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Histórico da Educação dos Surdos

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LIBRAS
PROF.A DRA. LIDIANE YUMI SAWASAKI 
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4
1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS ...........................................................................................................5
1.1. IDADE ANTIGA .......................................................................................................................................................5
1.2. IDADE MÉDIA .......................................................................................................................................................6
1.3. IDADE MODERNA: ...............................................................................................................................................7
1.4. IDADE CONTEMPORÂNEA ................................................................................................................................. 11
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................22
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
PROF.A DRA. LIDIANE YUMI SAWASAKI 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
LIBRAS
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INTRODUÇÃO
As pessoas com surdez inicialmente não eram vistas como hoje. Vários estudos e 
experimentos foram realizados para descobrir que estas pessoas apenas têm uma privação 
sensorial auditiva. Elas eram vistas como incapazes e marginalizadas. A comunidade surda foi 
muito incisiva para conquistar o que tem hoje, com benefícios e leis que a amparam. 
Experimentos como aplicação de cargas elétricas nas orelhas dos surdos, perfuração de 
membranas timpânicas, utilização de sanguessugas nas orelhas e fraturação de crânios levaram 
algumas pessoas à óbito e mostram como a ignorância prejudicou as pessoas com surdez 
(VELOSO, MAIA, 2009).
A Língua de Sinais, língua utilizada pelos surdos como primeira língua para a comunicação, 
sempre existiu, mas não da forma que é hoje. Os surdos sempre se utilizaram de gestos para se 
comunicar, porém, como hoje os sinais formam uma língua, eles foram tomando a forma atual e 
se estruturando para um padrão.
Nesta unidade iremos conhecer um pouco da realidade histórica que construiu a 
comunidade surda passando pela antiguidade até às políticas públicas atuais.
A termologia LIBRAS significa Língua Brasileira de Sinais, que em libras é:
Fonte: A autora.
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1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
Iremos conhecer um pouco sobre marcos da história de Educação dos surdos citadas por 
Nascimento (2006), Veloso e Maia (2009) e Strobel (2009), Sofiato e Reily (2012), dentre outros. 
Há na literatura algumas críticas sobre alguns fatos históricos registrados, porém estes registros 
compõem a origem da cultura surda e são propagados até os dias atuais. 
Na sequência, um quadro com os principais eventos que marcaram o histórico da 
educação dos surdos.
1.1. Idade Antiga
Inicia a história na antiguidade, relatando as conhecidas atrocidades realizadas 
contra os surdos pelos espartanos, que condenavam a criança a sofrer a mesma 
morte reservada ao retardado ou ao deformado: A infortunada criança era 
prontamente asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era lançada de um 
precipício para dentro das ondas. Era uma traição poupar uma criatura de quem 
a nação nada poderia esperar (BERTHIER, 1984, p.165).
4.000a.C. – O surdo era visto como enviado dos deuses no Egito, ou seja, como um 
protegido, mas tinha uma vida inativa e não era educado.
Figura 1: Egito. Fonte: Shutterstock (2016).
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485 a 483 a.C. – O surdo era visto como castigado pelos deuses. O surdo era lançado ao 
mar em oferenda ao deus Teutates, na China. 
480 a 425 a.C. – Os surdos eram incapazes de raciocinar, sendo um incômodo à sociedade 
na Grécia, por isto eram condenados à morte. Em Atenas, eram rejeitados e abandonados nas 
praças públicas e em Esparta eram jogados do alto dos rochedos.
469 a.C. – “Suponha que nós não tenhamos voz ou língua, e queiramos indicar objetos um 
ao outro. Não devíamos nós, como os surdos, fazer sinais com as mãos, a cabeça e o resto do corpo?” 
(Sócrates).
384 a.C. – “...de todas as sensações é a audição que contribuiu mais para a inteligência e 
o conhecimento..., portanto, os nascidos surdos se tornam insensatos e naturalmente incapazes de 
razão” (Aristóteles).
Figura 2: Aristóteles. Fonte: Wikipedia (2018).
1.2. Idade Média
476 d.C. – Os surdos eram tratados indignamente como aberrações na sociedade. Os 
surdos eram proibidos de votar, de receber a comunhão, por não poderem confessar seus pecados, 
ou ao menos receber herança.
483 d.C. – Os surdos eram considerados castigados ou enfeitiçados, por isso eram 
abandonados ou mortos. Alguns eram lançados no rio em Roma. Eram feitos de escravos.
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1.3. Idade Moderna:
1453 – Bartollo Della Marca d’Ancora: advogado e escritor do século XIV, foi o primeiro 
a sugerir a possibilidade de aprendizagem do surdo pela língua de sinais ou pela oralidade.
1500 – Girolamo Cardano: primeiro médico a reconhecer a habilidade do surdo para a 
razão, pois tinha um filho surdo. Ele utilizava a língua de sinais e escrita com os surdos e afirmava 
que o melhor meio para a aprendizagem deles era a escrita. 
Figura 3: Cardano. Fonte: Wikipedia (2018).
1560 – Melchor de Yebra: monge franciscano de Madri, foi o primeiro a escrever um 
livro que descreveu o alfabeto manual da época Refugium Infirmorum. Ele utilizava do alfabeto 
manual com os surdos para facilitar a compreensão de conteúdos religiosos.
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Nos primeiros alfabetos manuais criados, a maioria das letras tinha representação 
bimanual.
Figura 4: Datilologia. Fonte: Google images (2019)
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ENSINO A DISTÂNCIA1579 – O aluno surdo Saboureaux de Fontenay atribuiu o nome “Dactilologia” para o 
alfabeto manual. Assim, a datilologia passou a ser utilizada em vários países, com as adequações 
necessárias para cada língua.
1584 – Pedro Ponce de Léon foi um monge espanhol que estabeleceu a primeira escola 
para surdos em um monastério de Valladolid. Ele foi considerado o primeiro professor oficial de 
surdos que influenciou outros professores para trabalharem com alunos surdos. Era educador de 
filhos de nobres que nasciam com deficiência auditiva, pois caso fossem os primogênitos e não 
falassem não recebiam a herança. Ele utilizava a datilologia, a escrita e a oralização. Criou uma 
escola para professores de surdos.
1620 – Juan Pablo Bonet foi um padre espanhol, educador e pioneiro na educação dos 
surdos. Em 1620 publicou o livro Redução das Letras e Arte de Ensinar a Falar os Mudos em 
Madrid. Propagou o uso do alfabeto manual para auxiliar na leitura dos surdos, entretanto 
afirmava que o surdo deveria falar e proibia o uso de sinais.
Figura 5 - Datilologia. Fonte: Bonet (1620).
1644 – Surgimento do primeiro método de comunicação em sinais entre surdos e ouvintes, 
pelo médico britânico John Bulwer. Ele preconizava a utilização da datilologia, da língua de sinais 
e da leitura orofacial. Acreditava que a língua seria universal e formada apenas por elementos 
icônicos. Além disso, afirmava que a língua de sinais era capaz de expressar os mesmos conceitos 
da língua verbal.
1659 – John Wallis, seguidor das ideias de Bonet, foi considerado o fundador do oralismo 
na Inglaterra, mas desistiu de ensinar o surdo a falar e usava língua de sinais.
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1700 – Johann Conrad Amman, médico suíço que desenvolveu um método pedagógico 
da fala e da leitura labial “Surdos Laquens”. Criou um movimento oralista alemão. Ele considerava 
o surdo infortunado, pouco diferente dos animais. Era contra a língua de sinais, pois alegava 
atrofiar a mente, entretanto, se utilizava da datilologia e sinais para desenvolver a fala.
1755 – Samuel Heinicke, considerado “pai do método alemão”, ou oralismo puro, deu 
início à filosofia oralista. A fala era considerada a única forma de comunicação a ser usada com 
os surdos e os sinais a atrapalhavam.
Figura 6 - Heinicke. Fonte: Wikipedia (2017). 
1759 – Charles Michel L’Epée foi muito importante na história da educação dos surdos, 
pois defendia que a língua de sinais constitui uma linguagem natural para eles e que era 
efetivamente uma forma de comunicação e de desenvolvimento de pensamento. Se interessou 
por surdos carentes e humildes que perambulavam em Paris. Ensinava os surdos em sua própria 
casa por meio da língua de sinais e a gramática francesa sinalizada, chamada de Sinais metódicos. 
Foi muito criticado pelos oralistas. Publicou o primeiro dicionário em sinais. Publicou a obra A 
verdadeira maneira de instruir os surdos, e fundou 21 escolas para surdos na Europa.
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Figura 7 - L’Epée. Fonte: Alamy (2010).
1760 – Foi fundada, por Thmomas Braidwood, a primeira escola para correção da fala 
em Edimburgo, Europa. Eram trabalhadas as palavras escritas – significado e pronúncia, Leitura 
orofacial e alfabeto. Criou a primeira escola para surdos na Inglaterra e para outras crianças 
especiais. As crianças surdas eram separadas das outras crianças especiais.
1846 – Faleceu Jean Massieu, um dos primeiros professores surdos do mundo. Nasceu 
em 1772.
