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SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR NP3 RADIOLOGIA Francisca Jayane Freitas Braga 20.2.000407 No exame clínico, ao utilizar o jato de ar da seringa tríplice, o Dr. Ricardo notou que Juliette esboçou reação de incômodo na região de molar superior. Por conta dessa queixa, o Dr. Ricardo resolveu solicitar exame complementar radiográfico e identificou recidiva de cárie na restauração de amálgama do dente 16, bem como extensas lesões cariosas nos dentes 47 e 37. Além disso, o Dr. Ricardo observou uma extensa imagem radiolúcida periapical delimitada, no dente 37, além de uma imagem radiolúcida associada à coroa do 47. Do mesmo modo identificou os 3os molares em fase de formação. Dessa forma, resolveu então comparar com o exame anterior, onde detectou que não existia n essas imagens atuais. Clinicamente, a região do elemento 48 não erupcionado não apresentou sinais de lesão, como expansão ou alteração de cor. Analisando as Radiografias (Interproximal e Panorâmica) de Juliette podemos observar: 1- Cárie recorrente na restauração de amálgama no dente 16, já acometendo a polpa, por isso o incômodo; 2- Dentes 18, 25, 38 e 48 incluso; 3- Dente 48 incluso onde acima dele apresenta uma área radiolúcida circundando a parte superior desse dente sugerindo hipótese de tratar-se de um cisto dentígero central; Cisto dentígero (características radiográficas): Embora o cisto dentígero possa ocorrer em associação a qualquer dente incluso, é mais frequente o acometimento dos terceiros molares inferiores, sendo responsável por cerca de 65% de todos os casos. Radiograficamente, os cistos dentígeros demonstram uma área radiolúcida unilocular associada à coroa de um dente incluso. É comum que a lesão radiolúcida possua margens bem definidas e em geral com margens radiopacas, porém um cisto infectado pode apresentar margens pouco definidas. Um cisto dentígero de grandes proporções pode dar a impressão de aspecto multilocular por apresentar persistência de trabeculado ósseo dentro da imagem radiolúcida. A relação cisto-coroa demonstra diversas variações radiográficas. Na variante central, que é a mais comum, o cisto circunda a coroa de um dente e a coroa se projeta para dentro do cisto. A variante lateral é em geral associada a um terceiro molar inferior impactado com inclinação mesioangular parcialmente erupcionado. O cisto cresce lateralmente ao longo da superfície radicular e circunda de forma parcial a coroa do dente. Na variante circunferencial, o cisto envolve a coroa e estende- se por uma determinada distância ao longo da raiz; com isso, uma parte da raiz aparente se encontra dentro do cisto. Raramente, os terceiros molares inferiores podem ser deslocados para a borda inferior da mandíbula ou mais acima em direção ao ramo ascendente da mandíbula. Os dentes anteriores da maxila podem ser deslocados para a cavidade nasal, e outros dentes superiores podem ser movidos por meio do seio maxilar até o assoalho da órbita. Os cistos dentígeros podem deslocar o dente acometido alcançando distâncias consideráveis. Pode acontecer reabsorção radicular de um dente adjacente erupcionado. 4- Lesão de cárie na interproximal (mesial) do dente 47; Cárie na proximal (características radiográficas): Caracteriza-se por uma área radiolúcida, devido à descalcificação do esmalte e da dentina, reforçada pela perda de substância. Esta aparece, primariamente como uma pequena área radiolúcida abaixo do ponto de contato interproximal, a qual, se progredir aumenta a área de destruição, passando a apresentar um formato aproximadamente triangular, com base voltada para a superfície exterior do dente e vértice em direção à junção amelo-dentinária. Com sua maior progressão, forma-se uma segunda zona triangular, radiolúcida, com base voltada para a junção amelo-dentinária e vértice voltado para a câmara pulpar. 5- Dente 37 apresenta uma extensa cárie já envolvendo a polpa onde ocasionou extensa lesão periapical apresentando área radiolúcida bem delimitada, de contorno arredondado e circunscrita por um halo radiopaco contínuo. Assim apresenta rarefação óssea periapical circunscrita corticalizada. Com isso, as hipóteses para a lesão seriam de cisto periapical ou granuloma periapical, tendendo mais a ser cisto pela presença do halo radiopaco. Granuloma periapical (características radiográficas): A maioria dos granulomas periapicais é assintomática, mas a dor e a sensibilidade podem se desenvolver se ocorrer exacerbação aguda. Tipicamente, o dente envolvido não demonstra mobilidade ou sensibilidade significante à percussão. O tecido mole sobrejacente ao ápice pode ou não estar sensível. O dente não responde aos testes pulpares térmicos e elétricos, a menos que a necrose pulpar esteja limitada a um único canal em um dente multirradicular. A maioria das lesões é descoberta no exame radiográfico de rotina. As radiolucências associadas variam de pequenas lesões pouco perceptíveis a lucências que ultrapassam 2 cm de diâmetro. Os dentes afetados revelam geralmente uma perda da lâmina dura apical. A lesão pode ser circunscrita ou mal definida, podendo ou não demonstrar uma borda radiopaca circundante. A reabsorção radicular não é incomum. Embora as lesões maiores que 200 mm2 representem frequentemente cistos periapicais, muitos pesquisadores foram incapazes de distinguir os granulomas periapicais dos cistos periapicais com base simplesmente no tamanho e na aparência radiográfica. Como a doença inflamatória periapical não é estática e os granulomas podem se transformar em cistos ou abscessos (e vice-versa) sem alteração radiográfica importante, não é de surpreender que as características radiográficas não sejam diagnósticas. Cisto periapical (características radiográficas): Caracteristicamente, os pacientes com cistos periapicais não têm sintomas, a menos que haja uma exacerbação inflamatória aguda. Além disso, se o cisto alcançar um tamanho grande, então pode ser observado inchaço e sensibilidade branda. O movimento e a mobilidade dos dentes adjacentes são possíveis à medida que o cisto aumenta. O dente no qual o cisto se originou não responde ao teste pulpar térmico e elétrico. O padrão radiográfico é idêntico ao do granuloma periapical. Os cistos podem se desenvolver até mesmo em pequenas radiolucências periapicais e o tamanho radiográfico não pode ser utilizado para o diagnóstico definitivo. Uma perda da lâmina dura é observada ao longo da raiz adjacente e uma radiolucidez arredondada cerca o ápice dentário afetado. A reabsorção radicular é comum. Com a dilatação, a radiolucidez nivela enquanto se aproxima dos dentes adjacentes. É possível um crescimento significativo e já foram observadas lesões ocupando um quadrante inteiro. Embora na maioria das vezes os cistos periapicais alcancem um tamanho maior que o dos granulomas periapicais, nem o tamanho nem a forma da lesão podem ser considerados um critério e diagnóstico definitivos. A incapacidade de separar essas patologias de forma consistente é válida mesmo com as novas técnicas radiográficas, como a TC de feixe cônico. Sabe-se também que os cistos periapicais envolvem os dentes decíduos. Esses cistos estão associados com mais frequência aos dentes molares e aparecem como uma zona radiolúcida que circunda as raízes e preenche o espaço inter-radicular na bifurcação. Referências: • NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. • IANNUCI, J.M.; HOWERTON, L.J. Radiografia Odontológica: Princípios e Técnicas. 3a Ed., São Paulo: Editora Santos, 2010.
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