão.
Acesso em: 27 jul. 2020.
https://cfc.org.br/noticias/codigo-de-etica-profissional-do-contador-e-atualizado-saiba-o-que-mudou/
Artigo
36 Perícia Contábil e Arbitragem
Ainda nesse tema, a NBC PP01 (R1) estabelece:
19. O perito nomeado, no desempenho de suas funções, deve 
propugnar pela imparcialidade, dispensando igualdade de trata-
mento às partes e, especialmente, aos assistentes técnicos. Não 
se considera parcialidade, entre outros, os seguintes:
(a) atender às partes ou a assistentes técnicos, desde que se as-
segure igualdade de oportunidades; ou
(b) fazer uso de trabalho técnico-científico anteriormente publi-
cado pelo perito nomeado que verse sobre matéria em discus-
são. (CFC, 2020)
Nesse sentido, o perito assistente é o contador contratado por uma 
das partes que vai acompanhar todos os cálculos e guardar pelos inte-
resses dela, mas sempre usando da ética e do que é justo para guiar 
os seus passos. O perito contador nunca deve tratar o perito contador 
assistente de maneira hostil, e sim permitir total acesso aos cálculos e 
documentos referentes ao processo que está sendo analisado.
Para subsidiar seu laudo, o perito contador pode, ainda, utilizar ma-
teriais já construídos por outros peritos, não imputando parcialidade 
alguma ao seu laudo. Trazemos ao nosso estudo o olhar de Sá (2011), 
para o qual o perito, quando delega suas tarefas aos auxiliares ou es-
pecialistas, não transfere sua responsabilidade.Já segundo Magalhães 
e Lunkes (2008), o perito tem uma grande responsabilidade na omissão 
ou ação de seus atos, pois pode gerar danos às partes, podendo ser 
acionado civil, penal e profissionalmente.
Responsabilidade civil e penal
Nesse ponto, o perito tem um grande encargo e responsabilidade 
naquilo que for nomeado ou escolhido para fazer, pois o dano que uma 
das partes do processo pode sofrer é muito grande.
Vejamos o que a NBC PP01 (R1) nos fala: “20. A legislação civil deter-
mina responsabilidades e penalidades para o profissional que exerce 
a função de perito, as quais consistem em multa, indenização e inabili-
tação” (CFC, 2020).
O perito precisa ter sempre absoluta certeza da informação que irá 
passar. É preciso conferir mais de uma vez as planilhas, as fórmulas in-
seridas para o cálculo e a confiabilidade da fonte utilizada. Ele sempre 
deve se cercar de todas as informações possíveis para garantir a con-
sistência do laudo ou do parecer contábil. Isso dará segurança diante 
O perito exerce grande responsa-
bilidade social, ética, profissional 
e legal. Quais impactos essa 
responsabilidade gera sobre o 
profissional e sobre o meio em 
que ele atua?
Atividade 2
Perito e a Legislação 37
dos processos em que o perito assinar e diante de qualquer questio-
namento do juiz ou de qualquer uma das partes. Assim, ainda evitará 
pagamento de multas, detenção e reclusão, conforme previsto no item 
21 da NBC PP 01 (R1): “a legislação penal estabelece penas de multa 
e reclusão para os profissionais que exercem a atividade pericial que 
descumprirem as normas legais” (CFC, 2020).
O Novo Código de Processo Civil, no artigo 158, também confirma 
essa situação:
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações 
inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e 
ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 
2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais 
sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao 
respectivo órgão de classe para adoção das medidas que en-
tender cabíveis. (BRASIL, 2015)
Nesse sentido, o erro ou omissão não é algo que o perito possa come-
ter diante de um processo em que o destino de empresas e pessoas está 
sendo julgado. Caso seja confirmado que a falha foi intencional ou ocorreu 
por falta de zelo, com toda certeza o perito terá que se responsabilizar.
2.2.7 Zelo profissional
Quem não gosta de uma refeição bem preparada? Quem já teve 
que se estressar por um pedido que demorou muito ou veio frio, 
com algo faltando?
Da mesma forma que apreciamos uma comida bem preparada, po-
demos trazer esse exemplo para a profissão contábil. Na execução de 
suas tarefas, o contador tem de ser metódico, ou seja, fazer tudo com 
muito cuidado e com especial controle sobre todos os documentos. 
Isso demanda organização, pois ele receberá documentos importantes 
do processo e a guarda é fundamental para o desenrolar da lide.
Outra questão é em relação aos prazos. O perito deve sempre 
observar os prazos de entrega do processo; caso não consiga cumprir 
qualquer um deles, deverá protocolar uma solicitação de aumento de 
prazo antecipadamente para o juiz. Nesse sentido, ele precisa ter um 
controle extremamente rígido para que nada fique sem cálculo ou jus-
tificativa e para que possa, na data determinada no processo, entregar 
o laudo ou parecer contábil.