Várias escolas para surdos foram criadas em todo o mundo neste período, em que 
mesclavam a estimulação oral com o ensino dos sinais. Muitos livros foram escritos com o intuito 
de se descobrir mais sobre a deficiência auditiva. Foram importantes neste momento histórico 
para a cultura surda: Abade Roch Sicard (1742-1822), Tommaso Silvestri (1744-1789), Charles 
Green (1785-1870), dentre outros.
1.4. Idade Contemporânea
1802 – Neste momento histórico, a deficiência auditiva passou a ser vista de diferença 
para doença, portanto passível de tratamento. No intuito de descobrir a etiologia desta doença, 
o médico cirurgião e psiquiatra francês, Jean Marc Gaspard Itard, fez residência no Instituto 
Nacional dos Surdos, em Paris. Assim, foram realizados vários estudos com os surdos, dentre 
eles: dissecação de cadáveres de surdos; Aplicação de cargas elétricas nos ouvidos dos surdos; 
Perfuração das membranas timpânicas de alunos surdos (um aluno morreu por este motivo); 
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Experiências e publicação de artigos sobre uma técnica especial para colocar cateteres no ouvido 
de pessoas com problemas auditivos, chamada Sonda de Itard; Fratura do crânio de alguns alunos 
surdos; Infecção em pontos atrás das orelhas deles; Uso de sanguessugas dentro dos ouvidos dos 
surdos. 
Com estes experimentos, muitos surdos sofreram e muitos morreram, uma vez que não 
havia preocupação ética alguma com a vida naquela época. A forma de estimulação que Itard 
acreditava era a oral, iniciou com o treinamento auditivo, por meio da detecção de sons, percepção 
de ritmo, altura, discriminação de vogais e consoantes, dentre outros. Entretanto, a fala não foi 
desenvolvida ainda, o que mudou seu foco para o treino da fala diretamente. Ajudou na produção 
da fala, mas eram como robôs que apenas imitavam, isso porque ele queria transformar o surdo 
em ouvinte. Após 16 anos de tentativas e frustração com a oralização do deficiente auditivo, 
aderiu à ideia de que a língua de sinais poderia ser mais efetiva. Este estudioso trabalhou também 
com outras crianças, como Victor, o garoto selvagem de Averyron, em que também tinha como 
objetivo o trabalho com a fala. Mas também não teve muito êxito.
Figura 8 - Itard. Fonte: Image courtesy of the national library of medicine (2019).
Há relatos na literatura que apontam Itard como um nome muito importante na educação 
especial, é considerado por alguns como Pai da Educação Especial, inclusive há institutos que 
levam o nome dele.
1814 – Thomas Hopkins Gallaudet ficou sensibilizado observando uma menina surda ser 
rejeitada pelas demais crianças, nos Estados Unidos. Foi até a Europa em busca de um modelo 
de escola para surdos, mas, na Inglaterra, onde foi primeiro, só encontrou escolas oralistas. Foi 
quando encontrou, na França, o ensino com a língua de sinais, usada por Sicard. De volta ao 
Brasil, trouxe um professor surdo, Laurent Clerc, que lhe ensinou a língua de sinais francesa e 
Gallaudet lhe ensinou o inglês.
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Em 15 de abril, a primeira escola para surdos foi fundada em Hartford. A partir disso, 
outras escolas também iniciaram seus trabalhos com os surdos.
Figura 9 - Thomas Gallaudet. Berke (2018).
Seu filho, Edward Miner Gallaudet, em 1864, fundou a primeira Universidade Nacional 
para Surdos, em Washington. Ela ainda existe nos dias atuais e é a única no mundo cujos programas 
são desenvolvidos para pessoas surdas, principalmente. A primeira língua da universidade é a 
American Sign Language e o inglês, a segunda.
Figura 10 - Universidade Gallaudet. Fonte: Wikipedia (2013).
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Outras instituições foram criadas neste período. Lewis Weld (1796-1853) e Alexander 
Melville Bell (1819-1905) foram professores de surdos que contribuíram neste processo.
1850 – Alexandre Grahn Bell casou com uma surda, chamada Mabelk Gardiner Hulbard, 
em 1877, e julgava imprecisa a língua de sinais e a julgava ser inferior à fala. Por isso, foi o 
aperfeiçoador de um sistema de amplificação e condução sonora, junto com outras pesquisas 
simultâneas, como a de Meucci, que faleceu durante o processo de patente e foi considerado, 
em 2012, o verdadeiro inventor do telefone. Mas é certo que Grahan Bell contribuiu muito para 
isto. Bem como contribuiu para a revolução do aparelho auditivo,posteriormente realizada por 
Thomas Alva Edison (1886), conhecido principalmente por ser o inventor da luz elétrica, também 
outras mais de 2.000 patentes.
1857 – 26 de setembro, dia nacional do surdo – Surgimento da primeira escola para 
surdos no RJ – INES. 
Seguem as denominações adotadas pelo atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos:
• 1856/1857 – Colégio Nacional para Surdos-Mudos;
• 1857/1858 – Instituto Imperial para Surdos-Mudos;
• 1858/1865 – Imperial Instituto para Surdos-Mudos;
• 1865/1874 – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos;
• 1874/1890 – Instituto dos Surdos-Mudos;
• 1890/1957 – Instituto Nacional de Surdos Mudos;
• 1957/atual – Instituto Nacional de Educação de Surdos.
Figura 11- Instituto Nacional de Educação dos Surdos - INES. Fonte: Campos (2010).
1859 – Durante este processo vários professores adotaram uma postura oralista, como 
Horace Mann (1796-1859) e Samuel Howe (1801-1876). Nos EUA, Howe era contra o casamento 
de dois surdos para diminuir a probabilidade de nascer filhos surdos.
1875 – Criação do primeiro dicionário de Libras. O primeiro documento produzido no 
Brasil para orientar a aprendizagem e a consulta de sinais manuais por pessoas interessadas em 
comunicar-se com surdos foi a Iconografia dos Signaes dos Surdos-Mudos, publicado em 1875, 
criado por iniciativa de Flausino José da Costa Gama, que fora aluno do Imperial Instituto dos 
Surdos-Mudos.
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Figura 12 - Nós. Gama (1875).
1880 – Ocorreu o Congresso de Milão, em 1880, uma conferência internacional de 
educadores de surdos. Havia representantes da França, Itália, Grã-Bretanha, Estados Unidos, 
Canadá, Bélgica, Suécia e Rússia. Apenas um deles era surdo. Depois de deliberações entre 6 e 
11 de Setembro de 1880, o congresso declarou que a educação oralista era mais apropriada que 
a de língua gestual e aprovou uma resolução que, preferencialmente, seria utilizado o uso da 
língua oral nas escolas. Foram retomados princípios aristotélicos que diziam: “...a fala viva é o 
privilégio do homem, o único e correto veículo de pensamento, a dádiva divina, da qual foi dito 
verdadeiramente: a fala é a expressão do pensamento divino”.
Edward Gallaudet defendeu no congresso o bilinguismo, mas não foi ouvido.
Assim, a língua de sinais em todas as suas formas foi totalmente abolida, pois a mesma 
destruía a capacidade de fala dos surdos.
Foi um período que marcou bastante a história de educação dos surdos, um período em 
que a cultura surda vivenciou uma derrocada em suas conquistas.
As resoluções aprovadas no Congresso (1880) foram: 
1- Dada a superioridade incontestável da fala sobre os sinais para reintegrar 
os surdos na vida social e para dar-lhes maior facilidade de linguagem, (este 
Congresso) declara que o método de articulação deve ter preferência sobre os 
sinais na instrução e educação dos surdos.
2- O método oral puro deve ser preferido porque o uso simultâneo de sinais e 
da fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura orofacial e a precisão de 
ideias.
Figura 13 - Ilustração do Congresso de Milão. Fonte: Costa (2011).
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Helen Adams Keller (1880-1968) foi uma escritora, filósofa, conferencista e ativista social 
estadunidense que ficou cega e surda com aproximadamente dois anos de idade. Ela se comunicava 
por sinais e braile. Ela teve uma professora que foi fundamental neste processo, Anne Sullivan. 
Foi um exemplo de superação, mesmo diante de tantos obstáculos, com as privações sensoriais, 
se tornou uma grande personalidade do mundo e faleceu aos 87 anos, em 1968.
Figura 14 - Hellen Keller. Fonte: Nicole (2007).
Após o Congresso de Milão, os surdos passaram a ser vistos como deficientes. Os surdos 
que eram estimulados oralmente e não se desenvolviam eram taxados de deficientes intelectuais. 
Neste período, para a comunidade surda, houve uma grande regressão na comunicação e 
evolução do sujeito surdo enquanto pessoa. Vários congressos foram realizados para se discutir a 
comunicação dos surdos, na maioria deles eram separados surdos e ouvintes.
1960 – William Stokoe, em seus estudos com pais e filhos surdos e ouvintes, concluiu que 
as crianças surdas filhas de pais surdos apresentavam rendimento escolar melhor que as crianças 
surdas filhas de pais ouvintes. Outros estudiosos, como Stevenson (1964) e Meadow (1966), 
encontraram resultados semelhantes. Concluíam, assim, que os sinais ajudavam nas habilidades 
escolares.
