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Aula 4 1 📑 Aula 4 Normas ISO, Sistema 5S e Seis Sigma Princípios Gerais de Higiene de Alimentos, BPF e APPCCO consumo de um alimento seguro depende da adoção de boas práticas em toda a cadeia produtiva, que incluem estar em conformidade com os Princípios Gerais de Higiene de Alimentos, do Codex Alimentarius, cujos pré-requisitos são: •Planejamento do espaço físico e do fluxo de produção. •Dimensionamento dos equipamentos.Escolha dos fornecedores. •Documentação das rotinas. •Treinamento da equipe. •Controle e gestão dos resíduos. •Higienização pessoal, do ambiente e dos alimentos. •Controle de pragas. •Controle dos produtos químicos utilizados. •Rastreabilidade e recolhimento dos produtos. •Controle de recebimento e estoque dos gêneros alimentícios. Apesar de existir um método de conservação denominado esterilização, na prática, não encontramos alimentos estéreis, porque a eliminação completa de microrganismos implicaria em alterações indesejáveis, além da elevada perda de nutrientes. A adoção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e do sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) na cadeia produtiva de alimentos é fundamental para a indústria e serviços de alimentação, pois essas medidas visam à segurança dos alimentos e à redução do desperdício. Normas e especificações de matérias-primas e produtos Aula 4 2 O padrão de qualidade de um alimento ou de uma UAN foi adotado para diminuir a variabilidade, ou seja, para que o produto e o serviço tenham sempre as mesmas características e apresentem condições satisfatórias. O Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) diz respeito ao conjunto de especificações que permitem a uniformização dos elementos quantitativos e qualitativos do produto. Além desse conteúdo, existem: as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), que dizem respeito à ergonomia e aos meios de controle de qualidade e padronização de produtos, respectivamente. Análise de risco biológico O foco desta disciplina é a qualidade e a segurança microbiológica e, por isso, veremos quais são os métodos de análise de risco. É essa investigação que avalia a probabilidade de um alimento apresentar algum risco à saúde. A análise de risco microbiológico possui três componentes: Identificar e avaliar o risco, que é a ciência da existência dos microrganismos, quais são patogênicos e qual é o seu habitat natural (alimentos, manipuladores ou ambiente). Gerenciar o risco, que comumente é a aplicação das BPF e do sistema APPCC. O método mais eficaz para a eliminação ou controle de crescimento dos microrganismos é a combinação tempo versus temperatura. Comunicação de risco, que tem a ver com as instruções encontradas nos rótulos dos alimentos sobre a conservação após a abertura das embalagens ou o aviso de lavar as mãos antes de realizar as refeições. Inspeção sanitária de alimentos A inspeção sanitária de alimentos é uma atividade de fiscalização realizada pela autoridade, municipal ou estadual, de acordo com o descrito na legislação, e pode ser do tipo programada ou especial. Entenda a diferença a seguir. Inspeção programada Uma inspeção que tem uma abordagem de levantamento da realidade e necessidades do local, para minimizar riscos epidemiológicos, é classificada como programada. Inspeção especial Quando ocorre um evento que atente contra a saúde do consumidor, é necessária uma inspeção especial para determinar a causa e a intervenção para a correção dos procedimentos. Principais ISO (9001, 22000 e 14000) Aula 4 3 A normalização é uma atividade que estabelece prescrições para uso repetitivo, visando sanar ou evitar perigos. As normas são aplicadas para garantir a ordem e a segurança do processo de produção. Não são obrigatórias, mas representam uma consonância entre os especialistas da área. A Organização Internacional para a Padronização, em inglês International Organization for Standardization (ISO), atua na normalização de diversos processos. A seguir, conheça três normas ISO. ISSO 9001 A ISO 9001 tem o foco no cliente e é aplicável a qualquer organização da área de