Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 FITOTERAPIA ............................................................................................ 3 2.1 Relevância da fitoterapia na saúde pública .......................................... 4 2.2 Conceitos importantes em fitoterapia ................................................... 8 3 HISTÓRICO DA FITOTERAPIA ................................................................ 12 3.1 Definição e apresentações farmacêuticas .......................................... 15 3.2 Principais princípios ativos ................................................................. 18 3.3 Ensaios Clínicos ................................................................................. 22 3.4 Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos ................................ 24 3.5 Segurança no uso de plantas medicinais ........................................... 27 4 FITOTERAPIA APLICADA À SAÚDE HUMANA ....................................... 30 5 PRINCIPAIS NORMATIVAS QUE REGULAM A FITOTERAPIA NO BRASIL...... ................................................................................................................ 35 5.1 Competência da Anvisa na fitoterapia ................................................ 37 5.2 Registro dos fitoterápicos pela Anvisa................................................ 38 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 40 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 FITOTERAPIA Fonte: infoescola.com A utilização de plantas medicinais no tratamento de enfermidades é tão antiga quanto a humanidade. Existem evidências de que o ser humano utiliza plantas para o tratamento de doenças desde a era paleolítica, na pré-história. Relatos mais contundentes contendo descrições do uso medicinal de espécies vegetais foram encontrados na Índia, na China e no Egito, e estima-se que tenham sido elaborados a partir do ano 2500 a.C. (SAAD et al., 2016). Com o passar dos anos, o desenvolvimento da ciência, especialmente da química orgânica, levou ao isolamento e, posteriormente, à síntese de vários fármacos oriundos de plantas. Aos poucos o uso medicinal de plantas medicinais foi assumindo um papel secundário. Elas passaram a ser vistas, principalmente, como fonte de substâncias isoladas para serem utilizadas na terapêutica. No entanto, nos últimos anos, pesquisadores e especialistas têm indicado um retorno da fitoterapia como uma terapêutica de importância fundamental para a promoção da saúde e do bem-estar da população (SAAD et al., 2016; SIMÕES et al., 2017). 4 2.1 Relevância da fitoterapia na saúde pública As plantas medicinais representam, ainda hoje, os únicos recursos terapêuticos de diversas comunidades, especialmente aquelas consideradas mais pobres. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 85% da população dos países em desenvolvimento depende da utilização de plantas medicinais para suprir cuidados básicos de saúde. Além disso, mesmo em países desenvolvidos, grande parte da população utiliza fitoterápicos para tratar doenças. Com esses aspectos em mente, discutidos na Conferência Internacional de Atenção Primária à Saúde de 1978, em Alma Ata, Paquistão, a OMS passou a recomendar que os países membros promovessem o uso criterioso de plantas medicinais e fitoterápicos, uma orientação compartilhada por muitos países foi aceita, incluindo o Brasil (OMS, 1979; SAAD et al., 2016; SIMÕES et al., 2017). Nosso país é considerado megadiverso, o que significa que o território brasileiro abriga uma infinidade de organismos vivos que compõem parte significativa da biodiversidade total do mundo. Isso já seria motivo suficiente para estimular pesquisadores e profissionais a usar toda essa riqueza natural para promover a saúde e o bem-estar de nosso povo, mas, além disso, o Brasil possui uma enorme diversidade cultural que surgiu em relação à nossa biodiversidade no ano de uma riqueza de conhecimento sobre os usos e manejo de plantas medicinais, que oferece um enorme potencial de exploração. Em reconhecimento a isso e de acordo com as diretrizes da OMS, em 2006 o Ministério da Saúde criou a Diretriz Nacional de Medicamentos e Fitoterápicos, cujo objetivo principal é "garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de medicamentos e fitoterápicos produtos que promovem o uso da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e a indústria nacional” (BRASIL, 2016). Para atingir esse objetivo, dois anos após a implementação da política nacional, foi formulado o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, reunindo diversas medidas para regulamentar e divulgar o uso medicinal de espécies vegetais e seus derivados (BRASIL, 2016). Desde 2006, quando a política nacional foi implementada, várias ações já foram conduzidas e têm contribuído para a ampliação da fitoterapia no país. A partir de 2007 houve a inclusão de fitoterápicos no elenco de referência de medicamentos e insumos complementares para a assistência farmacêutica na atenção básica em saúde; 5 atualmente, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) conta com 12 fitoterápicos, além das isoflavonas de soja obtidas da espécie Glycine max. Os medicamentos da Rename podem ser solicitados pelas prefeituras municipais para serem incluídos em suas Relações Municipais de Medicamentos Essenciais (Renume). Nesse caso, esses medicamentos podem ser distribuídos gratuitamente à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os fitoterápicos, em geral, têm um custo de produção menor do que medicamentos convencionais, porque sua obtenção não envolve etapas de isolamento ou síntese. Sendo assim, é muito importante a inclusão desses produtos no SUS, os quais podem atender um grande número de pessoas forma efetiva e segura a um custo relativamente baixo (KLEIN et al., 2009; SIMÕES et al., 2017; BRASIL, 2020). O menor custo da produção de fitoterápicos também é um incentivo à inovação e ao desenvolvimento das indústrias farmacêuticas nacionais, que, em geral, limitam- se à produção de medicamentos genéricos e similares. Dessa forma, o valor dos produtos repassados ao consumidor também deve ser menor em comparação com medicamentos convencionais. Mesmo que o tratamento não seja realizado pelo Sus, a fitoterapia, em geral, custa menos para o paciente, até porque existe a opção de que ele cultive as plantas medicinais em casa, o que, é claro, deve ser realizado com o acompanhamento de um profissional habilitado (KLEIN et al., 2009). A importância das plantas medicinais para a saúde pública não se limita a uma redução de custos. Investigações dos efeitos terapêuticos e da segurança de plantasmedicinais e fitoterápicos mostram que eles podem ser muito úteis para o tratamento de várias doenças. Destacam-se condições de saúde complexas que envolvem diversas vias, uma vez que esses produtos apresentam diversas substâncias em sua composição que podem agir sinergicamente de diferentes formas e tratar o paciente de uma forma mais integral. Estudos mostram ainda que algumas substâncias são inativas quando estão isoladas, mas, no extrato, apresentam atividade porque os demais compostos presentes aumentam a sua biodisponibilidade, estabilidade ou solubilidade. É muito comum em pesquisas na área de produtos naturais que os extratos de plantas apresentem efeitos mais interessantes do que as substâncias isoladas (SAAD et al., 2016). Adicionalmente, estudos mostram que, em geral, fitoterápicos apresentam menos efeitos adversos do que os medicamentos convencionais. Isso não quer dizer 6 que a crença popular de que plantas medicinais não fazem mal seja verdade. Existem plantas muito tóxicas, assim como outras podem ter efeitos adversos leves a moderados. Mas, quando comparadas a medicamentos convencionais, a grande maioria das plantas medicinais e fitoterápicos apresenta reações adversas mais leves e menos frequentes. Isso porque a maioria dos princípios ativos presentes em plantas tem baixa toxicidade, além de estarem presentes em quantidade relativamente pequenas nos extratos (SAAD et al., 2016). Outro fato que deve ser considerado e que, muitas vezes, é esquecido tanto pelos profissionais de saúde quanto pelos agentes públicos é o conhecimento popular ou tradicional associado ao uso de plantas medicinais. A fitoterapia representa uma parte da cultura de algumas comunidades e grupos, às vezes repassada de geração em geração. Isso altera a percepção dessas pessoas em relação à utilização de plantas medicinais e fitoterápicos quando comparados a terapias convencionais. Uma grande parcela da população prefere utilizar fitoterápicos, e essa preferência é relevante no contexto da saúde pública (KLEIN et al., 2009; SAAD et al., 2016; BRASIL, 2014). É claro que, para que a gente possa oferecer plantas medicinais e fitoterápicos à população é necessário demonstrar a sua efetividade e segurança. Este é um grande problema para a promoção da fitoterapia porque, apesar de seu enorme potencial, ainda temos que estudar mais plantas medicinais, principalmente as encontradas no Brasil. Por esse motivo, o Ministério da Saúde elaborou em 2009 a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (Renisus). Trata-se de uma lista de 71 espécies vegetais, nativas ou adaptadas no Brasil, amplamente utilizadas pela população, que o Ministério da Saúde considerou que têm potencial para gerar produtos para o Sus, mas que ainda necessitam de mais estudos em relação a sua segurança, eficácia e/ou efetividade. O objetivo da elaboração dessa lista é auxiliar na