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Pênfio Vg Doença vesicobolhosa autoimune que compromete peles e mucosas e tem como característica a ACANTÓLISE (perda de coesão das células epiteliais) com formação de clivagem epidérmica baixa (suprabasal). Imagem: acometimento mucoso com ulceração da mucosa jugal FISIOPATOLOGIA Pênfigo, significa “bolha” em latim e designa um grupo de doenças caracterizado pela presença de bolhas intraepiteliais. Pênfigo vulgar é uma doença bolhosa autoimune e a formação de bolhas no pênfigo acontece por causa de uma resposta imune que resulta em autoanticorpos IgG que atacam a desmogleína 3 ou a desmogleína 1, componentes-chave para a adesão célula a célula porque elas ajudam na fixação entre os queratinócitos na epiderme. Então, quando são atingidas, formam-se bolhas intraepidérmicas, em geral logo acima da membrana basal (a “cola” que mantém as membranas mucosas ou as células da pele juntas/unidas)As referidas proteínas, quando destruídas, provocam a desintegração ou perda da aderência celular, produzindo assim a separação das células epiteliais conhecida como acantólise, com consequente formação de bolhas e/ou vesículas intraepiteliais. Essa acantólise ocorre por ação de autoanticorpos contra proteínas do complexo desmossomial, as desmogleínas, Desmogleínas são componentes do desmossomo e estão envolvidas na adesão entre as células epiteliais da pele e das mucosas. A acantólise provoca o afastamento de células contíguas, e surgem fendas no interior do epitélio que são preenchidas por líquido incolor ou sanguinolento, o que ocasiona a formação de bolhas. Ao romperem-se as bolhas dão origem a ulcerações com margens irregulares, dolorosas. Os autoanticorpos circulantes ligados à pele dos enfermos pertencem às classes de imunoglobulinas IgG1 e IgG4; porém, a IgG4 é a que está mais relacionada com a atividade da doença. Há correlação da atividade clínica da doença com as concentrações séricas de anticorpos antidesmogleínas 1 e 3,e entre as dosagens de anticorpos antidesmogleina 3 (antiDsg3) pelo ELISA e a imunofluorescência indireta (IFI) O pênfigo vulgar pode ocorrer de 2 formas: restrito à mucosa ou mucocutâneo. Estudos recentes demonstram que doentes de pênfigo vulgar com lesões mucosas apresentam autoanticorpos somente contra a desmogleína-3, o que se denomina pênfigo vulgar mucoso. Doentes de pênfigo vulgar com comprometimento mucoso e cutâneo apresentam auto- anticorpos contra desmogleínas 3 e também contra a desmogleína 1, sendo que a doença é denominada pênfigo vulgar mucocutâneo Na forma mucosa = Produção de autoanticorpos contra a desmogleína 3, caderina presente nos desmossomos dos queratinócitos, com maior expressão naqueles localizados na mucosa oral do que na pele Na forma mucocutânea = Produção de autoanticorpos contra a desmogleína 1 e 3, porque a presença de uma das moléculas é suficiente para manter a adesão dos queratinócitos .A acantólise provoca o afastamento de células contíguas, e surgem fendas no interior do epitélio que são preenchidas por líquido incolor ou sanguinolento, o que ocasiona a formação de bolhas. Ao romperem-se as bolhas dão origem a ulcerações com margens irregulares, dolorosas. Os autoanticorpos circulantes ligados à pele dos enfermos pertencem às classes de imunoglobulinas IgG1 e IgG4; porém, a IgG4 é a que está mais relacionada com a atividade da doença.3,4 Há correlação da atividade clínica da doença com as concentrações séricas de anticorpos antidesmogleínas 1 e 3, e entre as dosagens de anticorpos antidesmogleina 3 (antiDsg3) pelo ELISA e a imunofluorescência indireta (IFI) A formação de bolhas no pênfigo acontece por causa de uma resposta imune que resulta em autoanticorpos que atacam a desmogleína 3 ou a desmogleína 1 (a “cola” que mantém as membranas mucosas ou as células da pele juntas/unidas) Este processo é chamado de “acantólise” ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA O pênfigo vulgar (PV) é uma doença relativamente rara, ocorrendo com maior frequência na idade adulta (depois dos 40 anos); ocasionalmente pode ocorrer na criança. Na idade adulta, ambos os sexos são atingidos igualmente, o que não ocorre antes dos 20 anos, quando a incidência é maior no sexo feminino (5,5:1). Incide predominantemente na raça branca, porém é uma doença universal Fatores desencadeantes incluem reações a drogas, viroses, agentes físicos, alérgenos