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A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Técnica Operatória - Completa (2012 ) Técnica Cirúrgica (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Técnica Operatória - Completa (2012 ) Técnica Cirúrgica (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 https://www.studocu.com/pt-br/document/pontificia-universidade-catolica-de-minas-gerais/tecnica-cirurgica/tecnica-operatoria-completa-2012/4719798?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 https://www.studocu.com/pt-br/course/pontificia-universidade-catolica-de-minas-gerais/tecnica-cirurgica/3474099?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 https://www.studocu.com/pt-br/document/pontificia-universidade-catolica-de-minas-gerais/tecnica-cirurgica/tecnica-operatoria-completa-2012/4719798?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 https://www.studocu.com/pt-br/course/pontificia-universidade-catolica-de-minas-gerais/tecnica-cirurgica/3474099?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 1 MED RESUMOS 2012 ARLINDO UGULINO NETTO MEDICINA – P5 – 2009.2 med_resumos@hotmail.com T�CNICA OPERAT�RIA REFERÊNCIAS 1. Material baseado nas aulas ministradas pelos Professores Carlos Leite e Thiago Lino na FAMENE, durante o período letivo de 2009.2. 2. MARQUES, Ruy Garcia. Técnica operatória e cirurgia experimental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 3. GOFFI, Fabio Schmidt. T�cnica cir�rgica: Bases anat�micas, fisiopatol�gicas e t�cnica da cirurgia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001. 4. WAY, L.W.; DOHERTY, G.M. Cirurgia: Diagn�stico e Tratamento. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 2 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA NOMENCLATURA CIRÚRGICA Os órgãos e tecidos, as manobras e procedimentos operatórios, e também instrumentos cirúrgicos são reconhecidos mundialmente por denominações próprias, de procedência etimológica diversa. Essas denominações constituem a Nomenclatura (do latim, lista de nomes) em Técnica Operatória. Dentro do abrangente conceito de linguagem, temos a linguagem científica que alberga, entre outras classes, a linguagem médica. Dentro desta, por sua vez, temos a linguagem cirúrgica, que serve como meio de mensagem que facilita a comunicação entre profissionais da área médica. A Nomenclatura Cirúrgica abrange alguns conceitos comuns, termos genéricos, raízes, sufixação e prefixação, epônimos, sinônimos e termos híbridos. TERMINOLOGIA DE ESTRUTURAS ANAT�MICAS Conceito Termo correspondente Exemplos Relativo a estômago GÁSTRICO Tumor gástrico Relativo ao fígado HEPÁTICO Sangramento hepático Relativo a baço ESPLÊNICO OU LIENAL Ligamento esplenorrenal Relativo a intestino delgado ENTÉRICO Perfuração entérica Relativo a intestino grosso CÓLICO OU COLÔNICO Pólipo colônico Relativo a vesícula biliar (bile) COLECISTO (COLE) Coleperitônio; Colecistectomia Relativo a coração CARDIO, PRECÓRDIO Anatomia cardíaca Relativo à trompa SALPINGO Cisto salpíngeo Relativo a ovário OOFORO Ooforoplastia Relativo a testículo ORQUIDO Dor orquidiana Relativo a tendão TENO Tenorrafia CONCEITOS COMUNS EM CIRURGIA Conceito Termo correspondente Exemplos Incisão; abertura de um órgão ou cavidade OTOMIA Gastrotomia; Colotomia; Laparotomia; Flebotomia; Toracotomia Abertura de um órgão e, comunicação com exterior; Derivação interna OSTOMIA (ou ANASTOMOSE) Gastrostomia; Colostomia; Gastroenterostomia Excisão, Retirada, Extirpação ECTOMIA Gastrectomia; Esofagectomia Esplenectomia; Colectomia Orquidectomia; Miomectomia Sutura RRAFIA Gastrorrafia; Tenorrafia Punção CENTESE Paracentese (abdominocentese ou laparocentese); Toracocentese Reparação plástica, correção cirúrgica PLASTIA Hernioplastia; Rinoplastia Liberação de aderências ou bridas (seqüelas de processos inflamatórios intrabdominais ou intrapleurais) LISE Peritoniólise Pleurólise Imobilização DESE Artrodese; Tenodese Incisão para remover cálculos LITOTOMIA Colecistolitotomia; nefrolitotomia; coledocolitotomia Compressão, Esmagamento TRIPSIA Litotripsia Ato de ligar um vaso com fio LIGADURA Ligadura da artéria uterina Intervenção cirúrgica praticada com auxílio do microscópio sobre uma estrutura viva muito pequena MICROCIRURGIA Microcirurgia de laringe Excisão parcial de um órgão ou estrutura RESSECÇÃO Ressecção do tumor gástrico Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 3 Manobra que reestabelece a continuidade dos tecidos SÍNTESE Síntese da aponeurose Limpeza mecânica de uma ferida infectada DESBRIDAMENTO Desbridamento de escara de decúbito Divisão, separação de tecidos orgânicos DIÉRESE Diérese do TCSC Tirar o núcleo, remover um tumor de seus envoltórios ENUCLEAÇÃO Enucleação de nódulo de mama Destruição dos tecidos animais por faíscas elétricas, controladas por eletrodo móvel FULGURAÇÃO Fulguração do vasos sangrantes do retroperitônio Administração de líquido gota a gota INSTILAÇÃO Instilação da solução de heparina TERMOS COMPOSTOS Os termos compostos são determinados por um prefixo (órgão ou tecido) e um sufixo (finalidade do procedimento). Raiz Origem Significado Exemplo ADEN(O) Grego Glândula, gânglio Adenectomia ANGI(O) Grego Vaso Angiorrafia ARTR(O) Grego Articulação Artrodese CONDR(O) Grego Cartilagem Condrectomia COLE Grego Bile Coleperitônio COL(O) Grego Intestino grosso Colotomia; Colostomia COLP(O) Grego Vagina Colporrafia; Colpotomia DERMO, DERMA, DERMATO Grego Pele Dermolipectomia ENTER(O) Grego Intestino delgado Enterostomia; Enterotomia FLEB Grego Veia Flebografia FREN(O) Grego Relativo a diafragma Frenotomia FRENO Latim Freio Frenotomia GASTR(O) Grego Estômago Gastroscopia; gastrectomia; gastroduodenostomia HEPAT(O) Grego Fígado Hepatectomia HISTER(O) Grego Útero Histerectomia ÍLEO Latim Íleo Ileostomia ÍLIO Latim Ílio Derivação íliofemoral LAMINA Latim Lâmina (arco vertebral posterior) Laminectomia LAPARO Grego Flanco Laparotomia LIP(O) Grego Gordura Lipectomia LIT(O) Grego Pedra Litotripsia MENING(O) Grego membrana Meningotomia MAST(O) Grego Mama Mastectomia MIO Grego Músculo Miectomia NEFR(O) Grego Rim Nefropexia; Nefrostomia NEUR(O), NEVR(O) Grego Nervo Neurorrafia; Nevralgia ÓOFOR(O) Grego Ovário Ooforectomia ORQUI(O) Grego Testículo Orquipexia ÓSTEO Grego Osso Osteossíntese PIEL (O) Grego Bacia; pelve renal Pielografia PILORO Grego Porteiro Piloromiotomia; Piloroplastia PIO Grego Pus Piogênico PLEURO Grego Pleura Pleurocentese Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.24 PNEUMO Grego Pulmão; ar Pneumotórax Pneumoperitônio PROCT(O) Grego Reto; ânus Proctocolectomia QUEIL(O) Grego Lábio Queiloplastia RIN(O) Grego Nariz Rinoplastia SEPSI Grego Putrefação Anti-sepsia TRAQUEL(O) Grego colo uterino Traquelorrafia TRÁQUE(O) Grego Rude; áspero, traquéia Traqueostomia TRES(O) Grego Perfuração Atresia intestinal VARIC(O) Grego Variz Varicocele VÍSCER Latim Órgão Visceromegalia PREFIXOS Raiz Origem Significado Exemplo AB Latim Afastamento, separação; para fora Abdução A, AN Grego Privação; negação Analgesia AD Latim Aproximação, para dentro Adução ANA Grego Separação, através de Anatomia ANTI Grego Contra Antissepsia CIRCUM, CIRCUN Latim Ao redor Circuncisão EC, ECTO Grego Fora, para fora Ectopia EX Latim Fora, para fora, externo Exoftalmia EXTRA Latim Mais além, adicional, exterior Extra-uterino HEMI Grego Metade Hemiplegia HIPER Grego Mais, excessivo, acima Hiperesplenismo HIPO Grego Menos, deficiente, abaixo Hipotireoidismo HOMO, HOMEO Grego Igual, semelhante Homoenxerto PERI Grego Ao redor de Perinefrite POLI Grego Muitos, muito Politraumatizado PÓS Latim Depois, após, atrás Pós-operatório PRÉ Latim Antes, diante Pré-operatório PSEUD(O) Grego Falso Pseudoaneurisma RETRO Latim Atrás, para trás Retroperitoneal SIN Grego Com, junto, colado a, fusionado Sinéquia pleural TAQUI Grego Rápido, acelerado Taquicardia TRANS Latim Através de, mais além Transdiafragmático SUFIXOS Raiz Origem Significado Exemplo ALGIA Grego Dor Lombalgia ANASTOMOSE Grego Comunicação entre 2 órgãos Gastroenteroanastomose CELE Grego Hérnia, tumor Hidrocele CENTESE Grego Punção Paracentese CLISE Grego Lavagem Enteróclise ECTASIA Grego Expansão, dilatação Bronquiectasia ECTOMIA Grego Excisão, ablação Apendicectomia EMIA Grego Sangue Volemia GRAFIA Grego Desenhar, obter Linfografia Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 5 LISE Grego Dissolu��o, destrui��o Pleur�lise MEGALIA Grego Crescimento, aumento Esplenomegalia �IDE Grego Semelhante a Polip�ide PENIA Grego Falta de Osteopenia PEXIA Grego Suspens�o, fixa��o Nefropexia PLASTIA Grego Repara��o pl�stica Rinoplastia PTOSE Grego Queda, prolapso Nefroptose RRAFIA Grego Sutura Tenorrafia RRAGIA Grego Fluxo excessivo Metrorragia RR�IA Grego Fluxo, secre��o anormal Sialorr�ia SCOPIA Grego Visualiza��o Broncoscopia STASIA Grego Deten��o Hemostasia STOMIA Grego Abertura, “boca” Esofagostomia TOMIA Grego Incis�o, corte Gastrotomia TRIPSIA Grego Compress�o, esmagamento Neurotripsia EP�NIMOS EM CIRURGIAS O emprego de grande n�mero de ep�nimos (do grego epónymos, que d� o seu nome a; epi, sobre + onymos, nome) em que a manobra (Kocher, por exemplo), sinal (Gray-Tunner), posicionamento (Trendelenburg) e t�cnica ou procedimento cir�rgico (Whipple), conserva o nome de quem primariamente os descreveu (ou divulgou), ainda que obsoleto, desafia a moderna nomenclatura cir�rgica. Epônimo Significado Opera��o de Wertheim-Meigs Histerectomia total por c�ncer de colo uterino Gastrectomia a Billroth I Anastomose do est�mago com duodeno Gastrectomia a Billroth II Anastomose do est�mago com jejuno Cirurgia em Y de Roux Anastomose do est�mago com jejuno em Y: caracterizada por uma gastrojeunostomia (1) e uma enteroenterostomia (3), em que o est�mago � ligado a uma por��o distal do intestinal delgado (2) e o duodeno � mantido (4) para continuar recebendo as secre��es pancre�ticas e biliares, encaminhando-as para o coto intestinal distal (3). Cirurgia de Miles Amputa��o abdominoperineal de reto Opera��o de Whipple Gastroduodenopancreatectomia cef�lica Opera��o de Patey Mastectomia radical Cirurgia de Bassini Hernioplastia inguinal que une o tend�o conjunto ao ligamento inguinal Cirurgia de McVay Hernioplastia inguinal que une o ligamento de Cooper ao ligamento inguinal Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 6 EP�NIMOS EM LAPAROTOMIAS Cirurgia de Paul- Miculicz Colostomia em dupla boca: a colostomia superior serve para a excreção de fezes enquanto que a colostomia inferior serve para a exteriorização de muco. Cirurgia de Hartmann Retossigmoidectomia com fechamento do coto retal e colostomia. Epônimo Tipo de incisão Indicação Incisão de Lennander Paramediana pararretal interna Vesícula biliar Incisão de Mc Burney Oblíqua na FID Apendicite Incisão de Davis Transversa na FID Apendicite Incisão de Chevron Transversa supraumbilical Acesso ao abdômen superior Incisão de Pffanisthiel Transversa infraumbilical Cesareana Incisão de Kocher Subcostal direita Vesícula biliar Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 7 SIN�NIMOS TERMOS H�BRIDOS Termo original Sinônimo Termo atual Enxerto autólogo Autoenxerto Transplante autógeno Enxerto homólogo Aloenxerto Transplante alogênico Enxerto heterólogo Xenoenxerto Transplante heterógeno Termo original Radical latim Radical grego Radioterapia Radium Therapéia Apendicite Appendice Ítis Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 8 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino; CORREIA, Luiz Gustavo; SANTOS, Ronney Alves. TÉCNICA OPERATÓRIA INSTRUMENTAL CIRÚRGICO O termo cirurgia significa operação manual, pois deriva do grego cheir (m�o) e ergon (trabalho). � evidente que um ato cir�rgico requer tamb�m instrumentos para aumentar a destreza do operador e possibilitar a realiza��o de manobras imposs�veis de serem executadas apenas com as m�os. Usamos o termo “instrumento” para denominar cada pe�a, em particular; e “instrumental” para o conjunto destas pe�as. Os instrumentos cir�rgicos mais antigos de que se tem conhecimento foram descobertos recentemente, em 2001, em um deserto pr�ximo ao Cairo. Foram fabricados em bronze e, dentre eles, havia bisturis e agulhas. Estavam em uma tumba que se acredita ter pertencido ao cirurgi�o fara�nico Skar, que viveu h� mais de 4000 anos, na 5� dinastia eg�pcia. Nos papiros eg�pcios de Smith e Ebers (entre 1500 e 1600 a.C.), havia men��es a in�meros instrumentos cir�rgicos. Nos escombros de N�nive, a importante capital do imp�rio de Nabucodonosor (em torno de 500 a 600 a.C.), foram encontrados instrumentos cir�rgicos de bronze bem definidos, como bisturis, serras e tr�panos. No in�cio do primeiro s�culo da era Crist�, Celsus tamb�m descreveu diversos desses instrumentos e empregava termos scalpellum e scalprum para designar o que hoje conhecemos como bisturi. In�meros instrumentos cir�rgicos foram encontrados em um local chamado Casa do Cirurgião, em meio aos destro�os de Pomp�ia, ocorrido no final desse mesmo s�culo. Somente ap�s a Guerra Civil Americana, a partir de metade do s�culo XIX, per�odo conhecido como a “era moderna da cirurgia”, in�meros instrumentos especificamente cir�rgicos foram surgindo, facilitando, sobremaneira, os diversos procedimentos que j� vinham sendo efetuados. Halsted, por exemplo, quando em visita � cl�nica vienense de Billroth, em 1877, fez anota��es alusivas ao uso das pin�as hemost�ticas, que come�avam a ser usadas rotineiramente. O n�mero de instrumentos cir�rgicos � incont�vel; ao longo dos tempos os cirurgi�es v�m criando e modificando novos elementos, que s�o incorporados aos j� existentes. Quase sempre levam o nome de seus idealizadores, muitas vezes diferindo apenas em detalhes muito pequenos. � de fundamental import�ncia para a boa pr�ticacir�rgica o conhecimento da nomenclatura do instrumental cir�rgico tanto pelo cirurgi�o quanto pelo auxiliar. Al�m disso, a montagem da mesa cir�rgica, com a eventual organiza��o das pe�as, � imprescind�vel. Portanto, nas pr�ximas p�ginas, revisaremos os principais instrumentos utilizados na pr�tica cir�rgica, fazendo alus�o �s suas respectivas fun��es no que diz respeito aos fundamentos de todos os atos operat�rios, isto �, diérese, hemostasia e síntese. Esses princ�pios da T�cnica Operat�ria englobam todos os procedimentos realizados desde a incis�o cut�nea e da parede, o ato operat�rio principal (a finalidade da opera��o), at� o fechamento da parede. Em algumas situa��es em que a opera��o determina a extirpa��o de um �rg�o ou de um segmento tecidual, a esses fundamentos se acrescenta a exérese. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 9 INSTRUMENTOS DE DI�RESE O termo diérese advém do latim diarese e do grego diairesis, ambos significando divisão, incisão, secção e separação, punção e divulsão. Significa, portanto, a divisão dos tecidos que possibilita o acesso à região a ser operada. CABOS E LÂMINAS DE BISTURI O bisturi clássico, denominado escalpelo (do latim, scalpellu) ou bisturi de lâmina fixa é pouco usado nos dias de hoje; deu lugar aos cabos de bisturi que utilizam lâminas descartáveis. Cabos de bisturi (mais frequentemente utilizados): os de número 3, 4 e 7, existindo correspondentes mais longos (3L e 4L) e angulados (3LA). Aos cabos de números 3 e 7, acoplam-se lâminas de números 10 e 15, e ao cabo de número 4 se acoplam lâminas números 20 a 25. TESOURAS DE DISSECÇÃO GERAL As tesouras são instrumentos de diérese que separam os tecidos por esmagamento, pois os tecidos são esmagados entre as lâminas que as compõem. Isto significa que, quanto mais crítico for o contato entre as duas bordas, menor será o trauma, o que vale dizer que será mais afiada. Tesoura Metzenbaum: Podem ser retas (para cortar fios e suturas) ou curva (para cortar tecidos), neste caso, trata-se de tesoura curva. As pontas se apresentam arredondadas, com variações entre 14-26 cm. Tesoura Mayo-Stille: Geralmente, apresentam pontas rombas. Podem ser retas ou curvas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 10 Tesoura Mayo-Harrington reta: são tesouras com pontas semi-agudas ou biseladas; também retas ou curvas, com comprimento de 14-22 cm. Tesoura formato padrão curva: apresentam lâminas de Duracorte®. Também apresentam-se na forma reta ou curva. Tesoura Joseph curva: apresentam pontas agudas. Tesoura Joseph reta: apresentam pontas agudas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 11 TESOURAS ESPECÍFICAS Tesoura Baliu: é utilizada em cirurgias ginecológicas. Tesoura Dietrich ou Potts-Dietrich: é utilizada em cirurgias vasculares e abdominais, principalmente, em coledocotomia. Tesoura Metzenbaum curva com entrada para dispositivo monopolar para cauterização, podendo ser mono ou bipolar. TESOURAS FORTES Tesoura forte Lister: apresenta disposição angulada. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 12 Tesoura para fios de aço Tesoura reta de Spencer: É utilizada para retirada de fios cirúrgicos. PINÇAS ELÁSTICAS As pinças elásticas são instrumentos que auxiliam na realização da diérese e, portanto, serão aqui descritas. Pinça anatômica sem dente: estão disponíveis em diversos tamanhos (10 e 30cm), e servem para manipular tecidos delicados, vasos, nervos, paredes viscerais, etc. Seu uso não está indicado para a preensão da pele, na síntese cutânea, haja vista que, desprovidas de dentes, a força aplicada pode causar isquemia. Pinça anatômica com dente de rato: são utilizadas para manipular tecidos com maior resistência (aponeurose, pele). Não podem ser utilizadas para preensão direta de vísceras ocas e de vasos sanguíneos. Os pequenos dentes são menos traumáticos do que aquelas com dentes maiores. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 13 Pinça de Adson: S�o pin�as delicadas, com ou sem dentes em suas pontas – reta ou anguladas -, de grande utiliza��o em opera��es est�ticas e com 12 cm de comprimento. Pinça Adson-Brown: s�o retas ou com pontas anguladas e serrilhadas e com m�ltiplos microdentes, tamb�m com 12 cm. As ranhuras da pin�a Adson-Brown, diferentemente da Adson, s�o apenas at� a metade das garras. Pinça de Cushing: S�o retas ou curvil�neas, com 17-20 cm e com ou sem dentes. S�o mais pontiagudas que as pin�as de Potts-Smith. Pinça de Bakey: retas ou curvas, com pontas delicadas e atraum�ticas, variando entre 15 e 30 em de comprimento; originalmente, foram concebidas para uso em Cirurgia Vascular, mas apresentam grande aplica��o na preens�o de tecidos delicados, como a mucosa intestinal, vias biliares etc. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 14 Pinça Lucae: tem hastes em baioneta e tamanho variando entre 14 e 18 cm; idealizadas para permitir maior visibilidade em campo operatório exíguo, como as pinças curvilíneas de Cushing. Pinça Mayo-Russa: retas, com serrilhado arredondado nas pontas, com 15 a 25cm; como apresentam maior número de dentes do que as pinças delicadas, são utilizadas nas situações em que há necessidade de se realizar apreensão tecidual o mais atraumaticamente possível, de uma forma mais eficaz do que com as pinças mais delicadas. Pinça Nelson: retas, com serrilhado delicado nas pontas, com comprimento entre 15 e 23 em; permitem fácil preensão tecidual, sem grande traumatismo Pinça de Potts-Smith: É um tipo de pinça elástica com vídias (retas ou curvilíneas, com 17-20 cm; pode se apresentar com ou sem dentes). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 15 Pinça de Perry: instrumento mais delicado, utilizado para preensão de estruturas minúsculas e sensíveis. AFASTADORES Afastadores de Farabeuf : afastadores de mão mais utilizados, apresentando hastes de comprimento e largura variados (6 a 20 em e 6 a 20 mm, respectivamente), e duas extremidades com lâminas discretamente curvas. AFASTADORES ESPECIAIS Devem ser colocados organizados em uma parte separada da mesa cirúrgica. Afastador de Gillies: afastadores delicados, com extremidade em gancho, muito utilizados em operações estéticas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 16 Afastador de Senn-Muller ou Senn-Taylor: com cabos de 14 a 16 cm, uma extremidade com garra e outra com lâmina. Afastador de Langenbeck: com cabos longos, variando entre 20 e 24 cm, e com lâminas delicadas na ponta, com 10 a 16 mm de largura e 3 a 5 cm de comprimento. Afastador de Volkmanncom garra única aguda: afastadores em forma de ancinho, com cabos de 11 a 16 cm e extremidade única em garra com um a quatro pequenos ramos (garras), rombos ou agudos. Afastador de Volkmann com 4 garras agudas Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 17 Afastador mecânico ou dinâmico para cavidade do tipo Deaver. Válvula supra-púbica de Doyen: bastante utilizado para afastar e isolar o leito hepático durante a retirada da vesícula biliar. Lâminas flexíveis: são lâminas que podem ser moldadas a critério do cirurgião para servirem de afastadores dinâmicos. Lâminas maleáveis Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 18 Afastador auto-estático de superfície Gelpi: com extremidade aguda única de preensão. Afastador auto-estático de superfície Mayo-Adams: extremidades rombas, em ancinho. Afastador auto-estático de superfície Weitlaner com garras agudas: apresenta cabos articuláveis e não- articuláveis, e três ou quatro ramos (ou garras) rombos ou agudos, em ancinho, em suas extremidades. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 19 Afastador auto-estático de cavidade Balfour: utilizado em grande parte.das operações abdominais; além de separar as paredes laterais, também afasta a extremidade superior ou inferior. Afastador auto-estático de cavidade Gosset grande: afastamento das paredes laterais do abdome, com extremidades variáveis. Afastador auto-estático de cavidade Gosset pequeno: afastamento das paredes laterais do abdome, com extremidades variáveis. Afastador auto-estático de cavidade Finochietto: utilizado em cirurgias torácicas para afastamento das costelas e alargamento do espaço intercostal. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 20 INSTRUMENTOS AUXILIARES DE DIÉRESE Pinça Pean: pode ser utilizada para o manuseio de gazes com a subst�ncia antiss�ptica a ser aplicada no campo de di�rese (processo vulgarmente conhecido como “pintura do campo cir�rgico”). Pinça Cheron: tamb�m � utilizada para pintar o campo cir�rgico, assim como a pin�a Pean. Tamb�m apresenta tipos descart�veis. Pinça Backhaus: bastante �til e utilizada para a fixa��o dos campos cir�rgicos. Como a montagem dos campos cir�rgicos precedem a pr�pria di�rese, este instrumento deve ser organizado junto aos instrumentos de di�rese. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 21 Tentacânula: apresenta duas faces, uma côncava e outra convexa. Trata-se de um instrumento com 15 em de comprimento, com múltiplas aplicações. Em uma das extremidades, apresenta uma fenestração que lhe permite ser de grande valia para a realização de liberação de "freios" de língua e de lábio - o "freio" é introduzido nessa fenestra, possibilitando sua secção ajustada. Na outra extremidade, mais longa, apresenta duas faces: uma côncava e outra convexa. Na face côncava, existe uma discreta calha ou canaleta que, ao ser introduzida, por exemplo, sob um plano tecidual, permite, com facilidade, a realização de incisões retilíneas. A face convexa, bem como a sua extremidade, é de grande utilidade nas operações de extração de unha. INSTRUMENTOS DE HEMOSTASIA A hemostasia temporária pode ser executada, no decorrer da cirurgia, com instrumentos prensores, dotados de travas, denominados pinças hemostáticas. Prendem a extremidade do vaso seccionado até que a hemostasia definitiva seja feita, geralmente por ligadura feita com fios. Na medida do possível, devem pinçar apenas o vaso, com um mínimo de tecido adjacente. Também levam os nomes dos seus criadores; sendo muito semelhantes entre si, diferindo em pequenos detalhes. São diferenciadas, quase sempre, pelo desenho e ranhuras da parte interna de seus ramos prensores. PINÇAS DE HEMOSTASIA Pinça Kelly: apresenta tipos curvos ou retos, com serrilhado transversal (ranhuras) em 2/3 da garra, com 13 a 15 em de comprimento. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 22 Pinça Crile: similares às pinças de Kelly, contudo, apresentam serrilhado transversal ao longo de toda a sua garra, com 14 a 16 em de comprimento. Podem ser curvas ou retas. Pinça de Halsted (ou Mosquito): é uma pinça hemostática pequena, de ramos prensores delicados, prestam-se muito bem para pinçamento de vasos de menor calibre, pela sua precisão. Como a pinça de Crile, é totalmente ranhurada na parte prensora (contudo, seu tamanho é consideravelmente menor). Pode ser curva ou reta. Pinça de Rochester-Pean: curvas ou retas, robustas, com serrilhado transversal mais grosseiro em toda a garra, com 16 a 24 em de comprimento. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 23 PINÇAS DE PREENSÃO Pinça de preensão Collin: pontas com formato de cora��o (o que lhe rende o apelido de “pin�a cora��o”), com 16 a 23 em de comprimento; utilizadas para pin�amento de visceras ocas. Suas garras apresentam um formato mais arredondado do que as garras da pin�a Foerster. Pinça de preensão Foerster: retas ou curvas, com 18 a 25 em de comprimento; para preens�o de visceras ocas; permitem que seus ramos permane�am algo afastados, mesmo ao se encaixarem os primeiros dentes da cremalheira. Suas garras s�o mais elips�ides quando comparadas com as garras da pin�a Collin. Pinça de preensão Duval-Colin com vídia: formato triangular, com dentes ou serrilhados pequenos e delicados nas tr�s faces do tri�ngulo, com 18 a 25 cm de comprimento; tamb�m utilizadas para preens�o de v�sceras ocas. Pinça de preensão Allis: pin�a com garras detalhadas em formato de m�o que auxiliam no manuseio de v�sceras ocas e tecidos r�gidos. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 24 PINÇAS ESPECIAIS E CLAMPS VASCULARES Pinça Mixter: bastante utilizada para auxliar o processo de dissecção de pedículo biliar. Pinça de preensão Babcock. Pinça de tração de Kocher: de forma semelhante às de Crile, as pinças de Kocher têm a face interna da sua parte prensora totalmente ranhuradas no sentido transversal. Diferem por possuírem "dente de rato" na sua extremidade, o que se por um lado aumenta muito a sua capacidade de prender-se aos tecidos, por outro a torna muito mais traumática. São apresentadas em tamanhos variados, retas ou curvas. Ela é considerada uma pinça de tração para manusear tecidos rígidos, como aponeurose. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 25 Clampes vasculares atraumáticos curvos tipo bulldog: de Backey e Dietrich (respectivamente): Clampes vascular de Bakey: serrilhado composto por duas filas de pequenos dentestriangulares em um dos ramos e uma fila similar no ramo oposto, que se encaixa no centro das anteriores, fornecendo preensão firme e atraumática. Clampes vascular de Bakey: encontram-se disponíveis em grande infinidade de formas (retos, curvos e angulados) e tamanhos, desde pequenos, com 8 a 10 em de comprimento, para manipulação de vasos muito pequenos (de até 2 mm de diâmetro), até clampes para aorta torácica, com cerca de 30 cm de comprimento. Constituem os clampes mais conhecidos e mais utilizados em Cirurgia Cardiovascular. Clampes vascular de Satinsky: são clampes longos, com 20 a 27 cm de comprimento, desenhados primariamente para controlar o sangramento do apêndice auricular, para se obter acesso ao átrio, durante operações sobre o coração: Seu formato hexagonal angulado permite o clampeamento parcial dos vasos, sem interrupção total do fluxo sanguíneo. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 26 Clampe gastrintestinal atraumático de Doyen. Clampe gastrintestinal atraumático de Kocher: poder ser reto ou curvo. Pinça de Potts-Smith: retas, com ou sem dentes, pouco traumáticas, com guias entre seus ramos, apresentando comprimento variável entre 18 e 25 cm. Podem apresentar-se com dentes. São pinças diferenciadas pelo seu grande tamanho. Por vários autores, não é considerada uma pinça de dissecção comum e, por esta razão, deve ficar separada em local diferenciado durante a montagem da mesa cirúrgica. É utilizada para cirurgias vasculares. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 27 INSTRUMENTOS PARA S�NTESE Estes instrumentos são os responsáveis pelas manobras de fechamento da ferida cirúrgica, através da aplicação de suturas. Para isto são utilizadas agulhas e pinças especiais para conduzi-las denominadas porta-agulhas. Embora haja porta-agulhas muito delicados para a preensão de agulhas pequenas, uma característica destes instrumentos é a robustez da sua parte preensora, bastante diferenciada das pinças hemostáticas por apresentarem um sulco ao longo de suas garras, que costumamos chamar de repouso (este detalha é importante para evitar a quebra da agulha). São fundamentais para a confecção das suturas, uma vez que a maioria das agulhas é curva e os espaços cirúrgicos são exíguos. Somente as agulhas retas e as de conformação em "S" dispensam o seu uso. Os porta-agulhas mais utilizados são os de Mayo-Hegar, de Backey e de Mathieu. Porta-agulhas de Mayo-Hegar: é semelhante às pinças hemostáticas clássicas, é preso aos dedos pelos anéis presentes em suas hastes e possui cremalheira para travamento, em pressão progressiva. Porém a sua parte preensora é mais curta, mais larga e na sua parte interna as ranhuras formam um reticulado com uma fenda central, no sentido longitudinal. São artifícios para aumentar a sua eficiência na imobilização da agulha durante a sutura, impedindo sua rotação quando a força é aplicada. Porta-agulhas de Mathieu: o porta-agulhas de Mathieu difere muito do anterior, na sua forma, por não possuir anéis nas hastes tem a abertura da parte prensora limitada, pois há uma mola em forma de lâmina unindo suas hastes, o que faz com que fiquem automaticamente abertos, quando não travados. São utilizados presos à palma da mão, o que os fazem abrir, se inadvertidamente for empregada força excessiva durante a sua manipulação. Sua melhor indicação seria para sutura de estruturas que oferecem pouca resistência à passagem da agulha. Um bom indício disto é que não possuem a fenda longitudinal que aumenta o apoio da agulha. Porta-agulhas de Olsen-Hegar: tipo de porta-agulha que apresenta, acopladas às suas extremidades preensoras, margens cortantes que auxiliam no processo de corte do fio de sutura. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 28 MONTAGEM DA MESA CIR�RGICA Os materiais que devem ser acondicionados na mesa cir�rgica, antecipadamente solicitados, separados e organizados pelo instrumentador, v�o atender a todo o ato operat�rio e dever�o estar organizados e dispostos de tal forma que atendam aos tempos cir�rgicos e poss�veis intercorr�ncias. Tradicionalmente, a chamada Mesa de Mayo pode ser grosseiramente organizada de forma que os instrumentos cir�rgicos sejam divididos de acordo com os tempos cir�rgicos e agrupados da seguinte forma: (1) Instrumentos de di�rese ou abertura: destinados � separa��o de tecidos ou planos para se atingirem os �rg�os a serem manipulados. Neste grupo, encontram-se tesouras, bisturis, serras e tr�panos, dentre outros. (2) Instrumentos de hemostasia: destinados � preven��o, deten��o ou impedimento do sangramento. Este grupo � representado pelas pin�as hemost�ticas. (3) Instrumentos de s�ntese: destinados �s suturas, jun��o e uni�o de tecidos ou planos para o restabelecimento de sua continuidade, facilitando o processo de cicatriza��o. S�o representados por porta- agulhas e agulhas. (4) Instrumentos de ex�rese: determinados pelo tipo de opera��o, sendo utilizados no ato cir�rgico propriamente dito. (5) Instrumentos auxiliares: destinados ao aux�lio � dissec��o tecidual. S�o exemplo as pin�as el�sticas anat�micas e “dente de rato”. (6) Afastadores: instrumentos de exposi��o que permitem a melhor visualiza��o de estruturas superficiais e da cavidade. A organiza��o da mesa pode seguir os quadrantes dispostos na figura ao lado. Contudo, vale salientar que n�o existe nenhum sistema r�gido quanto � arruma��o, devendo-se seguir as rotinas estabelecidas pela institui��o, ou, simplesmente, ser o mais f�cil e pr�tico para a a��o do instrumentador, desde que n�o interfira na din�mica do ato. De fato, cada cirurgi�o tem a sua maneira preferida para a organiza��o da mesa e, portanto, devemos entender que a arruma��o da mesa cir�rgica deve ser din�mica. At� porque o modelo sugerido logo acima n�o abrange todos os instrumentos especiais ou instrumentos para a pr�pria montagem do campo operat�rio. Sugere-se, com isso, que ela deve conter, em cada tempo operat�rio, os instrumentos apropriados � sequ�ncia a ser executada de acordo com cada procedimento, conferindo maior seguran�a ao seu manuseio. Uma forma mais completa e bastante ecl�tica para a montagem da mesa, de forma mais did�tica para o estudante de medicina em treinamento cir�rgico, ser� apresentada logo a seguir. O padr�o de organiza��o da mesa que ser� apresentado atende � ordem cronol�gica de um ato operat�rio gen�rico e completo, isto �, incluindo desde a prepara��o e anti-sepsia do campo cir�rgico, passando pela di�rese, apresenta��o, hemostasia, preens�o, instrumentos especiais e s�ntese. A ordem de utiliza��o dos instrumentos na mesa deve seguir o sentido hor�rio. 1. Preparo de campo operatório. Por serem utilizados antes mesmo da di�rese, os instrumentos para montagem e pintura do campo operat�rio devem ser colocados em primeiro plano nesta organiza��o. S�o eles: Pinça Backhaus (utilizada para fixar os panos do campo operat�rio); Pinça Pean (para pintar o campo); Pinça Cheron (para pintar o campo em ginecologia, principalmente); Cuba redonda (para estocar a solu��o anti-s�ptica utilizada na pintura do campo); Gazes. 2. Diérese e Instrumentos de Exposição. Logo em seguida, na sequ�ncia do sentido hor�rio, os instrumentos para cortar os tecidos devem ser posicionados. S�o eles: Cabos de bisturis montados com suas respectivas lâminas; Tesoura de Metzembaum Reta (para cortarfios de sutura) e Curva (para cortar estruturas org�nicas); Tesoura de Mayo Reta e Curva; Tentacânula (instrumento especial utilizado para extra��o ungueal, mas tamb�m auxilia na di�rese). Materiais pequenos e de manuseio pr�tico para exposi��o e acesso �s estruturas por meio da ferida cir�rgica – como os Afastadores de Farabeuf – podem ser necess�rios pr�ximos ao quadrante da di�rese. Os Farabeuf sempre devem estar dispon�veis em n�mero par. 3. Instrumentos de preensão. As pin�as de preens�o auxiliam na di�rese por ajudar na manipula��o das bordas da ferida e por serem capazes de promover divuls�o. Por esta raz�o, devem ser colocadas pr�ximas aos instrumentos de di�rese. S�o eles: Pinças elásticas como a Pinça Anatômica (ou Pinça de Dissecção sem Dente); Pinça Dente-de-rato (ou Pinça de Dissecção com Dente); Pinça de Adson com dente e sem dente (Pinça de Relojoeiro); Pinça de Adson-Brown; Pinça de Cushing; Pinça de Bakey (pin�a bem mais extensa que as demais e � bem menos traum�tica). A Pinça de Kocher � uma pinça de tração bastante utilizada para manipular e isolar aponeurose, auxiliando na s�ntese desta estrutura ao final do procedimento e, portanto, pode ser enquadrada como instrumento de preens�o. Contudo, ainda pode ser colocada no quadrante dos instrumentos especiais ou mesmo no quadrante de s�ntese (alguns cirurgi�es optam por colocar esta pin�a em um espa�o de transi��o entre estes dois quadrantes). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 29 4. Instrumentos de hemostasia. Em concomitância à diérese, é interessante prover uma adequada hemostasia e, por esta razão, os instrumentos para este fim devem estar próximos aos instrumentos previamente listados. É interessante organizar cada tipo de pinça em uma gaze e/ou compressas empilhadas. São instrumentos de hemostasia: Pinça de Halsted (ou Mosquito); Pinça de Kelly Reta e Curva (ranhuras no terço distal da pinça); Pinça de Crile Reta e Curva (ranhuras em toda a presa da pinça). A Pinça de Rochester-Pean é uma pinça especializada para a hemostasia de grandes vasos, como a aorta ou veia cava e pode ser enquadrada no quadrante da hemostasia ou nos materiais especiais. 5. Afastadores grandes (exposição) e instrumentos especiais. Boa parte do lado direito da mesa pode ser reservado para a colocação de instrumentos considerados grandes, como os afastadores especiais (Válvula Supra-Púbica de Doyan; Afastador de Balfour; Afastador de Finochietto; Afastador de Volkmann; Afastador de Gosset) e o Bico de Aspirador. Um pequeno quadrante deve ser reservado para pinças e demais instrumentos especiais, tais como: Pinça Mixter (utilizada para dissecar pedículos); Pinça de Bab-Mixter; Pinça de Babcock; Pinça Potts-Smith; Clamps Vasculares e Intestinais; Pinça de Collin; Pinça Foerster; Pinça Duval-Collin; Pinça de Allis; Pinça de Lucae (ginecológica). Estes instrumentos são considerados especiais por serem utilizadas em cirurgias específicas. 6. Instrumentos de Síntese. Para o fechamento dos tecidos abertos durante a diérese, devemos associar instrumentos de síntese como Porta-Agulha e Fios de Sutura (com agulha ou não) com pinças elásticas (pinça anatômica e/ou a pinça dente-de-rato) para a manipulação das bordas da ferida. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 30 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS (Professor Carlos Leite) Operação ou intervenção cirúrgica consiste no conjunto de gestos manuais ou instrumentais executados pelo cirurgi�o para a integral realiza��o de ato cruento, com finalidade diagn�stica, terap�utica ou est�tica. As operações fundamentais s�o tipos de opera��es cir�rgicas simples que, quando associadas, permitem a realiza��o de opera��es complexas. V�rios foram os fatores hist�ricos que contribu�ram para solidificar as bases modernas da cirurgia. Dentre eles, destacamos: • Estudo e descri��o da anatomia humana. • Aprimoramento da anestesia: nos prim�rdios alguns cirurgi�es consideravam a dor uma consequ�ncia inevit�vel do ato cir�rgico, n�o havendo uma preocupa��o, por parte da maioria deles, em empregar t�cnicas que aliviassem o sofrimento relacionado ao procedimento. As primeiras tentativas de al�vio da dor foram feitas com m�todos puramente f�sicos como press�o e gelo, bem como uso de hipnose, ingest�o de �lcool e preparados bot�nicos. Com a demonstra��o da anestesia, em 1846 pelo anestesiologista William Thomas Green Morton, os processos cir�rgicos tornaram-se mais vi�veis e menos traum�ticos. • Melhor conhecimento dos agentes causadores de infec��es como, particularmente, as bact�rias. A descoberta da penicilina tamb�m foi um grande marco n�o s� para a cirurgia, mas para a medicina como um todo. • Estudo da fisiopatologia e da resposta do organismo � agress�o cir�rgica. Diérese, hemostasia e síntese constituem o fundamento de todos os atos operat�rios. Esses princ�pios da T�cnica Operat�ria englobam todos os procedimentos realizados desde a incis�o cut�nea e da parede, o ato operat�rio principal (a finalidade da opera��o), at� o fechamento da parede. Em algumas situa��es em que a opera��o determina a extirpa��o de um �rg�o ou de um segmento tecidual, a esses fundamentos se acrescenta a exérese. Dierese: divis�o dos tecidos que possibilita o acesso � regi�o a ser operada Hemostasia: parada do sangramento Síntese: fechamento dos tecidos A exemplifica��o pode propiciar uma melhor compreens�o. Assim a sequ�ncia operat�ria para a realiza��o de uma gastrectomia subtotal, por exemplo, inclui: (1) incis�o (di�rese) da pele, tecido subcut�neo, aponeurose (eventual divuls�o ou di�rese muscular) e perit�nio; (2) revis�o cuidadosa da hemostasia da parede abdominal; (3) exposi��o do campo operat�rio, invent�rio da cavidade abdominal e demarca��o do segmento g�strico a ser ressecado; (4) ligadura (hemostasia) e sec��o dos vasos sangu�neos que irrigam esse segmento g�strico; (5) sec��o (di�rese) e retirada (ex�rese) do segmento g�strico; (6) hemostasia na linha de ressec��o; (7) reconstitui��o do transito intestinal, pela realiza��o de anastomose do coto g�strico com o duodeno ou com o jejuno (s�ntese); (8) revis�o da cavidade abdominal (hemostasia); e (9) s�ntese da parede abdominal. Essa sequ�ncia se aplica a muitas das opera��es da parede abdominal. Conquanto a di�rese, hemostasia e s�ntese estejam presentes na maioria dos atos operat�rios que realizamos, tamb�m existem situa��es em que algum desses princ�pios pode estar ausente. Por exemplo, na drenagem de um abscesso superficial, realizam a di�rese, o procedimento propriamente dito (drenagem – exérese – da secre��o purulenta) e, nesse particular, n�o est�o comumente presente a hemostasia e a s�ntese. Por tudo isso que foi exposto, a compreens�o do significado de cada um desses princ�pios fundamentais da T�cnica Operat�ria � primordial para o adequado entendimento das diversas etapas de um procedimento cir�rgico. DI�RESE Di�rese adv�m do latim diarese e do grego diairesis, ambos significando divis�o, incis�o, sec��o e separa��o, pun��o e divuls�o. Pode ser definida como o ato ou manobra realizada pelo cirurgi�o no intuito de criar uma via de acesso, uma solu��o de continuidade, atrav�s dos tecidos. A di�rese est� presente em todo e qualquer ato operat�rio. Pode ser executada em todos os tecidos org�nicos: pele, tecido celular subcut�neo, aponeurose, tecido muscular, osso, vasos, nervos, tend�es e sistema digestivo. Comumente, o objetivo principal da di�rese � propiciar que se atinja determinada regi�o sobre a qual se planeja realizar um procedimento, com preserva��o dos planos anat�micos,da viabilidade tecidual e da homeostasia. Contudo, tamb�m pode, em algumas situa��es, significar o pr�prio ato operat�rio, como, por exemplo, na drenagem de um abscesso, na pun��o de uma cole��o, em uma laparotomia, etc. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 31 As características básicas da diérese são: (1) incisão proporcional ao procedimento que se intenta realizar; (2) técnica adequada a cada plano anatômico; (3) dissecação apropriada, com hemostasia rigorosa; e (4) manipulação cuidadosa, em consideração à estrutura tecidual. TIPOS DE DIÉRESE • Incisão: é um tipo de diérese realizado por meio de um bisturi de lâmina fria (convencional) ou de lâmina quente (elétrico). Uma diérese por incisão executa uma ferida de bordas bastante regulares em que, geralmente, o comprimento predomina sobre a profundidade. As feridas praticadas por bisturis ou por tesouras durante o ato da incisão são chamadas de feridas incisas ou ferida cortantes. • Secção: é o ato de separar duas porções de uma estrutura. Na secção do fígado, por exemplo, dividimos os seus lobos entre si. É importante saber que toda secção começa com uma incisão: a abertura do fígado (hepatotomia) é iniciada com uma incisão na cápsula de Glison e termina por seccionar o fígado em duas partes iguais. • Divulsão: é um tipo de diérese causada por afastamento dos tecidos. Na traqueostomia ou na cricotireoidotomia, por exemplo, a diérese pode ser realizada por auxílio de pinças ou por afastadores. • Punção: trata-se de uma diérese praticada por instrumentos que executam ferimentos puntiformes, como uma agulha, causando uma descontinuidade entre os tecidos e garantindo acesso a estruturas profundas. Cirurgias laparoscópicas podem ser realizadas por punção quando se introduz instrumentos dentro da cavidade abdominal que permitem a realização de procedimentos cirúrgicos sem ser necessária a incisão. A própria flebotomia (acesso venoso) é uma diérese por punção. • Dilatação: é o tipo de diérese em que o cirurgião aproveita uma abertura orgânica natural do organismo (ou forame) e promove a sua dilatação gradativa. É mais comum em operações de curetagem uterina quando a mulher tem um abortamento incompleto, de modo que o obstetra introduz uma pinça promovendo a dilatação do colo uterino para facilitar o acesso ao útero Este procedimento também é realizado em problemas da uretra como em casos de estenose em que o urologista introduz um tipo de válvula que serve para dilatar a uretra. • Serração: é o tipo de diérese utilizada para a separação de partes de estruturas rígidas do organismo, como os ossos. A serra de Gigle é o principal aparato cirúrgico utilizado na serração de ossos para amputação ou toracotomia com abertura do osso esterno. OBS1: Operações fundamentais no advento da traqueostomia. O procedimento cirúrgico abaixo trata-se de uma traqueostomia, que pode variar entre uma incisão transversal ou longitudinal concentrada no ponto médio da linha que une a fúrcula esternal à proeminência laríngea. É um procedimento comumente utilizado durante o suporte avançado de vida para a realização de intubação. Abaixo, seguem as várias etapas da diérese neste procedimento: Anestesia local por meio de xilocaína, que uma diérese por punção, onde se promove uma descontinuidade entre os tecidos para permitir o depósito do anestésico; Faz-se uma diérese por incisão longitudinal, com o auxílio de um bisturi, abrindo o tecido celular subcutâneo, atravessando logo em seguida o músculo platisma; Utilizando-se de uma pinça hemostática, faz-se uma diérese por divulsão para romper as fibras deste músculo, garantindo um melhor acesso com o auxílio de afastadores, promovendo, assim, uma diérise por divulsão Chegando ao plano pré-traqueal, faz-se uma nova punção para a anestesia da traquéia, a fim de impossibilitar o estímulo natural de tosse que é desencadeado no processo de abertura da traquéia. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 32 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DIÉRESE Ter extens�o suficiente para boa visibilidade do campo operat�rio: o que implica dizer que a incis�o deve ser suficientemente grande para a fiel realiza��o do ato operat�rio; Ter bordas n�tidas, favorecendo cicatriza��o est�tica e firme: neste caso � importante saber que n�o se deve “biselar” a incis�o, ou seja, evitar incis�es obl�quas ou segmentadas irregulares. O bisturi deve ser utilizado perpendicularmente � pele. Caso haja um desvio desta angula��o, a incis�o pode se dar de maneira tangencial � pele, dificultando o fen�meno da cicatriza��o. Atravessar os tecidos, respeitando a anatomia regional, um plano de cada vez: o que implica dizer que se deve abrir pele, tecido celular subcut�neo, aponeurose, musculatura perit�nio parietal e, enfim, chegar nas cavidades como a abdominal. Contudo, h� situa��es especiais onde se pode executar a incis�o de um plano �nico como nas toracotomias de urg�ncias, ferimentos penetrantes de t�rax, onde se abre por meio de uma �nica incis�o em plano �nico para se chegar na cavidade tor�cica. N�o afunilar a incis�o, isto �, evitar fazer incis�es pequenas para depois ir afunilando ou tentando corrigir o erro. N�o comprometer vasos e nervos importantes: Nas cirurgias de hernioplastias inguinais, existem dois nervos importantes que s�o o genitofemural e o ilioinguinal, os quais se forem seccionados causam dor na virilha e o outro na face interna da coxa e test�culo. Acompanhar, de prefer�ncia, as linhas de for�a de tens�o da pele (vide OBS2). Seccionar a aponeurose na dire��o das fibras musculares. Promover uma hemostasia rigorosa OBS2: As linhas de tensão da pele s�o descritas por Langer (1861) nos cad�veres e por Kraissl (1951) no vivo. Elas s�o �nicas para cada paciente, semelhantemente �s impress�es digitais. Est�o localizadas perpendicularmente aos m�sculos, sendo identificadas pelo pin�amento da pele: como as linhas de tens�o na pele dos membros s�o circulares, toda incis�o na pele dos membros deves ser circulares, excetuando-se quando se trata de tumores malignos, em que as incis�es s�o transversas. DELIMITAÇÃO DA DIÉRESE CUTÂNEA Uma vez determinado o local para a incis�o cut�nea, ap�s a anti-sepsia e a correta aposi��o a afixa��o dos panos cir�rgicos est�reis (campos cir�rgicos), a di�rese deve ser previamente planejada e mapeada no paciente. Existem quatro tipos principais de demarca��o pr�via da incis�o cut�nea: (1) com fios cir�rgicos; (2) com canetas apropriadas; (3) com escarifica��o da pele com a l�mina de bisturi (t�cnica que deve ser enfaticamente desestimulada); e (4) no imagin�rio. ISOLAMENTO PROVISÓRIO DO LOCAL DA INCISÃO Antes de se incisar a pele, o local delimitado para ela deve ser provisoriamente isolado com a coloca��o de compressas laterais, com o intuito de se evitar o contato direto com a pele e de se absorver o sangue que possa advir das bordas da ferida. FIXAÇÃO DA PELE PARA A DIÉRESE Para que o bisturi realize uma incis�o precisa e firme, a pele deve ser mantida relativamente im�vel e tensa. Essa fixa��o � facilmente obtida com o uso do primeiro e do segundo quirod�ctilos da m�o n�o-dominante do cirurgi�o (e/ou do primeiro auxiliar), que s�o colocados aos lados da linha previamente demarcada para a incis�o, em suas extremidades superior ou distal, com um leve movimento de afastamento da linha de incis�o. � medida que o bisturi avan�a na sec��o tecidual, os dedos fixadores s�o deslocados no mesmo sentido, permitindo um ajuste do local em que a pele � fixada. A tra��o com pin�as n�o deve ser empregada. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 33 CARACTERÍSTICAS E SENTIDO DA INCISÃO Uma vez delimitado o local e procedido � sua fixa��o, a l�mina do bisturi deve ser aplicada suave e uniformemente, de uma �nica vez, para permitir a correta di�rese tecidual. Inicialmente, a margem cortante do bisturi deve ser penetrada quase perpendicularmente na pele, sendo, logo ap�s, deitado em alguns graus para permitir um maior contato da l�mina cortante com o tecido a ser seccionado. Ao t�rmino da incis�o em tra�o �nico e cont�nuo, a l�mina do bisturi deve ser recolocada em posi��o vertical de sa�da, com uma flex�o for�ada do punho. O tipo de incis�o correta � a incis�o totalmente vertical, devendo ser evitadas as incis�es obl�quas e a segmentada irregular. Com o cirurgi�o colocado � direita do paciente, como regra geral, as incis�es se realizam em um ou mais tempos (inicialmente, pode ser incisado apenas um segmento da pele e depois estendido), da esquerda para a direita e do lado distal para o proximal (em rela��o ao cirurgi�o). Contudo, quando realizadas em �reas com declive, devem ser iniciadas de baixo para cima, para impedir que eventual sangramento torne obscurecido o campo operat�rio. INSTRUMENTAÇÃO A seguir, realizaremos uma descri��o dos principais instrumentos cir�rgicos utilizados na maioria das especialidades cir�rgicas para a realiza��o da di�rese, bem como de alguns instrumentos auxiliares. Instrumentos de Corte: bisturi, serra, tesoura, rugina, cisalha, cost�tomo, goiva. o Bisturi: � essencial que apresentem boa l�mina de corte, permitindo a incis�o ao menor contato, sem a necessidade de se exercer demasiada press�o e acarretar aumento do dano tecidual. Existem alguns tipos de bisturi: (1) bisturi de Chassaignac (modelo mais antigo, em que a l�mina cortante faz parte do corpo do bisturi, mas n�o � mais utilizado); (2) bisturi com ponta romba, utilizado para a dissec��o de estruturas teciduais, mas tamb�m com raro emprego atual; (3) bisturi tradicional, constitu�do de um cabo reutiliz�vel (de numera��o 3 e 4), com encaixe para l�minas intercambi�veis ou descart�veis, de uso �nico, em uma extremidade (l�minas de numera��o entre 10 e 15 para o cabo no3; l�minas de 20 a 25 para cabo de no4). O cabo n�mero 7 tamb�m � bastante utilizado, sendo ele mais longo que os demais. o Tesouras: s�o numerosos e variados os modelos existentes de tesouras cir�rgicas, muitas cumprindo diferentes finalidades, e algumas apresentando utiliza��o espec�fica: cortar, disseca��o tecidual, desbridar e divulsionar tecidos org�nicos. As tesouras s�o dividias nas seguintes partes: an�is ou aros digitais; hastes; caxilho ou fulcro; l�minas de corte; pontas. Quanto ao tipo de ponta ou v�rtice, elas podem ser rombas, semi-agudas e agudas, e, quanto � forma de seus ramos, curvas ou retas. Os dedos polegar (apenas a falange distal) e anular (falange distal e pequeno segmento da falange m�dia) s�o introduzidos nos an�is da tesoura e executam os movimentos de abertura e fechamento do instrumento para que o movimento seja o mais perfeito poss�vel. o Tesouras para disseca��o tecidual: Metzenbaum, retas ou curvas, com ambas as pontas arredondadas (delicadas ou n�o), com tamanhos variando entre 14 e 26 cm; Mayo-Stille, com pontas arredondadas (rombas); e Mayo-Harrington, com pontas semi-agudas ou biseladas, tamb�m retas ou curvas, entre 14 e 22 cm. o Tesouras espec�ficas: foram desenhadas para o desempenho de fun��es relativamente espec�ficas: tesoura de Baliu (para uso ginecol�gico) e as tesouras de Potts, Dietrich e outras varia��es (tesouras com angula��es de diversos graus em sua extremidade ativa, para uso em Cirurgia Vascular, mas tamb�m utilizadas em algumas oportunidades na Cirurgia Geral). o Tesouras fortes: n�o s�o utilizadas para a disseca��o tecidual e sim para a incis�o de tecidos r�gidos, resistentes e espessos, bem como para o corte de bandagens. Alguns exemplos s�o: Doyen curvas ou retas; Ferguson, retas, com pontas rombas; Lister, anguladas; Mayo-Noble, curvas ou retas; Reynolds, com fios dentados nas pontas, para incis�o de cartilagens e tecidos fibrosos. o Tesouras para retirada de pontos cir�rgicos: Spencer, retas ou curvas; Littauer retas, mais robustas; e O`Brien retas, anguladas. Instrumentos de Divulsão: pin�as, tesouras, afastador, tentac�nula. o Pin�as el�sticas ou de dissec��o: consistem em dois segmentos met�licos (hastes) unidos em uma extremidade e cujas pontas podem ser lisas (com leves estrias) ou com dentes. Quando apresentam dentes em suas pontas, s�o chamadas de pin�as de dissec��o com dentes ou, simplesmente, pin�as “dente de rato”. o Tentac�nula: trata-se de um instrumento de 15 cm de comprimento, com m�ltiplas aplica��es. Em uma das extremidades apresenta uma fenestra��o que lhe permite ser de grande valia para a realiza��o de “freios” de l�ngua e de l�bio. Na outra extremidade, mais longa, apresenta duas faces: uma c�ncava (apresenta uma discreta calha que permite, com facilidade, a realiza��o de incis�es retil�neas) e uma convexa (de grande utilidade nas opera��es sobre as unhas). o Afastadores: s�o instrumentos auxiliares utilziados para o afastamento de estruturas teciduais, visando fornecer a exposi��o prop�cia ao desenvolvimento de determinado ato operat�rio. S�o divididos em Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 34 afastadores (ou retratores) de parede ou de conteúdo intracavitário (abdominal ou torácico); ambos os tipos são subdivididos em manuais (ou dinâmicos, ou seja, podem ser frequentemente alterados em função da necessidade momentânea) e auto-estáticos (ou autofixantes, permanecem em uma posição predeterminada pelo cirurgião). Os mais frequentemente utilizados universalmente são os de Farebeuf, afastador de mão, com hastes de comprimento e largura variados e duas extremidades com lâminas discretamente curvas. Os afastadores de Mayo-Collins e os de Parker também apresentam forma e funções semelhantes. Instrumentos de Punção: trocarte, agulha de Verres. Instrumentos de Dilatação: Vela de Hegar (utilizada para dilatação do colo uterino nas pacientes que tem abortamento incompleto), benique (utilizado para dilatação da estenose da uretra). HEMOSTASIA O termo hemostasia provém do grego haimóstasis (hemos = sangue; stasis = deter). No que se refere ao ato operatório, denomina-se hemostasia o conjunto de manobras destinadas a prevenir ou coibir hemorragias. Falhas neste processo da hemostasia pode comprometer a vida do paciente. Se o sangramento inadvertido ocorre na parede abdominal, por exemplo, em geral é de pequena monta e evolui para a formação de hematoma, que, se não reconhecido, poderá propiciar infecção e, mesmo, sepse. Se na cavidade abdominal ou torácica, e proveniente de um vaso de grosso calibre, o paciente poderá desenvolver rapidamente quadro de choque hipovolêmico e, se não reconhecido e tratado em regime de emergência, evoluir para morte. A hemostasia pode ser temporária ou definitiva, além de preventiva ou corretiva. Denomina-se de hemostasia temporária quando o fluxo sanguíneo é reduzido ou suprimido transitoriamente, durante determinada etapa do ato operatório. Em contraposição, a hemostasia definitiva é obtida pela obliteração permanente do lúmen vascular. INSTRUMENTAL Os principais aparatos cirúrgicos para a realização da hemostasia são as pinças hemostáticas: pinças de Mixter (pequena pinça que termina em um ângulo reto); e a pinça de Satinsky (sendo esta uma pinça particularmente atraumática). Todas são instrumentos de preensão, com cremalheira, permanecendo presas aos tecidos ou vísceras em que foram aplicadas, sem a necessidade de que o cirurgião as sustente. As garras de uma pinçahemostática devem conter, obrigatoriamente, ranhuras (estrias internas) que propiciam a compressão dos vasos sanguíneos sangrantes, evitando que o tecido deslize para fora das garras da pinça. O desenho e a extensão dessas ranhuras, bem como o tamanho das hastes de das garras, servem para a distinção entre as diferentes pinças hemostáticas: a pinça de Kelly apresenta ranhuras apenas até a metade das garras; a pinça de Crile apresenta ranhuras ao longo de toda a garra; a pinça de Halsted é menor que as duas previamente citadas. BENEFÍCIOS DA HEMOSTASIA Durante o ato cirúrgico a hemostasia nos garante as seguintes vantagens: evita a perda excessiva de sangue, melhores condições técnicas, bom rendimento do trabalho cirúrgico. Depois do ato cirúrgico: favorece uma evolução normal da ferida operatória, evita infecção e deiscência e afasta necessidade de reoperação para drenagem de hematomas e abscessos. HEMOSTASIA TEMPORÁRIA A hemostasia temporária é executada no campo operatório ou mesmo à distância do mesmo. Pode ser subdividida em dois tipos: (1) preventiva, quando realizada antecipadamente a uma possível ocorrência de sangramento, ou seja, a montante (antes da lesão) e a jusante (depois da lesão) da secção vascular, ou (2) corretiva que é a homeostasia que é feita quando o sangramento já se instalou, ou seja, é realizada após lesão vascular onde a artéria é clampeada de um lado e de outro e, posteriormente, se faz a junção. A hemostasia temporária pode ser realizada por meio dos seguintes procedimentos: Pinçamento (clamps vasculares): a utilização de uma pinça hemostática propicia o impedimento de aporte sanguíneo, enquanto se providencia a aplicação de ligadura com fio cirúrgico ou de clipe metálico para a hemostasia definitiva. Tamponamento com gaze esterilizada Aplicação de garrote, manguito pneumático ou torniquete: é um método não-cruento (realizado fora do campo operatório, na superfície corpórea) de hemostasia temporária. O uso de uma faixa ou tubo de borracha elástica passada em torno da raiz do membro exerce compressão dos vasos contra uma estrutura óssea, impedindo o livre fluxo sanguíneo. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 35 Compress�o digital ou instrumental A��o farmacol�gica: solu��o de adrenalina para promover vasoconstric��o, resultando na parada do sangramento. Parada circulat�ria com hipotermia: feita nas cirurgias de revasculariza��o do mioc�rdio. Oclus�o endovascular: coloca��o de subst�ncias dentro do vaso para obstruir o sangramento. Ligaduras falsas com fio ou cadar�o: pode ser feita por meio da interrup��o tempor�ria do fluxo sangu�neo com uma faixa de el�stico para tratar alguma les�o que esteja no meio e depois se retira a faixa el�stica de modo que se restabelece o fluxo sangu�neo. OBS3: Hemostasia temporária com faixa de Esmarch. A faixa de Esmarch � uma faixa de borracha que � utilizada para promover uma parada tempor�ria do sangramento da seguinte forma: o membro � colocado em posi��o vertical para aplica��o da faixa desde os dedos at� � axila, de modo que uma isquemia do membro seja promovida. Logo depois se coloca um manguito do esfigmoman�metro no bra�o e retira-se a faixa de Esmarch de modo que o cirurgi�o possa realizar cirurgias no antebra�o e na m�o sem sangramento. A faixa deve permanecer uma hora no m�ximo envolvendo o membro do paciente, sob pena de uma isquemia irrevers�vel. TIPOS DE HEMOSTASIA DEFINITIVA Quase sempre cruenta, a hemostasia definitiva interrompe para sempre a circula��o do vaso sobre o qual � aplicada, sendo usada normalmente em vasos seccionados ou naqueles que perderam sua fun��o. A hemostasia definitiva pode ser obtida por meio dos seguintes m�todos: Ligadura e suturas Cauteriza��o com utiliza��o de bisturi el�trico, que funciona mediante a Lei de Ohm, ou seja, transforma energia el�trica em calor quando ele encontra uma resist�ncia a sua imped�ncia (passagem), cauterizando os vasos que est�o na superf�cie da pele. Parte da energia retorna para a pele e outra para m�quina, sendo necess�ria a coloca��o de uma “placa-terra” com gel em determinada regi�o do corpo a fim de evitar queimaduras. Aplica��o de esponja de fibrina: sendo muito utilizada para aplica��o sobre a superf�cie do f�gado a qual ela adere e promove uma compress�o interrompendo o fluxo sangu�neo hep�tico da colescistectomias, em que o leito do f�gado � bastante pass�vel de sangrar. Aplica��o de celulose oxidada: uma malhada de celulose que � aplicada a superf�cie do f�gado para interromper temporariamente o sangramento desta v�scera. Aplica��o de clipes met�licos Tamponamento com cera de Horsley S�NTESE Denomina-se s�ntese o conjunto de manobras operat�rias destinadas � reconstru��o anat�mica e/ou funcional de um tecido ou �rg�o, consistindo em etapa obrigat�ria da maioria dos procedimentos cir�rgicos. Nas opera��es em que se realiza a exérese de uma les�o ou de �rg�os (parcial ou completamente), a s�ntese se destina � reconstitui��o fisiol�gica. A s�ntese cir�rgica constitui, junto com a cicatriza��o, um conjunto que visa restabelecer a continuidade tecidual. A fun��o da primeira n�o deve terminar antes que a segunda j� esteja em pleno curso. Enquanto se processam as distintas fases do processo de cicatriza��o, � indispens�vel que as bordas teciduais unidas pela s�ntese permane�am perfeitamente justapostas, minimizando o risco de ocorr�ncia de desvios cicatriciais, por vezes com grave preju�zo � anatomia e fun��o dos tecidos ou �rg�os. Durante esse per�odo, essa aproxima��o deve ser mantida por materiais que resistam � tra��o e tes�o que ser�o exercidas sobre a ferida e, � medida que se processa a cicatriza��o, a fun��o desempenhada pelo material utilizado para s�ntese �, gradativamente, substitu�da pela cicatriz. Sempre que poss�vel, a s�ntese deve ser total, haja vista que favorece melhor recupera��o anat�mica e funcional (síntese imediata). Contudo, quando n�o existe condi��o satisfat�ria, ela pode ser parcial (síntese tardia), sendo completada naturalmente, sem interven��o cir�rgica (cicatriza��o por segunda inten��o ou secund�ria). O fechamento deve ser plano por plano e usando-se material resistente �s tens�es que existir�o durante as fases de cicatriza��o. Na maioria das situa��es, a s�ntese � realizada com o emprego de fios cir�rgicos, com ou sem utiliza��o de pr�teses. Entretanto, tamb�m se pode utilizar fitas adesivas ou colantes, sem emprego de sutura. � aconselh�vel que as suturas sejam feitas em planos anat�micos, ou seja, seguindo o sentido inverso da estratigrafia rebatida pela di�rese. Contudo, eventualmente se utiliza s�ntese em plano �nico, quando geralmente o paciente apresenta infec��es importantes na parede abdominal, impossibilitando a percep��o dos estratos anat�micos. A sutura pode ser realizada com pontos separados (para cada efer�ncia da agulha, um n�) ou cont�nuos (com apenas um ponto no in�cio e um ponto no final, unidos entre si por v�rias al�as). INSTRUMENTAL Síntese com sutura: porta-agulha, agulhas, fios, grampos Síntese sem sutura: colagem, fitas adesivas Síntese com prótese: Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 36 o Origem biológica: fáscia, pericárdio bovino. o Origem sintética: aço inoxidável, cromo-cobalto, teflon, dacron, silicone. OBS4: Atualmente, tem-se falado bastante no uso de colas instantâneas como o cianoacrilato (Superbonder®) para a realização da síntese. Por esta razão, desenvolveu-se colas biológicas constituição bastante semelhante a estas colas, como o metilacrilato. DIRETRIZES BÁSICAS PARA A SUTURA Algumas diretrizes básicassão utilizadas com a finalidade de se obter uma linha de sutura eficaz, tais como: Manipulação e apresentação dos tecidos. As bordas teciduais devem ser elevadas e apresentadas para se efetuar a sutura. Para isto, deve-se evidenciar primeiro uma borda, depois a outra, fazendo uso de pinças elásticas que as mantenham reparadas, uma de cada vez, de modo que possam ser comodamente transfixadas pela agulha. Geralmente, se utilizam uma pinça delicada com dentes delicados, tipo Adson (sem dentes), para suturas de tecidos friáveis, e uma pinça dente-de-rato mais robusta para os tecidos mais resistentes (como a própria pele). Colocação da agulha no porta-agulha. Comumente, a agulha é presa em sua parte média (ou pouco atrás) pelo porta-agulha (a preensão muito próxima a ambas as extremidades, isto é, na ponta ou no olho, pode quebrá-la). Transfixação das bordas. A passada de agulha pelas duas bordas do tecido pode ser feita em um ou dois tempos (sendo esta preferível para tecidos muito rígidos). A quantidade de tecido a ser englobada em cada passada da agulha deve ser a menor possível para que se consiga propiciar firme apoio ao fio cirúrgico. Dessa forma, além de propiciar bom resultado estético, estaremos seguindo um dos principais postulados da técnica operatória: englobar o mínimo possível de tecido em ligaduras e suturas, de modo a manter o máximo de vitalidade tecidual. Para uma boa sutura e um bom efeito estético, deve-se seguir os seguintes parâmetros: Inserir a agulha (curva) na pele em um ângulo de 90º. Adotar um caminho curvilíneo através dos tecidos. Ter certeza quanto à simetria entre os extremos da agulha inseridos no tecido, tanto dos lados como na profundidade. A profundidade da agulha deve ser maior que a distância entre cada extremo da agulha e a ferida. Extração das agulhas. As agulhas devem ser extraídas dos tecidos em que foram passadas com a sua forma e com a direção de suas pontas. Assim, uma agulha curva deve ser tracionada para cima, de modo a completar um semicírculo semelhante à sua forma; similarmente, uma agulha reta deve ser tracionada para adiante, e, somente após transfixar totalmente as duas bordas, deve ser apontada para cima. Preconiza-se que também as agulhas retas sejam manuseadas com o porta-agulha, haja vista o grande risco de ferimento inadvertido que acarretam para toda a equipe cirúrgica. Entretanto, muito mais comumente, elas são utilizadas com as mãos. Nesses casos, também, ou o auxiliar as pega com uma pinça forte, ou o próprio cirurgião com uma pinça dente de rato. ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA SÍNTESE O seguinte quadro traz, de forma sumariada, as etapas que o Interno de Medicina deve seguir para realizar uma síntese adequada. 1. Primeiro atendimento ao paciente e inspeção sistemática da ferida; 2. Colocação das luvas estéreis, máscara e gorro; 3. Proceder com antissepsia da lesão com PVP-I; 4. Anestesia da lesão com xilocaína 2% 5. Lavagem da ferida com soro fisiológico (NaCl 0,9%), com ajuda do auxiliar; 6. Colocação do campo cirúrgico próprio para síntese; 7. Exploração da ferida e desbridamento, se necessário; 8. Realização da sutura; 9. Lavagem + Curativo. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 37 SUTURAS COM PONTOS SEPARADOS Nas suturas com pontos separados, ao contr�rio das cont�nuas, o eventual afrouxamento ou quebra de um n� n�o interfere no restante da linha de sutura, al�m da deposi��o de menor quantidade de materiais de sutura nas feridas. Tamb�m, por n�o serem t�o imperme�veis quanto as suturas cont�nuas, podem permitir a drenagem de pequena quantidade de secre��o eventualmente acumulada, o que pode ser vantajoso, por exemplo, quando mais em uma sutura de pele. Contudo, em algumas situa��es, quanto mais imperme�vel � a sutura, melhor, como aquelas realizadas em v�sceras ocas. Sua maior desvantagem � ser mais trabalhosa e mais demorada do que as suturas cont�nuas. Mesmo quando utilizados pontos n�o-absorv�veis, estes n�o diminuem o di�metro ou o comprimento das estruturas suturadas e permitem o crescimento do tecido entre os pontos, o que favorece sua utiliza��o, por exemplo, em suturas vasculares realizadas em crian�as. Existem diversos tipos de pontos separados para a realiza��o de suturas, e os mais frequentemente utilizados s�o: (1) o ponto simples; (2) ponto simples invertido ou com n� interior; (3) ponto em “U” horizontal ou de colchoeiro; (4) ponto em “U” vertical ou de Donnatti; (5) ponto em “X”; (6) ponto em “X” com n� interior; (7) ponto helicoidal duplo; (8) pontos recorrentes ou em polia: Smead-Jones, Delrio, Wiley, Hans e Whipple; (9) ponto transfixante de estrutura tecidual; e (10) ponto de conten��o ou reten��o. Neste momento, ser�o abordados os principais tipos de sutura com pontos separados. Ponto simples comum e invertido. Propiciam boa coapta��o das bordas da ferida, tanto superficial quanto profundamente. Quando o n� dado no ponto de localiza acima ou externamente em rela��o �s estruturas, � denominado comum; quando ele se situa (� ocultado) no interior do tecido, recebe o nome de ponto simples invertido (ou ponto de Halsted). O ponto comum � o mais habitualmente empregado, haja vista a facilidade tanto para sua aplica��o quanto para sua retirada. o T�cnica para o ponto simples comum: insere a agulha atrav�s da pele em dire��o ao interior da ferida. Ao emergir a agulha dentro da ferida, insere-se a mesma pela borda interna da ferida, buscando exterioriz�-la novamente, sendo, que desta vez, atrav�s da pele. Ao conseguir fixar as duas extremidades do fio, faz-se o n� e corta a parte remanescente para seguir com a sutura descont�nua. o T�cnica para o ponto simples invertido: para a sua execu��o, � revertida a sequ�ncia listada anteriormente, come�ando com a borda de sa�da e terminando com a ponta de entrada (de cima para baixo), de modo que as duas extremidades do segmento ser�o amarradas dentro da ferida. Ponto de Donnatti (em “U” vertical ou Colchoeiro vertical): usado na pele, consistindo em duas transfixa��es: uma perfurante, incluindo a pele e a camada superior do tecido subcut�neo, entre 7 e 10 mm da borda, e a outra transepid�rmica, a cerca de 2 mm da borda. Muito utilizado em suturas sob pequena tens�o, ou quando os l�bios da ferida tendem a se invaginar, promovendo excelente coapta��o das bordas, mas com resultado est�tico inferior. Promove uma boa hemostasia e � bastante utilizado para sutura de coro cabeludo. � comumente designado como ponto “longe-longe, perto-perto”. o T�cnica para o Donnatti: primeiramente, se realiza o trajeto profundo da agulha, com os pontos de entrada e de sa�da com cerca de 7 a 8 mm de dist�ncia da borda da ferida. Faz-se ent�o a volta do fio de sutura com um trajeto mais superficial, formando pontos de segunda entrada e segunda sa�da de forma equidistantes aos primeiros pontos produzidos, ficando, os segundos pontos, com cerca de 1 a 2mm das bordas da ferida. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 38 Ponto em “U” horizontal (Chochoeiro horizontal ou Barra Grega Simples): o ponto em “U” vertical tem uma confec��o muito semelhante � sutura cont�nua denominada de barra grega e, por esta raz�o, � denominada por muitos cirurgi�es como barra grega simples. o T�cnica: a agulha deve transfixar a pele e atravessar a ferida at� alcan�ar a outra borda. Feito isso, de forma simples, deve a agulha deve transfixar a mesma borda atrav�s de um ponto vizinho ao primeiro formado nesta borda, no intuito de retornar � primeira borda, isto �, onde o primeiro acesso da agulha foi feito. Depois disso, d�-se o n� e o ponto est� pronto. Pontos em “X”: tamb�m chamados em “Z” ou “8”. Podem ser executados com os n�s para dentro ou para fora, ficando sempre, por�m, duas al�as cruzadas, no interior ou fora do tecido, formando um X, verdadeiramente. Em algumas situa��es, s�o utilizados como pontos para hemostasia, com ligadura em massa. o T�cnica: Para os destros, a agulha � inicialmente inserida na pele da borda superior direita da ferida, seguindo, profundamente, para o polo mais alto correspondente no lado oposto (como seria no ponto simples comum). Feito isso, guia-se o fio, de modo transversal, novamente para a borda direita da ferida, seguindo agora, em dire��o ao ponto mais baixo desta regi�o. Faz-se, assim, a primeira al�a do X. Para conclu�-lo, insere-se novamente a agulha partindo em dire��o � borda do lado oposto (isto �, lado esquerdo) para que, quando a agulha emergir, fechar-se o n�, formando, assim, um ponto que denota uma letra X. Guinle (sutura semi -intrad�rmica): este tipo de sutura descont�nua assemelha-se a um misto de sutura externa com subcut�nea, uma vez que aproxima a borda externa da ferida com o subcut�neo do lado oposto. Tem as mesmas fun��es que o Donnatii (como a hemostasia), tendo um efeito est�tico melhor por perfurar apenas uma borda da ferida. � bastante utilizado para feridas de bordas irregulares. o T�cnica: A agulha deve entrar por meio de uma das bordas da ferida; alcan�ar o subcut�neo contralateral � esta borda; transfix�-lo duas vezes, isto �, em um ponto mais distal e outro mais proximal; e voltar para a borda de inicial, formando um ponto de sa�da ao lado do ponto de entrada. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 39 SUTURAS CONT�NUAS As suturas cont�nuas s�o mais r�pidas e hemost�ticas, mas apresentam alguns inconvenientes: utilizam quantidade maior de fios, o que pode favorecer a rea��o tecidual, al�m do fato de que, se uma �nica la�ada se solta (ou se parte), pode ocorrer a deisc�ncia total da ferida. Os principais tipos de suturas cont�nuas s�o: (1) chuleio simples (sutura de peleteiro); (2) chuleio ancorado (ou festonado); (3) em barra grega cont�nua (sutura de colchoeiro); (4) em bolsa; (5) perfurante total invaginante ou de Connel-Mayo; (6) perfurante parcial invaginante ou de Cushing; (7) total n�o-invaginante ou de Schmieden; (8) total n�o- invaginante ancorada ou de C�neo; (9) recorrente ou de Smead-Jones; e (10) intrad�rmica longitudinal. Chuleio simples (sutura de peleteiro): consiste no tipo de sutura de mais f�cil e r�pida execu��o, sendo aplicada em qualquer tecido com bordas n�o muito espessas e pouco separadas. � realizada pela aposi��o de uma sequ�ncia de pontos simples com a dire��o obl�qua da al�a interna em rela��o � ferida. � bastante utilizada para sutura em crian�as de dif�cil controle emotivo, sutura de aponeurose e perit�nio. o T�cnica: o chuleio simples se inicia com um ponto simples comum de fixa��o inicial. Feito isto, insere-se a agulha sequencialmente, sempre avante. Procede-se, ent�o, com uma sucess�o de pontos que unem as bordas da ferida, com um �nico fio fixado por um ponto simples no extremo proximal da ferida e outro, aplicado ao final da sutura, na outra extremidade. Chuleio acorado (ou festonado): consiste na realiza��o de um chuleio simples, em que o fio, depois de passado no tecido, � ancorado, sucessivamente, na al�a anterior ou a cada quatro ou cinco pontos. Seu uso vem diminuindo na atualidade, embora ainda seja utilizado por alguns cirurgi�es para a sutura da aponeurose do m�sculo reto abdominal. Em barra grega (Sutura em “U” cont�nuo/horizontal ou sutura de colchoeiro): � formada por uma s�rie de pontos em “U” horizontais. Pode ser empregada em diversos planos teciduais. Na pele, pode ser utilizada como sutura intrad�rmica ou transd�rmica. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 40 Sutura intradérmica longitudinal: consiste numa sequ�ncia de pontos simples longitudinais alternados, por dentro das bordas da pele (inserindo a agulha apenas no plano subcut�neo), resultado em uma excelente coapta��o das bordas, o que lhe confere um excelente resultado est�tico. � bastante utilizado nas cirurgias pl�sticas. o T�cnica: ela � iniciada com a introdu��o da agulha no �ngulo proximal da ferida, linearmente � incis�o (preconiza-se que os n�s dados nos extremos da ferida sejam feitos apenas depois de verificada a efic�cia da sutura). O restante dos pontos se realiza passando o fio, alternadamente, pelas duas bordas subcut�neas da ferida, em sentido horizontal, de uma borda para outra, avan�ando ao longo da mesma. Finaliza dando-se os n�s em ambos os extremos da ferida. TIPOS DE SUTURAS PREFERENCIAIS EM DIFERENTES TECIDOS Pele. Pontos separados simples ou de Donnatti (delicados), sem tens�o, com fios n�o-absorv�veis ou absorv�veis em moderado ou longo espa�o de tempo, com di�metros 5-0 a 3-0. Quando o efeito est�tico se imp�e, deve-se preferir a sutura cont�nua intrad�rmica longitudinal (principalmente, nas pequenas feridas em locais expostos), com a utiliza��o de fios n�o-absorv�veis ou absorv�veis em longo espa�o de tempo, com di�metros 6-0 ou 5-0. Em crian�as e em mucosas, pode ser utilizado o categute simples ou cromado (em alguns casos, mesmo o de absor��o r�pida), para evitar que se necessite realizar a retirada dos pontos (di�metros 4-0 e 3-0). Em feridas extensas na planta dos p�s, podem se empregar um ou dois pontos, apenas para orientar a linha de cicatriza��o, com o uso de fios n�o-absorv�veis ou absorv�veis em moderado a longo espa�o de tempo (di�metros 2-0 ou 0; esses fios dever�o ser posteriormente retirados). Tecido celular subcutâneo. Muitos cirurgi�es optam pelo seu n�o fechamento, desde que as bordas da pele estejam bem coaptadas, haja vista a relativa frequ�ncia de rea��es tipo corpo estranho. Naqueles pacientes obesos, com grande camada subcut�nea, normalmente o fechamento � necess�rio. Utilizam-se pontos simples separados com fios absorv�veis, preferencialmente em m�dio espa�o de tempo (di�metros 4-0 ou 3-0). Aponeurose. Uma sutura correta da aponeurose � fundamental no fechamento das incis�es abdominais, principalmente para evitar h�rnias. Devem ser utilizados fios n�o-absorv�veis ou absorv�veis em longo espa�o de tempo, como Vycril (di�metros 1-0 ou 0). No passado, acreditava-se que o uso da sutura cont�nua facilitava as eventra��es. Mais recentemente, in�meras pesquisas prospectivas randomizadas demonstraram que a cuidadosa sutura cont�nua interrompida ou aquela com pontos separados se equivalem. Musculatura. Em geral, se utilizam pontos simples ou em “U” com fios absorv�veis em curto ou moderado espa�o de tempo, apenas no sentido de aproxima��o das bordas, sem tens�o (di�metros 3-0 ou 2-0). Peritônio. Por ser um tecido ricamente vascularizado, e de r�pida e f�cil cicatriza��o, pode ser suturado com chuleios simples, empregando fios absorv�veis em curto ou moderado espa�o de tempo, como Vycril (di�metros 2-0 ou 1-0). Vasos sanguíneos. De modo geral, as suturas vasculares em adultos s�o realizadas com chuleios simples, sempre com fios n�o-absorv�veis (di�metros 6-0 ou 5-0). Tubo digestivo. Quando a sutura � realizada em plano �nico extramucoso, tanto pode ser com pontos separados simples com fio n�o-absorv�vel ou absorv�vel em m�dio ou longo espa�o de tempo, como tamb�m com chuleios simples, com os mesmos tipos de fios. Quando realizada em dois planos, o primeiro (incluindo a mucosa) deve ser realizado em chuleio simples com fios absorv�veis (di�metros 3-0, desde categute cromado at� aqueles absorvidos em m�dio ou longo espa�o de tempo) e osegundo (seromuscular) com fios n�o- absorv�veis ou absorv�veis em m�dio ou longo espa�o de tempo (di�metros 4-0 ou 3-0). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 41 CONDIÇÕES DE UMA BOA SÍNTESE Assepsia Bordas regulares Hemostasia Material apropriado Manuseio adequado Confrontamento anat�mico T�cnica perfeita Boa vitalidade tecidual Boa nutri��o e hidrata��o do paciente. RETIRADA DOS FIOS De um modo geral, temos: Deve ser realizada o mais breve poss�vel, logo que a cicatriz adquira resist�ncia. Incis�es cut�neas pequenas (menos de 4 cm) = 7� dia p�s-operat�rio. Incis�es mais extensas = 10� dia. Portanto, os fios de sutura cut�nea dever�o ser mantidos apenas enquanto exercem a fun��o de manter a aproxima��o das bordas teciduais. � totalmente irreal a fixa��o exata de prazos para a sua retirada, haja vista a grande varia��o apresentada no mecanismo de cicatriza��o, que obedece a in�meros fatores extremamente individualizados. Limitaremos, aqui, a apresentar algumas orienta��es gerais: Feridas edemaciadas ou isquemiadas provavelmente apresentam alguma complica��o e devem ser corretamente investigadas. Ap�s a retirada dos pontos, deve-se aconselhar aos pacientes evitar movimentos bruscos ou a extens�o exagerada da �rea onde foi realizada a sutura. Nas �reas de grande movimenta��o, em que a linha de sutura fica exposta a grande tens�o (por exemplo, joelho, cotovelo, punho, bem como em qualquer outra regi�o mais pr�xima de articula��es), as suturas cut�neas devem ser retiradas tardiamente. Em feridas mais extensas, recomenda-se, inicialmente, a retirada alternada dos pontos (10 a 15 dias), completando-se (o restante) alguns dias depois. Essa pr�tica evita que ocorram deisc�ncias parciais ou totais no plano cut�neo. Em pacientes mais idosos, � prudente se aguardar um tempo mais prolongado. Em qualquer situa��o, entretanto, � a experi�ncia do cirurgi�o que determinar� a �poca oportuna para a retirada dos fios cut�neos. FIOS DE SUTURA Os fios cir�rgicos, como se sabe, s�o utilizados durante uma opera��o com finalidade hemost�tica (ligadura ou laqueadura dos vasos sangu�neos) e para sutura (em diferentes �rg�os e planos anat�micos do corpo). Denomina-se sutura � uni�o das bordas de uma ferida com fios espec�ficos, de modo a promover melhor e mais r�pida cicatriza��o. Esses fios s�o utilizados para manter os tecidos unidos at� se consumar o processo natura da cicatriza��o. Muitas vezes, na pr�tica di�ria, refere-se ao termo sutura como sinon�mia para fio cir�rgico. CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS DE SUTURA QUANTO A SUA ORIGEM Quanto � sua origem ou material, os fios de sutura podem se classificados como: Biológicos (naturais): (1) oriundos de vegetais: fios de algod�o e linho; e (2) oriundos de animais: categute (intestino de ovinos e bovinos), col�geno e seda (casulo de larvas do bicho da seda). Sintéticos: n�ilon (oriundo da poliamida), dacron (poli�ster), polipropileno (poliolefina), �cido poliglic�lico (pol�mero do �cido glic�lico), poliglactina (pol�meros dos �cidos glic�lico e l�tico; comercialmente chamado de Vicryl�), polidioxanona (pol�mero da paradioxanona). Metálicos: a�o inoxid�vel. CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS DE SUTURA QUANTO A SUA ASSIMILAÇÃO PELO ORGANISMO No que se refere a esse aspecto, os fios cir�rgicos s�o divididos em duas grandes categorias: fios absorvíveis e não-absorvíveis. Este crit�rio, contudo, n�o diz respeito � absor��o org�nica efetiva de cada fio, mas, sim, � resist�ncia e tens�o do fio. Inclusive, podemos ter um fio inabsorv�vel que seja absorvido – isto �, fagocitado – pelo organismo (como os fios inabsorv�veis biodegrad�veis). Fios absorvíveis: s�o os fios de sutura que perdem a sua for�a tensil com menos de 60 dias. Contudo, a maioria desses fios s� � absorvida, no sentido lato da palavra, na m�dia de 90 dias. Os fios absorv�veis podem ser subclassificados de acordo com a sua efetiva absor��o org�nica. Ex: origem animal: categute simples e categute cromado; origem sint�tica: �cido poliglic�lico, poliglactina 910 (Vicryl), polidioxanona, poligliconato. o Fios absorvidos em curt�ssimo espa�o de tempo: categute simples (7 a 10 dias). o Fios absorvidos em curto espa�o de tempo: categute cromado (15 a 20 dias). o Fios absorvidos em m�dio espa�o de tempo: �cido poliglic�lico e poliglactina 910 (Vicryl�): 50 a 70 dias. Perde sua for�a tensil com cerca de 28 dias, sendo ideal para a sutura de aponeurose. o Fios absorvidos em moderado espa�o de tempo: poliglecaprona (90 a 120 dias). o Fios absorvidos em longo espa�o de tempo: polidioxanona (90 a 180 dias) e o poligliconato (150 a 180 dias). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 42 Fios não-absorvíveis (inabsorvíveis): s�o os fios de sutura que perdem a sua for�a tensil com mais de 60 dias, mas que, por defini��o, permanecem indefinidamente nos tecidos, sendo agora encapsulados (forma��o de tecido fibroso em sua volta), mas n�o digeridos, embora possam sofrer altera��es em sua estrutura. Dentro desta classifica��o, temos os fios biodegrad�veis e os n�o-biodegrad�veis. Ex: seda, algod�o, linho, n�ilon, polipropileno, poli�ster, politetrafluoroetileno, a�o. o Fios inabsorv�veis biodegrad�veis: o fio de n�ilon apresenta uma boa resist�ncia tensil (mais de 60 dias) e � hidrolisado pelo organismo cerca de 20% ao ano (isto �, em 5 anos, ele � totalmente absorvido pelo organismo). o Fios inabsorv�veis n�o-biodegrad�veis: o fio de a�o, muito utilizado na esternorrafia e costorrafia, mesmo depois de v�rios anos ap�s o procedimento, ainda � percept�vel ao raio-X de t�rax. O fio de polipropileno (Prolene�), utilizado na s�ntese de parede abdominal, tamb�m se enquadra nesta classifica��o. DIÂMETRO O di�metro de um fio de sutura varia entre padr�es pr�-determinados e seguidos pela ind�stria. Assim, partindo- se de um padr�o denominado “0”, que apresenta cerca de 0,40 mm de di�metro, temos fios de maior di�metro (1, 2, 3, 4, 5, 6, sendo este o fio cir�rgico de maior di�metro) e de menor di�metro (00 ou 2-0, 000 ou 3-0, 4-0, 5-0, e assim por diante at� 12-0, que � o fio cir�rgico de menor di�metro, oscilando entre 0,001 e 0,01 mm). Esses fios de menor di�metro s�o utilizados em microcirurgia, em diversas especialidades, e aqueles de maior di�metro, para a s�ntese de tecido �sseo. Considerando isoladamente, em um determinado fio o aumento de seu di�metro � acompanhado por aumento de sua resist�ncia ou for�a t�nsil. N�o h�, contudo, qualquer ganho em se utilizar um fio com for�a t�nsil maior do que a necess�ria para a sutura do tecido em que esteja sendo empregado. A escolha do cirurgi�o deve ser pelo fio de sutura mais fino poss�vel para o tecido em que est� trabalhando, sem preju�zo do resultado, de forma a utilizar a menor quantidade de tecido estranho ao organismo. RESITÊNCIA E FORÇA TÊNSIL Para que a estrutura anat�mica suturada possa resistir aos est�mulos mec�nicos habituais, a for�a t�nsil de um fio tem que ser mantida at� se completar o processo de cicatriza��o. Resist�ncia � a for�a oposta pelos tecidos � sua jun��o ou reuni�o, ao passo que for�a t�nsil � a for�a que vence essa resist�ncia. Quanto maior a for�a t�nsil de um fio, menor o di�metro que necessita ser utilizado, resultado em menor quantidade de corpo estranho nas feridas cir�rgicas. Dentre os fios de uso comum, os biol�gicos (categute, algod�o, linho e seda) possuem a menor for�a t�nsil, e o a�o inoxid�vel, a maior, e os fios sint�ticos situam-se entre esses dois extremos. TIPOS DE FIOS Fios Absorvíveis. Categute. � um fio biol�gico monofilamentar torcido, apresentando sob a forma simples ousob a forma cromado (mesmo fio, imerso em solu��es com sais de cromo), originalmente formado por fibras col�genas longitudinais obtidas da submucosa do intestino delgado de ovinos ou da camada serosa intestinal de bovinos (atualmente, � preparado com o col�geno tratado e preservado do tecido conjuntivo de animais, n�o necessariamente do intestino de carneiros). A origem etimol�gica dessa denomina��o n�o � inteiramente conhecida. Possivelmente, prov�m de kitgut, um delicado instrumento musical, semelhante a um pequeno violino, cujas cordas provinham de fios intestinais de animais, e posteriormente esta palavra foi alterada para catgut. O categute cromado pode ser utilizado no plano total das anastomoses gastrointestinais em dois planos, na sutura do perit�nio, na bolsa escrotal e no per�neo, n�o devendo ser utilizado no plano aponeur�tico (tecido que leva mais tempo para cicatrizar). A resist�ncia t�nsil dos fios de categute simples e cromado se esgota totalmente em 7 a 10 dias e em 15 a 20 dias. Possuem in�meras caracter�sticas indesej�veis, tais como: (1) � o fio que provoca a mais intensa rea��o inflamat�ria, interferindo no processo de cicatriza��o; (2) apresenta absor��o irregular; (3) dentre os fios, � o que tem menor for�a t�nsil, exigindo o uso de fios com di�metros maiores; (4) os n�s tendem a afrouxar devido � alta capilaridade que apresenta, al�m do fato de atrair fluidos para a ferida, tornando-a edemaciada; (5) apresenta for�a t�nsil e absor��o aumentada na presen�a de infec��o. Poliglactina 910. Manufaturado a partir de 90% de �cido glic�lico e 10% de �cido l�tico. � um fio multifilamentar flex�vel e male�vel, apresentando um revestimento lubrificado (Vicryl�). Ap�s quatro semenas, mant�m apenas Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 43 6% de sua força tênsil. A associação de ácido lático em sua composição dificulta a penetração de fluidos entre os seus filamentos e possivelmente propicia a ocorrência de resistência tênsil aumentada em relação ao fio de ácido poliglicólico. É bastante utilizado para a sutura de aponeurose, contudo, pode se desintegrar sob a ação de enzimas pancreáticas, como amilase e lípase, devendo se evitar o seu uso em anastomoses pancreáticas. Polidioxanona. Fio sintético monofilamentar absorvível em longo espaço de tempo e com grande e duradoura força tensil, manufaturado a partir da polimerização da paradioxanona (PDS®). Poligliconato. Fio sintético monofilamentar absorvível por hidrólise, em longo espaço de tempo, em torno de 150 a 190 dias (Maxon®). Está indicado para todos os tipos de tecido (anastomoses do trato digestório, suturas brônquicas, etc.), bem como para fechamentos de parede abdominal (em todos os seus planos, inclusive o aponeurótico). Seu grande inconveniente é ser o fio de mais alto custo. Fios não-absorvíveis. Náilon. Fio sintético, polímero de poliamida, monifilamentar ou multifilamentar trançado, não-absorvível. Bem tolerado pelo organismo devido à pequena reação tecidual que acarreta. Apresenta boa e duradoura força tênsil, e pouca ou nenhuma ação de capilaridade. Embora classificado como não-absorvível, o fio sobre degradação e algum grau de absorção em torno de dois anos, além de apresentar força tensil progressivamente decrescente a partir de seis meses. Dentre as suas características indesejáveis, destacam-se: (1) é um fio muito escorregadio, em face do baixo coeficiente de atrito, com os nós podendo se desfazer facilmente; (2) é rígido, pouco flexível, com alta memória. Poliprolpileno. Fio sintético, fabricado com propileno polimerizado, monofilamentar, não-absorvível. É extremamente liso, com coeficiente de atrito muito baixo, permitindo suave passagem pelos tecidos e liberação excelente, quando da remoção dos pontos. É praticamente inerte, provocando mínima reação tecidual. Excelente fio para implantes de próteses cardíacas e anastomoses vasculares, mantendo sua força tensil por tempo praticamente indefinido. Pode ser utilizado em praticamente todos os tipos de tecidos, sendo considerado o fio ideal para os chuleios simples intradérmicos. Aço. Fio mono ou multifilamentar torcido ou trançado, fabricado a partir de liga de ferro com carbono, de uso muito restrito na atualidade. É o fio de maior força tensil existente e o que provê menor reação tecidual. É pouco flexível e pouco maleável, sendo desconfortável tanto para o paciente quanto para o cirurgião, furando seguidamente as luvas cirúrgicas e ocasionando ferimentos. Os nós comuns, com esse tipo de fio, são impraticáveis, sendo, por isso, fixados por meio de torça longitudinal de suas extremidades com uso de pinças. Na atualidade, uma de suas poucas indicações para uso encontra-se em algumas operações ortopédicas, pois se preta muito bem para a síntese óssea. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 44 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO E DA CONVENIÊNCIA OPERATÓRIA (Professor Carlos Leite) Saber o momento ideal para se operar um paciente assim como os cuidados necess�rios para com ele s�o sempre questionamentos frequentes quando nos deparamos com um novo paciente. Este cap�tulo trata da indica��o e da conveni�ncia operat�ria, isto �, todo procedimento que acontece desde a primeira consulta at� a entrada do paciente no bloco cir�rgica, se for necess�rio. Veremos que, ao fim de tudo, o sucesso da avalia��o do paciente no per�odo pr�- operat�rio depende da aten��o, do cuidado e da comunica��o de toda a equipe envolvida em sua assist�ncia. Antes de estudar os par�metros que devem ser avaliados para a indica��o cir�rgica, devemos ter consci�ncia dos tipos de cirurgia que o paciente pode ser submetido: Cirurgias eletivas: o momento operat�rio � escolhido sem pressa, sendo ele pr�-estabelecido e agendando sob acordo do paciente e do cirurgi�o. Ex: cirurgia pl�stica. Os principais exames complementares que s�o solicitados neste tipo de cirurgia s�o: o Hemograma completo: a hemoglobina deve estar maior que 10 g/dl (em pacientes idosos) ou 8 g/dl em pacientes jovens. o Glicemia: devem ser menores que 250 mg/dl. o Coagulograma: TAP, PTT, tempo de sangramento, plaquetas. o Ureia e creatinina: solicitados em pacientes acima de 60 anos e naqueles com diarreia, doen�a hep�tica ou renal. o ECG, ecocardiograma e testes ergom�tricos: solicitado para mulheres acima de 55 anos e homens acima de 40 anos. o Transaminases (AST, ALT): solicitados em pacientes com doen�a hep�tica. o β-HCG: exigido como pr�-operat�rio para mulheres em idade f�rtil com hist�ria de amenorreia. Cirurgias de urgência: necessidade de operar o mais r�pido poss�vel, mas permite um tempo de melhora do estado geral do paciente ou administra��o de uma droga necess�ria. Ex: apendicectomia. Geralmente, s�o necess�rios os seguintes exames: hemograma, eletr�litos, ureia e creatinina, tipagem sangu�nea, exames de imagens. Cirurgias de emergência: situa��o grave com risco de morte do paciente e necessidade de interven��o imediata. Ex: trauma. Nenhum exame � necess�rio devido � gravidade da situa��o. Caso o paciente esteja est�vel hemodinamicamente, realizaremos os seguintes exames: hemat�crito, tipagem sangu�nea e radiografia de coluna cervical, t�rax, quadril (“bacia”) e abdome. PREPARO GERAL DO PACIENTE O preparo do paciente envolve um suporte total e completo, em todos os aspectos. S�o necess�rias, ent�o, as seguintes formas de preparo: Preparo psicológico � necess�rio explicar e justificar, de uma forma clara e esclarecida e as etapas pr�-operat�rias. O diagn�stico e a necessidade cir�rgica tamb�m devemser esclarecidos de forma leiga. N�o se deve omitir resultados que possam ser desfigurantes ou quando se � necess�rio o uso de drenos ou de sondas. O cirurgi�o deve garantir a assist�ncia em resultados prolongados. Em resumo, deve-se prevalecer uma boa rela��o m�dico-paciente. Preparo fisiológico Avaliar a necessidade e corrigir desidrata��o e hipovolemia; Corre��o de outros d�ficits de l�quidos; Manter o d�bito urin�rio entre 30 – 50 ml/h Hemoglobina deve estar ≥ 10 g/dl; Deve-se avaliar a necessidade do uso de cristaloides (soro fisiol�gico e ringer lactato) e hemoconcentrados para a devida corre��o de dist�rbios hemodin�micos. Preparo nutricional Avalia��o da capacidade de ingesta alimentar; N�o � todo paciente que necessita de suplementa��o nutricional; Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 45 A principal via de alimenta��o � a boca (via oral). Caso n�o seja poss�vel a alimenta��o oral, deve-se avaliar a necessidade de nutri��o enteral ou parenteral (principalmente em casos de cirurgia de cabe�a e pesco�o, por meio de sondas nasoenterais). Manter n�veis de albumina acima de 2g/100ml. Deve-se fazer suporte enteral (manter a integridade do tubo digestivo) para perdas ponderais ≥ 20% ou albumina ≤ 2,5%. Prevenção de infecção Pode acontecer atrav�s da prepara��o adequada do paciente (higieniza��o pessoal e anti-sepsia do paciente); Preparo antiss�ptico da equipe cir�rgica (escova��o, esteriliza��o dos materiais, montagem do campo cir�rgico, etc.); A preven��o depende ainda do tipo de cirurgia a ser realizada; Realiza��o de antibioticoprofilaxia. AVALIA��O DO CASO CL�NICO-CIR�RGICO E PREPARO PR�-OPERAT�RIO Uma boa avalia��o cl�nica e cir�rgica de um paciente depende muito da hist�ria cl�nica e dos exames complementares colhidos pelo m�dico. Contudo, deve-se dar maior �nfase � anamnese e ao exame f�sico. A anamnese e o exame f�sico bem feitos ainda s�o a melhor forma de se fazer o screening das doen�as. Exames laboratoriais n�o servem para a detec��o de doen�as n�o suspeitadas. Deve-se colher uma anamnese completa do paciente. Neste momento, al�m da coleta dos dados necess�rios para o levantamento do quadro cl�nico, tem-se o estabelecimento da rela��o m�dico-paciente. Deve-se pesquisar alguns t�picos importantes, tais como: Presen�a de alergias a medicamentos ou a outras substancias, principalmente as que possam estar presentes nas solu��es para o preparo da pele; Experi�ncia cir�rgica pr�via e se ocorreram complica��es anest�sicas; Hist�rico de doen�as, como hipertens�o arterial, doen�a card�aca, diabetes, doen�a pulmonar, doen�a renal, convuls�es, doen�a hep�tica, de transfus�es de sangue e de infec��es. No caso de paciente do sexo feminino, pesquisar a data da ultima menstrua��o, o uso de m�todos contraceptivos e se ela est� gr�vida. Avaliar tabagismo, etilismo e utiliza��o de drogas. Proceder com um exame físico completo do paciente tamb�m � necess�rio para a avalia��o pr�-operat�ria. O paciente deve ser totalmente examinado, e n�o somente a �rea a ser operada. Avalia-se o aspecto geral do paciente a press�o arterial, frequ�ncia card�aca e respirat�ria, pulsos, mucosas, orofaringe, regi�o cervical, t�rax, cora��o abdome e membros. O m�dico deve verificar os exames já realizados relacionados � doen�a que est� sendo avaliada, com aten��o para que n�o seja subvalorizado nenhum exame. A realiza��o sistem�tica de exames pr�-operat�rios n�o interfere na morbidade e mortalidade. Os exames laboratoriais solicitados como rotina pr�-operat�ria em pacientes sadios devem ter caracter�sticas espec�ficas que justifiquem a sua solicita��o (normalmente, pacientes h�gidos n�o necessitam de exames pr�-operat�rios). Com os dados da anamnese, do exame f�sico e ap�s an�lise pormenorizada dos exames, a confirma��o do diagnóstico ser� consequ�ncia. Caso ainda existam d�vidas sobre o diagn�stico, dever�o ser solicitados os exames necess�rios para o devido esclarecimento, variando de caso a caso e avaliando-se o custo benef�cio para que sejam evitados exames desnecess�rios. Alcan�ado o diagn�stico, deve-se ent�o ser realizada uma avaliação global do caso, em que todas as informa��es obtidas s�o analisadas. O ideal � que o paciente se encontre em estado fisiol�gico perfeito para que, s� ent�o, seja programado o melhor momento para a realiza��o da opera��o. AVALIA��O DO RISCO ANEST�SICO E CIR�RGICO Enfim, atrav�s de um pr�vio preparo pr�-operat�rio associado a toda uma coleta de hist�ria cl�nica e avalia��o global, o paciente deve ser enquadrado em um dos par�metros de classifica��o utilizados pela cirurgia atualmente, que � a tabela de classifica��o da American Society of Anesthesiologists e o �ndice de Goldman (�ndice multifatorial de risco card�aco, que � v�lido para uma avalia��o pr�-operat�ria do risco cardiovascular). AMERICAN SOCIETY OF ANESTHESIOLOGISTS (ASA) Em 1941, Saklad, Rovenstine e Taylor propuseram uma classifica��o para os pacientes que seriam submetidos a algum procedimento cir�rgico, de acordo com o seu estado geral de sa�de e grau de severidade da doen�a. Uma revis�o dessa escala deu origem � Escala do Estado F�sico da American Society of Anesthesiologistis (ASA). Eles propuseram um sistema com seis classifica��es, em fun��o da doen�a sist�mica (definitiva, severa ou extrema) ou nenhuma doen�a. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 46 Classificação Características do paciente Risco segundo HOUSON e HILL (1970) Risco segundo MARX e COLS. (1973) ASA I Sem dist�rbios fisiol�gicos, bioqu�micos ou psiqui�tricos. 0,08 0,06 ASA II Leve a moderado dist�rbio sist�mico, controlado. Sem comprometimento da atividade normal. A condi��o pode afetar a cirurgia ou a anestesia. 0,27 0,4 ASA III Dist�rbio sist�mico importante, de dif�cil controle, com comprometimento da atividade normal e com impacto sobre a anestesia e cirurgia. Seria um paciente que se enquadraria no ASA II, mas, no momento, n�o apresenta seu dist�rbio controlado. 1,8 4,3 ASA IV Desordem sist�mica severa, potencialmente letal, com grande impacto sobre a anestesia e cirurgia. Geralmente, trata-se de um paciente que j� est� internado no hospital com alguma desordem que, se n�o corrigida ou amenizada, traz um grande risco de morte ao paciente durante o ato cir�rgico ou anest�sico. O procedimento deve ser adiado at� que sua desordem seja controlada. 7,8 3,4 ASA V Paciente moribundo, que s� � operado se a cirurgia ainda for o �nico modo de salvar a sua vida. 9,4 50,7 ASA VI Paciente doador de �rg�os com diagn�stico de morte encef�lica 0,08 0,06 ÍNDICE MULTIFATORIAL DE RISCO CARDÍACO (ÍNDICE DE GOLDMAN) Critérios e Pontos a) Antecedentes pessoais Idade > 70 anos 5 pontos. Paciente que apresentou infarto agudo do mioc�rdio ou acidentes vascular encef�lico nos �ltimos 6 meses 10 pontos. b) Exame f�sico Galope da terceira bulha (B3) ou press�o venosa-jugular (PVJ ou turg�ncia da jugular) elevada (sugerindo um quadro de insufici�ncia card�aca direita) 11 pontos Estenose valvar a�rtica grave 3 pontos c) ECG Ritmo n�o-sinusal ou presen�a de extra s�stoles ventriculares (ESSV) no �ltimo ECG 7 pontos. Mais de 5 extra-s�stoles ventriculares por minuto em qualquer momento 7 pontos. d) Condi��es gerais 3 pontos Gasometria arterial anormal (pO2 < 60 mmHg; pCO2 > 50 mmHg) Anormalidades de K/HCO (K < 4mEq/l; HCO3 < 20 mEq/l) Fun��o renal anormal (ur�ia > 50 mg/dl; creatinina > 3,0mg/dl) Doen�a hep�tica ou confinada ao leito (AST anormal; sinais de doen�a hep�tica cr�nica, etc) e) Opera��o De emerg�ncia 4pontos. Intraperitoneal, intrator�cica, a�rtica 3 pontos TOTAL POSS�VEL = 53 Grau de Risco Pontos Interpretação dos critérios Complicações (%) Óbitos (%) Goldman I 0 – 5 pontos Risco baixo 0,7 0,2 Goldman II 6 – 12 pontos Risco intermedi�rio 5 2 Goldman III 13 – 25 Risco elevado 11 2 Goldman IV >26 Risco elevado 22 56 PERFORMANCE STATUS PS ESTADO FÍSICO 0 Atividade normal 1 Sintom�tico, por�m deambula 2 Acamado menos de 50% do tempo 3 Acamado mais de 50% do tempo 4 Acamado 100% do tempo Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 47 TIPOS DE PROCEDIMENTOS CIR�RGICOS A. Procedimento minimamente invasivo: tem baixo potencial para causar alterações na fisiologia normal. Raramente relacionado com morbidade ligada ao procedimento anestésico. Raramente requer hemotransfusões, monitorização invasiva ou CTI no pós-operatório. Ex: cirurgia de hérnia inguinal, cirurgias na pele, amidalectomias, etc. B. Procedimento moderadamente invasivo: moderado potencial para alterar a fisiologia normal. Pode requerer hemotransfusão, monitorização invasiva ou CTI no pós-operatório. C. Procedimento altamente invasivo: tipicamente produz alteração da fisiologia normal. Quase sempre requer hemotransfusão, monitorização invasiva e CTI no pós-operatório. Ex: cirurgia cardíaca. Considerando-se ainda os pacientes assintomáticos, aqueles submetidos a procedimentos do tipo A, não precisam submeter-se a exames laboratoriais. Já no que diz respeito aos procedimentos dos tipos B e C, os exames laboratoriais são frequentemente necessários. EXAMES PR�-OPERAT�RIOS MAIS COMUMENTE INDICADOS Hemat�crito e hemograma: indicados nos pacientes sintomáticos e nos maiores de 60 anos. A determinação do hematócrito ou da hemoglobina pode predizer a necessidade de transfusão em pacientes que serão submetidos a procedimentos associados a perdas sanguíneas. Assim, recomenda-se a determinação do hematócrito ou da hemoglobina apenas para pacientes cujas operações poderão resultar em perdas sanguíneas significativas. Coagulograma: a avaliação do número de plaquetas, tempo de sangramento, tempo de atividade da protrombina (TAP) e tempo da tromboplastina (PTT) deve ser feita nos pacientes com história de sangramentos (geralmente, gengivorragias após o ato de escovação dentária), neoplasias avançadas, hepatopatias, uso de drogas que podem induzir a plaquetopenia (quimioterapia) e doenças mieloproliferativas. Tipo de sangue: indicado para as cirurgias com perdas volêmicas grandes (> 30%). Para as cirurgias em que há esta suspeita, deve-se fazer uma reserva prévia no banco de sangue associado ao resultado da tipagem sanguínea do paciente. Glicemia: indicada nos pacientes diabéticos, obesos (devido à resistência à insulina) e maiores de 40 anos. Sabe-se que a presença de diabetes mellitus estabelecido resulta em aumento expressivo no risco de complicações cardiovasculares no período pós-operatório, aumentando a morbidade e mortalidade de pacientes submetidos a procedimento operatório para revascularização do miocárdio. Entretanto, a prevalência de diabetes mellitus nos testes laboratoriais pré-operatórios é muito baixa. Eletrocardiograma (ECG): é indicado para homens maiores que 40 anos, para mulheres maiores que 50 anos e para pacientes cardiopatas. Algumas alterações encontradas no ECG realizado durante rotina pré-operatória, sobretudo a presença de onda Q, podem aumentar de forma significativa o risco de complicações cardíacas no período do pós-operatório. Alguns estudos sugerem que a associação entre idade e alterações no ECG pode ser um importante fator preditor de doença coronária, constatando-se um aumento de aproximadamente dez vezes mais na prevalência de infarto do miocárdio silencioso não identificado previamente em indivíduos com idade entre 75 e 84 anos, quando comparados àqueles com idade inferior à 45 anos. Radiografia de t�rax: indicado para maiores de 50 anos, pacientes sintomáticos (tosse, dispnéia, etc), tabagistas e pacientes com doenças pulmonares. Não são incomuns as alterações encontradas nas radiografias de tórax solicitadas como rotina pré-operatória. Anormalidades no parênquima pulmonar, pleura, mediastino e coração podem ser encontradas. Elementos anormais e sedimento urin�rio (EAS) – Sum�rio de Urina: indicado para pacientes com sintomas urinários. Eletr�litos: indicado para pacientes com insuficiência renal ou cardíaca, pacientes que fazem uso de diuréticos, digoxina e inibidores de ECA. Creatinina: indicado para pacientes maiores de 50 anos, nefropatias, hipertensos, diabéticos. Β-HCG: para todas as mulheres em idade fértil ou com data da última menstruação há mais de 4 semanas. OBS: O sucesso de uma cirurgia vai variar de acordo com os seguintes parâmetros que, como já enfatizamos, devem ser bem avaliados pelo médico: momento operatório, resistência do paciente, vulto (amplitude) da operação e evolução da doença. OBS�: Em resumo para saber quando solicitar os exames pré-operatórios mais comumente indicados, temos: Exames Pr�-Anest�sicos M�nimos Recomend�veis ASA I < 50 a. 51 - 65 a. >65 a. >75 a. Hb/Ht Hb/Ht, ECG Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia, RX tórax Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 48 ASA II Qualquer idade Hb/Ht + exames de acordo com a doen�a ASA II com doença cardiovascular Qualquer idade Hb/Ht, ECG, RX t�rax, creatinina, Na+, K+ (se usar diur�ticos) ASA II com diabetes Qualquer idade Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia, Na+, K+ ASA III/ IV/V Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia, RX t�rax, Na+, K+ + exames de acordo com a doen�a Tempo de validade: Um ano para pacientes ASA I e ASA II Exce��o: exames que podem sofrer altera��es mais frequentes devido � doen�a e/ou tratamento (ex: Hb em paciente com mioma, glicemia em paciente diab�tico). JEJUM PR�-OPERAT�RIO PARA TODAS AS IDADES DIETA TEMPO DE ESPERA PARA A CIRURGIA L�quidos claros ou sem res�duos 2h Leite materno 4h F�rmula infantil 6h Leite n�o humano 6h Refei��o leve 6h Refei��o completa 8h MEDICA��O DE USO HABITUAL MANUSEIO DE CONDI��ES CL�NICAS ESPEC�FICAS Hipertensão arterial: a presen�a de hipertens�o arterial moderada (press�o arterial sist�lica entre 160 e 179 mmHg ou press�o arterial diast�lica entre 100 e 109 mmHg, pela classifica��o da Organiza��o Mundial da Sa�de) n�o � um fator de risco independente para as complica��es perioperat�rias, mas o controle efetivo da press�o arterial minimiza o estresse cardiovascular. O paciente portador de hipertens�o arterial severa (press�o arterial sist�lica ≥ 180 mmHg ou press�o arterial diast�lica ≥110) dever� ter seus n�veis tensionais controlados antes do procedimento eletivo. � fundamental a continua��o da terapia anti-hipertensiva no per�odo p�s- operat�rio. Insuficiência cardíaca: as cardiomiopatias dilatada ou hipertr�fica est�o associadas com o aumento na incid�ncia de insufici�ncias card�acas no per�odo perioperat�rio. Se houver suspeita de presen�a de insufici�ncia card�aca durante a anamnese, deve-se realizar ecocardiograma para avaliar o grau de disfun��o sist�lica e diast�lica. O objetivo do tratamento � melhorar o estado hemodin�mico pr�-operat�rio e o manuseio peri- operat�rio. Arritmias cardíacas: os dist�rbios do ritmo card�aco s�o frequentemente associados com doen�as da estrutura do mioc�rdio, como a doen�a arterial coronariana e a disfun��o ventricular. A identifica��o de arritmia card�aca ou dist�rbio da condu��o deve motivar uma avalia��o sobre a presen�a de doen�a cardiovascular, efeitos Suspensão prévia Anticoagulantes orais (Warfarin) 5 dias antes Antiagregante plaquet�rio (AAS)7-10 dias antes AINEs (Diclofenaco) 24 a 48 horas Antidepressivos 3 – 5 dias Antidiab�ticos orais No dia Manter o uso ______________________ Anti-hipertensivos β-bloqueadores Insulina Broncodilatadores Cardiot�nicos Anticonvulsivante Glicocortic�ides Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 49 tóxicos de drogas ou anormalidades metabólicas. A monitorização intensiva geralmente não são necessários na fase pré-operatória. Marca-passo e desfibriladores implantados: é útil reconhecer a presença desses aparelhos, determinar o tipo do marca-passo, sua indicação de implante e se persistem os sintomas que motivaram a sua colocação. O marca-passo é geralmente avaliado a cada seis meses; se ele não foi avaliado nos últimos seis meses, é recomendável uma revisão antes do procedimento cirúrgico. Também se recomenda a colocação das placas de cardioversão distante do local de implante do marca-passo. Diabetes mellitus: os pacientes portadores de DM apresentam aumento no risco de infecções pós-operatórias, maior propensão para desenvolver doenças cardiovasculares. O objetivo do manuseio é evitar a severa hiperglicemia ou hipoglicemia, tentando sempre manter a glicemia entre 100 mg/dl e 200 mg/dl. O anestesista pode realizar a administração de insulina se for necessário. Asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): o paciente deve ser instruído a tomar todas as suas medicações usuais, orais e inalatórias, e levá-las quando for internado para realizar o procedimento operatório. Em alguns casos, o organismo lança mão do broncoespasmo como uma consequência de reação de defesa contra o ato cirúrgico. Na presença de alterações na ausculta, deve-se avaliar o adiamento da cirurgia até correção do quadro. Doenças da tireóide: o hipertireoidismo sintomático tem sido associado com várias complicações perioperatórias, como hipotensão, insuficiência cardíaca, parada cardíaca e mrote. Nesses pacientes, a cirurgia eletiva deve ser adiada até que a reposição hormonal adequada tenha compensado o paciente. Os pacientes com hipertireoidismo assintomático geralmente toleram bem o ato operatório, apresentando apenas pequeno aumento da incidência de hipotensão intra-operatória. Pacientes grávidas: a preocupação inicial é assegurar que o cirurgião tem conhecimento da gravidez da paciente. Todas as pacientes grávidas devem ser acompanhadas por seus obstetras durante todo o período de avaliação pré-operatória. As preocupações mais frequentes sobre essas pacientes são dirigidas aos efeitos da anestesia sobre o feto, principalmente no período da organogênese (entre a terceira e oitava semanas do primeiro trimestre da gravidez). OBS3: Fatores de risco relacionados a complicações pulmonares: Cirurgia torácica e do abdômen superior História de DPOC Tosse produtiva e purulenta no pré-operatório Tempo de anestesia > 3 horas Tabagismo e Obesidade Idade > 60 anos Estado nutricional precário no pré-operatório Sintomas de doença respiratória com exame físico alterado Radiografia de tórax anormal OBS4: Preparo específico do paciente com relação à função hepática (CHILD-PUGG). Parâmetro 1 ponto 2 pontos 3 pontos Bilirrubina (mg/dl) < 2,0 2,0-3,0 > 3,0 Albumina (g/dl) > 3,5 3,0-3,5 < 3,0 Ascite Ausente Reversível Intratável Encefalopatia Ausente Discreta Coma TAP > 70% 40-70% < 40% CHILD Pontos Operabilidade A Até 6 Sem limitações Resposta normal a todas as cirurgias Habilidade normal do fígado para regenerar B 7-9 Algumas limitações á função hepática Resposta alterada a todas as cirurgias, mas boa tolerância com preparo pré- operatório Habilidade limitada do fígado para regenerar o parênquima C 10 ou + Graves limitações á função hepática Má resposta ás cirurgias, independente dos esforços pré-operatórios A ressecção hepática, independente da extensão, é contraindicada Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 50 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA NOÇÕES BÁSICAS DE CIRURGIA ASSÉPTICA (Professor Carlos Leite) A prepara��o para o ato operat�rio envolve cuidados com material cir�rgico, equipe cir�rgica, local da opera��o e posicionamento do paciente e da equipe. Desde o s�culo XIX, Joseph Lister j� conceituou alguns cuidados de assepsia que, at� ent�o, era praticamente inexistente: o melhor cirurgi�o para �poca era aquele que tinha as m�os e o avental mais sujo de sangue. Com a introdu��o feita por Lister e Gustav V. Neuber, entre os anos de 1882 e 1883, o gorro e o avental comprido passaram a ser utilizado no seu meio cir�rgico, mais como um meio de prote��o individual; Willian Halsted, para proteger uma enfermeira de sua equipe contra uma rea��o al�rgica cut�nea que tinha nas m�os ao fazer uso das subst�ncias bactericidas de uso pr�-operat�rio, desenvolveu as luvas, em 1889; Mikulicz, em 1897, instituiu o uso de máscaras. Como surgimento e o uso desses cuidados – que vieram primariamente com o objetivo de prote��o individual – notou-se uma redu��o dr�stica nos n�veis de infec��o em hospitais de grande renome naquela �poca. Foi o estudo mais minucioso desses cuidados que culminaram nas no��es b�sicas de cirurgia ass�ptica utilizadas ainda hoje. CONCEITOS Com o fundamento para a prepara��o do ato operat�rio, assim como para sua efetiva realiza��o, destacam-se os conceitos de assepsia, antissepsia, desinfec��o e esteriliza��o que julgamos oportuno e conveniente ressaltar isoladamente e que ora apresentamos. Assepsia (do grego, a = nega��o + séptico = putrefa��o): � o termo utilizado para designar a aus�ncia de mat�ria s�ptica, isto �, um estado livre de infec��o. Este �, portanto, o objetivo da equipe cir�rgica: realizar um ato operat�rio ass�ptico, devendo manter livres de germes o doente, a equipe cir�rgica e o ambiente. Antissepsia (do grego, anti = contra + séptico = putrefa��o): � termo utilizado para nomear o conjunto de procedimentos e pr�ticas destinados a impedir a coloniza��o por microrganismos patog�nicos ou que visam � destrui��o desses microrganismos, por determinado per�odo de tempo, em especial, mediante o uso de agentes qu�micos. Portanto, em outras palavras, a antissepsia � o meio pelo qual se busca e se obt�m a assepsia em tecidos org�nicos. Desinfecção: consiste no combate aos microrganismos que se assentam sobre a superf�cie de objetos inanimados, com o uso de agentes denominados desinfectantes ou desinfetantes. Esterilização: corresponde � completa destrui��o de todas as formas de vida microbiana, incluindo os esporos bacterianos, que s�o altamente resistentes, empregando-se, para isto, m�todos f�sicos e qu�micos mais avan�ados do que os usados anteriormente. ASSEPSIA A assepsia trata-se de um m�todo que impede, especialmente atrav�s de meios f�sicos e qu�micos, a entrada de microrganismos patog�nicos no corpo humano, impedindo a penetra��o de microrganismos em local que n�o os contenha, um local est�ril. Consiste, ent�o, na tentativa de elimina��o de qualquer fator potencial de infec��o, impedindo a penetra��o de microrganismos em local que n�o os contenha. Deve-se ressaltar que n�o h� possibilidade de se chegar � assepsia total na pr�tica cir�rgica, isto �, � aus�ncia total de germes. No entanto, essa situa��o deve ser sempre perseguida, aproximando-se, ao m�ximo, desse estado ideal. No que se trata � sala cir�rgica, a assepsia est� representada pelo uso de vestimenta est�ril pelos membros da equipe cir�rgica (aventais e luvas ass�pticos), pela delimita��o do campo operat�rio por coberturas est�reis e pelo uso de instrumentos cir�rgicos submetidos ao processo de esteriliza��o. Para a obten��o da assepsia, deve-seter cuidados especiais para com o doente e com a equipe. CUIDADOS COM O DOENTE Idade: extremos de idade (pacientes muito novos ou muito idosos) apresentam uma suscetibilidade a infec��es muito maior devido a uma car�ncia ou imaturidade das respostas imunol�gicas. Deve-se ter, portanto, um cuidado muito maior para com esses pacientes. Altera��es metab�licas e de nutri��o: problemas como diabetes ou obesidade refletem em uma incid�ncia maior de infec��o em blocos cir�rgicos. Pacientes desnutridos, por apresentarem pouca reserva nutricional, n�o apresentam uma resposta fisiol�gica normal e, portanto, s�o suscept�veis ao desenvolvimento de infec��es. Dura��o da hospitaliza��o: � prefer�vel que o paciente permane�a o m�nimo de tempo poss�vel no hospital pois, quanto mais tempo o paciente fica no ambiente hospitalar, maiores s�o as chances de ele desenvolver infec��es. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 51 Admite-se que, depois de 48h em um certo ambiente hospitalar, o indiv�duo j� ter� sido exposto a qualquer vida microbiana existente naquele local. Tempo de cirurgia: quanto maior for o tempo operat�rio, maiores s�o as chances de infec��o pelas cepas de bact�rias permanentes que resistem aos m�todos antiss�pticos. Uso de drenos: o uso de qualquer aparelho de drenagem favorece o surgimento de infec��o ao doente devido � produ��o artificial de um meio de continuidade entre o meio externo e o meio interno do paciente. Tamanho da incis�o: quanto maior a incis�o, maior o tamanho da solu��o de continuidade e, portanto, maiores s�o os riscos de infec��o. Tricotomia: consiste na raspagem de pelos do paciente que deve ser feita pr�ximo ao momento de se operar o paciente com equipamentos ideais e, de prefer�ncia, esterilizados. Deve-se ter um cuidado especial no ato da tricotomia para evitar ao m�ximo traumatismos na pele que possam gerar alguma solu��o de continuidade que favore�a a prolifera��o de microrganismos. CUIDADOS REFERENTES À EQUIPE CIRÚRGICA Higiene pessoal e vestimenta cir�rgica (pijama cir�rgico, gorros e toucas, m�scaras, aventais e luvas): todos que trabalham no centro cir�rgico precisam praticar uma higiene pessoal rigorosa que inclua banhos di�rios, uso de unhas curtas, aus�ncia de maquiagem, etc. Toda pessoa que entra no centro cir�rgico deve utilizar o vesti�rio para trocas de roupas esterilizadas. Estas devem ser facilmente reconhecidas por cores destacantes, como azul ou verde. Antes de entrar no centro cir�rgico, deve-se guardar qualquer adorno, tais como brincos, an�is, pulseiras e rel�gio. O vestu�rio para a parte n�o-cr�tica na cirurgia consta de cal�a e camisa (pijama cir�rgico ou tamb�m chamada pelos acad�micos de “roupa de bloco”), gorro e sapatilhas (prop�s). As mangas das camisas devem ser suficientemente curtas para permitir a correta escova��o das m�os, antebra�os e cotovelos, sem que se molhem durante esse procedimento. A camisa deve estar preferencialmente ensacada na cal�a para evitar que se molhe durante a escova��o. Os gorros reduzem a contamina��o do campo operat�rio por microrganismos advindos do couro cabeludo e do cabelo dos membros da equipe cir�rgica. As m�scaras devem cobrir toda a boca e o nariz. O protetor de olhos (�culos cir�rgico) constitui uma outra prote��o cujo uso deve ser estimulado para todos os membros da equipe cir�rgica. O uso dessas roupas por mais de oito horas seguidas deve ser avaliado, haja vista que parece existir aumento na contamina��o diretamente associado ao tempo em que elas s�o usadas e expostas ao ambiente do centro cir�rgico. Lavagem das m�os: independentemente da escova��o cir�rgica, todas as pessoas que frequentam o centro cir�rgico devem se acostumar com a lavagem rotineira e repetida das m�os. Esse simples ato propicia a queda importante no �ndice de transmiss�o de infec��es. A lavagem das m�os (dos punhos e do antebra�o) deve ser realizada, da forma mais completa poss�vel, antes da escova��o. Ainda que se utilize luva est�ril, algumas bact�rias que permanecem na pele das m�os ap�s a escova��o podem encontrar um ambiente quente e �mido (sob as luvas) prop�cio para o seu crescimento. A efic�cia dessa lavagem depende de v�rios fatores: volume de sab�o, tempo de fric��o, superf�cie das m�os, n�mero de microrganismos sobre as unhas, uso de an�is e t�cnica utilizada para a lavagem. A lavagem deve ser realizada com a utiliza��o de um sab�o antimicrobiano, deixando em contato com a pele das m�os por um per�odo de dez segundos. A fric��o e sua sequ�ncia variam muito de autor para autor. Contanto que toda a m�o seja contemplada com a lavagem e que a sequ�ncia n�o tenha recidiva (retorno de uma parte rec�m- lavada para outra lavada antes), a sequ�ncia � aceita. O enx�gue deve ser rigoroso para remo��o dos res�duos de sab�o e a secagem deve ser feita com toalhas de papel. Contudo, em casos de cirurgia, a m�o s� ser� enxugada no pr�prio bloco, depois da escova��o, com o uso de compressas esterilizadas. Escova��o cir�rgica e secagem com compressa: a escova��o das m�os, antebra�o e cotovelos de todos os membros da equipe que v�o entrar em contato com materiais est�reis constitui uma etapa preparat�ria e indispens�vel para todos os atos cir�rgicos. Ela � realizada para a remo��o de detritos, elimina��o da microbiota transit�ria e redu��o da microbiota residente (permanente). Nos lavabos dos centros cir�rgicos, s�o comumente encontradas embalagens individuais de uso �nico contendo escova-esponja embebida em solu��o antiss�ptica com iodopovidina ou clorexidina, junto a uma esp�tula para a limpeza das unhas (desinquina��o). As torneiras de um lavabo cir�rgico deve ser acionada por bot�es colocados no piso ou de forma autom�tica por meio de c�lulas fotoel�tricas, devendo conter tamb�m dispositivos de regulagem de temperatura da �gua. O cirurgi�o n�o deve fazer uso das m�os para acionar a corrente de �gua. A antiga pr�tica do uso de torneiras manuseadas com o cotovelo, como ainda se encontra comumente, deve ser desestimulada. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 52 Ao se realizar a escovação, o roteiro básico a ser seguido é: (1) abrir as embalagens das escovas que devem estar presentes no lavabo; (2) lavagem completa das mãos e antebraços (até a região acima dos cotovelos), utilizando-se de água e sabão antimicrobiano; (3) espalhar a solução antisséptica que está embebida na esponja da escova ao longo de toda a área a ser escovada, seguindo sempre movimentos descendentes e contínuos, sem que se façam movimentos de vai-e-vem; (4) limpar as áreas subungueais (desinquinação) com a espátula ou com a própria escova; (5) escovar as faces lateral e medial de cada dedo, comissuras interdigitais e, em seguida, o dorso e a palma da mão, sempre com movimentos únicos e contínuos, partindo do distal para o proximal, evitando o vai-e- vem; (6) escovar antebraço até a região acima do cotovelo com movimentos únicos e contínuos; (7) enxaguar as mãos, antebraços e cotovelos, sempre nessa ordem; (8) aplicar, após a escovação, solução aquosa do mesmo anti- séptico previamente utilizado; (9) secagem com compressa estéril utilizado um lado da compressa para cada membro. Colocação do avental (capote cirúrgico) e luvas: a maior justificativa do uso do avental e luvas cirúrgicas é a criação de uma barreira entre o campo operatório e os membros da equipe cirúrgica, sendo utilizados para proteger o paciente da contaminação que os membros da equipe possam eventualmente levar ao campo operatório. Uma vez realizada a correta escovação cirúrgica, enxágue e retirada do excesso de antisséptico por meio da secagem,todos os membros da equipe deverão colocar os aventais e as luvas cirúrgicas. Quando contamos com a presença de um instrumentador (ou circulante), ao entrarmos na sala cirúrgica ele já deverá se encontrar devidamente paramentado e nos auxiliará na colocação de vestimenta, passando-nos o avental aberto e na posição correta para que o vistamos. Os laços que serão feitos no avental também é por conta do circulante. Ao serem levados para esterilização, os aventais são dobrados de forma que sua parte externa e suas mangas fiquem voltadas para dentro. Deste modo, pega-se o avental firmemente pela gola, afastando-se de qualquer local não-estéril. Deve-se ter o cuidado para que nenhuma parte do avental toque em partes não-esterilizadas da sala de cirurgia e do próprio capote (as únicas duas partes consideradas contaminadas são a gola e os ombros, haja vista que o houve contato com a mão desnuda e que, embora lavada, não está asséptica). Uma vez que o capote esteja totalmente aberto, introduzimos as mãos correspondentes guiando cada membro superior através das mangas correspondentes. Como ainda estamos sem luvas, não devemos fazer qualquer esforço para passar as mãos pelos punhos do avental devido à possibilidade de a fricção desenvolvida (ainda que mínima) poder propiciar o assentamento bacteriano. Devemos solicitar a ajuda do circulante da sala que, por traz, puxará o avental até os ombros, descobrindo as mãos do cirurgião, e amarrará as suas tiras dorsais. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 53 Terminada a coloca��o do avental, o pr�ximo passo � a coloca��o das luvas cir�rgicas. De forma padronizada, as luvas s�o dispostas em sua embalagem protetora (e esterilizada) com o punho virado para fora, permitindo que sejam manipuladas utilizando a parte exposta de sua face interna. Com a m�o esquerda, pegamos a parte interna exposta da luva direita (por sua dobra) e a introduzimos na m�o direita. A seguir, a m�o direita, j� parcialmente enluvada (antes de se posicionar a luva corretamente), pega a outra luva – esquerda – tamb�m por sua dobra (tentando atingir, agora, a parte externa n�o exposta da luva) e a introduz na m�o correspondente (a ordem inversa tamb�m pode ser realizada de acordo com a prefer�ncia de cada um). Somente ap�s esta etapa, com as m�os j� parcialmente enluvadas, nos preocupados em desenrolar os punhos de ambas as luvas tendo o cuidado de n�o tocar qualquer parte desnuda do antebra�o. Da mesma forma que observamos muito cuidado ao ato de colocar as luvas, tamb�m na hora de retirada devem ser tomadas algumas precau��es, mas agora � o seu lado externo que n�o deve entrar em contato com qualquer parte desnuda de nosso corpo, de forma a n�o propiciar contamina��o por microrganismos. Ao serem retiradas e desprezadas, suas faces externas devem estar voltadas para dentro, de modo que o cirurgi�o n�o toque nenhuma parte de seu corpo desnuda sobre a face externa (e j� contaminada) da luva. Ao final da retirada, deve ser descartada em recipiente apropriado. ANTISSEPSIA A antissepsia � o conjunto de procedimentos e pr�ticas que visam impedir a coloniza��o ou destruir por determinado per�odo de tempo os microrganismos. Consiste, portanto, em empreender todos os esfor�os que possibilitam o controle, total ou parcial, da prolifera��o de microrganismos patog�nicos, ao menos por um determinado per�odo de tempo. Constitui um m�todo profil�tico, haja vista que resulta do emprego de agentes germicidas (antiss�pticos) contra pat�genos no tecido humano, diferentemente da desinfecção. Assim, estamos praticando a antissepsia quando utilizamos agentes antiss�pticos que habitam as m�os, antebra�os e cotovelos da equipe cir�rgica, mediante um processo mec�nico e qu�mico conhecido como escovação cirúrgica. Tamb�m se refere � antissepsia o preparo da �rea a ser operada, com o emprego de subst�ncias antiss�pticas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 54 De uma maneira simplista, podemos dizer que, em Cirurgia, a assepsia � sempre desejada, perseguida. Como essa eventualidade n�o � poss�vel de ser atingida e s� pode ser vislumbrada mediante o emprego dos itens pass�veis de esteriliza��o (vestimenta, luvas e instrumentos), s�o utilizados alguns agentes (anti-s�pticos) com o intuito de se buscar a “inating�vel” assepsia. ANTISSÉPTICOS As subst�ncias providas de a��o letal ou inibit�ria da reprodu��o de microrganismos s�o designadas, genericamente, como antissépticos. Destinam-se � aplica��o em pele e mucosas visando � redu��o do �ndice de coloniza��o microbiana e, por conseguinte, de infec��o do campo operat�rio. Sistematicamente, devem dispor de algumas propriedades essenciais: (1) a��o bactericida (destrui��o dos microrganismos patog�nicos); (2) a��o bacteriost�tica (inibi��o da prolifera��o de microrganismos); (3) persist�ncias de a��o durante v�rias horas (a��o duradoura); (4) aus�ncia de causticidade; (5) baixo �ndice de rea��es de hipersensibilidade; (6) baixo custo. Entretanto, n�o se disp�e de um antiss�ptico ideal que re�na todas essas condi��es de forma absoluta. Iodo: o composto de iodo mais conhecido e, at� certo tempo, comumente utilizado no preparo da pele � o álcool iodado a 0,5% ou 1% (como exemplo, o Mertiolate�). Age pela facilidade em penetrar na parede celular dos microrganismos, inibindo a sua s�ntese vital, oxidando e substituindo o conte�do microbiano por iodo livre. Seu uso foi drasticamente limitado por sua baixa pot�ncia e por causar queimaduras e irrita��o. Apresenta fun��o bactericida, virucida, microbactericida e fungicida. Contudo, pode causar dor se aplicado sobre uma solu��o de continuidade e queima em altas concentra��es. Indiv�duos al�rgicos devem tomar certas precau��es. Iodóforos: s�o combina��es est�veis de iodo ou triodeto adicionadas a um ve�culo carreador de alto peso molecular como alguns pol�meros neutros: polivinilpirolidona, polieterglicol, poliamidas, polissacar�deos, etc. Os mais usados s�o: Betadine�, Don- Dyne�, Laboriodine�, Marcodine� e Riodeine�. Atuam carreando mol�culas de iodo que s�o liberadas gradativamente em baixas concentra��es, mantendo o efeito germicida pr�ximo do iodo, mas reduzindo a sua toxicidade. Necessitam de cerca de dois minutos de contato para a libera��o do iodo livre, atingindo, assim, n�vel anti-s�ptico adequado. Tem efeito residual de 2 a 6h e � inativado por mat�ria org�nica. A presen�a de mat�ria org�nica inibe rapidamente a sua libera��o. S�o encontrados em formula��es degermantes (que forma espuma), alco�lica e aquosa, em concentra��es de 10% com 1% de iodo livre. Em nosso meio, o agente solubilizando e carreado mais empregado � a polivinilpirrolidona (PVP), compondo o polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I). A solu��o de clorexidina � utilizada para pacientes al�rgicos ao iodo. Clorexidina (gluconato de clorexidina): age por destrui��o da parede celular e precipita��o dos componentes internos da c�lula microbiana. Apresenta longo espectro contra bact�rias gram- positivas, boa atividade contra gram-negativas, fungos e v�rus, por�m pequena a��o contra micobact�rias. Consiste em um sal incolor, inodoro e fortemente b�sico e, portanto, n�o deve ser utilizado sobre o globo ocular e no ouvido m�dio. Suas principais caracter�sticas s�o: (1) atua mesmo na presen�a de sangue ou exsudatos; (2) apresenta atividade por at� 6 ou 8 horas; (3) pode ser inativada na depend�ncia do pH; (4) tem baixa toxicidade e irritabilidade, sendo segura, inclusive, para uso em rec�m-natos; (5) constitui uma excelente alternativa para aqueles pacientes com sabida intoler�ncia ao iodo. Ex: Clorexidina�, Chlorohex�,Glucohex�, Riohex�, Silvex�, etc. Hexaclorofeno: possui atividade bacteriost�tica importante, por�m lenta e pouco duradoura. Tem boa a��o contra bact�rias gram-negativas, tendo pouco efeito sob os esporos. Seu uso pode ocasionar neurotoxicidade, por absor��o transcut�nea. Apresenta efeito reduzindo na presen�a de sangue ou exsudato e, na atualidade, encontra-se praticamente fora de uso. Ex: Fisohex�, Soapex�. Álcool: age por desnatura��o de prote�nas e tem boa a��o bactericida e micobactericida. Tamb�m possui a��o contra os principais fungos e v�rus, incluindo v�rus sincicial respirat�rio, v�rus da hepatite B e HIV. � um dos mais seguros anti-s�pticos, reduzindo rapidamente a contagem microbiana na pele. Pode ser utilizado na forma de �lcool isoprop�lico ou et�lico (o primeiro � mais t�xico e menos eficaz como bactericida que o segundo). Concentra��es entre 60% e 90% s�o adequadas, e 70% t�m sido a concentra��o mais indicada, por causar menor ressecamento da pele. Al�m de ser inflam�vel, apresenta desvantagens por n�o apresentar efeito residual e pequena inativa��o por mat�ria org�nica. DESINFEC��O Consiste na destrui��o dos microrganismos presentes, em sua forma vegetativa, nas superf�cies inanimadas. Por esta raz�o, o desinfetante ideal seria aquele (1) com amplo espectro de a��o antimicrobiana; (2) inativa��o r�pida Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 55 de microrganismos; (3) manuten��o de a��o duradoura; (4) n�o ser corrosivo; (5) tolerar varia��es de temperatura e pH; (6) apresentar baixo custo. A desinfec��o, apesar de ter o mesmo fundamento da anti-sepsia, n�o deve ser confundida com ela. Enquanto que a anti-sepsia trata-se de um m�todo profil�tico que emprega agentes anti-s�pticos contra pat�genos no tecido humano, a desinfec��o trata-se do combate aos microrganismos que se assentam sobre a superf�cie de objetos inanimados, com uso de desinfetantes. Os principais agentes desinfetantes s�o: Álcool: utilizado por ter atividade germicida, menor custo e baixa toxicidade. Age pela desnatura��o das prote�nas, sendo recomendando para desinfec��o de n�vel m�dio de artigos e superf�cies, obtendo-se efic�cia com tr�s aplica��es sequenciais. N�o se recomenda sua utiliza��o em artigos com componentes pl�sticos ou borracha. Formaldeído: utilizado como formalina aquosa a 10% ou alco�lica a 8%. Seu mecanismo de a��o se d� pela coagula��o de prote�nas. � bactericida, fungicida, virucida e tuberculicida, ap�s 30 minutos, e esporicida ap�s 18 horas (� concentra��o de 4%, depois de 24h). Sua a��o como desinfetante � tida como razo�vel e n�o possui nenhum efeito antiss�ptico. Seu principal uso � na conserva��o de pe�as de tecidos, sendo tamb�m utilizado para desinfec��o de instrumentos com lentes. Glutaraldeído: � bactericida, tuberculicida e esporicida. Por ser t�xico para os tecidos, qualquer material nele imerso deve ser enxaguado com �gua destilada antes do uso no paciente ou do manuseio pela equipe. Para que ele seja eficaz como esterilizantes, o material deve ficar totalmente imerso em solu��o por 10 horas. N�o � corrosivo para instrumentais e tem a��o r�pida para desinfec��o de alto n�vel. � utilizado para desinfec��o de instrumentos anest�sicos. ESTERILIZA��O Consiste na completa destrui��o de todas as formas de vida microbiana, incluindo os esporos bacterianos, que s�o altamente resistentes, empregando-se m�todos f�sicos ou qu�micos. A esteriliza��o passa por etapas de processamento que garantem a sua efic�cia. O primeiro passo ocorre imediatamente ap�s o uso na sala de opera��es, por meio da lavagem para a retirada de res�duos org�nicos, diminuindo a sua carga microbiana. Esses materiais devem, ent�o, serem armazenados em caixas met�licas perfuradas, bandejas ou pacotes individualizados, e envolvidos em embalagens apropriadas. Diversos m�todos para esteriliza��o de materiais cir�rgicos, por meios f�sicos ou qu�micos, s�o descritos, devendo ser escolhido o mais exequ�vel. Calor seco: m�todo que emprega o calor como agente esterilizante, por�m sem a presen�a de umidade, com a��o biocida ocorrendo por oxida��o do protoplasma das c�lulas. Os par�metros considerados s�o tempo e temperatura: 180oC por 30 minutos, 170oC por 60 minutos ou ainda 160oC por 2 horas. A estufa � utilizada para realizar esta esteriliza��o, sendo indicada para instrumentos como metais e vidrarias. Os microrganismos s�o destru�dos por oxida��o. Calor úmido: � o m�todo de esteriliza��o empregado pelas autoclaves, em que o calor �mido � empregado na forma de vapor saturado em alta temperatura sob alta press�o. � o principal eleito nas unidades hospitalares. D�-se a denomina��o de vapor saturado porque sua temperatura equivale � do ponto de ebuli��o da �gua e se produz pela combina��o de energia que aquece a �gua com n�veis de press�o maiores do que a press�o atmosf�rica, acelerando o aquecimento e propiciando o alcance de temperaturas pr�prias para a esteriliza��o (121 – 134oC). Artigos termossens�veis n�o devem ser autoclavados, destes, apenas borracha e tecidos. Os microrganismos s�o destru�dos por calor �mido, pelo processo de desnatura��o e coagula��o do sistema enzim�tico das prote�nas dentro da c�lula bacteriana. Esterilização por meios químicos: a esteriliza��o pelo �xido de etileno � utilizada para artigos termossens�veis. Trata-se de um g�s inflam�vel, explosivo e carcinog�nico. Destr�i bact�rias, v�rus, fungos e v�rios esporos. � utilizado para materiais como endosc�pios, objetos de pl�stico e borracha, cabos el�tricos, frascos e ampolas de medicamentos, instrumentos delicados e afiados, fios de sutura, pl�sticos, cabos de for�a e c�maras, dentro outros artigos que requerem baixa temperatura. Sua a��o se faz pela alquila��o das cadeias prot�icas microbianas, interferindo em sua multiplica��o. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 56 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA FERIDAS E BIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO (Professor Carlos Leite) A fun��o prim�ria da pele � atuar como uma barreira protetora contra agentes agressores do meio ambiente. A perda de integridade de grandes propor��es da pele, como resultado de ferimento ou doen�a, pode causar incapacidade ou, at� mesmo, �bito. Ferida �, por defini��o, qualquer solu��o de continuidade na pele. O organismo repara essa solu��o de continuidade pela cria��o de um tecido que preenche o defeito cut�neo e mant�m unidas as bordas da ferida: a cicatriz. Os objetivos principais do tratamento das feridas s�o: fechamento r�pido da les�o e cicatriz resultante funcional e esteticamente satisfat�ria. A aplica��o desses princ�pios, que abrange o conhecimento da biologia do processo de cicatriza��o, estende-se �s feridas agudas (m�nimas, como o “joelho ralado” de uma crian�a, ou complexas, criadas pelo bisturi do cirurgi�o ou queimaduras) e feridas cr�nicas (como as �lceras e feridas venosas, arteriais, de press�o e as diab�ticas). CLASSIFICA��O DA FERIDA A ferida pode ser, grosseiramente, classificada quanto ao agente causal e quanto � cicatriza��o. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS QUANTO AO AGENTE CAUSAL Incisas ou cortantes: s�o feridas produzidas por qualquer agente cortante desde que a solu��o de continuidade tenha um comprimento predominante sobre a profundidade, bordas n�tidas, retil�neas e regulares. S�o feridas produzidas por bisturi, facas, tesouras, navalhas. A forma da ferida depende do modo de como o instrumento cortante � introduzido na pele, podendo causar, inclusive, feridas perfurantes. Corto-contusas: o que caracteriza � a for�a do peso do instrumento, sendo ele capaz de produzirum corte pouco mais profundo: a profundidade predomina sobre o comprimento e apresenta bordas irregulares. Instrumentos como machados e enxadas produzem este tipo de ferida. Al�m disso, a contus�o causada por este instrumento predomina sobre os aspectos da ferida. Perfurantes: podem ser perfurantes superficiais (profundidade limitado ao plano pr�-aponeur�tico) e as feridas perfurantes profundas (atravessam a aponeurose). Enquadram-se neste tipo de classifica��o toda ferida que penetra as cavidades naturais do organismo (feridas cavitárias) e aquelas que transfixam estruturas de um lado e outro (transfixantes). Agentes longos e pontiagudos (como prego, alfinete, agulha, faca, navalhas, tesouras). Pérfuro-contusas: ferida causada por instrumentos capazes de perfurar e causar les�es contusas na superf�cie de seu local de entrada. S�o feridas causadas por instrumentos como balas de arma de fogo. Caracteriza-se por ser uma ferida circular que pode produzir dois orif�cios distintos: (1) orif�cios entrada: com orla de contus�o (zona mais interna, produzida pelo impacto do proj�til sobre a superf�cie cut�nea), orla de enxugo (queimadura em torno da les�o) e zona de tatuagem (zona mais externa, caracterizada pela pulveriza��o da p�lvora no momento do impacto); (2) orif�cio de sa�da: s�o geralmente maiores que o orif�cio de entrada, sem orla de contus�o ou de enxurgo. Quando h� dois orif�cios, sugere-se que, cirurgicamente, seja fechado a priori apenas um (o orif�cio de sa�da, preferencialmente), para que o outro sirva para eventual drenagem. Lácero-contusas: s�o caracterizadas por dois mecanismos b�sicos: (1) compress�o: s�o feridas que, quando presentes, a pele adota um aspecto esmagado de encontro ao plano subjacente (como causado por um chute); (2) tra��o: tecidos rasgados ou arrancados (mordedura de c�o), com perda relativamente consider�vel de tecido. S�o feridas com bordas bastantes irregulares e v�rios �ngulos. Aconselha-se que, para feridas por mordedura canina, n�o se fa�a sutura, mas lava-se a ferida e a deixa cicatrizar por segunda inten��o, realizando, de antem�o, antibi�tico-profilaxia. Pérfuro-incisas: les�es causadas por instrumentos p�rfuro-cortantes (com gume e ponta), como uma espada e punhal, capazes de causar transfixa��o de planos anat�micos. Escoriações: a��o lesiva tangencial � superf�cie cut�nea. Ocorre arrancamento da pele e exposi��o do c�rio. Equimoses e hematomas: equimoses s�o manchas hemorr�gicas em forma de placas causadas por rompimento de pequenos vasos da regi�o acometida, e n�o por vasodilata��o cut�nea (e por isso, n�o desaparecem com digitopress�o); hematomas s�o bolsas de cole��o sangu�nea estagnada, caracterizadas por equimoses bastante salientes. Hematomas supra-orbit�rios e infra-orbit�rios caracterizam o chamado sinal de Guaxinim, sugerindo fratura de base do cr�nio. Tipo de ação Tipo de ferida Perfurante Punctiforme Cortante Cortada Contundente Contusa P�rfuro-cortante P�rfuro-cortada P�rfuro-contundente P�rfuro-contusa Corto-contundente Corto-contusa Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 57 CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS QUANTO A CICATRIZAÇÃO Ferida aguda: processo ordenado em tempo hábil, com resultado anatômico e funcional satisfatório. São feridas produzidas por bisturi ou tesouras que sejam submetidas a uma cicatrização adequada, com suturas quando necessárias. Ferida crônica: processo estaciona-se na fase inflamatória (primeira fase do processo de cicatrização). A infecção é o principal fator que predispõe à formação de ferida crônica. É por esta razão que não se usa antiinflamatórios em feridas agudas, uma vez que o processo inflamatório é um processo natural da evolução da ferida e da cicatrização. BIOLOGIA DA CICATRIZA��O A cicatrização consiste em um fenômeno químico, físico e biológico cuja finalidade é a reconstrução tecidual. Tem o objetivo de limitar o dano tecidual, tendo como produto final a cicatriz. Consiste, portanto, em um fenômeno fundamental para todas as especialidades cirúrgicas: não há nenhum tipo de cirurgia que não passe pelo fenômeno da cicatrização. OBS1: Aqui, a cicatrização deve ser diferenciada da regeneração: a primeira, consiste em uma reconstrução tecidual que utiliza, obviamente, célula diferentes do tecido regenerado como os fibroblastos, formando um tecido particular denominado de cicatriz; já a regeneração, a que o fígado é, por exemplo, submetido, se dá com a proliferação de células naturais do tecido lesado: o fígado, quando é regenerado, é constituído pelos mesmos hepatócitos que constituem o seu parênquima. A cicatrização de feridas cutâneas envolve uma complexa interação entre muitos tipos de células, citocinas ou mediadores solúveis e a matriz extracelular. Geralmente, para fins didáticos e melhor compressão, divide-se a cicatrização em três fases: (1) fase inflamatória ou inflamação (ou hemostasia e inflamação); (2) fase proliferativa; e (3) maturação ou remodelagem. Estas fases serão discutidas mais adiante. TIPOS DE CICATRIZAÇÃO Em resumo, temos três tipos de cicatrização: a cicatrização por primeira intenção (quando o cirurgião fecha a ferida operatória imediatamente depois de aberta); cicatrização por segunda intenção (quando se deixa a ferida aberta e ela, espontaneamente, se fecha a partir de sua força contrátil); e cicatrização por terceira intenção (quando, vários dias depois de aberta e já com tecido de granulação, o cirurgião intervém novamente e fecha as bordas da ferida ou intervém com a aplicação de enxerto). Cicatrização primária ou por primeira intenção: os tecidos são aproximados ou fechados logo após a lesão, como por meio de sutura. Cicatrização secundária ou por segunda intenção: tipo de fechamento que depende, fundamentalmente, das forças de contração da ferida. Isto significa dizer que, depois da lesão, a ferida ficará aberta e, através dos fenômenos físicos de contração da pele, formam-se pontes de colágeno responsáveis por aproximar paulatinamente as margens da ferida. Fechamento primário retardado ou por terceira intenção: neste caso, a ferida aberta é fechada secundariamente, vários dias depois da lesão inicial, geralmente porque houve contaminação durante o trauma ou ato cirúrgico. É um processo gradativo em que a ferida deve ser acompanhada (mas não fechada) com curativos trocados diariamente. Tão logo que a ferida forma um tecido de granulação em suas margens internas, sem evidência macroscópica de infecção, o cirurgião deve desbridá-la para, só então, suturar a ferida. O enxerto é o melhor exemplo do processo de fechamento primário retardado: quando se tem uma ferida ampla em que, mesmo depois de muito tempo de acompanhamento, a cicatrização por segunda intenção não foi possível, aplica-se enxerto e sutura-se, caracterizando uma cicatrização por terceira intenção. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 58 FASES DA CICATRIZA��O 1. Fase inflamat�ria ou inflama��o (0 – 5 dias) A fase inflamat�ria se inicia no momento da les�o e � constitu�da por cinco principais eventos: vasoconstric��o; ac�mulo ou agrega��o de plaquetas; dep�sito de fibrina e coagula��o; migra��o de leuc�citos; e ativa��o celular. Os tr�s primeiros estariam relacionados com a hemostasia, havendo predom�nio do influxo de c�lulas originadas do sangue e a libera��o de seus mediadores e citocinas. Vasoconstric��o: nesta fase, depois da les�o do endot�lio vascular e ativa��o do sistema de coagula��o, ocorre uma vasoconstric��o imediata (o que causa a hemostasia) que cessa em 10 a 15 minutos ap�s a les�o. Esta vasoconstric��o � imediatamente seguida dalibera��o de aminas vasoativas que promovem vasodilata��o e aumento da permeabilidade vascular, quando ocorre a transuda��o de prote�nas plasm�ticas, complemento, �gua, eletr�litos, etc.; fatores que formam o edema traum�tico. Resposta inflamat�ria aguda (participa��o celular): ocorre, logo ent�o, migra��o de granul�citos e neutr�filos para a regi�o lesada, onde ocorre a destrui��o enzim�tica da fibrina. Logo depois, ocorre a migra��o de macr�fagos e mon�citos para a fagocitose de corpos estranhos e bact�rias e, por fim, participa��o de fibroblastos para a forma��o do col�geno. Diversas citocinas s�o liberadas neste processo: C5a, Linf�citos T CD4+, IL-1 e TNF-α. As c�lulas mono-macrof�gicas, que participam desta etapa, apresentam as seguintes fun��es: fagocitose; produ��o de citocinas (TNF-α, FGF, EGF, PDGF, IL-1, INF-γ); produ��o de radicais livres (O2 -, NO, H2O2); estimulam a forma��o dos fibroblastos; estimulam a s�ntese do col�geno; estimulam a neoforma��o vascular; estimulam a forma��o e aporte de novos macr�fagos; processamento de Ag e apresenta��o aos Linf�citos, que produzem INF-γ. Fase defensiva: aparecimento de sinais flog�sticos normais (que n�o devem evoluir para infec��o), frutos da libera��o de citocinas por todas as c�lulas da etapa anterior. H�, nesta fase, a forma��o de uma crosta com fun��o de controle do sangramento e limpeza. Dura entre 1 e 4 dias. OBS2: � devido � fase inflamat�ria da cicatriza��o, isto �, um componente evolutivo normal da cicatriza��o da ferida, que n�o se indica antiinflamat�rios na fase aguda da les�o. Tais medicamentos (com adi��o de antibioticoterapia) s�o indicados apenas para as feridas que evoluem com sinais flog�sticos exacerbados, provavelmente causados por um processo infeccioso. 2. Fase proliferativa ou fibroplasia (3 – 14 dias) Na aus�ncia de infec��o significativa ou contamina��o, a fase inflamat�ria � curta. Depois de a ferida ser submetida � retirada de material desvitalizado, segue-se a fase proliferativa da cicatriza��o, caracterizada pelos eventos que seguem: reepiteliza��o (migra��o de queratin�citos e c�lulas epid�rmicas); migra��o de fibroblastos; forma��o de tecido de granula��o; angiog�nese (neovasculariza��o); s�ntese prot�ica (col�geno); e contra��o da ferida. Trata-se de uma fase em que ocorre a restaura��o da barreira contra perda de fluidos e infec��es por meio da prolifera��o de fibroblastos, cuja principal fun��o � o processo de fibroplasia (s�ntese de col�geno). Ocorre ainda o fen�meno da epiteliza��o (que j� come�a a ocorrer ap�s 48h da les�o, o que p�e em d�vida a necessidade de curativo mesmo ap�s dois dias depois do traumatismo da pele) e da forma��o do tecido de granula��o. OBS3: Tipos e localiza��o do col�geno: Col�geno tipo I: Todos os tecidos, � exce��o de cartilagem e membrana basal Col�geno tipo II: cartilagem, Humor v�treo, disco intervertebral Col�geno tipo III: pele, vasos, v�sceras Col�geno tipo IV: membrana basal Col�geno tipo V: c�rnea Na matriz extracelular ou subst�ncia fundamental resultante da s�ntese prot�ica, que ser� a principal respons�vel pela restaura��o do tecido lesado, o col�geno depositado � composto por subtipos cuja concentra��o varia entre os tecidos. O col�geno tipo I, que constitui 80 a 90% na derme intacta, � formado por uma tripla h�lice, envolvendo tr�s cadeias polipept�dicas que s�o sintetizadas separadamente dentro do fibroblasto. As cadeias polipept�dicas consistem em padr�o repetido de glicina-X-Y, no qual frequentemente a posi��o X � ocupada pela prolina (tropocol�geno) e a Y, pela hidroxiprolina. A intera��o de cadeias inicia a forma��o da tripla h�lica, que � secretada como pr�-col�geno no meio extracelular. Dentro da c�lula, o col�geno passa por oito etapas, antes de ser secretado ao meio extracelular na forma de pr�-col�geno. Um passo cr�tico (e talvez o mais importante) envolve a hidroxila��o da prolina e da lisina dentro das cadeias polipept�dicas, que requer enzimas espec�ficas e cofatores, como oxig�nio, vitamina C (o escoburto, isto �, defici�ncia de vitamina C, pode propiciar a s�ntese de col�geno sub-hidroxilado, que � incapaz de gerar liga��es fortes), �on ferro, alfacetoglutarato e cobre. Posteriormente, a tripla h�lice � secretada como pr�-colageno no espa�o extracelular, e enzimas pr�-col�geno- peptidases clivam o extremo pr�-pept�dico de suas mol�culas. Isso diminui a solubilidade das mol�culas, iniciando o processo de forma��o de fibrilas. Durante este processo, mol�culas de col�geno s�o inicialmente unidas por la�os eletrost�ticos; posteriormente, grupos livres de amina em res�duos de lisina e hidroxilisina, dentro das mol�culas de Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 59 col�geno, s�o transformados em res�duos-alde�do pela enzima lisil-oxidase. Estes res�duos interatuam com a lisina na forma��o de liga��es covalentes est�veis entre as mol�culas, o que estabiliza a uni�o das mol�culas de col�geno em fibrilas e fibras, que fornecem as caracter�sticas especiais de resist�ncia do col�geno. A inibi��o de mol�culas espec�ficas, como a lisil-oxidase, poderia se tornar op��o terap�utica, no futuro, para doen�as fibr�ticas, como cicatriz hipertr�fica e queloides. Nesta fase, ainda, o ambiente da ferida come�a a ser invadido por novo estroma, aproximadamente quatro dias ap�s a les�o, constituindo o tecido de granula��o. O tecido de granula��o consiste em um tecido conjuntivo avermelhado, rec�m-formado, ricamente vascularizado. � composto, basicamente, pela combina��o de elementos celulares e matriz extracelular de col�geno: �gua, prote�nas, c�lulas inflamat�rias, fibroblastos, citocinas, complemento, glicoprote�nas, proteoglicanos, col�geno, fibrina, neovasos em grande quantidade (import�ncia do processo de angiog�nese). A s�ntese da matriz extracelular tem, portanto, as seguintes fun��es: firmeza e sustenta��o aos tecidos; fornecer meio e material para o fluido tecidual; facilita a intera��o entre as citocinas e suas c�lulas-alvo. Esta matriz apresenta alguns constituintes figurados (fibras) e outros amorfos (g�is) em sua composi��o: Constituintes figurados da matriz extracelular: fibras col�genas (trofocol�geno); reticulares (albumina); el�sticas (elastina). Constituintes amorfos (g�is): mucopolissacar�deos (MPS) n�o-sulfatados (�cido hialur�nico e condroitina); MPS sulfatados (sulfato de condroitina A e B); glicoprote�nas; mucoprote�nas. OBS 3: Algumas bact�rias apresentam a hialuronidase, capaz de degradar o �cido hialur�nico, componente amorfo da matriz extracelular. � deste modo que algumas bact�rias, ao desenvolverem o processo de infec��o, interferem no processo de cicatriza��o das feridas. A reepiteliza��o das feridas constitui a reconstru��o do epit�lio, passo crucial para o restabelecimento da fun��o de barreira da pele, tendo in�cio imediatamente ap�s a les�o (alguns estudos mostram que se inicia com 8 horas ap�s a les�o). Este processo tem in�cio com cerca de 8 horas ap�s a les�o. Em feridas incisas, onde a falha epitelial � m�nima, h� reepiteliza��o entre 24 e 48 horas depois da les�o inicial, enquanto em feridas maiores � maior o tempo para surgir esse neoepit�lio. O processo de reepiteliza��o acontece na seguinte sequ�ncia: (1) configura��o colunar e prolifera��o vertical; (2) deslocamento centr�peto de c�lulas epiteliais; (3) intensa atividade proliferativa e mit�tica; (4) produ��o de queratina pelos queratin�citos; (5) veda��o e queratiniza��o. Suas fun��es s�o as seguintes: Prote��o das feridas contra bact�rias; Prote��o contra agentes f�sicos e qu�micos; Prote��o contra perda de l�quidos e eletr�litos; Efeito est�tico Enfim, ocorre, nesta fase, uma intensa fibroplasia, produ��o de tecido de granula��o e epiteliza��o, com acentuada prolifera��o de fibroblastos. 3. Fase de matura��o e remodela��o (7 dias – 1 ano): A remodelagem da cicatriz come�aa predominar como atividade prim�ria da cicatriza��o da ferida aproximadamente 21 dias ap�s a les�o. Normalmente, ocorre equil�brio entre a taxa de s�ntese e degrada��o do col�geno. A regula��o da s�ntese de col�geno � regulada pelo interferon-γ, TNF-α e pela pr�pria matriz de col�geno. Ocorre, portanto, nesta fase a forma��o do tecido cicatricial, o remodelamento da ferida e a matura��o do col�geno. Remodelamento da ferida: ocorrem os seguintes mecanismos nesta fase: equil�brio s�ntese-degrada��o do col�geno; redu��o da vasculariza��o; reabsor��o de glicoprote�nas, albumina, globulinas; degrada��o dos proteoglicanos (AH, Fibronectina); reabsor��o de �gua e eletr�litos; redu��o da infiltra��o de c�lulas inflamat�rias. A remodelagem secund�ria (descrita por Peacock) ocorre nos tend�es, que exigem um processo de remodelagem diferente da pele (para que a contratilidade do tecido n�o seja prejudicada): a deposi��o de col�geno se d� de forma paralela �s fibras musculares. Matura��o do col�geno: o col�geno tipo III presente na pele � sintetizado at�, mais ou menos, o 21� dia ap�s a les�o, enquanto que a resist�ncia � tens�o da ferida operat�ria (secund�ria �s for�as de contra��o da ferida) continua a se desenvolver mesmo depois de encerrada a s�ntese de col�geno. S� depois de muito tempo (cerca de 20 anos) a ferida come�a a perder a sua resist�ncia � tens�o. S�o fatores que contribuem para o aumento da Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 60 resistência da ferida: oxigenação das feridas; vitamina C; proteinemia (aminoácidos); oligoelementos (Zinco, Fe++, outros). Processo de contração: processo final de remodelagem pela mobilização dos tecidos vizinhos, diminuindo o tamanho do defeito pelo movimento centrípeto de células à margem da lesão. Ocorre participação ativa dos miofibroblastos (actina-miosina). O processo de contração é bastante importante na cicatrização por segunda intensão. Devemos diferenciar contração e contratura (ver OBS4) OBS4: A contratura é um tipo de contração maléfica, anômala, que ocorre, por exemplo, no processo de cicatrização de queimaduras; ela promove um defeito estético e funcional relativamente grande. CITOCINAS E CICATRIZA��O Citocina Célula produtora Ações TGF- (Fator de crescimento beta de transformação) Plaquetas, linfócitos, macrófagos, células endoteliais, fibroblastos, células musculares lisas. Presente em todas as fases. Estimula síntese de colágeno e MEC, proliferação de fibroblastos e células endoteliais. Esta diretamente ligada à formação dos queloides. PDGF (Fator de crescimento derivado das plaquetas) Plaquetas, macrófagos e células epiteliais Regulação da fase inflamatória e estimulação da síntese da MEC FGF (Fator de crescimento de fibroblastos) Macrófagos e células endoteliais Induzem a angiogênese através da proliferação e atração de células endoteliais EGF (Fator de crescimento da epiderme) Queratinócitos Induzem a proliferação e diferenciação dos queratinócitos e fibroblastos KGF (Fator de crescimento de queratinócitos) Fibroblastos Estimula migração, proliferação e diferenciação dos queratinócitos IGF-1 (Fator de crescimento insulina- símile) Vários tipos celulares Induzem a síntese de colágeno e MEC, além de facilitar a proliferação de fibroblastos FATORES CL�NICOS QUE INTERFEREM NA CICATRIZA��O Infecção: É a causa mais comum de interferência da cicatrização. A contaminação da ferida por bactérias em quantidade maior do que 105 microrganismos/grama de tecido ou estreptococos -hemolítico é necessária para o retardo na cicatrização. A infecção prolonga a fase inflamatória, interfere com epitelização, contração e deposição de colágeno. Deve ser feito, então, tratamento local e sistêmico. Nutrição: A má-nutrição (perda de 15-25% peso corporal ou albumina inferior a 2,0g/dl) é um importante fator que interfere na cicatrização, especialmente em pacientes idosos. Pacientes malnutridos apresentam incidência de feridas abdominais e anastomoses. A depleção protéica pode resultar de traumatismos graves, doenças consumptivas ou sepse, ocorrendo retardo da cicatrização por inibição da angiogênese da proliferação de fibroblastos e da síntese, acúmulo e remodelagem do colágeno, além da supressão da resposta imune, porque não há disponibilidade de aminoácidos para a síntese desses substratos. o Deficiência de Ácido ascórbico (Vitamina C): é um co-fator vital na formação dos resíduos de hidroxiprolina no pró-colágeno e sua deficiência afeta síntese do colágeno; processo interrompido na fase de fibroplasia. Correção: 100-1000mg/dia. o Deficiência de Ácido retinóico (Vitamina A): diminui a atividade de monócitos e distúrbios dos receptores de TGF- o Deficiência de Ferro: ocorre na anemia ferropriva, interfere na cicatrização por levar à inadequada hidroxilação da lisina e prolina encontrada, resultando na formação de colágeno de fraca qualidade. o Deficiência de cobre: é co-fator de inúmeras enzimas envolvidas com a cicatrização, como a lisil-oxidase, além de estar associado ao reparo ósseo. Sua suplementação em queimados tem sido proposta. o Deficiência de Zinco: esta envolvido com a síntese e remodelamento do colágeno e proliferação de células epiteliais. Sua deficiência moderada se associa à cicatrização prejudicada, devido à baixa qualidade de colágeno. Deficiência crônica severa resulta em função anormal de neutrófilos e linfócitos, aumento da suscetibilidade à infecção e retardo na cicatrização, além de comprometer a epitelização. A deficiência de zinco está bastante presente nas queimaduras extensas, trauma grave e cirrose hepática. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 61 Perfusão Tecidual: a perfusão tecidual é definida como sendo o produto entre a volemia, os níveis de hemoglobina e a saturação de oxigênio sanguíneo (Volemia x Hb x O2). Qualquer fator que influencie em algum desses três elementos, interfere na perfusão tecidual e, obviamente, interfere no processo de cicatrização. Anemia (só interfere com quando o hematócrito é menor que 15%), desidratação (causa suturas com muita tensão), hipóxia e hipovolemia são os fatores que mais interferem com a cicatrização. Feridas isquêmicas, que traduzem hipoperfusão tecidual e consequente redução de oxigênio, apresentam maior risco de infecção e retardo na cicatrização. Diabetes mellitus e obesidade: Todas as fases da cicatrização são prejudicadas quando o paciente apresenta distúrbios metabólicos como diabetes mellitus e obesidade. Nestas condições, ocorre o espessamento da membrana basal dos capilares (dificulta a microcirculação) e o aumento na degradação do colágeno. Além disso, a resposta inflamatória reduzida afeta profundamente a cicatrização subsequente, como foi demonstrado no diabetes e no tratamento com esteróides. Glicocorticóides: Os esteróides interferem na fase precoce da cicatrização: inibem a migração de macrófagos, a proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno e da matriz protéica. Embora a terapia com altas doses de drogas antiinflamatórias não-esteroidais tenha sido associada a retardo na cicatrização, não há evidências de que doses terapêuticas apresentem efeito direto sobre a cicatrização humana. Drogas citotóxicas: Interferem na divisão celular, impedindo a proliferação de fibroblastos, endoteliócitos, macrófagos e queratinócitos. Quimioterapia e radioterapia: a Doxorrubicina e Ciclofosfamida e o RxT também influenciam no processo de cicatrização. Idade avançada: a melhor cicatrização ocorre nos fetos devido a menor inflamação e acúmulo de colágeno. A qualidade da cicatrizaçãovai diminuindo inversamente com a idade. FATORES AMBIENTAIS QUE INTERFEREM NA CICATRIZA��O Fios cirúrgicos: As suturas devem ser tão resistentes quanto os tecidos onde estão colocadas. O ritmo com que a cicatriz ganha resistência deve compensar o eventual enfraquecimento das suturas (ver OBS5). O material de sutura usado deve oferecer o mínimo de prejuízo sobre o processo de cicatrização. Devem ser utilizados, sempre que possível, fios absorvíveis e monofilamentados. Temperatura: a cicatrização mais efetiva ocorre na temperatura média de 30ºC. Duração prolongada da cirurgia: aumenta a incidência de desidratação dos tecidos expostos e futura complicação na cicatrização. OBS5: Os fios de sutura podem ser absorvíveis e não-absorvíveis. Este critério, contudo, não diz respeito à absorção orgânica de cada fio, mas à resistência e tensão do fio. Fios absorvíveis: são os fios de sutura que perdem a sua força tensil com menos de 60 dias. Contudo, a maioria desses fios só são absorvidos, no sentido lato da palavra, na média de 90 dias. Ex: Fios de categute simples (produzido a partir da serosa do intestino do carneiro) tem resistência tensil de 12 dias, o que significa que a ferida deve estar fechada em até 12 dias para que não haja deiscência; Fios de categute cromado tem adições de sais de cromo aumenta a sua resistência tensil para 20 dias; O Vycril tem uma resistência tensil de 28 dias, sendo ideal para a síntese de aponeurose. Fios inabsorvíveis: são os fios de sutura que perdem a sua força tensil com mais de 60 dias. Dentro desta classificação, temos os fios biodegradáveis e os não-biodegradáveis. o Fios inabsorvíveis biodegradáveis: o fio de nylon apresenta uma boa resistência tensil (mais de 60 dias) e é hidrolisado pelo organismo cerca de 20% ao ano (isto é, em 5 anos, ele é totalmente absorvido pelo organismo). o Fios inabsorvíveis não-biodegradáveis: o fio de aço, muito utilizado na esternorrafia e costorrafia, mesmo depois de vários anos após o procedimento, ainda é perceptível ao raio-X de tórax. O fio de polipropileno (Prolene®), utilizado na síntese de parede abdominal, também se enquadra nesta classificação. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 62 PROBLEMAS ESPEC�FICOS NA CICATRIZA��O DAS FERIDAS Cicatrização no trato gastrointestinal: os processos que ocorrem na pele tamb�m se aplicam ao reparo tecidual de v�rios tecidos e �rg�os, com algumas diferen�as estruturais. Estruturalmente, a integridade do TGI � mantida pela submucosa, que cont�m a maior quantidade de col�geno em rela��o �s outras camadas. Por esta raz�o, diz-se que a submucosa � a camada mais importante para o processo de cicatriza��o no TGI. As complica��es nas anastomoses de decorrentes da cicatriza��o do TGI podem ser insufici�ncia (deisc�ncia anastom�tica, f�stula) ou exuber�ncia (com estenoses, obstru��o intestinal). M�ltiplos fatores intr�nsecos e extr�nsecos est�o envolvidos, como na cicatriza��o cut�nea, e o controle desses fatores estabelece a base para a pr�tica segura na cirurgia gastrointestinal. Cicatriz hipertrófica e quelóide: s�o duas condi��es com a mesma fisiopatologia, mas de aspectos diferentes: a cicatriz hipertr�fica caracteriza-se por um aumento na produ��o de col�geno sobre a ferida de uma forma limitada, bem delineada; a cicatriz queloidiana, por sua vez, extrapola os limites da ferida, adotando um aspecto muito mais grosseiro, sendo, muitas vezes, pruriginosas. � mais comuns nos negros. Ambas as situa��es s�o causadas por uma produ��o de col�geno n�o acompanhada da degrada��o adequada de suas fibras. Estudos mostram que os quel�ides est�o envolvidos com a hiperexpress�o de TGF- e a -2-macroglobulina. O tratamento destes quel�ides � feito com o desbridamento da cicatriz e, para evitar recidiva, o tratamento radioter�pico (β-terapia) de baixa dose. PRINC�PIOS DO CUIDADO COM A FERIDA Cuidados pré-operatórios: o Realizar desbridamento e manter a irriga��o da ferida o Instrumenta��o adequada o Anestesia efetiva o Planejamento da incis�o tomando como refer�ncia as linhas de tens�o da pele descritas por Langer (1861, no cad�ver) e Kraissl (1951, in vivo): s�o �nicas para cada paciente; s�o perpendiculares aos m�sculos; s�o identificadas pelo pin�amento da pele. Cuidados trans-operatórios: o Posicionamento da incis�o o Desbridar quando necess�rio o Hemostasia meticulosa o Oblitera��o dos espa�os mortos o S�ntese da derme o Fechamento sem tens�o da ferida Cuidados pós-operatórios o Emolientes t�picos o Dermoabras�o de paredes irregulares o Evitar irradia��o solar excessiva o Cremes ester�ides (como o Kelo-Cote�, aplicado ap�s a s�ntese, que previne a forma��o de queloide) o Cuidados com os curativos: evitar contamina��o, facilitar cicatriza��o, reduzir infec��o, absorver secre��es, facilitar drenagem, promover hemostasia, contato com medicamentos, promover conforto. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 63 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICAS OPERATÓRIAS RESPOSTA ENDÓCRINA, METABÓLICA E IMUNOLÓGICA AO TRAUMA (Professor Carlos Leite) Como sabemos, a manuten��o do equil�brio nos sistemas org�nicos � fundamental a continuidade da vida. Este equil�brio � constantemente desafiado por situa��es de estresse, seja de natureza f�sica (trauma, infec��es, procedimentos cir�rgicos) ou emocional, pelas quais passa o organismo. O contato com estas situa��es de estresse leva a respostas adaptativas que buscam recuperar o equil�brio inicial alterado. Os pontos de controle da resposta do organismo ao estresse encontram-se localizados no hipot�lamo e no tronco cerebral, e incluem os neur�nios parvocelulares liberadores de CRH (horm�nio liberador de corticotropina) e de AVP (vasopressina) do hipot�lamo, e monoaminas do locus ceruleus (noradrenalina). O eixo hipot�lmo-hipofis�rio, aliado ao sistema simp�tico-adrenomedular eferente, representa os bra�os efetores pelos quais o c�rebro influencia os diversos �rg�os ap�s o contato com um agente agressor. O sistema parassimp�tico eferente e a rede de mediadores inflamat�rios tamb�m contribuem de maneira relevante nesta resposta, n�o s� de maneira espec�fica, mas tamb�m agindo como moduladores da intensidade, dura��o e dire��o da resposta ao estresse. O trauma cir�rgico est� relacionado entre os agentes capazes de deflagrar uma resposta inflamat�ria local e sist�mica, que, por sua vez, leva � ativa��o desses sistemas funcionais primitivos de natureza neural, end�crina e imunol�gica. Suas consequ�ncias t�m sido objeto de investiga��o h� d�cadas e ainda muito falta conhecer a respeito de seus mecanismos moleculares, inter-rela��es e consequ�ncias. Neste cap�tulo, abordaremos os conceitos e a fisiologia que ocorre por tr�s da resposta end�crina, metab�lica e imunol�gica ao trauma (REMIT), com enfoque envolvendo modelos de pacientes cir�rgicos. Os sin�nimos para REMIT dispon�veis na literatura m�dica s�o: resposta org�nica ao trauma; resposta metab�lica e neuroend�crina; rea��o da fase aguda ao trauma; componentes da agress�o cir�rgica. HIST�RICO Dois personagens tiveram importante papel no estudo da REMIT: Claude Bernard (1818 – 1878), art�fice da fisiologia moderna, descreveu a base do equil�brio dos l�quidos org�nicos. � considerado o Pai da Fisiologia Experimental. Tem o m�rito de criar e descrever os mecanismos do meio interno: "O corpo vivo, embora necessite do ambiente que o circunda, é, apesar disso, relativamente independente do mesmo. Esta independência do organismo com relação ao seu ambiente externo deriva do fato de que, nos seres vivos, os tecidos são, de fato, removidosdas influências externas diretas, e são protegidos por um verdadeiro ambiente interno, que é constituído, particularmente, pelos fluidos que circulam no corpo". Walter Cannon (1871 – 1945) criou, baseado nos conceitos de Claude Bernard, o termo homeostase. Para ele, um sistema em homeostase � um sistema aberto que mant�m a sua estrutura e funcionalidade por meio de uma din�mica m�ltipla de rigorosos equil�brios controlados por mecanismos regulat�rios independentes. Em outras palavras, a homeostase nada mais � que a tend�ncia que o organismo tem de manter constante este meio interno. HOMEOSTASIA E RELA��O COM A COMPOSI��O DO ORGANISMO E PESO CORPORAL A homeostasia consiste em um processo fisiol�gico coordenado que mant�m a maior parte dos estados de equil�brio nos organismos. Para tanto, agem em conjunto o c�rebro, nervos, cora��o, pulm�es, rins e ba�o. O corpo humano � constitu�do por duas fases: (1) uma fase aquosa (constitu�da pela �gua extracelular, �gua intracelular e pelo volume corrente sangu�neo) e (2) uma fase não-aquosa (constitu�da por gordura corporal, osso, tend�es e col�geno). Para a manuten��o da homeostasia, estas fases devem estar em constante padr�o intr�nseco, sem grandes altera��es dos seus valores normais. Entram na composi��o do peso corporal a �gua corporal total (que consiste em �gua intracelular e �gua extracelular, 60% do peso corporal), prote�nas (que junto da �gua corporal total, constitui a massa magra do corpo, cerca de 70% do peso corporal total), minerais e lip�dios. TRAUMATISMOS F�SICOS Qualquer traumatismo que acometa um �rg�o ou tecido, desde uma contus�o a um traumatismo cr�nio- encef�lico, ocorrem altera��es do meio interno, pois, inevitavelmente, h� ruptura celular e, consequentemente, extravasamento do conte�do intracelular para o meio interno. De fato, a primeira altera��o que ocorre no meio interno adjacente ao local traumatizado � a hiperpotassemia, consequ�ncia do dep�sito de pot�ssio da c�lula destru�da. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 64 Os traumatismos físicos induzem, portanto, alterações do meio interno responsáveis por desencadear a atuação dos mecanismos homeostáticos. O organismo lança mão destes mecanismos para evitar que o indivíduo venha a óbito, quadro em que o controle do equilíbrio do meio interno seja praticamente inalcançável. Contudo, se o traumatismo for muito intenso e grave, as alterações do meio interno induzem a uma situação de caos biológico ou dis-homeostase, assim descrito na literatura. A dis-homeostase é uma situação que, como etimologicamente observamos, o organismo tem dificuldade de manter constante o meio interno. Em outras palavras, se as alterações do meio interno forem muito exageradas, de forma que os mecanismos de homeostase não sejam capazes de acompanhar tais mudanças, o indivíduo pode evoluir para óbito. Se, ao contrário, estas alterações forem pequenas, de modo que os mecanismos de homeostase sejam capazes de compensar as alterações, o indivíduo caminha para uma sobrevida. Portanto, a evolução para sobrevida ou para a morte pós-trauma, depende da magnitude do trauma e da ativação dos mecanismos de homeostase. Atualmente, não há critério de quantificação para a magnitude do trauma capaz de levar o indivíduo ao óbito, mas depende muito da reserva fisiológica de cada indivíduo. COMPONENTES B IOL�GICOS DA AGRESS�O O traumatismo é responsável por causar os componentes primários (como a lesão de estruturas tissulares ou viscerais) que, por sua vez, são responsáveis por despertar os componentes secundários (cujo principal represente, é a REMIT). Associado a estes dois componentes, podemos ter complicações causadas ou pioradas pelos componentes associados, que são representados pelas doenças pré-existentes ao trauma. Componentes primários: relacionam-se com a lesão tecidual imposta pelo trauma cirúrgico e pela virulência e grau de contaminação bacteriana. À lesão do tecido segue-se, em maior ou menor extensão, o aumento da permeabilidade capilar com seqüestro de líquido intersticial, a descontinuidade celular com liberação de substâncias intracelulares (p. ex. cininas), lesão vascular associada determinando isquemia tecidual, solução de continuidade predispondo contaminação. Quando envolve orgãos essenciais da economia ocorre disfunção específica. Havendo violação dos tratos digestório, respiratório e genito-urinário, ocorre contaminação por germens habituais da flora. Em resumo, são eventos que só dependem da ação lesiva do mecanismo traumático. São representados pela lesão de tecidos e/ou lesão de órgãos específicos, com a eventual morte celular. Caso não haja componente primário, não há resposta metabólica. Ex: destruição tecidual, lesão vascular, soluções de continuidade, formação de edema traumático (ver OBS1). Componentes secundários: envolvem as respostas endócrinas, celulares e imunológicas de maneira concomitante. As perdas sanguíneas e os desvios de líquidos dos diversos compartimentos levam a hipovolemia, que por sua vez, ocasiona vasoconstricção, diminuição do débito cardíaco e do retorno venoso. A perfusão tecidual cai com conseqüente prejuízo da oxigenação tecidual. Em resumo, são componentes que dependem dos componentes primários (só ocorrem em dependência deles). São componentes secundários: a própria resposta endócrina, metabólica e imunológica; as alterações hemodinâmicas; infecção; falências orgânicas. Componentes associados: associados a esses fatores, ocorrem situações próprias do paciente operado representadas pelas alterações do ritmo alimentar e imobilização prolongada, além das doenças intercorrentes, sobretudo aquelas com componente imunosupressor (p.ex. diabetes, uremia, AIDS) que, de alguma maneira, interferirão na recuperação. Portanto, o que observamos, de maneira geral, é que a solução de continuidade, a queda da perfusão tecidual e a diminuição da reação imunológica são fatores predisponentes para o estabelecimento da infecção e septicemia. Em resumo, são componentes que não dependem dos componentes primários ou secundários, mas influenciam na manutenção da homeostase pós-traumática. São componentes associados: alterações do ritmo alimentar; imobilização prolongada; perdas hidroeletrolíticas extra-renais (diarréia, sondas nasogástricas); doenças viscerais intercorrentes ou prévias (pneumopatas, cardiopatas, hepatopatas). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 65 OBS1: Formação de edema traumático. Um componente prim�rio que sucede imediatamente o trauma � o edema traum�tico. Para entendermos a fisiopatologia deste fen�meno, � preciso recordar a constitui��o percentual da fase aquosa que comp�e o organismo. Esta fase � constitu�da, basicamente, pelo l�quido extra-celular (20% do peso corporal) e pelo l�quido intra-celular (40% do peso corporal), somando, com isso, 60% do peso corporal. O l�quido extra-celular ainda pode ser dividido em l�quido intersticial (15% de seu total) e l�quido intra-vascular (5%) correndo ao longo dos vasos sangu�neos e linf�ticos. Quando h� um traumatismo f�sico, ocorre o extravasamento de l�quidos e, com isso, a forma��o do edema traum�tico constitu�do, principalmente, por �gua (oriunda do l�quido extra-celular) diluindo cerca de 12 – 15% de eletr�litos e prote�nas plasm�ticas liberadas pelas c�lulas lesadas. Portanto, em casos de traumatismo, haver� um seq�estro imediato de l�quido (transudato), o que reduz o volume de l�quido extracelular funcionalmente ativo, que pode repercutir na queda da press�o arterial (podendo causar um quadro de choque hipovol�mico). REMIT A resposta end�crina,metab�lica e imunol�gica ao trauma, caracterizando um componente secund�rio do trauma, significa uma sequ�ncia de eventos que s�o tanto o resultado da inj�ria como o meio pelo qual o organismo sobrevive e cicatriza. Em outras palavras, a REMIT � necess�ria para que o indiv�duo sobreviva a um determinado trauma, no intuito de manter a sua homeostase. A REMIT apresenta algumas caracter�sticas de importante valor: A magnitude da resposta depende da gravidade do trauma: quanto maior o traumatismo, maior a REMIT. � necess�ria � recupera��o e convalescen�a do paciente, � resultante da atua��o de v�rios horm�nios. O SNC tem papel primordial, sendo importante que as vias neuronais aferentes estejam intactas. S�o fatores traum�ticos que produzem REMIT bastante exacerbada e duradoura: acidentes automobil�sticos com fraturas como de base do cr�nio (sinal de Guaxinim: hematomas infra e supra-orbit�rios); fraturas de ossos longos; queimaduras extensas; infec��es generalizadas e grangrena (o melhor exemplo � a chamada grangrena de Fournier: se inicia na regi�o do per�neo e se estende ao longo da f�scia abdominal); les�es traum�ticas do f�gado ou ba�o; peritoniotomia (parietal e visceral) em casos de implantes neopl�sicos presentes; traumatismos cr�nio-encef�lcios; ferimentos graves por armas brancas; m�ltiplos ferimentos por arma de fogo; septicemia; etc. S�o fatores que produzem REMIT menor e transit�ria: cirurgias de superf�cie (como a mastectomia); cir�rgicas v�deo-laparosc�picas; cir�rgicas com anestesia local (a pr�pria anestesia leva a uma resposta end�crino-metab�lica); medo, estresse e ansiedade. Em resumo, se o processo que levou � les�o tecidual � de pequena intensidade, a resposta end�crina, metab�lica e humoral tende a ser tempor�ria e a restaura��o da homeostase metab�lica e imune prontamente ocorre. Por outro lado, uma les�o grave, como observada no politrauma e queimaduras, pode desencadear uma resposta de tamanha magnitude, a ponto de ocasionar uma deteriora��o dos processos reguladores do hospedeiro e impedir a recupera��o das fun��es celulares e de �rg�os, fen�menos estes que levam, na aus�ncia de interven��o terap�utica adequada, ao �bito. OBJETIVOS DA REMIT De um modo geral, todos os objetivos da REMIT, que ocorrem concomitantemente e s�o intermediados pelos horm�nios que participam da resposta, tem a finalidade de manter a sobreviv�ncia e promover a reabilita��o funcional. S�o os principais objetivos da REMIT: Garantir a homeostase Restaurar a estabilidade cardiovascular Corrigir os dist�rbios hidroeletrol�ticos. Criar fontes alternativas de energia (um dos principais fundamentos da REMIT) por meio da neoglicog�nese, por exemplo. Preservar substratos cal�ricos (principalmente, carboidratos) Preservar �rg�os nobres (c�rebro e cora��o) com a redistribui��o do fluxo sangu�neo: vasoconstric��o renal (com diminui��o da diurese), vasoconstric��o cut�nea (palidez) e gastrointestinal. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 66 RESPOSTA ENDÓCRINO-METABÓLICA AO TRAUMA Em resumo, podemos observar logo abaixo, os componentes biol�gicos que respondem ao trauma e os eventos que ocorrem na REMIT: Ap�s o trauma, o est�mulo lesivo chega ao sistema nervoso central, que pode manifestar, de imediato, respostas como dor, ansiedade, febre, medo, etc. Concomitante a isto, o SNC � respons�vel por estimular gl�ndulas end�crinas que promovem, ap�s a libera��o de seus horm�nios, uma s�rie de altera��es end�crino- metab�licas: Hormônio anti-diurético: quando aumentado, causa reten��o de H2O, visando manter l�quido que, devido ao trauma, encontra-se cada vez mais escasso. Aldosterona: � secretada no intuito de reter mais Na+ (reabsorvendo este eletr�lito em n�vel renal, possibilitando, por osmose, um aumento do n�vel de l�quido plasm�tico, prevenindo a hipotens�o) e excretar K+ (�on elevado nos casos de destrui��o celular maci�a). Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): uma vez aumentado, por meio do cortisol (produzido pelo c�rtex da medula da supra-renal), � respons�vel por inibir a s�ntese prot�ica e o catabolismo hep�tico de amino�cidos, passos importantes para o aumento do catabolismo prot�ico e da excre��o de ur�ia. Este catabolismo prot�ico ser� necess�rio para o mecanismo da neoglico�nese. De fato, o cortisol, junto ao glucagon, favorecem � neoglicog�nese, processo necess�rio para o fornecimento de novas fontes de energia para os �rg�os nobres. Catecolaminas: s�o respons�veis por aumentar a libera��o de amino�cidos pelos m�sculos (o que aumenta ao catabolismo prot�ico e a excre��o de ur�ia), por estimular a neoglicog�nese e a glicogen�lise. As catecolaminas s�o importantes ainda por promover a diminuição na produção de insulina pelo p�ncreas, o que predisp�e � hiperglicemia. Glucagon: o aumento do glucagon promove a neoglicog�nese, a glicogen�lise e a libera��o de �cidos graxos pelo tecido adiposo (importante para o processo da neoglicog�nese). Tiroxina: seu aumento durante a REMIT ainda � questionado cientificamente, embora tenha pouca import�ncia para o nosso estudo. OBS2: Portanto, durante a REMIT, n�s temos o aumento na libera��o de certos horm�nios (principalmente aqueles considerados hiperglicemiantes) e a inibi��o de outros. Horm�nios cuja a libera��o � aumentada: Cortisol, Catecolaminas, Glucagon, Renina e Angiotensina (Sistema Renina-angiotensina), ACTH, Aldosterona, β-endorfinas, Prolactina, Somatostatina, Eicosan�ides, GH. Horm�nios cuja a libera��o � reduzida ou inalterada: Insulina, Horm�nios sexuais (Estrog�nio, Testosterona), T3, TSH, FSH, LH, FIC. O fato de ocorrer a diminui��o dos horm�nios sexuais no p�s-trauma explica a perda do libido durante este per�odo. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 67 1. Cortisol O cortisol � um horm�nio corticoster�ide produzido pela zona fasciculada da gl�ndula supra-renal sob est�mulo do horm�nio adrenocorticotr�fico (ACTH) produzido pela adenohip�fise. A produ��o do ACTH � modulada pelo n�cleo arqueado do hipot�lamo (tracto t�bero- infundibular e sistema porta-hipofis�rio), atrav�s da secre��o por parte deste do horm�nio liberador de corticotrofina (CRH). Est� envolvido na resposta ao estresse: ele aumenta a press�o arterial e a glicemia, al�m de suprimir o sistema imune. A forma sint�tica, chamada de hidrocortisona � uma medica��o principalmente usada para o combate a alergias e inflama��es. Os seguintes est�mulos s�o capazes de desencadear a sua libera��o: queimaduras, trauma de partes moles, hemorragia, infec��o. Os efeitos metab�licos do cortisol s�o: prote�lise, gliconeog�nese hep�tica, lip�lise e potencializa��o das a��es do glucagon e adrenalina no f�gado. Sem d�vida nenhuma, todas as a��es do cortisol s�o destinadas ao aumento da glicose no sangue, de modo a garantir um aparato energ�tico ao organismo traumatizado. Sua atua��o no organismo �, portanto, antag�nica � insulina. 2. Catecolaminas Catecolaminas s�o compostos qu�micos derivados do amino�cido tirosina. Algumas delas s�o aminas biog�nicas. As catecolaminas s�o sol�veis em �gua e 50% circulam no sangue ligadas a prote�nas plasm�ticas. As catecolaminas mais abundantes s�o a adrenalina, noradrenalina e dopamina. Como horm�nios, s�o liberadas pela medula da gl�ndula supra-renal em situa��es de stress (sob est�mulo simp�tico), como stress psicol�gico ou hipoglicemia. Participam efetivamente da REMIT as catecolaminas adrenalina e noradrenalina. Estas catecolaminas t�m sua libera��o induzida, principalmente, por hipovolemia, dor, medo e hipoglicemia. Em casos de hipovolemia, barorreceptores s�o ativadose, via nervo glossofar�ngeo, chegam est�mulos ao sistema nervoso central, especificamente, ao hipot�lamo. De l�, � ativado, por meio de fibras ret�culo-espinhais que ativam fibras pr�- ganglionares que terminam na medula da glandula suprarrenal. Nesta medula, temos as chamadas c�lulas cromafins que, funcionando de maneira an�loga aos neur�nios p�s-ganglionares do sistema nervoso simp�tico, liberam as catecolaminas direto na corrente sangu�nea. Os efeitos metab�licos das catecolaminas s�o: Glicogen�lise, lip�lise e cetog�nese Lip�lise: haver� libera��o de glicerol, substrato para neoglicog�nese, e �cidos graxos livres, que ser�o usados como fonte energ�tica por alguns tecidos. Prote�lise: os amino�cidos servir�o de combust�vel para a neoglicog�nese, funcionar�o como substratos para a cicatriza��o das feridas e como precursores para a s�ntese hep�tica de prote�nas da fase aguda. Inibem a secre��o de insulina pelo p�ncreas e bloqueiam a atividade perif�rica da insulina Estimulam a secre��o de glucagon As catecolaminas s�o consideradas os principais hormonios da REMIT. Este m�rito � devido as suas in�meras e importantes altera��es org�nicas, tais como: Altera��es cardiovasculares: vasoconstri��o ateriolar; aumento da freq��ncia card�aca, aumento da contratilidade; aumento do d�bito card�aco, aumento da press�o arterial. Essas altera��es tem o objetivo de permitir um aumento do fluxo sang��neo para “�rg�os nobres” e aumento do metabolismo celular. Altera��es respirat�rias: aumento da freq��ncia respirat�ria e broncodilata��o. T�m o objetivo de levar a uma hiperventila��o, para suprir necessidades aumentadas de oxigena��o tecidual. Altera��es nas gl�ndulas sudor�paras: estimulam a secre��o destas gl�ndulas para a termorregula��o. Altera��es nas gl�ndulas salivares: diminuem a secre��o destas gl�ndulas (tornando-a mais concentrada), economizando mais l�quido para os vasos. Outras altera��es: atonia intestinal (podendo causar constipa��o), piloere��o, relaxamento esfincteriano (podendo causar diarr�ia). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 68 3. Glucagon O glucagon é um hormônio polipeptídeo produzido nas células alfa das ilhotas de Langerhans do pâncreas e também em células espalhadas pelo trato gastrointestinal. É um hormônio muito importante no metabolismo dos carboidratos. Sua ação mais conhecida é aumentar a glicemia (nível de glicose no sangue), contrapondo-se aos efeitos da insulina. O glucagon age na conversão do ATP (trifosfato de adenosina) a AMP-cíclico, composto importante na iniciação da glicogenólise, com imediata produção e liberação de glicose pelo fígado. A palavra glucagon deriva de gluco, glucose (glicose) e agon, agonista, ou agonista para a glicose. O glucagon elevado e a queda nas concentrações de insulina constituem um potente sinal para início e manutenção da neoglicogênese O principal estímulo para a liberação de glucagon é estimulação de sua secreção pelas catecolaminas. Ao ser liberado, o glucagon realiza as seguintes alterações metabólicas: Glicogenólise e gliconeogênese no fígado Lipólise Estimula a cetogênese no fígado. OBS3: As catecolaminas, o cortisol e o glucagon, por elevarem os níveis de glicose sanguínea, são chamados de hormônios contra-reguladores por agirem de forma paradoxica à regulação da glicemia. Estes três hormônios possuem como objetivo comum a produção de substrato energético para o estado de hipermetabolismo da REMIT, provocando hiperglicemia, à custa de estimulação de processos como glicogenólise e gliconeogênese. Também estimulam a lipólise e a cetogênese. Apesar de suas ações metabólicas semelhantes e somatórias, a falta de um destes hormônios não é compensada pelos outros. Ressalta-se a estimulação da secreção de glucagon mediada pelas catecolaminas, juntamente com a inibição da secreção de insulina. A produção de substrato para o estado de hipermetabolismo, secundária ao catabolismo realizado por estes hormônios, de uma maneira geral, culminam realizando uma hiperglicemia. Este padrão da ação dos três hormonios contra-reguladores justifica o mecanismo de sinergismo permissivo. OBS4: A medida que a vítima do traumatismo se recupera da REMIT, caem os níveis dos hormônios contra-reguladores e sobem, gradativamente, os níveis de insulina, restabelecendo a regulação normal da glicemia. OBS5: Devemos lembrar que pacientes diabéticos devem suspender o uso dos medicamentos hipoglicemiantes orais um dia antes de se submeterem a um procedimento cirúrgico. Se depois da cirurgia a glicose do indivíduo tiver bastante elevada, sugere-se que não se faça nada, apenas o acompanhamento, por se tratar do desenvolver da REMIT. Se muito elevada, acima de 180 a 240 mg/dl, já se pode administrar 4 unidades de insulina subcutânea; de 240 a 300 mg/dl, 8 unidades de insulina; acima de 300 mg/dl, 12 unidades de insulina subcutânea. Tão logo que o paciente possa fazer uso dos medicamentos via oral, opta-se pelos hipoglicemiantes orais. 4. Aldosterona A aldosterona é um hormônio esteróide (da família dos mineralocorticóides) sintetizado na zona glomerulosa do córtex das glândulas supra-renais. Faz regulação do balanço de sódio e potássio no sangue, aumentando aquele (aumento da natremia) e diminuindo este (diminuição da calemia). Este hormônio tem como função a manutenção do volume intravascular, conservando o sódio e eliminado hidrogênio e potássio. Uma discreta alcalose metabólica observada no pós-operatória pode ser justificada pela ação da aldosterona. A aldosterona é secretada mediante vários tipos de estímulos: angiotensina II, ACTH, elevação da concentração sérica de K+ e diminuição do volume plasmático. A sua liberação é responsável por causar os seguintes efeitos metabólicos: Aumenta a reabsorção de Na+ e Cl- nos túbulos contorcidos proximais Promove reabsorção de Na+ e secreção de K+ e H+ no final dos túbulos contorcidos distais e início dos túbulos coletores Consequentemente, aumenta a reabsorção de água, e estimula a síntese de renina pelo aparelho justaglomerular. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 69 5. Horm�nio Antidiur�tico (Vasopressina) O hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) é sintetizado pelos neurônios dos núcleos supra-óptico e paraventricular do hipotálamo e, a seguir, é transportado pelas fibras do tracto hipotálamo-hipofisário até a neurohipófise, onde é liberado. O ADH é liberado sob estímulos como emoção, osmolaridade sanguínea, volume sanguíneo, manipulação visceral e dor. Normalmente, o ADH tem sua liberação aumentada em função das variações de volemia e osmolaridade, isto é, quando o indivíduo perde líquido, sua secreção é aumentada. No traumatismo físico, entretanto, o ADH é produzido independentemente da osmolaridade sanguínea. Esta é a razão pela qual existe uma grande preocupação quanto a ingestão de líquidos pela vítima no período logo depois do trauma: se o indivíduo já está, fisiologicamente, retendo líquidos pela liberação de ADH, ao se ingerir mais líquidos, o paciente estará sujeito a uma hipertensão arterial ou mesmo edema agudo de pulmão. Os efeitos metabólicos do ADH são: Reabsorção sanguínea de H2O livre nos túbulos distais e ductos coletores (osmorregulação) Vasoconstrição periférica especialmente do leito esplâncnico para controlar a pressão arterial Estimulação da gliconeogênese hepáticas. OBS 6: A reabsorção sanguínea de H20 leva a uma retenção hídrica natural no pós-operatório, determinando uma oligúria funcional (menor 30ml/h) e edema. O diabete insípido é uma doença caracterizada por um grande aumentode quantidade de urina eliminada, sem que haja eliminação de glicose, como ocorre no diabete melito. Ela é devida à diminuição nos níveis sanguíneos de ADH, seja por processos patológicos na neuro-hipófise, seja por lesões do hipotálamo. A liberação do hormônio anti-diurético passa pelas seguintes fases: 1ª fase: ocorre aumento discreto de seus níveis, ocorrendo no período pré-operatório. Portanto, esta fase é exclusiva para pacientes em cirurgia eletiva, e não emergencial. 2ª fase (lábil): aumento dos níveis do ADH que ocorre entre o momento da incisão da pele até o seu fechamento, um momento em que o indivíduo perde líquidos pela solução de continuidade. 3ª fase (estável): ocorre normalização dos níveis de ADH. Esta fase ocorre no período correspondente ao fechamento da pele até 4 a 6 dias depois deste evento. O indivíduo volta a urinar normalmente (1ml/kg/h). FASES DA REMIT Do ponto de vista didático, a REMIT pode ser dividida nas seguintes fases: 1� Fase – Fase da inj�ria (catabolismo): é caracterizada pela liberação dos seguintes hormônios: Adrenalina, Noradrenalina, ACTH, Cortisol, Aldosterona, HAD, Glucagon, Hormônio do crescimento. Pode ser identificada clinicamente: paciente com estado geral regular, com dor, sem conseguir se movimentar: hiperglicemia, falta de apetite, falta de vontade de higiene, falta de libido, etc. Contudo, todos estes efeitos são normais: fazem parte da REMIT e, portanto, não devem ser tratadas, mas só acompanhadas. A duração desta fase acontece de 48 horas a 5 dias depois do trauma, contudo, depende da extensão do trauma. 2� Fase – Fase da supress�o da atividade adreno -cortical: a REMIT é desativada e o paciente inicia, de fato, a fase de recuperação. Nesta fase, as taxas glicêmicas retornam ao normal e o paciente passa a apresentar um bom estado geral. Se isso não ocorrer no tempo certo, suspeita-se que ainda há algum fator que o mantém na 1ª fase. Deve-se procurar um eventual foco de infecção. A duração também depende muito da magnitude do trauma. 3� Fase – Fase anab�lica inicial (anabolismo prot�ico): paciente ganha força muscular devido a síntese protéica exagerada. 4� Fase – Fase anab�lica tardia: ganho de peso e gordura corporal devido ao maior anabolismo lipídico. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 70 Fase Sinônimo Duração Observação Injúria Catabolismo 2-5 dias Adrenalina, Noradrenalina, ACTH, Cortisol, Aldosterona, HAD, Glucagon, Horm�nio do crescimento Supressão da atividade adreno-cortical Cr�tica, Transi��o Noite ou 1-3 dias REMIT se desliga Anabólica inicial Anabolismo prot�ico 3-12 semanas ou mais Ganho de for�a muscular Anabólica tardia Anabolismo lip�dico Meses a anos Ganho de peso e gordura corporal FASE DE INJÚRIA Nesta fase, temos as seguintes caracter�sticas: Balan�o nitrogenado (diferen�a entre a ingesta e a degrada��o de prote�nas) negativo: maior degrada��o de prote�nas do que a ingest�o. Concentra��o s�rica de pot�ssio aumentada devido � ruptura celular. Aumento da glicemia devido a lebera��o de hormonios contrarreguladores. Reten��o de �gua e s�dio. Lip�lise aumentada. FASE DE SUPRESSÃO DA ATIVIDADE ADRENO-CORTICAL Nesta fase, temos as seguintes caracter�sticas: Aumento da diurese. Balan�o nitrogenado tendendo a valores positivos. Tentativa de equil�brio dos valores glic�micos ALTERA��ES P�S-OPERAT�RIAS E ASSOCIA��O COM HORM�NIOS Atonia intestinal: a falta de movimentos perist�lticos intestinais tem �ntima rela��o com as catecolaminas (produzidas pela medula da suprarrenal) e opi�ides end�genos (endorfinas, cefalinas, etc). Esta atonia caracteriza o chamado íleo paralítico, podendo causar constipa��o. A atonia intestinal tamb�m tem uma �ntima rela��o com a manipula��o cir�rgica direta das al�as intestinais, uma vez que este fen�meno � menor (ou inexistente) em cirurgias tor�cicas. Oligúria funcional e edema de ferida operatória: tem �ntima rela��o com a libera��o do horm�nio antidiur�trico. Alcalose mista: � uma situa��o por perda de �cido, sendo esta perda de origem metab�lica e respirat�ria (da� o termo “mista”). � secund�rio a libera��o de aldosterona por perder H+, drenagem nasog�strica (por perder HCl), hiperventila��o anest�sica e hiperventila��o associada a dor no p�s-operat�rio. Hiperglicemia: aumento de glicose no sangue secund�rio � libera��o de glucagon, Cortisol, Catecolaminas e GH. Por esta raz�o, n�o se administra glicose no p�s-operat�rio. Elevação discreta da temperatura: devido � libera��o do pir�geno end�geno IL-1. Anorexia: secund�rio � libera��o de citocinas, principalmente o TNF-α. OBS7: Normalmente, o intestino delgado volta a funcionar cerca de 12 a 24 horas ap�s a cirurgia, de modo que os ru�dos hidroa�reos j� s�o aud�veis depois deste tempo. Contudo, n�o se deve alimentar o doente durante este per�odo porque o est�mago s� volta a funcionar depois de 44 a 48 horas do p�s-cir�rgico, enquanto que o intestino grosso, 40 horas depois. Por estes motivos, � importante questionar ao paciente p�s-cir�rgico sobre a elimina��o de flatos e fezes. Fases do Trauma Cuthbertson (1930) estudou e publicou em artigo do Bioquemical Journal as fases do trauma, que seguem: Fase do fluxo (flow phases): a hipovolemia leva a diminui��o do d�bito card�aco, aumento da resist�ncia vascular perif�rica e geralmente leva a uma diminui��o da temperatura corporal. Portanto, deve-se assegurar ao paciente uma restaura��o do fluxo sangu�neo, que pode se dar atrav�s de solu��o cristal�ide (Ringer com Lactato e Solu��o Fisiol�gica a 0,9%, ver OBS8) ou por infus�o de produtos derivados de sangue. Fase de refluxo (EBB phases): esta fase � caracterizada por um estado hipermetab�lico, aumento da temperatura corporal e uma prote�lise acelerada. Esta prote�lise aumenta os n�veis de alanina (que entra no processo de gliconeog�nese hep�tica ou ciclo de Felig) e glutamina (que � degradada em alanina e am�nio; esta �ltima � metabolizada em ur�ia). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 71 OBS8: No Brasil, temos os seguintes tipos de solu��es cristal�ides: Soro fisiol�gico (NaCl a 0,9%) – 500 mL: � uma solu��o isot�nica em rela��o aos l�quidos corporais que cont�m 0,9%, em massa, de NaCl em �gua destilada, ou seja, cada 100mL da solu��o aquosa cont�m 0,9 gramas do sal. Pode ser utilizado para higieniza��o nasal (para pacientes com resfriados, gripes ou com sintomas al�rgicos), desidrata��o (para reposi��o de �ons de s�dio e cloro), limpeza de ferimentos, enx�gue de lentes de contato em preparados para microscopia. Ringer com lactato (148 mEq de S�dio, 5 mEq de Cloro, 4 mEq de Pot�ssio, 9 mEq de Calcio e Lactato) – 500 mL: o lactato, quando ganha a circula��o sangu�nea, � convertido em bicarbonato respons�vel por formar um sistema tamp�o usado em casos de acidose metab�lica (que ocorre em pacientes ao longo de uma REMIT). OBS9: Soro glicosado (5% de Glicose) – 500 ml. No Brasil, temos glicose dispon�vel na forma de frascos de 500 mL de soro glicosado a 5%. Isto significa que cada frasco de soro glicosado tem em m�dia 25g (se 100 mL tem 5g, 500 mL tem 25g). Sabendo que cada grama de glicose tem cerca de 4 Kcal (1 g de glicose = 4 Kcal ou 4 Cal), um frasco de soro glicosado (500 mL, 25g de glicose) tem cerca de 100 Kcal (isto �, 25 g de glicose x 4 Kcal = 100 Kcal). Veja a OBS10 para entender melhor uma das principais fun��es do soro glicosado. REMIT AO JEJUM O jejum, isto �, a falta de alimenta��o, � um componente associado � REMIT. V�rios s�o os eventos metab�licos que acontecem no paciente em estado metab�lico de jejum: Libera��o do glicog�niohep�tico Gliconeog�nese hep�tica (libera��o de amino�cido muscular) Aumento da libera��o e utiliza��o de �cidos graxos livres Conserva��o das prote�nas viscerais Aumento da produ��o de corpos cet�nicos (cetog�nese) e de sua utiliza��o. OBS10: O aumento da produ��o dos corpos cet�nicos talvez seja o mais importante evento da REMIT no jejum. Contudo, n�o � uma condi��o desej�vel, uma vez que os neur�nios, que devem fazer uso exclusivo de glicose como fonte energ�tica, passam a optar por estes corpos cet�nicos (o que pode causar, inclusive, uma cetoacidose metab�lica). Contudo, o metabolismo dos mesmos n�o � t�o efetivo e limpo quanto o da glicose. Portanto, para evitar esta cetog�nese de jejum, � necess�rio ministrar cerca de 400 Kcal em 24h para o doente no per�odo p�s-operat�rio. Como vimos na OBS9, cada frasco de soro glicosado tem 500 mL de glicose a 5% (o que significa que temos 25g de glicose neste frasco com 500 mL). Sabendo que cada grama de glicose � capaz de gerar 4 Kcal de energia, as 25g de glicose � capaz de gerar 100 Kcal. Para alcan�ar o valor necess�rio para evitar a cetoacidose metab�lica (400 Kcal), precisaremos, portanto, de 4 frascos de soro (4 x 25g=100 mg; 100 g x 4 Kcal = 400 Kcal ou 400 Cal), que ser�o repostos no paciente dentro de um prazo de 24 h. Estas 24 h, entretanto, n�o devem ser contadas a partir do p�s- operat�rio imediato (per�odo em que a glicemia j� est� elevada devido � REMIT). Os 4 frascos de soro glicosado devem ser administrados quando a REMIT � desligada (2� a 3� dia depois do p�s-operat�rio). OBS11: Com o conhecimento obtido por meio da OBS10, podemos concluir que a prescri��o m�dica mais comumente feita para o 2� dia do p�s-operat�rio �: “Soro glicosado a 5% - 2000 mL”, o que soma 400 Kcal. Contudo, se quisermos restringir um pouco o volume a ser administrado (importante em doentes com reten��o de l�quido, como em edema agudo de pulm�o ou com hipertens�o arterial), podemos optar por fornecer metade da concentra��o de glicose com apenas dois soros glicosados (isto �, apenas 1000 mL de soro glicosado, o que significa 50 g = 200 Kcal) e completar a glicose necess�ria com o uso de 10 ampolas de glicose a 50%, dispon�veis em 10 mL (ou seja, cada ampola com 10 mL possui 5g de glicose e, portanto, 20 Kcal). Em conclus�o, podemos injetar 5 ampolas de glicose a 5% (50 mL apenas, mas somando 100 Kcal) a cada soro administrado. Desta forma, estamos diminuindo a quantidade de l�quido infundido no paciente, mas injetando a mesma quantidade de glicose necess�ria para evitar a cetog�nese. Enfim, a prescri��o para pacientes p�s-operat�rios, de modo que seja necess�rio restringir a quantidade de l�quidos infundidos (para reduzir edemas, por exemplo), �: “Dieta oral zero (jejum) at� as primeiras 24 h do p�s-operat�rio” – per�odo em que os horm�nios da REMIT est�o elevando a glicemia. “No 2� dia, soro glicosado a 5% - 1000 mL (dois soros)” – o que soma 200 Kcal. “Aplicar 5 ampolas de glicose a 5% (10 mL e, portanto, 5 g de glicose cada uma) dentro de cada soro glicosado” – o que soma a cada soro glicosado apenas 50 mL, mas 25 g de glicose. Somando os dois soros �s 10 ampolas (5 em cada), ao final, teremos 400 Kcal. Com isso, diminu�mos o volume (de 2000 mL para 1100 mL), mas mantivemos o mesmo conte�do cal�rico (400 Kcal). RESERVAS ENERG�TICAS E DISP�NDIO ENERG�TICO NO HOMEM NORMAL As reservas energ�ticas em potencial de um homem sadio de 70Kg e 1,76m consistem de +- 100.000Kcal. Os lip�deos s�o armazenadas sob a forma de gordura subcut�nea e intra-abdominal, as de prote�na nos m�sculos e v�sceras, e os carboidratos sob a forma de glicog�nio nos m�sculos e no f�gado. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 72 Em condições normais, o corpo usa glicose como sua fonte principal de energia. Isto é o que acontece na maior parte dos tecidos, que obtêm sua energia da glicose, de produtos gliconeogênicos do metabolismo protéico e ácido- graxos livres e corpos cetônicos. As calorias de carboidratos não utilizados são armazenadas inicialmente sob a forma de glicogênio e, a seguir, convertidas em gordura. O fígado deriva energia da combustão terminal, de aminoácidos deaminados, de lactato ou piruvato, de ácidos graxos livres e de corpos cetônicos. O cérebro, o SER e a medula renal utilizam obrigatoriamente a glicose. Reservas Energéticas (KCal) JEJUM NOTURNO 8 DIAS 40 DIAS Gordura 100.000 88.000 42.000 Carboidratos 680 380 380 Proteína 25.000 23.000 18.000 Total 125.680 111.380 60.380 Perdas Diárias JEJUM NOTURNO 8 DIAS 40 DIAS Gordura 1.200 1.400 1.350 Carboidratos 200 0 0 Proteína 300 200 75 Total 1.700 1600 1.425 JEJUM E FORNECIMENTO ENERGÉTICO No início do jejum, o glicogênio hepático provê o equivalente a 12-18 horas de consumo calórico basal (1 g de carboidrato = 4 Kcal). Após este período, o fornecimento energético ocorre através das vias metabólicas alternativas, como a neoglicogênese e o catabolismo de triglicerídeos e proteínas. Estes dois processos são separados, mas inter- relacioandos, no sentido de utilizar preferencialmente gordura no metabolismo, enquanto se poupa progressivamente proteína. Os triglicerídeos possuem alta proporção calórica se comparados a proteínas e glicogênio (1 g de lipídio = 8 a 9 Kcal), constituindo uma fonte prontamente disponível utilizada pelo coração, músculo esquelético, fígado e córtex renal. As proteínas contêm baixo valor calórico (4 Kcal), e sendo componentes dos músculos que contém grande quantidade de água intracelular, seu valor energético decresce para 1Kcal. A maioria dos tecidos e órgãos têm a capacidade de se adaptarem metabolicamente a estados de jejum, trocando seu metabolismo de glicose pelo metabolismo da gordura. No entanto, tecidos que utilizam obrigatoriamente glicose necessitam de um aporte contínuo deste açúcar para seu funcionamento ininterrupto. OBS12: A alanina é o aminoácido mais ativo durante o jejum. FONTES DE GLICOSE A PARTIR DE PRECURSORES No período pós-prandial, a glicemia se eleva, estimulando a secreção de insulina e inibindo a de glucagon. Estas alterações facilitam a entrada de glicose, ácidos graxos e aminoácidos na célula, para sua utilização. Á medida que o jejum se prolonga, a glicemia diminui e os níveis de insulina acompanham esta tendência. Os níveis de glucagon, se elevam. As membranas celulares tornam-se então menos permeáveis á glicose. A alteração metabólica característica da fase inicial do jejum é, portanto, a neoglicogênese, a partir de vários precursores, para prover a glicose essencial ao funcionamento cerebral, enquanto que o jejum prolongado caracteriza-se pela utilização de corpos cetônicos, que substituem a glicose como principal combustível oxidativo para o cérebro. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 73 COMPONENTES SECUND�RIOS DA AGRESS�O Al�m da REMIT, que � a resposta prim�ria � agress�o, temos os seguintes eventos secund�rios: RESPOSTA INFLAMAT�RIA Na resposta inflamat�ria ocorre aumento da s�ntese e libera��o de mediadores humorais e de inflama��o. Dentre eles, temos as prote�nas de fase aguda. As prote�nas de fase aguda s�o sintetizadas na vig�ncia de les�o tecidual. Estas prote�nas desempenham fun��o protetora junto ao organismo. As principais prote�nas de fase aguda s�o: antiproteases (α-1-antitripsina, α-2- macroglobulina); ceruloplasmina (participa da inativa��o de radicais livres de O2); fibrinog�nio e prote�na C Reativa (as mais importantes). OBS 13: Resposta inflamat�ria e resposta compensat�ria. H� um balan�o entre as duas respostas. A agress�o cir�rgica, associada ou n�o � infec��o, determinauma resposta inflamat�ria em extens�o vari�vel. Concomitantemente, h� uma resposta compensat�ria proporcional ou n�o. Esta est� na depend�ncia da extens�o do insulto e suas repercuss�es e na capacidade do organismo de enfrent�-lo. Se a resposta inflamat�ria � demasiadamente extensa, os efeitos delet�rios desta culminar�o com a denominada Insufici�ncia de M�ltiplos Org�os (IMO) - s�ndrome de fal�ncia dos sistemas org�nicos essenciais. O equil�brio verificado entre as duas respostas determinar� a recupera��o. Se porventura, a resposta compensat�ria exceder seus efeitos ben�ficos, evoluiremos tamb�m para a IMO. Por isso que a REMIT deve acontecer de maneira razo�vel para que o indiv�duo evolua bem. RESPOSTA IMUNOL�GICA � uma resposta mediada por citocinas, tais como: Mediadores das c�lulas endoteliais: FAP, IL-1,TNF-α, NO, PG Mediadores intracelulares: radicais livres derivados do oxig�nio (O2 -, H2O2, OH -) Derivados do �cido araquid�nico: prostaglandinas e tromboxanes (Cicloxigenase), LT (Lipoxigenase). o Tromboxanes: recrutam plaquetas; promovem vasoconstri��o e agrega��o plaquet�ria. o Prostaglandinas: reconstr�em o endot�lio, promovem vasodilata��o e desagrega��o plaquet�ria. Sistema da calicre�na -cinina: bradicinina Opi�ides end�genos: endorfinas, dimorfinas, encefalinas. S�o liberadas pela Adenohip�fise, Hipot�lamo, Medula da adrenal. Podem realizar os seguintes efeitos: depress�o mioc�rdica, vasoconstri��o pulmonar, inibi��o da bomba de Na+. OBS 14: Libera��o de mediadores inflamat�rios em fun��o do tempo: O TNF-α (respons�vel pela produ��o de citocinas, catabolismo, coagula��o, moleculas de ades�o, cortic�ides, instabilidade hemodin�mica) alcan�a seu pico m�ximo ainda na primeira hora depois da agress�o. O IL-6 (resposta fase aguda hep�tica, ativa��o e depress�o neutrof�lica, atenua��o TNF e IL-1, libera��o TNFR), o IL-8 (ativa��o neutrof�lica, marcador IMO) e o IL-10 (modulador indireto TNF) s�o liberados logo em seguida. Notem que o INF-γ n�o participa da resposta inflamat�ria da REMIT. ALTERA��ES HEMODIN�MICAS As altera��es hemodin�micas, tais como perda de sangue e de plasma, a��o de subst�ncias com efeitos sobre o sistema circulat�rio, a��o de drogas anest�sicas e outros fatores (hipotermia, CEC, opera��es sobre o cora��o), falam a favor da diminui��o do d�bito card�aco e da press�o arterial, podendo levar o indiv�duo a um choque hipovol�mico. Contudo, em compensa��o, o organismo lan�a m�o de uma eficaz vasoconstric��o perif�rica, redistribuindo o fluxo sangu�neo. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 74 INFECÇÕES A peritonite fibrino-purulenta e a S�ndrome de Fournier determinam, por exemplo, altera��es prim�rias e secund�rias, al�m de situa��es inerentes ao paciente operado, como o retardo da alimenta��o por via oral com comprometimento do estado nutricional e agravamento da resposta � infec��o, piorando o progn�stico do doente. Nas infec��es peritoneais - peritonites - a partir de necrose de al�as por tor��o ou estrangulamento por h�rnias internas, por exemplo, por ocorrer a higieniza��o mec�nica atrav�s do sistema linf�tico, fagocitose por c�lulas do sistema imunol�gico e seq�estro mec�nico. Quando a capacidade de defesas do hospedeiro encontra-se comprometida, a dissemina��o bacteriana ocorre atrav�s do sistema linf�tico mesent�rico e diafragm�tico, atingindo o mediastino, a cavidade pleural e os pulm�es. A necrose de al�as delgadas devido a trombose mesent�rica, se n�o removida a tempo, determina grau severo de toxemia e infec��o peritoneal. Um dos componentes envolvidos � a translocação bacteriana atrav�s do rompimento da barreira mucosa dos segmentos comprometidos, facilitando a migra��o de germens e toxinas da pr�pria luz intestinal atrav�s dos linf�ticos e corrente sangu�nea (promovendo a febre). A transloca��o bacteriana �, portanto, uma situa��o grave em que bact�rias que, por meio de perfura��es causadas pela isquemia intestinal, migram via linf�ticos (ducto linf�tico) at� o cora��o e, da�, por meio do sangue, para outras regi�es do corpo. FALÊNCIAS ORGÂNICAS Pulmões: v�rios s�o os fatores que interferem com mec�nica ventilat�ria: traumatismos do t�rax, opera��es abdominais altas (excurs�o do diafragma), anestesia geral, distens�o de al�as delgadas, etc. Todos estes fatores podem causar hip�xia ou mesmo a s�ndrome da ang�stia respirat�ria no adulto (S.A.R.A.). A SARA � caracterizada por: Infiltrado difuso bilateral Press�o capilar pulmonar ≤18 mmHg Complac�ncia pulmonar < 50 ml/cm H2O Press�o O2 arter�olo-alveolar < 0,25 Rins: pode correr grande estimula��o hormonal (HAD e aldosterona) com uma extensa redistribui��o dos fluxos sangu�neos. Entram em a��o os produtos t�xicos decorrentes de les�o celular e as toxinas bacterianas na presen�a de infec��o. Estes fatores podem causar necrose tubular aguda e, em consequ�ncia, insufici�ncia renal. Insuficiência de múltiplos órgãos: na Insufici�ncia de M�ltiplos Org�os ocorre disfun��es nos diversos sistemas. Sob o ponto de vista cl�nico e laboratorial observamos altera��es que denotam grave comprometimento org�nico. No exemplo em quest�o h� grave repercuss�o funcional de quatro sistemas: respirat�rio, urin�rio, digest�rio e circulat�rio. Por exemplo, em um paciente portador de pancreatite aguda necro-hemorr�gica, submetido h� v�rias interven��es sucessivas para remo��o de tecido necr�tico infectado. Tais disfun��es podem ser identificadas por meio dos seguintes determinantes: o Disfun��o pulmonar: diminui��o da ventila��o/minuto e da complac�ncia pulmonar. o Disfun��o renal: n�veis de creatinina > 1,8 mg/dl o Disfun��o hep�tica: bilirrubina > 2,9 mg/dl o Disfun��o card�aca: �ndice card�aco < 3,0 l/min/m�/droga vasoativa. � COMPONENTES ASSOCIADOS � AGRESS�O DESNUTRIÇÃO Tamb�m � um fator secund�rio associado a um mau progn�stico. IMOBILIZAÇÃO A imobiliza��o prolongada aumenta o consumo da massa muscular devido a um aumento do catabolismo prot�ico. PERDAS HIDROELETROLÍTICAS EXTRA-RENAIS Os adultos normais perdem por dia, pela transpira��o, 300 a 500ml e, pelos pulm�es, 200 a 400ml de �gua. Contudo, por haver maiores perdas insens�veis: 200ml/hora (em casos de febre), 2000ml/dia (em taquipn�ia). Queimaduras extensas e profundas pode trazer a perda de 3 a 5 l/dia. Outras causas de perdas hidroeletrol�ticas s�o v�mito, diarr�ia, sondas, f�stulas. DOENÇAS VISCERAIS INTERCORRENTES End�crinas Cardiovasculares Renais Pulmonares Hep�ticas Imunol�gicas Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 75 CONDUTAS M�DICAS P�S-OPERAT�RIAS NA FASE DE INJ�RIA Manter dieta zero no primeiro dia de pós-operatório. Reiniciar alimentação assim que possível, isto é, na presença ruído hidroaéreos (o que sugere a presença de peristaltismo eficaz). Caso seja necessário a realização de uma sonda nasogástrica, devemos ter em mente os seguintes critérios: (1) ter ruídos hidroaéreos audíveis; (2) ter débito de sonda nasogástrica menor que 200 mL nas 24 h; (3) capacidade de eliminar flatos. Não administrar K+ no pós-operatório imediato (devido à hiperpotassemia existente depois do trauma celular). Administrar apenas no 1º dia do pós-operatório se o paciente tiver diurese satisfatória (diurese esta que pode, normalmente, levar o paciente a uma hipopotassemia), pois este eletrólito pode ser importante para diminuir o íleo paralítico. Administrar glicose, no pós-operatório imediato, apenas para inibir cetose de jejum (100g a 150g de glicose no 1º dia depois do pós-operatório). Vale salientar que o termo pós-operatório mediato significa as primeiras 24hdepois do procedimento, e o termo pós-operatório imediato significa, por sua vez, o tempo após as primeiras 24h depois do procedimento (o segundo dia do pós-operatório). Administrar líquidos de forma criteriosa (ocorre retenção de líquidos na fase de injúria): pode-se fazer a infusão de 2 soros glicosados à 5% com aplicação de 5 ampolas de glicose a 50% em cada frasco. A quantidade de líquido basal que devemos administrar para o paciente no pós-operatório imediato é de aproximadamente 40 a 50 ml/kg de massa corporal. Cabe ao cirurgião não debelar a REMIT, uma vez que esta funciona como um mecanismo fisiológico de proteção ao organismo. Contudo, no momento em que a REMIT é exagerada e passa a exercer efeitos maléficos ou deletérios sobre algumas funções vitais, o cirurgião deve intervir, de acordo mostra o seguinte esquema: OBS15: Procedimentos com atenuação da REMIT. Procedimento REMIT Cirurgia laparoscópica Diminuição da produção de citocinas Cirurgia sob anestesia peridural Atenuação da resposta endócrina (devido à atenuação das vias ganglionares aferentes) Utilização de gH exógeno Diminuição do catabolismo protéico, (sendo utilizado em grandes queimados) Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 76 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA CHOQUE EM CIRURGIA (Professor Carlos Leite) Choque pode ser definido como uma “condi��o na qual os metab�litos necess�rios para o corpo n�o s�o fornecidos, por inadequado d�bito card�aco ou incapacidade dos tecidos em utilizar o oxig�nio e nutrientes” (FERRAZ, Bases da T�cnica Cir�rgica). Em outra defini��o de choque, temos: “Redu��o significativa da quantidade de oxig�nio consumido pelos tecidos causada por queda do fluxo sangu�neo, bloqueios metab�litos intracelulares ou uma combina��o dessas duas altera��es” (GOFFI, T�cnicas Cir�rgicas). Em resumo, o choque seria uma condi��o cl�nica caracterizada por uma incapacidade do sistema circulat�rio em fornecer O2 e nutrientes aos tecidos de forma a atender as suas necessidades metab�licas, levando � disfun��o celular e fal�ncia org�nica. Devemos ter em mente tamb�m que choque n�o � sin�nimo de hipotens�o arterial. Nem todo paciente chocado encontra-se hipotenso e vice-versa. Em suma, temos os seguintes tipos de choque: Choque hipovolêmico: ocorre perda de sangue ou por perda de l�quidos corporais (desidrata��o). Pode haver, contudo, choques hipovol�micos em que o indiv�duo mant�m a sua press�o arterial constante devido � libera��o em massa de catecolaminas (choque hipovol�mico grau I). Choque obstrutivo extra-cardíaco: cole��o de sangue que se acumula no peric�rdio dificultando o processo de expans�o card�aca dentro deste saco. Choque séptico: condi��o causada por uma septicemia, isto �, quantidade elevada de bact�rias no sangue. Choque cardiogênico: resultante de uma grave redu��o da fun��o card�aca. HIST�RICO Hip�crates (460 – 380 aC): descri��o da fácies hipocrática; Henri Francois Le Dran (1743): introdu��o do termo “choc”; Guthrie (1815): usou o termo “shoc” como uma instabilidade fisiol�gica. Latta (1831): tratamento da c�lera. Grosso (1872): conceituou choque como “Manifesta��o da grosseira desorganiza��o da m�quina da vida.” Warren (1895): “Pausa moment�nea no ato da morte” Cannon e Bayliss: descri��o da toxemia traum�tica. Blalock (1930): conceito de hipovolemia; Wiggers (1940): choque irrevers�vel (descompensa��o sist�mica progressiva). Blalock (1940): “Fal�ncia da circula��o perif�rica, resultante de uma discrep�ncia entre o tamanho do leito vascular e o volume de liquido intravascular.” Wiggers (1942): “S�ndrome que resulta de uma depress�o de v�rias fun��es, mas na qual a redu��o do volume sangu�neo efetivo circulante � de import�ncia b�sica, e na qual a defici�ncia da circula��o evolui continuamente at� que atinja um estado de fal�ncia circulat�ria irrevers�vel.” Simeone: “Condi��o cl�nica caracterizada por sinais e sintomas que surgem quando o d�bito card�aco � insuficiente para encher a �rvore arterial com sangue sob press�o suficiente para fornecer aos �rg�os e tecidos fluxo sangu�neo adequado.” SUBSTRATO COMUM E F ISIOPATOLOGIA DO CHOQUE O substrato comum de todos os tipos de choque � a perfusão tissular (tecidual) inadequada, fator respons�vel por desencadear: quebra homeost�tica, oferta de oxig�nio reduzida, mecanismo anaer�bico, hipofun��o celular, acidose citoplasm�tica e lise celular. Quando os tecidos s�o perfundidos de forma inadequada, ocorre uma cadeia de eventos em que o principal fator � um desequil�brio entre o balan�o da oferta de O2 (DO2) e o consumo de O2 (VO2). No estado de choque, um desses dois fatores est� aumentado e o outro, consequentemente, diminu�do. A rela��o entre DO2 e VO2 � determinada pela extração de O2 (ExO2) pela seguinte f�rmula: Extra��o de O2 (ExO2) = Oferta de O2 (DO2) x Consumo de O2 (VO2) ExO2 = [Hb x DC x SaO2] x [DC x C (a-v)O2 x 10] ExO2 = (VO2/DO2) x 100 (22-28%) A oferta de oxig�nio depende dos n�veis de hemoglobina (no m�nimo 10 mg/dl), d�bito card�aco e satura��o de oxig�nio. O consumo de oxig�nio tamb�m � diretamente proporcional ao d�bito card�aco, concentra��o de oxig�nio no sistema arteriovenoso multiplicado pela constante 10. A extra��o de O2 nos fornece o balan�o entre estes dois fatores. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 77 MICROCIRCULAÇÃO O principal defeito que acontece no choque ocorre na microcircula��o. � na microcircula��o que ocorre as mais importantes fun��es da circula��o: transporte de nutrientes pra os tecidos; remo��o dos produtos de excre��o celular; troca de nutrientes; e a coleta de catab�litos. De um lado da microcircula��o, existe o sistema arterial representado pelas arter�olas e, do outro lado, as v�nulas do sistema venoso. Entre ambos os sistemas temos os capilares sangu�neos. Adjacente � microcircula��o, existem ainda as anastomoses (shunts) arteriovenosas que fazem conex�o direta entre os dois sistemas. Antes destes pequenos vasos, existem algumas v�lvulas chamadas de esf�ncteres pr�-capilares que abrem e fecham de acordo com a demanda metab�lica do tecido: quanto o metabolismo tecidual aumenta, os esf�ncteres se abrem para um maior fluxo sangu�neo. O inverso tamb�m � verdadeiro. Como podemos observar na acima, existem receptores α e β adren�rgicos nas arter�olas, enquanto que nas veias temos apenas receptores α e nos vasos anastom�ticos (shunts) arteriovenosos, encontramos receptores β. Os receptores α s�o vasoconstrictores e respondem bem � noradrenalina e os β s�o vasodilatadores e respondem bem � adrenalina. Quando h� uma descarga de catecolaminas, nota-se que as arter�olas em nada influenciam no calibre da microcircula��o, visto que apresentam receptores α e β simultaneamente. A maior repercuss�o sobre a microcircula��o em casos de descarga catecolamin�rgica se d� nas regi�es com receptores adren�rgicos isolados. Havendo libera��o adren�rgica, a vasoconstric��o das v�nulas e a vasodilata��o dos shunts provocam uma modifica��o das resist�ncias. Desta forma, o sangue se desvia dos capilares passando das arter�olas diretamente para as v�nulas atrav�s dos shunts sem perfundir os tecidos. A partir da fisiopatologia do choque, podemos dividi-lo em fases de acordo com a compensa��o do estado fisiol�gico do paciente em choque: Fase fisiológica: no estado fisiol�gico normal, ocorre uma boa perfus�o sangu�nea na microcircula��o, que � integrante da circula��o sist�mica. Ainda neste estado fisiol�gico normal, a irriga��o e drenagem sangu�nea s�o bem equilibradas e funcionantes para os territ�rios da pele (reservat�rio),renais (espl�ncnico) e cerebral (vital). Nesta situa��o, a pr�-carga (imped�ncia que o sangue imp�e ao cora��o quando chega � esta bomba) e a p�s- carga (for�a de eje��o do sangue para fora do cora��o) card�acas continuam equilibrados. Fase compensada: neste momento, entra em a��o a bomba card�aca para manter a fase compensada do choque. Para isto, o cora��o aumenta a sua contratilidade e frequ�ncia card�aca, no intu�do de aumentar do d�bito card�aco (DC = VS x FC), tentando enviar mais sangue para os territ�rios principais. Esta fase justifica alguns casos em que o paciente, mesmo em choque, apresente a press�o arterial normal, de modo que todos os �rg�os sejam perfundidos adequadamente at� a medida do poss�vel. Fase descompensada: nesta fase, o cora��o j� n�o consegue mais aumentar a sua a��o sobre a p�s-carga, de modo que o d�bito card�aco perde a sua estabilidade. Com isso, observaremos uma vasoconstri��o em n�vel cut�neo (causando palidez) e renal (podendo causar insufici�ncia renal) para um desvio de sangue maior em dire��o ao c�rebro. Fase irreversível: neste momento, a bomba card�aca entra em fal�ncia e a perfus�o sangu�nea atinge o seu menor n�vel, uma vez que a vasoconstri��o acontece em todo o sistema vascular, inclusive no c�rebro. Nesta fase, apesar das tentativas de ressuscita��o farmacol�gica, ou seja, com o uso de catecolaminas ex�genas (sint�ticas), o indiv�duo n�o consegue elevar a frequ�ncia card�aca, evoluindo, portanto, para o �bito. Nesta fase, acontece os seguintes fen�menos: Perda do t�nus e dilata��o do esf�ncter pr�-capilar Obstru��es microvasculares (plaquetas, leuc�citos, hem�cias) Fal�ncia mioc�rdica com altera��es na fun��o contr�til Absor��o de endotoxinas bacterianas a partir do intestino (les�es na mucosa intestinal) Produ��o de radicais livres de O2 MECANISMOS COMPENSATÓRIOS Com a queda da press�o arterial, acontece uma ativa��o do sistema nervoso simp�tico por meio de um reflexo auton�mico mediado por barorreceptores. O sistema nervoso simp�tico � respons�vel por: Realizar a vasoconstric��o arteriolar, aumentado a resist�ncia vascular perif�rica e proporcionando a redistribui��o dos fluxos sangu�neos. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 78 Aumentar o retorno venoso. Aumentar, por meio de horm�nios adrenomedulares, a resposta adren�rgica. Ativar os sistema renina-angiotensina-aldosterona e horm�nio antidiur�tico, aumento a vasoconstric��o visceral e reten��o de H2O. CICLO VICIOSO DO CHOQUE Em todos os estados de choque, ocorre um ciclo vicioso. Em casos de hipovolemia, ocorre uma queda do d�bito card�aco, o que leva a um hipofluxo de microcircula��o. Com isso, devido a um est�mulo adren�rgico em n�vel da microcircula��o, ocorre um desvio circulat�rio para os shunts arteriovenosos, o que diminui a perfus�o tecidual. O metabolismo anaer�bico promove uma dilata��o de capilares por acidose local, o que leva a uma vasodilata��o e estase perif�rica, o que leva, novamente, a uma hipovolemia, uma vez que o continente (os vasos) est� maior que o conte�do (o volume sangu�neo corrente) piorando o estado de choque. FATORES DESENCADEANTES DO ESTADO DE CHOQUE Os principais fatores desencadeantes do estado de choque s�o: Queda ou inadequação do volume sanguíneo circulante: pode ser causada por perda de l�quido ou perda de sangue: hemorragias agudas (Ex: trauma perfurante) ou cr�nicas (Ex: neoplasia de colo com perda sangu�nea oculta pelas fezes, etc), perda de �gua e eletr�litos (Ex: queimaduras; peritonites repetitivas), vasodilata��o prim�ria (toxinas, drogas) e aumento da permeabilidade capilar (toxinas). Queda ou inadequação do débito cardíaco: ocorre por infarto agudo do mioc�rdio (IAM), arritmias graves, pericardite constrictiva (em que ocorre enrijecimento do peric�rdio e uma maior contens�o da expans�o card�aca), etc. Bloqueio do metabolismo celular aeróbico: ocorre por hip�xia, toxinas, venenos, altera��es no equil�brio �cido-b�sico. MEDIDAS UTILIZADAS PARA AVALIA��O DO PADR�O HEMODIN�MICO DO CHOQUE � atrav�s da avalia��o dos seguintes dados que ser� definido o padr�o hemodin�mico do choque, que depende de muitas coisas entre as quais a situa��o pr�via do paciente e o fator desencadeante do choque. Esse padr�o hemodin�mico se altera com o passar do tempo, espontaneamente ou em decorr�ncia de manobras terap�uticas. Portanto, deve ser continuamente acompanhado para ajustes do tratamento institu�do. FLUXO SANGUÍNEO A medida do fluxo sangu�neo � feita pela rela��o da press�o e da resist�ncia vascular: quanto maior a press�o, maior o fluxo; quanto maior a resist�ncia, menor o fluxo. F= P P→Press�o (DC). A press�o na microcircula��o � diretamente proporcional ao DC. R R→Resist�ncia. DÉBITO CARDÍACO � o volume de sangue ejetado pelo cora��o na unidade de tempo. O d�bito card�aco depende diretamente da volemia, da frequ�ncia card�aca e da for�a inotr�pica do cora��o; � inversamente proporcional � resist�ncia perif�rica total. DC = Volemia x FC x FI , FC→Frequ�ncia card�aca RPT FI→For�a inotr�pica RPT→Resist�ncia perif�rica total RESISTÊNCIA PERIFÉRICA TOTAL � a soma das resist�ncias da microcircula��o e � proporcional ao di�metro dos vasos, � velocidade do fluxo e ao hemat�crito. RPT= __Hemat�crito R→Di�metro do vaso R4 x Vel de fluxo Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 79 PRESSÃO VENOSA CENTRAL � a press�o hidrost�tica do interior das grandes veias. Sua medida � muito �til para a tomada de decis�es terap�uticas. Depende da volemia, do d�bito card�aco e resist�ncia perif�rica total. PVC = Volemia x RPT DC PRESSÃO ARTERIAL � a press�o exercida nas art�rias de grande calibre. O componente sist�lico (press�o sist�lica) depende do d�bito card�aco e o diast�lico (press�o diast�lica) depende da resist�ncia perif�rica total. TIPOS DE CHOQUE Para que o tratamento possa ser realizado de forma objetiva, � importante n�o confundir o padr�o hemodin�mico com a causa do choque. Por exemplo, um paciente que tem uma cardiopatia pr�via pode entrar em choque com padr�o cardiog�nico, mesmo que a causa seja uma hipovolemia ou uma peritonite, apesar de n�o ter havido nenhuma piora da les�o card�aca. Segundo Blalock (1934), podemos citar os seguintes tipos de choque: Choque hipovolêmico: resultante da perda de sangue ou volume de l�quido. Podemos atuar, de forma terap�utica, repondo o conte�do l�quido do paciente. Choque cardiogênico: resultante de uma grave redu��o da fun��o card�aca. Deve ser tratado n�o s� com reposi��o de l�quido, mas com um tratamento curativo da afec��o card�aca. Choque obstrutivo extra-cardíaco: resultante da obstru��o ao fluxo no circuito cardiovascular. Choque distributivo: resultante de vasodilata��o (efeito de mediadores ao n�vel microvascular e celular). O choque séptico e o choque anafilático s�o tipos de choques distributivos. CHOQUE HIPOVOLÊMICO 1. Choque hipovolêmico hemorrágico � um tipo de choque caracterizado pelas baixas press�es de enchimento ventricular. Est� frequentemente associado a n�veis baixos de Hb/Ht (anemia). As principais causas s�o: perdas sangu�neas externas (ferimentos por arma de fogo, politraumatizados, etc.) ou sangramentos ocultos (n�o exteriorizados). Os mecanismos compensat�rios s�o proporcionais � intensidade da hemorragia. As classes do choque hipovol�mico hemorr�gico s�o: Hemorragia Classe I – perda de at� 15% do vol. sangu�neo. N�o h� repercuss�o na press�o arterial. Hemorragia Classe II - perda de 15 a 30 % do vol. sangu�neo Hemorragia Classe III - perda 30 a 40% do vol. sangu�neo Hemorragia Classe IV - perda acima de 40% do vol. sangu�neo Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda Sanguínea (ml) At� 750 750-1500 1500-2000 > 2000 Perda Sanguínea (% VS) At� 15% 15-30% 30-40% > 40% Freqüência de pulso < 100 > 100 > 120 >140 PA N N ↓ ↓ Pressão de pulso (mmHg) N ou ↑ ↓ ↓ ↓ FR 14-20 20-30 30-40 >35 Diurese (ml/h) > 30 30-20 15-5 desprez�vel Estado mental /SNC Levemente ansioso Moderado ansioso Ansioso, confuso Confuso, let�rgico Reposiçao volêmica cristal�ide cristal�ide Cristal�ide sangue Cristal�ide e sangue OBS2: No Brasil, temos os seguintes tipos de solu��es cristal�ides: Soro fisiológico (NaCl a 0,9%) – 500 ml Ringer com lactato (148 mEq de Na, 5 mEq de Cl, 4 mEq de K, 9 mEq de Ca e lactato): o lactato, quando cai na circula��o sangu�nea, � convertido em bicarbonato respons�vel por formar um sistema tamp�o usado em casos de acidose metab�lica (que ocorre em pacientes ao longo de uma REMIT). OBS3: A medicina atual, baseada em evid�ncias, conseguiu responder a quest�o crucial de qual seria o melhor cistal�ide para tratar um choque hipovol�mico: o Ringer Lactato (1500 a 2000 mL). O principal fator que elege este cristal�ide nestes casos � a fun��o tamp�o do lactato para tratar a acidose metab�lica instalada naquele momento. Contudo, em casos de choque hipovol�mico de classe Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 80 III e IV, deve-se solicitar o banco de sangue para a realização da tipagem sanguínea e a infusão de bolsas de sangue (cada bolsa com 300 mL) de concentrado de hemácias ainda na unidade de urgência. OBS4: Protocolos rigorosos defendem que em casos de Hb maior que 8mg/dl não se deve realizar infusão sanguínea. Apenas em casos de Hb abaixo de 7mg/dl (independente da comorbidade) ou abaixo 8 mg/dl (se o paciente tiver mais que 65 anos e/ou histórico de doença cardiorrespiratória) faz-se infusão, a depender do estado clínico do paciente. 