serviços ou indústria. Os elementos principais dessa certificação são os clientes, a abordagem do processo, o envolvimento das pessoas e a liderança. Caso a empresa queira implementar a norma ISO 9001, deve começar definindo os objetivos e os reais motivos para tal certificação. É preciso esclarecer os colaboradores sobre a norma e como ela será aplicada, qual será o impacto nas atividades cotidianas e como cada um deles pode contribuir. Identificar os processos da empresa e a relação de cada um deles com a satisfação do cliente é fundamental. Em gastronomia e administração de unidades de alimentação, essa satisfação está relacionada à aparência e higiene do local, atendimento, tempo de espera, apresentação do prato, sabor e segurança da refeição. Um restaurante que aplica as BPF e o sistema APPCC, associados ao treinamento adequado dos funcionários que atendem o público, tem grandes chances de conquistar o contentamento da clientela. ISO 22000 A ISO 22000 se refere à gestão de segurança de alimentos e está associada à Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle. Essa norma é aplicável a todos os que estão inseridos na cadeia produtiva de alimentos e contempla a preservação do produto, as ações corretivas e a rastreabilidade. Para implementá-la, a empresa deve consolidar o sistema APPCC. Um estabelecimento que identifica adequadamente os perigos e tem meios de controle para evitá-los está apto a adotar a norma ISO 22000, cujo principal objetivo é a oferta de um alimento seguro, o que, algumas vezes, pode não estar de acordo com a satisfação do cliente. Para ilustrar uma situação em que a segurança e o contentamento do cliente são divergentes, pode-se citar o caso do ovo frito. Muitas pessoas apreciam um ovo frito com gema mole. Entretanto, por questões de segurança, um restaurante não pode oferecer esse tipo de preparação, mesmo que o cliente fique descontente. Uma saída para esse impasse seria explicar que um ovo frito com gema mole pode colocar em risco a saúde do consumidor porque esse alimento é suscetível à presença de um microrganismo e que o restaurante se preocupa muito com isso. Observam-se exceções de preparações com gema mole, principalmente quando está associada a outro alimento, como o Aula 4 4 macarrão à carbonara. Nesse caso, é possível porque a massa está em temperatura superior a 60º C. ISO 14000 A ISO 14000 está relacionada ao impacto ambiental que uma empresa pode apresentar e como minimizá-lo. O gerenciamento dos aspectos ambientais visa reduzir custos e impactos ambientais, por meio da otimização dos recursos naturais. Dentre seus objetivos, destacam-se: a redução do gasto de água, do consumo de energia elétrica e do uso de derivados de petróleo; o aproveitamento dos recursos vegetais, animais e minerais de forma sustentável. A ISO 14000 teve início na reunião RIO 92, uma conferência sobre meio ambiente realizada no ano de 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Para conquistar a certificação ISO 14000, o local deve produzir quantidades mínimas de lixo, aplicar a coleta seletiva e a reciclagem do lixo, a compostagem do lixo orgânico e o descarte correto do óleo de fritura (armazenar em garrafas do tipo PET e encaminhar ao local de reciclagem ou confecção de sabão). Sistema 5S O sistema 5S é baseado em modelo adotado no Japão logo após a Segunda Guerra Mundial para a recuperação da indústria e a reconstrução do país. Essa ferramenta administrativa auxilia a organização do ambiente e a obtenção de um trabalho de qualidade. Para aplicar o programa, é necessário conscientizar a equipe de trabalho e demonstrar que as atividades de rotina bem executadas são simples e de fácil execução. A letra S tem a ver com a inicial de cinco palavras, em língua japonesa. Os cinco S são: SEIRI:senso de utilização. SEINTON: senso de ordenação. SEISO: senso de limpeza. SEIKETSU: senso de saúde e higiene. SHITSUKE: senso de autodisciplina. O termo “senso” significa exercitar a capacidade de apreciar, julgar e entender. Controle da variabilidade no processo produtivo A padronização dos processos é a melhor maneira de diminuir a variabilidade no