1969 – Foi adotada a Comunicação total por Pe. Eugênio Oates, que escreveu um livro 
chamado Linguagem das mãos. A comunicação total abrange todas as formas de comunicação 
para o deficiente auditivo, ou seja, Linguagem oral, Leitura labial, Gestos e alfabeto manual, 
Amplificação sonora e Leitura e escrita.
1971 – O império oralista durou até aqui. Após estudos e evidências de que os sinais não 
eram vilões, mas poderiam ser aliados no desenvolvimento da pessoa surda, o enfoque bilíngue 
passou a ser fortemente utilizado e difundido.
1973 – Foi criado o CENESP – Centro Nacional de Educação Especial. A partir de sua 
criação, o governo deu mais atenção à educação de surdos, trabalho antes delegado às ONGs. 
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1977 – Um grupo de profissionais ouvintes criou uma organização para a reabilitação 
do deficiente auditivo chamada FENEIDA – Federação Nacional de Educação e Integração dos 
Deficientes Auditivos, no RJ.
1981 – Fundada o Centro Educacional para surdos de Maringá – Anpacin –, de caráter 
Bilingue, existente até hoje. Fica localizada em Maringá, no campus da UEM (Universidade 
Estadual de Maringá), no bloco J13, e atende alunos da educação infantil, ensino fundamental e 
médio. Criada para reabilitar alunos com perdas auditivas. Eles saem formados em instrutor de 
Língua Brasileira de Sinais, podem dar aulas de Libras ou trabalhar como tradutor dessa língua, 
além de estarem prontos para ingressar na Universidade. Hoje sofre com falta de professores 
devido ao decreto.
Figura 15 - Símbolo Anpacin. Fonte: Facebook (2011).
1987 – A FENEIDA passa a ser denominada FENEIS (Federação Nacional de Educação 
e Integração dos Surdos). Filiada à Federação Mundial dos Surdos, a FENEIS é uma entidade 
filantrópica, sem fins lucrativos, de apoio à Comunidade Surda. Desde o início, seu maior propósito 
foi divulgar a Libras. A Feneis se envolve em atividades como: encontros, seminários, cursos e 
outros trabalhos, que sempre visaram esclarecer para a sociedade em geral, a importância de 
respeitarem a forma de comunicação da comunidade surda, a sua cultura, bem como sua história 
de evolução enquanto minoria linguística, que luta pelos seus direitos e a verdadeira inclusão do 
surdo na sociedade.
Figura 16 - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Fonte: Feneis (2018).
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1994 – Declaração de Salamanca. O item 19 do item II diz incluso em Linhas de Ação em 
Nível Nacional A Política e Organização:
Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e 
situações individuais. A importância da linguagem de signos como meio de 
comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão 
deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham 
acesso à educação em sua língua nacional de sinais. Devido às necessidades 
particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a educação 
deles pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes 
especiais e unidades em escolas regulares (BR 1994, p. 7).
1996 – Com a nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – algumas 
inovações indicaram melhores perspectivas governamentais e legislativas para a educação de 
surdos. O Projeto de Lei do Senado nº 180, de 2004, que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, estabeleceas diretrizes e bases da educação nacional, fazendo o enquadramento no 
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da oferta da Língua Brasileira de Sinais – 
LIBRAS – em todas as etapas e modalidades da educação básica.
1997 – Primeiro acesso da legenda na TV brasileira, com iniciativa da Rede Globo, do 
Closed Caption. O método mais antigo foi criado nos Estados Unidos, em 1970.
2000 – A lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000 também garante acessibilidade aos surdos 
no que se refere aos meios essenciais de participação social. O Artigo 17 garante que o Poder 
Público deverá promover a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecer mecanismos e 
alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação para garantir o direito de 
acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte 
e ao lazer. O artigo 18 refere que o poder público deverá implementar a formação de profissionais 
intérpretes de língua de sinais para facilitar qualquer tipo de comunicação direta ao surdo. E 
o Artigo 19 refere-se a permitir o uso da língua de sinais ou outra subtitulação para garantir o 
direito de acesso à informação. 
2002 – Lei de LIBRAS: Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua 
Brasileira de Sinais – Libras, segunda língua brasileira.
2005 – Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005: Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de 
abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, 
de 19 de dezembro de 2000. Neste decreto foram abordados direitos ao deficiente auditivo, tais 
como: direito de intérprete na educação bem como a obrigatoriedade da disciplina de Libras 
desde o ensino fundamental até o superior, a necessidade dos profissionais do serviço público, 
saúde e educação terem o conhecimento da língua, direito ao aparelho auditivo, dentre outros.
2006 – Primeira Faculdade de Letras – Libras no Brasil pela UFSC.
2018 – Governador Beto Richa assina decreto 9.014/18 que proíbe reposição de servidores 
do magistério das escolas especiais que saírem de licença, férias ou aposentadoria. 
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Esta foi uma síntese de fatos históricos que marcaram a educação dos surdos, mas 
não parou por aqui. Até hoje a comunidade surda luta por seus direitos e, por conseguinte, já 
conquistou muitas coisas, dentre elas, direito ao intérprete na educação e em lugares públicos e 
privados.
 
Conforme o Decreto 5.626/2005 é considerado “DEFICIENTE AUDITIVO” o 
indivíduo que apresenta limiar auditivo acima de 41dB, ou seja, perda auditiva de 
grau moderado em diante e “SURDO” aquele que, independente do grau de perda 
auditiva, se comunica por língua de sinais.
O termo SURDO-MUDO não é apropriado devido ao vínculo não 
obrigatório da deficiência auditiva a limitações no aparelho 
fonador. O indivíduo com deficiência auditiva não fala pois 
não ouve, assim, considerando as características individuais, 
a fala pode ser desenvolvida por meio de aparelhos auxiliares 
à audição associados à terapia fonoaudiológica.
Figura 17 - Termo não 
apropriado para o surdo. 
Fonte: a autora (2018).
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O Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamenta a Lei no 10.436, de 24 
de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 
18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. A partir dele, muitos direitos 
passaram a ser exercidos, apesar de não estar no formato ideal de inclusão, mas 
foi uma grande conquista da comunidade surda.
Link para acesso: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/
Decreto/D5626.htm>. 
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei que institui a Lei Brasileira de Inclusão da 
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Link para acesso: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.
htm#art112>.
Segue a indicação de três filmes que relatam de forma 
semelhante a educação de uma garota surda-cega por 
meio da língua de sinais. São baseados em fatos reais. 
E um que mostra a atuação profissional de uma surda 
adulta.
1. Filme Black. O filme mostra a história de uma garota 
surdo-cega e seu relacionamento com o professor 
que, mais tarde, desenvolve a doença de Alzheimer. 
A primeira metade do filme é uma adaptação da 
autobiografia de Helen Keller - A História da Minha Vida, 
livro que inspirou o filme O milagre de Anne Sullivan 
(The Miracle Worker).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=y5o6oEOFtaw>.
Figura 18 - Filme Black. Fonte: Bhansal (2012).
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2. Filme O milagre de Anne Sullivan. Baseado na vida 
real de Helen Keller, o filme conta a comovente história 
de Anne Sullivan, uma persistente professora, cuja maior 
luta foi a de ajudar uma menina cega e surda a adaptar-
se ao mundo que a rodeava. O inevitável confronto 
com os pais de Helen, que sempre sentiram pena da 
filha, mimando-a, sem nunca lhe terem ensinado algo 
concreto, é abordado durante o filme.
Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=uvtaTbdcxsE>.
Figura 19 - Filme O Milagre de Anna Sullivan. 
Fonte: Livraria Cultura (2017).
3. Filme A Linguagem do Coração. O filme relata o final 
do século XIX, na França. Marie Heurtin (Ariana Rivoire) 
é uma moça que nasceu cega e surda. Vivendo em seu 
próprio mundo, sem conseguir se comunicar, o pai dela a 
manda para um convento que cuida de crianças surdas. 
Entretanto, devido à falta de condições para tratá-la, a 
madre superiora (Brigitte Catillon) a recusa. Graças à 
insistência da freira Marie Margueritte (Isabelle Carré), 
que diz que pode cuidar dela apesar de seu problema de 
saúde, a madre superiora volta atrás em sua decisão. Só 
que fazer com que Marie aprenda questões básicas de 
higiene e convívio com outras pessoas não é uma tarefa 
nem um pouco fácil.
Figura 20 - A linguagem do Coração.
Fonte: Youtube (2015).