condução de estudos que possam embasar a elaboração de uma relação de plantas medicinais e fitoterápicos seguros e eficazes para o uso da população (BRASIL, 2014). Essa é uma ação de extrema importância, porque a maioria das plantas medicinais brasileiras, embora tenha um amplo uso pela população e, aparentemente, tenha grande potencial terapêutico, ainda não tem estudos suficientes que embasem seu uso racional. Assim, o incentivo ao estudo dessas plantas pode contribuir de forma 7 relevante para a promoção do uso racional e seguro de espécies vegetais nativas ou adaptadas ao nosso país. Não basta ter estudos que comprovem a segurança e eficácia das plantas medicinais e fitoterápicos, é necessário que os profissionais de saúde estejam capacitados para prescrever esses produtos e para acompanhar e tratar os pacientes que os utilizam. Atualmente, é evidente o desconhecimento da maioria dos profissionais a respeito do assunto. Observamos que, em geral, quando esses profissionais se encontram em situações nas quais o paciente faz uso ou quer utilizar esses produtos, acabam optando por ignorar essa informação e/ou não oferecerem tais opções terapêuticas, o que pode gerar prejuízos para o paciente (BRASIL, 2012; SAAD et al., 2016). Entre as ações do Ministério da Saúde que têm contribuído para a formação dos profissionais estão as publicações da Ficha Fitoterápica e do Fitoterápico Comemorativo da Farmacopeia Brasileira. O Formulário Fitoterápico apresenta monografias em que são descritos o modo de preparo, a indicação de uso, os efeitos adversos e as contraindicações de plantas medicinais e fitoterápicos. Farmácias de manipulação podem dispensar os produtos descritos no formulário considerando as informações apresentadas. O documento auxilia, portanto, no trabalho dos farmacêuticos que atuam nesses estabelecimentos. Já o Memento Fitoterápico tem o objetivo de orientar prescritores em relação às indicações terapêuticas, formas farmacêuticas, posologia, efeitos adversos e contraindicações desses produtos. As monografias das plantas apresentam ainda dados de estudos pré-clínicos e clínicos já conduzidos com a planta medicinal (BRASIL, 2011; BRASIL, 2016 apud MACHADO, 2020). Em 2012, foi publicado ainda o Caderno de Atenção Básica que trata da fitoterapia, trazendo informações valiosas sobre a promoção do uso racional e seguro de plantas medicinais e fitoterápicos na atenção primária (BRASIL, 2012). Em 2010, o Ministério da Saúde, por meio da portaria da Portaria n.º 886/ GM/MS, instituiu a Farmácia Viva no âmbito do Sus. Farmácias Vivas são unidades de saúde onde são realizadas todas as etapas da cadeia produtiva de fitoterápicos, isto é, cultivo, coleta, processamento, armazenamento e manipulação. Após a fabricação, os fitoterápicos e plantas medicinais são dispensados à população. Para que a Farmácia Viva cumpra seu objetivo, que é justamente aumentar o acesso da população à fitoterapia, os profissionais prescritores dos munícipios que abrigam a Farmácia Viva devem ser capacitados e sensibilizados em relação ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos (BRASIL, 2010; BRASIL, 2017). 8 A implementação das Farmácias Vivas tem sido muito importante para o crescimento da fitoterapia no Brasil, e seus números são animadores. No ano de 2016 foram registrados quase 90 mil atendimentos de fitoterapia segundo dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab). Além das consultas, mais de 45.000 atividades coletivas sobre plantas medicinais foram conduzidas no país (BRASIL, 2017). Todas as questões discutidas aqui demonstram o papel fundamental que a fitoterapia pode exercer na saúde pública, embora mais ações ainda sejam necessárias para o crescimento da fitoterapia no país e a promoção do uso racional e seguro das plantas medicinais e fitoterápicos. Dentre as práticas integrativas e complementares em saúde, a fitoterapia é uma das mais conhecidas e mais amplamente utilizadas nos serviços públicos no Brasil e no mundo. Os profissionais de saúde têm apresentado interesse crescente nessa área, buscando capacitação e conhecimento, com o objetivo de realizar uma adequada prescrição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos em seus atendimentos. Embora as plantas medicinais sejam utilizadas pela população desde tempos imemoriais, o uso inadequado é frequente, devido à falta de conhecimento sólido em relação a dosagens, posologia, modo de preparo, contraindicações e reações adversas (MACHADO, 2020). 2.2 Conceitos importantes em fitoterapia Muitos conceitos importantes no campo da fitoterapia causam confusão entre a população em geral e os profissionais de saúde. Por isso, é muito importante que se entenda bem cada um deles para orientar adequadamente. A fitoterapia, conforme definido pela Diretiva Nacional de Medicamentos e Fitoterápicos, é o método de tratamento que, sob orientação de profissional habilitado,utiliza plantas medicinais em suas preparações sem utilizar princípios ativos isolados, mesmo que sejam de origem vegetal. Isso significa que a fitoterapia é a prática terapêutica que utiliza plantas medicinais ou seus derivados, denominada fitoterapia. (BRASIL, 2016a). A definição de fitoterapia traz outros dois conceitos fundamentais: plantas medicinais e fitoterápicos. Segundo a OMS, planta medicinal é uma espécie vegetal 9 utilizada com propósitos terapêuticos. Essa é a definição aceita pelo Ministério da Saúde. Fitoterápicos, segundo a legislação brasileira, são medicamentos obtidos exclusivamente a partir de matérias-primas ativas vegetais, que incluem drogas vegetais ou derivados vegetais. Uma droga vegetal é obtida quando submetemos a planta ou a parte dela que tem o efeito terapêutico a processos de estabilização e secagem. De maneira simples, a droga vegetal é a planta medicinal seca, podendo estar íntegra ou triturada. Derivados vegetais são produtos obtidos por meio de processos extrativos da planta medicinal ou da droga vegetal, podendo ser extratos, óleos essenciais, tinturas, entre outros. Isso significa que os fitoterápicos não podem conter ingredientes ativos isolados em sua composição, mesmo que derivados de fontes naturais, pois não são considerados matérias-primas fitoterápicas ativas; caso contrário, eles são referidos como fitofármacos (BRASIL, 2014; BRASIL, 2016). Segundo a legislação brasileira, a definição completa de fitofármaco é a de que se trata de uma substância altamente purificada, com estrutura química e atividade farmacológica definida, isolada a partir de matéria-prima vegetal. Fitofármacos devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de acordo com as normas preconizadas na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.º 24, de 14 de junho de 2011, que dispõe sobre o registro de medicamentos específicos (BRASIL, 2011). Já em relação aos fitoterápicos, a Anvisa exige, por meio da RDC n.º 26, de 13 de maio de 2014, que, para fins de registro, esses produtos apresentem qualidade e segurança, além de eficácia ou efetividade demonstradas, assim como qualquer outro medicamento. A avaliação de sua eficácia ou a efetividade e a segurança desses produtos podem ser comprovadas por estudos pré-clínicos e clínicos ou por dados de uso tradicional seguro e efetivo publicados na literatura técnico-científica. Já o controle da qualidade deve ser realizado por meio da identificação e quantificação de marcadores (BRASIL, 2014). Os marcadores são substâncias ou classes de substâncias presentes no fitoterápico utilizadas como referência para seu controle de qualidade. Esses compostos podem ou não ter relação com a atividade terapêutica, mas é desejável que tenham — caso em que são denominados marcadores ativos. Quando o marcador selecionado não é responsável pelo efeito medicinal do medicamento, ou a 10 sua relação com esse efeito ainda não foi demonstrada, ele é considerado um marcador analítico (BRASIL, 2014). Para melhor compreensão de marcador é importante entender como ocorre o desenvolvimento de um novo fitoterápico. Durante esse processo, pesquisadores investigam os efeitos farmacológicos, assim como a composição química do fitoterápico em desenvolvimento. Vários estudos pré-clínicos são conduzidos com o fitoterápico e seus constituintes isolados, para definir quais compostos são responsáveis por essa atividade, os quais são chamados de marcadores farmacológicos. Após determinação da composição química do medicamento, verificam-se quais são as substâncias presentes em maior quantidade ou que são muito características daquela espécie vegetal ou fitoterápico, que são consideradas marcadores químicos. Com todas essas informações, serão definidas as substâncias que serão utilizadas para o controle de qualidade do fitoterápico. Essa decisão envolve, principalmente, o fato de alterações na quantidade dessas substâncias indicarem possíveis problemas na fabricação do medicamento. Um bom marcador é aquele cuja variação indica possíveis falhas no processo de obtenção do fitoterápico e, idealmente, deve ser fácil de ser identificado e quantificado, além de ter relação com o efeito terapêutico (BRASIL, 2014; SIMÕES et al., 2017). Dois tipos de fitoterápicos foram criados pela RDC nº 26/2014: fitoterápicos (MF) e fitoterápicos tradicionais (TFP). A diferença entre eles é a forma como sua segurança e efeitos terapêuticos são comprovados. Os medicamentos fitoterápicos que passaram por ensaios clínicos e demonstraram eficácia e segurança podem ser registrados como PF’s, enquanto os PTF’s são registrados ou relatados com base em dados de uso seguro e eficaz por mais de 30 anos. Esses dados devem ser descritos em literatura técnico-científica, ou seja, livros, artigos, documentos oficiais, etc. (BRASIL, 2014). Um fitoterápico, independentemente de ser um MF ou PTF, pode ser constituído da droga vegetal ou de um derivado vegetal acompanhados ou não de excipientes. Quando a droga vegetal é comercializada sem adição de excipientes, ela é denominada de chá medicinal. Na Figura, encontra-se um esquema que ilustra os principais conceitos para fitoterápicos industrializados. A RDC n.