processo produtivo. O consumidor demonstra insatisfação quando se depara com um alimento fora do esperado, como corte muito grande ou muito pequeno, aparência fora do usual, excesso ou falta de sal. A variabilidade está relacionada com a matéria-prima, com a mão de obra, com o Aula 4 5 método de trabalho, com os equipamentos e com os utensílios. Boa parte é proveniente de comportamento previsível e pode ser corrigida por meio de treinamento e manutenção dos equipamentos. Modelo Seis Sigma O modelo Seis Sigma foi desenvolvido na década de 1980 por um engenheiro que trabalhava em uma empresa de telecomunicações. O seu objetivo era avaliar a variabilidade nos processos produtivos. Acreditava-se que era possível quantificar os erros e reduzi-los a zero. Esse modelo é baseado no acrônimo DMAIC. Entenda a seguir. D – Definir Estabelecimento dos objetivos da atividade de melhoria. M – Medir Aferição do sistema existente, para avaliar o processo e indicar onde pode haver melhoria. A – Analisar Realização da análise do processo atual. I – Melhorar (Improve em inglês) Ação nos pontos de melhoria identificados nas etapas anteriores para aprimorar o processo. C – Controlar Controle do sistema que foi melhorado para acompanhar como ele funciona e criar um novo ciclo de acompanhamento. É interessante destacar que o sucesso da padronização dos serviços depende do conhecimento do nutricionista e, principalmente, da sua paciência e perseverança para treinar a equipe, acompanhar a evolução do trabalho e agir rapidamente com ações corretivas, em casos de inadequações. Inspeção sanitária e auditoria Adoção de normas técnicas e programas de qualidade A satisfação do cliente e o compromisso com a preservação do meio ambiente, por exemplo, são atribuições de qualidade muito relevantes e atuais. Observa-se a procura, ainda que discreta devido ao alto custo de implementação, por certificações nos serviços de alimentação, como a Aula 4 6 ISO 9001 e a ISO 22000, para conquistar a confiança do consumidor e novos mercados. A adequação às normas técnicas apresenta as seguintes vantagens: Avanço na organização interna. Melhoria da reputação e da imagem da empresa. Aumento da satisfação e da confiança dos clientes. Aumento da produtividade. Redução de custos devido à redução de desperdício. Acesso a mercados restritos, que só aceitam prestadores de serviços certificados. Uma equipe bem treinada, um espaço bem planejado, um cardápio nutritivo e a adoção de programas de qualidade, como o Sistema 5S ou o Seis Sigma, corroboram para a redução de acidentes e de desperdícios e para o controle dos pontos críticos; além de evitarem a contaminação e reduzirem os custos de produção. As Resoluções e Portarias da ANVISA relacionadas às boas práticas servem como referencial teórico para o planejamento da estrutura física, para o dimensionamento de espaços, dos equipamentos e dos fluxos de produção. Além disso, a RDC nº 275 (BRASIL, 2002), que dispõe sobre os Procedimentos Operacionais Padrão, apresenta uma lista de verificação no anexo. Esse checklist é uma importante ferramenta de controle de qualidade e deve ser aplicada pelo serviço de alimentação para autoavaliação. A Organização Internacional para a Padronização (ISO) possui um conjunto de normas genéricas, organizadas por assunto, para que boas práticas de produção sejam aplicadas em diferentes setores de produção e serviços. Mais de 150 países adotam as normas e buscam certificações para facilitar o comércio exterior. Destacam-se as normas ISO 10011 e 19011 que versam sobre a auditoria, que é, por definição, uma atividade de avaliação independente, cujo objetivo é mensurar a performance da empresa. Na área de alimentos, a auditoria aplica-se à certificação e à implantação de programas de qualidade. Auditoria Os resultados de uma auditoria indicam o que precisa ser corrigido para a obtenção ou manutenção de uma certificação. As auditorias em serviços de alimentação verificam os seguintes aspectos: •Aplicação e revisão do sistema APPCC. •Conferência dos registros e monitoramento dos Pontos Críticos de Controle. Aula 4 7 •Conferência dos manuscritos de controle de verificação. •Inspeção e comparação entre os registros e a práticas de APPCC. •Coleta de amostras para análises laboratoriais. A Norma ISO 19011 (ABNT, 2002) apresenta as diretrizes para a aplicação de um programa de auditoria, indica os requisitos necessários a um auditor e como devem ser avaliados. As atividades realizadas devem obedecer a uma sequência. Conheça-a a seguir. 