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4. Filme Os filhos do silêncio. Sarah Norman 
(Marlee Matlin) é uma jovem sorrateira que 
trabalha como zeladora em uma escola para 
surdos e com deficiência auditiva, na Nova 
Inglaterra. Um professor novo, enérgico, James 
Leeds (William Hurt), chega à escola e incentiva-a 
a deixar de lado a sua vida insular, aprendendo 
a falar em voz alta. Como ela já usa língua de 
sinais, Sarah resiste às tentativas de James para 
fazê-la falar, mas ela é resistente por causa de 
uma história de estupro. Um interesse romântico 
se desenvolve entre James e Sarah e eles logo 
estão vivendo juntos, embora suas diferenças 
e teimosia mútua eventualmente estiquem a 
relação ao ponto de ruptura. Ele continua querendo que ela fale e ela se sente 
um pouco sufocada em sua presença. Sarah deixa James e vai viver com sua 
mãe distante (Piper Laurie) em uma cidade próxima, se reconciliando com ela 
no processo. No entanto, ela e James, mais tarde, encontram uma maneira de 
resolver suas diferenças.
Disponível em: <https://amenteemaravilhosa.com.br/filhos-do-silencio/>.
<https://www.youtube.com/watch?v=JnjIp4XYSeY>.
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação dos surdos foi fortemente marcada pela repressão durante o período em 
que a ciência ainda não explicava as diferentes causas da deficiência auditiva. Diante do breve 
relato do histórico da educação dos surdos até os dias atuais, percebe-se a grande mobilização 
da comunidade surda em busca de seus direitos, com saldo positivo de leis que amparam e 
beneficiam os surdos e suas diferentes possibilidades de proporcionar comunicação. Esta unidade 
proporcionou uma visão ampla em relação aos eventos que ajudaram na formação da cultura 
surda, isto muito responde quanto à escolha da forma de comunicação de cada um, atrelada à 
experiência de vida e posição social do indivíduo ou do grupo.
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02
SUMÁRIODA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................ 25
1 - AUDIÇÃO HUMANA ................................................................................................................................................. 26
1.1 MECANISMOS DA AUDIÇÃO ....................................................................................................................................27
1.2 ORELHA HUMANA ...................................................................................................................................................27
1.3 PRODUÇÃO DO SOM ...............................................................................................................................................27
1.4 INTERPRETAÇÃO DO SOM AUDÍVEL .................................................................................................................... 29
2. DEFICIÊNCIA AUDITIVA .......................................................................................................................................... 30
2.1 TIPOS DE PERDA AUDITIVA ................................................................................................................................... 30
2.1.1 PERDA AUDITIVA CONDUTIVA ............................................................................................................................ 30
DEFICIÊNCIA AUDITIVA E LINGUAGEM
PROF.A DRA. LIDIANE YUMI SAWASAKI 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
LIBRAS
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2.1.2 PERDA AUDITIVA SENSÓRIO NEURAL OU NEUROSSENSORIAL .................................................................. 30
2.1.3 PERDA AUDITIVA MISTA .................................................................................................................................... 31
2.1.4 DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL ............................................................................... 31
2.2 GRAUS DE PERDA AUDITIVA ............................................................................................................................... 31
2.3 DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO .............................................................................................................................. 33
2.4 INDICADORES DE RISCO PARA A DEFICIÊNCIA AUDITIVA .............................................................................. 33
3 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE SINAIS ............................................................................................. 34
3.1 FORMAS DE COMUNICAÇÃO ............................................................................................................................... 35
3.1.1 COMUNICAÇÃO TOTAL ........................................................................................................................................ 35
3.1.2 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ....................................................................................................................... 35
3.1.3 BILINGUISMO ...................................................................................................................................................... 35
4 - PRINCIPAIS DISPOSITIVOS AUXILIARES À AUDIÇÃO ...................................................................................... 37
4.1 APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL (AASI) .......................................................................... 37
4.2 SISTEMA DE FREQUÊNCIA MODULADA ............................................................................................................ 39
4.3 IMPLANTE COCLEAR ............................................................................................................................................ 39
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................... 42
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INTRODUÇÃO
Esta unidade irá apresentar aspectos anatômicos e funcionais da audição, as especificidades 
e etiologia da deficiência auditiva e os tipos de comunicação adotados pelo indivíduo com 
perda auditiva, o deficiente auditivo ou surdo. Conforme o Decreto nº 5.626 é considerado 
“DEFICIENTE AUDITIVO” o indivíduo que apresenta limiar auditivo acima de 41dB, ou seja, 
perda auditiva de grau moderado em diante e “SURDO” aquele que, independente do grau de 
perda auditiva, se comunica por língua de sinais.
O sistema auditivo é um mecanismo complexo de transmissão sonora que “transporta” 
o som da fonte sonora até o receptor, efetivando a comunicação. A fonte sonora pode ser um 
indivíduo ou um objeto, como uma sirene de ambulância, por exemplo.
A descontinuidade neste percurso, por um motivo qualquer, faz com que o indivíduo 
não ouça ou ouça de maneira incompleta o som produzido. Isso caracteriza a perda auditiva. 
Esta perda auditiva tem suas particularidades, caracterizando maior ou menor dificuldade na 
comunicação.
Diversas são as causas da deficiência auditiva e alguns indicadores podem contribuir na 
identificação da perda auditiva, como a preocupação dos pais com relação à comunicação de seu 
filho e as intercorrências gestacionais. 
Entender sobre o mecanismo auditivo é fundamental no processo de inclusão, para que 
não haja conceitos e tratamentos equivocados sobre o que de fato é a deficiência auditiva, quais as 
limitações, quais as intervenções possíveis e qual a melhor forma de comunicação a ser adotada. 
Espero que aproveitem!
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1 - AUDIÇÃO HUMANA
1.1 Mecanismos da Audição
A produção do som se dá por meio de ondas sonoras (corpos que vibram) de compressão 
e descompressão, que se propagam no ar e na água, chegando ao tímpano (membrana da orelha), 
tendo a onda uma frequência entre 20 e 20.000 Hz, faixa audível ao ser humano. Fora destes 
limites o ouvido humano não é capaz de perceber o som (infra-sons e ultra-sons), diferente de 
outros animais, como cachorro (15 a 50.000Hz), morcego (1.000Hz a 120.000) e golfinho (70 a 
240.000Hz).
Figura 1 - Som – infrassom - ultrassom. Fonte: UFSM (2016).
 A onda sonora pode ser observada no esquema abaixo, na qual ʎ= comprimento de 
onda, entre dois picos ou dois vales (amplitude da onda):
Figura 2 - Comprimento de onda sonora. Fonte: Miranda-Vilela (2018).
A onda sonora passa por três transformações de energia, iniciando pela sonora, passando 
pela mecânica, hidráulica e finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam 
ao cérebro.
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1.2 Orelha Humana
 A orelha é o primeiro receptor humano responsável pela audição. Ela é dividida em três 
partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. A orelha externa é composta por pavilhão 
auricular, meato acústico externo (MAE) e tímpano. A orelha média tem início no tímpano, é 
mediada pelos ossículos, menores ossos do corpo humano (martelo, bigorna e estribo). O último 
osso da cadeia ossicular, o estribo, está acoplado a uma fina membrana chamada janela oval. A 
orelha interna se encontra no osso temporal do crânio e é formada pela cóclea, vestíbulos e canais 
semicirculares.
1.3 Produção do Som
Após a passagem do som do meio reverberante ar, o som é conduzido para a orelha 
externa por meio do pavilhão auricular, que capta e canaliza as ondas para o MAE, chegando até 
a membrana timpânica, fazendo-a vibrar (a pressão e a descompressão alternadas do ar adjacente 
à membrana provocam o deslocamento para frente e para trás); que por sua vez faz vibrar os 
ossículos da orelha média, suspensos por meio de ligamentos que funcionam como alavancas, 
aumentando a força das vibrações mecânicas e, por isso, agindo como amplificadores das vibrações 
da onda sonora. Assim, o tímpano vibracom a mesma frequência da onda, transformando as 
vibrações sonoras em vibrações mecânicas, chegando até a janela oval. De lá, vai transmitindo o 
som para o líquido coclear, já na orelha interna. Dessa forma, a energia mecânica é convertida 
em energia hidráulica.
À medida que cada vibração sonora penetra na cóclea, a janela oval move-se para dentro, 
lançando o líquido da escala vestibular para dentro da cóclea. A pressão aumentada na escala 
vestibular desloca a membrana basilar para dentro da escala timpânica; isso faz com que o líquido 
dessa câmara seja empurrado na direção da janela oval, provocando, por sua vez, o arqueamento 
dela para fora. Assim, quando as vibrações sonoras provocam a movimentação do estribo para 
trás, o processo é invertido, e o líquido, então, move-se na direção oposta através do mesmo 
caminho, e a membrana basilar desloca-se para dentro da escala vestibular. No interior da cóclea, 
além do líquido, há uma membrana repleta de células sensoriais ciliadas que se agrupam no 
órgão de Corti. Sobre o órgão de Corti há a membrana tectórica, que se apoia sobre os cílios das 
células sensoriais. Esses impulsos que estimulam os cílios são transmitidos por meio do nervo 
coclear até os centros auditivos do tronco encefálico e córtex cerebral, assim, a energia hidráulica 
é convertida em energia elétrica. Na cóclea ocorre um fenômeno chamado ressonância que 
permite que cada frequência sonora faça vibrar uma parte diferente da membrana basilar.
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A divisão da orelha em três partes pode ser vista no desenho a seguir
Figura 3 - Orelha humana. Fonte: Nishida et al (2019).