º 26/2014 trata dos fitoterápicos industrializados, que devem ser registrados ou notificados na Anvisa. É possível também a comercialização de fitoterápicos magistrais ou manipulados. 11 Farmácias de manipulação podem produzir e comercializar fitoterápicos medicante prescrição médica, aqueles que estão descritos no Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. Nesse caso, o preparo deve atender o que o documento oficial descreve, incluindo indicações de uso e demais orientações (BRASIL, 2018). Fonte: MACHADO, 2020. É muito importante ter uma boa compreensão de todos esses conceitos, porque as plantas medicinais e os fitoterápicos têm características próprias, que fazem com que sua prescrição e o manejo de pacientes que os utilizam sejam diferentes de medicamentos compostos de fármacos isolados e sintéticos, ou mesmo de medicamentos homeopáticos (MACHADO, 2020). 12 3 HISTÓRICO DA FITOTERAPIA Fonte: depositphotos.com Desde os tempos mais antigos, os seres humanos utilizam plantas pelos seus diversos efeitos medicinais. De acordo com Saad et al. (2018), os registros mais antigos que indicam a utilização de plantas para fins terapêuticos remontam à Era Paleolítica, na forma de pólens de plantas medicinais em sítios arqueológicos. Ademais, registros do uso de plantas medicinais em regiões como Índia, China e Egito datam de milhares de anos antes da civilização cristã. Nessas regiões, era muito comum a associação da terapêutica com práticas espirituais, sendo que muitos sacerdotes atuavam como médicos (MACHADO, 2020). Pitágoras, por volta de 500 a.C., estudou como as drogas vegetais atuavam no organismo, o que levou à formulação das bases da medicina humoral e da dietética, as quais influenciaram Hipócrates, pai da medicina, alguns anos mais tarde. Hipócrates desmistificou a associação de cura pelo uso das plantas medicinais com forças sobrenaturais, e deu início à medicina racional- naturalista a partir da descrição de sinais e sintomas, avaliação da sazonalidade de doenças e influência do emocional do paciente e condições de moradia (SAAD et al., 2018 apud MACHADO, 2020). Com a descoberta pelos europeus de novas regiões pelas grandes navegações no período da Renascença, novas drogas vegetais, assim como especiarias, foram adquiridas pela Europa, aumentando seu arsenal terapêutico. Os estudos desenvolvidos pelo médico conhecido como Paracelso (1493–1541) levaram a um novo entendimento a respeito das plantas medicinais. 13 Paracelso “[...] anunciou a noção de que a planta medicinal encerra um componente terapeuticamenteativo, suscetível de ser extraído por processo químico, e que o processo utilizado para isso era a destilação”. Até aquela época, a planta medicinal era utilizada na sua forma inteira ou em partes, como folhas e raízes. A partir da segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento da química medicinal e da síntese da Aspirina (ácido acetilsalicílico) pela modificação estrutural do ácido salicílico isolado da casca do salgueiro, as plantas medicinais passaram a ser utilizadas como matéria- prima para a obtenção de fármacos semissintéticos e como protótipos para a síntese de novas moléculas (SAAD et al., 2018). p. 3 apud MACHADO, 2020). Embora o uso de plantas medicinais tenha diminuído frente ao processo de industrialização e desenvolvimento de fármacos sintéticos, seu uso pela população voltou a ganhar força nas últimas décadas. Muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização das plantas medicinais pela população, entre eles os efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos industrializados, o difícil acesso à assistência médica, o aumento do consumo de produtos naturais em busca de uma vida mais saudável e a tendência ao uso da medicina integrativa (BRASIL, 2019). Atualmente, além de matéria-prima para fármacos semissintéticos, as plantas medicinais são utilizadas in natura (como em chás de plantas medicinais), em preparações galênicas simples (extratos fluidos e tinturas) e em formulações farmacêuticas com maior valor agregado, como os fitoterápicos (SIMÕES et al., 2017). (MACHADO, 2020). No Brasil, o Ministério da Saúde, mediante a Portaria nº 212, de 11 de setembro de 1981, passou a incentivar como prioridade o estudo das plantas medicinais para aplicação clínica. Em 2006, a fitoterapia foi inserida no Sistema Único de Saúde (SUS), mediante a Portaria 971/2006, sendo que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi regulamentada pelo decreto 5.813, de 22 de junho de 2006 (ANVISA, 2011). Atualmente, são ofertados pelo SUS 12 medicamentos fitoterápicos, listados no Quadro. 14 Medicamentos fitoterápicos ofertados pelo SUS Fonte: MACHADO, 2020. 15 Em todo o mundo, a indústria de fitoterápicos está em constante desenvolvimento, juntamente com o aumento do interesse em pesquisas com plantas medicinais, a fim de comprovar sua eficácia e confirmar as indicações terapêuticas relacionadas ao seu uso. Os fitoterápicos são uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos, os quais estão relacionados a um maior número de efeitos adversos. Na prática médica, são bem vistos os medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais que passam por testes farmacológicos, toxicológicos, pré-clínicos e clínicos. O crescimento da indústria de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda é impulsionado pela grande biodiversidade nacional e pelo conhecimento tanto popular quanto científico sobre essas plantas (SAAD et al., 2018). A produção de medicamentos fitoterápicos no Brasil tem apresentado um crescimento exponencial de cerca de 10% ao ano em valores. Em 2018, o mercado de fitoterápicos faturou R$ 2,3 bilhões, o que representa 2,2% do mercado farmacêutico total (RIBEIRO, 2020 apud MACHADO, 2020). De acordo com Ribeiro (2020), o fornecimento de medicamentos fitoterápicos somente na cidade de São Paulo cresceu em 662% no período entre 2015 e 2019. Somente em 2019, foram distribuídos mais de 6 milhões de fitoterápicos para a população paulistana. Essas cifras incluem quatro tipos de medicamentos, sendo três deles pertencentes à lista Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename): isoflavona-de-soja, garra-do-diabo e espinheira-santa. A valeriana, por sua vez, é utilizada no tratamento da depressão e da ansiedade em graus leves (MACHADO, 2020). 3.1 Definição e apresentações farmacêuticas Fitoterápico é o medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias- primas ativas vegetais e é caracterizado pelo conhecimento da eficácia e de seus riscos de uso, assim como pela constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada por meio de levantamentos farmacológicos, documentações tecnocientíficas em publicações ou em ensaios clínicos. Não se considera medicamento fitoterápico aquele cuja composição inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem associações destas com extratos vegetais. Para a produção e elaboração de medicamentos fitoterápicos, é mais comum que seja utilizada a droga 16 vegetal (em forma de pó ou rasurada), ou o produto obtido por extração (tintura ou extratos) (BELLICANTA, 2018). Os medicamentos fitoterápicos disponíveis no mercado têm como base apenas uma planta, ou associação de várias espécies. Importante saber que nas associações é necessário que os efeitos sejam complementares, que podem ser formados por misturas de duas ou mais drogas vegetais ou seus produtos derivados. Dentre as formas de preparação mais simples, temos: Chás: o próprio paciente obtém os princípios ativos por meio de uma extração aquosa. Pela grande facilidade de acesso a essas drogas, elas costumam ter índices baixos de toxicidade e têm margem terapêutica ampla (dose máxima e mínima são bem distantes, o que faz com que o paciente, se, por erro, administrar maior quantidade de planta do que o necessário, não obtenha o efeito tóxico facilmente (MACHADO, 2020). Nos chás, as drogas encontram-se rasuradas, ou com frutos inteiros ou sementes. São empregadas via oral, com algumas exceções de uso tópico. Infusão: na droga vegetal rasurada (de folhas, flores, talos, brotos), se despeja água fervendo e se espera de 5 a 10 minutos. É importante que o tempo de exposição seja observado para a extração eficiente dos princípios ativos. Por exemplo, no caso da Camellia sinensis, se deixarmos em infusão de 5 minutos, será extraída a cafeína, se deixarmos 10 minutos, será extraído o tanino. Decocção: despeja-se água corrente sobre a droga vegetal rasurada (cascas, raízes e talos grandes) e deixa-se ferver por um tempo estabelecido. Maceração: a água corrente em temperatura ambiente é mantida em contato com a droga vegetal, durante um tempo estabelecido. Geralmente costuma ser útil para extração de substâncias sensíveis ao calor (p. ex., as que contêm conteúdo vitamínico). Existem processos mais complexos para a formação de pós, extratos e tinturas. Pó: pode ser obtido pulverizando a droga vegetal – droga triturada até virar um pó; o pó da droga