38 Perícia Contábil e Arbitragem
A NBC PP01 (R1), no item 22, oferece a seguinte instrução:
22. O termo “zelo”, para o perito, refere-se ao cuidado que 
ele deve dispensar na execução de suas tarefas, em relação à 
sua conduta, documentos, prazos, tratamento dispensado às 
autoridades, aos integrantes da lide e aos demais profissio-
nais, de forma que sua pessoa seja respeitada, seu trabalho 
levado a bom termo e, consequentemente, o laudo pericial 
contábil e o parecer pericial-contábil sejam dignos de fé pú-
blica. (CFC, 2020)
Já no item 23 da NBC PP01 (R1), temos uma relação das situações 
em que o zelo profissional é relevante:
23. O zelo profissional do perito na realização dos trabalhos 
periciais compreende:
(a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia judicial e nos 
termos contratados em perícia extrajudicial, inclusive arbitral;
(b) comunicar ao juízo, antes do início da perícia, caso o prazo 
estipulado no despacho judicial para entrega do laudo peri-
cial seja incompatível com a extensão do trabalho, sugerindo 
o prazo que entenda adequado;
(c) assumir a responsabilidade pessoal por todas as infor-
mações prestadas em matéria objeto da perícia, os quesitos 
respondidos, os procedimentos adotados, as diligências reali-
zadas, os valores apurados e as conclusões apresentadas no 
laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil;
(d) prestar os esclarecimentos determinados pela autoridade 
competente, respeitados os prazos legais ou contratuais;
(e) propugnar pela celeridade processual, valendo-se dos 
meios que garantam eficiência, segurança, publicidade dos 
atos periciais, economicidade, o contraditório e a ampla 
defesa;
(f) ser prudente, no limite dos aspectos técnico-científicos, e 
atento às consequências advindas dos seus atos;
(g) ser receptivo aos argumentos e críticas, podendo ratificar 
ou retificar o posicionamento anterior. (CFC, 2020)
Nessa parte da norma, podemos perceber claramente a busca 
por profissionais que cumprem os prazos. Também é importante a 
responsabilidade sobre o seu pessoal, pois independentemente dos 
auxiliares e demais profissionais que atuam junto ao perito contábil, 
a responsabilidade por todo o trabalho é do perito.
É interessante observamos que parte do zelo se sustenta na rapi-
dez em que são feitos os cálculos ou é construído o laudo. Buscando 
Perito e a Legislação 39
sempre a eficiência e a economicidade, o perito precisa ser eficiente 
com o menor recurso possível, sem gastar mais que o necessário, 
pois isso vai refletir nos honorários da perícia.
Na alínea “g”, temos um ponto em que às vezes encontramos 
alguma dificuldade, tanto em relação aos profissionais quanto aos 
auxiliares que trabalham na perícia. Nesse ponto, a NBC fala em “ser 
receptivo aos argumentos e críticas, podendo ratificar ou retificar o 
posicionamento anterior” (CFC, 2020), e é da natureza humana ter-
mos dificuldades em receber críticas, ainda mais sobre o nosso tra-
balho. Assim, esse é um ponto que precisa de uma atenção especial, 
pois isso ocorre com frequência nos tribunais, independentemente 
de sermos a pessoa que domina o assunto contábil. Sempre haverá 
alguém com conhecimento suficiente para nos colocar em uma si-
tuação difícil se não formos muito cuidadosos.
Nesse sentido, sobre ser cauteloso e cuidadoso com o que se es-
creve no laudo e como é o tratamento entre as partes interessadas, 
temos o item 24 da NBC PP01 (R1):
24. A transparência e o respeito recíprocos entre o perito 
nomeado e os assistentes técnicos pressupõem tratamento 
impessoal, restringindo os trabalhos, exclusivamente, ao con-
teúdo técnico-científico. (CFC, 2020)
Nesse ponto, é preciso chamar a atenção para o fato de que a 
execução de toda a equipe é de responsabilidade do perito conta-
dor. O item 40 da NBC PP01 determina que a digitação, as pesquisas, 
as análises contábeis e os cálculos poderão ser feitos pelos auxilia-
res. Assim, o perito deve ter em mente a responsabilidade de toda a 
sua equipe na busca pelas informações corretas, uma vez que é ele 
quem responde no final pela perícia. No dia a dia da perícia, é preci-
so procurar, juntamente com o contador, fazer o melhor, conferindo 
o trabalho a todo o momento para que nada saia sem digitação ou 
sem o devido cálculo.
É humanamente impossível que o perito contador confira to-
das as digitações, todos os cálculos e todas as análises. Por isso, 
ele precisa estar cercado de uma equipe sólida que ajude nessas 
conferências, afinal essa questão é clara no item 25 da NBC PP01 
(R1): “o perito é responsável pelo trabalho de sua equipe técnica” 
(CFC, 2020).
40 Perícia

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