A intensidade de um som é determinada pela intensidade de movimento das fibras 
basilares. Assim, a perda auditiva, causada por nível de pressão sonora elevado ou ruído, é gerada 
pelo nível de exposição relacionado ao tempo da atividade. A seguir uma ilustração de quanto 
tempo se pode ficar exposto ao ruído contínuo de acordo com a intensidade.
Figura 4 - Tempo máximo de exposição ao ruído. Fonte: Gardenal (2013).
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Sinais frequentes de perda auditiva em crianças: 
• Não reação a sons de forte intensidade como: batidas de portas, buzinas, 
apitos, músicas.
• Não reação quando chamado;
• Susto ao ouvir sons fortes;
• Imitação dos sons que ouve ou brincadeira com a própria voz;
• Atraso na fala (com um ano a criança já deve falar palavras isoladas).
Sinais frequentes de perda auditiva em adultos:
• Pede-se para repetir várias vezes ou isola-se socialmente;
• Dificuldade para ouvir em ambientes barulhentos;
• Zumbidos;
• Aumento do volume da TV e rádio; Sensação de ouvido tampado, pressão ou 
estalo no ouvido;
• Irritabilidade;
• Fingir que entendeu o que foi conversado, tendo dificuldade em admitir a perda 
auditiva e procurar ajuda;
• Evitar situações comunicativas;
• Dificuldades de ouvir ao telefone.
Todos estes são indícios que servem como sinais de alerta para que seja procurado 
um médico Otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo, que devem realizar a 
avaliação clínica e audiológica completas.
Fonte: adaptado de [http://www.amigosdaaudicao.com.br/sintomas-da-perda-
auditiva.php]
1.4 Interpretação do Som Audível
 
Quando se diagnostica um indivíduo com perda auditiva há um protocolo a ser realizado 
caso este opte por uma minimização da perda auditiva, com os dispositivos auxiliares à audição. 
Este indivíduo necessitará de terapia fonoaudiológica para aprender ou reaprender a ouvir.
Entretanto, quando se há a integridade periférica da audição, ou seja, há um bom 
funcionamento de estruturas de orelha externa à orelha interna, o indivíduo não está isento de 
uma dificuldade de interpretação do som audível. Neste caso, não se trata de uma perda auditiva 
em si, mas de um distúrbio do processamento auditivo central (DPAC) que gera dificuldades 
em habilidades para interpretar o som que se ouve. O DPAC é marcado por afetar as vias 
centrais da audição humana, ou seja, as áreas cerebrais relacionadas às habilidades auditivas e de 
interpretação das informações sonoras. Na maior parte dos casos, o sistema auditivo periférico 
(tímpano, cóclea, nervo auditivo) encontra-se totalmente preservado. A principal consequência 
do distúrbio está no processamento das informações captadas pelas vias auditivas. Assim, a 
pessoa ouvirá claramente a fala humana, mas terá dificuldades em decodificar e interpretar a 
mensagem recebida. 
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O Sistema Auditivo Central está relacionado às seguintes habilidades: atenção seletiva, 
discriminação, localização, reconhecimento do som, compreensão, integração (integrar o som 
aos outros órgãos dos sentidos) e memória auditiva e pode-se caracterizar atingindo de forma 
isolada uma destas habilidades, bem como pode atingir várias delas, de diferentes maneiras 
(MANGILI, 2014). 
As causas mais comuns do DPAC são por origem genética, lesões cerebrais por anóxia 
ou traumatismo craniano, presença de outros distúrbios neurológicos, atraso maturacional das 
vias auditivas do Sistema Nervoso Central ou por envelhecimento natural do cérebro. Por isso, 
a maior parte dos diagnósticos é feita em crianças e idosos. Os principais sintomas que podem 
ser percebidos em grande parte dos casos são: a presença de zumbidos ou alucinações auditivas, 
dificuldade para ouvir em ambientes ruidosos, dificuldade em acompanhar informações 
auditivas complexas e em localizar fontes sonoras, falta de interesse por música e extrema 
desatenção auditiva. Particularmente em crianças o DPAC se manifesta através de dificuldades 
de concentração, memorização, aprendizagem, leitura, escrita e também pela troca de fonemas, 
e pode vir acompanhado de outros distúrbios, como o Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade (TDAH) (MANGILI, 2014).
 
2 - DEFICIÊNCIA AUDITIVA
2.1 Tipos de Perda Auditiva
A perda auditiva caracteriza-se como um rebaixamento do limiar auditivo. Em adultos 
ouvintes, este limiar não pode ultrapassar 25dB. A partir de 26dB em qualquer frequência é 
considerada perda auditiva. Ela pode ser congênita ou adquirida, bilateral ou unilateral, simétrica 
ou assimétrica. 
Em crianças existem basicamente quatro tipos de perda auditiva: condutiva, sensório 
neural, mista e central, sendo que as três últimas são consideradas irreversíveis.
2.1.1 Perda auditiva condutiva
Este tipo de perda auditiva geralmente é reversível. Apresenta um perfil audiológico com 
limiares auditivos rebaixados e via óssea com limiares auditivos normais, com a presença de um 
gap aéreo-ósseo igual ou maior a 15 dB. É considerado perda auditiva condutiva quando existe 
algum impedimento na passagem do som nas orelhas externa e/ou média, como: infecções de 
ouvido, tampões de cera, perfuração de membrana timpânica, dentre outros. Entretanto, existem 
casos em que esta perda é permanente, como em uma malformação do ouvido. Por exemplo, 
algumas crianças podem nascer sem o conduto auditivo ou sem os ossículos da orelha.
Este tipo de perda auditiva pode ser tratada, na maioria das vezes, com medicamentos ou 
até mesmo cirurgias.
2.1.2 Perda auditiva sensório neural ou neurossensorial
Esta perda é permanente. Com ela, o indivíduo apresenta vias aéreas e ósseas rebaixadas 
sem gap. A lesão ocorre a nível de orelha interna ou nervo coclear. A perda auditiva causada por 
ruídos intensos é um exemplo do tipo sensório neural.
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2.1.3 Perda auditiva mista
Neste caso há a associação da perda condutiva à perda sensório neural, ou seja, 
rebaixamento de ambas as vias, aérea e óssea, com a presença de gap. Pode ser encontrada em 
indivíduos com perda sensório neural que desenvolveu otite ou em crianças com malformação 
de orelha, que por um traumatismo craniano tenha gerado uma lesão de orelha interna, por 
exemplo.
2.1.4 Distúrbiodo processamento auditivo central
Este tipo de alteração pode se localizar a partir do tronco cerebral até as regiões 
subcorticais e córtex cerebral. Estas alterações são mais raras em crianças e difíceis de serem 
detectadas em crianças pequenas.
 
2.2 Graus de Perda Auditiva
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2014), os graus da perda auditiva são 
pesquisados nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz e classificados da seguinte maneira:
Grau de perda auditiva Média entre as frequências de 500, 1K, 2k, 4kHz Desempenho
Audição normal 0 – 25 dB Nenhuma ou pequena dificuldade; capaz de ouvir cochichos
Leve 26 – 40 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em volume normal a um metro de distância
Moderado 41 – 60 dB Capaz de ouvir e repetir palavras em volume elevado a um metro de distância
Severo 61 – 80 dB Capaz de ouvir palavras em voz gritada próximo à melhor orelha
Profundo >81 dB Incapaz de ouvir e entender mesmo em voz gritada na melhor orelha
 Quadro 1 - Grau de perda auditiva. Fonte: OMS (2014). 
 
Quanto maior o grau da perda, maior o comprometimento auditivo. Além destes, o 
indivíduo pode apresentar ausência total da audição, caracterizando a “anacusia”.
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A seguir a ilustração dos principais sons ambientais existentes, localizados 
graficamente de acordo com a frequência e intensidade geralmente encontrados 
comparados à um audiograma normal:
Figura 5: Banana da fala. Fonte: Freire (1993).
A classificação de perda auditiva para crianças é diferente dos adultos. Conside-
ram-se os seguintes valores para a média das frequências da fala: normal de 0 a 
15 dB, perda mínima de 16 a 25 dB; perda leve 26 a 40 dB; perda moderada de 41 
a 70 dB; perda severa de 71 a 90 dB (NORTHERN, DOWNS, 1991).
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2.3 Diagnóstico Audiológico
O diagnóstico audiológico é realizado por meio de testes subjetivos que dependem da 
resposta do paciente, tais como Audiometria e Logoaudiometria e testes objetivos, que não 
dependem da resposta do paciente, como: Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico 
(PEATE), Imitanciometria e Emissões otoacústicas (EOA).
O Teste da Orelhinha é realizada por meio das Emissões Otoacústicas Evocadas, de 
acordo com a Lei 12.303 que diz respeito à Triagem Auditiva Neonatal (BRASIL, 2010).