dessecada é obtido por meio do método de pulverização a frio (criopulverização com nitrogênio líquido) ou à temperatura ambiente (feito em moinhos, porém, estes podem aumentar sua temperatura em função do movimento, podendo, assim, alterar os princípios ativos). (MACHADO, 2020). Esse pó dessecado é utilizado na confecção de cápsulas e comprimidos. Já o pó da droga fresca trata-se da suspensão do pó da droga vegetal fresca. A planta é criopulverizada com nitrogênio líquido e, a seguir, se suspende o pó obtido com uma 17 mistura hidroalcoólica. Com isso, a droga se encontra estabilizada e com o resguardo dos seus princípios ativos. Extratos vegetais: permitem obter maior variedade de preparados farmacêuticos, com a vantagem de poderem concentrar de melhor forma os princípios ativos da planta. Esses extratos devem ser abrigados longe de luz, calor e umidade. Extratos secos: são obtidos concentrando-se os extratos líquidos até a eliminação total do solvente, obtendo, dessa forma, o pó seco. Extratos oleosos: são obtidos após o tratamento da droga com óleos vegetais (coco, oliva e girassol). Porém, eles devem ser protegidos da oxidação. Extratos glicólicos e hidroglicólicos: são obtidos pelo tratamento da droga (maceração em temperatura ambiente) com glicol (propilenoglicol). Tinturas: são um preparado líquido obtido pelo tratamento de uma droga com uma misturahidroalcoólica (geralmente maceração à temperatura ambiente ou percolação). Extração hidroalcoólica: se utiliza sempre a planta seca na proporção de 20%. Extração hidroalcoólica: se utiliza sempre a planta fresca na proporção de 50%. Os extratos utilizados para a preparação de formas sólidas de administração oral, como chás ou infusões solúveis, se apresentam como pó ou granulado, rapidamente solubilizáveis em água quente. Cápsulas e comprimidos também podem ser formas farmacêuticas que tenham como base o extrato seco. Também podem ser utilizados na preparação de formas líquidas para uso oral ou tópico: Gotas: uma das formas farmacêuticas em que é possível administrar tinturas, extratos fluidos ou óleos essenciais (MACHADO, 2020). A dose depende da concentração, que é a quantidade de droga no extrato. Xaropes, melitos e poções: xarope simples com teor de 64% de sacarose, em que se adicionam tinturas e extratos fluidos ou moles. No melito, se usa o mel no lugar da sacarose. As poções têm sacarose, porém em menor quantidade. Para se preparar xaropes sem açúcar são utilizados excipientes (que são as substâncias utilizadas na formulação de um medicamento que não tem atividade farmacológica), como sorbitol, mucilagens, gomas, glicerina, adoçante, mais conservantes. As formas semissólidas, como pomadas, unguentos, cremes e géis, são muito usadas na dermatologia e na cosmetologia. Outros preparados como supositório, óvulos, inalatórios e pulverização também utilizam os extratos como base (BELLICANTA, 2018). 18 3.2 Principais princípios ativos Agora você vai identificar por que a planta produz essas substâncias capazes de agir no organismo humano, e os principais representantes. As plantas sintetizam compostos químicos por meio de nutrientes da água e da luz que recebem. Esses compostos podem ter ações e reações biológicas no organismo. A esses compostos químicos se dá o nome de princípio ativo. Essas moléculas, substâncias medicinais, princípios ativos, são produzidas pelo vegetal e apresentam funções bem específicas dentro da planta. Na sua grande maioria, são produtos do seu metabolismo secundário, ou seja, são substâncias ligadas ao relacionamento das plantas com o meio ambiente. O metabolismo primário está relacionado com as funções relacionadas com sua sobrevivência, como a respiração. As plantas produzem essas substâncias (princípios ativos), como uma espécie de defesa contra agentes externos. Importante saber que esses compostos provenientes do metabolismo secundário apresentam algumas características, tais como: não são vitais para a planta, na maioria das vezes; diferem de espécie para espécie; e no aspecto de quantidade e qualidade, geralmente são produzidos em pequenas quantidades e são bastante influenciados pelo ambiente, como em situações de estresse (trauma mecânico ou falta de luz adequada para a espécie.) Não se pode esquecer que para se preparar um medicamento fitoterápico em associação, ou seja, plantas de várias espécies, deve-se levar em consideração seus efeitos em conjunto (sinergismo), bem como as interações entre as plantas. A dose é um fator muito importante, a quantidade de princípio ativo deve ser respeitada, pois em alguns casos a dose errada pode ser tóxica (BELLICANTA, 2018). Principais grupos dos princípios ativos Ácidos orgânicos: encontrados em todo o reino vegetal, podendo ter papel importante no metabolismo primário da planta. Os ácidos cítrico, málico e tratárico são os mais comuns de encontrar. Alcaloides: são compostos de origem vegetal com propriedades alcalinas e localizam-se em folhas, sementes, raízes e caule. Sua concentração pode variar muito ao longo do ano, pela variação das condições climáticas. Apenas 10 a 15% das plantas produzem alcaloides. Exemplos de alcaloides: a morfina extraída da Papaver somniferum L. (papoula), que é um anestésico; a cafeína da Paullinea cupana H.B.K. (guaraná); e a pilocarpina, utilizada para tratamento do glaucoma, extraída da Pilocarpus microphyllus Holmes. As plantas com alcaloides, na sua maioria, são tóxicas e devem 19 ser utilizadas com acompanhamento médico. Compostos fenólicos: o fenol é um dos mais importantes constituintes vegetais e dá origem a vários outros, como os taninos. Podem ser derivados de ácido benzoico, ácido gentísico, ácido salicílico, ácido vanílico, dentre outros. Eles têm atividades antioxidantes, aromatizantes e antibacterianas. Compostos inorgânicos: são também constituintes normais dos vegetais, que formam as cinzas e os resíduos após a retirada do material orgânico. Os mais importantes são os sais de cálcio e potássio. Os de potássio apresentam atividade diurética e são bastante solúveis. Por esse motivo, muitos chás têm atividade diurética. Os sais de cálcio contribuem para formação dos ossos, regulação do sistema nervoso e cardiocirculatório, entre tantas outras funções, porém, esses são pouco solúveis, sendo pouco utilizados na forma de chá. Os de silício têm importância também na constituição dos tecidos conjuntivos, principalmente o pulmão. Além de fortalecer unhas e cabelos, esses são extraídos para serem consumidos como chás após longo tempo de fervura. É o exemplo da Equisentum arventis L., a cavalinha, planta mais rica em sais de silício do planeta. Cumarinas: são heterosídeos (classe de substâncias químicas formadas pela união de moléculas de glucídeo – glicídeos, gliconas ou “oses” – e geralmente um monossacarídeo – e um composto não glucídico, também chamado de aglicona) que apresentam diversas formas. No geral, as cumarinas apresentam propriedades antissépticas (matam bactérias). Algumas das principais cumarinas são furanocumarinas, que atuam no tratamento do vitiligo, como Angelica archangelica (angélica) e Citrus bergamota (bergamota). A Ficus carica L. (figueira) pode causar queimaduras graves quando em contato com a pele sob a incidência de raios ultravioleta (BELLICANTA, 2018). Esculina e fraxina: têm ação antioxidante potente, vasoconstritora e vasoprotetora, a exemplo da Aesculus hippocastanum (castanha-da-índia). Flavonoides: o termo “falavonoide” deriva do latim flavus, que significa amarelo, em virtude da cor que as flores apresentam quando ricas nesse princípio ativo. Eles se concentram mais nas partes aéreas das plantas medicinais e são os metabólitos secundários mais difundidos no reino vegetal. Eles podem ser coloridos ou incolores (o princípio ativo, não a cor da planta). São conhecidos mais de 4.200 flavonoides, e a ação medicinal desses princípios é bastante ampla. Sua função biológica na planta 20 está relacionada com a atração de insetos polinizadores e proteção contra os nocivos (perigosos), reações contra infecções virais e fúngicas da planta, dentre outras. A grande vantagem dos flavonoides é que eles têm uma toxicidade muito baixa. Ações medicinais dos flavonoides: ação antioxidante, essenciais para a absorção da vitamina C; ação contra infecções virais e fúngicas; dilatação das coronárias, fortalecimento dos vasos capilares; estabilização da camada interna das veias (endotélio vascular); diminuição da permeabilidade vascular; prevenção do inchaço (antiedematosos), ação contra cólicas (espasmolíticos) e ação diurética. Os principais representantes são: Ginkgo biloba L., Citrus spp. (limão, laranja e mexerica), Passiflora spp. (Calendula officinalis L., Aesculus hippocastanum L. (castanha-da- índia) e Arnica montana L. (arnica). Glicosídeos cardiotônicos: são substâncias que vão sendo absorvidas pelo organismo de forma cumulativa, podendo dessa forma causar graves intoxicações. Elas têm alta especificidade pelo músculo cardíaco. A digitoxina, presente na Digitalis lanata e na Digitalis purpurea (dedaleira), é o glicosídeo cardiotônico mais importante do grupo. Apenas 10 mg pode ser fatal para um homem de 70 kg. Suas ações farmacológicascompreendem: aumento do débito cardíaco (débito cardíaco ou gasto cardíaco é o volume de sangue sendo bombeado pelo coração em um minuto), melhora do retorno venoso (quando sangue desoxigenado retorna ao coração através do sistema venoso da nossa circulação), diminuição da frequência cardíaca e aumento da força de contração muscular. Os sintomas de intoxicação