de contato, dieta, estresse, queimaduras e distúrbios hormonais. Algumas drogas podem propiciar a acantólise bioquímica ou imunitária, e as infecções virais, em especial as herpéticas, agravam o quadro. Embora sejam raros, a radiação ultravioleta ou ionizante, a queimadura térmica ou elétrica, o procedimento cirúrgico ou cosmético, os produtos organofosforados e o estresse emocional, além da ingestão de alho, cebola, pimenta, vinho tinto e chá, têm sido relacionados com a indução de manifestações de pênfigo vulgar A doença pode ocorrer em indivíduos suscetíveis geneticamente (classe II do sistema antígeno leucocitário humano, HLA-II, DR4 e DRW6), quando há indução de algum fator externo. A doença ocorre em qualquer idade, mais comumente da quarta à sexta décadas etárias, com distribuição universal e maior frequência entre judeus. Recém-nascidos de mães portadoras de pênfigo vulgar podem ter manifestações transitórias da enfermidade, fenômeno que se relaciona com a passagem de anticorpos através da placenta. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS História = pacientes com bolhas superficiais dolorosas ou erosões na pele e/ou mucosas. Alguns pacientes apresentam apenas envolvimento da mucosa, geralmente oral O pênfigo vulgar tem duas variedades: a comum, com bolhas; e a vegetante, caracterizada por lesões vegetantes localizadas. O epitélio escamoso estratificado da mucosa oral é o tecido-alvo e por isso é tão frequente manifestar-se na boca. O paciente pode apresentar halitose e sialorréia. EXAME FÍSICO Como as bolhas formam-se na epiderme, elas são flácidas e se rompem facilmente, sendo que muitos pacientes apresentam apenas lesões crostosas onde estavam as bolhas. Bolhas e lesões costumam a ser dolorosas Quando a doença está em atividade, é possível encontrar o sinal de Nikolsky positivo na periferia da bolha (quando as camadas superiores da pele deslizam sobre as camadas inferiores quando atritadas, deixando uma base úmida) FORMA MUCOSA O envolvimento de mucosas em geral ocorre na cavidade oral, mas pode envolver faringe, laringe, esôfago, conjuntiva e órgãos genitais Lesões com formato irregular, mal delimitadas, no palato ou gengiva, que cicatrizam lentamente. Raramente encontram-se bolhas intactas FORMA CUTÂNEA O exantema cutâneo envolve cabeça, região superior do tronco e regiões intertriginosas. Bolhas flácidas, de conteúdo seroso sobre a pele sã ou eritematosa, que se rompem e formam erosões dolorosas, que se estendem pelas bordas ★ Bolhas de cicatrização lenta, deixando uma hipercromia residual ★ Localizadas no couro cabeludo, na face e no dorso superior ★ Sinal de Nikolsky positivo Sinal de Nikolsky Deslocamento da pele após pressão lateral próxima a lesões bolhosas Semiologicamente pode-se pesquisar o sinal de Nikolsky. Esse sinal está presente quando ocorre a formação de uma bolha ao se friccionar o epitélio próximo às lesões já presentes. Não é patognomônico da doença, mas é de grande valia nas doenças vesico-bolhosas. FORMA VEGETANTE Lesões vegetantes e exsudativas presentes em áreas flexurais Manifestações clínicas As manifestações iniciais da doença são a presença de lesões nas mucosas orais em 50 a 70% dos doentes (Figura 16.15), alcançando 90%, durante a evolução. Podem acometer toda a mucosa bucal, mas predominam na mucosa jugal, no palato e nas gengivas. O pênfigo vulgar pode se apresentar como gengivite descamativo. Outras mucosas podem também ser afetadas – conjuntival, na- sal, faríngea, laríngea, esofagiana, vaginal, cervical, ure- tral e anal. As lesões nas mucosas são representadas por bolhas flácidas, que, rompidas, formam erosões dolorosas que sangram facilmente. As lesõesorais dificultam a alimentação, com comprometimento nutricional e do estado geral. O pênfigo vulgar pode se restringir ao acometimento oral (tipo mucoso, com mínimo acometimento cutâneo) ou evoluir para acometimento cutâneo (tipo mucocutâ- neo), com bolhas flácidas sobre áreas de pele normal ou eritematosa (Figura 16.16). As bolhas são frágeis e formam-se áreas erodidas, úmidas, sangrantes, algumas recobertas por crostas hemáticas, confluentes, dolorosas e sem tendência à cicatrização (Figura 16.17). A fric- ção ou pressão exercida na pele aparentemente normal, próxima à lesão, induz ao descolamento epidérmico (si- nal de Nikolsky), que indica atividade da doença e repre- senta clinicamente a acantólise ou a