2.4 Indicadores de Risco para a Deficiência Auditiva
Muitos são os fatores causais da deficiência auditiva, segundo as diretrizes de atenção da 
Triagem Auditiva Neonatal (2012) do Governo Federal, que está em consonância com o Comitê 
Americano de Perdas Auditivas na Infância (JCIH, 2007) e o Comitê Multiprofissional em Saúde 
Auditiva do Brasil – COMUSA (LEWIS et al., 2010).
São considerados neonatos ou lactentes com indicadores de risco para deficiência auditiva 
(IRDA) aqueles que apresentarem os seguintes fatores em suas histórias clínicas:
• Preocupação dos pais com o desenvolvimento da criança, da audição, fala ou linguagem;
• Antecedente familiar de surdez permanente, com início desde a infância, sendo assim, 
considerado como risco de hereditariedade. Os casos de consanguinidade devem ser incluídos 
neste item. 
• Permanência na UTI por mais de cinco dias, ou a ocorrência de qualquer uma das seguintes 
condições, independentemente do tempo de permanência na UTI: ventilação extracorpórea; 
ventilação assistida; exposição a drogas ototóxicas, como antibióticos aminoglicosídeos e/
ou diuréticos de alça; hiperbilirrubinemia; anóxia perinatal grave; Apgar Neonatal de 0 a 4 no 
primeiro minuto, ou 0 a 6 no quinto minuto; peso ao nascer inferior a 1.500 gramas. 
• Infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis, HIV). 
• Anomalias craniofaciais envolvendo orelha e osso temporal. 
• Síndromes genéticas que usualmente expressam deficiência auditiva (como 
Waardenburg, Alport, Pendred, entre outras). 
• Distúrbios neurodegenerativos (ataxia de Friedreich, síndrome de Charcot-Marie-
Tooth). 
• Infecções bacterianas ou virais pós-natais, como citomegalovírus, herpes, sarampo, 
varicela e meningite.
•Traumatismo craniano. 
• Quimioterapia.
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3 - DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DE SINAIS
Segundo Petitto (1988), o processo de aquisição das línguas de sinais apresenta os 
mesmos estágios das línguas orais. Nas 30 primeiras semanas, os bebês surdos e os bebês 
ouvintes produzem vocalizações semelhantes com choros, gorjeios e gritos, pois neste momento 
não realizam imitações (LACERDA & NASCIMENTO, 2017). Após este período, os pais dos 
bebês ouvintes atribuem significado aos sons e eles se tornam palavras e posteriormente signos 
linguísticos, já os bebês surdos iniciam os balbucios manuais e inicia-se a comunicação gestual 
(KARNOPP, 1999, 2004). 
A evolução dos sinais, de acordo com a autora citada, se dá da seguinte forma:
IDADE (ANOS E MESES) NÚMERO DE SINAIS PRODUZIDOS
1,1 4
1,5 12
1,9 28
2,1 49
2,5 81
Tabela 1 - Idade de aquisição dos sinais. Fonte: Karnopp (2004).
No processo de aquisição da língua de sinais, inicialmente, a criança utiliza apenas sinais 
isolados, posteriormente passa a combinar sinais em sentenças simples e vão aumentando a 
complexidade.
Da mesma forma que a criança ouvinte inicia a fala com imprecisão articulatória, a 
criança surda também apresenta imprecisão nos sinais, que vão sendo aperfeiçoados pelo adulto. 
Inicialmente, os apontamentos e imitações são muito comuns (PIZZIO, QUADROS, 2011). 
Petitto (1988), em sua pesquisa, descobriu que as crianças surdas, por volta dos 2 anos, produzem 
erros de reversão pronominal semelhante ao que fazem as crianças ouvintes quando trocam os 
pronomes “eu” e “você”. Klima e Bellugi (1979) verificaram que as crianças surdas apresentam 
dificuldades com verbos direcionais no processo de aquisição e compararam com a aquisição das 
crianças ouvintes quando falam “sabo” ao invés de “sei” e “pegui” ao invés de “peguei”.
As sentenças são formadas da seguinte forma: 
Aos dois anos a criança exposta precocemente aos sinais produz emissões de dois sinais 
com alguma relação semântica, como sujeito + verbo e verbo + objeto (KARNOPP, 2004). 
Aos três anos a criança passa a realizar enunciados de três ou mais sinais, até aos cinco 
anos produzir uma expressão semelhante à do adulto. E, semelhante ao adulto ouvinte, aperfeiçoa 
sua comunicação até o fim da vida (LACERDA & NASCIMENTO, 2017).
Vale ressaltar que a criança não exposta precocemente à língua poderá ter prejuízos 
na aquisição da linguagem, como uma criança ouvinte que não é estimulada precocemente. 
Entretanto, segundo as autoras citados, muitas vezes, a estimulação acontece de forma tardia 
com os sinais, visto que geralmente a prioridade é a linguagem verbal. As autoras ainda relatam 
em seus estudos a importância da estimulação bilíngue desde o início, para assim, minimizar 
os prejuízos da aquisição de alguma das línguas em questão. Quadros (2012) ainda relata a 
colaboração que a língua de sinais pode ter na aquisição da linguagem oral.
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3.1 Formas de Comunicação 
3.1.1 Comunicação total
A forma de comunicação mais utilizada na década de 60 foi um modelo misto, denominado 
Comunicação total, que voltou a valorizar a língua de sinais impedida por mais de um século.
Este meio de comunicação inclui todas as formas já utilizadas antes pelos indivíduos 
surdos, tais como: gestos naturais criados pelas crianças, língua de sinais, oralidade, leitura 
orofacial (LOF), alfabeto manual (datilologia), leitura e escrita.
Atualmente as formas de comunicação mais comuns utilizadas pelo deficiente auditivo 
são: Língua de Sinais (Libras, no Brasil) e Língua Portuguesa (oral e/ou escrita) ou ainda a 
associação das duas, caracterizando o Bilinguismo.
3.1.2 Língua Brasileira de Sinais
Cada país tem sua língua materna acompanhadada sua língua de sinais própria. Por 
exemplo, no Brasil, além do Português, existe a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como segunda 
língua.
A Libras teve sua origem baseada na Língua Francesa de Sinais, com influência da cultura 
local, é claro. É uma língua de modalidade gestual-visual com estrutura própria, expressões 
regionais e é composta de elementos semelhantes à língua oral, tais como: gramática, semântica, 
pragmática, sintaxe, dentre outros. Por meio dela os surdos podem se comunicar expressando 
ideias simples ou complexas.
Além da Libras, existe o alfabeto manual que auxilia na soletração de palavras do 
Português. Cada letra possui uma soletração própria com a mão
3.1.3 Bilinguismo
O Bilinguismo, como o próprio nome diz, é a associação das duas línguas, sendo a língua 
de sinais a primeira língua ou língua materna, considerada a língua natural dos surdos e, como 
segunda língua, a língua oficial do país, no caso do Brasil, o Português. 
 Esta associação de línguas surgiu devido à necessidade de inclusão escolar e comunicação 
com a sociedade ouvinte que ainda não conhece a língua de sinais e tem sido bastante utilizada 
nos dias atuais.
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Figura 6 - Bilinguismo. Fonte: AEE UFC (2013).
Para que o deficiente auditivo desenvolva a linguagem oral, seja ela associada ou não à 
comunicação gestual, é necessário, além do apoio familiar, que se utilize de dispositivos auxiliares 
à audição associado à terapia fonoaudiológica, a fim de que o indivíduo aprenda a ouvir e entender 
os sons.
Assim, iremos estudar a seguir um pouco sobre estes dispositivos que auxiliam na 
compreensão e produção da fala do deficiente auditivo.
A Libras é um precursor da construção da identidade surda, na qual um grupo de 
pessoas, que tem Libras como primeira língua, faz parte. Este grupo é chamado 
de comunidade surda, conforme a Lei 10.436 (BRASIL, 2002), e de povo surdo, 
de acordo com uma escritora surda de grande influência no Brasil, Karin Strobel 
(STROBEL, 2007). A identidade surda, de acordo com Kumada (2016), pode ser 
dividida em:
1- Identidade surda: indivíduos que se utilizam de experiências visuais e da 
Libras desde muito cedo e estão ativamente envolvidos na militância surda.
2- Identidade surda híbrida: indivíduos que nasceram ouvintes e desenvolveram 
uma perda auditiva. A primeira língua ainda é o Português, devido a experiências 
anteriores, mas agregaram a Libras na sua comunicação.
3- Identidade surda de transição: indivíduos que receberam grande influência 
dos ouvintes, mas foram posteriormente inseridos na comunidade surda.
4- Identidade surda incompleta: indivíduos que vivem sobre a influência da 
cultura ouvinte e tenta se igualar a estes membros.
5- Identidade surda flutuante: indivíduos que se manifestam a partir da 
hegemonia dos ouvintes. Tem o desejo de ser “ouvintizados”, desprezando e 
negligenciando a cultura e a comunidade surda.
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4 - PRINCIPAIS DISPOSITIVOS AUXILIARES À AUDIÇÃO
4.1 Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI)
Uma proposta primária de (re)habilitação auditiva é o AASI. Trata-se de um aparelho que, 
por meio de amplificadores, melhora o limiar auditivo dos indivíduos com deficiência auditiva, 
ou seja, amplifica sons de fala e sons ambientais de acordo com cada necessidade. 