incluem: arritmias ventriculares, fadiga muscular, suor frio, visão borrada, alteração de humor e personalidade, anorexia e vômitos. As principais espécies de plantas que contêm o glicosídeo cardíaco são: Digitalis purpurea L. e Digitalis lanata L. (digoxina e digitoxina), Strophantus spp., Adonis vernalis (adônis) e Scilla maritima (cebola do mar e silimarina) (BELLICANTA, 2018). Antraquinonas: as antraquinonas são quimicamente definidas como substâncias fenólicas derivadas da dicetona do antraceno. São principalmente purgativas (aumentam o peristaltismo, movimentos do trato gastrintestinal) e devem ser administrados em dose única diária, pois podem causar dores abdominais, diarreia, desidratação, tolerância e podem também, segundo estudos, favorecer o aparecimento do câncer de colo. As mulheres grávidas não devem ingerir esse componente, assim como crianças abaixo de 10 anos. 21 Não podem ser utilizados juntamente com diuréticos e com heterosídeos cardiotônicos. Os representantes mais comuns são Aloe barabadensis Miller (babosa), emodina da Rhamnus purshiana D.C. (cascara sagrada) e a repina da Cassia augustifolia Vahl (sene). Mucilagens: todas as plantas produzem, em maior ou menor grau. São metabolizadas para o crescimento da planta ou reprodução, ou também armazenadas como reserva energética. Além disso, elas têm a função de reter a água nas plantas suculentas e também oferecer proteção contra herbívoros. As mucilagens podem ser encontradas em todas as partes das plantas, exceto nas flores. Elas são secretadas por células especiais, que acumulam as mucilagens. As principais propriedades medicinais das mucilagens são: produzem efeito laxativo; agem como lubrificante do intestino; aumentam o volume do bolo fecal; atuam na mucosa do aparelho respiratório, aumentando a secreção de muco e agindo como fluidificante; e podem ser utilizadas em úlceras e ferimentos, pois estancam o sangue. Plantas com maior número de mucilagens: Plantago major (semente de tanchagem), Symphytum officinalis (confrei), Tussilago off. (tussílago) e Althae off. (alteia). Óleos essenciais: são substâncias orgânicas voláteis, muito conhecidas pelo odor que caracteriza certas plantas medicinais, como o mentol na Mentha ssp. (hortelã) e o eucaliptol no Eucalyptus globulus Labill (eucalipto medicinal) (BELLICANTA, 2018). As ações medicinais dos óleos são muitas: antipirética, antiespasmódica, analgésica, anti-inflamatória, bactericida, cicatrizante, expectorante, relaxante, refrescante, sedativa, vermífuga e carminativa (antigases). As principais plantas medicinais ricas em óleos essenciais são Ocimumspp. (alfavaca), Calendula off. (calêndula), Melissa off. L. (melissa), Salvia off L. (sálvia), Menthas sp. (hortelã), Foeniculum vulgaris (funcho), Rosmarinus off L. (alecrim), Pimpinella anisum L. (camomila), Zingiber off. Roscoe (gengibre), Achyroline satureoides D.C. (macela) e Illicitum vera L. (anis-estrelado). Saponinas: sua característica principal é formar espuma quando em contato com água e agitação, daí o nome saponina. Altas doses de saponina no corpo podem causar hemólise, mas isso somente acontece se usada por via endovenosa, já que o trato gastrintestinal reduz a sua absorção. Têm atividade anti-inflamatória Aesculus hippocastanum (castanha-da-índia), antiviral Calendula officinalis L. (calêndula), expectorante Hedera elix (hera terrestre), diurética Equisentum arvensis L. (cavalinha) e desintoxicante Smilax ssp. (salsaparrilha). Taninos: são misturas de polifenois e se caracterizam por sua 22 adstringência (precipitam as proteínas ao se combinarem com elas). Sua presença é facilmente percebida pelo seu amargor ao mastigar. Têm a propriedade de precipitar proteínas, formando complexos insolúveis, por isso são utilizados na curtição de couros. Podem ser irritativos para as mucosas, porém, com doses pequenas, podem protegê-las, pois agem como cicatrizantes e antissépticas. Além disso, têm ação anti- hemorrágica suave. Reagem facilmente com o ar, por isso devem ser consumidos logo após sua extração. Podem ser antidiarreicos, anti-inflamatórios, antioxidantes e antissépticos. Porém, são contraindicados em casos de deficiência de ferro, desnutrição e constipação. Plantas que contêm taninos: Camellia sinensis (chá verde), Hamamellis virginiana L. (hamamélis), Psidium guajava (goiabeira e brotos) e Punica granatum (romã). 3.3 Ensaios Clínicos Quando realizamos um ensaio clínico com um medicamento, dividimos o processo em fases. Cada etapa tem um propósito, mas o importante é que a segurança esteja sempre presente. Após todas as providências, as autoridades reguladoras - no caso do Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - avaliam os resultados e, se satisfatórios, o registro do medicamento pode ser prescrito por médicos e dentistas. Dividimos o estudo em dois períodos: pesquisa não clínica e pesquisa clínica (BELLICANTA, 2018). Fase não clínica Antes de começar a testar novos tratamentos em humanos, os cientistas testam substâncias em laboratório e em animais de laboratório. Isso é chamado de fase não clínica. O principal objetivo desta etapa é verificar como a substância funciona em um organismo. Como resultado, as regras para a proteção de animais de laboratório são respeitadas e os projetos são muitas vezes cancelados por padrões insatisfatórios. Fase clínica 23 A fase clínica é a fase de teste em humanos. É composto por quatro etapas sucessivas e somente quando todas as etapas forem concluídas o medicamento poderá ser comercializado e disponibilizado à população. As fases subsequentes da fase clínica são descritas abaixo. Fase I Um estudo de fase I é o primeiro teste de drogas. O objetivo principal é avaliar a segurança do produto em estudo. Durante esta fase, o medicamento é testado em pequenos grupos (10 a 30 pessoas), geralmente voluntários saudáveis. Podemos abrir uma exceção se estivermos avaliando medicamentos para câncer ou pessoas vivendo com HIV/AIDS. Se tudo correr conforme o planejado, ou seja, se o produto for comprovadamente seguro, podemos passar para a fase II (BELLICANTA, 2018). Fase II O número de pacientes que participam desta fase é maior (70 a 100). Aqui, o objetivo é avaliar a eficácia do medicamento, ou seja, se ele é eficaz no tratamento de uma determinada doença, e também obter informações mais detalhadas sobre segurança (toxicidade). Somente quando os resultados forem bons a droga será estudada em um ensaio clínico de fase III. Fase III Nesta fase, o novo tratamento é comparado com o tratamento padrão existente. O número de pacientes aumentou de 100 para 1.000. Em geral, os estudos nesta fase foram randomizados, ou seja, os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo controle (recebendo tratamento padrão) e um grupo experimental (recebendo o novo medicamento). A distribuição entre os grupos é feita por sorteio. Portanto, os pacientes que participam de um estudo de fase III têm a mesma chance de serem colocados em um dos dois grupos de estudo. Às vezes, estudos de fase III são feitos para verificar se uma combinação de dois medicamentos é melhor do que um medicamento sozinho. Por exemplo, se uma combinação de Antibiótico X (novo) e Antibiótico Y (terapia atual) for melhor do que o Antibiótico Y sozinho para tratar uma infecção específica (BELLICANTA, 2018). Fase IV 24 Esses estudos foram realizados para confirmar que osresultados obtidos na etapa anterior (etapa III) eram aplicáveis a uma grande parcela da população afetada. Nesta fase, o medicamento foi aprovado para circulação. A vantagem dos estudos de fase IV é que eles podem monitorar os efeitos a longo prazo de um medicamento. (BELLICANTA, 2018). 3.4 Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), as plantas medicinais podem ser disponibilizadas à população nas formas in natura, seca (droga vegetal), fitoterápico manipulado e fitoterápico industrializado. A planta medicinal in natura consiste na planta fresca, coletada no momento do uso, enquanto a planta medicinal (ou suas partes) seca passa pelos processos de coleta, estabilização (quando aplicável) e secagem, podendo ser disponibilizada na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. O fitoterápico manipulado é produzido pela farmácia de manipulação, enquanto o fitoterápico industrializado é produzido pela indústria farmacêutica ou pelo laboratório oficial. A planta medicinal in natura pode ser obtida de hortos medicinais ou de produtores com alvará de órgãos competentes para tal, os quais devem seguir normas de boas práticas de cultivo, que incluem uma adequada qualidade do ar, solo e água. O uso de adubos químicos e agrotóxicos no cultivo de plantas medicinais é proibido, uma vez que podem alterar a composição da planta, o que pode levar à perda de seu valor medicinal, ou até mesmo provocar efeitos colaterais ou tóxicos. As espécies cultivadas podem ser nativas ou exóticas, e geralmente encontram-se relacionadas pelos órgãos de saúde nacional, estadual ou municipal. Plantas medicinais que são amplamente utilizadas pela população local também podem ser fornecidas pelos hortos, desde que seus usos terapêuticos sejam validados (BRASIL, 2012 apud MACHADO, 2020). A planta in natura costuma ser utilizada na forma de chás, definidos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2012, p. 107), como “[...] formas líquidas obtidas pela extração a quente com água, preparadas para uso imediato a partir de plantas frescas ou secas. Dependendo da parte da planta utilizada e dos seus constituintes ativos, são preparados