1º passo Definição da equipe de auditoria e do seu líder. 2º passo Definição do objetivo, dos propósitos e dos critérios de avaliação. 3º passo Leitura e conferência de todos os documentos relacionados à gestão: Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF), formulários de Procedimentos Operacionais Padrão (POP), fluxogramas de produção, documentos de gerenciamentos de Pontos Críticos de Controle (PCC), anotações das inadequações, falhas e ações corretivas adotadas. 4º passo Planejamento das avaliações in loco. 5º passo Auditoria do local durante a execução das atividades cotidianas. 6º passo Elaboração de uma conclusão, comunicação aos gestores da UAN e preparação de um relatório. A equipe que realiza as auditorias deve estar familiarizada a diferentes realidades e agir com bom senso para evitar comparações incorretas entre diferentes locais. A comparação e o julgamento são inerentes ao ser humano, mas é preciso cuidado e bom senso para perceber que existem diferenças entre Unidades de Alimentação e Nutrição e que não é desejável avaliar um local com uma ideia pré-concebida ou com base em comparações. É preciso ser diplomático ao lidar com a equipe de colaboradores e gestores para que a coleta de dados e a comunicação dos resultados não cause desconfortos. Auditoria de primeira, segunda e terceira parte Aula 4 8 A auditoria de primeira parte, também conhecida como auditoria interna, é realizada pela empresa com a finalidade de analisar os procedimentos e aprimorar o sistema de gestão da qualidade. É realizada por uma equipe que está na estrutura organizacional da empresa. Se a instituição decidir montar um grupo interno, deverá fornecer treinamento em auditora de acordo com a ISO 19011 (ABNT, 2002). Uma empresa que possui várias filiais pode designar uma equipe em cada unidade e enviá-las para auditar as demais em esquema de rodízio, para evitar que colaboradores avaliem o próprio local de trabalho. Outra possibilidade é a contratação de uma empresa especializada para realizar a auditoria interna. Recomenda-se que as unidades que possuem certificação realizem ao menos uma auditoria interna anual. Caso o diagnóstico da auditoria de primeira parte não seja satisfatório, a UAN deve estipular metas e prazos para a correção das não conformidades, visando a uma nova avaliação. Por outro lado, o relatório positivo da auditoria de primeira parte indica que a empresa está apta a ser avaliada por uma equipe externa independente, ou seja, não vinculada à empresa nem contratada para essa finalidade. As auditorias externas, que podem ser de segunda ou terceira parte, são realizadas por órgãos totalmente independentes. Selos de qualidade A obtenção de um selo depende da capacitação dos recursos humanos, do cumprimento à legislação, da gestão de qualidade e da responsabilidade ambiental. Os órgãos de certificação levam em consideração os seguintes critérios: •A capacitação da equipe de trabalho. •A organização e documentação da UAN. •O cumprimento às normas sanitárias.•O gerenciamento dos Pontos Críticos de Controle. •A efetividade do sistema APPCC. •O manejo dos resíduos produzidos. •As condições seguras e higiênicas de trabalho. •O monitoramento da satisfação dos clientes. •A apuração e resolução das críticas e reclamações. Consultoria e assessoria em serviços de alimentação O nutricionista que é contratado como prestador de serviços ocasionais não pode assumir a responsabilidade técnica, ele é contratado para orientar a equipe e o Responsável Técnico Aula 4 9 (RT) para que cumpram o que está descrito na legislação. A Resolução CFN nº 600 (BRASIL, 2018) diferencia as funções do nutricionista no Anexo I – Glossário. Conheça essas funções a seguir. Consultoria em nutrição É o serviço realizado