Um AASI é basicamente formado por: receptor, microfone, amplificador e pilhas e pode 
ser regulado para amplificar sons específicos. Atualmente existem vários tipos de AASI, que 
variam de acordo com o tipo e grau de perda auditiva que já vimos na aula anterior. 
Existem vários tipos de AASI, assim, cada perfil audiológico terá um tipo específico de 
AASI ou regulagem. Existem aparelhos do tipo intra canal ou intra auricular, que são inseridos no 
Meato Acústico Externo (MAE) e aparelhos retro auriculares, que são inseridos atrás da orelha. 
Antigamente, os aparelhos eram analógicos, ou seja, eram regulados por meio de chaves 
manuais. Atualmente, a maioria dos aparelhos comercializados são digitais, ou seja, programados, 
de acordo com a perda auditiva, por meio de softwares no computador. Um aparelho pode 
apresentar microfonia, percebida pelas pessoas que estão ao seu redor. Esta pode ser causada por: 
controle de volume alto, molde folgado ou mal inserido, molde sujo ou inadequado, tubo plástico 
partido, diâmetro amplo de ventilação, microfonia interna ou acúmulo de cerume no meato.
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Historicamente uma das primeiras formas de amplificação sonora foi por meio 
da “mão em formato de concha” capaz de amplificar muito pouco o som recebido 
pelo pavilhão auricular.
Figura 7 - Mão em concha. Fonte: Ceong (2013).
Com o passar do tempo, o AASI foi sendo desmistificado e passou a ser utilizado 
como um acessório, na qual o usuário poderá escolher, dependendo do modelo, a 
cor que melhor combina com seu estilo, conforme a figura a seguir.
Figura 8 - Aparelhos Auditivos. Fonte: Gonçalves (2014).
Quando bilaterais, as perdas auditivas podem ser simétricas ou assimétricas, conforme 
já vimos na Unidade anterior. É possível que um indivíduo queira utilizar apenas um AASI, 
mesmo em uma perda bilateral. Entretanto, sabe-se que há várias vantagens de se utilizar dois 
aparelhos, exceto em contraindicações, tais como: melhor localização do som, somação binaural, 
eliminação do efeito sombra da cabeça, habilidade em separar som do ruído ambiental, melhor 
reconhecimento de fala na presença do ruído, dentre outros.
Uma das maiores queixas do usuário de AASI é o desconforto auditivo frente a sons 
de forte intensidade. O sistema auditivo normal possui compressores naturais que entram em 
funcionamento quando sons de intensidade diferentes são captados por ele, o que dá proteção para 
sons de forte intensidade, chamado de compressor do músculo estapédio ou reflexo estapediano; 
e o compressor coclear ou da membrana basilar, que permite uma melhor percepção dos sons da 
fala, uma área de compressão mais ampla, fornecendo um maior ganho para sons fracos e menor 
para sons fortes, garantindo, assim, um conforto e audibilidade para todos os sons. 
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Quando há uma lesão coclear e de CCE e CCI, além dos compressores não exercerem suas funções 
de forma eficaz, a comunicação com o cérebro poderá estar comprometida e poderá existir uma 
alteração na sensação da intensidade, propiciando o aparecimento de sinais de hipersensibilidade 
auditiva para sons que não são fortes o suficiente para provocar este tipo de sensação.
 
 4.2 Sistema de Frequência Modulada
O Sistema de frequência modulada (FM) surgiu para se minimizar os efeitos do ruído de 
fundo de uma sala de aula, por exemplo, amplificando apenas a fala do professor. Trata-se de um 
complemento da adaptação do AASI e/ou IC que ajuda na compreensão da informação auditiva 
na presença de ruído competitivo, como as conversas paralelas à fala do professor em uma sala 
de aula.
Figura 9 - Sistema FM. Fonte: Phonak (2019).
 
 4.3 Implante Coclear
Existem várias tecnologias implantáveis para a reabilitação auditiva, tais como o Implante 
Coclear (IC), o Implante de Tronco, implantes de orelha média, dentre outros. Trataremos aqui 
apenas do IC, tecnologia mais comum utilizada.
Este dispositivo trata-se de uma prótese computadorizada, composta por um componente 
interno e outro externo. É capaz de substituir parcialmente o órgão sensorial da audição, 
fornecendo impulsos elétricos para estimular as fibras neurais remanescentes da cóclea. Seu uso 
pode ser associado ao AASI, ser uni ou bilateral.
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Figura 10 - Implante Coclear. Fonte: Clarin (2014).
O Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil, disponibiliza o AASI e o IC para 
indivíduos com perdaauditiva, considerando alguns critérios. Atualmente, por 
meio da Portaria nº 1.274, de 25 de junho de 2013, na tabela de Procedimentos, 
Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS garante também 
o uso do Sistema de FM, um importante passo na acessibilidade acadêmica das 
crianças desde a sua inclusão (BRASIL, 2013).
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Min e as mãozinhas foi lançado em outubro de 2018 pelo brasileiro Paulo Henrique 
dos Santos (27 anos), que teve dificuldade em se comunicar com uma jovem 
surda em uma festa. O desenho está disponível exclusivamente em Libras e terá 
13 episódios, que ainda estão sendo finalizados. 
Desenho animado em Libras: <https://www.youtube.com/watch?v=zNCczm3jzgo>.
Diretrizes de atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Disponível 
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_triagem_
auditiva_neonatal.pdf>.
Acesso em: 23 nov. 2018.
Você já imaginou o quanto uma criança surda ficaria feliz em assistir um desenho 
em Libras? E mais, que ele possa ensinar a língua para aqueles que ainda não 
sabem? Então assista ao vídeo indicado:’
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5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade foram abordados aspectos acústicos e funcionais do sistema auditivo, 
bem como as estruturas anatômicas e as diferentes formas de interpretação do som. Além disso, 
foi possível conhecer as principais formas de comunicação dos deficientes auditivos, bem como 
conhecer os principais dispositivos auxiliares à audição que ajudam na (re)habilitação auditiva 
para a comunicação oral, associada ou não à comunicação gestual. É importante que todos os 
profissionais que trabalhem direta ou indiretamente com deficientes auditivos e surdos tenham o 
conhecimento básico sobre as características da perda auditiva, para que a inclusão de fato ocorra 
em todos os lugares. 
Espera-se que esta Unidade tenha esclarecido um pouco sobre a deficiência auditiva e 
suas variáveis para somar no trabalho com o indivíduo surdo ou deficiente auditivo. Foi um 
prazer poder relacionar as características audiológicas do indivíduo surdo a um pouquinho da 
sua cultura e história, que muito contribui para a evolução dos estudos nesta área.
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 45
1 - MITOS SOBRE A LÍNGUA DE SINAIS ................................................................................................................... 46
2 - DATILOLOGIA ......................................................................................................................................................... 49
2.1. CONVENÇÕES NA ESCRITA DOS SINAIS ............................................................................................................51
3 - UNIDADES MÍNIMAS ............................................................................................................................................ 52
3.1. CONFIGURAÇÕES DE MÃO .................................................................................................................................. 52
3.2. PONTO DE ARTICULAÇÃO ................................................................................................................................... 53
3.3. MOVIMENTO ........................................................................................................................................................ 54
3.4. ORIENTAÇÃO ........................................................................................................................................................ 54
ASPECTOS LINGUÍSTICOS E
GRAMATICAIS DOS SINAIS
PROF.A DRA. LIDIANE YUMI SAWASAKI 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
LIBRAS
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3.5. DIREÇÃO ............................................................................................................................................................... 57
3.6. EXPRESSÕES NÃO MANUAIS ............................................................................................................................ 58
4 - ASPECTOS ESTRUTURAIS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: VERBOS .................................................... 59
4.1. VERBOS DE LIGAÇÃO ........................................................................................................................................... 60
4.2. TIPOS DE VERBOS ................................................................................................................................................61
5 - CLASSIFICADORES ................................................................................................................................................ 62
6 - ASPECTOS ESTRUTURAIS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: .................................................................... 65
6.1. NEGAÇÃO ............................................................................................................................................................... 65
6.1.1. VERBOS COM MOVIMENTO CONTRÁRIO À AFIRMAÇÃO (INCORPORAÇÃO DA NEGAÇÃO): .................... 65
6.1.2. VERBOS COM ACRÉSCIMO DO SINAL NÃO (PROIBIDO): ............................................................................. 65
6.1.3. FRASES COM VERBO OCULTO NA NEGATIVA: ............................................................................................... 66
6.2. ICONICIDADE ....................................................................................................................................................... 66
6.3. ARBITRARIEDADE ................................................................................................................................................ 67
6.4. SINAIS SIMÉTRICOS ........................................................................................................................................... 67
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................... 70
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INTRODUÇÃO
A deficiência auditiva é mais comum do que se imagina. Segundo o senso de 2010, é 
o terceiro tipo de deficiência mais encontrado, ficando apenas atrás da deficiência visual e da 
motora, conforme o gráfico a seguir:
Tabela 1 - Percentual da população com deficiência. Fonte: IBGE (2010).