por infusão ou por decocção”. A infusão é indicada para as partes mais flexíveis da planta, como folhas e flores. Nesse método de preparação, a água morna ou fervente é vertida sobre a planta sólida, com abafamento do recipiente, por 25 um determinado tempo. Já a decocção é indicada para partes mais rígidas da planta, como caule e raízes. Nesse processo, a planta é deixada em contato com a água em ebulição por um tempo determinado (BERMAR, 2014). A planta seca (droga vegetal) deve ser processada atendendo às exigências sanitárias, em estabelecimentos com infraestrutura adequada. Por meio de prescrição, ela é dispensada ao usuário, que pode, de modo semelhante à planta in natura, prepará-la por meio de infusão ou decocção (BRASIL, 2012). A produção de fitoterápicos manipulados e industrializados deve atender às normas regulatórias vigentes, sendo que o processo de manipulação em si é regulamentado pela RDC nº 67/2007, que dispõe sobre as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Os fitoterápicos manipulados podem ser preparados a partir da formulação indicada na prescrição feita por um profissional de saúde habilitado, ou a partir de uma formulação descrita no Formulário Fitoterápico Nacional ou em formulários internacionais reconhecidos pela Anvisa (ANVISA, 2018). Já as empresas produtoras de fitoterápicos industrializados devem atender às normas da RDC nº 301/2019, que dispõe sobre as boas práticas de fabricação de medicamentos, e a RDC nº 26/2014, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos, além das demais normas que complementam as orientações sobre como deve ser procedido o registro de produtos fitoterápicos, que incluem a RDC nº 66/2014, IN nº 02/2014, IN nº 04/2014 e IN nº 05/2014. Os fitoterápicos podem ser encontrados em forma de monodroga ou em composição com mais de uma droga vegetal, e podem ser comercializados em diversas formas farmacêuticas (comprimidos, envelopes, sachês, xaropes, tinturas e extratos fluidos) de acordo com necessidade para o uso e a possibilidade tecnológica. A seguir são descritas as principais formas farmacêuticas para dispensação de medicamentos fitoterápicos (SAAD et al., 2018 apud MACHADO, 2020). Envelopes ou sachês — forma tradicional para acondicionamento dos pós em doses exatas para serem administrados ao paciente. As plantas em pó e/ou extrato seco são pesadas e misturadas até completa homogeneização. Depois, as doses são pesadas e acondicionadas em papéis dobrados, denominados envelopes farmacêuticos ou sachês. Cápsulas — são preparações sólidas em que plantas em pó ou extrato seco são acondicionadas em um invólucro solúvel duro ou mole. Nas cápsulas duras, 26 normalmente o invólucro é formado de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. Nas cápsulas moles, o invólucro de gelatina é mais maleável que o das cápsulas duras e também pode acondicionar conteúdos líquidos ou semissólidos. Comprimidos — são preparações nas quais plantas em pó ou extratos secos são homogeneizados e moldados por compressão, sendo acrescidos ou não de excipiente e/ou agentes adjuvantes, como aglutinantes, desintegrantes, secantes, lubrificantes, antioxidantes, etc. Tinturas e extratos fluidos — as tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto teor alcoólico e do forte sabor das plantas. O extrato fluido, apesar de ter teor alcoólico menor que a tintura, também deve ser diluído, em função do forte sabor e aroma de determinadas plantas. A concentração do extrato fluido é superior à tintura em relação à droga vegetal. Xaropes e melitos — os xaropes são preparados a partir do xarope simples (base de água destilada + açúcar) e da incorporação de tinturas e/ou extratos fluidos, em uma concentração de até 10% em relação ao peso do excipiente. Os melitos são preparações com base de mel, nas quais são incorporadas tinturas e/ou extratos fluidos. Pomadas — são preparações de consistência pastosa, tendo como base vaselina e lanolina, geralmente em uma proporção de 7:3. São utilizadas como insumo ativo tinturas em uma concentração de 10% do peso da pomada. Outros excipientes podem ser utilizados, como a base de polietilenoglicol (PEG). Cremes — são preparações obtidas a partir de emulsões água–óleo ou óleo– água, de consistência firme, tendo composições variadas. A base mais utilizada é a lanete. Incorpora bem insumos ativos, como tinturas (até 10%), óleos vegetais (até 20%) e óleos essenciais. Géis — preparação de aspecto coloidal, obtida a partir de substâncias como carboximetilcelulose, ágar-ágar, pectina, alginato de sódio, água, etc. Óvulos vaginais — preparações farmacêuticas de forma ovoide, de constituição sólida, introduzidas por via vaginal. Utiliza-se como base uma mistura de gelatina, glicerina e água destilada ou a base novata. Incorpora-se até 10% do insumo ativo (tinturas ou extratos) (MACHADO, 2020). 27 3.5 Segurança no uso de plantas medicinais Grande parte da população que faz uso de plantas medicinais desconhece os possíveis efeitos tóxicos decorrentes do seu uso, assim como a forma correta de preparo e as indicações e contraindicações de cada planta. Por serem produtos de origem natural, há uma crença de que as plantas medicinais e os fitoterápicos não podem causar qualquer prejuízo à saúde do usuário, crença esta que não tem embasamento científico (BRUNING et al., 2012). Por outro lado, muitos profissionais de saúde não reconhecem o valor da fitoterapia, em parte por não receberem a formação sobre o assunto durante a graduação. Com isso, faz-se necessário a atualizaçãodos profissionais de saúde frente à fitoterapia, a fim de fornecerem informações seguras aos usuários e promoverem o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos (BRUNING et al., 2012). No Quadro são estão descritos alguns exemplos de plantas medicinais, com sua respectiva posologia, modo de usar, indicações, contraindicações e efeitos adversos (MACHADO, 2020). 28 Fonte: BELLICANTA, 2018. No tratamento de diversas condições clínicas, pode ser necessário o uso de dois ou mais fármacos, os quais podem não apresentar o efeito terapêutico esperado em caso de interação medicamentosa. Muitas plantas medicinais também interagem farmacologicamente com outros medicamentos sintéticos e/ou naturais, o que pode levar à mudança do efeito do fármaco ou droga vegetal. Alguns exemplos de interações medicamentosos bem estabelecidos de plantas medicinais e fitoterápicos relatados por Nicoletti et al. (2007) incluem: 29 Boldo, boldo-do-chile (Peumus boldo Molina) — a boldina, principal alcaloide presente nas folhas e cascas do boldo, causa inibição da agregação plaquetária. Com isso, pacientes que fazem uso de anticoagulantes não devem ingerir ao mesmo tempo formulações contendo boldo, pela ação aditiva aos medicamentos anticoagulantes. Camomila (Matricaria recutita L.) — interage com anticoagulantes (como a varfarina) aumentando o risco de sangramento, com barbitúricos (como fenobarbital) e outros sedativos, intensificando ou prolongando a ação depressora do sistema nervoso central (SNC). A camomila também reduz a absorção de ferro ingerido por meio de medicamentos e/ou alimentos. Erva-cidreira (Melissa officinalis L.) — interage com depressores do SNC e com hormônios tireoidiano. Pode interagir com outras plantas medicinais, destacando- se a kava-kava (Piper methysticum G. Forst). Guaraná (Paullinea cupana H.B.K.) — potencializa a ação de analgésicos e, por inibir a agregação plaquetária, pode aumentar o risco de sangramento ao ser administrado com anticoagulantes. Maracujá (Passiflora incarnata L.) — apresenta ação depressora inespecífica do SNC, provocando ação sedativa e tranquilizante. Quando utilizado ao mesmo tempo com hipnóticos e ansiolíticos, o maracujá pode intensificar as ações desses medicamentos. Valeriana (Valeriana officinalis) — a ação sedativa da valeriana pode ser potencializada ao ser administrada concomitantemente com benzodiazepínicos, barbitúricos, alguns antidepressivos, narcóticos, álcool e anestésicos. Grande parte dos fitoterápicos industrializados são isentos de prescrição médica, podendo ser prescritos pelo profissional farmacêutico. Para a dispensação de produtos que requerem prescrição médica, exige-se a especialização na área clínica, comprovando-se conhecimentos e habilidades para uma adequada prescrição. Alguns fitoterápicos vendidos sob prescrição médica incluem ginkgo (Ginkgo biloba L.), hipérico (Hypericum perforatum L.), kava-kava (Piper methysticum G. Forst.) e valeriana (Valeriana officinalis L). A partir do conteúdo abordado, percebe-se o crescente interesse na fitoterapia como prática complementar em saúde. As plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos representam hoje uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos para uma população cada vez mais preocupada com a saúde e bem-estar, sendo que 30 a aplicação clínica da fitoterapia tem sido também incentivada por órgãos federais. De todo modo, é importante conhecer as doses, modo de utilização, contraindicações e reações adversas das plantas medicinais, a fim de garantir a saúde do paciente e alcançar o benefício terapêutico dessas plantas (MACHADO, 2020). 