perda de adesão celular. Esse fenômeno, expressão clínica da acantólise, ocorre em todos os pênfigos. As lesões cutâneas podem ser localizadas ou generalizadas, sendo comuns aquelas no couro cabeludo, na face, nas axilas e na virilha. Pergunte ao seu paciente: Você tem mais de uma bolha ou lesão na boca? Suas bolhas ou lesões duraram mais de uma semana? Você tem continuamente bolhas ou lesões que não cicatrizam? Você tem bolhas ou lesões em algum local fora da boca? Se o seu paciente responder SIM a três ou mais dessas perguntas, uma biópsia deve ser considerada As lesões evoluem com discromia (hipercromia ou hipocromia), sem cicatriz. O pênfigo vulgar é uma doença grave, crônica e com períodos de remissão e exacerbação, podendo evoluir para óbito se não for tratado. Infecção bacteriana secundária é uma das complicações frequentes do pênfigo vulgar, podendo ocorrer sep- se e choque séptico. Desnutrição e caquexia também podem ser relatadas. Como regra, o acometimento do estado geral no pênfigo vulgar é intenso, muito mais acentuado do que no pênfigo foliáceo. A gestação pode precipitar ou agravar o pênfigo vulgar. No feto, podem ocorrer retardo de crescimento, prematuridade e morte intrauterina. Gestantes com pênfigo vulgar podem transmitir seus autoanticorpos para o feto, com o desenvolvimento de pênfigo neonatal. O pênfigo neonatal tende a desaparecer espontaneamente em três semanas, pois resulta, exclusivamente, da transferência de anticorpos que são progressivamente eliminados. EXAMES DIAGNÓSTICOS Citológico (citodiagnose de Tzanck) Anatomopatológico Imunofluorescência direta e indireta Elisa O que fazer para diagnosticar: 1) Apresentação clínica, com exame visual da pele ou lesões orais 2) Biópsia para exame histopatológico com material coletado no limite da bolha 3) Biópsia de pele para imunofluorescência direta em local próximo de uma lesão. ★ Imunofluorescência direta — a amostra de pele é tratada para detectar anticorpos de desmogleína na pele. A presença desses anticorpos indica pênfigo. 4) Enviar amostra de sangue para imunofluorescência indireta ou Elisa ★ Imunofluorescência indireta ou teste de título de anticorpos. Isso mede os autoanticorpos da desmogleína no soro sanguíneo. Pode ser usado para obter uma compreensão mais completa do curso da doença. ★ ELISA = Um ensaio sérico para anticorpos desmogleina. Embora em muitos casos haja uma correlação entre o ELISA e a atividade da doença, não é assim em todos os casos. ACHADOS LABORATORIAIS Biópsia de pele na periferia da bolha ou da erosão demonstra bolha suprabasal com acantólise e inflamação mínima A biópsia de pele para imunofluorescência direta da pele normal próxima a bolha ou erosão revela IgG e C3 intercelular A imunofluorescência indireta do sangue revela depósito intracelular de IgG no epitélio escamoso estratificado. A titulação em geral acompanha a atividade da doença Elisa para as desmogleínas 3 e 1 encontra-se disponível e também acompanha a atividade da doença DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Como a bolha é superficial, outras doenças erosivas devem ser consideradas: a) Pele escaldada estafilocócica: pacientes apresentam esfoliação da pele em placas relacionada com toxina produzida por estafilococos b) Necrólise epidérmica tóxica (NET): pacientes em mau estado geral com crostas significativas em lábios, nariz e olhos c) Outros: Gengivoestomatite herpética, Eritema polimorfo, Líquen plano erosivo, Penfigóide bolhoso, Dermatite herpetiforme, Doença de Hailey-Hailey, Candidíase, Impetigo, Pênfigo por IgA e vasculite TRATAMENTO As abordagens de tratamento incluem uma fase de controle e depois uma fase de manutenção, com a possibilidade de remissão completa ou recidiva da doença (flare) Primeira linha ⇒ CORTICOTERAPIA ORAL (1 a 2mg/kg/dia) Segunda linha = como terapia adjuvante e poupadora de corticosteróides em casos refratários a corticoterapia isolada, usa-se AZATIOPRINA ou CICLOFOSFAMIDA ou MICOFENOLATO DE MOFETILA Terceira linha = TETRACICLINA, CICLOSPORINA, DAPSONA E METOTREXATO ou até RITUXIMABE As lesões erodidas devem ser cobertas com vaselina branca e curativos não aderentes PÉROLAS CLÍNICAS ➔ Diferente do pênfigo foliáceo, pode acometer mucosas ➔ Maioria dos casos é idiopática, porém PENICILAMINA e medicamentos do grupo tiol (ex; Captopril) podem fazer surgir o quadro
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