Dessa forma, é muito importante que os profissionais das diversas áreas, como saúde, 
tecnologia, humanas, exatas, etc. conhecerem um pouquinho da língua natural do surdo, ou 
seja, aquela que pode ser aprendida sem qualquer intervenção não natural, como aparelhos de 
amplificação sonora individual (AASI), implante coclear ou outros.
Nesta unidade será tratado sobre a língua em si, sobre a formação dos sinais. Aqui 
também será possível extinguir alguns mitos sobre a língua de sinais, comumente conhecidos 
pela comunidade ouvinte leiga.
Devido à falta de informação há muitos mitos que permeiam a comunidade surda 
e a população leiga acaba assumindo como verdade. Apresentaremos alguns deles para um 
aprofundamento no assunto.
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1 - MITOS SOBRE A LÍNGUA DE SINAIS
I- A língua é formada apenas pelas letras realizadas pelas mãos (GESSER, 2009). Sabe-se 
que a língua de sinais é formada por sinais e não apenas por configurações de mãos, que são parte 
deles. Além disso, há movimentos, posições adequadas, associações de configurações de mãos, 
direcionalidade, expressões faciais, lugares apropriados para realizar os sinais etc.
II- A língua de sinais é universal, ou seja, todos os países têm uma língua de sinais comum 
(QUADROS & KARNOPP, 2004, SILVA & KUMADA, 2013). Cadapaís tem sua língua de sinais 
própria, com algumas semelhanças que advém da língua que influenciou na sua formação. Como 
na língua francesa que influenciou a americana, hoje há menos de 30% de semelhança entre elas 
(QUADROS & KARNOPP, 2004). Há uma forma de comunicação universal, que não é uma 
língua natural, chamada gestuno, que facilita a comunicação entre surdos de diferentes países, 
mas não é muito difundida e é artificial, de acordo com Choi et al. (2011). Ela tem um objetivo 
semelhante ao esperanto, língua internacional oral, falada em 120 países (WIKIPEDIA, 2018).
III- A Língua Brasileira de Sinais é utilizada igualmente em todo o país (SILVA KUMADA, 
2013). Há diferenças regionais na Libras; como há dialetos diferentes na língua oral, assim também 
na língua de sinais, de acordo com a cultura da região.
IV- As línguas de sinais são apenas representações do que se quer dizer, como se fossem 
mímicas de objetos concretos (QUADROS & KARNOPP, 2004; CHOI et al., 2011). Há sinais que 
fazem parte da língua e que se parecem com mímicas pois se parecem com o que representam, 
como casa. Entretanto, há sinais que são diferentes, como estudar, que é difícil imaginar que este 
verbo representa o ato de estudar.
V- A língua de sinais inibe a fala. Alguns profissionais defensores da língua oral acreditam 
que a Libras pode inibir a fala, assim como a comunicação alternativa pode inibir a fala quando 
utilizada. Hoje sabe-se que, pelo contrário, uma forma pode auxiliar a outra. 
VI- A língua de sinais é inferior à língua oral do país (CHOI et al., 2011; QUADROS & 
KARNOPP (2004).
VII- Hemisfério cerebral mais estimulado é o direito devido à língua de sinais ser 
organizada espacialmente, e não o esquerdo, responsável pela linguagem (BELLUGI; POIZER; 
KLIMA, 1989).
Devido à falta de conhecimento, há muitos fatores que prejudicam a comunicação com a 
pessoa com surdez. Seguem algumas dicas dos autores surdos, Veloso e Maia (2009).
• Evitar falar de costas, de lado ou com a cabeça baixa;
• Olhar para o surdo enquanto fala, o contato visual é muito importante;
• Falar pausadamente, com movimentos labiais bem definidos, para que ele possa 
compreender;
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• Falar naturalmente, sem alterar o tom ou intensidade de voz ou exceder nas articulações, 
pois isto pode passar uma mensagem equivocada da intenção;
• A leitura orofacial se torna mais difícil se tem qualquer objeto na frente dos lábios;
• Um ambiente claro e boa visibilidade são importantes para um bom entendimento;
• Ser expressivo, pois a expressão facial auxilia a comunicação;
• Para chamar a atenção, sinalizar com as mãos, movimentando-as no campo visual dele 
ou tocar gentilmente em seu braço;
• Se apresentar dificuldades em compreender o que a pessoa surda está falando, ser 
sincero e dizer que não compreendeu, em seguida pedir para a pessoa repetir o que falou;
• Se você ainda não entender, pedir-lhe para escrever.
• Utilizar avisos visuais sempre que for possível, eles são muito úteis para os surdos.
• Se souber alguma língua de sinais, usá-la, caso o surdo não entenda, irá avisá-lo. Ele 
ficará feliz até mesmo com a tentativa.
• Desviar o olhar do surdo na comunicação, pode fazê-lo entender que a conversa acabou.
• Quando o indivíduo com surdez estiver acompanhado por um intérprete, dirigir-se a 
ele e não ao acompanhante.
• Perguntas que aceitarem respostas “sim” ou “não” são mais fáceis para serem respondidas.
• Algumas pessoas com surdez têm dificuldade para entender o Português escrito, 
portanto, deve-se ter paciência na comunicação. 
• Não subestimar as possibilidades nem superestimar as dificuldades da pessoa com 
surdez.
• Se quiser ajudar, ofereça ajuda e aguarde a oferta ser aceita.
• Agir com naturalidade na comunicação.
• Evitar usar óculos de sol na comunicação com a pessoa surda, pois pode atrapalhar na 
leitura das expressões faciais.
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Você sabia que a Língua de Sinais tem uma forma simbólica de escrita? Ela se 
chama Sign Writing. Ela é parecida com o mandarim Chinês e é universal, diferente 
da língua sinalizada.
SignWriting foi criada por Valerie Sutton, em 1974, mas teve seu início no Brasil 
em 1996. Cada unidade da língua é representada por um desenho.
 Figura 1 - Sign Writing. Fonte: Omniglot (2019).
 
Figura 2 - Afabeto sign writing. Fonte: Oliveira (2012).
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Figura 3 - Sinais Sign Writing. Fonte: Capelão (2009).
2 - DATILOLOGIA
A primeira parte a se aprender na língua prática é a datilologia. A datilologia é o alfabeto 
manual utilizado para soletrar as palavras. Geralmente é usada para soletrar nomes próprios ou 
para representar algum sinal que não existe ou que o interpretante desconheça.
Figura 4 - Alfabeto em datilologia. Fonte: a autora (2018).
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Figura 5 - Números cardinais em datilologia. Fonte: a autora (2018).
Algumas letras e números apresentam as mesmas configurações de mãos, o que muda é 
a posição ou o movimento.
Figura 6 - Letras e números com a mesma configuração de mão. Fonte: a autora (2018).
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Figura 7 - Letras que apresentam movimento. Fonte: a autora (2018).
2.1. Convenções na Escrita dos Sinais
• Grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na Língua 
Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, LIBRAS.
Figura 8 - CASA, LIBRAS. Fonte: a autora (2018).
• Datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares e 
outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. 
Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E.
• Verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são 
feitas no espaço. Ex.: VIAJAR VOCÊ ONTEM.
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Figura 9 - VIAJAR (1 e 2), VOCÊ, ONTEM. Fonte: a autora (2018).
• Frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não a do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR 
CURSO.
Figura 10 - VOCÊ, GOSTAR, CURSO. Fonte: a autora (2018).
• Pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de apontamento. Apontar em 
Libras é culturalmente e gramaticalmente aceito.
3 - UNIDADES MÍNIMAS
De acordo com Quadros e Cruz (2011), as unidades mínimas (parâmetros) dos sinais 
são a nível fonológico: Configurações de mãos, Movimento, Locação ou Ponto de Articulação, 
Orientação e Expressões não manuais. Além da direção apontada por alguns autores.
3.1. Configurações de Mão
São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas 
feitas pela mão predominante (mão de preferência da pessoa sinalizadora). Segundo Ferreira-
Brito (1995), diversas são as formas que as mãos tomam para realizar os sinais. Uma variação 
da configuração de mão pode expressar erroneamente um sinal, entretanto, Quadros e Karnop 
(2004) ressaltam que existem variações na realização dos sinais em todo o país.
Desculpar, evitar e idade são exemplos de sinais que possuem mesma configuração de 
mão, a letra “Y”.
Atualmente, temos 61 configurações de mão. Este número já variou entre os autores. 
Estão representadas na figura a seguir:
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Figura 11 - Configurações de mão. Fonte: Oliveira (2012).
3.2. Ponto de Articulação
É o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, 
podendo tocar alguma parte do corpo ou estar bem próximo dela, como cabeça, peito, testa ou 
ainda estar em um espaço neutro, diante do corpo (FERREIRA-BRITO, 1995). Pode ser chamado 
também de Locação (QUADROS & CRUZ, 2011). 
Figura 12 - AMAR, LARANJA, APRENDER. Fonte: a autora (2018).
Neste item também podem ocorrer pequenas variações, como, por exemplo, o verbo 
SABER que é realizado

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