4 FITOTERAPIA APLICADA À SAÚDE HUMANA Fonte: jenews.net.br A prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos, ou mesmo o manejo de pacientes que já utilizam esses produtos, o que é uma realidade constantemente vivida por profissionais da saúde, exige um conhecimento sólido em relação às potencialidades e também às limitações da fitoterapia. Em geral, plantas medicinais e fitoterápicos são indicados para quadros patológicos leves a moderados, e são caracterizados por apresentarem mais de um mecanismo de ação, devido às várias substâncias que os constituem. Ao mesmo, embora não estejam isentos de efeitos adversos, esses medicamentos, em geral, são mais bem tolerados em relação aos fármacos sintéticos ou mesmo substâncias naturais isoladas. Nesse sentido, existe um grande número de doenças para as quais os fitoterápicos, além de úteis, podem ser até mesmo preferíveis em detrimento de outros medicamentos (CID, 2021). O Caderno de Atenção Básica n. º 31, publicado pelo Ministério da Saúde, traz uma classificação de categorias de indicações para fitoterápicos, incialmente proposta por Fintelmann e Weiss (2010), que é apresentada no Quadro. A classificação 31 apresentada na Tabela pode auxiliar os profissionais de saúde a tomar decisões sobre a indicação ou não de fitoterápicos para diversas condições do paciente. Para ilustrar as possibilidades que a fitoterapia pode ter para a saúde humana, trabalharemos com alguns exemplos de aplicação prática com base na classificação apresentada (CID, 2021). Categorias terapêuticas para fitoterápicos Categoria 1 Indicações para as quais os fitoterápicos são a opção terapêutica de primeira escolha e, para as quais, como alternativa, não existiriam medicamentos sintéticos, ou, se existirem, não seriam tão eficientes quanto o fitoterápico. Exemplos: hepatites tóxicas, hiperplasia benigna de próstata, entre outros. Categoria 2 Indicações para as quais os medicamentos sintéticos podem ser substituídos por fitoterápicos. Exemplos: estados leves de ansiedade e/ou depressão reativa, dispepsia não ulcerosa neoplásica, infecções urinárias inespecíficas, entre outros Categoria 3 Indicações nas quais os fitoterápicos podem ser usados como coadjuvantes para uma terapia básica. Exemplo: outras doenças hepáticas e das vias respiratórias, entre outras Categoria 4 Indicações nas quais o uso dos fitoterápicos não é adequado, caracterizando até mesmo erro médico, pela possibilidade de retardar ou impedir uma terapia racional com medicamentos sintéticos, mais adequados. Exemplo: tratamento primário do câncer Fonte: CID, 2021. Exemplo 1 João, 50 anos, diagnosticado há 6 meses com hiperplasia benigna da próstata (HBP). Como sintomas apresenta diminuição do jato urinário e dor durante a micção. Para o tratamento, inicialmente o médico prescreveu finasterida 5mg, diariamente. Porém, o paciente relata diminuição do libido e dificuldade de manter 32 relações sexuais, além de crescimento das mamas. Devido aos efeitos adversos, o paciente decidiu parar de tomar o medicamento. Para o caso descrito existe uma opção terapêutica que poderia ser preferível em relação à finasterida e demais aos medicamentos convencionais? Sim. Fitoterápicos à base de Serenoa repens, popularmente conhecido como saw palmetto, são considerados uma alternativa efetiva e segura nesses quadros. A espécie é recomendada pela OMS e pela Agência de Medicamentos Europeia para HBP. No Brasil foi incluída na Instrução Normativa (IN) n. º 2, de 13 de maio de 2014, para tratamento da HBP e sintomas associados (BRASIL, 2014). Esse documento é uma lista de espécies vegetais que a Anvisa considera que já tem relatos suficientes na literatura de eficácia, segurança ou efetividade, e, por isso, estão sujeitos a registro simplificado, ou seja, não é necessário que apresentem comprovações adicionais desses critérios. Uma metanálise que avaliou a eficácia de extratos de saw palmetto concluiu que o fitoterápico é capaz de diminuir a noctúria (micção noturna frequente) e aumentar a velocidade do fluxo da urina.Alguns autores sugerem que os fitoterápicos à base de espécies são tão ou mais eficazes que os medicamentos tradicionais, mas são mais seguros, o que os tornaria a primeira escolha para o tratamento da doença. Portanto, a HBP seria uma indicação de categoria 1 para o uso de medicamentos fitoterápicos. Essa afirmação pode ser questionada porque alguns estudos demonstraram que o saw palmetto apresenta efeito semelhante ao da finasterida. Mas o importante é que, considerando o caso apresentado, a prescrição de 320mg de extrato padronizado da espécie contendo entre 272 e 304mg de ácidos graxos por via oral em comprimidos ou cápsulas seria uma excelente alternativa para o tratamento. O paciente provavelmente seria beneficiado com a redução dos efeitos adversos observados (BRASIL, 2014d; EUROPEAN MEDICINES ANGENCY, 2015; SAAD et al., 2016; BRASIL, 2016) Outras indicações terapêuticas em que os medicamentos à base de plantas podem ser considerados como primeira escolha são os casos de hepatite tóxica descritos na tabela. Os extratos da espécie Silybum marianum são indicados oficialmente como hepatoprotetores no Brasil e são considerados eficazes e seguros para o tratamento dessas doenças e não existem medicamentos convencionais que apresentem os mesmos benefícios terapêuticos apresentados para a espécie. (BRASIL, 2014a, BRASIL, 2014c; EUROPEAN MEDICINES ANGENCY,2018 apud CID, 2021). 33 Antônia, 36 anos, apresentou infecção urinária de repetição na qual apresentava dor e desconforto ao urinar que não passavam devido à irritação da mucosa do trato urinário inferior causada por infecções sucessivas. Para melhorar os sintomas e prevenir recorrências, o ginecologista assistente prescreveu a ingestão diária de um comprimido de 600 mg de extrato padronizado de folhas de uvaursina contendo 400 mg de derivados de hidroquinona- calculados como arbutina. A receita apresentada pode ser considerada uma ótima alternativa no caso. Dentre as plantas indicadas para infecções recorrentes do trato urinário, destaca-se a uvaursina - Arctostaphylos uvaursi (L.) Spreng - espécie recomendada pela Agência Europeia de Medicamentos (EUROPEAN MEDICINES ANGENCY, 2018a) e pela WHO (2004). No Brasil foi na IN nº. 2/2014 para o tratamento de infecções do trato urinário (BRASIL, 2012). Infecções recorrentes do trato urinário com três ou mais episódios por ano são indicações apropriadas para medicamentos fitoterápicos. Antibióticos devem ser usados para combater infecções, mas no caso de recorrências frequentes, o uso de fitoterápicos substitui a prescrição adicional de antibióticos para profilaxia, o que é fortemente recomendado para prevenir o surgimento de resistência bacteriana. Este seria um exemplo de Categoria 2, que também inclui o tratamento de ansiedade leve e insônia, onde as drogas psicotrópicas tradicionais podem ser substituídas por plantas medicinais à base de valeriana (Valeriana officinalis) e espécies de maracujá como Passiflora edulis, Passiflora incarnata e Passiflora alata (BRASIL, 2018; BRASIL, 2016 apud CID, 2021). Exemplo 3 Daniel, 18 anos, tem crises de asma desde a infância. Quando em crise tem muita tosse e falta de ar com corrimento amarelo-esverdeado. Por algum tempo a condição se desenvolve e o paciente apresenta esses menos sintomas entre as crises com mais facilidade. Para evitar o desenvolvimento da doença, o médico que acompanhava Daniel decidiu prescrever uma tintura de alho, preparada de acordo com as recomendações do Anexo 1 do Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira, disponível nas farmácias com prescrição médica. Abaixo está uma descrição da fórmula e diretrizes. Tintura de alho (Allium sativum) 20 g dos bulbos secos em 100 ml de álcool etílico a 70%. Diluir 10ml da tintura em 75ml de água. Administrar duas vezes ao dia (BRASIL, 2018). Neste exemplo verificamos o uso de uma espécie presente em nossa rotina alimentar diária como adjuvante no tratamento da asma, exemplo de indicação categoria 3. O alho também é indicado como adjuvante em, segundo o Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira 34 (2016) o tratamento de hiperlipidemia e hipertensão arterial leve a moderada e sintomas de gripe e resfriado e a prevenção da aterosclerose. Além do alho, vários fitoterápicos são úteis para auxiliar no tratamento convencional de um grande número de doenças, principalmente problemas respiratórios e cardiovasculares e sintomas da menopausa (BRASIL, 2016). Exemplo 4 María Eduarda, 25 anos, foi diagnosticada com leucemia. O tratamento de quimioterapia causou muitas doenças, incluindo náuseas, perda de apetite e mucosite oral, uma inflamação dolorosa do revestimento da boca. As plantas ou ervas medicinais podem ajudar no caso de María Eduarda? A resposta é sim, mas não quando se trata de cuidados primários de câncer. Atualmente, o câncer é uma das indicações para as quais os fitoterápicos não são indicados. As Plantas Medicinais são uma fonte de agentes quimioterápicos, como B. Vimblastina isolada de Vinca (Catharanthus roseus), e embora muitos estudos tenham sido realizados com espécies vegetais com potenciais efeitos antitumorais, os fitoterápicos são atualmente usados para tratar o câncer, o câncer em si não é considerado (BRASIL, 2012; SIMÕES et al., 2017). No entanto, muitas plantas medicinais têm ajudado a promover o bem-estar dos pacientes em tratamento quimioterápico e auxiliado na redução dos efeitos colaterais causados por esses medicamentos. A inflamação do revestimento do trato gastrointestinal, como a mucosite, é um achado comum em pacientes em tratamento de câncer, e muitas plantas têm se mostrado úteis no combate a esse efeito indesejável. Por exemplo, uma opção para María Eduarda seria o uso de fitoterapia à base de camomila (Matricaria chamomilla) ou aloe vera (Aloe vera), aplicada topicamente na mucosa das bochechas. Essas espécies mostraram efeitos benéficos para condições como a do paciente em estudos clínicos (ALMEIDA et al., 2020). Este exemplo, como os demais, representa apenas uma pequena parte do potencial terapêutico total das ervas medicinais na promoção da saúde e bem-estar de pacientes com diversos problemas de saúde. É importante que cada vez mais profissionais de saúde aprofundem seus conhecimentos sobre essa prática que pode beneficiar tantas pessoas (CID, 2021). 