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História da Psicologia no Brasil
A Psicologia é uma ciência e profissão em constante movimento e para entender a história da Psicologia no Brasil, sua consolidação e suas vicissitudes, é necessária a realização um apanhado histórico.
1500 - 1808
Religiosos, políticos, educadores, filósofos e moralistas foram os primeiros a abordar questões psicológicas no Brasil colonial. Voltemos ao início do Brasil colonial, marcado pela hegemonia jesuítica. Em 1549, junto à armada do governador geral Tomé de Souza, chegaram ao território os padres missionários, fundadores da ordem religiosa Companhia de Jesus, cujas principais dimensões consistiam na ênfase no conhecimento de si mesmo e no diálogo interpessoal visando à compreensão da dinâmica interior.
Seguindo a crença na possibilidade de o homem “fazer-se a si mesmo”, característica do Humanismo e do Renascimento, afirmavam a possibilidade de os indivíduos serem originalmente concebidos como tábulas rasas a ser preenchidas durante seus desenvolvimentos.
Posteriormente, entre século XVII e XIX, jovens que almejavam formação superior e possuíam condições para tal dirigiram-se ao exterior, sobretudo à Coimbra. Assim, houve contato com o pensamento barroco da existência como transformação – a concepção da vida como fluxo constante de partes por vezes antagônicas - com a ênfase na variabilidade da experiência humana.
Um fato emblemático ocorreu no início de XIX: o médico Francisco de Mello Franco (1757-1822) propôs uma psicologia médica, inspirada nas teorias do Iluminismo e do sensualismo francês. Em obra publicada em 1813, define o físico como “a recíproca encadeação de todos os sistemas de órgãos que formam a nossa máquina”, sendo a dimensão moral “tudo quanto diz respeito às funções e particulares afeições da nossa alma”.
1808 - 1890
Enfim, no século XIX, a medicina consolidou-se como a ciência do homem, substituindo a filosofia e a teologia nas orientações à felicidade.
As bases conceituais que permitiram a formulação dos conhecimentos psicológicos nestes termos das ciências naturais encontram-se na segunda metade do século XIX, no pensamento dos filósofos positivistas brasileiros.
O médico Luís Pereira Barreto, fiel à doutrina comtiana, foi um importante teórico da época. Segundo ele, a “fisiologia mental” proporcionaria o conhecimento do sujeito - um “composto de inteligência, sentimento e atividade” - em sua totalidade. Então, iniciou-se o estudo dos fenômenos psicológicos, compreendidos como parte da fisiologia.
Os saberes psicológicos, no século XIX, foram produzidos principalmente no interior da medicina e da educação; na medicina, em teses doutorais que os formandos do curso de medicina deveriam defender para obter o título de doutor e nas práticas dos hospícios.
Assim, no início do século XIX, a Psicologia é ensinada na Faculdade de Direito de São Paulo como “parte de uma mais abrangente ‘ciência do homem’, cujo fundamento está na fisiologia (ou ‘física da natureza humana)”. Já nos Seminários Episcopais e nas escolas de formação religiosa, a Psicologia aparece, seja como disciplina especulativa – parte da metafísica, seja como conhecimento prático do comportamento humano no âmbito da teologia moral.
As primeiras contribuições para o estudo da Psicologia, no Brasil, são oferecidas por Médicos; sobretudo no Rio de Janeiro e Bahia. No Rio de Janeiro, os estudos da Faculdade de Medicina tendiam para a Neuropsiquiatria, a Psicofisiologia e a Neurologia. Dentro dessas instâncias, se situava a maioria das teses defendidas, entrando, não raro, a Psicologia a ser analisada em suas relações com aqueles campos de estudo e pesquisa.
A primeira tese que trata do fenômeno psicológico foi defendida por Manoel Ignacio de Figueiredo Jaime, em 1836, com o título: As paixões e afetos d’alma em geral e em particular sobre o amor, a amizade, a gratidão e o amor da pátria.
A partir da década de 1840 foram criados os primeiros hospícios no Brasil, baseando-se na necessidade de oferecer tratamento adequado aos “loucos”, que até então viviam nas ruas, prisões e nas “casinhas de doudos” das Santas Casas de Misericórdia.