por nutricionista habilitado que abrange o exame e a emissão de parecer sobre o assunto relacionado à área de alimentação e nutrição humana, com prazo determinado, sem, no entanto, assumir a responsabilidade técnica. Consultoria em nutrição É o serviço realizado por nutricionista habilitado que abrange o exame e a emissão de parecer sobre o assunto relacionado à área de alimentação e nutrição humana, com prazo determinado, sem, no entanto, assumir a responsabilidade técnica. Assessoria em nutrição É o serviço realizado por nutricionista habilitado que, embasado em seus conhecimentos, habilidades e experiências, assiste tecnicamente pessoas físicas ou jurídicas, planejando, implantando e avaliando programas e projetos em atividades específicas na área de alimentação e nutrição humana, além de oferecer solução para situações relacionadas com a sua especialidade. As atividades de consultoria e assessoria são previstas por um contrato de prestação de serviços de acordo com a necessidade da empresa. Para desempenhar a função, o profissional deve ter conhecimento de microbiologia dos alimentos, higiene dos alimentos e legislação sanitária. Pode ser contratado para elaborar o MBPF, os formulários POP, treinar os colaboradores, elaborar fichas técnicas e cardápios. Responsabilidade técnica A Lei nº 8234 (BRASIL, 1991) prevê que atividades como planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços de alimentação e nutrição são privativas do nutricionista. Dentro desse campo de atuação, tal profissional pode assumir a função de Responsável Técnico (RT) em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). Responsabilidade técnica, habilitação e registro O Responsável Técnico (RT) é o profissional habilitado que assumirá o compromisso legal no cumprimento de suas funções como nutricionista, como a direção técnica, a chefia e a supervisão na execução das atividades da sua equipe. Para exercer tal função, é necessário que o nutricionista entre em contato com o Conselho Regional, faça a solicitação e entregue o Aula 4 10 formulário preenchido no qual será descrito o local e o número de nutricionistas do quadro técnico. De acordo com o artigo 4º da Resolução CFN nº 576 (BRASIL, 2016), o Conselho Regional de Nutricionistas analisará o pedido e avaliará os seguintes critérios: I. Grau de complexidade dos serviços relacionados a: a. Dias e horários de funcionamento da empresa/instituição. b. Dimensionamento da unidade, conforme segmento de atuação (número de refeições/dia, de leitos, de alunos/clientes, volume de produção industrial, número e especificação de turnos de produção, entre outros). II. Existência de quadro técnico (QT) e quantitativo, quando couber. III. Distribuição da carga horária técnica semanal e jornada diária compatível com os turnos de produção do serviço e com as atribuições específicas descritas em norma própria do CFN, bem como as legislações vigentes para este fim. IV. Compatibilidade do tempo despendido para acesso aos locais de trabalho. V. Regularidade cadastral e financeira perante o CRN. Ainda de acordo com esse artigo, o processo de solicitação de cadastro como RT envolve uma visita técnica do fiscal do CRN ao local. O nutricionista deve informar alterações na jornada de trabalho e delegar um substituto para a sua ausência (férias ou afastamento temporário). Ao final do contrato de trabalho, o nutricionista deve comunicar ao CRN que não é mais RT. Caso deixe de fazer isso, ele corre o risco de responder legalmente sobre qualquer problema que venha a ocorrer no local em sua ausência. O nutricionista RT deve liderar a equipe e oferecer suporte e treinamento para o cumprimento da legislação sanitária, para o planejamento de cardápios adequados, para a gestão de pessoas e para a qualidade da UAN. O tratamento dispensado aos demais colegas de profissão que atuarão sob a responsabilidade do RT deve estar de acordo com o código de ética profissional, descrito na Resolução CFN nº 599 (BRASIL, 2018). A quantidade de nutricionistas do quadro técnico depende do número de refeições. Para ajudar o RT a negociar com os gestores da UAN a contratação de