35 5 PRINCIPAIS NORMATIVAS QUE REGULAM A FITOTERAPIA NO BRASIL Fonte: psicoactiva.com O Brasil conta com normas específicas para o registro de fitoterápicos desde 1967. Tais normas foram sendo ajustadas às evidências científicas e republicadas recentemente, considerando as modificações implementadas no País pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMP) e pela Política de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), ambas publicadas em 2006. Essas duas políticas promoveram modificações na regulamentação de plantas medicinais e fitoterápicos. Várias normas já foram publicadas ou atualizadas para adequarem-se às políticas, abrangendo um arcabouço legislativo para regulamentação das seguintes classes: plantas medicinais, substâncias vegetais notificadas e medicamentos fitoterápicos manipulados e industrializados. Ainda há plantas medicinais que podem ser regulamentadas na Anvisa em áreas diversas da farmacêutica, como na de alimentos e cosméticos (MIRANDA, 2018). A RDC 10/2010 dispõe sobre a notificação de substâncias vegetais junto à Anvisa. A RDC 13/2013, por sua vez, dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos e estabelece os requisitos mínimos para padronizar a verificação do cumprimento dessas Boas Práticas, além de delinear os procedimentos e as práticas que o fabricante deve aplicar para garantir que instalações, métodos, processos e sistemas de controles usados sejam adequados,36 de modo a garantir qualidade e segurança. (BRASIL, 2010). A RDC 14/2010 estabelece os requisitos técnicos para o registro de medicamentos fitoterápicos. Entretanto, poucas alterações foram realizadas quando comparada esta RDC com a 48/2004. Foram incluídas inovações nos requisitos de controle de qualidade, assim como estabelecidas normas de regulamentação para autorização de importação de amostras de medicamentos fitoterápicos. (BRASIL, 2010). A RDC 17/2010 dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, trazendo requisitos específicos para a indústria de fitoterápicos. A normativa exige técnica de qualificação nos aspectos envolvidos na fabricação, inspeção e liberação de produtos fitoterápicos. (BRASIL, 2010). A RDC 26/2014 dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos, definindo as categorias de medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, estabelecendo os requisitos mínimos para o registro e a renovação de registro de medicamento fitoterápico. (BRASIL, 2014). Outra norma é a Instrução Normativa (IN) 2/2014, que publica a “Lista de medicamentos fitoterápicos com registro simplificado” e a “Lista de registro simplificado de produtos fitoterápicos tradicionais”. Foi regulamentada, recentemente, a nova Lei da Biodiversidade – Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, pelo Decreto nº 8.772, de 11 de maio de 2016. Essa lei promete desburocratizar o sistema, inserindo o cadastro on- line no lugar da maioria das autorizações antes exigidas, dando isenção de multa para a regularização das atividades de pesquisa e flexibilizando a burocracia para estimular uma repartição de benefícios justa e equitativa, seja monetária ou não. A nova legislação ainda poderá mapear todos os atores envolvidos na cadeia produtiva de fitoterápicos, gerando mais pesquisas e inovações para o mercado. Assim, espera-se estimular o aproveitamento da biodiversidade nacional. (BRASIL, 2015, 2016 apud MIRANDA, 2018). 37 Normas aplicáveis ao registro e notificação de fitoterápicos. Fonte: MIRANDA, 2018. 5.1 Competência da Anvisa na fitoterapia As fitoterapias são medicamentos amplamente utilizados no Brasil. Para ser registrado e disponibilizado ao público, o Serviço Nacional de Saúde (Anvisa) avalia diferentes critérios de qualidade, segurança e eficácia, exigindo requisitos semelhantes aos dos medicamentos comuns. Este controle visa separar o fitoterápico da ideia de que é um produto de baixa qualidade ou que não apresenta risco potencial. A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos industrializados é realizada pela Anvisa, órgão federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária responsável pelo registro de medicamentos e outros produtos para saúde. Uma das muitas atividades de monitoramento da saúde é o controle da saúde do produto, que inclui atividades regulatórias, educação e informações sobre áreas regulatórias e consumidores, registro de produtos, controle de processos, etc. processos de fabricação, distribuição, 38 marketing, publicidade, consumo e descarte de laboratórios. O objetivo de regular todos esses processos é gerenciar possíveis riscos à saúde em todas as etapas da cadeia de produtos, incluindo os fitoterápicos. Todos os fitoterápicos industriais devem ser registrados na Anvisa antes de serem comercializados, para garantir que as pessoas tenham acesso a medicamentos seguros, eficazes e com qualidade controlada. Com tudo isso, a exposição a produtos potencialmente contaminados é minimizada e a dosagem correta e a forma de uso são padronizadas, permitindo maior segurança (MIRANDA, 2018). Para registro e renovação, a empresa deve solicitar à Anvisa um arquivo técnico-administrativo contendo informações sobre o produto, conforme regulamentação específica. Ao analisar o processo de registro, serão considerados os principais aspectos relacionados ao processo de fabricação, controle de qualidade, testes de segurança e eficácia, dados legais da empresa, rotulagem e instruções de uso. O papel regulador da Anvisa é essencial para evitar que medicamentos ineficazes, nocivos e de má qualidade entrem no mercado e causem danos à saúde, como intoxicações, falha no tratamento, a doença se agrava até o óbito do indivíduo. A lei brasileira exige que os medicamentos fitoterápicos sejam da mesma qualidade que outros medicamentos. Só assim podemos conquistar a confiança das pessoas e dos profissionais médicos, e incentivar a prescrição e uso racional de medicamentos masculinos (MIRANDA, 2018). 5.2 Registro dos fitoterápicos pela Anvisa Atualmente, existem cerca de 400 fitoterápicos com registro válido na Anvisa. Essa quantidade muitas vezes muda, pois o fato do registro ser muito dinâmico, pois a situação dos produtos está sempre sendo modificada. A cada dia, novos medicamentos são registrados na Anvisa, enquanto outros perdem o registro por indeferimento do pedido de renovação, cancelamento de registro anteriormente emitido ou não solicitação de renovação no prazo legal. As plantas mais registradas na ANVISA como seus derivados para a produção de fitoterápicos são segundo MIRANDA, 2018: Ginkgo biloba; 39 Aesculus hippocastanum; Panax ginseng; Senna alexandrina Peumus boldus; Cynara scolymus; Passiflora incarnata; Valeriana officinalis; Arnica montana. Tais espécies estão entre as 34 previstas na Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos (RE nº 89/04). Seu registro é facilitado porque não precisam comprovar critérios de segurança e eficácia terapêuticas em virtude de terem evidências amplamente reconhecidas pela sociedade científica. (BRASIL, 2004). O fluxo para registro na Anvisa é o seguinte: Etapa 1 – regularização sanitária da empresa: autorização de funcionamento da empresa - licença de funcionamento - Certificado de Boas Práticas de Funcionamento (CBPF). Etapa 2 – identificação da petição junto à Anvisa: registro, alteração, revalidação, cancelamento - identificação do código de assunto da petição - verificação da documentação necessária. Etapa 3 – peticionamento na Anvisa: seguir o passo a passo do peticionamento - anexar documentação obrigatória - protocolar petição na Anvisa. Etapa 4 – análise da petição pela Anvisa: verificar ausência de documentos - verificar necessidade de exigência técnica - verificar se a petição atende aos requisitos. Etapa 5 – resultado do peticionamento: deferimento ou indeferimento da petição publicado no Diário Oficial da União (DOU). Esse registro é válido por cinco anos, em todo território nacional, a partir da data de publicação (MIRANDA, 2018). 40 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, E. M. de et al. Therapeutic potential of medicinal plants indicated by the brazilian public health system in treating the collateral effects induced by chemotherapy, radiotherapy, and chemoradiotherapy: a systematic review. Complementary Therapies In Medicine, v. 49, p.1–38, mar. 2020. ANVISA. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 1. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2011. ANVISA. Consolidado de normas de registro e notificação de fitoterápicos. Brasília, DF: ANVISA, 2018. BELLICANTA. P. L. Introdução aos fitoterápicos. Soluções Educacionais Integradas - SAGAH, 2018. BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica — Técnicas de Manipulação de Medicamentos. São Paulo: Érica, 2014. BRASIL. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 4. ed. São Paulo: CRFSP, 2019. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução normativa N° 02, de 13 de maio de 2014. Brasília, DF, 2014b. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC Nº 10, de 9 de março de 2010. Brasília,
Compartilhar