Na educação, conteúdos psicológicos que abordavam as faculdades psíquicas – inteligência, sensações e vontade - a aprendizagem e os métodos e instrumentos educativos são encontrados no ensino secundário e, sobretudo, nas Escolas Normais, com a crescente preocupação com o fenômeno psicológico, fundamentando principalmente a metodologia de ensino, com foco no educando e na formação do educador. Conteúdos psicológicos são encontrados nas disciplinas - “Filosofia”, “Psicologia Lógica”, “Pedagogia” e “Pedagogia e Psicologia”.
1890 - 1930
A partir da primeira década de 1900, as teses, ensaios e atividades dos médicos, saídos as duas Faculdades, Rio e Bahia, trazem caráter científico mais preciso e interesse psicológico mais definido, pelo uso de métodos e técnicas de Psicologia de maior objetividade e confiabilidade. 
Começam a surgir os Laboratórios de Psicologia, em hospitais, Clínicas Psiquiátricas. São então criados os primeiros laboratórios psicologia nas Escolas Normais, em hospitais e em alguns hospícios, nos quais ampla gama de temas psicológicos foi estudada. Nesse momento, penetram no país as ideias que estão sendo produzidas pela psicologia europeia e estadunidense, assim como obras e a própria presença de importantes psicólogos estrangeiros. Percebe-se que, nesse momento, ainda produzida no interior de outras áreas do saber, é a Psicologia Científica que, de fato, encontra solo fértil para desenvolver-se no Brasil. Gradativamente, portanto, a Psicologia vai sendo reconhecida como uma ciência autônoma, ocupando um lugar significativo no âmbito do ensino, da pesquisa e da prática. 
A partir da Reforma Benjamin Constant, efetuada em 1890, amplia-se a incorporação de disciplinas de Psicologia à grade curricular das escolas normais. Assim, em 1893, na Escola Normal de São Paulo, a disciplina Psicologia torna-se obrigatória. Também em 1890 é constituído, no Rio de Janeiro, o Pedagogium, tinha como finalidade “servir como órgão central de coordenação das atividades pedagógicas do País”. Nesse espaço, em 1906, é criado por José Joaquim Medeiros e Albuquerque um bem aparelhado laboratório de Psicologia experimental, que é provavelmente o primeiro laboratório de Psicologia do País. Sob direção de Manoel Bomfim, esse laboratório funcionou por mais de 15 anos e gerou um grande número de pesquisas, algumas delas publicadas na revista Educação e Pediatria.
Datam da década de 1920 as primeiras aplicações sistemáticas da Psicologia às questões relativas ao trabalho, embora seu desenvolvimento venha a ocorrer de fato após os anos 1930, sobretudo relacionado às novas perspectivas de industrialização do país.
1930 – 1962
A Psicologia se consolida como uma ciência capaz de formular teorias, técnicas e práticas para orientar e integrar o processo de desenvolvimento demandado pela nova ordem política e social. Consolidam-se os campos de atuação: educação, trabalho e clínica. Testes e métodos de avaliação psicológicos são utilizados nos serviços públicos de orientação infantil implantados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estes também são a base do trabalho de institutos como o IDORT/SP, ISOP/RJ, IDOV/BA e SOSP/MG, voltados para a seleção e orientação de pessoal e organização do trabalho.
A Psicologia desvincula-se gradativamente da psiquiatria, ganhando status de disciplina independente nos cursos de pedagogia, ciências sociais e filosofia com a criação da primeira universidade do País, a Universidade de São Paulo (USP). Também a partir de 1934, na USP, a Psicologia torna-se disciplina obrigatória durante os três anos dos cursos de Filosofia, Ciências Sociais e Pedagogia, além de estar inserida na grade curricular de todos os cursos de licenciatura. Fora de São Paulo, a Psicologia também mostrava sua força no meio universitário, com destaque para as Universidades do Brasil, Católica e Federal de Minas Gerais e Federal do Rio Grande do Sul. 
Em a 25 de outubro de 1949,o Senhor Ministro da Guerra, Canrobert Pereira da Costa, faz publicar a Portaria nº 171 com “instruções para o funcionamento do Curso de Classificação de Pessoal”, com a inclusão do item: “Noções de Psicologia Normal e Patológica”, com um repertório de assuntos de vasta área, partindo de objetivo e métodos de Psicologia, incursionando pela memória, raciocínio, imaginação, volição até Psicologia dos chefes militares”. Este Diploma legal assume extraordinária importância porque, em virtude de disposição legal ulterior, a que nos referiremos, outorga o DIPLOMA DE PSICÓLOGO.