nutricionistas, existe a Resolução CFN nº 600 (BRASIL, 2018), que indica os parâmetros numéricos mínimos por área de atuação. O RT deve exercer a sua capacidade de liderança e delegar aos nutricionistas do quadro técnico as tarefas relacionadas ao controle de segurança microbiológico, às Boas Práticas de Fabricação e à gestão de colaboradores que atuam na manipulação dos alimentos e limpeza do ambiente. Qualquer falha ou inconsistência nos procedimentos deverá ser assumida pelo RT e pelos Aula 4 11 colaboradores que atuam diretamente no ponto crítico detectado. Para evitar que isso ocorra, o treinamento e o monitoramento constante são necessários. Inspeções nos processos e fluxo de produção As inspeções sanitárias nos serviços de alimentação visam ao controle de qualidade das refeições servidas para evitar e diminuir os riscos à saúde dos consumidores. As visitas são feitas por um profissional ou equipe do órgão municipal ou estadual de vigilância sanitária e seguem um roteiro que avalia itens como, por exemplo: edificação e instalações; controle integrado de pragas; e abastecimento de água. O nutricionista RT deve acompanhar as visitas, apresentar a documentação da UAN e esclarecer eventuais dúvidas. Para evitar surpresas e contrariedades em visitas de inspeção, a melhor alternativa é atuar na prevenção. O diálogo e sintonia entre a equipe devem ser muito bons, com esclarecimentos sobre os procedimentos e correções de inadequações. Todos devem ter consciência de suas funções. Cada colaborador deve ser capaz de explicar a função que executa e os motivos da adoção de cada procedimento. Acompanhamento, prevenção e notificação de surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) A notificação de um surto pode ser feita por qualquer indivíduo, sempre que houver evidências de que o foco da doença foi um alimento ou líquido de consumo comum pelas pessoas de determinado local. A investigação abrange: •Identificação das pessoas que tiveram contato com o alimento suspeito, com e sem manifestação da doença. •Inferência do período de incubação e do agente etiológico. •Avaliação do risco de exposição. Identificação dos pontos críticos de controle para evitar reincidência. Os resultados da investigação devem ser divulgados para que a população seja informada e esclarecida sobre quais cuidados deve tomar para evitar novos casos. Uma UAN deve aplicar as BPF e o sistema APPCC para evitar surtos de DTA. Além disso, a coleta de amostras dos alimentos servidos deve ser uma atividade de rotina para que sejam encaminhadas à análise em casos de suspeitas de surtos. Satisfação dos clientes Aula 4 12 A satisfação dos clientes é um dos objetivos a serem atingidos por um serviço de alimentação. Para tanto, é preciso entender a necessidade do comensal, qual é o seu grau de instrução, a sua cultura alimentar e o seu estado de saúde. O nutricionista deve prever um cardápio com alimentos e preparações típicas da região como estratégia para agradar os comensais e para controlar os custos, uma vez que alimentos locaiscostumam ser mais baratos. As pesquisas de opinião e satisfação dos comensais são muito utilizadas para entender quais são os anseios desse público. Alguns restaurantes instalam totens, outros entregam formulários para serem preenchidos e depositados em urnas e existem aqueles que designam uma pessoa para aplicar o questionário. Não existe uma regra sobre qual deve ser o meio de coleta da opinião dos clientes, isso vai depender do tamanho do local, do tempo para as refeições, do tipo de serviço e do nível de escolaridade da clientela. Seja qual for o meio de obtenção da informação, essa pesquisa deve contemplar questões sobre a percepção da limpeza do ambiente, da apresentação dos funcionários, da apresentação das preparações, da qualidade das refeições e da qualidade do serviço de um modo geral. Por fim, salienta-se que é importante monitorar os procedimentos de manipulação de alimentos para evitar que se tornem veículos de doenças. Lembre-se de que a gestão do controle de qualidade de alimentos deve ser criteriosa e atenta!
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