2. Choque hipovolêmico não-hemorrágico Resulta da perda apenas de componente líquido por meio dos tratos gastrointestinal ou urinário. Por isso, frequentemente, teremos baixas pressões de enchimento capilar e Ht com valores normais ou elevados (devido a hemodiluição). As causas são: transudação para o meio extra-vascular (queimaduras, peritonites, ascites volumosas, pancreatites, obstrução intestinal). Com o volume sanguíneo diminuído, temos um retorno venoso prejudicado e, portanto, teremos repercussões no volume sistólico, que estará diminuído. Portanto, teremos, neste caso, um débito cardíaco diminuído e uma perfusão tecidual diminuída. CHOQUE CARDIOGÊNICO Consiste em uma incapacidade primária do coração de fornecer um débito cardíaco suficiente para as necessidades metabólicas, na presença de um volume circulante adequado. Quanto à etiologia, temos: infarto agudo do miocárdio, rotura de válvula cardíaca, rotura de septo A-V, arritmias, miocardites, hipóxia, depressão dos centros nervosos. Com a contratilidade cardíaca diminuída, termos um débito cardíaco e volume sistólicos diminuídos, o que pode causar congestão pulmonar, perfusão tecidual sistêmica diminuída e perfusão diminuída da artéria coronária. Este fator, por fim, pode piorar os defeitos da contratilidade cardíaca ou mesmo causar infartos. CHOQUE OBSTRUTIVO EXTRA-CARDÍACO Situação muito comum em atendimentos de emergência em que ocorre bloqueio mecânico do fluxo sanguíneo na pequena ou grande circulação, com consequente queda do débito cardíaco. São as causas do choque obstrutivo extra-cardíaco: tamponamento cardíaco (grande quantidade de líquido se acumula no saco pericárdico), pneumotórax hipertensivo, tromboembolismo pulmonar (TEP). CHOQUE DISTRIBUITIVO Situação em que ocorre distúrbio do tônus e/ou permeabilidade vascular, com redistribuição do fluxo sanguíneo visceral. São tipos de choques distributivos: choque séptico, choque anafilático, choque neurogênico. 1. Choque séptico É a causa mais comum de morte na UTI. O choque séptico é consequência da resposta do sistema imunológico do hospedeiro a agentes infecciosos. A maioria dos casos (70%) é provocada por bacilos gram-negativos produtores de endotoxinas (daí o termo choque endotóxico). A fonte mais comum de choque séptico é o sistema respiratório. As endotoxinas são lipopolissacarídios (LPSs) da parede bacteriana que são liberados quando as paredes celulares são degradadas, como ocorre durante uma resposta inflamatória. Estes LPS, ao cairem na corrente sanguínea, unem-se a uma proteína circulante e tornam-se capazes de se ligar a um receptor de superfície celular dos monócitos e macrófagos (CD14). Esta reação desencadeia a liberação de uma grande variedade de citocinas como a IL-1 e o TNF que geram e propagam o estado patológico. Este induz a produção de proteínas coagulantes, óxido nítrico (hipotensão), aumento da expressão das moléculas de adesão para neutrófilos pelas células endoteliais (o que gera focos inflamatórios), efeito tóxico direto sobre o endotélio e a ativação da via extrínseca da coagulação (com a tendência de formação de tromboembolismos). Deste modo, as extremidades e órgãos periféricos não estarão bem perfundidos (principalmente os pulmões e o fígado). Todos estes fatores causam, em resumo: Vasodilatação sistêmica (hipotensão) Contratilidade miocárdica diminuída Lesão e ativação endotelial, causando adesão leucocitária e dano capilar alveolar pulmonar Ativação do sistema de coagulação, culminando em coagulação intravascular disseminada As fases do choque séptico são: Fase hiperdinâmica (choque quente): é caracterizada por vasodilatação periférica e aumento do débito cardíaco. Neste caso, temos: Extremidades aquecidas Baixa RVP DC normal ou elevado Estase do sangue: redução do retorno venoso e do DC Hiperventilação, alcalose respiratória, confusão mental Débito urinário normal e febre Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 81 Fase hipodinâmica (choque frio): indiv�duo que desenvolveu a fase quente e n�o foi tratado, pode evoluir para a fase fria. Neste caso, temos: Extremidades frias; RVP elevada; DC reduzido, hipotens�o arterial Intensa vasoconstric��o arterial; Acidose metab�lica; Insufici�ncia respirat�ria, obnubila��o progressiva e queda da fun��o renal. OBS4: Conceitos de infec��o, s�ndrome da resposta inflamat�ria sist�mica (SRIS) e sepse. Infecção: presen�a de microrganismos – particularmente bact�rias – na corrente sangu�nea. Pode evoluir para a SRIS se n�o tratada. SRIS: � um tipo de resposta mais complexa do organismo � infec��o. Esta relacionada com a libera��o de citocinas, entre elas, o TNF-α, IL-1, IL-6 e IL-12. � caracterizada por duas ou mais das seguintes altera��es: Temperatura > 38¡ C (hipertermia) ou < 36¡C (hipotermia) Frequ�ncia card�aca > 90 batimentos/min Frequ�ncia respirat�ria > 20 movimentos/min ou PaCO2 < 32 mmHg Leuc�citos > 12.000 c�lulas/mm3, ou < 4.000 c�lulas/mm3 ou > 10% de formas jovens (bastonetes) Sepse: consiste na SRIS acompanhada de foco infeccioso. Sepse grave: Sepse com disfun��o org�nica, sinais de hipoperfus�o (acidose, olig�ria, altera��o aguda do estado mental) ou hipotens�o (PA sist�lica < 90 mmHg ou redu��o de > 40 mmHg da linha de base, na aus�ncia de outras causas). Em resumo, a sepse grave � uma situa��o de sepse com instabilidade hemodin�mica. Choque séptico: sepse grave com hipotens�o, apesar de adequada reposi��o volum�trica. Bact�rias gram + e gram -, fungos, certos v�rus podem causar sepse e choque s�ptico. Qualquer s�tio anat�mico pode resultar em sepse e choque s�ptico: pulm�es (35%); abd�men (30%); vias urin�rias; pele (escarase feridas). A mortalidade do choque s�ptico � bastante elevada (mais de 90%). 2. Choque anafilático Decorre de uma rea��o de hipersensibilidade imediata do tipo 1 � inje��o de drogas ou soros, picadas de insetos, ingest�o de alimentos, sendo mediada por imunoglobulina E.. Indiv�duos previamente sensibilizados com anticorpos do tipo IgE, ao manter um novo contato com aquele mesmo ant�geno que o sensibilizara previamente, apresentam a forma��o de complexos ant�geno-anticorpos. Estes complexos se aderem � membrana plasm�tica dos mast�citos, que passam a liberar mediadores qu�micos como a histamina, a heparina, fator quimiot�tico para neutr�filos, etc. Estes mediadores desencadeiam ent�o uma vasodilata��o sist�mica, aumento da permeabilidade vascular e edema generalizado, o que culmina em uma hipotens�o grave e fal�ncia da circula��o perif�rica, caracterizando o estado de choque. Os sintomas respirat�rios ocorrem devido a espasmos da musculatura bronquial e edema das mucosas br�nquicas e gl�tica. � comum tamb�m o desenvolvimento de prurido generalizado devido � a��o irritativa da histamina sobre as termina��es nervosas. Em resumo, o choque anafil�tico promove o seguinte quadro cl�nico: degranula��o de bas�filos e mast�citos; constric��o de m�sculo liso; aumento da permeabilidade vascular, altera��o do t�nus vascular, degranula��o de plaquetas e atra��o de c�lula inflamat�ria; altera��es cut�neas (edema, prurido, urtic�ria e angioedema); insufici�ncia respirat�ria (edema de glote ou brocoespasmo); choque hipotensivo. OBS5: Em casos de choque anafil�tico com edema de glote, faz-se primeiro um tratamento cl�nico com corticoideterapia (com hidrocortisona) e, se necess�rio, intuba��o orotraqueal. Se nada disso resolver, optar-se por uma traqueostomia ou cricotireoidostomia. 3. Choque neurogênico � decorrente do comprometimento do controle neural do t�nus vasomotor provocando vasodilata��o generalizada. Isto acontece porque a situa��o predisp�e a um desequil�brio vasomotor. � causada por les�o aguda do c�rebro ou da medula espinhal (principalmente, a s�ndrome de Brown-Serquard), por acidente anest�sico (raquianestesias ou anestesias peridurais) e por drogas bloqueadoras auton�micas. A fase aguda � caracterizada por hipotens�o, bradicardia e hist�rico de trauma raquimedular ou raquianestesia. O diagn�stico pode ser feito pela cl�nica do paciente em choque neurog�nico: N�vel de consci�ncia alterado, confus�o e ansiedade; Taquipn�ia, PaO2 <70 mm Hg, SaO2 <90%; Olig�ria e An�ria Taquicardia e hipotens�o Pele fria e p�lida Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 82 MANIFESTA��ES DO QUADRO CL�NICO DE CHOQUE C�rebro: Agita��o, confus�o, coma, encefalopatia isqu�mica Cora��o: Arritmias, altera��es eletrocardiogr�ficas, isquemia, infarto Pulm�o: Hipoxemia, infiltrado pulmonar, SARA Trato gastrointestinal: Queda do pH intraluminal, sangramento, �leo, pancreatite, transloca��o bacteriana, hemorragia de mucosa col�nica F�gado: Aumento de enzimas, diminui��o da s�ntese, icter�cia, hepatite Rim: Olig�ria, azotemia,necrose tubular aguda Pele: Cianose e icter�cia Altera��es metab�licas: Acidose, hiper ou hipoglicemia, hipoalbuminemia. Altera��es hematol�gicas: Trombocitopenia, CIVD Altera��es imunol�gicas: Depress�o da imunidade humoral e celular, podendo levar a um choque s�ptico. MONITORIZA��O DO PACIENTE EM CHOQUE Devemos monitorar o paciente em seu �mbito hemodin�mico (por meio de m�todos n�o-invasivos ou invasivos), laboratorial e por outros m�todos variados (raio X, eletrocardiograma, ecocardiograma, pun��es e drenagens, laparotomias etc). A monitoriza��o hemodin�mica n�o-invasiva pode ser feita ao se aferir a press�o arterial, o pulso, a temperatura corporal e a oximetria de pulso (com o uso do ox�metro) para medir a satura��o de oxig�nio. Quanto aos m�todos de monitoriza��o invasiva, temos a diurese (normal=1 ml/kg/hora) como um dos melhores par�metros. Pode-se aferir, em somat�rio, a press�o venosa central e a hemodin�mica “central” (medindo a press�o capilar pulmonar ou press�o de encunhamento). A pressão venosa central (PVC) estima a press�o do �trio direito, que equivale � press�o diast�lica final de ventr�culo direito. Em cora��es saud�veis, o desempenho do cora��o direito reflete indiretamente o desempenho do cora��o esquerdo. A press�o venosa central � aferida com a utiliza��o do cateter de Swan-Ganz. Sua aplica��o s� pode ser realizada com profissional habilitado (geralmente, o intensivista) e com a presen�a de eletrocardi�grafo associado. A pun��o venosa pode ser feita nos seguintes vasos: Veia jugular interna direita: uso geral (medidas de press�o venosa central), passagem de cateter de art�ria pulmonar (Swan-Ganz). Veia subcl�via: reposi��o vol�mica, hemodi�lise, nutri��o parenteral. Veia femoral ou veia jugular externa: quando � necess�rio o acesso venoso central na vig�ncia de coagulopatia. Com rela��o � monitoriza��o laboratorial, devemos submeter o paciente � gasometria arterial (por pun��o da art�ria radial ou art�ria femural), eletr�litos, testes bioqu�micos, estudo da coagula��o e bacteriologia. A gasometria nos oferece valores importantes como satura��o de O2, satura��o de CO2, pH sangu�neo, etc. OBS6: O lactato s�rico (VR ≤ 2,1 mmol/l) traduz a demanda de oxig�nio aos tecidos e a quantidade de oxig�nio necess�ria para que o tecido n�o entre em metabolismo anaer�bico. � um marcador de agress�o tecidual secund�ria a hip�xia: Lactato normal = demanda de O2 atingida. Lactato alto = demanda de O2 insatisfat�ria. TRATAMENTO Qualquer paciente grave que apresente instabilidade hemodin�mica, deve ser abordado como um paciente j� em choque. O manuseio inicial para um paciente com suspeita de choque �: Admiss�o em UTI; Avalia��o laboratorial; Acesso venoso (1 ou 2 cat�teres calibrosos); Cat�ter venoso central; Oximetria de pulso; Suporte hemodin�mico; Vasopressores (dopamina e noradrenalina). Os objetivos imediatos do tratamento s�o: Suporte Hemodinâmico PAM > 60mmHg PCP = PVC = 15-18 mmHg Manutenção da oferta de O2 Hemoglobina>10g/dl Satura��o arterial> 92% Oxigena��o suplementar e ventila��o mec�nica Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 83 Reversão da disfunção orgânica Diminuição do Lactato (2,2mm/L) do mesmo modo que se trata acidose metabólica (com o uso de bicarbonato) Manter o Débito urinário Melhorar provas de função hepática e renal CHOQUE HIPOVOLÊMICO Reposição volêmica precoce Infusão de volume adequado Reposição rápida de sangue Identificar fonte da perda de sangue e líquido Choque hemorrágico: concentrado de hemácias. A literatura só autoriza infundir sangue para pacientes com Hb<7 g/dl, mas se tivermos Hb>7g/dl mas com instabilidade hemodinâmica, está liberada a infusão. CHOQUE CARDIOGÊNICO Obstrução mecânica: cirurgia corretora de emergência. Comprometimento miocárdico: IAM (Cirurgia de revascularização coronariana) Monitorização hemodinâmica Drogas: Opióides, diuréticos, agentes cronotrópicos e inotrópicos, vasodilatadores e beta-bloqueadores Correção das alterações hemodinâmicas, através do uso de: dopamina, dobutamina, associação de drogas inotrópicas e vasodilatadoras, agentes fibrinolíticos, bicarbonato de sódio, heparina, isoproterenol, adrenalina Sedação, oxigênio, reposição de volume CHOQUE OBSTRUTIVO EXTRA-CARDÍACO Utilização de maior volume e vasopressores Trombolítico + anticoagulantes Tamponamento cardíaco: pericardiocentese de alívio e cirurgia. Pneumotórax hipertensivo: toracocentese de alívio Embolectomia pulmonar deurgência CHOQUE DISTRIBUTIVO SÉPTICO Identificar e drenar local da infecção Agentes antimicrobianos (antibiótico-terapia) Monitoração em UTI: suporte volêmico e agentes vasopressores e inotrópicos CHOQUE DISTRIBUTIVO ANAFILÁTICO Tratamento emergencial: adrenalina; anti-histamínicos; corticóide Ressuscitação cardiopulmonar - RCP (parada cardiorrespiratória) Intubação endotraqueal Traqueostomia/Cricotireoidostomia Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 84 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS (Professor Carlos Leite) As complica��es p�s-operat�rias podem envolver as feridas operat�rias bem como os sistemas mais complexos, tais como complica��es respirat�rias, complica��es card�acas, gastrointestinais, cerebrais, etc. Para o cirurgi�o, a infec��o mais importante � a que acontece com a ferida operat�ria. COMPLICA��ES DA FERIDA OPERAT�RIA HEMATOMA O hematoma representa um ac�mulo de sangue na superf�cie cut�nea capaz de causar um abaulamento na pele (caso contr�rio, isto �, cole��o de sangue na pele sem abaulamento constitui uma equimose). Os principais fatores de risco para a forma��o do hematoma s�o: uso de AAS, Heparina, Coagulopatias, hipertens�o arterial sist�mica (HAS) e tosse vigorosa. A presen�a de hematoma no paciente cir�rgico est� muito associada com o uso de anticoagulantes orais, da� a import�ncia da suspens�o do uso de tais medicamentos com cerca de 7 dias antes do procedimento cir�rgico. Em casos de cirurgia de urg�ncia, em que n�o foi poss�vel controlar o uso de medicamentos anticoagulantes na etapa pr�- cir�rgica, � dever do cirurgi�o realizar uma adequada hemostasia para evitar maiores perdas sangu�neas. As coagulopatias, sejam elas de natureza adquirida ou cong�nita, alteram o processo evolutivo da ferida, constituindo uma importante causa de hematomas. Muitas vezes, a hemostasia s� � poss�vel durante o procedimento cir�rgico e, de prefer�ncia, com o paciente apresentando baixos n�veis de press�o arterial – quando os n�veis press�ricos arteriais voltam a um patamar mais elevado, pode ocorrer rompimento dos pequenos vasos pr�-cauterizados, gerando uma maior dificuldade de controle no processo hemorr�gico. Outros modos para uma poss�vel complica��o na hemostasia com pacientes com coagulopatia s�o os quadros de tosse rigorosa, manobras que aumentem a press�o intra-abdominal (manobra de Valsalva, por exemplo), constipa��o intestinal que promova esfor�o para evacuar, etc. As caracter�sticas cl�nicas do hematoma s�o: Eleva��o da ferida; Altera��o da cor para uma tonalidade viol�cea; Tumefa��o que pode causar uma dor importante e desconforto. A presen�a do hematoma guarda muitas import�ncias que devem ser ressaltadas pelo cirurgi�o. Sabendo que alguns tipos de bact�rias crescem, preferencialmente, em meios de cultura que contenha sangue, o hematoma pode alojar e servir de meio de cultura para estes germes, podendo cursar com uma importante infec��o. Quando os hematomas localizam-se pr�ximos a �reas consideradas vitais, a presen�a deste tipo de infec��o ganha um enfoque muito mais grave. Um exemplo pr�tico � a produ��o de uma cole��o sangu�nea que venha a formar um hematoma que comprima a regi�o da traqu�ia, podendo causar um quadro de insufici�ncia respirat�ria ao paciente. Este quadro tem um progn�stico muito pior em casos de infec��o. Por esta raz�o, o hematoma deve ser tratado e drenado adequadamente. O tratamento do hematoma consiste na abertura da ferida com a evacua��o do co�gulo subsequente. Enfim, deve-se realizar a ligadura de vasos hemorr�gicos e, por fim, a compress�o da ferida. Avaliar bem os curativos e troc�- los diariamente pode ajudar em uma boa evolu��o do hematoma. Eventualmente, pode-se implantar o chamado dreno de penrose para uma drenagem cont�nua, mais orientada e facilitada. SEROMA Consiste em um ac�mulo de l�quido seroso na regi�o da ferida operat�ria. Geralmente � causado depois de incis�es do plano cut�neo e subcut�neo em que haja ruptura celular. Esta ruptura faz com que haja extravasamento de l�quidos para o espa�o intersticial, colecionando, obviamente, l�quido seroso neste local. A maior import�ncia desta complica��o � o aumento no tempo de cicatriza��o da ferida. A forma��o de seromas � bastante comum em casos de mastectomia, em que o procedimento de descolamento da mama � muito extenso. O seroma geralmente se d� pelo ac�mulo de l�quido seroso, de car�ter citrino. Contudo, podemos ter cole��es de sero-hematomas, com a presen�a de sangue junto ao l�quido seroso e de linfa. O diagn�stico do seroma pode ser obtido por meio da ultrassonografia, observando-se uma regi�o bem delimitada e hipoecog�nica (escura). Este fato acontece devido � menor densidade do l�quido seroso com rela��o a do sangue. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 85 O tratamento do seroma � baseado na aspira��o por agulha ou a produ��o de curativos compressivos. A aplica��o de solu��es hipert�nicas (ampolas de glicose � 50%) pode ser utilizada para casos de seromas de repeti��o. Esta aplica��o consiste na indu��o de uma resposta inflamat�ria dos retalhos locais (das bordas da ferida) para auxiliar no fechamento da ferida. DEISCÊNCIA DA FERIDA OPERATÓRIA A palavra deisc�ncia significa abertura espont�nea, que pode ocorrer com a ferida operat�ria muito comumente. Esta abertura pode ser parcial (quando envolve apenas planos superficiais: pele e tecido celular sub-cut�neo) ou total (quando a deisc�ncia ultrapassa o plano da aponeurose). A deisc�ncia pode ocorrer secund�rio a fatores locais e fatores sist�micos: Fatores locais: fechamento inadequado dos planos estratigr�ficos da ferida, cicatriza��o deficiente e aumento da press�o intra-abdominal. O fechamento da ferida deve ser feito, portanto, com o tipo de fio e de calibre adequados para as caracter�sticas locais (ver OBS1 e OBS2). Fatores sistêmicos: diabetes mellitus, obesidade m�rbida, imunossupress�o, c�ncer, sepse e hipoalbuminemia. OBS1: Os fios de sutura podem ser absorv�veis e n�o-absorv�veis. Este crit�rio, contudo, n�o diz respeito � absor��o org�nica de cada fio, mas � resist�ncia e tens�o do fio. Inclusive, podemos ter um fio inabsorv�vel que seja absorvido – fagocitado – pelo organismo (como os biodegrad�veis). Fios absorv�veis: s�o os fios de sutura que perdem a sua for�a tensil com menos de 60 dias. Contudo, a maioria desses fios s� s�o absorvidos, no sentido lato da palavra, na m�dia de 90 dias. Ex: Fios de categute simples (produzido a partir da serosa do intestino do carneiro) tem resist�ncia tensil de 12 dias, o que significa que a ferida deve estar fechada em at� 12 dias para que n�o haja deisc�ncia; Fios de categute cromado tem adi��es de sais de cromo aumenta a sua resist�ncia tensil para 20 dias; O Vycril� tem uma resist�ncia tensil de 28 dias, sendo ideal para a s�ntese de aponeurose. Fios inabsorv�veis: s�o os fios de sutura que perdem a sua for�a tensil com mais de 60 dias. Dentro desta classifica��o, temos os fios biodegrad�veis e os n�o-biodegrad�veis. o Fios inabsorv�veis biodegrad�veis: o fio de nylon apresenta uma boa resist�ncia tensil (mais de 60 dias) e � hidrolisado pelo organismo cerca de 20% ao ano (isto �, em 5 anos, ele � totalmente absorvido pelo organismo). o Fios inabsorv�veis n�o-biodegrad�veis: o fio de a�o, muito utilizado na esternorrafia e costorrafia, mesmo depois de v�rios anos ap�s o procedimento, ainda � percept�vel ao raio-X de t�rax. O fio de polipropileno (Prolene�), utilizado na s�ntese de parede abdominal, tamb�m se enquadra nesta classifica��o. OBS2:O di�metro ou calibre do fio de sutura � sempre pr�-determinado em seu recipiente de armazenamento. O di�metro de um fio de sutura varia entre padr�es pr�-determinados e seguidos pela ind�stria. Assim, partindo-se de um padr�o denominado “0”, que apresenta cerca de 0,40 mm de di�metro, temos fios de maior di�metro (1, 2, 3, 4, 5, 6, sendo este o fio cir�rgico de maior di�metro) e de menor di�metro (00 ou 2-0, 000 ou 3-0, 4-0, 5-0, e assim por diante at� 12-0, que � o fio cir�rgico de menor di�metro, oscilando entre 0,001 e 0,01 mm). O fio 5, por exemplo, � bastante calibroso, e quase n�o � usado no ser humano (salvo em casos de s�ntese de costelas), sendo mais utilizado na medicina veterin�ria. O fio 12-0, o outro extremo e menos calibroso, � utilizado na oftalmologia e na neurocirurgia. � t�o fino que deve ser utilizado sob a orienta��o de microsc�pio �ptico. Os sinais e sintomas que devem chamar a aten��o do cirurgi�o para os casos de deisc�ncia s�o: a presen�a de secre��o serossanguinolenta e a presen�a de eviscera��o s�bita (em que o paciente tem uma sensa��o de estouro da ferida; geralmente acontece depois de uma tosse intensa). A eviscera��o significa a presen�a de conte�do visceral para fora dos limites da ferida (ocorre, comumente, com as al�as intestinais). A eviscera��o geralmente ocorre entre o 4� a 6� dia do p�s-operat�rio. Se ocorrer precocemente (entre o 1� ou 2� dia), muito provavelmente, a eviscera��o foi fruto de uma t�cnica inadequada. A deisc�ncia sempre dever� ser corrigida por tratamento cir�rgico. Contudo, diante do quadro de deisc�ncia p�s- operat�ria, existem duas condutas com rela��o � presen�a ou n�o da eviscera��o: Deiscência com evisceração: realizar compressas �midas, lavagem, antibi�ticos, devolu��o da v�scera ao abdome, sutura dos planos. Sem evisceração: corre��o da h�rnia com sutura dos planos. HÉRNIA Hérnia �, por defini��o, ruptura, protrus�o de um �rg�o ou parte de um �rg�o ou de uma estrutura atrav�s da parede da cavidade que normalmente o cont�m, fazendo com que esta estrutura alcance uma regi�o que n�o corresponde � sua localidade anat�mica. As h�rnias abdominais caracterizam-se pelo defeito cong�nito ou adquirido (depois de uma s�ntese inadequada da aponeurose abdominal, por exemplo) de camadas da parede abdominal que permitem a protrus�o de conte�do intra- abdominal por entre as camadas, podendo gerar abaulamentos na silhueta do abdome. Difere da eviscera��o, porque, neste caso, a abertura da parede abdominal � completa, com total exposi��o dos �rg�os abdominais. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 86 A hérnia incisional é fruto de uma incisão cirúrgica. As hérnias incisionais ocorrem em locais do abdomén que já foram submetidos a uma incisão cirúrgica, e são resultantes da cicatrização inadequada dessas incisões. Este tipo de hérnia tem como característica apresentar altos índices de recidiva e de complicações. Os principais fatores que levam ao desenvolvimento de hérnias incisionais são: a infecção da ferida cirúrgica no pós-operatório, a obesidade, o tratamento com corticóides e quimioterapia, complicações respiratórias (tosse) no pós-operatório, má nutrição e idade avançada. A hérnia incisional pode ser ventral (geralmente, por invasão de alça de intestino delgado) ou lombar (geralmente, por invasão de conteúdo gorduroso). Nas hérnias incisionais pequenas, o tratamento pode ser realizado apenas com a sutura simples do defeito da parede abdominal (herniorrafia). No entanto, nos casos de grandes hérnias incisionais, há a necessidade de colocação de uma rede própria de poliprolpileno, que é reabsorvida e serve para reforço da aponeurose. Nos pacientes obesos, a colocação da rede por via laparoscópica (por dentro do abdomén) pode apresentar vantagens. INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO Antigamente, a infecção do sitio cirúrgico era designada como infecção de ferida operatória. O termo entrou em desuso para determinar a infecção de qualquer região manipulada durante o procedimento cirúrgico. A importância que a infecção corresponde ao procedimento cirúrgico é tanta que será abordada em um capítulo a parte. GRANULOMA DA FERIDA Os granulomas de ferida são lesões fruto da reação inflamatória crônica que geralmente estão relacionados com a formação de granulomas associados à presença de corpos estranhos, como fios de sutura (principalmente o fio de Prolene® por ser inabsorvível não-biodegradável). COMPLICA��ES RESPIRAT�RIAS As complicações respiratórias têm como fatores de risco a idade do paciente (quanto mais idoso, maior a incidência de complicações), a presença de doença pulmonar obstrutiva-crônica (DPOC, como a bronquite crônica e o enfisema pulmonar) e o local de cirurgia (torácica, abdominal alta e de emergência). OBS4: O mesocólon transverso é a estrutura que determina a altura dos procedimentos cirúrgicos abdominais: acima dele, consideramos uma cirurgia abdominal alta; o contrário é verdadeiro. A própria colectomia transversa é tida como uma cirurgia abdominal baixa. As cirurgias abdominais altas inferem na dinâmica do músculo diafragma e, portanto, podem causar complicações respiratórias. ATELECTASIA A atelectasia é o colapso de um segmento, lobo ou todo o pulmão, alterando a relação ventilação/perfusão, provocando um shunt pulmonar. Acontece devido a um colabamento dos alvéolos decorrente de uma obstrução a montante. A principal causa da atelectasia são os fatores obstrutivos e fatores não obstrutivos (colapso bronquíolos). Os fatores predisponentes são idade, obesidade, fumo, doenças respiratórias, presença de secreções, intubação orotraqueal, etc. As manifestações clínicas envolvem febre, taquipnéia, estertores e desvio mediastino p/ lado comprometido. Os sinais radiológicos clássicos de uma atelectasia são: deslocamento da traquéia ou mediastino para o lado da atelectasia; elevação do diafragma do lado da atelectasia; alteração da fissura horizontal; pinçamento de costelas. Difere-se do derrame pleural pois neste as estruturas mediastinais são deslocadas para o lado oposto do derrame. O tratamento da atelectasia consiste na limpeza de vias aéreas por meio da tapotagem (consiste na colocação do doente em decúbito contra-lateral ao local da lesão e a realização de pequenas pancadas no tórax para permitir que a secreção seja drenada par ao hemitórax para ser então expelido pela boca), tosse ou sucção nasotraqueal; uso de broncodilatadores; uso de mucolíticos; fisioterapia respiratória. SÍNDROME DE MENDELSON A síndrome de Mendelson consiste na broncoaspiração do conteúdo gástrico previamente regurgitado. Os fatores predisponentes são: ausência da sonda nasogástrica; depressão do SNC; refluxo gastresofágico; aumento da pressão intra-abdominal; presença de alimento no estômago (paciente emergencial de estômago cheio). A gravidade da síndrome de Mendelson está associada a dois fatores: o volume (0,3ml/Kg, o que significa 20- 25ml para o adulto) e o pH (< 2,5) do conteúdo aspirado. Pacientes dentro do grupo de maior risco devem ser tratados para não evoluírem para um quadro de insuficiência respiratória. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 87 As manifesta��es cl�nicas incluem taquipneia, estertores e hip�xia. O infiltrado intersticial (geralmente, bilateral) de padr�o nodular confluente � o aspecto radiol�gico mais comumente encontrado na broncoaspira��o. Obviamente, o diagn�stico diferencial com outras patologias (como a s�ndrome da angustia respirat�ria do adulto) deve ser realizado por meio da pesquisa da hist�ria cl�nica do doente e dos fatores predisponentes. O tratamento consiste namanuten��o da integridade das vias a�reas (suc��o endotraqueal, tosse e broncoscopia) a na preven��o da les�o pulmonar (com o uso de hidrocortisona e antibi�ticos). PNEUMONIA Os fatores de risco para desenvolvimento da pneumonia s�o infec��o peritoneal (migra��o das bact�rias por meio dos poros de Kohn, pequenos orif�cios diafragm�ticos que intercomunicam a cavidade peritoneal com a cavidade pelural), ventila��o prolongada, atelectasia e aspira��o. A cirurgia ou a pr�pria intuba��o orotraqueal, por diminu�rem o reflexo da tosse, diminuem o processo de limpeza br�nquica, pode gerar, depois de um ac�mulo de secre��es, a pneumonia, como complica��o fruto desses procedimentos. Radiologicamente, � observado uma opacidade no lobo pulmonar acometido (geralmente, nos lobos pulmonares inferiores). O tratamento se d� pela elimina��o das secre��es e uso de antibi�ticos. A preven��o consiste em manter vias a�reas livres, realiza��o de exerc�cios respirat�rios, respira��o profunda e tosse. DERRAME PLEURAL Os fatores predisponentes para o ac�mulo de l�quidos no espa�o pleural � a presen�a de l�quido peritoneal livre ou a inflama��o subdiafragm�tica (abcesso diafragm�tico, renal, hep�tico, etc). A conduta para o al�vio do derrame pleural � a pun��o ou drenagem da cole��o de l�quidos, principalmente quando se tratar de um empiema pleural (como Galeno dizia: “Se h� pus, drene!”). A n�o interven��o, apenas observa��o do paciente e tratamento cl�nico, pode ser poss�vel em casos de derrames discretos (volumes entre 200 e 300 mL de l�quido) ou em casos de derrame pleural citrino. Radiologicamente, quando temos um volume amplo de l�quido no espa�o pleural, as estruturas mediastinais s�o projetadas para o hemit�rax contralateral, diferentemente do que ocorre nos casos de atelectasia pulmonar. � poss�vel observar a caracter�stica par�bola de Damasieau PNEUMOTÓRAX O pneumot�rax, isto �, presen�a de ar no espa�o pleural, tem como principais causas: o trauma, a pun��o venosa central (da V. jugular ou V. subcl�via) inadequada (pneumot�rax iatrog�nico), ventila��o com press�o positiva, les�o pleural diversa, pneumot�rax espont�neo (rupturas de bolhas subpleurais ou blebs; s�o mais comuns nos indiv�duos longil�neos). O pneumot�rax deve ser drenado sob pena de evoluir para um pneumot�rax hipertensivo de tamanha intensidade que pode comprimir os vasos da base card�aca e, assim, diminuir o retorno venoso e o d�bito card�aco do paciente. Toda a drenagem do t�rax � feita ao n�vel do 5� espa�o intercostal (linha infra-mam�ria) no ponto em que a linha axilar m�dia cruza este plano. EMBOLIA PULMONAR A embolia pulmonar consiste na instala��o s�bita de um �mbolo (como um co�gulo sangu�neo) em algum ponto da circula��o pulmonar, reduzindo ou abolindo a perfus�o local. Os fatores de risco s�o: Trombose venosa profunda dos membros inferiores Per�odos prolongados no leito ou na cama Cirurgias de grande porte Les�o venosa dos MMII Coagulopatias Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 88 Gravidez Anticonceptivos: usuárias de anticoncepcionais orais apresentam até quatro vezes mais chances de apresentarem trombose venosa profunda quando comparadas à população em geral. Os anticoncepcionais aumentam os níveis sanguíneos de fatores da coagulação VII, IX, X e XII e diminuem as concentrações plasmáticas de proteínas S e antitrombina, predispondo à formação de trombos. Tabagismo O diagnóstico clínico da embolia pulmonar não é tão fácil, principalmente, porque muitos pacientes apresentam- se assintomáticos na fase inicial. Apenas na fase tardia, podemos observar hemoptise, dor pleural e condensação triangular. O diagnóstico radiológico da embolia apresenta parâmetros semelhantes aos da atelectasia. Encontraremos efusões pleurais e proeminências de Hampton (opacidades basais da pleura convexa para a margem medial) que indicam área de infarto pulmonar. Podemos encontrar ainda elevação do diafragma. O tratamento para a embolia é o suporte ventilatório e hemodinâmico do paciente. A prevenção é obtida com a deambulação precoce do paciente, com o tratamento de flebites e com a imobilização de fraturas (principalmente dos ossos longos, como o fêmur). Complica��es Card�acas Os fatores que implicam nas complicações cardíacas pós-cirúrgicas são: Insuficiência cardíaca ou doença valvular Drogas Anticoagulantes Anestesia geral Duração e urgência da cirurgia e sangramento descontrolado Paciente com marca-passo Pacientes com doenças coronarianas e baixo débito cardíaco- UTI ARRITMIA Fatores relacionados: o Hipoxemia, Hipocalemia, toxicidade digital e estresse durante o término da anestesia o Pode ser o primeiro sinal de infarto Manifestações clínicas: o Maioria assintomática o Dor torácica, palpitações e dispnéia. Tipos de arritmias: o Arritmias supraventriculares o Extra-sístoles ventriculares o Bloqueio atrioventricular total INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO • Fatores desencadeantes: hipotensão, choque ou hipoxemia intensa • Manifestações clínicas: dor torácica, hipotensão, e arritmias. Mais da metade são assintomáticos (efeito residual da anestesia e analgesia) • Diagnóstico: ECG, Níveis elevados de CK (isoenzima MB) • Tratamento: • UTI: oxigenação, reposição de líquidos e eletrólitos Antiagregante plaquetário (como o AAS) ICC: digital, diurético e vasodilatadores Dor:sedação suave (diazepínico)ou hipoanalgésico (Dolantina) Profilaxia:20 ml lidocaína 2%EV + 250 ml SF (microgotas) EDEMA AGUDO DE PULMÃO O edema agudo de pulmão pode ser causado pela administração excessiva de líquidos ou sangue. A conduta para o tratamento do edema agudo de pulmão é: Elevar a cabeceira do leito Oxigênio (3l/min), por cateter nasal Digitalização (uso de Digoxina EV 1-1,5mg/24h, monitorização do potássio sérico) Restrição hídrica e diurético EV Monitorização ECG (insuficiência cardíaca) Cateter p/ medida de PVC Passagem de sonda vesical de demora (controle) Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 89 COMPLICA��ES GASTROINTESTINAIS E ANEXOS PAROTIDITE Os fatores predisponentes para a parotidite são: pacientes idosos, debilitados, desnutridos e desidratados, com higiene oral precária; associado a uso prolongado de sonda nasogástrica. A tríade clássica da parótide é: uso de sonda nasogástrica prolongada (fato que induz a inativação prolongada das glândulas parótidas); presença de Staphilococus aureus; inflamação da glândula com cerca de duas semanas de pós- operatório. A patogenia está relacionada com a diminuição da atividade secretora da glândula parótida (como ocorre no uso prolongado da sonda naso-gástrica), o que leva a um espessamento e acúmulo das secreções. Isto predispõe ao desenvolvimento de infecção por estafilococos, o que leva a inflamação da glândula parótida, obstrução dos ductos e formação de abscessos. Este processo pode expandir-se para o canal auditivo, pele superficial e pescoço, podendo causar insuficiência respiratória aguda por obstrução traqueal. As manifestações clínicas são: dor espontânea a palpação, febre alta, leucocitose e tumefação e eritema na região.parotídea. O tratamento se dá basicamente pela hidratação, analgesia, antibioticoterapia dirigida empiricamente para estafilococos e drenagem da glândula. ÍLEO-PARALÍTICO O íleo paralítico ou atonia intestinal significa a falta de movimentos peristálticos intestinais como complicação natural e esperada de grandes cirurgias. Devemos lembrar que a motilidade intestinal tende a ser mantida pelo sistema miogênico, humoral e neural. Contudo, alguns dos seguintes fatores afetam estessistemas: anestesia; manipulação do intestino; dor (mecanismo reflexo); vagotomia; ressecção e anastomose do intestino; alterações nas concentrações séricas de K+ e Mg+2. O retorno da peristalse acontece, em média, com 24 h depois da cirurgia em casos de cirurgia não abdominal, em que não há manipulação das alças intestinais. Em casos de laparotomia, em que há manipulação intestinal, temos o seguinte quadro: Peristalse gástrica após 48h; Intestino delgado após 5-7h, mas só impulsiona o alimento após 24h; Cólon 40-48h O tratamento provisório é a instalação de uma sonda nasogástrica, sendo necessário corrigir a causa da paralisia ileal. Contudo, a alimentação do paciente só deve ser feita com cerca de 48h depois do pós-cirúrgico, isto é, só depois de recuperada a peristalse gástrica. Caso contrário, poderemos ter quadros de refluxo e vômito. Para manter a nutrição do paciente e, principalmente, evitar a cetoacidose de jejum, devemos administrar 400 Kcal ao longo de 24 h (depois do primeiro dia do pós-cirúrgico, quando a resposta endócrino-metabólica ao trauma está sendo desligada) com o uso de quatro soros glicosados a 5% (cada soro apresenta 500 mL e, portanto, 25 g de glicose cada; se 1g de glicose tem 4 kcal, 25 g terá 100 Kcal, o que explica a necessidade de 4 soros glicosados para evitar a cetoacidose metabólica de jejum). O uso de potássio no 2º dia de pós-operatório auxilia a peristalse. Radiologicamente, com o uso de raios-X, encontraremos os níveis hidroaéreos nas alças intestinais. Muitas vezes, é necessário avaliar raios-X de tórax para identificar possíveis patologias pulmonares que, por meio dos poros de Kohn, possam manifestar-se na cavidade abdominal, principalmente em casos de abdome agudo (ver OBS5), comum em pacientes com pneumonia. OBS5: Abdome agudo é um quadro de dor abdominal que possua intensidade e frequência que requerem solução urgente. Nem todo abdome agudo requer solução cirúrgica. DILATAÇÃO GÁSTRICA AGUDA Consiste na distensão maciça do estomago por ar ou liquido. O tratamento requer a instalação de uma sonda nasogástrica. Os fatores predisponentes para o desenvolvimento deste quadro pode variar com a idade: Lactentes e RN: máscara de oxigênio no pós-operatório imediato Adultos: respiração assistida vigorosa (ressuscitação) Utilização de máscara de Venturi O estômago, uma vez cheio de ar, pende sobre duodeno podendo causar obstrução mecânica do piloro, o que aumenta a pressão, favorece a obstrução venosa da mucosa e o eventual sangramento da mucosa, evoluindo para necrose isquêmica e perfuração. O estômago distendido ainda empurra o diafragma, podendo causar atelectasia de base de pulmão esquerdo e rotação do coração com obstrução da veia cava inferior. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 90 OBSTRUÇÃO INTESTINAL A obstrução intestinal, geralmente, tem causa mecânica (por bridas, aderências, hérnias internas, presença áscaris, etc.) ou mesmo pelo ílio paralítico. O tratamento consiste na instalação de sonda nasogástrica, que pode resolver por si só. Caso não corrigida em 24 a 48h, parte-se para a laparotomia para correção. IMPACTAÇÃO FECAL A impactação fecal, isto é, a presença de fezes estagnadas na ampola retal, pode ser causada pela paralisia colônica, plenitude retal ou outros fatores agravantes (íleo paralítico, uso analgésicos e opiáceos como a morfina). A manifestação clínica envolve a obstipação e, em casos mais graves, distensão abdominal, risco de perfuração colônica (ceco). O tratamento consiste na remoção manual ou o uso de enemas. PANCREATITE A inflamação pancreática pós-operatória tem, como principais causas: Cirurgia biliar Descolamento duodenal e/ou pancreático Transplante renal (corticóides ou azatioprina, infecções virais) Circulação extracorpórea (hiperamilasemia). As manifestações clínicas envolvem epigastralgia, dor abdominal em faixa e hiperamilasemia, aumento da glicemia e febre alta (catabólitos da necrose). O tratamento, inicialmente, é conservador como SNG e aspiração. Faz-se reposição volêmica (com colóides e cristalóides) com analgesia e observação. Se o paciente não melhorou, deve-se investigar a causa cirurgicamente. COLECISTITE AGUDA Os fatores predisponentes são estase biliar e infecção biliar. A colecistite pós-operatória se diferencia da colecistite aguda por ser, frequentemente, acalculosa (não produz cálculo em 70-80%), por ser mais comum em homens (75%), por progredir rapidamente para a necrose da vesícula biliar e por costumar não responder ao tratamento conservador. As causas são: Procedimentos gastrointestinais Quimioterapia arterial hepática c/mitomiciana e floruxidina (C.química) Embolia percutânea da A.hepática (tratamento de tumores malignos) ou malformação arteriovenosa Jejum prolongado: acalculosa O tratamento da colecistite aguda ainda é muito controverso na literatura: alguns cirurgiões optam por intervenção cirúrgica imediata, enquanto outros preferem uma abordagem mais tardia. Atualmente, opta-se por intervir cirurgicamente quando é diagnosticada de imediato, caso contrário, aborda-se mais tardiamente para evitar maior edema e à crise da colecistite. COMPLICA��ES URIN�RIAS RETENÇÃO URINÁRIA Geralmente é causada por procedimentos pélvicos e perineais ou quando há interferência nos mecanismos neurais que regulam o esvaziamento normal da bexiga. O tratamento é o cateterismo da bexiga. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO Os fatores predisponentes são contaminação preexistente do trato urinário, retenção urinária e instrumentação. O diagnóstico é feito por exames de urina e confirmado por culturas, observando mais de 100000 colônias/ml de urina. O tratamento inclui hidratação adequada, drenagem apropriada e antibióticos. COMPLICA��ES CEREBRAIS E PSIQUI�TRICAS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Os acidentes cerebrovasculares podem ser causados por lesão neural isquêmica devida à má perfusão. Os fatores predisponentes são: idade, aterosclerose, hipotensão durante a cirurgia, hipertensão arterial, choque hemorrágico. A abordagem de um AVE requer a análise de um especialista. O neurocirurgião deve controlar a hipertensão arterial, fazer a reposição volêmica, oxigenação, fisioterapia e promover a movimentação do paciente no leito. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 91 PSICOSE PÓS-OPERATÓRIA É muito comum em pacientes alcoólatras crônicos, idosos e em casos de uso prévio de drogas, os que apresentaram extrema preocupação operatória, hipóxia perioperatória. SÍNDROME DA UTI Distúrbio psiquiátrico bastante semelhante à psicose pós-operatória que acontece devido à vigilância interna contínua, privação do sono, barulho, equipamentos de monitorização causam desorganização psicológica. Ocorre uma distorção da percepção visual, auditiva e táctil; confusão; inquietude. DELIRIUM TREMENS Ocorre em alcoólatras que param de beber bruscamente. O pródromo inclui alterações da personalidade, ansiedade e tremor. COMPLICA��ES DA TERAPIA INTRAVENOSA E MONITORIZA��O HEMODIN�MICA FLEBITE Infecção das veias acessadas por cateteres. Estes devem ser retirados ou trocados para outra veia. FEBRE PÓS-OPERATÓRIA A febre que ocorre no pós-operatório induz a atenção do cirurgião para melhor avaliar o paciente e descobrir a causa deste processo. A febre deve ser avaliada de acordo com a cronologia de evolução do paciente. 3/4 dos pacientes cursam com febre pós-operatória, sem evidências de infecção. 24h: geralmente é causada pela liberação de pirógenos endógenos (IL-1) da REMIT ou por drogas utilizadas na anestesia. 48h: geralmente está relacionada com a atelectasia. Após o segundo dia de pós-operatório o diagnóstico diferencial de atelectasia deve ser feita com flebite, pneumonia e infecção do trato urinário 4º ou 5º está relacionada com doença pulmonar obstrutiva e infecção do sítio cirúrgico. 7º - 10º: ruptura de anastomose e abscessos intraperitoneais. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 92 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA INFECÇÃO EM CIRURGIA (Professor Carlos Leite) Infecção, por defini��o, � a coloniza��o de um organismo hospedeiro por uma esp�cie estranha. Em uma infec��o, o organismo infectante procura utilizar os recursos do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes preju�zos para o hospedeiro). O organismo infectante, ou pat�geno, interfere na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas conseq��ncias. A resposta do hospedeiro � a inflama��o. A infec��o em cirurgia � um importante assunto para se estudado, desde seu hist�rico aos meios de preven��o. S�o doen�as graves como a fasci�te necrotizante (S�ndrome de Fournier), um tipo de infec��o que leva a uma extensa necrose da f�scia muscular abdominal e lombar e de m�sculos adjacentes que nos mostra a import�ncia e magnitude da seriedade deste assunto. Se n�o tratada precocemente, o paciente vai a �bito. HIST�RICO Hip�crates (460 a.C) e Galeno (157 a.C), desde os seus tempos, j� se mostravam preocupados com o controle da infec��o cir�rgica. Galeno, por exemplo, j� dizia uma frase v�lida at� os dias atuais e bastante funcional: “Onde houver pus, drene!”, isto �, n�o h� nenhum tratamento mais efetivo para um abscesso que n�o seja a drenagem. Semmelweis, em 1847, descobriu e relatou a infec��o puerperal, isto �, a infec��o que acontece nas mulheres p�s-parto. Semmelweis, depois de uma minuciosa investiga��o, associou a alta incid�ncia de infec��o puerperal com bact�rias trazidas pelos anatomistas das salas de demonstra��o anat�mica, uma vez que os mesmos anatomistas eram os obstetras respons�veis pelo parto naquela institui��o. Com isso, Semmelweis recomendou a lavagem das m�os para aqueles que se deslocavam dos laborat�rios de anatomia para os blocos cir�rgicos e salas de parto, reduzindo, assim, os �ndices de infec��o da institui��o. Pasteur (1862) foi respons�vel por estudar e desenvolver os processos de putrefa��o e fermenta��o. Lister (1865), por sua vez, descobriu o �cido carb�lico, primeira subst�ncia utilizada para a antissepsia da ferida operat�ria. Koch (1877) descobriu o bacilo �lcool-�cido resistente (BAAR), o bacilo da tuberculose. Alexander Fleming (1929) descobriu e isolou do fungo Penicillum notatum a penicilina, antibi�tico que foi vastamente utilizado em seu tempo e que reduziu amplamente os �ndices de infec��o hospitalar. Seu vasto uso, entretanto, predisp�s ao desenvolvimento de germes resistentes e hoje, j� quase n�o � mais utilizada. Ainda no estudo de infec��o cir�rgica, temos uma importante participa��o de Haslted (1877), fundador da resid�ncia m�dica em cirurgia geral e criador de um tipo de pin�a hemost�tica bastante utilizada, foi o respons�vel por elaborar os par�metros b�sicos da t�cnica cir�rgica. CONTEXTO ATUAL DA INFEC��O CIR�RGICA Nos EUA, 500.000 pacientes por ano desenvolvem infec��o p�s-cir�rgica. Para estes, os gastos s�o em m�dia 5 vezes maiores que um paciente sem infec��o. Logo de cara, o tempo de hospitaliza��o para pacientes com infec��o se prolonga em mais de 20 vezes. De acordo com a literatura vigente, os fatores mais importantes na sua preven��o s�o: T�cnica cir�rgica adequada Integridade da resposta anti-infecciosa do paciente Antibi�tico-profilaxia (coadjuvante) Procedimento SEM INFECÇÃO COM INFECÇÃO Permanência Custo (US$) Permanência Custo (US$) Apendicite 6,3 dias 705.51 12,3 dias 1394,48 Vesicula 11,4 dias 2139,12 18,5 dias 2582,13 Colectomia 12,2 dias 2823,58 26,0 dias 4417,7 Histerectomia 6,8 dia 1096,44 13,3 dias 1885,29 Cesárea 5,7 dia 775,30 11,5 dias 1302,80 Safena 14,6 dias 4939,82 26,0 dias 7542,50 GREEN, JW; WENZEL, RP Ann.Surg. 185:264, 1987. PRINC�PIOS GERAIS DA INFEC��O C IR�RGICA Os princ�pios b�sicos de controle da infec��o modificaram radicalmente a resposta ao tratamento cir�rgico. Este se transformou, de um evento temido, com infec��o quase universal e morte esperada, em outro que fornece grande al�vio do sofrimento e prolongamento da vida. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 93 Infecção: invasão do organismo por microrganismos patogênicos e reação dos tecidos aos germes o Risco de infecção (Altemeier): depende diretamente do número de microrganismos (carga bacteriana) e da virulência destes; depende inversamente da resistência do hospedeiro N.V/R o Infecção cruzada: maioria dos tipos de infecção hospitalar. Significa a infecção que se transmite de um doente para o outro. É por esta razão que se procura separar ou isolar, dentro das enfermarias cirúrgicas, os doentes de acordo com o potencial de contaminação da ferida operatória que cada um oferece. Pacientes que foram submetidos a uma hernioplastia inguinal (considerada uma cirurgia limpa), por exemplo, devem ser separados daquelas que foram submetidas a uma. o Autoinfecção: ocorre quando a infecção se desenvolve em um certo sítio do doente e, depois de um procedimento cirúrgico, a infecção se manifesta ou se desenvolve em outro sítio, no mesmo hospedeiro. o Infecção hospitalar x Infecção comunitária: são conceitos epidemiológicos e pouco interferem do ponto de vista terapêutico. A infecção comunitária é a que acontece na residência do portador; a infecção hospitalar é a adquirida dentro do ambiente hospitalar. É evidente que todas as infecções cirúrgicas são infecções hospitalares. Infecção cirúrgica: infecção que ocorre em consequência de um ato cirúrgico, seja ela no sítio cirúrgico ou distante deste. Portanto, não haverá infecção cirúrgica se não tivermos um ato cirúrgico prévio. Ferida limpa: é aquela decorrente de operações eletivas, com fechamento por primeira intenção, não- traumáticas, sem desvio de técnica operatória asséptica, sem contato com cavidades corporais habitual ou frequentemente colonizadas por microrganismos. Ex: feridas decorrentes de herniorrafias, tireoidectomias, safenectomias, etc. Ferida potencialmente contaminada (ou limpa-contaminada): ferida não-traumática, decorrente de penetração de cavidade corporal habitual ou frequentemente colonizada por microrganismos (sem presença de inflamação aguda), acarretando ínfima contaminação. Ex: feridas decorrentes de gastrectomias, colecistectomias, histerectomias. Ferida contaminada: ferida traumática tratada com menos de 6 horas após o trauma, com extensa contaminação advinda de cavidade corporal habitual ou frequentemente colonizada com microrganismos ou da manipulação de inflamação aguda não-supurativa. Incluem-se nesta categoria feridas crônicas abertas para enxertia. Ex: feridas decorrentes de colecistectomias (em vigência de quadro de colecistite aguda), colectomias, enxertias para úlceras de pressão, etc. Ferida infectada (ou suja): decorrente de manipulação de afecções supurativas, como abscessos; advinda de perfuração pré-operatória de cavidade corporal habitual ou frequentemente colonizada com microrganismos; aquela decorrente de ferida traumática penetrante ocorrida há mais de seis horas. Ex: feridas decorrentes de perfurações de cólon e intestino delgado, drenagem de abscessos em geral, etc. FATORES DE R ISCO Os fatores de risco para desenvolvimento de infecção pós-operatória podem ser gerais ou específicos: Fatores de risco gerais: Extremos da idade; Obesidade/Desnutrição;Choque (má perfusão tecidual); Arteriosclerose; Câncer; Imunossupressão; Corticosteroides; Diabetes mellitus descompensado. Fatores de risco específicos: Contaminação; Tecidos desvitalizados (daí a importância de desbridar qualquer tecido desvitalizado); Corpos estranhos; Hematoma/Seromas; Irrigação sanguínea precária. o Perfusão tecidual é definida pelo produto dos seguintes parâmetros: Volemia x Hb x O2. Qualquer fator que interfira em um dos três fatores, teremos problemas na cicatrização e uma eventual infecção. o Corpos estranhos: sempre que possível, devem ser retirados. FONTES DE CONTAMINA��O E MICROBIOLOGIA DA INFEC��O CIR�RGICA Quanto à natureza ou origem dos processos infecciosos temos: Infecção exógena (30%): Mãos, Objetos, Instrumental cirúrgico, Ar e Líquidos. Infecção endógena (70%): Flora própria do espaço nasofaríngeo e estômago, Flora própria do TGU e Flora própria da pele. De acordo com a microbiologia das infecções estudadas ao longo de 10 anos nos EUA, observamos que os principais agentes causadores de infecção são o S. aureus e o S. epidermidis, bactérias residentes naturais da pele. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 94 Mais recentemente, houve um surto de infec��o com micobact�rias. Entre 2003/2004 foram notificados infec��es por M. fortuitum em mamoplastias no estado de S�o Paulo e por M. abscessus em videocirurgia no estado do Par�; Foram registrados um total 2.102 casos notificados de 2003 at� o dia 13 de agosto de 2008. Os componentes epidemiológicos da infecção s�o: Videocirurgias (laparoscopias, artroscopias); Videoescopias como endoscopias do aparelho digestivo e geniturin�rio; Broncoscopias ou outros procedimentos que utilizem c�nulas e fibras �ticas; Implantes de pr�teses ou �rteses, oftalmol�gicos, ortop�dicos ou card�acos; Procedimentos est�ticos invasivos, lipoaspira��o, cirurgia pl�stica Os componentes clínicos da infecção s�o: presen�a de les�es eritematosas de dif�cil cicatriza��o, nodulares com ou sem secre��o, f�stulas, ulcera��es, abscesso quente ou frio. N�o responsivo aos tratamentos antimicrobianos convencionais. CLASSIFICA��O DAS FERIDAS QUANTO � CONTAMINA��O Especificamente em rela��o � ferida operat�ria, o grau de contamina��o permite a sua divis�o em quatro classes principais: (1) limpa, (2) potencialmente contaminada, (3) contaminada e (4) infectada. As infec��es da ferida operat�ria tamb�m podem ser classificadas como superficiais (comprometendo pele e tecido celular subcut�neo) e profundas (comprometendo o espa�o subaponeur�tico das feridas). FERIDA LIMPA Decorrente de cirurgia eletiva, n�o traum�tica. N�o h� infra��o �s regras de assepsia N�o atravessa tecidos infectados. N�o h� penetra��o dos tratos digestivo, respirat�rio superior ou g�nito-urin�rio. Ex: feridas decorrentes de herniorrafias, hernioplastias inguinais, tireoidectomias, safenectomias, mastectomia radical, etc. Taxa de infec��o: 2 – 5% O uso de antibi�ticos n�o � necess�rio, salvo em situa��es especiais. FERIDA POTENCIALMENTE CONTAMINADA (LIMPO-CONTAMINADA) Ferida decorrente de cirurgia em tecidos colonizados por flora pouco numerosa (100.000 col�nias/ml) Tecido de dif�cil descontamina��o Aus�ncia de processo infeccioso local Pequena infra��o �s regras de assepsia (como um simples gotejar de suor no campo cir�rgico) Penetra��o dos tratos digestivo, respirat�rio ou geniturin�rio, mas sem extravasamento de conte�do Ex: feridas decorrentes de gastrectomias, colecistectomias, histerectomias. No geral, cirurgias de es�fago, est�mago ou intestino delgado. Taxa de infec��o: 9 – 11% Antibioticoprofilaxia com cefalosporinas: Ceftriaxona (Rocefin�) 1-2g EV ou Cefalotina (Keflin�) 1g EV 6/6h. FERIDA CONTAMINADA Tecidos com flora maior que 100.000 col�nias/mL Tecidos de imposs�vel descontamina��o Extravasamento de conte�do gastrointestinal (secre��es gastro-ent�ricas). Isto �, cirurgias ent�ricas at� a regi�o �leo-terminal. Abertura dos tratos geniturin�rio e biliar na presen�a de infec��o Grande infra��o �s regras de assepsia Ferida traum�tica com menos de 6h de evolu��o Ex: feridas decorrentes de colecistectomias (em vig�ncia de quadro de colecistite aguda), colectomias, enxertias para �lceras de press�o, desbridamentos. Taxa de infec��o: 16 – 22% Antibioticoprofilaxia com esquema tr�plice: Cefalosporinas: Cefalotina 1g EV 6/6h para cobrir bact�rias Gram-positivas Aminoglicos�deos: Gentamicina 80mg EV dilu�do em 100ml de SF para cobrir Gram-negativos Metronidazol: Flagyl 500mg EV 8/8h para cobrir anaer�bios. FERIDA INFECTADA Presen�a de infec��o local Opera��o sobre �rea com infec��o bacteriana sem pus Quando se atravessa tecido s�o para acessar cole��o purulenta Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 95 Extravasamento de fezes durante o procedimento (pode ocorrer em abertura do �leo-terminal e ceco at� o reto). Ferida traum�tica aberta com tecidos desvitalizados ou corpos estranhos Ferida traum�tica por agente sujo Contamina��o fecal de cavidade abdominal Ferida traum�tica com mais de 6 h de evolu��o. Por esta raz�o, n�o se sutura feridas traum�ticas com mais de 6h de dura��o (salvo em caso de feridas extensas para auxiliar a cicatriza��o). Ex: feridas decorrentes de perfura��es de c�lon e intestino delgado, drenagem de abscessos em geral, apendicectomia (com apendicite aguda com pus), etc. Taxa de infec��o: 29 – 38% Preconiza-se o uso de Antibi�tico-terapia intra-operat�ria e p�s-operat�ria com esquema tr�plice BIOMATERIAIS E INFEC��O Os biomateriais tamb�m s�o associados, em alguns estudos, com a infec��o. Quando estes equipamentos produzem infec��o, devem ser retirados imediatamente. As vias de contamina��o de cateteres vaculares, principalmente aqueles do tipo implant�veis, pode ocorrer pela manipula��o devido ao contato com a m�o do profissional; contamina��o pela microflora da pele do paciente; coloniza��o do canh�o; contamina��o pelo fluido presente no cateter; propaga��o da via hematog�nica; contamina��o durante a inser��o; etc. Pr�teses (como a mam�ria, oculares, ortop�dica, etc) tamb�m s�o comumente causadores de infec��es. S�TIOS DE INFEC��O CIR�RGICA Em resumo, temos como principais s�tios de infec��o cir�rgica: Local da Infecção % Trato urin�rio 37,0 S�tio cir�rgico 35,0 Ap. respirat�rio 16,0 Corrente sangu�nea 8,0 Infec��o associadas a DIV 3,0 Ap. cardiovascular 1,0 Infecção do trato urinário: s�o determinadas quando alcan�am 105 microrganismos/ml. Os fatores predisponentes mais importantes s�o: cateterismo vesical; sistema aberto de coleta de urina; irriga��o vesical em sistema aberto; falha t�cnica de cateteriza��o vesical. Infecção do sítio cirúrgico (ISC): s�o infec��es que ocorrem na incis�o cir�rgica ou infec��es que ocorrem em tecidos manipulados durante a opera��o. Deve ser diagnosticada em at� 30 dias ap�s a cirurgia. As infec��es do s�tio cir�rgico podem ser classificadas de acordo com a profundidade: Biomaterial Incidência de infecção Cat�teres intravasculares 5-25% Pr�teses ortop�dicas 1-6% Implantes cardiotor�cicos 1-8% Pr�teses vasculares 1-5% Shunts neurocir�rgicos 1-5% Pr�tese ocular 1-3% Pr�tese mam�ria 1-4% Telas 1-3% Tipo de cateter Taxa de IPCS relacionada ao cateter Totalmente implant�veis (cateteres para quimioterapia) 0,04 (NEJM, 272, 1965) Semi-implant�veis (Hickman e Broviac) 0,2 Arterial 01 (Am. J. Dis. Child., 145, 1991) Cateter venoso central de curta perman�ncia 03 – 05 Umbilical 05 (Am. J. Dis. Child., 145, 1991) Flebotomia 06 Hemodi�lise 10 (J. Infect. Dis. 154, 1986) Baixado por Júlia Schwingel(julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 96 o Infecção superficial abrange pele e tecido celular subcutâneo o Infecção profunda: abrange fáscia e músculo o Infecção específica abrangendo espaços e órgãos intracavitários O Germe mais comum de infecção do sítio cirúrgico é o Staphylococcus aureus e alguns Gram negativos, Estreptococos e Clostrídeos. Na apendicite, é comum a infecção por Bacteróides fragilis e E. coli. Os fatores predisponentes são: Falha da técnica cirúrgica Antissepsia inadequada da pele Tricotomia na véspera da cirurgia (deve ser feita em até 2 horas antes da cirurgia e na sala de cirurgia) Drenagem aberta de secreções Longo período de internação pré-operatória Indisciplina na SO DIAGN�STICO Para um diagnóstico completo de uma infecção cirúrgica, devemos proceder também com o diagnóstico das falências orgânicas e com o diagnóstico microbiológico. Pelo menos um desses critérios deve estar presente para o diagnóstico de infecção cirúrgica: Secreção purulenta no local da incisão (infecção do sitio cirúrgico superficial), drenada de tecidos moles profundos (infecção do sitio cirúrgico profunda) ou de órgão ou cavidade manipulados na cirurgia (infecção do sitio cirúrgico específica) Organismo isolado com técnica asséptica de material teoricamente estéril, de local previamente fechado Abscesso ou evidência radiológica ou histopatológica sugestiva de infecção (tecidos profundos) Sinais inflamatórios na incisão e febre Diagnóstico de infecção de sitio cirúrgico pelo médico assistente é necessário exame da ferida para comprovação A febre que ocorre no pós-operatório induz a atenção do cirurgião para melhor avaliar o paciente e descobrir a causa deste processo. A febre deve ser avaliada de acordo com a cronologia de evolução do paciente 3/4 dos pacientes cursam com febre pós-operatória, sem evidências de infecção. 24h: geralmente é causada pela liberação de pirógenos endógenos (IL-1) da REMIT ou por drogas utilizadas na anestesia. 48h: geralmente está relacionada com a atelectasia. Após o segundo dia de pós-operatório o diagnóstico diferencial de atelectasia deve ser feita com flebite, pneumonia e infecção do trato urinário 4º ou 5º está relacionada com doença pulmonar obstrutiva e infecção do sítio cirúrgico. 7º - 10º: ruptura de anastomose e abcessos intraperitoneais. O diagnóstico da infecção pode ser obtido através dos seguintes meios: Hemograma: leucocitose com aumento de polimorfonucleares Bioquímica: uréia Radiografia de tórax: diagnóstico de pneumonia USG abdômen ou tórax: diagnóstico de peritonite TC abdômen ou tórax DIAGNÓSTICO DAS FALÊNCIAS ORGÂNICAS Pulmonar: necessidade de assistência ventilatória Renal: creatinina > 2mg/dl Hepática: Bb > 2,3mg/dl Gastrointestinal: inabilidade em manter nutrição oral SNC: depressão sensorial ou coma Circulatória: necessidades de drogas para manter pressão arterial Coagulação: incoagulabilidade DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO Depois da colheita de secreção (exame direto + Gram/ Cultura), é necessário realizar uma hemocultura e um antibiograma. Caso o resultado não esteja disponível antes do início do tratamento, deve-se iniciar o tratamento com antibiótico de largo espectro, uma forma de antibiótico-terapia empírica. No momento em que tivermos o resultado da cultura, voltaremos o tratamento com antibióticos mais específicos. TRATAMENTO O tratamento das infecções cirúrgicas envolvem cirurgia, antibióticoterapia, oxigenioterapia hiperbárica e o eventual tratamento das complicações sistêmicas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 97 TRATAMENTO CIRÚRGICO A abordagem cir�rgica da infec��o p�s-operat�ria varia muito, mas est� baseada nos seguintes procedimentos: Desbridar tecidos desvitalizados Remo��o de corpos estranhos Drenagem dos abscessos SELEÇÃO INICIAL DO ANTIBIÓTICO A antibi�tico-terapia deve ter in�cio logo que diagnosticada a infec��o. De prefer�ncia, realizar um tratamento mais voltado para o germe encontrado nos exames microbiol�gicos. Contudo, caso n�o se tenha o resultado em m�os, deve-se proceder com um tratamento mais amplo (como, por exemplo, o esquema tr�plice que cobre gram-positivos, gram-negativos e anaer�bios) para, s� depois da ci�ncia do resultado microbiol�gico, especificar o tratamento. A tabela abaixo relaciona algumas causas comuns de infec��o e seus respectivos tratamentos que trouxeram resultados satisfat�rios, bem como sugest�es de antibi�ticos espec�ficos: Tipo de infecção Bactéria mais frequente Antibiótico indicado Observações Erisipela Estreptococos Penicilina proca�na IM ─ Linfangite aguda Estreptococos Penicilina ─ Abscessos Estafilococos Oxacilina Drenagem cir�rgica Mastite Estafilococos Oxacilina Drenagem cir�rgica Ferida traum�tica infectada Estafilococos Estreptococos do grupo A Clostr�deos Oxacilina Penicilina Metronidazol Drenagem cir�rgica + desbridamento Celulite por cat�ter Estafilococos Pseudomonas Oxacilina Imipenem Retirar cateter Queimaduras Estafilococos Oxacilina Desbridamento + tratamento t�pico Peritonite secund�ria � les�o intestinal Bacilos Gram negativos Cocos Gram positivos Aminoglico�deos Penicilinas Tratamento cir�rgico Colecistite aguda, Colangite Coliformes Bacter�ides Enterococos Proteus Ampicilina + Gentamicina + Metronidazol Colecistectomia + drenagem Abscesso hep�tico Coliformes Proteus Enterococos Estafilococos Bacter�ides Entamoeba Metronidazol + Amicacina Drenagem cir�rgica Abscesso periretal Coliformes Bacter�ides Enterococos Proteus Metronidazol + Amicacina Drenagem cir�rgica OXIGÊNIOTERAPIA HIPERBÁRICA A oxig�nio-terapia hiperb�rica consiste no aumento da tens�o de O2 no tecido lim�trofe da infec��o. Este tratamento � aplicado em les�es em que se tem uma alta suspeita de infec��o por bact�rias anaer�bicas. Al�m da ativa��o dos leuc�citos, este tipo de tratamento diminuiu a produ��o de endotoxina (Clostr�deos). O aprimoramento da angiog�nese capilar e facilita��o da prolifera��o dos fibroblastos s�o vantagens deste tipo de tratamento. A recusa de pacientes claustrof�bios � uma das desvantagens do tratamento. MEDIDAS DE PREVEN��O A preven��o da infec��o consiste em quatro etapas: a��o pr�-prim�ria, pr�-operat�rio, centro cir�rgico e p�s- operat�rio. Desta forma, temos: Ação pré-primária Tratar qualquer infec��o remota em rela��o ao s�tio cir�rgico Controlar n�veis de glicemia Encorajar a suspens�o do fumo Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 98 Ação pré-operatória O tempo de interna��o hospitalar deve ser minimizado Evitar interna��o na v�spera da cirurgia Exames pr�-operat�rios em n�vel ambulatorial A lavagem das m�os � o meio mais eficaz de evitar a ISC Higiene corporal (banho): diminui��o da coloniza��o da pele (noite anterior ou manh�) Tricotomia: tem a finalidade de facilitar a realiza��o da opera��o (tonsuradores el�tricos) – Seropian, 1971, Am J Surg (9,3X o risco de ISC). Deve ser feita duas horas antes da cirurgia e restrita � topografia da opera��o Centro cirúrgico Prepara��o do ambiente cir�rgico: fluxo adequado, limpo, disciplina (normatiza��o de rotinas e procedimentos b�sicos); acesso limitado e circula��o restrita; Escova��o e vestu�rio cir�rgico adequados; Prepara��o do paciente cir�rgico e da regi�o a ser operada; Pós-operatório Acompanhamentodo doente e da evolu��o da ferida operat�ria; Troca de curativos di�ria; Realizar antibi�tico-profilaxia ou antibi�tico-terapia, se necess�rio Controle p�s-operat�rio Retirada dos fios mais breve poss�vel Drenos: Cruse (1980) afirma que os drenos foram respons�veis por 73% de infec��o do s�tio cir�rgico (ISC) em seu estudo. Portanto, a sua indica��o deve ser restrita e criteriosa. Quando utilizado, deve-se manter em sistema de coleta fechado. Deve ser retirado t�o logo tenha cumprido sua finalidade Curativos: deve ser usado por apenas 24 horas, uma vez que depois deste tempo, a ferida j� ter� sofrido repiteliza��o e, portanto, protegida de infec��o. Caso ela infeccione, o problema foi antes e n�o depois da retirada do curativo. ANTIBIÓTICO-PROFILAXIA E ANTIBIÓTICO-TERAPIA A antibi�tico-profilaxia tem por objetivo administrar antimicrobianos ao paciente antes da contamina��o ou infec��o terem ocorrido e erradicar ou retardar o crescimento de microrganismos para evitar a Infec��o Cir�rgica. N�o h� necessidades de antibi�tico-profilaxia em casos de ferida limpa, salvo em algumas situa��es especiais (como as mostradas logo em seguida). Este par�metro est� restrito apenas para os casos de ferida contaminada e potencialmente contaminada, j� no intuito de evitar uma futura prolifera��o de bact�rias. Para os casos de ferida infectada, o uso de antibi�ticos deve ser feito n�o de maneira profil�tica, mas sim, como um regime de tratamento; ent�o, para os casos de ferida infectada, faz-se antibi�tico-terapia. Portanto, antibi�tico-profilaxia n�o tem indica��o para os casos de ferida limpa, sobretudo em pacientes h�gidos, com sa�de plena e sem fazer uso de medicamentos. Contudo, � ela � indicada nas seguintes situa��es especiais, mesmo em caso de cirurgias limpas: Indiv�duos com mais de 70 anos Desnutridos Imunodeprimidos Urg�ncias Implante de pr�teses Esplenectomia: uma vez que se retira uma fonte importante de macr�fagos teciduais, sugere-se um suporte com antibi�ticos. Hernioplastia incisional Pacientes portadores de: doen�a valvular reum�tica; diabetes descompensado; obesidade m�rbida (IMC > 40); h�rnias multirecidivadas; pacientes com mais de 3 diagn�sticos. A escolha do antibi�tico varia de acordo com alguns par�metros. De prefer�ncia, devemos optar por um que atenda os seguintes requisitos: a��o contra a maior parte dos germes; administra��o endovenosa; ser pouco t�xico; ser fraco indutor de resist�ncia; n�o deve ser o antibi�tico de primeira escolha no tratamento de infec��es graves; deve aumentar minimamente os custos. Quanto ao in�cio da antibioticoprofilaxia em cirurgias limpo-contaminadas ou contaminadas, devemos seguir a seguinte regra: “N�o comece muito cedo; n�o comece tarde.” Os n�veis tissulares do antibi�tico devem ser m�ximos quando “o bisturi iniciar seu trabalho”, isto �, no momento da incis�o ou enquanto se faz a indu��o anest�sica. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 99 Procedimento cirúrgico Esquema recomendado Cabeça e Pescoço Laringectomia, faringectomia, glossectomia, adenoamigdalectomia Tireóide Penicilina G cristalina 2 M UI Cefazolina 2g Tórax Esternotomia, biópsia ganglionar e pulmonar profunda Lobectomia, pneumectomia Cefazolina 2g Cefazolina 2g Esôfago e Estômago Esofagectomia e Esôfagogastrectomia Gastrectomia Gastroenteroanastomose Enterectomia de jejuno e íleo proximal Enterectomia de íleo terminal Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina + Metronidazol 500mg Pâncreas e Trato hepatobiliar, Baço Pancreatectomia parcial Duodenopancreatectomia Hepatectomia Cirurgia sem colangite Cirurgia com colangite Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cirurgias de cólon, reto e ânus Colectomia Colostomia Fechamento de colostomia Ressecção anterior de reto Amputação abdômino-perineal de reto Exenteração pélvica Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cirurgias ginecológicas Histerectomia abdominal Vulvectomia Anexectomia Estadiamento cirúrgico de tumor de ovário Cirurgia de Wertheim-Meigs Cefazolina 2g Cefazolina 2g + Metronidazol 500mg Cefazolina 2g Cefazolina 2g Cefazolina 2g PROTE��O PROFISSIONAL EM CIRURGIA AIDS: 0,05% 15% médicos 27% auxiliares de enfermagem 21% faxineiros Hepatites (principalmente a B e a C) Mononucleose Citomegalovirose Herpes simples Recomendações Não operar quando houver solução de continuidade Usar duas luvas sobrepostas Descartar adequadamente o material OBS1: Como proceder em caso de acidente cirúrgico com paciente aidético: Lavar área contaminada Comunicar à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) imediatamente Colher sangue 24/48 h do doente para realizar ELISA Controle periódico anti-HIV a cada 30 dias até 6º mês Quimioprofilaxia: AZT (Zidovudina) + 3TC (Lamivudina) 1 a 2h após exposição por um período de 4 semanas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 100 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA PEQUENOS PROCEDIMENTOS EM CIRURGIA (Professor Carlos Leite) Neste capítulo, discutiremos alguns princípios e bases de procedimentos cirúrgicos considerados pequenos com relação a sua complexidade. Dentre eles, temos os seguintes tipos de procedimentos: Manejo da via aérea Traqueostomia Cricotireoidostomia Garantia de acesso venoso Punção de veia periférica Dissecção venosa Punção de veia central Manejo em cavidades naturais Punção torácica (introdução de agulha no tórax) e Drenagem torácica Paracentese e Lavado peritoneal Pericardiocentese e Drenagem pericárdica A partir de agora, estudaremos, separadamente, cada um desses procedimentos, ressaltando cada técnica específica e a propedêutica do uso de cada uma delas. MANEJO DAS VIAS A�REAS Para entender as técnicas utilizadas para o manejo e acesso das vias aéreas, devemos fazer alusão à anatomia das cartilagens da laringe. Um conjunto de cartilagens compõe o esqueleto da laringe: a cartilagem tireóide (a maior e mais anterior de todas), a cricoide (que é mais inferior), as aritenoides (posteriores) e a epiglote (mais superior). Entre as cartilagens tireoide e a cricoide existe uma fina membrana chamada de cricotereoideia. É nessa membrana onde se realiza a cricotireoidostomia. Abaixo da cartilagem cricoide, observamos os anéis traqueais, de modo que, ao nível do 3º ou 4º anel traqueal, realizamos a traqueostomia. TRAQUEOSTOMIA Segundo a própria nomenclatura cirúrgica, a traqueostomia significa uma abertura e comunicação da traquéia com o meio exterior através de uma cânula metálica ou de plástico. A metálica geralmente é usada para traqueostomia definitiva e a de plástico, para as traqueostomias temporárias. Foi um procedimento bastante utilizado para difteria na década de 30 devido à dificuldade de acesso às vias respiratórias e hoje é utilizada para doenças infecciosas como o tétano, que pode ter impossibilidade de abertura bucal e de intubação orotraqueal. Nessa situação, realiza-se traqueostomia. Trata-se de um procedimento de urgência, que reduz o espaço morto em 50%. Tem mortalidade estimada entre 2 e 3%, de modo que estes índices caem gradativamente mais. Atualmente, devido às novas técnicas, é estimada em menos de 1%. Contudo, se levarmos em consideração que a traqueostomia se trata de um pequeno procedimento em cirurgia, mostra-se como uma mortalidade grande. Esta mortalidade estámuito associada a lesões de estruturas vasculares e outras adjacentes: veias jugulares interna e anteriores, ramos da artéria carótida comum, o nervo laríngeo recorrente, as glândulas tireoide e paratireoide, o esôfago. Em todo paciente traqueostomizado, deve-se umidificar o ar, uma vez que, naturalmente, este processo ocorreria nas vias aéreas superiores, por onde o ar não passará no advento da traqueostomia. Em UTI, existe um aparelho que vaporiza o ar diretamente na traqueia. Além disso, todos os ventiladores mecânicos já têm esse artifício de ao ventilar, vaporizar a água dentro da arvore respiratória para umidificar o ar. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 101 Indicações da traqueostomia. As principais indica��es da traqueostomia s�o: Corpo estranho. A principal indica��o de traqueostomia � a obstru��o das vias a�reas superiores causada, na maioria das vezes, por corpos estranhos. Trauma. Pacientes portadores de trauma na regi�o da face e da buco-maxila, em que a intuba��o orotraqueal � contraindicada, lan�a-se m�o da traqueostomia. Infec��o aguda, como a epiglotite aguda e a difteria. Edema de glote. A traqueostomia entra como um procedimento de urg�ncia para o edema de glote, e n�o como tratamento cl�nico (este se baseia no uso de corticosteroides e catecolaminas). Paralisia bilateral dos m�sculos adutores das cordas vocais, condi��o muito comum nas les�es dos Nn. lar�ngeos recorrentes, causadas, por exemplo, durante as tereoidectomias por tumor. A paralisia das pregas vocais pode fazer com que o indiv�duo seja submetido � traqueostomia definitiva. Tumores da laringe e atresia cong�nita da laringe. Melhorar a fun��o respirat�ria por ser respons�vel por reduzir o espa�o morto pulmonar em 50%. Por esta raz�o, pode ser utilizada em s�ndromes respirat�rias como broncopneumonia fulminante, bronquite cr�nica e enfisema, traumas tor�cicos graves (inst�veis). Pacientes em paralisia respirat�ria como por trauma craniano com inconsci�ncia, poliomielite bulbar, miastenia gravis e t�tano. Traumatismo raquimedular (TRM) que cause dificuldade respirat�ria. Intuba��o orotraqueal por tempo prolongado. A literatura � praticamente un�nime em afirmar que o tempo ideal para a dura��o de uma intuba��o � de, no m�ximo, 10 dias. Passado este prazo, o paciente tem predisposi��o � irrita��o cr�nica da traqueia, o que leva � estenose traqueal. Por esta raz�o, a literatura preconiza que todo paciente entubado orotraquealmente por mais de 10 dias deve ter sua intuba��o convertida em uma traqueostomia, minimizando a possibilidade de estenose das vias a�reas. Tempo pr�vio ou complementar a outras cirurgias. OBS1: A taxa de infec��o na traqueostomia n�o � muito grande, mas se deve limpar regularmente e �s vezes pacientes de UTI faz aspira��o de secre��o a cada 2 horas, porque se n�o a secre��o respirat�ria contamina a ferida operat�ria e gera sepse. Tem que fazer porque se n�o voc� tem obstru��o traqueal por aspira��o. Materiais utilizados na traqueostomia. Para a traqueostomia, disponibilizamos de c�nulas met�licas e c�nulas de pl�stico (com ou sem balonete). O balonete ou cuff das c�nulas de traqueostomia apresentam duas fun��es: (1) impedir a passagem de secre��es g�stricas para as vias a�reas, isto �, impedir o refluxo gastro-esof�gico e a eventual broncoaspira��o (s�ndrome de Mendelson); e (2) evitar o escape a�reo. N�o tem a fun��o de fixa��o, sendo esta desempenhada por cadar�os la�ados em torno do pesco�o. O traque�stomo de metal � utilizado para a traqueostomia definitiva, utilizado, por exemplo, em pacientes laringectomisados. Sua utiliza��o n�o necessita de cuff uma vez que o di�metro da traqu�ia se ad�qua, com o tempo, ao di�metro do traque�stomo. Ele � dividido em tr�s pe�as: obturador ou guia; c�nula interna; e a c�nula externa. A c�nula interna, obviamente, � montada dentro da c�nula externa, sendo esta fixa ao pesco�o e aquela pass�vel de ser retirada para a realiza��o de lavagem e a precisa higiene. O paciente de traqueostomia definitiva n�o tem nenhum comemorativo do paciente de UTI nem tem secre��o br�nquica, ent�o a sua toalete � feita s� na c�nula, que deve ser lavada com �gua e sab�o e colocada em “banho Maria”. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 102 OBS2: Quando se faz a decanulação, não é necessário suturar a área, pois ela se fecha automaticamente. Retira-se apenas o traqueóstomo e a pele, por se só, fecha sozinha e se epiteliza com cerca de 30 ou 40 dias, quando o paciente torna-se capaz de respirar normalmente pela boca. Pacientes traqueostomizados utilizam uma cortina na região para evitar a contaminação do ambiente. Se for bem cuidada, ela não infecciona. Técnica da traqueostomia. O paciente deve ser colocado em decúbito dorsal horizontal, com leve hiperextensão da cabeça, que é realizada com a colocação de um coxim na região suboccipital ou interescapaular, apenas para anteriorizar a traqueia e facilitar o procedimento. Tem que se ter cuidado com paciente com suspeita de lesão raquimedular, uma vez que esta hiperextensão pode piorar a lesão. É feita, então, anestesia local com xilocaína a 2% na região anterior do pescoço. Por palpação, deve-se identificar a cartilagem tireoide em cima, a cricoide no meio e a fúrcula esternal abaixo. Grosseiramente, toma-se como referencial um ponto equidistante entre a cartilagem tireoide e a fúrcula esternal. Isso é importante porque se fizermos a incisão muito alta, corre o risco de nos depararmos com a glândula tireoide, que é amplamente vascularizada, ou com as paratireoides (sendo necessário, às vezes, retirar o istmo da tireoide para poder chegar à traqueia); também não pode ser muito baixa, devido ao risco de lesão das cúpulas pleurais direita e esquerda, com repercussões de pneumotórax. Se a incisão for muito baixa, pode-se também lesar o tronco braquiocefálico. Depois de anestesiado o local, deve-se preceder a incisão transversa na pele com bisturi para depois realizar-se a divulsão das camadas anatômicas por meio do uso de pinças de Kelly. De preferência, devem estar presentes pelo menos dois profissionais, de modo que um deve afastar as bordas da pele com o uso de afastador de Farabeuf. Ao se abrir a incisão da pele, devemos tomar cuidados com as veias jugulares anteriores. Ao dissecar os planos anatômicos e encontrar a traqueia, deve-se anestesiar este órgão para evitar um mecanismo natural de tosse, o que dificultaria na realização do procedimento. A incisão na traqueia pode ser feita de modo longitudinal ou em forma de cruz. Contudo, alguns cirurgiões optam por realizar a incisão transversal por obedecer a anatomia funcional dos anéis traqueais. Em pacientes previamente entubados, a colocação da cânula e retirada do tubo devem ser feitos de maneira sincrônica, com auxílio do anestesista, de preferência. Após a colocação da cânula, deve-se insuflar o balonete e conectar o traqueostomo ao respirador para a realização da ventilação mecânica. Complicações da traqueostomia. Mau posicionamento do tubo; Sangramento; Disfagia por compressão do esôfago pelo tubo; Laceração traqueal e fístula tráqueo-esofágica; Enfisema subcutâneo; Estenose traqueal (a correção é feita por meio de uma traqueoplastia). CRICOTIREOIDOSTOMIA A cricotireoidostomia consiste na abertura da membrana cricotireoidea, comunicando-a com o meio externo através de incisão feita na membrana cricotireoidea. A grande indicação para a cricotireoidostomia é quando não há tempo para traqueostomia formal (procedimento que leva cerca de 4 a 5 minutos, no geral). A rapidez e facilidade doprocedimento são vantagens da cricotireoidostomia com relação à traqueostomia. O procedimento da cricotireoidostomia não deve ser usado no grupo pediátrico (crianças menores que 10 anos) por induzir um maior número de estenose traqueal, sendo preferível optar pela traqueostomia formal. Além disso, não deve ser usado para acessos prolongados das vias aéreas superiores por não fornecer uma quantidade de oxigênio ideal para o suporte do paciente. Por esta razão, mesmo de tratando de um procedimento fácil, toda cricotireoidostomia por punção deve ser convertida em uma traqueostomia formal assim que possível. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 103 Indicações da cricotireoidostomia. As indicações da cricotireoidostomia são as mesmas da traqueostomia, exceto a primeira: Obstrução da VAS, exceto de traqueia e espaço infraglote; Deformidades congênitas da orofaringe ou nasofaringe, impossibilitando intubação oro ou nasotraqueal; Trauma da cabeça ou do pescoço necessitando de ventilação mecânica; Fraturas cervicais ou suspeita, em paciente necessitando de ventilação, onde uma intubação nasotraqueal é contraindicada (fratura nasal ou cribriforme); Impossibilidade de estabelecer via aérea pérvia por outros métodos. Materiais utilizados na cricotireoidostomia. Existem alguns kits comerciais que podem ser feitos tanto para a traqueostomia como para a cricotireoidostomia. São kits caros, mas muito práticos e úteis principalmente para quem não é cirurgião geral. Ele vem completo, com a seringa, agulha de punção, fio guia, o dilatador e o traqueóstomo. Técnica para a realização da cricotireoidostomia por punção e da cricotireoidostomia cirúrgica. Para a realização da cricotireoidostomia é necessário, assim como todo procedimento em cirurgia, conhecer a fundo a anatomia regional. Antes de mais nada, o doente deve estar em decúbito dorsal horizontal, realizando uma leve hiper-extensão do pescoço. De início, deve-se palpar o bloco cricotireoideo com uma mão e introduzir uma agulha conectada a um jelco no 14 em ângulo de 45 a 90º. Deve-se atravessar os planos anatômicos como pele, tecido celular subcutâneo e, logo em sequência, a membrana cricotireoidea, sendo esta de fácil percepção ao acesso principalmente devido à presença do ar dentro da via aérea (uma vez que sempre se deve manter a seringa sob pressão). Logo em seguida, deve-se fazer a introdução do cateter em direção à traquéia, retirar a agulha e conectar o sistema a bombas que fornecem oxigênio em altas pressões. Quando não se tem disponíveis as bombas de oxigênio, deve-se conectar o sistema ao AMBU (Airway Mantened Breathing Unit), isto é, Unidade de Manutenção da Via Aérea. Quando se tem condições para a realização de cricotireoidostomia cirúrgica, isto é, a presença de instrumentos como bisturi e pinça de dissecção, devemos realizar a incisão acima da região onde é feita a traqueostomia, obviamente, fazendo a dissecção e divulsão dos planos subsequentes. Feito isso, faz-se a aplicação da cânula. Assim como na traqueostomia, devemos ter os seguintes cuidados: umidificação do ar e aspiração das secreções. Complicações da cricotireoidostomia. Perfuração da tireóide e do esôfago; Sangramento e aspiração; Ventilação inadequada; Enfisema subcutâneo; Estenose traqueal (a correção é feita por meio de uma traqueoplastia); Lesão da parede posterior da traquéia e laringe. ACESSOS VENOSOS PUNÇÕES DE VEIAS PERIFÉRICAS Podem ser realizadas na área do pescoço (jugular externa) e nas veias dos membros. A punção de veias periféricas deve ser feita para a infusão de líquidos, colheita de amostra para exames de sangue, medição de pressão venosa central (PVC), etc. No membro superior, várias veias podem ser puncionadas, tendo predileção pelas veias tributárias da veia basílica ou cefálica (sendo esta a veia que corre ao longo do sulco delto-peitoral para desembocar no trígono clavo- peitoral). Não só puncioná-las, mas também devem ser dissecadas (principalmente, a basílica). A distância média da veia basílica para o plano cutâneo é de 6 cm. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 104 No membro inferior, observamos duas veias de importante acesso por pun��o ou dissec��o: a veia safena parva (mais posterior) e a veia safena magna (mais medial), sendo esta mais utilizada no n�vel do mal�olo medial. De todas estas veias, o ATLS preconiza justamente a dissec��o da veia safena magna devido � pequena dist�ncia desta para o plano cut�neo (cerca de 0 a 3 cm). Contudo, o mesmo ATLS preconiza que, uma vez que o paciente consegue um quadro est�vel, deve-se mudar o acesso para veias do membro superior devido � maior incid�ncia de trombose venosa profunda com a dissec��o da veia safena. Noções anatômicas. No membro superior, a drenagem venosa � feita por dois sistemas: um sistema venoso profundo e um sistema venoso superficial. Este � composto pelas veias cef�lica (mais lateral em todo seu trajeto) e bas�lica (com trajeto mais medial com rela��o � cef�lica). A veia bas�lica, ao se aprofundar no segmento bra�o do membro superior, recebe as veias braquiais do sistema venoso profundo do membro superior. A veia cef�lica corre ao longo do sulco biccipital e delto-peitoral para desembocar, em n�vel do tr�gono clavi-peitoral, na veia axilar, continua��o direta da veia bas�lica. No membro inferior, tamb�m possu�mos dois sistemas venosos: um profundo e outro superficial. O sistema venoso profundo conflui, ainda na perna, para formar a veia popl�tea que se continua como veia femoral, principal veia do membro inferior cuja crossa tamb�m pode ser dissecada. A veia safena parva passa posteriormente ao mal�olo lateral e sobe para desembocar na veia popl�tea; a veia safena magna passa anteriormente ao mal�olo medial para subir, ao longo da face medial de todo o membro inferior, para desembocar na veia femoral. No pesco�o, as principais veias s�o as jugulares, continua��o direta dos seios do cr�nio. Contudo, as veias mais dissecadas com menores riscos s�o as veias jugulares externas, tribut�rias da veia jugular interna. Materiais utilizados nas punções de veias periféricas. Para uma pun��o tempor�ria, faz-se uso de agulha e seringa apenas para a coleta de exames ou introdu��o de medicamentos, que pode ser feita na pr�pria fossa cubital, acessando a veia interm�dia do cotovelo. Para isso, aplica-se um garrote para que as veias perif�ricas tornem-se mais evidentes e se insere a agulha com bisel para cima. A agulha com “asa” (Scalp® ou Butterfly®) ou escalpe tem um calibre que varia de 16G at� 25G. A pun��o � mais f�cil quando ele � utilizado e tem melhor fixa��o da agulha. Contudo, por possu�rem pequeno calibre, n�o fornecem boa quantidade de l�quidos e, portanto, n�o devem ser utilizados em casos de choque hipovol�mico. � mais utilizado para a administra��o de medicamentos. O escalpe deve ser apoiado entre os dedos indicador e polegar, sendo o acesso feito em um plano quase que paralelo � pele. Na introdu��o, haver� refluxo de sangue, confirmando a correta introdu��o. O Jelco® ou Abocath® apresenta calibres entre 14 (mais grosso) e 24 (mais fino) G (galges, unidade de di�metro deste cateter). O Jelco 14 G � bastante utilizado na maioria dos procedimentos cir�rgicos, paracentese, cricotireoidostomia, toractocentese e pericardiocentese. O Jelco apresenta um maior trajeto dentro da veia e � mais duradouro e adequado para transporte do equipo. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 105 OBS3: Lei de Poiseuille. Existeuma lei que diz que a velocidade de um líquido dentro de um cateter (ou qualquer outro tubo) é proporcional a quarta potência de seu raio e inversamente proporcional ao comprimento do mesmo. Dessa forma, para se fazer uma grande infusão de líquidos, é preferível o uso de cateter curtos e grossos, como o jelco 14 G e o jelco 16G. Em pacientes com choque hipovolêmico, deve-se utilizar jelco calibre 14 ou, no máximo, 16 G: o calibre 14 G oferece um fluxo de cerca de 300 mL/min; o calibre 16 G oferece um fluxo de cerca de 250 mL/min. Contudo, a incidência de veias estouradas com jelco calibre 14 é muito alta; é preferível o uso de jelco 16 G de ambos os lados, suprindo a necessidade de um jelco 14 sem maiores intercorrências. Disponibilizamos, ainda, de mecanismo de cateter dentro da agulha com o uso do Intracath� ou Venocath� para a cateterização de veias periféricas e progressão em direção central (veia jugular interna ou veia subclávia). Pode ser utilizados em adultos, crianças e neonatos. Técnica de punção venosa periférica com Jelco. Deve-se realizar o garroteamento da região que se quer acessar com uso de látex ou com manguito pneumático, evidenciando as veias periféricas. Feito isso, faz-se a assepsia local para, só então, introduzir o cateter com cerca de 45º de inclinação com relação à pele. Uma vez introduzido na veia, haverá refluxo de sangue, verificando a correta introdução do mesmo. Com isso, retira-se a parte metálica interna do cateter (que servia como um guia), deixando apenas a parte plástica de poliuretano. Faz-se, então, a fixação do cateter e a aplicação do sistema de soro. A punção de veias periféricas de membros inferiores deve ser evitada uma vez que é natural algumas dificuldades no retorno venoso de membros inferiores (principalmente nos pacientes acamados) além de estar relacionada comum maior número de fenômenos trombóticos, como a trombose venosa profunda. Complicações. Dor Hematoma Extravasamento de substâncias e soro no tecido celular subcutâneo: bastante comum na utilização de cateter Butterfly que, por ser metálico, causa lesões e lacerações nas veias muito facilmente. Flebite: infecção associada ao cateter intravenoso, o qual deve ser retirado para tratamento do quadro infeccioso. Tromboflebite Celulite (inflamação celular) PUNÇÕES DE VEIAS CENTRAIS (OU PROFUNDAS) A punção de veia central é um procedimento utilizado desde 1952 (Aubaniac). Atualmente ocupa lugar definido entre os métodos de cateterismo venoso. As veias mais usadas são a jugular interna e subclávia. Indicações. Determinação da pressão venosa central Infusão relativamente rápida de volume Possibilidade de terapêutica endovenosa Infusão de soluções hipertônicas Acesso na ausência de veias periféricas acessíveis Por apresentar menor índice de infecção quando comparado ás dissecções Material usado. O material mais indicado para as punções venosas centrais é o Intracath®, tipo de cateter dotado de um fio guia, junto a uma seringa e uma agulha. Punção da veia subclávia. A punção da veia subclávia pode ser feita por via infra-clavicular. Para isso, divide-se a clavícula em duas partes iguais, puncionando, isto é, entrando com a agulha logo abaixo do terço médio da clavícula, tangenciando sua borda inferior, em ângulo de 30º, com a ponta da agulha voltada para a fúrcula esternal. Para a realização desta técnica, sugere-se que o paciente vire a cabeça para o lado contralateral à punção. A assepsia deve ser rigorosa, abrangendo toda a região peitoral, ombro e pescoço (este também entra na assepsia para que, em casos de dificuldade de punção de subclávia, acessa a veia jugular). Deve-se colocar, então, os campos operatórios e realizar a anestesia local com xilocaína 2%. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 106 A principal complica��o que pode ocorrer neste tipo de pun��o � o pneumot�rax por perfura��o � c�pula superior pleural. Em pacientes desnutridos, se perde o coxim gorduroso que envolve e protege os vasos subcl�vios e, nesta situa��o, a art�ria se anterioriza. Isto dificulta as manobras e podem causar acidentes de pun��o, como o pneumot�rax ou pun��o da art�ria subcl�via. Na pun��o supra-clavicular da veia subcl�via, embora seja menos utilizada, tem como referencial o �ngulo formado entre a clav�cula e a veia jugular externa. A agulha deve entrar em sentido diagonal, apontando para baixo. Independente da forma de abordagem da via subcl�via, devemos fixar o cateter com fio de nylon ou algod�o � pele do paciente. Punção da veia jugular interna. Para a pun��o da veia jugular interna, devemos ter com referencial o tr�gono formado pelo ter�o medial da clav�cula, pelo feixe esternal e pelo feixe clavicular do m�sculo esternocleidomast�ideo. No �pice deste triangulo, devemos introduzir a agulha com ponta voltada para o mamilo ipsilateral. A veia ainda pode ser acessada por tr�s do m�sculo ECM, entretanto, � uma forma mais dif�cil de alcan�ar a veia. A pun��o da veia jugular interna est� indicada como substituta da pun��o da subcl�via nos casos de pacientes desnutridos, sem coxim gorduroso em torno dos vasos subcl�vios. Cuidados com a punção venosa central. Prefer�ncia o lado direito para evitar a les�o do ducto tor�cico (que desemboca na veia subcl�via esquerda) e causar quilot�rax. Em caso de falha, retirar junto o conjunto. Teste de fluxo e refluxo. Fixar o cateter na pele com “ponto em balharina”. Realizar radiografia de t�rax para observar a posi��o correta do cateter e avaliar a presen�a de intercorr�ncias como pneumot�rax, hemot�rax, sorot�rax, etc. A op��o pelo lado direito nem sempre � poss�vel (como em casos de queimadura envolvendo a regi�o). Contudo, devemos seguir a seguinte ordem de prefer�ncia: VSC direita; VJI direita; VSC esquerda; VJI esquerda. Contraindicações. Dispn�ia intensa DPOC Dist�rbios de coagula��o Complicações. Hemot�rax Pneumot�rax Hidrot�rax Hidromediastino Mediastinite Embolia gasosa Embolia pelo cateter Tromboflebite F�stula arteriovenosa Les�o vascular: art�ria subcl�via, car�tida Les�o nervosa: fr�nico, vago, laringo-recorrente, plexo braquial. Les�o de traqu�ia DISSECÇÃO VENOSA A dissec��o venosa pode ser uma op��o a ser feita no membro superior (veia bas�lica e veia cef�lica), pesco�o (veia jugular externa) ou membro inferior (veia safena magna). Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 107 Para a dissec��o da veia bas�lica, por exemplo, faz-se a anestesia com xiloca�na. Palpa-se o epic�ndilo medial do �mero e, com cerca de dois dedos para cima e 2 dedos para fora, faz-se assepsia. A incis�o pode ser transversa ou longitudinal. Com aux�lio dos afastadores de Farabeuf, o cirurgi�o disseca a regi�o, identifica e isola a veia com uso de dois fios proximal e distalmente � por��o dissecada da veia. O fio distal deve ser ligado para interromper o fluxo sangu�neo. Feito isso, � realizada uma nova aplica��o anest�sica para tuneliza��o do cateter por meio de uma nova incis�o mais inferior. Depois disso, faz-se a flebotomia e dilata��o da veia com uso de pin�a de Kelly, introduzindo o cateter no interior da veia. Logo depois da introdu��o, fecha-se o fio proximal para fixar o cateter. Deve-se fechar com fio de sutura a primeira incis�o e manter a segunda e menor incis�o por onde o cateter foi introduzido. MANEJO DA CAVIDADE ABDOMINAL PARACENTESE Consiste na pun��o da cavidade abdominal. Deve ser feita a meia dist�ncia entre a cicatriz umbilical e a crista il�aca esquerda, alcan�ando, assim, a fossa il�aca esquerda, sendo a regi�o de escolhadevido � gravidade e � presen�a do ceco na fossa il�aca direita (sendo o ceco a por��o de maior di�metro do intestino grosso). Faz-se uso de jelco 14 G. Tem como indica��es: drenagem de ascite, suspeita de les�o de v�scera abdominal, gravidez ect�pica, politraumatizado com les�o neurol�gica. Entretanto, a pun��o pode fornecer dados ou resultados falso-negativos em indiv�duos com trauma, isto �, o doente tem sangue na cavidade, mas nada foi mostrado na pun��o. Isto acontece em les�es de ba�o ou f�gado, por exemplo, em que o sangue ficar� retido nos espa�os posteriores e a esses �rg�os. LAVADO PERITONEAL � um procedimento que pode complementar a pun��o abdominal. Consiste na infus�o de l�quidos dentro da cavidade abdominal (1500 – 2000 mL no adulto; 15 mL/Kg de peso na crian�a). O lavado peritoneal pode ser realizado em casos de pun��o negativa de paracentese que ocorre, por exemplo, em suspeita de ruptura de v�sceras maci�as como o f�gado ou ba�o, quando n�o se tem exames por imagem dispon�veis no servi�o de emerg�ncia. Infunde-se l�quido na cavidade abdominal, aguarda a homogeneiza��o do l�quido com o sangue e, logo depois, aspira novamente. Se o sangue estiver presente, � um forte indicativo de les�o visceral, sendo a laparotomia indicada neste caso. MANEJO NA CAVIDADE TOR�CICA E DA CAVIDADE PERIC�RDICA TORACOCENTESE A toracocentese � indicada para hemot�rax de pequeno volume, exsudatos serosos n�o-purulentos e procedimentos diagn�sticos. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 108 � realizada com 2 cm abaixo do �ngulo inferior da esc�pula, entre o 8� e 9� espa�os intercostais, coletando l�quido no n�vel mais baixo da cavidade tor�cica. A pun��o sempre deve ser feita tangencialmente � borda superior da costela para desviar do plexo vasculonervoso intercostal. As complica��es mais relacionadas com a toracocentese s�o: hemot�rax, pneumot�rax e lacera��o pulmonar. DRENAGEM TORÁCICA Consiste na retirada do ar e de secre��es acumuladas na cavidade pleural e manuten��o da press�o negativa na mesma, atrav�s de uma unidade valvar. Cerca de 90% dos pacientes com trauma de t�rax s�o tratados com uma simples drenagem de t�rax. As indica��es s�o: hemot�rax com grande volume, empiema e, sobretudo, derrames pleurais volumosos. As pun��es, quando procedidas por cirurgi�es gerais, s�o feitas realizadas ao n�vel do 5º espaço intercostal, isto �, na linha infra-mam�ria, bem na regi�o em que a linha axilar m�dia cruza este espa�o. O cirurgi�o tor�cico, entretanto, realiza a drenagem em espa�os mais baixos (7� ou 8� espa�os intercostais), na linha axilar posterior. Deve-se fazer a incis�o e dissec��o dos planos: pele, TCSC, m�sculo serr�til e m�sculo peitoral. O dreno deve ser introduzido com a ponta voltada para o �pice do t�rax. Este equipamento deve ser multi-perfurado para a drenagem do ar e do l�quido presente no hemit�rax. � v�lido lembrar tamb�m que o local de acesso mais seguro para a realiza��o de pun��es, implantes de drenos ou toracotomias intercostais � a zona avascular do espa�o intercostal, que corresponde � margem superior da costela inferior de cada espa�o intercostal. O dreno deve ser conectado a um frasco coletor – o selo d’�gua – com uma quantidade basal de 500 mL de soro fisiol�gico. O d�bito e o aspecto do l�quido drenado devem ser anotados. As complica��es s�o: deslocamento do dreno e enfisema subcut�neo (acontece quando um dos orif�cios do dreno fica jogando ar no plano subcut�neo). Os crit�rios para retirada do dreno s�o: Fluxo de drenagem l�quida menor de 100 - 150 ml/24 horas (2ml/kg/dia); De 12 a 24 horas ap�s cessada a fuga a�rea (isto �: aus�ncia de borbulhamento no selo d’�gua); Aus�ncia de oscila��o no dreno; Aus�ncia de secre��o purulenta ou francamente sanguinolenta; Resolu��o de intercorr�ncia pleural; Tempo m�ximo de 10 dias de drenagem, mesmo quando n�o resolvida a intercorr�ncia pleural; Pulm�o completamente expandido. PERICARDIOCENTESE � um procedimento indicado para casos de: Tamponamento card�aco (caracterizado pela Tríade de Beck: hipotens�o arterial, hipofonese de bulhas e turg�ncia jugular, al�m da eleva��o da press�o venosa central). Na radiografia simples, observa-se a imagem de “cora��o em moringa”. Derrame peric�rdico com sinais ecocardiogr�ficos de tamponamento precedendo a cl�nica Pun��o diagn�stica Drenagem prolongada e administra��o local de agentes terap�uticos A introdu��o deve ser feita com cerca de 1cm abaixo do �ngulo formado entre o ap�ndice xifoide e o rebordo costal esquerdo, voltando-se em dire��o � esc�pula esquerda. O paciente deve ser devidamente monitorizado, evitando maiores acidentes card�acos. O paciente deve permanecer sentado devido � dispneia causada pela pun��o. Se o problema de tamponamento n�o for solucionado, o paciente deve ser submetido � toracotomia. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 109 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA PRINCÍPIOS DA CIRURGIA AMBULATORIAL (Professor Carlos Leite) Cirurgia ambulatorial consiste em qualquer procedimento cirúrgico relativamente simples, que não exige que o paciente permaneça internado no hospital ou instituição médica. A primeira cirurgia ambulatorial foi realizada no século XX, por J. H.Nicholl (1909). Na década de 60 e 70, no Butter Worth Hospital (Michigan, 1961) e no Surgicenter Phoenix (1970) a cirurgia ambulatorial sofreu um grande impulso. Nos EUA, cerca de 20 milhões de cirurgias ambulatoriais são realizadas por ano (40-45% sem hospitalizar o paciente). A cirurgia ambulatorial contribuiu, sem dúvida alguma, para a redução do uso de leitos hospitalares. De fato, os dois lados da moeda (hospital e paciente) ganham com este tipo de cirurgia: o paciente recebe alta hospitalar precocemente; maior rotatividade dos leitos; menores índices de infecção; redução dos custos hospitalares. Por esta razão, consiste em um protótipo moderno da intervenção cirúrgica. Contudo, nem todo procedimento pode ser realizado no regime ambulatorial: cirurgias de médio a grande porte, principalmente em pacientes idosos, o pós-operatório exige um suporte mais avançado que o ambulatorial. Alguns importantes fatores devem ser definidos para a indicação da cirurgia ambulatorial: Cirurgia a ser realizada Anestesia necessária ao procedimento Condições socioeconômicas do paciente Infraestrutura hospitalar VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO ANEST�SICO EM CIRURGIA AMBULATORIAL Graças à observação e ao estudo de suas vantagens e limitações, a anestesia ambulatorial teve um grande impulso e hoje representa, para muitas instituições, a maior parte de suas atividades. Contudo, ao se tratar das vantagens e desvantagens da anestesia ambulatorial, deve-se considerar alguns fatores ligados ao paciente e outros ligados à unidade de atendimento ambulatorial. VANTAGENS As principais vantagens que os procedimentos ambulatoriais fornecem são: Permitem breve retorno ao lar Oferecem maior conforto ao paciente e ao acompanhante Diminuição do período de inatividade do paciente: permitem, em alguns casos, retorno precoce ao trabalho tanto do paciente quanto dos acompanhantes Oferecem menor risco de infecção hospitalar Liberam leitos hospitalares Permitem maior rotatividade do centro cirúrgico Permite um número maior de atendimentos hospitalares Diminuem o custo para o hospital Melhoram a relação médico-paciente Redução da ansiedade pré-operatória A maior vantagem de se realizar os procedimentos ambulatoriais é o breve retorno ao lar. Foi demonstrando cientificamente que, as pessoas quando estãoem seu convívio familiar apresentam uma melhoria significativa na parte psicológica e na recuperação. O conforto domiciliar sempre será maior do que o conforto do ambiente hospitalar, sendo outro fator concebido por ser uma vantagem. O paciente volta mais precocemente às suas atividades habituais e, esta inclusão, permite (do ponto de vista psicológico) uma melhor recuperação efetiva. Outro fator a ser acrescentando, não menos importante, é a menor incidência de risco de infecção hospitalar, pois, o paciente apresentará pouco contato com outros pacientes. No entanto, é necessário considerar que, na dependência das condições socioeconômicas do paciente, o retorno à sua residência pode não significar melhor cuidado, menor risco de infecção, menor custo ou mais conforto. Nos dias atuais, um dos maiores problemas da rede hospitalar (sobretudo, hospitais vinculados ao SUS) é a falta de leitos hospitalares. Sendo assim, procedimentos ambulatoriais determinam uma taxa menor de duração de hospitalização e liberam leitos e associam ainda uma maior rotatividade do centro cirúrgico. Do ponto de vista administrativo-hospitalar, o custeamento é diminuído na vigência de procedimentos mais rápidos. Alguns autores ainda intitulam a melhoria da relação médico-paciente na vigência deste tipo de anestesia. A unidade ambulatorial, seja ela autônoma, anexada ao hospital ou integrada à atividade interna dele, deve obedecer a todas as normas de segurança e às resoluções do Conselho Federal de Medicina que regulamentam a matéria. Com relação ao custo para o paciente, ele pode ser bastante reduzido se for calculado com base no custo real Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 110 do fluxograma da unidade ambulatorial e do procedimento, sem inseri-lo no custo geral do hospital. É importante ressaltar também que a devida orientação ao paciente, com relação ao procedimento e aos cuidados pré e pós-operatórios, propicia uma melhor relação médico-paciente. A fim de proporcionar um bom fluxo pela unidade ambulatorial, não atrasando o início das cirurgias, é desejável que o paciente seja avaliado nos dias que a precedem (1 a 7 dias) e, para isso, é necessário que o anestesiologista atenda o paciente em local apropriado (consultório), seja no próprio hospital ou fora dele. Este contato certamente melhora a relação médico-paciente, aumentando o grau de confiança e, conseqüentemente, diminuindo o estresse. DESVANTAGENS Por outro lado, a anestesia ambulatorial também apresenta algumas desvantagens. Por exemplo, estando o paciente distante do ambiente hospitalar, perdem-se alguns controles relativos à evolução pós-operatória, como dor, hemorragia, inflamação, infecção, náuseas, vômitos e febre. A revisão obrigatória, em alguns casos, do curativo cirúrgico 24 horas após a realização da cirurgia também força o paciente a se deslocar até o consultório do médico. Outro aspecto a ser considerado é a perda total de controle sobre os pacientes, com relação à sua atividade física e intelectual, após a alta. Dentre as principais desvantagens na utilização de uma abordagem cirúrgica ambulatorial, destacam-se: Distância do ambiente hospitalar Controle rigoroso (dor, hemorragias, inflamações, infecção, náusea, vômitos e febre) Revisão obrigatória (curativo cirúrgico) 24h após a realização da cirurgia deslocamento consultório médico/unidade ambulatorial. Não dispor de um acompanhante e de transporte para ir à unidade; Paciente pode não obedecer às instruções pós-operatórias. Com isso, ocorre perda total de controle sobre os pacientes com relação a sua atividade física e intelectual, após a alta Condição sócio-econômica da população Dependência das condições de infraestrutura hospitalar Ficar preocupado com a falta de retaguarda caso ocorra complicações no ato anestésico-cirúrgico CIRURGIAS AMBULATORIAIS DE PEQUENO PORTE Retirada de corpos estranhos Biópsias de variadas naturezas Retirada de tumores da pele e tecido celular subcutâneo Acessos vasculares para hemodiálise e acessos para Diálise Peritoneal Contínua Ambulatorial (CAPD) Punção venosa central Terapêutica Endoscópica Digestiva Correção de queloides e cicatrizes hipertróficas quando são relativamente pequenos Correção de fístula arteriovenosa CIRURGIAS AMBULATORIAIS DE M�DIO PORTE Amigdalectomia Rinosseptoplastia Tenorrafia e miorrafia Postectomia (retirada do prepúcio ou circuncisão) Vasectomia (ligadura dos ductos deferentes) Exérese de nódulo de mama Curetagem uterina (pode ser feita com raquianestesia) para casos bem selecionados Hemorroidectomia e fissurectomia Biópsias e remoção da vesícula biliar por minilaparotomia. Herniorrafia CRIT�RIOS M�NIMOS DE SEGURAN�A PARA ANESTESIA AMBULATORIAL Os aspectos legais da cirurgia ambulatorial no que se diz respeito aos aspectos anestésicos está intrínseca à resolução CFM 1409/09, publicada no diário oficial da união em 14.junho/1994. Foi demonstrado que, esta resolução nada mais seria do que uma adição da CFM 1363/93. O ambiente cirúrgico ambulatorial deverá ser o mesmo do hospitalar e, deverá realizar sempre o ato no intuito de pensar que possam ocorrer complicações durante o ato operatório. RESOLUÇÃO Nº 1363/93, CFM Estabelece os critérios mínimos de segurança para anestesia ambulatorial. Material de ressuscitação cardiopulmonar, incluindo laringoscópio, tubo para entubação orotraqueal, cardioscópio, oxímetro de pulso, capnógrafo, desfibriladores, AMBU, medicamentos, etc. Pessoal treinado para procedimentos ambulatoriais. Leitos e infraestrutura para possível internamento. Assistência médica 24h/dia e após a alta. Alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária. Registrar todos os procedimentos. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 111 RESOLUÇÃO CFM 1409/94 Diário Oficial da União em 14 de junho de 1994. Inserida a resolu��o CFM 1363/93 + uso de AL (anest�sicos locais em regime ambulat�rio) + crit�rios de sele��o + crit�rios de alta dos pacientes Comiss�o de normas t�cnicas da S.B.A. Obrigat�rio o conhecimento por parte dos anestesiologista, como a sua pr�tica utilizando os crit�rios de inclus�o x alta do paciente em regime ambulatorial. ANESTÉSICOS LOCAIS EM CIRURGIA AMBULATORIAL Os anest�sicos locais s�o agentes especialmente �teis para a anestesia ambulatorial. A proparaca�na, a lidoca�na, a bupivaca�na e a ropivaca�na s�o os mais utilizados na pr�tica anestesiol�gica. A proparaca�na � utilizada na forma de col�rio, sendo empregada para analgesia da c�rnea e da conjuntiva ocular. Apresenta curto tempo de a��o e por esse motivo � utilizada apenas para procedimentos pequenos e r�pidos. A lidoca�na � empregada por todas as vias e tem apresenta��o variada em forma de solu��o a 1 ou 5% e na forma de gel a 10% para uso t�pico. Em geral, podemos fazer uso dos seguintes anest�sicos: Aminas o Proca�na o Tetraca�na Amidas o Lidoca�na ou Xiloca�na� (7mg/Kg) o Bupivaca�na ou Marca�na� o Etidoca�na ou Duranest� A bupivaca�na rac�mica (0,25%, 0,5% e 0,75%) tem sido amplamente empregada em todos os bloqueios anest�sicos. � especialmente �til quando se deseja analgesia prolongada no per�odo p�s-operat�rio. O problema da bupivaca�na rac�mica � a sua cardiotoxicidade. A forma lev�gira � menos cardiot�xica, mas em concentra��es at� 0,5% causa menos bloqueio motor do que a forma rac�mica. A mistura enantiom�rica (S75-R25) de bupivaca�na tem efeito analg�sico potente, com bloqueio motor e menor cardiotoxicidade. A ropivaca�na � menos cardiot�xica do que a bupivaca�na e, por esse motivo, vem sendo mais empregada.Ela causa vasoconstri��o, propriedade esta que pode ser �til em v�rios tipos de bloqueios. O seu tempo de a��o prolongado tamb�m � vantajoso para a analgesia p�s-operat�ria. CONDI��O S�CIO-ECON�MICA DO PACIENTE Algumas considera��es quanto �s condi��es s�cio-econ�micas do paciente devem ser levadas em considera��o para inclu�-lo ou n�o no regime ambulatorial. S�o elas: Falta de transporte ap�s a cirurgia Acesso dif�cil e falta de acesso � telefone Condi��es prec�rias de moradia N�o acesso a servi�os de sa�de para curativos INFRAESTRUTURA HOSPITALAR Existem dois tipos de unidades ambulatoriais: (1) unidades ambulatoriais montadas dentro do ambiente hospitalar; (2) centros espec�ficos e de grande porte destinados exclusivamente para a realiza��o de procedimentos ambulatoriais. Contanto que ambas as instala��es possuam todas as caracter�sticas de um centro cir�rgico tradicional e que atendam aos pr�-requisitos impostos pela Resolu��o no 1363/93 do CFM, podem funcionar normalmente. Todos os equipamentos dispon�veis em um ambiente cir�rgico devem estar � disposi��o no ambiente ambulatorial: material de ressuscita��o cardiopulmonar, incluindo laringosc�pio, tubo para entuba��o orotraqueal, cardiosc�pio, ox�metro de pulso, capn�grafo, desfibriladores, AMBU, medicamentos, etc. Aparelhos complexos de anestesia tamb�m podem ser necess�rios. As regras de assepsia e antissepsia, incluindo a vestimenta cir�rgica adequada, devem ser rigorosamente cumpridas. Deve-se levar em considera��o que alguns casos de cirurgia ambulatorial inicial pode ser convertida, ao longo do procedimento, em um procedimento cir�rgico e, portanto, � necess�rio todo o suporte necess�rio para reverter qualquer situa��o adversa. REQUISI��O DE EXAMES E CRIT�RIO DE SELE��O EXAMES COMPLEMENTARES Est�o inclusos, geralmente, nos regimes ambulatoriais, os pacientes ASA I, ASA II e, raramente, os ASA III (a depender de suas condi��es cl�nicas, avaliando as rela��es custo-benef�cio). Este deve ter toda a aten��o poss�vel para evitar a convers�o do evento ambulatorial para um de cunho hospitalar. Muito dificilmente – quase nunca – os pacientes ASA IV e ASA V ser�o submetidos a procedimentos ambulatoriais. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 112 No passado, os exames pré-operatórios eram realizados de modo padronizado, e muitos deles eram solicitados com o objetivo de detectar também doenças associadas e não diagnosticadas. Hoje, a tendência é a realização de exames somente nas seguintes situações: (a) presença de dados positivos da história clínica ou exame físico; (b) necessidade de valores pré-operatórios de alguns exames que possam sofrer alterações durante a realização do ato anestésico-cirúrgico ou de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos; (c) condição específica que possa incluir o paciente em grupo de risco, mesmo sem dado positivo de história clínica ou exame físico. Assim sendo, os exames complementares só devem ser solicitados quando forem necessários. Na verdade, a realização rotineira de uma bateria de exames pré-operatórios não supre a falta de uma avaliação pré-operatória bem-realizada e só aumenta custos, sem benefício para o paciente e, muitas vezes, sem modificação do planejamento anestésico- cirúrgico. De fato, um paciente com estado físico ASA I, sem antecedente mórbido, a ser submetido a uma cirurgia de pequeno porte ou a um procedimento diagnóstico, com mínimo trauma, a rigor não necessita de exames complementares. No entanto, existe um temor com relação a problemas legais frente a um incidente, acidente ou complicação, de modo que se admite uma rotina baseada no estado físico do paciente. Um aspecto a ser considerado na rotina proposta é que não se está levando em conta o tipo de procedimento ao qual o paciente vai ser submetido. Considerando que somente são liberados para cirurgia pacientes com estado físico ASA I, ASA II e ASA III, que tenham suas doenças compensadas, essa rotina proposta pode ser revista de acordo com as condições clínicas do paciente e com o tipo de procedimento. Assim, em pacientes com estado físico ASA I, a verificação do hematócrito e da hemoglobina em pessoas jovens e saudáveis, o eletrocardiograma em indivíduos até 60 anos, a dosagem da creatinina e, principalmente, a radiografia de tórax podem ser questionados. Alguns estudos têm mostrado que a radiografia de tórax não apresenta utilidade na identificação de doenças pulmonares ou cardiovasculares em pacientes clinicamente normais. Nos pacientes com estado físico ASA II, os exames complementares diagnósticos para verificar o estado real da doença, sua evolução ou a repercussão da terapêutica atual são mais importantes do que os exames rotineiros. CRIT�RIOS DE SELE��O - RESOLU��O N� 1408/94 DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA O artigo 1º da Resolução no 1408 do CFM determina aos médicos que, na prática de atos cirúrgicos e ou endoscópicos em regime ambulatorial, quando em unidade independente do Hospital, obedeçam às seguintes condições: I – Condi��es da unidade: a) Deve haver uma central de higienização e esterilização, propiciando condições estruturais higiênico-sanitárias do ambiente e condições de esterilização e desinfecção dos instrumentos de acordo com as normas vigentes; b) Registro de todos os procedimentos realizados; c) Condições mínimas para a prática de anestesia, conforme Resolução 1363/93, do Conselho Federal de Medicina; d) Garantia de suporte hospitalar para os casos que eventualmente necessitem de internamento, seja em acomodação própria, seja por convênio com hospital; e) Garantia de assistência, após a alta dos pacientes, em decorrência de complicações, durante 24 horas por dia, seja em estrutura própria ou por convênio com unidade hospitalar; II – Crit�rios de sele��o do paciente: a) Paciente com ausência de comprometimento sistêmico, seja por outras doenças ou pela doença cirúrgica, e paciente com distúrbio sistêmico moderado, por doença geral compensada; b) Procedimentos cirúrgicos que não necessitem de cuidados especiais no pós-operatório; c) Exigência de acompanhante adulto, lúcido e previamente identificado; III – Condi��es de alta do paciente da unidade: a) Orientação no tempo e no espaço; b) Estabilidade dos sinais vitais, há pelo menos 60 (sessenta) min; Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 113 c) Ausência de náuseas e vômitos; d) Ausência de dificuldade respiratória; e) Capacidade de ingerir líquidos; f) Capacidade de locomoção como antes, se a cirurgia o permitir; g) Sangramento mínimo ou ausente; h) Ausência de dor de grande intensidade; i) Ausência de sinais de retenção urinária; j) Dar conhecimento ao paciente e ao acompanhante, verbalmente e por escrito, das instruções relativas aos cuidados pós-anestésicos e pós-operatórios, bem como a determinação da Unidade para atendimento das eventuais ocorrências. Aspectos gerais dos critérios de inclusão. Nos critérios de inclusão para a anestesia ambulatorial consequente ao ato operatório ambulatorial, temos: Presença de acompanhante adulto Exista uma fácil comunicação com a unidade ambulatorial Fácil locomoção até a unidade ambulatorial Condições de cumprir os cuidados pós-operatório Nível intelectual adequado Os pacientes com estado físico ASA I (sem distúrbios fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos) podem ser liberados para regime ambulatorial. Deve-se atentar para a existência de pródromos de afecções agudas, mesmo que leves, especialmente respiratórias. Os pacientes com estado físico ASA II (leve a moderado distúrbio fisiológico, controlado; sem comprometimento da atividadenormal) também podem ser liberados, com as mesmas recomendações anteriores e com a certeza de que a doença está realmente sob controle e de que o ato anestésico-cirúrgico não vai interferir com ela. Os pacientes com estado físico ASA III (doença sistêmica grave, limitação da atividade, mas não incapacitante) só podem ser liberados se o procedimento anestésico-cirúrgico for de pequeno impacto para o organismo (procedimentos de pequeno porte), se suas doenças estiverem controladas (paciente compensado) e se realmente houver benefício para o paciente. Preconiza-se que pacientes ASA IV (portadores de desordem sistêmica severa, potencialmente letal, com grande impacto sobre a anestesia e cirurgia) e ASA V (paciente moribundo, que só é operado se a cirurgia ainda for o único modo de salvar a sua vida) não sejam submetidos à procedimentos ambulatoriais. Alguns fatores determinam a seleção de pacientes para o regime ambulatorial. Esses fatores podem ser classificados em gerais e específicos, como a idade e o estado físico. A presença de acompanhante adulto, responsável e idôneo é imprescindível. No caso de crianças, recomendam-se dois acompanhantes. Além disso, é aconselhável que a pessoa que acompanha o paciente no dia da consulta seja a mesma a acompanhá-lo no dia do procedimento. A fácil comunicação com a unidade ambulatorial e a fácil locomoção até ela são importantes para os casos de complicações ou para simples esclarecimentos de dúvidas no período pós-operatório. O paciente também deve apresentar condições para cumprir todos os cuidados pós-operatórios, a fim de que não haja complicações. Assim, o nível intelectual e as condições socioeconômicas do paciente são importantes. O primeiro, para entender e cumprir corretamente as instruções pré e pós-operatórias que o procedimento exige, e o segundo, para que se tenha acesso a material e medicamentos necessários ao tratamento. Dentro da multiplicidade de fatores que envolvem o procedimento, a recusa do paciente também é um aspecto que deve ser considerado. Os critérios específicos como idade e estado físico, já abordados, evidenciam que a prematuridade e a concomitância de algumas doenças aumentam o risco. A coexistência de doenças respiratórias associadas a doenças cardiovasculares constitui um grande fator limitante para o regime ambulatorial. FASES DO PER�ODO P�S-OPERAT�RIO 1ª Fase: Recuperação após a anestesia. É necessário avaliar: Freqüência respiratória; Freqüência cardíaca; Pressão arterial; Nível de consciência; Coloração da pele; Grau de atividades espontâneas. 2ª Fase: Readaptação do paciente ao ambiente. Devem ser avaliados atos como: Sentar, levantar, deambular. 3ª Fase: Avaliação do paciente para alta. CRIT�RIOS DE ALTA HOSPITALAR Os critérios de alta devem ser observados e rigorosamente cumpridos. Entre os critérios gerais, é necessário avaliar a recuperação física e a recuperação da psicomotricidade, verificar a ocorrência de complicações e a prescrição de medicamentos para o período pós-operatório e orientar adequadamente o paciente ou seu responsável. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 114 Segundo a Resolu��o no1408 do CFM, temos: Orienta��o auto e alops�quica Estabilidade dos sinais vitais por, pelo menos, 60 minutos Aus�ncia de n�useas e v�mitos Capacidade de engolir medica��o VO e ingerir l�quidos Sangramento m�nimo ou ausente Aus�ncia de dor de grande intensidade Aus�ncia de sinais de reten��o urin�ria Andar sem aux�lio e vestir-se sozinho PRINC�PIOS GERAIS DA CIRURGIA Vis�o global do ser humano Abrang�ncia do diagn�stico Soberania da cl�nica Hierarquia do diagn�stico Proteger crian�a, mulher gr�vida e idoso Preservar, na seq��ncia, a vida, a fun��o, a anatomia e a est�tica Direito � verdade Jamais prejudicar o doente (“Primum non nocere”) Conforto do enfermo (“Sedare dolore”) OBS: Cirurgia ambulatorial em proctologia: an�lise retrospectiva de 437 casos; Saad-Hossne R e col. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 115 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. TÉCNICA OPERATÓRIA PRINCÍPIOS DA CIRURGIA ABDOMINAL E LAPAROTOMIA (Professor Carlos Leite) Abdome � a regi�o do tronco entre o t�rax e a pelve, limitada posteriormente pelas v�rtebras lombares e discos intervertebrais, e �ntero-lateralmente por paredes musculotend�neas. � um recipiente din�mico e flex�vel, que abriga a maioria dos �rg�os do sistema digest�rio e parte dos sistemas urin�rio e genital. O abdome � capaz de encerrar e proteger seu conte�do enquanto permite e a flexibilidade entre o t�rax mais r�gido e a pelve, necess�ria para a respira��o, postura e locomo��o. As paredes abdominais m�sculo-aponeur�ticas din�micas n�o apenas se contraem para aumentar a press�o intra-abdominal, mas tamb�m se distendem consideravelmente, acomodando as expans�es causadas por ingest�o, gravidez, deposi��o de gordura ou patologias. As paredes �ntero-laterais do abdome e diversos �rg�os situados contra a parede posterior s�o cobertos em suas faces internas com uma membrana serosa ou perit�nio (serosa) que tamb�m se reflete (dobra-se agudamente e continua) sobre as vísceras abdominais, como o est�mago, intestino, f�gado e ba�o. Assim, se forma uma bolsa ou espa�o virtual revestido (cavidade peritoneal) entre as paredes e as v�sceras, que normalmente cont�m apenas l�quido extracelular (parietal) suficiente para lubrificar a membrana que reveste a maior parte das superf�cies das estruturas que formam ou ocupam a cavidade abdominal. NO��ES ANAT�MICAS DA CAVIDADE ABDOMINAL A cavidade abdominal est� situada entre o diafragma tor�cico e abertura superior da pelve (diafragma da pelve). Essa cavidade n�o possui assoalho por ser cont�nua com a cavidade p�lvica. Ela est� protegida pela caixa tor�cica superiormente e, consequentemente, alguns �rg�os (ba�o, f�gado, parte dos rins e est�mago) s�o protegidos pela caixa tor�cica. Ela � encerrada �ntero-lateralmente por paredes abdominais m�sculo-aponeur�ticas que possuem v�rias camadas. REGIÕES DA CAVIDADE ABDOMINAL A cavidade abdominal � dividida em nove regi�es por quatro planos: 2 planos horizontais (transversais): plano subcostal (atravessa a margem inferior da 10� cartilagem costal de cada lado) e plano transtubercular (que atravessa os tub�rculos il�acos ao n�vel do corpo de L5); e 2 planos verticais (sagitais): geralmente s�o o planos medioclaviculares (que seguem do ponto m�dio das clav�culas at� os pontos medioinguinais, que s�o os pontos m�dios das linhas que unem a espinha il�aca anterossuperior e a margem superior da s�nfise p�bica). As regi�es delimitadas por esses planos s�o: Hipocondr�aca direita, Hipocondr�aca esquerda, Lombar direita, Lombar esquerda, Inguinal direita, Inguinal esquerda, Epig�strica, Umbilical e Hipog�strica. QUADRANTES ABDOMINAIS A cavidade abdominal pode ser dividida tamb�m em quatro quadrantes, a partir de planos como o plano mediano (vertical), seguindo o trajeto da linha alba; e o plano transumbilical (horizontal), ao n�vel do disco IV entre L3 e L4. Os quadrantes s�o: Quadrante superior direito: lobo direto do f�gado, vesicular biliar, piloro do est�mago, duodeno (1� – 3� parte), cabe�a do p�ncreas, gl�ndula suprarrenal direita, rim direito, flexura hep�tica direita do colo, parte superior do colo ascendente, metade direita do colo transverso. Quadrante superior esquerdo: lobo esquerdo do f�gado, ba�o, estomago, jejuno e �leo proximal, corpo e cauda do p�ncreas, rim esquerdo, gl�ndula suprarrenal, flexura c�lica (espl�nica) esquerda, metade esquerda do colo transverso, parte superior do colodescendente. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 116 Quadrante inferior direito: ceco, apêndice vermiforme, maior parte do íleo, parte inferior do colo ascendente, ovário direito, tuba uterina direita, ureter direito (parte abdominal) funículo espermático direito (parte abdominal), útero (se aumentado) e bexiga (se muito cheia). Quadrante inferior esquerdo: colo sigmoide, parte inferior do colo descendente, ovário esquerdo, tuba uterina, ureter esquerdo (parte abdominal) funículo espermático esquerdo (parte abdominal), útero (se aumentado) e bexiga (se muito cheia). PAREDE ABDOMINAL ÂNTERO-LATERAL Estrutura musculotendínea limitada superiormente pelas 7ª a 10ª cartilagens costais e inferiormente pelo ligamento inguinal (estrutura ligamentar que se estende desde a espinha ilíaca anterossuperior até a região do tubérculo púbico) e ossos da pelve. As camadas, de superficial para região mais interna, que formam essa parede são: pele, tecido subcutâneo ou fáscia superficial (camada gordurosa e camada membranácea), fáscia profunda (epimísio), músculos, fáscia ou gordura endoabdominal (transversal) e peritônio parietal. PELE E TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO A pele abdominal apresenta, logo profundamente a ele, o tecido celular subcutâneo que, de modo mais específico, é constituído pelos seguintes planos estratigráficos: Fáscia areolar (de Camper) Fáscia superficial ou intermediária Fáscia lamelar, mais profunda (de Scarpa) LINHAS DE FENDAS DA PELE As linhas de fendas da pele exprimem a direção dos feixes conjuntivo-elásticos da derme e indicam a direção para a qual a pele está continuamente sob certa tensão elástica. Elas explicam, por exemplo, porque as incisões transversas da pele cicatrizam melhor uma vez que as linhas de cicatrização da pele do abdome se encontram em disposição transversa. ARTÉRIAS SUPERFICIAIS ABDOMINAIS Superiormente, encontramos as seguintes artérias: Artéria torácica interna (A. mamária interna): ramo da primeira porção da artéria subclávia, desce ao longo da parede anterior do tórax para se bifurcar em artéria epigástrica superior e artéria musculofrênica. Artéria epigástrica superior: Ramo terminal da artéria torácica interna, tem trajeto na bainha do reto, entre o músculo e a lâmina posterior. Irriga o músculo reto do abdome e porção superior da parede abdominal. Artéria musculofrênica e seus ramos. Inferiormente, encontramos as seguintes artérias: Artéria epigástrica inferior: Ramo da artéria ilíaca externa acima do ligamento inguinal. Tem trajeto ascendente superficialmente à fáscia transversal, ultrapassa a linha arqueada para entrar na bainha do músculo reto abdominal Irriga o músculo reto do abdome e porção medial da parede abdominal. Artéria circunflexa ilíaca profunda: Ramo da artéria ilíaca externa. Trajeto na face profunda da parede abdominal anterior, paralela ao ligamento inguinal. Irriga músculo ilíaco e parte inferior da parede abdominal ântero-lateral. Artéria epigástrica superficial: Ramo da artéria femoral. Tem trajeto na fáscia superficial ao longo do canal inguinal. Irriga pele e TSC da parte inferior da parede abdominal ântero-lateral Artéria circunflexa ilíaca superficial: Ramo da artéria femoral. Tem trajeto na fáscia superficial em direção à cicatriz umbilical. Irriga pele e TSC da região púbica e infraumbilical. Artéria pudenda externa superficial. Ramos das artérias intercostais posteriores (10º e 11º) e subcostal. VEIAS DA PAREDE ABDOMINAL Quanto a drenagem venosa abdominal, temos (1) as veias do sistema supra-umbilical (que desembocam na veia cava inferior): V. Tóraco-epigástrica e V. Torácica Interna; e (2) as veias do sistema infra-umbilical (que desembocam na V safena magna): V. Circunflexa Ilíaca Superficial, V. Epigástrica superior e V. Pudenda Externa Superficial. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 117 As veias seguem acompanhando as artérias de mesmo nome. É valido lembrar que as veias circunflexa ilíaca superficial e epigástrica superficial são tributárias da veia safena magna. NERVOS DA PAREDE ABDOMINAL Todos os nervos que se apresentam na parede abdominal não cruzam a linha mediana e, portanto, a execução de incisões ao longo da linha alba gera pouca dor. Contudo, nas incisões longitudinais paramedianas, isto é, ao lado da linha alba, os nervos serão seccionados e a dor pós-operatória, seguramente, é maior. Nas incisões transversas que, que se forem executadas entre dois nervos, a dor é relativamente pequena. Para o estudo das estruturas nervosas que se relacionam com a parede abdominal, devemos enquadrá-los em duas séries de acordo com as suas relações anatômicas: Série Anterior: Nn. Cutâneos anteriores dos últimos 6 nervos intercostais R. Cutâneo do nervo íleo-hipogástrico (L1) N. Íleo-inguinal (L1) Série Lateral: Rr. Cutâneos laterais dos 6 últimos nervos intercostais R. Cutâneo lateral do íleo-hipogástrico (L1) MÚSCULOS DA PAREDE ABDOMINAL A parede músculo-aponeurótica anterior do abdome é constituída, principalmente, pelos músculos listados logo abaixo Músculo Oblíquo Externo: é o mais superficial. Suas fibras correm ínfero-medialmente, possuindo duas porções: muscular e aponeurótica. Sua margem inferior forma o ligamento inguinal e o ligamento inguinal reflexo. Músculo Oblíquo Interno: localizado em uma posição intermediária. Suas fibras correm supero-medialmente, possuindo duas porções: muscular e aponeurótica. Sua margem inferior participa na formação do anel inguinal superficial e canal inguinal e na foice inguinal. Músculo Transverso do Abdome: músculo mais profundo da parede antero-lateral. Suas fibras correm transverso-medialmente e as fibras inferiores paralelas as do músculo oblíquo interno e contribuem na formação do canal inguinal. Suas porções são: muscular e aponeurótica. Músculo Reto do Abdome: músculo em faixa que ocupa verticalmente a parede anterior. Em nº de dois, separados pela linha alba, são largos e finos superiormente, e estreitos e grossos inferiormente. Estão presentes três intersecções tendíneas que fixam transversalmente o músculo reto à lâmina anterior de sua bainha, estando ao nível: Processo xifóide, Cicatriz umbilical e uma entre as duas anteriores. Músculo Piramidal: Pequeno músculo triangular situado na porção inferior da bainha do reto, anteriormente ao músculo reto. Estende-se do pube até meia distância entre este e a cicatriz umbilical. Mede em torno de 7cm, podendo variar de 1,5 a 12cm. Está ausente em 10% da população. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 118 Em muitas incisões, é necessária a secção destes músculos. De fato, apenas a incisão ao longo da linha alba não fornece lesões às fibras musculares destes grupos. Se praticarmos, por exemplo, incisões subcostais, obrigatoriamente, devemos seccionar os feixes musculares do reto abdominal, do oblíquo externo e do oblíquo interno (o transverso também tem, em menor proporção, as suas fibras seccionadas) e, nestes casos, a dor pós-operatória é maior. Nas incisões infra-umbilicais transversais (como a de Pfnnenstiel), tipo de incisão utilizado na cirurgia cesariana, por exemplo, os obstetras lançam mão do seguinte artifício para diminuir a dor pós-operatória: realizam uma secção transversal na pele e, ao alcançar o plano muscular, não seccionam, mas divulsionam asfibras dos Mm. reto abdominais, diminuindo, consideravelmente, a dor pós-operatória. OBS1: Foice inguinal: Reunião das fibras tendíneas mediais inferiores dos músculos oblíquo interno e transverso do abdome que se curvam para se fixar na crista do púbis e na linha pectínea. OBS²: Tendão conjunto: Reunião das fibras dos músculos oblíquo interno e transverso do abdome, que formam a porção mais medial da foice inguinal e se inserem na linha pectínea. BAINHA DO MÚSCULO RETO DO ABDOME A bainha do músculo reto do abdome é um compartimento fibroso incompleto e forte dos músculos reto do abdome e piramidal. Também são encontradas nessa bainha as artérias e veias epigástricas superiores e inferiores, vasos linfáticos e as partes distais dos nervos toracoabdominais (partes abdominais dos ramos anteriores dos nervos espinais de T7-T12). A bainha é formada pela decussação e pelo entrelaçamento das aponeuroses dos músculos planos do abdome. Podemos dividi-la em duas lâminas: Lâmina ou folheto anterior da bainha do músculo reto abdominal: é formada pela fundição da aponeurose do M. oblíquo externo e da lâmina anterior da aponeurose do M. oblíquo interno Lâmina ou folheto posterior do músculo reto abdominal: lâmina posterior da aponeurose do M. oblíquo interno e aponeurose do M. transverso do abdome. Contudo, em nível aproximado de um terço da distância do umbigo até o púbis (no nível da linha arqueada), as aponeuroses dos três músculos planos passam anteriormente ao músculo reto do abdome para formar a lâmina anterior da bainha do reto, deixando apenas a fáscia transversal relativamente fina para cobrir o músculo reto do abdome posteriormente, estando situada, mais precisamente, entre os extratos músculo-aponeuróticos e o tecido subperitoneal. . A linha arqueada é uma linha crescente que demarca a transição entre a parede posterior aponeurótica da bainha que reveste os três quartos superiores do reto abdominal e a fáscia transversal que reveste o quarto inferior. Em toda a extensão da bainha, as fibras das lâminas anterior e posterior entrelaçam-se na linha mediana para formar a complexa linha alba. Esta consiste em uma rafe tendínea fibrosa vertical entre os dois músculos retos do abdome formada pelo entrecruzamento das fibras aponeuróticas dos músculos largos do abdome, na linha mediana. Ela estende-se desde o ápice do processo xifóide à sínfise púbica. Ela segue verticalmente por toda a extensão da parede anterior do abdome e separa as bainhas do reto bilateralmente, estreita-se inferiormente ao umbigo até a largura da sínfise púbica e alarga-se superiormente até a largura do processo xifóide. A linha alba dá passagem a pequenos vasos e nervos para a pele Em sua porção média, subjacente ao umbigo, a linha alba contém o anel umbilical, um defeito na linha alba através do qual os vasos umbilicais fetais entravam e saíam do cordão umbilical e da placenta. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 119 VASOS PROFUNDOS As principais art�rias profundas da parede abdominal s�o A. epig�strica superior, A. epig�strica inferior e A. circunflexa il�aca profunda. As veias profundas geralmente acompanham o trajeto das art�rias. PERITÔNIO PARIETAL Consiste em uma membrana serosa que recobre internamente a parede abdominal, separada desta por uma fina camada de tecido areolar. Trata-se, portanto, da �ltima camada a ser atravessada nas laparotomias, sendo exposta logo depois de acessada a f�scia transversal. REGIÃO INGUINAL A região inguinal (virilha), que se estende entre as espinhas il�acas �ntero-superiores e o tub�rculo p�bico, ou seja, inferiormente � parede �ntero-lateral do abdome, � uma importante �rea do ponto de vista anat�mico e cl�nico: anatomicamente, porque � uma regi�o onde estruturas entram e saem da cavidade abdominal, e clinicamente, porque as vias de sa�da e entrada (regi�o de transi��o) s�o �reas de fraqueza, estando propensas ent�o, a forma��o de h�rnias. Na verdade, a maioria das h�rnias abdominais ocorre nesta regi�o, com as h�rnias inguinais contribuindo para 75% de todas as h�rnias abdominais. Estas h�rnias ocorrem em ambos os sexos, por�m a maioria das h�rnias inguinais (aproximadamente 86%) ocorre em homens, devido � passagem do fun�culo esperm�tico atrav�s do canal inguinal, o qual � maior nesse sexo. O canal inguinal � formado em rela��o � descida do test�culo durante o desenvolvimento fetal (decida do test�culo). � uma passagem obl�qua situada na parte inferior da parede abdominal anterolateral, direcionada �nfero-lateralmente, paralelo ao ligamento inguinal, cerca de 2 a 4 cm acima deste. Mede cerca de 4 cm de comprimento e d� passagem ao fun�culo esperm�tico nos homens e ao ligamento redondo do �tero nas mulheres. O canal inguinal tamb�m cont�m vasos sangu�neos e linf�ticos. D� passagem ainda ao ramo genital do N. genitofemural (L1 – L2) cuja sec��o no ato operat�rio gera um inc�modo doloroso bastante importante nas inguinotomias, refletida na face interna da coxa ou na bolsa escrotal. Hérnia Inguinal indireta (congênita): � a mais comum de todas as h�rnias abdominais. Nesse caso, o �rg�o herniado deixa a cavidade abdominal lateralmente aos vasos epig�stricos inferiores e entra no anel inguinal profundo, sendo revestido por um saco herni�rio formado por um processo vaginal persistente e todos os tr�s revestimentos fasciais do fun�culo esperm�tico. Essa h�rnia atravessa todo o canal inguinal para sair no anel inguinal superficial. Comumente entra no escroto. Hérnia inguinal direta (adquirida): o �rg�o herniado deixa a cavidade abdominal medialmente aos vasos epig�stricos inferiores, protraindo-se n�o pelo anel inguinal profundo, mas por uma �rea relativamente fraca situada na parede posterior do canal inguinal – o trígono inguinal (limites s�pero-lateral: A. epig�strica inferior; medialmente: margem lateral do M. Reto do abdome; inferiormente: ligamento inguinal). A v�scera herniada � revestida por um saco herni�rio composto pela f�scia transversal. N�o atravessa todo o canal inguinal e emerge atrav�s ou ao redor do tend�o conjuntivo para alcan�ar o anel inguinal superficial, ganhando um revestimento da f�scia esperm�tica externa. Quase nunca entra no escroto, contudo, quando o faz, passa lateralmente ao fun�culo esperm�tico. FACE INTERNA DA PAREDE ABDOMINAL ÂNTERO-LATERAL O aspecto interno da parede abdominal �ntero-lateral � revestido pelo perit�nio parietal, que forma cinco pregas peritoneais umbilicais, fossas peritoneais, e os ligamentos falciforme e redondo do fígado. Prega umbilical mediana: do fundo da bexiga urin�ria ao umbigo. Recobre o ligamento umbilical mediano, remanescente do �raco. Prega umbilical medial: Recobre o ligamento umbilical medial, remanescente das art�rias umbilicais obliteradas. Baixado por Júlia Schwingel (julia.schwingel@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|16839095 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=tecnica-operatoria-completa-2012 Arlindo Ugulino Netto – T�CNICA OPERAT�RIA – MEDICINA P5 – 2009.2 120 Prega umbilical lateral: Recobre os vasos epig�stricos inferiores Fossa supravesical: entre a prega umbilical mediana e a medial Fossa inguinal medial: entre a prega umbilical medial e a lateral, que cont�m o trígono inguinal (Limites: Borda lateral do m�sculo reto do abdome, Vasos epig�stricos inferiores, Ligamento inguinal), regi�o propensa � forma��o de h�rnia inguinal direta. Fossa inguinal lateral: lateralmente � prega umbilical lateral, sendo um local propenso a h�rnia inguinal indireta. Ligamento Redondo: � um remanescente fibroso da veia umbilical. Estende-se do umbigo ao f�gado. Ligamento falciforme: Reflex�o peritoneal orientada verticalmente. Estende-se da parte superior da parede abdominal anterior at� o f�gado. Inclui o ligamento redondo na