Psicólogos se organizam em associações que reivindicam a regulamentação da profissão. Nos anos 1950 uma sucessão de fatos amadurece a luta: o primeiro pedido de registro de um consultório de psicopedagogia no Ministério da Educação; o primeiro Congresso Brasileiro de Psicologia, em Curitiba; o primeiro anteprojeto sobre a formação e regulamentação da profissão, apresentado pela Associação Brasileira de Psicotécnica; a criação dos cursos de Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e na PUC de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em 1958 é apresentado o Projeto de Lei 3825 que dispõe sobre a regulamentação da profissão de psicologista.
1962 – 1980
A Lei 4119 de 27 de agosto de 1962 reconhece a profissão de psicólogo, fixa normas para a atuação profissional e estabelece um currículo mínimo para sua formação. Os campos de atuação são aqueles que se consolidaram como prática no período anterior: clínica, escolar-educacional e organização do trabalho.
No dia 20 de Dezembro de 1971, após a Lei 5.766 ser promulgada cria-se os  Conselhos Federal e Regionais de Psicologia, os Psicólogos brasileiros sentiram chegado o momento de se unirem em classe coesa e identificada, movidos pelo espírito da Lei, que lhes oferecia direitos profissionais privativos e imagem diferenciada e típica, diante da opinião pública. Em processo de organização, o CFP oficializa em 1975 o primeiro Código de Ética Profissional, reformulado em 1979.
Todas as Sociedades de Psicologia foram despertadas, de norte a sul do País, para a perquirição deste objetivo.
No Rio de Janeiro, em 1974, pela Resolução nº 02/74, o Conselho Federal de Psicologia cria os sete primeiros Conselhos Regionais de Psicologia e os psicólogos membros do seu I Plenário, correspondendo ao estado do Rio de Janeiro e ao então estado da Guanabara a sigla CRP 05.
1980 – 2012
Em dez anos de existência, o CFP passa de 850 para 50 mil inscritos, passando a atuar politicamente junto aos órgãos relacionados à Psicologia. Ao criar um Conselho Consultivo, composto por conselheiros federais e representantes dos CRPs, democratiza suas relações com os psicólogos. Com as liberdades democráticas restabelecidas no país, o Novo Código de Ética Profissional, de 1987, define as responsabilidades, direitos e deveres dos psicólogos de acordo com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No ano seguinte, o Conselho Consultivo decide pela realização do Primeiro Congresso Nacional Unificado dos Psicólogos.
A partir de 1989 é desencadeada uma sucessão de eventos fundamentais para os rumos da Psicologia brasileira:
· O Congresso Nacional Unificado, novembro de 1989.
· Encontro Geral de Plenárias, 1991.
· I Congresso Nacional Repensando a Psicologia, 1994,Campos do Jordão/SP.
· II Congresso Nacional da Psicologia, O Psicólogo Vai Mostrar a sua Cara, Belo Horizonte, 1996.
· III Congresso Nacional de Psicologia, Psicologia: Interfaces
- Políticas Públicas - Globalização, Florianópolis, 1998.
· I Mostra Nacional de Práticas em Psicologia: Psicologia e Compromisso Social, São Paulo, 2000.
· IV Congresso Nacional de Psicologia Qualidade, Ética e Cidadania nos Serviços Profissionais: construindo o compromisso social da Psicologia, Brasília, 2001
· I Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão, São Paulo, na USP, 2002.
· Criação da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia, 2002.
· V Congresso Nacional de Psicologia, Protagonismo Social da Psicologia, Brasília 2004.
· VI Congresso Nacional de Psicologia - Do Discurso do Compromisso Social à Produção de Referências para a Prática: construindo o projeto coletivo da profissão, Brasília, 2007.
· VII Congresso Nacional de Psicologia Psicologia e Compromisso com a Promoção de Direitos: um projeto ético-político para a profissão, Brasília, 2010
Conclusão
Sabemos que ainda há muito a ser feito. Mas o olhar sobre a construção da história e os 60 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil evidencia a formação de uma base sólida e que nos projeta para uma prática ancorada no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade e da integridade humana, princípios que norteiam o código de ética profissional de nossa categoria e que devem balizar nossa construção de futuro.

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